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Instrumentos

avaliativos das
linguagens e
processos lógico-
matemáticos
Ana Cláudia Barreiro Nagy

Unidade 3

Livro Didático
Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autora
ANA CLÁUDIA BARREIRO NAGY
A AUTORA
Ana Cláudia Barreiro Nagy
Olá. Meu nome é Ana Cláudia Barreiro Nagy. Sou pedagoga, bacharel
em Letras, psicopedagoga e mestra em Educação, com experiência
na área de ensino de 30 anos. Passei por importantes instituições de
ensino, como UNIP e Senac. Sou coordenadora da Pedagogia EAD na
Universidade São Francisco e conteudista em cursos de graduação e
pós-gradução. Apaixonada pela minha profissão, agradeço por transmitir
minha experiência àqueles que estão iniciando em suas profissões ou
se aperfeiçoando. Aprendo bastante com cada material que produzo.
Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco
de autores independentes. Estou muito feliz em ajudá-lo nesta fase de
estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
As representações simbólicas espontâneas e a apropriação da
linguagem dos signos matemáticos pela criança......................... 12
Sobre a noção de número......................................................................................................... 12

A linguagem matemática........................................................................................................... 16

As representações simbólicas espontâneas............................................................... 18

A apropriação da linguagem dos signos matemáticos pela


criança.............................................................................................................. 21
Os signos matemáticos............................................................................................................... 21

A construção do sistema de numeração............................................29


Sistemas de numeração.............................................................................................................29

Sistema de numeração egípcio (3000 a.C.)............................................... 31

Sistemas de numeração babilônico (2000 a.C.).....................................33

Sistema de numeração romano............................................................................................35

Sistema de numeração indo-arábico............................................................ 36

A construção do sistema de numeração decimal e as operações


fundamentais.................................................................................................38
O sistema de numeração decimal...................................................................................... 38

Ordem e classes............................................................................................................ 41
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 9

03
UNIDADE

LIVRO DIDÁTICO DIGITAL


10 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

INTRODUÇÃO
Olá, aluno!

Começamos agora a unidade 3 da disciplina Instrumentos


Avaliativos das Linguagens e Processos Lógico-matemáticos!

Nessa unidade vamos estudar sobre as representações simbólicas


espontâneas pelas crianças, tema importante para chegar à questão dos
signos matemáticos e perceber como as crianças se apropriam desses
símbolos.

Também vamos conhecer os diversos sistemas de numeração –


egípcio, babilônico e romano, até chegar ao indo-arábico moderno, que
é o que usamos.

Para finalizar, vamos entender a construção do sistema de


numeração decimal e sua representação.

Lembramos que nosso objetivo final da disciplina é conhecer


e compreender os instrumentos avaliativos das linguagens lógico-
matemáticas, por isso, optamos por fazer todo esse percurso.

Mais uma vez afirmamos que cada um desses temas é de grande


importância. Por isso, pedimos que você leia seu livro didático com
bastante atenção e carinho, certo?

Sugerimos, para maior compreensão das temáticas, que você


analise as imagens e as tabelas, reflita sobre a leitura e visite as indicações
para ampliar seus conhecimentos.

Bons estudos!
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:

1. Compreender as representações simbólicas espontâneas pelas


crianças;

2. Identificar o que são signos matemáticos e perceber como as


crianças se apropriam desses símbolos;

3. Conhecer os sistemas de numeração;

4. Entender a construção do sistema de numeração decimal e sua


representação.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
12 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

As representações simbólicas espontâneas


e a apropriação da linguagem dos signos
matemáticos pela criança

INTRODUÇÃO

O tema que começaremos a estudar agora faz um


apanhado do que vimos sobre a construção da noção
de número pela criança e vai se voltar para a linguagem
matemática e a questão das representações simbólicas
espontâneas infantis.
Vamos lá!

Sobre a noção de número


Para começar nossa unidade, precisamos nos lembrar que o
conhecimento matemático não se constitui em um conjunto de fatos a
serem memorizados; afinal de contas, aprender números (e os demais
conceitos da área da Matemática) é muito mais que contar (SMOLE; DINIZ;
C NDIDO, 2014).

Nesse sentido, para que a criança compreenda as operações que se


resolve com a Matemática, é importante oferecer a ela uma proposta de
trabalho que a encoraje e a possibilidade a realizar a exploração de uma
grande variedade de ideias que não sejam apenas numéricas, ou seja,
que envolvam essas noções, mas que passe, também, pela geometria,
pelas medidas, incluindo a essas as noções de estatística.

Parece impossível? Não é, não.

Certamente você conhece Paulo Freire, já ouviu falar dele ou


até já leu alguma de suas obras. Uma de suas frases mais conhecidas
temos certeza que você já ouviu em algum lugar: é aquela que trata da
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 13

pertinência da leitura de mundo em relação a leitura da palavra. Você


conhece, certo?

ACESSE

Para saber mais sobre Paulo Freire, acesse a página do


Instituto Paulo Freire que conta um pouquinho da trajetória
desse educador pernambucano.
Disponível em: https://cutt.ly/4hGFh5Z. Acesso em: 15 jul.
2019.

Dizia Freire (1997) que “a leitura de mundo precede a leitura da


palavra”. O que esse autor quis mostrar é que ler não consiste apenas
em decifrar signos ou códigos, mas é, antes de tudo, compreender o
contexto em que se insere. Daqui vem a ideia de analfabetos funcionais,
que são aquelas pessoas que sabem ler, mas que não compreendem o
que acabaram de ler.

Com a Matemática também é assim. É necessário perceber os


contextos e compreender como essa ciência se desenvolve e nos ajuda a
pensar as coisas do mundo.

• Na unidade 2 citamos que a teoria da construção do número proposta


por Piaget se opõe àquela hipótese que é muito comum de se dizer
de que os conceitos numéricos podem ser ensinados teoricamente,
conforme a Pedagogia tradicional, pela transmissão social.
14 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

A criança precisa vivenciar a experiência de contar para não apenas


contar, sem entender para que isso serve.

Reiteramos aqui a fala de Kamii (2005, p. 42), ao afirmar que:

As pessoas que acreditam que os conceitos numéricos devem


ser ensinados através da transmissão social falham por não
fazerem a distinção fundamental entre o conhecimento social
e o lógico-matemático. No conhecimento lógico-matemático,
a base fundamental do conhecimento é a própria criança, e
absolutamente nada arbitrário neste domínio. Por exemplo, 2
+ 3 dá o mesmo resultado em todas as culturas. Na verdade,
toda cultura que construir algum sistema de matemática
terminará construindo exatamente a mesma matemática,
porque esse é um sistema de relações no qual absolutamente
nada é arbitrário.

Isso ocorre pelo fato de que as crianças pequenas só conseguem


desenvolver a ideia de conservação dos números depois dos cinco
anos de idade, o que vem provar que a noção de número é construída
individualmente, assim como isso se dá pela criação e coordenação de
relações e que ela não “nasce sabendo” essas coisas, que essa noção não
é concebida de forma inata.

Há a necessidade de se percorrer um longo percurso até


compreendê-la.

O ensino de Matemática, acreditamos, é uma área de conhecimento


que encontra grande apoio na teoria piagetiana, pois, de acordo com
esse autor, “não basta de modo algum a criança pequena saber contar
verbalmente um, dois, três, etc. para achar-se de posse do número”
(PIAGET, 1971, p. 15).
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 15

Figura 1: Criança contando nos dedos

Fonte: Freepik

Essa ideia nos leva a crer que se a criança souber recitar os números,
não quer dizer que sabe contar, até porque há crianças que o fazem
corretamente, mas quando solicitamos que resolvam uma operação
matemática simples, como 1 + 1, não conseguem chegar ao resultado
corretamente.

A alfabetização matemática diz respeito aos atos de


aprender a ler e a escrever a linguagem matemática, usada
nas séries iniciais da escolarização. Compreende-se a
alfabetização matemática, portanto, como fenômeno que
trata da compreensão, da interpretação e da comunicação
dos conteúdos matemáticos ensinados na escola, tidos como
iniciais para a construção do conhecimento matemático.
(DANYLUK, 2002, p. 20)

Para dar mais força a essa ideia, trazemos Vergnaud (2009, p.


125), que afirma que “a noção de número é a noção mais importante da
matemática ensinada na escola básica”.
16 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

Dito isso, vamos falar sobre o desenvolvimento da linguagem


matemática, essencial para a aprendizagem da área.

A linguagem matemática
No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI),
ao tratar da Matemática, há a afirmação que já fizemos de que as crianças,
desde que nascem, lidam com questões nas quais os conhecimentos
matemáticos estão presentes.

Diversas situações do cotidiano infantil envolvem os números,


assim como as relações entre quantidades, não é mesmo? Para resolvê-
las, elas utilizam os recursos que têm e contam figurinhas, controlam os
pontos de um jogo, dividem balas com os amigos, “dizem” sua idade com
os dedinhos e chegam até a manipular algum dinheiro que recebem de
presente (BRASIL, 1998).

Ainda no RCNEI são apresentadas outras possibilidades de inserção


dos números. Vejamos:

Também observam e atuam no espaço ao seu redor e, aos


poucos, vão organizando seus deslocamentos, descobrindo
caminhos, estabelecendo sistemas de referência, identificando
posições e comparando distâncias. (BRASIL, 1998, p. 207)

Todos esses movimentos favorecem a elaboração dos


conhecimentos matemáticos que ela precisa compreender e aprender.
Assim, o trabalho com os conteúdos matemáticos pode ajudá-la a tornar-
se uma cidadã, a desenvolver sua autonomia e a ser capas de, por conta
própria, resolver os problemas que forem surgindo em seu caminho.
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 17

SAIBA MAIS

O RCNEI é um documento que todo professor deve


conhecer. Ele foi enviado para as escolas, mas você também
pode consultá-lo na íntegra no site do MEC. Disponível em:
https://cutt.ly/fhGHXQ7. Acesso em: 15 jul. 2019.

Aqui entra uma questão bem importante, que diz respeito ao


papel que a linguagem exerce no ensino sistematizado (o escolarizado),
pois, ensinar “implica desenvolver processos de comunicação sobre o
conhecimento acumulado das diferentes áreas, envolvendo professores
e alunos” (AZERÊDO; REGO, 2016, p. 157).

Será por meio das explicações orais, por exemplo, que o docente
vai possibilitar que seus alunos compreendam o que é necessário no
momento de introduzir os conceitos – matemáticos ou quaisquer outros.

A comunicação é, portanto, muito especial na hora de propor as


atividades planejadas para ensinar Matemática, um jogo ou a utilização de
materiais concretos, por exemplo. No entanto, é preciso ter um excelente
conhecimento em relação ao ensino de Matemática e que linguagem
aplicar para chamar a atenção dos alunos para os conceitos que serão
introduzidos e trabalhados.

EXEMPLO: Por exemplo: a palavra dividir, em Matemática, carrega


conceitualmente o significado de uma operação que pressupõe o
desmembramento de unidades em partes necessariamente iguais. O
ato de dividir, no dia a dia, pode se dar sem que as partes sejam iguais,
ou seja, podemos dividir uma quantidade, na perspectiva cotidiana, em
partes diferentes (AZERÊDO; REGO, 2016, p. 159).

Lembre-se que a Matemática, além de uma ciência, é também


uma linguagem com suas particularidades. Para alguns autores, como
Devlin (2004, p. 20), as “características do cérebro que permitem lidar
com a matemática são aquelas mesmas que nos permitem usar a
linguagem – falar com os outros e entender o que eles dizem”. Assim,
18 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

como já afirmamos, o professor precisa saber como se dirigir às crianças,


especialmente as de menos idade.

Figura 2: professor

Fonte: Freepik

As representações simbólicas espontâneas


Representar simbolicamente – em todas as áreas de conhecimento
– faz parte da nossa vida e de todas as culturas. A representação simbólica
está diretamente relacionada com atribuir significados diversos, como
sugerem Araújo e Reis Junior (2012, p. 93), “a seres inanimados, ritos de
passagem, ocorrências e fenômenos naturais, seres fantásticos e míticos”,
e isso acontece desde que o homem começou, por exemplo, a fazer a
pintura rupestre.

Para esses autores, o “uso do potencial imagético existente no


meio natural e antrópico, a simbolização e agregação de significados se
torna um fato recorrente nas mais variadas sociedades” (ARAÚJO; REIS
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 19

JUNIOR, 2012, p. 93), já que as imagens são um recurso necessário para


que possamos compreender o mundo.

Então, como a Matemática não têm “objetos” concretos, todos os


conceitos matemáticos, precisam lançar mão das representações.

Vejamos o exemplo dos números: sua representação gráfica – 0, 1,


2, 3 etc., na verdade, significa seu valor em termos de quantidade, ou seja,
0 lápis, 1 bala, 2 carrinhos, 3 bonecas, e a grafia é representada para se
tornar real para a criança.

• Símbolo é um termo, um nome ou mesmo uma Figura que nos pode


ser familiar na vida diária, embora possua conotações especiais além
do seu significado evidente e convencional. Implica alguma coisa
vaga, desconhecida ou oculta para nós. […] assim, uma palavra ou
uma Figura é simbólica quando implica alguma coisa além do seu
significado manifesto e imediato. (JUNG, 2002, p. 20)

Nesse sentido, ao ensinar matemática para as crianças, o professor


deve considerar dois aspectos, de acordo com Panizza (2006), os quais
farão parte de uma aprendizagem significativa, que são os seguintes:

1. A compreensão do objeto matemático enquanto formulação e


conceito.

2. A compreensão do objeto linguístico que o expressa.

Segundo esse autor, aqui há uma questão relevante para um


bom ensino, que é o fato de que as crianças reconhecem diferentes
representações de um mesmo objeto, mas o que o fazem à sua própria
maneira. Entretanto, essa forma particular de resolver problemas não
costuma ser considerada como forma de aprender, posto que foge do
que é esperado pela escola.

Cabe, então, que os professores, principalmente os que trabalham


com a educação infantil e as turmas iniciais do ensino fundamental,
20 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

reconheçam que o que a criança construiu é, sim, conhecimento, mesmo


que não o tenha feito de modo convencional.

Chegar à solução de um problema à sua maneira é o jeito que a


criança encontra para demonstrar seu conhecimento, ou seja, é uma
representação espontânea, fato que o professor precisa ter a sensibilidade
de perceber, pois, assim, ela demonstra como compreendeu o conceito
do objeto matemático em questão e o objeto linguístico que o expressa.

Figura 4: criança diante de uma página

Fonte: Freepik

Passaremos agora para outro tópico, que trata da apropriação da


linguagem dos signos matemáticos pela criança.
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 21

A apropriação da linguagem dos signos


matemáticos pela criança

INTRODUÇÃO

Para continuar nossa conversa, vamos tratar dos signos


matemáticos. Para isso, vamos definir esse conceito e falar
sobre como a criança se apropria da linguagem dos signos
matemáticos.

Os signos matemáticos
Para começar esse tema, vamos citar que na teoria de Vygotsky a
relação homem-mundo, que é mediada por sistemas simbólicos, é muito
importante para entende a apropriação dos signos matemáticos.

Esse autor deu muito valor para essa questão e é por ela que vamos
desenvolver nosso tema.

Vamos lá!

Segundo Vygotsky, há três pressupostos centrais que baseiam sua


teoria, a saber:

1. As funções psicológicas superiores.

2. A consciência proveniente das práticas sociais.

3. A relação homem-mundo mediada pelos sistemas simbólicos.

As funções psicológicas foram vistas na teoria vygotskyniana como


um produto de atividade cerebral humana. Também são consideradas
nesse contexto, o suporte biológico, já que esse autor, sociointeracionista,
22 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

acreditava na importância do que trazemos e do que construímos na


relação com as pessoas.

Ainda, as práticas sociais, ou seja, a relação que desenvolvemos


com o mundo em que vivemos, está relacionada com o contexto no qual
estamos inseridos, assim, essa relação é uma prática sócio-histórica,
fundamental pata Vygotsky.

Figura 4: Sala de aula

Fonte: Freepik

O terceiro item tem a ver com a relação homem-mundo, a qual, para


ele, e acreditamos muito nisso, é mediada pelos sistemas simbólicos, e
aqui entra nosso tópico – como a criança lida com eles.

Você lembra que tratamos da questão da mediação para Vygotsky?

Vygotsky atribuiu muita importância ao papel do professor como


impulsionador do desenvolvimento psíquico das crianças. A ideia de
um maior desenvolvimento conforme um maior aprendizado não quer
dizer, porém, que se deve apresentar uma quantidade enciclopédica de
conteúdos aos alunos. O importante, para o pensador, é apresentar às
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 23

crianças formas de pensamento, não sem antes detectar que condições


elas têm de absorvê-las (FERRARI, 2008).

Então, o estudioso entende que o papel do professor é essencial


para a aprendizagem, certo?

• A mediação é a aquisição de conhecimentos realizada por meio de


um elo intermediário entre o ser humano e o ambiente. Para Vygotsky,
há dois tipos de elementos mediadores: os instrumentos e os signos
– representações mentais que substituem objetos do mundo real.
Segundo ele, o desenvolvimento dessas representações se dá
sobretudo pelas interações, que levam ao aprendizado (MONROE,
2018).

É bem importante essa visão, já que ser professor no Brasil não tem
o status que essa profissão tem em outros países, o que é uma pena, mas,
não vamos perder as esperanças! Um dia seremos muito valorizados,
sim! E a visão de Vygotsky, que não era professor, nem educador, vai nos
ajudar a chegar lá!

O aprendizado adequadamente organizado resulta em


desenvolvimento mental e põe em movimento vários
processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam
impossíveis de acontecer. (VYGOTSKY, 2007, p. 39)

Para exemplificar essa questão, vejamos um trecho de uma matéria


em que a pesquisadora da Universidade de São Paulo, Marta Khol,
comenta sobre o tema, na Revista Nova Escola (MONROE, 2018):

EXEMPLO: Em sua obra, o bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934)


dedicou espaço a estudar esses filtros entre o organismo e o meio. Com a
noção de mediação, ou aprendizagem mediada […], o pesquisador mostrou
24 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

a importância deles para o desenvolvimento dos chamados processos


mentais superiores – planejar ações, conceber consequências para uma
decisão, imaginar objetos etc.

Vygotsky demonstrou essa característica referindo-se a diversos


experimentos realizados com animais. Num deles, um macaco conseguia
pegar uma banana no alto de uma jaula se visse um caixote no mesmo
ambiente. No entanto, se não houvesse o caixote, o símio nem sequer
cogitaria buscar outro objeto que o aproximasse de seu objetivo. O ser
humano, por sua vez, agiria de forma diferente. “Enquanto o macaco
precisa ver o instrumento, o ser humano consegue imaginá-lo ou conceber
outro com a mesma função”, afirma Marta Kohl de Oliveira.

Nesse sentido, podemos perceber o quanto os símbolos, ou seja,


os elementos mediadores, promovem uma ligação entre o indivíduo e o
mundo em que vive, o que faz com que essas relações sejam complexas.

De acordo com Garbi (2009, p. 432), “a simbologia é uma parte


importantíssima da matemática”, inclusive, Almeida (2013, p. 89) acrescenta
que essa ciência “é, por sua própria natureza, a ciência dos símbolos”.

ACESSE

Assista ao vídeo sobre os símbolos matemáticos que


serão trabalhados, aos poucos, com as crianças, que está
disponível em: https://cutt.ly/HhGKew4. Acesso em: 17 jul.
2019.

A criança ainda precisa dos objetos até ir desenvolvendo as relações


mediadas. No adulto, diferentemente, o que predomina são as relações
mediadas.

• Signo é qualquer objeto, forma ou fenômeno que representa algo


diferente de si mesmo (Dicionário Houaiss).
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 25

Cabe ressaltar que o adulto trabalha, e nessa atividade, a qual


realiza ao longo de sua vida produtiva, há instrumentos. Vygotsky analisou
a função mediadora presente nesses instrumentos, os quais foram
elaborados para as atividades humanas e concluiu que são eles que
provocam mudanças externas e ampliam as possibilidades de intervenção
na natureza (LIAO, 2008).

Figura 7: adulto realizando trabalho manual

Fonte: Freepik

O “trabalho” da criança é vivenciar as experiências escolares, assim,


para começar, aquilo que ela faz na escola, com mediação docente,
influencia a aprendizagem infantil e, diferenciando-se da natureza física
dos instrumentos, para o pesquisador, são os signos os elementos que
medeiam as relações, ou seja, tem a “função de regular as ações sobre o
psiquismo das pessoas, ferramentas auxiliares no controle das atividades
psicológicas” (LIAO, 2008, p. 55-61).

Os signos não se mantêm como marcas externas isoladas,


referentes a objetos avulsos, nem como símbolos usados por
indivíduos particulares. Passam a ser signos compartilhados
pelo conjunto dos membros do grupo social, permitindo
a comunicação entre os indivíduos e o aprimoramento da
interação social. (OLIVEIRA, 2003, p. 38)
26 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

Pensemos na Matemática, ciência que, como já mencionamos, tem


símbolos próprios, muito particulares, que fazem parte das teorias que a
balizam, como os símbolos +, -, = etc.

Os signos matemáticos servem para que possamos identificar as


quantidades, determinados objetos, a noção de pertencimento, como na
teoria dos conjuntos, por exemplo.

VOCÊ SABIA?

Símbolos aritméticos surgiram como abreviações da


escrita nos anos iniciais do Renascimento, com bem pouca
consistência de uma pessoa para outra, ou de um país para
outro. Com a invenção da imprensa com tipos móveis no
século XV, livros impressos começaram a exibir um pouco
mais de consistência. No entanto, passou-se muito tempo
antes que os símbolos de hoje se tornassem parte comum
da aritmética escrita (BERLINGHOFF; GOUVEIA, 2010, p. 73).

Como dissemos, a Matemática é universal, ou seja, em todas as


culturas, as crianças aprendem as noções matemáticas praticamente da
mesma maneira.

Essas noções e sua representação são muito importantes para que


a criança compreenda as:

[…] ideias fundamentais da matemática, cuja formalização


linguística foi de fundamental importância para a viabilização
da interação social nos seus aspectos comerciais, econômicos
e tecnológicos, entre outros. (LIAO, 2008, p. 55-61)

Para que isso ocorra, se faz necessário que as metodologias do


ensino de Matemática se voltem para compreender como a criança
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 27

aprende, como adquire as noções que tratamos nesse tópico, aquelas


que se referem à área da Matemática.

A formação dos profissionais que trabalham diretamente com


as crianças deve levar em conta não somente que os professores
compreendam os conceitos, mas que também saibam como trabalhá-los
com as crianças das mais diferentes idades.

É certo que a criança não aprende apenas com seus professores


ou na escola. De acordo com Vygotsky (na teoria sociocultural), a
aprendizagem é uma atividade conjunta, colaborativa, e o professor tem a
função importantíssima de guiar seus alunos, posto que é mais experiente,
por ser adulto, além de ter formação para fazê-lo, devendo, inclusive,
planejar atividades em que os alunos interajam e aprendam juntos.

Figura 10: alunos trabalhando juntos na sala de aula

Fonte: Freepik

Quando estudamos – ou trabalhamos com a Matemática –, não


podemos deixar de apresentar os símbolos, ou signos matemáticos.
Eles vão, como vimos, representar as ideias numéricas, assim com
vão quantificam e ordenar elementos – por exemplo, um conjunto de
brinquedos, de alimentos.
28 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

ACESSE

Aqui você encontra dicas de vídeos que tratam dos símbolos


matemáticos que representam a soma, o maior, o menor
e o igual. Sobre a soma, acesse: https://cutt.ly/ghGB7kt.
Sobre maior, menor e igual: https://cutt.ly/rhGB5kS. Acesso
em: 17 jul. 2019.

No próximo tópico, passamos a compreender o sistema de


numeração.
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 29

A construção do sistema de numeração

INTRODUÇÃO

Neste tópico vamos conhecer os diferentes sistemas de


numeração.
Vamos perceber, também, que eles evoluíram até que o
sistema indo-arábico, que é o que nós utilizamos, passou
por transformações até ser o que ele é hoje até chegarmos
ao nosso sistema, aos nossos números, aos nossos
algarismos.
É essa a propostas desse tópico.
Vamos lá!

Sistemas de numeração
Até chegarmos ao sistema de numeração que utilizamos hoje,
na história, foram desenvolvidos diversos outros sistemas. Vamos agora
conhecê-los.

Entretanto, precisamos nos lembrar, como falamos na unidade 1,


que a vida era muito diferente de como vivemos hoje. No começo dos
tempos, o homem primitivo não precisava contar, aliás, ele nem tinha o
que contar.

Imagine o homem que vivia da caça, vivia em cavernas, fugia


dos grandes animais, nem tinha certeza se iria ou não se alimentar, não
tinha propriedades, não comercializava… Para que serviria um sistema de
contagem?
30 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

Figura 11: homem pré-histórico

Fonte: Freepik

Mas as coisas forma mudando, claro, muito lentamente, até que a


Matemática passou a ser necessária.

Tratamos disso na unidade 1.

A Matemática que conhecemos hoje começa a “engatinhar” com


os estudos do povo babilônico entre os séculos IX e VIII a.C. Eles e os
egípcios utilizavam conhecimentos de álgebra e geometria voltados para
necessidades práticas imediatas. Não havia um intuito de elaboração
de uma ciência que pudesse vir a ser o que conhecemos hoje como
Matemática.

O que eles queriam era resolver seus problemas conforme eles


surgiam, por exemplo, para realizar o comércio e pensar nas quantidades
equivalentes em produtos, e, não podemos deixar de citar, para entender
quão ricos eram seus imperadores de acordo com seus tesouros reais.

Pouco mais tarde, os gregos passaram a ter preocupações opostas,


ou seja, eles não tinham preocupações práticas imediatas, mas buscaram
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 31

desenvolver uma ciência propriamente dita, próximo do que fazem hoje


os pesquisadores matemáticos.

Bem, essas informações nos remetem à História da Matemática,


que é importante para falar de numeração, pois já havia um sistema de
numeração utilizados por esses e outros povos antes de a Matemática
propriamente dita ser desenvolvida, concorda?

Diante disso, mesmo sem uma “Matemática” como a que temos


hoje, já havia sistemas de numeração que os povos utilizavam. Com o
passar dos anos, os costumes foram mudando, o homem foi mudando
seus hábitos e foram surgindo novas necessidades, como, por exemplo, o
cultivo da terra, a criação de animais, a construção de moradias e também
o comércio. Nesse momento, foi preciso contar.

A vida foi tornando-se cada vez mais complexa, as cidades foram


surgindo e crescendo e, com esse desenvolvimento, veio o progresso
e uma necessidade de ter um sistema de contagem, o qual precisou
ser registrado. Ah, para isso foram criados, então, símbolos e regras de
registro, os diferentes sistemas de numeração. É sobre eles que vamos
tratar a seguir.

Sistema de numeração egípcio (3000 a.C.)

Veja a Figura abaixo:

Fonte: Matsubara (2002, p. 42).


32 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

Esse era o sistema de numeração que os egípcios usavam. Cada


símbolo representava uma determinada quantidade e, para eles, diferente
do que é importante para nós nos dias de hoje, a ordem dos símbolos
não era muito importante. Esse sistema de numeração servia para efetuar
cálculos que envolviam números inteiros. A técnica era efetuar todas as
operações matemáticas por meio de uma adição (MATSUBARA, 2002).

Na Figura seguinte, veja o que cada símbolo significava:

Figura 13: significado de cada símbolo no sistema de numeração egípcio

Fonte: Noções ([s.d.]).

Para fazer os cálculos, eles faziam como na próxima Figura:

Figura 14: soma com os símbolos do sistema de numeração egípcio

Fonte: Noções ([s.d.]).


Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 33

Interessante, não é? Como vimos, eles usavam a adição e iam


juntando “bastões”, “calcanhares”. Vamos conhecer outro sistema, o
babilônico.

Sistemas de numeração babilônico (2000 a.C.)


Em escavações arqueológicas onde ficava uma região que foi muito
importante para o mundo antigo, que era conhecida como Mesopotâmia
(e ficava entre os rios Tigre e Eufrates e hoje é parte do Iraque), foram
encontrados alguns blocos de argila que continham inscrições cunhadas
como as da Figura a seguir.

O povo babilônico usava dois símbolos diferentes para registrar as


quantidades, o que passou a ser conhecido como escrita cuneiforme.
Eram eles:

Figura 15: Escrita cuneiforme

“Cravo”, utilizado até 9 vezes, representando os números de 1 a 9

“Asna”, utilizado para representar o número 10


Fonte: a autora

Para escrever os números de 2 a 9 utiliza-se os mesmos símbolos,


mas dispostos de uma forma diferente. Veja só:
34 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

Figura 16: Representação de 2 a 9

Fonte: a autora

Para representar os números 10, 20, 30, 40 e 50 utiliza-se o símbolo


do numeral 10, mas dispostos de forma diferentes:
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 35

Figura 17: representação de 10, 20, 30, 40 e 50

Fonte: a autora

VOCÊ SABIA?

Quem pensa que não utilizamos o sistema babilônico, está


enganado, pois a divisão das 24 horas, uma hora em 60
minutos e os minutos em 60 segundos é uma herança dos
babilônicos. O sistema babilônico utiliza a base 60 para a
formação de seus numerais (SISTEMA, [s.d. – a]).

Sistema de numeração romano


Esse sistema nós conhecemos bem. Ele foi utilizado na Europa
durante muitos séculos e ainda hoje nós o utilizamos, por exemplo, na
designação de papas e reis, de séculos e datas; na indicação de capítulos
e volumes de livros; nos mostradores de alguns relógios etc.

Com o passar dos anos, o sistema de numeração romano sofreu


um longo processo de evolução. Inicialmente, os romanos utilizavam
apenas o princípio aditivo, e um mesmo símbolo podia ser repetido até,
no máximo, quatro vezes. Isso mudou e, como fazemos atualmente, cada
símbolo só pode ser repetido três vezes. Os romanos também passaram a
usar o princípio subtrativo. Vejamos:
36 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

Figura 18: Numeração romana

Fonte: Noções ([s.d.]).

Outro sistema de numeração, que é o que usamos nos dias atuais,


é o indo-arábico. Vamos vê-lo a seguir.

Sistema de numeração indo-arábico


Esse sistema – posicional decimal – corresponde ao nosso atual
sistema de numeração. Os dez símbolos que representam os números,
são chamados de algarismos indo-arábicos.

Sobre esse sistema, foi incialmente utilizado pelo povo hindu, que
vivia onde hoje é o Paquistão. Eles reuniram as diferentes características
dos antigos sistemas.

Uma curiosidade é que os hindus representavam o zero com um


espaço vazio, pois não tinham um símbolo específico para ele. Veja a
Figura:
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 37

Figura 19: Numeração indo-arábica

Fonte: Noções ([s.d.]).

Podemos chamá-lo de sistema posicional decimal, pois, um mesmo


símbolo representava valores diferentes dependendo da posição que
ocupasse (posicional) e era utilizado um agrupamento de dez símbolos
(decimal).

Bom, já deu para ter um panorama dos sistemas de numeração,


não é? Vimos como isso começou, como nos afeta, pois não vivemos
mais sem a contagem e agora vamos olhar mais a fundo o nosso sistema
de numeração.
38 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

A construção do sistema de numeração


decimal e as operações fundamentais

INTRODUÇÃO

Depois de conhecer um pouco sobre os sistemas criados


para numeração, vamos olhar o sistema decimal e as
operações fundamentais nesse tópico.

O sistema de numeração decimal


O sistema de numeração que utilizamos, além do romano, é o
sistema de numeração decimal, o qual agrupa as quantidades de 10 em
10 unidades.

Para representá-lo, chamamos os símbolos matemáticos que


identificam um número de algarismos, ou seja, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Com eles, contamos unidades, dezenas e centenas.

• Numeral é o nome que damos para qualquer representação de um


número.

Com esses algarismos formamos os numerais, como no exemplo


abaixo:

EXEMPLO
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 39

Como vemos no exemplo acima, temos 23 carrinhos, ou seja, dois


conjuntos de 10 carrinhos e mais 3 carrinhos que não estão em nenhum
conjunto. Cada conjunto tem 10 unidades, ou seja, 1 dezena, os quais,
somados, equivalem a 2 dezenas mais 2 carrinhos. Esses 3 carrinhos
representam, cada um, 1 unidade, somando 3 unidades, certo?

No sistema de numeração decimal, representamos esses conjuntos


de carrinhos da seguinte maneira:

TABELA

Essa tabela é chamada de quadro valor de lugar. Veja que não há


nada nas centenas, já que o que representamos tem apenas dezenas e
unidades.

Na tabela abaixo, as coisas mudam, pois há centena. Veja:

Nessa segunda tabela, temos 4 centenas, mais 3 dezenas, mais 9


unidades, o que é equivalente a 400 + 30 + 9, ou seja, 439 unidades.

A Partir do agrupamento de 10 em 10 surgiu a primeira definição:


o grupo de dez unidades recebe o nome de dezena. Assim
cada grupo de 10 dezenas forma uma centena. Os grupos de
1, 10, 100 elementos são chamados de ordens. Cada ordem
forma um novo grupo denominado classe (SISTEMA, [s.d. – b].
40 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

Esse conteúdo é muito importante para que a criança entenda as


operações matemáticas, iniciando com a mais simples, que é a adição,
pois nesse caso, vamos apenas juntar elementos para chegar ao todo, ou
seja, a quantos elementos temos no total.

É fundamental que, antes de “armar” a operação, o aluno faça


isso de modo concreto, compreenda que a cada 10, 100 ou 1.000 etc., o
algarismo vai ocupar uma determinada casa.

Precisamos mostrar aos nossos que não colocamos 10 no quadro


das unidades, pois há um quadro específico para quando as unidades
ultrapassam 9, o quadro das dezenas. O mesmo se as dezenas
ultrapassarem 99, pois 100 será uma centena e, no caso de 99, alocaremos
90 na casa das dezenas e 9 na casa das unidades.

Figura 20: Quadro valor de lugar: 1 centena no lugar certo

Fonte: a autora

Caso passe de 99 e chegue a 100, por exemplo, como dissemos, a


centena vai para a casa específica que a aloca, ou seja, a casa das centenas,
no caso, 1 centena. Fica complicado para que a criança compreenda,
mas se trabalharmos com material concreto, ela vai compreender, pois
vivenciará a operação.

ACESSE

Assista ao vídeo no qual a professora desenvolve uma


atividade com o sistema de numeração que utilizamos.
Disponível em: https://cutt.ly/UhG9xbA. Acesso em: 17 jul.
2019.
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 41

Ordem e classes
Ainda há mais dois conceitos importantíssimos para compreender o
sistema de numeração decimal: a ordem e as classes. Veja a tabela abaixo:

TABELA: Ordens e classe das unidades simples

Nessa tabela temos que cada quadro é equivalente a uma ORDEM


e podemos perceber que a cada 3 ordens temos uma CLASSE. E isso
vai aumentando conforme vamos ampliando as ordens, ou seja, quando
trabalhamos com milhares, milhões, e assim por diante.

TABELA: Ordens e classes das unidades simples e dos milhares

E assim por diante… Entretanto, esses conteúdos vão sendo


trabalhados aos poucos.
42 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

ACESSE

Para entender melhor a classificação em ordens e classes,


sugerimos que você assista ao vídeo “O que é Sistema
de Numeração Decimal (Classes dos Números)”, que
está disponível em: https://cutt.ly/EhG9LOX. Acesso em:
17 jul. 2019, o qual explica com bastante didática o tema
(Recomendamos assistir até 01:47).

O tema é bem rico, não acha? Muitas das informações que


passamos nesse tópico, todos já conhecemos, é verdade, mas é sempre
interessante dar uma revisada, pois, para trabalhá-las com as crianças,
como sempre afirmamos, o professor precisa estar bem preparado.

• Que tal se você pensar em como introduzir o quadro valor de lugar


com os alunos?

Você já fez isso? Como foi?

Caso não tenha feito, elabore uma aula em que seu objetivo é
introduzi-lo de forma simples, porém, lúdica.

Boa atividade!

SAIBA MAIS

Consulte sempre a Revista Nova Escola, em que há sempre


dicas e propostas de atividades para desenvolver o tema
do qual falamos e muitos outros.
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 43

RESUMINDO

Finalizamos mais uma unidade na qual tratamos de


questões muito importantes.
Fizemos aqui um estudo sobre as representações
simbólicas espontâneas pelas crianças, tema importante
para chegar à questão dos signos matemáticos e perceber
como as crianças se apropriam desses símbolos.
Também conhecemos os diversos sistemas de numeração
– egípcio, babilônico e romano, até chegar ao indo-arábico
moderno, que é o que usamos atualmente.
Para finalizar, entendemos a construção do sistema de
numeração decimal e sua representação.
Lembramos que nosso objetivo final da disciplina é
conhecer e compreender os instrumentos avaliativos das
linguagens lógico-matemáticas, por isso, optamos por
fazer todo esse percurso.
Na próxima unidade vamos nos aprofundar nos temas que
tratamos aqui até chegar aos instrumentos avaliativos que
nos ajudarão a verificar como está a aprendizagem lógico-
matemática dos nossos alunos.
Como você deve ter percebido, o tema é muito amplo e
estudá-lo nos possibilita entender um pouco mais sobre
como é a aprendizagem das linguagens e processos
lógico-matemáticos pelas crianças.
Isso nos ajuda no trabalho pedagógico, não é verdade?
Lembramos também o quanto a formação de boa qualidade
é necessária para ajudar as crianças a compreenderem
conceitos que, na área matemática, são muito abstratos.
É, portanto, nosso papel, utilizar metodologias que
transformem nossa ação docente em aprendizagens
significativas em nossas salas de aula, certo?
Como já dissemos, aproveite este material e siga nossas
sugestões. Consulte as indicações para além de seu
livro didático, como os vídeos, por exemplo, pois há
muito conteúdo interessante que podemos acessar para
compreender toda essa temática.
44 Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos

RESUMINDO (continuação)

Busque outras fontes, converse com os colegas que estão


na sala de aula e lidam com os alunos, especialmente os
menores, e que também desenvolvem um planejamento
que os valorize.
Faça isso: amplie seus conhecimentos buscando novas
informações e continue estudando.
Bons estudos! Boas descobertas!
Instrumentosavaliativosdaslinguagenseprocessoslógico-matemáticos 45

REFERÊNCIAS
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Instrumentos
avaliativos das linguagens
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Ana Cláudia Barreiro Nagy

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