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PLANO DE ENSINO DE DISCIPLINA

1. CURSO 4. SEMESTRE
ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS PRIMEIRO

2. nome da disciplina 5. CARGA HORÁRIA SEMANAL


COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO I

2 HORAS/AULA
3. DEPARTAMENTO 6. CÓDIGO
Ciências Sociais e Jurídicas MS 1310 / NS 1310

7. OBJETIVOS

Proporcionar aos alunos do curso de Administração a aquisição de


conhecimentos sobre o funcionamento da linguagem, numa abordagem textual,
de modo a contribuir para o desenvolvimento de uma consciência objetiva e
crítica para a compreensão e a produção de textos e, em especial, de textos
dissertativos. Inserida nesse contexto acadêmico, a disciplina visa essencialmente
habilitar os alunos a:

• Conceituar e estabelecer as diferenças entre língua e fala, reconhecendo


as várias funções e os níveis de linguagem, de forma de aprofundar a
consciência do aluno em relação às variantes lingüísticas, segundo os seus
respectivos contextos situacionais;
• Desenvolver estratégias de leitura e interpretação de textos dissertativos,
informativos e científicos;
• Redigir textos dissertativos de acordo com os padrões da norma culta e
com a necessidade de uma argumentação fundamentada e coerente.

8. EMENTA

Leitura e interpretação de textos dissertativos, científicos e jornalísticos; estrutura


do texto dissertativo: introdução, desenvolvimento e conclusão; coesão e
coerência textuais; plano de redação; níveis de linguagem, linguagem coloquial
e norma culta.

9. METODOLOGIA

A disciplina de Comunicação e Expressão I tem caráter eminentemente prático.


Dessa forma, serão privilegiadas atividades: aulas expositivas, debates, discussões
e a orientação para a elaboração de trabalhos individuais e em grupo. Para tal
será usada a bibliografia específica e a complementar.

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10. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. Elementos da comunicação e Funções da Linguagem.


2. Níveis de linguagem: linguagem coloquial e norma culta, denotação e
conotação.
3. Leitura e interpretação de textos dissertativos, científicos e jornalísticos.
4. Estrutura do texto dissertativo: introdução, desenvolvimento e conclusão.
5. Tema, tese e argumentos.
6. Coerência e coesão.
7. Organização de ideias e plano de redação.
8. Noções gramaticais: ortografia e conectivos.
9. Noções gramaticais: uso de crase e acentuação.
10. Noções gramaticais: pontuação.
11. Noções gramaticais: concordância.
12. Produção de textos.

11. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO

P1 (PROVA INDIVIDUAL VALENDO DE 0,0 A 10,0)


P2 (PROVA INDIVIDUAL VALENDO DE 0,0 A 10,0)
P3 (PROVA INDIVIDUAL VALENDO DE 0,0 A 10,0)

MF = P1 X 0,4 + P2 X 0,6
EM CASO DE NECESSIDADE, A P3 SUBSTITUI A MENOR NOTA.

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INTRODUÇÃO

1. Por viver em sociedade, todo ser humano tem necessidade de comunicar-se com seus
semelhantes.
A capacidade de expressar com clareza seus sentimentos, ideias, opiniões e desejos é
fundamental em todos os aspectos da vida. Pensemos em quantos mal-entendidos podem nascer
com os amigos ou entre namorados por um pequeno deslize de comunicação!
Certas circunstâncias, porém, exigem competências comunicativas bastante específicas
e até mesmo apuradas: a entrevista para obtenção de emprego, a reunião com clientes, a
elaboração de trabalhos acadêmicos (inclusive o TCC) ou o relatório a ser apresentado ao chefe
são exemplos disso. Nestes casos, espera-se que sejamos capazes de nos expressar de modo
particularmente claro, organizado e preciso.
Além disso – e este é um aspecto que costuma desagradar particularmente aos
estudantes – nas referidas circunstâncias será preciso adequar nosso nível de linguagem à norma
culta.
Não adianta “torcer o nariz”: todos sabemos que a linguagem deve ser ajustada ao
contexto. Ninguém fala com o chefe no ambiente de trabalho da mesma forma que conversa
com amigos tomando chopp na sexta-feira à noite!
Daí a necessidade de dominar a chamada norma culta da língua. Ela não é um
esnobismo velho e ultrapassado, como muitos hoje pensam. É perfeitamente possível expressar-
se com clareza e simplicidade sem ferir a norma culta do idioma. Não se trata de “falar difícil”,
mas de aprender a relacionar ideias, a abordar os assuntos de forma lógica e clara, a expressar
nossos pontos de vista de forma objetiva e sem ambiguidades.
A disciplina de Comunicação e Expressão da FEI trata principalmente da comunicação
escrita, pois a comunicação oral, que também é muito importante, exigiria uma abordagem
distinta e um tempo de que não dispomos. Nosso objetivo é auxiliar os estudantes que estão
ingressando na faculdade a desenvolver suas habilidades linguísticas a fim de prepará-los para
enfrentar os novos desafios que se colocam à frente: a) no próprio curso universitário (com sua
carga de leituras, de trabalhos e com sua linguagem técnica); b) na vida adulta e profissional.

2. Desejamos insistir sobre a importância de desenvolver o uso da linguagem para a vida


adulta. É claro que, para ser bem sucedido, um profissional de nível superior deverá ser capaz
de expressar-se de forma adequada. Isso é óbvio e não precisa ser lembrado. O que se esquece
muitas vezes, porém, é que o aperfeiçoamento linguístico contribui também para o
amadurecimento da pessoa em outras esferas da vida: a capacidade de reflexão crítica e o hábito
da leitura, por exemplo, estão fortemente relacionados a nosso grau de domínio da linguagem.
Uma pessoa não se torna madura sem capacidade de reflexão; mas será impossível refletir em
profundidade se não formos capazes de ler bons textos e organizar nossas ideias, expressando-as
com propriedade. E isto só se alcança aprimorando nossa competência linguística.
Em certo sentido, aprender escrever bem é também aprender a pensar com clareza.

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Por isso, estamos convictos que a disciplina de Comunicação e Expressão, além de sua
evidente relevância para a futura vida profissional, oferece importantes subsídios para o
desenvolvimento cultural dos estudantes. Com efeito, as habilidades de leitura e produção de
textos são ferramentas essenciais para a formação de pessoas capazes de refletir criticamente
sobre si mesmas e sobre o mundo em que vivem.
O Centro Universitário da FEI sempre buscou promover uma formação humanista e
integral de seus alunos. Motivada pelos ideais cristãos de seu fundador, o Pe. Roberto Saboia de
Medeiros, a FEI entende que sua missão não é apenas oferecer formação acadêmica de
excelência, mas ao mesmo tempo favorecer o pleno desenvolvimento da pessoa, sem esquecer
as dimensões ética, espiritual e cultural. Acreditamos que os conhecimentos técnicos e
científicos devem estar a serviço da construção de uma sociedade mais justa, fraterna e humana.
Tal objetivo é explicitado no Plano Pedagógico Institucional (PPI) do Centro Universitário,
onde se lê: “Paralelamente à excelência acadêmica, a instituição busca priorizar a formação
integral do ser humano, fortalecendo o ensino de humanismo, ética e cidadania, em detrimento
do ‘homem unidirecional’ e da ‘razão puramente instrumental’ acentuados por este mundo de
alta tecnologia cada vez mais emergente” (PPI, 2.1.)1.

3. A fim de atingir seus propósitos, a disciplina de Comunicação e Expressão I abordará


principalmente a questão dos textos dissertativos. Outros temas (tais como a resenha e o resumo,
os diversos modelos de textos comerciais e as normas a serem seguidas para elaboração de
textos acadêmicos) serão abordadas na disciplina de Comunicação e Expressão II.
No primeiro semestre do curso, o objetivo é treinar a capacidade de interpretação e de
produção de dissertações. Por isso, o material desta apostila visa ao aprimoramento das
habilidades necessárias para a leitura e para a redação de textos dissertativos.

4. A apostila pretende oferecer subsídios e exercícios para aperfeiçoar a capacidade de


leitura e redação dos alunos. Além do material a ser usado em aula, será disponibilizada aos
alunos outra apostila, de exercícios complementares (com gabarito), para trabalho extraclasse.
O aprimoramento da habilidade linguística é um desafio que requer tempo, treino e
paciência. É preciso haver interesse e compromisso pessoal do estudante; caso contrário, os
resultados certamente ficarão aquém das possibilidades.
Nada se aprende sem esforço. Mas esforçar-se fica mais fácil quando temos clareza dos
motivos que nos levam a fazer algo. Lembre-se: nosso objetivo aqui é ajudar a desenvolver a
capacidade de leitura, expressão e reflexão. Isto é importante para seu futuro profissional e para
seu amadurecimento pessoal.

Portanto, mãos à obra e bom trabalho a todos!

1
O Plano Pedagógico Institucional da FEI está disponível no sítio do Centro Universitário na internet:
http://www.fei.edu.br/quemsomos.htm.

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UNIDADE 01 – O TEXTO DISSERTATIVO

INTRODUÇÃO

Dissertar sobre um tema significa discorrer sobre ele, ou seja, expor ideias, opiniões ou
informações sobre um determinado assunto.
Uma vez que o texto dissertativo é instrumento fundamental para a transmissão de
informações e conhecimento, todo estudante universitário deve ser capaz de interpretar e de
produzir boas dissertações.

1. A IMPORTÂNCIA DA DISSERTAÇÃO
A capacidade de interpretar adequadamente textos dissertativos é essencial para a aquisição
de novos conhecimentos, bem como para o desenvolvimento intelectual e cultural do estudante de
qualquer área.
Na vida acadêmica, o estudante entrará em contato com textos dissertativos a todo
momento: os manuais e livros sugeridos nas bibliografias das diversas disciplinas que deverá
cursar, bem como os artigos científicos, comunicações e papers que vier a consultar em
eventuais pesquisas científicas, são textos de natureza dissertativa. Além disso, a dissertação
ocupa espaço relevante também na imprensa, e em particular na imprensa escrita: os editoriais
dos jornais e revistas periódicas, os textos de análise e comentário que devemos criar o hábito
de consultar (por motivos profissionais ou por instrução pessoal e curiosidade) normalmente
apresentam também características dissertativas.
Por fim, a familiaridade com a dissertação é importante ainda para o desenvolvimento
da capacidade de argumentação. O texto dissertativo muitas vezes apresenta uma tese (ou
opinião) a ser defendida através de argumentos. O hábito de ler textos argumentativos pode
beneficiar nossa habilidade de discussão (oral ou escrita), o que é útil em diversas situações
profissionais e até mesmo em conversas com amigos. No debate profissional (por exemplo,
sobre qual a melhor estratégia comercial para uma empresa) e também nas circunstâncias mais
simples, como a acalorada discussão sobre futebol, a argumentação está sempre presente.

2. TIPOS DE DISSERTAÇÃO
Há dois tipos de dissertação:
2.1. A dissertação informativa, como o nome sugere, consiste na exposição de
informações acerca de determinado assunto. Por exemplo: é possível escrever um texto
dissertativo sobre o problema do aquecimento global sem emitir qualquer opinião sobre ele.
Neste caso, o autor poderia restringir-se a apresentar as análises científicas que sugerem estar
em curso uma alteração no clima, expor as possíveis causas do fenômeno e discorrer sobre as
soluções sugeridas por especialistas na área.

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Observação importante: é evidente que, para escrever uma dissertação informativa, é
preciso estar bem inteirado do assunto sobre o qual vai se escrever. Isso parece óbvio, mas nem
sempre é o que acontece.

2.2. A dissertação argumentativa consiste na defesa de uma ideia, de um ponto de vista


(ou seja, de uma tese). Neste caso, o autor deve expor seu ponto de vista sobre o tema proposto
e ser capaz de justificá-lo, apresentando argumentação consistente e organizada. No caso de um
texto sobre o aquecimento global, exemplo mencionado acima, uma dissertação argumentativa
exige que o autor defina uma tese a ser defendida. Por exemplo: “O governo brasileiro não está
comprometido em combater de modo efetivo as causas do aquecimento global”. Como é
evidente, para justificar tal afirmação será necessário apresentar argumentos sólidos: as
hesitações do governo federal no combate ao desmatamento da Amazônia, sua relutância em
aceitar metas de redução de gases que provocam o efeito estufa etc.
Observações importantes: 1) a tese deve ser formulada de forma objetiva e direta. Não
convém apresentá-la como mero “achismo” pessoal; por isso, deve-se evitar o emprego de
expressões do tipo “eu acho”, ou “no meu ponto de vista”. Sobre isto, ver o item 5.1. adiante; 2)
a tese não pode ser algo óbvio, pois dessa forma não será possível desenvolver uma
argumentação aprofundada para defendê-la. Nunca se deve confundir tese e constatação: a tese
é uma opinião pessoal baseada em reflexão criteriosa sobre determinado assunto; já a
constatação é um fato observável por qualquer um. Um texto que defenda um ponto de vista
demasiadamente evidente torna-se inútil.

3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Para obter maior clareza, costuma-se distribuir a matéria de uma dissertação em três
partes.
3.1. A introdução serve para apresentar o tema a ser discutido no texto, oferecendo, se
necessário, uma pequena contextualização do assunto, para que o leitor possa se situar.
No caso de dissertações argumentativas, a introdução é onde normalmente se apresenta
a tese ou o ponto de vista que será defendido.
3.2. Em dissertações informativas, o desenvolvimento é onde se apresentam as informações
sobre o tema. No caso de uma dissertação argumentativa, é onde se justifica tese para
tentar convencer o leitor de sua validade, apresentando argumentos (ideias, exemplos,
opinião de especialistas, dados de pesquisas etc).
3.3. A conclusão. É o fecho do texto. Deve ser coerente com o desenvolvimento e com os
argumentos apresentados. No caso de dissertações argumentativas, é comum que na
conclusão a tese seja reafirmada.

4. ESQUEMA (OU “ESQUELETO”) DO TEXTO DISSERTATIVO


É preciso não confundir esquema com rascunho.
O esquema é o “esqueleto” de um texto, ou seja, é um roteiro formado por anotações
(frases curtas ou até mesmo palavras isoladas) que elaboramos para organizar as ideias que
farão parte de nosso texto. Trata-se do planejamento do texto.

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O rascunho (ou rascunhos, no plural, pois às vezes é preciso reescrever o texto mais de
uma vez), por outro lado, é a versão provisória de um texto, que serve para ser corrigida, revista
e aprimorada.
Algumas orientações úteis para elaboração do esquema ou “esqueleto” de um texto
dissertativo:
4.1. Ao escrever uma dissertação argumentativa, comece definindo qual será a tese a ser
defendida no texto. Ela poderá aparecer já na introdução, como vimos.
4.2. Em seguida, pense em alguns argumentos que farão parte do desenvolvimento. Note que
é preciso definir em que ordem os argumentos serão expostos: pode ser por ordem
crescente de relevância, ou por algum outro critério. Inicialmente, os argumentos nos
vêm à mente de modo desorganizado e confuso: o esquema serve justamente para
colocar as ideias em ordem, eliminando as que forem repetidas ou pouco importantes, e
estabelecendo relações entre as informações afins.
4.3. Por fim, pense numa ideia a ser apresentada como conclusão do texto, lembrando que
ela deve ser coerente com a tese e com os argumentos expostos.
Só depois de fazer o esquema é que devemos começar a escrever o rascunho.
Exemplo de esquema:
Tema: A pena de morte: contra ou a favor?
a. Tese: A pena de morte não deve ser instituída no Brasil.
b. Argumentos: 1) a pena de morte é ineficaz: não reduziu o nível de criminalidade nos países
em que foi adotada (citar exemplos); 2) a pena de morte é contraditória: não podemos
condenar uma pessoa à morte, pois estaríamos cometendo o mesmo crime que ela; 3) no
caso do Brasil, a pena de morte acarretaria um grande risco devido à fragilidade de nosso
sistema judiciário.
c. Conclusão: Por todo o exposto, fica evidente que a pena de morte não deve ser aceita no
Brasil. Se quisermos reduzir a criminalidade, nosso país precisa em primeiro lugar dar
condições de vida digna para a juventude. Erradicar a pobreza seria mais eficaz que instituir
a pena de morte.

5. CONSELHOS PRÁTICOS: O QUE NÃO FAZER NUMA DISSERTAÇÃO

5.1. Uso da primeira pessoa. Em textos dissertativos, normalmente deve-se evitar o uso da
primeira pessoa do singular. Expressões como “eu acho que” e “na minha opinião” costumam
enfraquecer o valor argumentativo de um texto: elas não transmitem segurança ou certeza ao
leitor, que fica com a impressão que o texto não passa de “achismo”. Por isso, é mais
conveniente escrever de modo impessoal.
Por exemplo, a frase: “Eu acho que o governo não combate adequadamente a corrupção” dá a
impressão de uma opinião vaga e subjetiva. Seria muito melhor dizer apenas: “O governo não combate
adequadamente a corrupção”. Neste caso, a expressão do ponto de vista proposto torna-se muito mais
convincente.

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5.2. Interpelações ao leitor. Da mesma forma que o autor não deve “falar” em primeira
pessoa, também é necessário evitar as interpelações diretas ao leitor, como se estivéssemos
“conversando” com ele. Por isso, expressões como “se você fizer isso”, “o que você acharia se”
e outras semelhantes não devem ser utilizadas. A dissertação não é uma “conversa” com o
leitor: é exposição objetiva de ideias, que devem ser apresentadas preferencialmente de modo
impessoal. Observação importante: alguns alunos notarão que, nesta apostila, fazemos por
vezes interpelações diretas ao leitor. Mas é preciso notar que nem todos os textos desta apostila
são necessariamente dissertativos.

5.3. Argumentos favoráveis e contrários. É muito comum dizer-se que o texto dissertativo
consiste na apresentação de argumentos favoráveis e contrários ao tema proposto. Isto é falso e
deve ser evitado a todo custo. O objetivo de uma dissertação é apresentar um ponto de vista
determinado e não “ficar em cima do muro”, falando de prós e contras. Os argumentos
contrários ao ponto de vista defendido no texto só devem ser mencionados se for preciso contra-
argumentar; ou seja, os argumentos contrários só vão aparecer no texto para serem criticados e
rejeitados. Escrever uma dissertação com argumentos a favor e contra uma determinada tese
deixa o leitor confuso.
A única exceção a esta regra são certos casos específicos de textos dissertativos de
caráter meramente informativo, em que o autor deseja apresentar ao leitor os “dois lados” de
uma questão, sem tomar partido. Mas é preciso cuidado: neste caso o texto deve realmente ser
informativo. Fazer isto num texto que, ao final, apresenta uma tese é altamente desaconselhável.

5.4. Expressão de sentimentos exagerados. Algumas vezes, para expressar indignação,


revolta ou tristeza, o aluno cai na tentação de se expressar de modo exagerado. É preciso notar,
contudo, que o texto dissertativo requer um enfoque mais impessoal e reflexivo, não passional.
Por exemplo, a frase: “A política brasileira é uma vergonha; eu me sinto revoltado com a
desfaçatez de nossos representantes no Congresso Nacional”, é apenas um desabafo pessoal.
Seria melhor apresentar argumentos, fatos e exemplos que demonstrem as causas desse
sentimento de indignação. Numa dissertação devem predominar as ideias e os argumentos, e
não os sentimentos, as impressões e os estados de ânimo.

5.5. Uso de gírias. A dissertação é um debate sobre determinado assunto. Para que o texto
tenha credibilidade e seja compreendido sem equívocos, é preciso utilizar uma linguagem
formal, o que exclui o emprego de gírias. Assim como outras expressões populares, as gírias são
frequentemente ambíguas e pouco precisas: por permitirem mais de uma interpretação, tais
expressões podem desorientar o leitor e induzi-lo ao erro. Além disso, as gírias são muitas vezes
incompreensíveis para um leitor que não faz parte do grupo social em que ela é usada. .
Os provérbios e ditos populares (do tipo: “mais vale um pássaro na mão que dois
voando”) também devem ser evitados. Eles costumam empobrecer a linguagem do texto e só
devem ser usados em casos muito específicos, quando forem realmente necessários.
Observações importantes: 1) a gíria pode ser usada em textos narrativos, a fim de
reproduzir a linguagem de certos personagens; b) o uso de gírias em textos dissertativos deve
estar restrito a casos particulares, em que se deseja criar um efeito irônico. Mas não é bom
abusar deste tipo de recurso.

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5.6. Abreviações e repetições. É muito importante evitar abreviações como as usadas na
linguagem de computador (“pq” ao invés de “porque”, “c/” ao invés de “com” e sobretudo o
abominável “pra” ao invés de “para”). É aconselhável também evitar as repetições de palavras,
que tornam o texto cansativo, desmotivam a leitura e são sintoma de falta de domínio de
vocabulário variado e rico.

5.7. Fugir do tema proposto. Por fim, é preciso ter consciência que um dos piores defeitos de
textos dissertativos é desviar-se do tema proposto, ou então, o que também ocorre com frequência,
mudar de assunto ao longo do texto. Isso demonstra falta de planejamento da redação e falta de
clareza de raciocínio. Para evitar esses problemas, é preciso tomar dois cuidados: 1) assegurar-se de
ter compreendido o tema proposto com clareza; 2) elaborar um esquema ou “esqueleto” do texto,
conforme sugerido acima.

Bibliografia consultada:
CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Texto e interação: uma proposta textual a partir de gêneros e projetos. São Paulo:
Atual, 2000.
BUENO, Luzia (coord). Redação e gêneros textuais: leitura e interpretação de textos. Campinas: Companhia da
Escola, 2004.

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TEXTO 01: DROGA E CASTIGO
Folha de São Paulo, São Paulo, 13 fev. 2004, p. A2

Vai avançando a tramitação do projeto de lei que reformula o sistema nacional


antidrogas. Aprovado na Câmara, o texto agora volta ao Senado. Se mantido em seus traços
principais, representará um avanço importante na legislação sobre o tema. A principal inovação
que será introduzida é o fim da pena de prisão para os usuários de drogas.
Com efeito, mandar consumidores de drogas para a cadeia é algo que não faz o menor
sentido. Parece muito mais acertado, como faz o projeto, diferenciar traficantes de usuários e,
para os últimos, reservar sanções mais brandas. As previstas são: advertência, prestação de
serviços comunitários e a frequência a cursos sobre problemas causados pelas drogas. É sem
dúvida melhor determinar que um jovem flagrado pela polícia com uma pequena quantidade de
drogas assista a uma palestra sobre os riscos da dependência do que trancafiá-lo numa prisão,
onde ele terá a oportunidade de iniciar uma carreira criminosa no tráfico.
Outro avanço consignado no projeto é o fim do tratamento compulsório para
dependentes. Psiquiatras são quase unânimes em reprovar o tratamento compulsório, porque ele
simplesmente não funciona. Sem que o dependente esteja disposto a tentar abandonar o vício,
tudo será uma grande perda de tempo e de preciosos recursos. Nesse sentido, é correto e
oportuno o mecanismo que permite à Justiça indicar, caso o usuário esteja de acordo, uma
instituição de saúde onde ele poderá tratar-se gratuitamente.
O sentido geral do projeto parece, portanto, bom. Resta saber se o texto final
corresponderá a essa expectativa. Não é demais recordar que uma lei antitóxicos aprovada no
final de 2001 também traria avanços, mas a peça estava tão mal redigida e continha tantos erros
técnicos que o Executivo teve de vetar 35 dos 59 artigos.
Espera-se que, desta vez, a história seja diferente.

TEXTO 02: CONFIANÇA NA POLÍCIA


Folha de São Paulo, São Paulo, 13 fev. 2004, p. A2

Contrato social. Esse produtivo conceito da filosofia política marcou, nos séculos 17 e
18, o pensamento de autores tão diversos como Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques
Rousseau.
Em linhas gerais, o contrato assinala o momento pelo qual o homem passa de um estado
de natureza mais ou menos anárquico para as sociedades organizadas. A melhor descrição é a de
Hobbes, para quem, no estado de natureza, a vida humana era "solitária, pobre, dura, brutal e
curta".
Pelo contratualismo, o pressuposto de que somos todos seres racionais nos fez, em
algum momento do passado, optar por celebrar uma espécie de pacto e definir governantes e
governados. Estavam criados o Estado, a política e a polícia.
Assim, é altamente preocupante o resultado da pesquisa Datafolha que mostra que a
maioria dos cidadãos paulistanos (54%) tem mais receio do que confiança na polícia. Esse
temor – que não é nada injustificado, diga-se – reflete uma desconfiança em relação aos
próprios fundamentos do Estado.
De positivo há o fato de que a confiança vem aumentando consideravelmente. Em 1997,
74% dos paulistanos mais temiam do que confiavam na polícia e, em 99, o número caiu para
66%, até chegar aos atuais 54%. Não é possível no entanto comemorar uma pesquisa que
constata que a maioria da população ainda não confia no corpo de profissionais criado para
defendê-la. Um pessimista veria aí um indício importante da falência do Estado brasileiro.
Não é preciso, porém, recair nos excessos nem do otimismo nem do pessimismo para
perceber que a polícia precisa melhorar muito. Não se trata apenas de promover sua imagem. É
preciso, principalmente, que a instituição repare alguns de seus vícios históricos, como o
excesso de violência, o racismo e o arbítrio.
A tarefa é inadiável. O que está em jogo é a razão mesma pela qual o homem celebrou o
contrato social e decidiu viver em sociedade.

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TEXTO 03: A TAXA E SUAS ARMADILHAS
Folha de São Paulo, São Paulo, 18 ago. 2007, p. A2

Como princípio, é correta a proposta do ministro da Saúde, José Gomes Temporão,


de criar uma taxa sobre cigarros e bebidas alcoólicas para constituir um fundo de combate
às doenças provocadas por esses produtos. É razoável que as despesas em que o poder
público incorre por conta do tabaco e do álcool sejam custeadas mais pelos usuários dessas
substâncias do que pelo conjunto da população.
Na prática, a implementação de uma medida dessas tende a ser bem mais
complexa e pode trazer algumas armadilhas.
Problemas potenciais ocorrem em vários planos. Se a carga tributária ficar elevada
demais, dá-se um grande estímulo ao contrabando e à produção clandestina. Em termos
fiscais, a experiência brasileira com verbas vinculadas não é das mais animadoras. Como o
prova o CPMF – o imposto do cheque que iria só para a saúde , é uma questão de tempo
até que o governo desvirtue a utilização original.
Essas e outras dificuldades recomendam cautela e atenção, mas não a ideia de se
criar o fundo. Vale observar que o aumento da taxação atua por duas vias distintas. Além
de colocar mais recursos à disposição do Estado, ele também torna bebidas e cigarros mais
caros para o usuário, o que por si só já é um fator de inibição para o consumo.
Assim, mesmo que os piores prognósticos a respeito do futuro do fundo se
materializem, restariam efeitos benéficos. Álcool e tabaco são relativamente baratos no
Brasil. Enquanto um europeu paga em média R$ 17 por um maço de cigarros, um
brasileiro fuma os mesmos 20 cigarros por R$ 3,00. A literatura médica mostra que há uma
relação direta entre aumento de preço desses produtos e redução de consumo e, por
conseguinte, das doenças relacionadas.

TEXTO 04: LIMITES DAS COTAS


Folha de São Paulo, São Paulo, 23 mar. 2004, p. A2

As regras anunciadas pela UnB (Universidade de Brasília) para seu programa de cotas
raciais para negros e pardos dão bem a medida da inconsistência desse sistema. Os candidatos
que pretendam beneficiar-se das cotas serão fotografados “ para evitar fraudes” .
Uma comissão formada por membros de movimentos ligados à questão da igualdade
racial e por “ especialistas no tema” decidirá se o candidato possui a cor adequada para usufruir
da prerrogativa.
Para além do fato de que soa algo sinistra a criação de comissões encarregadas de
avaliar a “ pureza racial” de alguém, faz-se oportuno lembrar que, pelo menos para a ciência, o
conceito de raça não é aplicável a seres humanos. Os recentes avanços no campo da genômica,
por exemplo, já bastaram para mostrar que pode haver mais diferenças genéticas entre dois
indivíduos brancos do que entre um branco e um negro.
Se é impossível estabelecer de forma objetiva uma definição para negro, torna-se
forçoso reconhecer que o único critério democrático é aquele empregado pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) em seus questionários demográficos, que é o da
autodeclaração. Isto é, será negro ou pardo quem assim se classificar. Aqui, como é evidente, a
fotografia se torna ociosa.
Esta Folha se opõe à política de cotas por entender que nenhuma forma de
discriminação, nem mesmo a discriminação positiva, pode ser a melhor resposta para o grave
problema do racismo. A filosofia por trás das cotas é a de que se pode reparar uma injustiça
através de outra, manobra que raramente dá certo.
Para além dessa objeção teórica, o dilema da UnB mostra que existem dificuldades
práticas. Ainda que fosse possível estabelecer objetivamente o que é negro, quanto sangue negro
alguém precisaria ter em suas veias para fazer jus à cota? Num país miscigenado como o Brasil,
quase todos encontrarão um ancestral de origem africana em sua ascendência.

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TEXTO 05: BOLSA FAMÍLIA E EMPREGO
O Estado de São Paulo, 19 jan. 2011, p. A3

O fato de os beneficiários do Bolsa-Família ficarem menos tempo no emprego do que


os trabalhadores de baixa renda não atendidos pelo programa e de, quando o perdem,
demorarem mais para encontrar outra ocupação com carteira assinada é mais um dos graves
problemas deixados pelo governo anterior, que não se preocupou em definir e colocar em
prática medidas que propiciem às pessoas atendidas condições para abrir mão do benefício .
Sem garantia de uma renda regular suficiente para substituir os pagamentos mensais que
recebem do governo, os beneficiários tendem a se perpetuar no programa. Tornam-se clientes
cativos do governo.
É inquestionável a importância do Bolsa-Família, que atende 12,9 milhões de famílias
com renda mensal per capita inferior a R$ 140, com valores que variam de R$ 22 a R$ 200
mensais. Mas, apesar de seus efeitos positivos sobre a vida das famílias mais pobres, que
resultaram na redução dos índices de pobreza e na melhoria do padrão de distribuição de renda,
o programa tem problemas que precisam ser enfrentados com urgência, como observou a
ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, em seu discurso de posse.
“ O maior desafio continua sendo a inclusão produtiva, a geração de oportunidades de
emprego e renda” , disse a ministra. Em outras palavras, é preciso oferecer aos beneficiários do
Bolsa-Família condições para que eles possam ascender social, econômica e profissionalmente
por meio de seu trabalho, dispensando a ajuda governamental.
Reportagem de Marta Salomon publicada domindo [dia 16/01] pelo Estado, baseada em
estudo de um consultor do Ministério do Desenvolvimento Social, não deixa dúvidas quanto à
urgência da adoção, pelo governo, de medidas que melhorem as condições para a “ inclusão
produtiva” dos beneficiários do Bolsa-Família.
Quando esses beneficiários conseguem emprego remunerado, as condições de trabalho
são precárias e a renda, incerta. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
sobre o relacionamento dos inscritos no Bolsa-Família com o mercado de trabalho constatou
que, entre os que têm ocupação, 75,2% não dispõem de cobertura da Previdência Social – ou
seja, estão na informalidade. É um índice muito maior do que o registrado em toda a população
economicamente ativa, de 49,8% dos ocupados sem proteção previdenciária.
Se, eventualmente, consegue um emprego formal, com proteção previdenciária e
garantias trabalhistas, o trabalhador inscrito no Bolsa-Família tende a ficar muito pouco tempo
nele. “ Menos de um ano depois da contratação, metade dos beneficiários é desligada e 30%
perderão seus empregos em menos de seis meses” , constatou Alexandre Leichsenring, consultor
do Ministério do Desenvolvimento Social, no estudo Precariedade laboral, volatilidade de
renda e a cobertura do Programa Bolsa-Família, que elaborou com o pesquisador do Ipea
Sergei Soares. Quando os beneficiários saem do mercado de trabalho, sua recontratação é muito
pouco provável, pois apenas 25% dos que foram demitidos conseguem novo emprego com
carteira assinada no período de quatro anos.
Este é, seguramente, um dos fatores que tornam mais difícil para os beneficiários
devolverem seus cartões de benefícios. O Bolsa-Família, ao contrário de outros programas de
transferência de renda existentes na América Latina, não fixou prazo máximo de permanência
dos beneficiários nas listas de pagamentos nem estimulou, de maneira mais efetiva, seus
participantes a adquirir preparo profissional para obter de seu trabalho a renda necessária para
viver sem ajuda governamental.
Baixa escolaridade dos inscritos no Bolsa-Família (mais da metade tem menos de
quatro anos de estudo), baixa qualificação profissional e forte concentração regional de famílias
pobres tornam mais difícil, para boa parte dos beneficiários, a obtenção de renda regular por
meio de seu trabalho. Este é o desafio que o governo precisa enfrentar, para assegurar a mais
brasileiros o acesso ao mercado de trabalho regular.

13
TEXTO 06

EXERCÍCIO DE REDAÇÃO
A INTRODUÇÃO DO TEXTO DISSERTATIVO

O texto abaixo foi transcrito sem o título e o parágrafo de introdução. Leia-o


atentamente e, em seguida:

1. Identifique o tema e a tese do texto;


2. Redija uma nova introdução para o texto;
3. Atribua um título ao texto.

“ O legislador preocupado com essa influência na formação das crianças recomenda que
as emissoras de rádio e televisão somente exibam ao público infanto-juvenil programas com
finalidades educacionais, artísticas, culturais e informativas. Não tem sido esse, contudo, o
conteúdo dos programas de televisão, sobretudo as novelas e seriados, que têm abusado de
temas que desconsideram tais recomendações.
A banalização das cenas de violência e sexo tem conduzido os telespectadores-mirins a
buscarem na vida real a imitação dos roteiros para seus ídolos televisivos. É comum ver crianças
que nem sequer andam ou falam com perfeição posicionando-se como tais personagens.
Desse modo, um poderoso meio de comunicação que, se usado de forma responsável,
pode ser a grande arma de educação e libertação de um povo, desvirtuando essas patrióticas
finalidades termina sendo um instrumento de banalização da violência e de estímulo à
ignorância.” (Siro Darlan de Oliveira).

14
O texto abaixo foi transcrito sem o parágrafo de conclusão. Leia-o com atenção e, a seguir,
redija nova conclusão para o texto, respeitando seu desenvolvimento de ideias. A nova
conclusão deve ter no mínimo 5 linhas.

TEXTO 07: OS BALCÕES DA CÂMARA


Folha de São Paulo, 16 set. 2008, p. A2

CAMPANHAS de incentivo ao voto afirmam que é importante escolher bem os


vereadores porque eles propõem leis para beneficiar o cidadão e fiscalizam o Executivo. Não na
maior cidade do país.
Como mostrou reportagem desta Folha, a Câmara de São Paulo é palco de um jogo de
aparências que deixa de lado o interesse dos eleitores e se traduz na semiparalisia da atividade
legislativa. Na atual legislatura, um em cada cinco projetos apresentados pelos vereadores foi
vetado por ser considerado inconstitucional. Em 2007, quase 80 % dos projetos sancionados se
referiam a iniciativas de menor relevância, como homenagens.
A prática não é nova: a prerrogativa de legislar é transferida ao prefeito. Nos últimos
oito anos, 80% dos projetos apresentados pelo Executivo foram aprovados. Longe de incomodar
as correntes majoritárias na Casa, o fenômeno ocorre pela comunhão de interesses entre a
maioria parlamentar e o Executivo.
Na Câmara paulistana são formadas bancadas sem lógica programática ou partidária,
que têm por finalidade apenas aumentar o poder de barganha no Executivo. Entre os vereadores,
predominam relações pessoais. Grupos políticos são constituídos mediante ligações familiares, e
na metrópole mais rica do país ainda é disseminada a velha prática do favor paroquial, do
coronelismo e dos currais eleitorais.
Com tantas brechas para abusos e desvios, não espanta que a fiscalização seja
deficiente. Criada em 2003, depois do escândalo da "máfia dos fiscais", a Corregedoria nunca
puniu vereadores.

15
UNIDADE 02: NÍVEIS DE LINGUAGEM

Devido a sua natureza informativa e reflexiva, a dissertação deve ser caracterizada pela
clareza da linguagem, pela organização de ideias e pela abordagem objetiva.
Além disso, o texto dissertativo exige o emprego de uma linguagem formal, que
obedeça à norma culta do idioma.

2.1. A linguagem coloquial


A linguagem que usamos no quotidiano não obedece a todas as regras da gramática
normativa. Quando dizemos, por exemplo: “ Me dá um livro para mim ler” ou “ Você quer que
eu faço isso?” , estamos usando um tipo de linguagem bastante popular, chamada de linguagem
coloquial, que não leva em consideração determinados preceitos gramaticais. O termo coloquial
significa “ fala, conversa” e, sendo assim, a linguagem coloquial reflete o modo como falamos
em circunstâncias informais do dia a dia. Não se trata de dizer que esta seja uma linguagem
errada; embora algumas normas gramaticais sejam desrespeitadas, não há problema algum em
falar assim com os amigos ou com a família.
Além de tolerar “ erros” gramaticais, a linguagem coloquial incorpora uma rica gama de
gírias e expressões populares. “ Pegar o gancho” de um assunto, “ dar sopa” a alguém, discutir se
alguma coisa vai “ rolar” ou não, “ vazar” de algum lugar... são todas expressões interessantes e
sugestivas, que atestam a vitalidade da língua e a criatividade popular. Há até casos curiosos,
como o de “ mano” : o que parece uma gíria moderna já era usada no séc. XVI com o mesmo
sentido de “ amigo ou companheiro muito próximo, como um irmão” . Não há mal algum em
usar expressões como essas, desde que em contextos apropriados. O que acharíamos de um
médico que, durante a consulta, tratasse o paciente por “ mano” ?
Em suma, não devemos ter preconceito contra a linguagem coloquial, nem qualificá-la
de errada. Ela atende muito bem às necessidades comunicativas do nosso quotidiano. Mas é
preciso notar, por outro lado, que há situações em que o uso da linguagem coloquial não é
adequado.

2.2. A linguagem formal


Em circunstâncias que exigem um comportamento mais formal, sério e impessoal, a
linguagem utilizada também precisa ser formal. Trata-se de um aspecto social e psicológico de
peso, ainda que inconsciente: expressar-se formalmente e respeitando a norma culta (ao falar e
ao escrever) é um recurso importante para a conquista de credibilidade da mensagem.
Retomando o exemplo do médico: ninguém confiaria a própria vida a um médico que, vendo o
resultado do exame, dissesse: “ a coisa ´tá feia, mano!” . Tal comportamento seria ridículo e
grosseiro, inadequado ao que se espera de um profissional. Em suma: o nível de linguagem deve
ser coerente com o tipo de mensagem que desejamos transmitir e apropriado à pessoa a quem
estamos nos dirigindo.

16
Além disso, a linguagem coloquial, por sua natureza descontraída e informal, não se
presta com facilidade à análise, reflexão e discussão de temas que exigem mais aprofundamento
ou rigor. Quanto mais complexo for o assunto tratado, mais específica, precisa e organizada
deve ser a linguagem empregada para discuti-lo. Por isso, a falta de habilidades e
conhecimentos linguísticos pode representar um sério obstáculo ao aprendizado de qualquer
disciplina, além de ser um entrave para nosso desenvolvimento profissional.
Daí a importância de familiarizar-se com os recursos da linguagem formal. Para tanto, é
importante ampliar o vocabulário (a fim de empregar termos mais específicos), estar atento à
estruturação de frases (que não podem comportar ambiguidades ou incoerências) e explicitar
cuidadosamente a relação entre ideias (o que exige o uso de estruturas sintáticas mais
complexas), entre outros aspectos.
Em síntese: textos dissertativos requerem o emprego da linguagem formal; ao redigir
(ou mesmo ao fazer apresentações orais) deve-se procurar evitar certos vícios comuns à
linguagem coloquial. A tabela abaixo procura apresentar em contraste algumas características
distintivas entre a linguagem coloquial e a linguagem formal.

Linguagem Coloquial Linguagem Formal

uso no quotidiano e em ambiente informal uso em ambiente acadêmico ou profissional

predominantemente ligada à fala predominantemente ligada à escrita (embora


também deva ser usada em seminários,
apresentações e apresentações orais)

tendência à improvisação exigência de reflexão e planejamento

emprego de gírias e vocabulário geral recusa gírias e usa vocabulário específico

desorganização, repetições e generalizações organização, síntese e precisão

informações vagas e superficiais rigor e clareza

períodos coordenados períodos subordinados

2.3. Preconceitos e mal-entendidos


É preciso desfazer certos preconceitos infelizmente muito difundidos hoje a respeito do
uso da linguagem formal e da norma culta. Muitas vezes, os estudantes parecem identificar a
linguagem formal com uma exigência ultrapassada e sem importância, como se ela fosse – na
gíria que os professores escutam com frequência – uma mera “ frescura” . Isso não é verdade. As
próprias pessoas que dizem isso não agem assim com relação aos outros: ninguém respeitaria
um médico, um professor ou o próprio chefe no trabalho se eles não fossem capazes de usar um
nível de linguagem adequado. Se nós avaliamos os outros pelo nível de linguagem que eles
usam (ainda que este não seja o único critério de avaliação, é claro), por que os outros não
podem fazer o mesmo conosco?

17
Isto se deve em parte a um grande desconhecimento das normas linguísticas (todos
sabem que o nível de ensino no Brasil deixa a desejar...), mas também por uma incompreensão
do que significa usar uma linguagem formal e respeitar a norma culta. É comum que os
estudantes entendam isto como sinônimo de “ escrever difícil” , usando vocabulário antiquado e
obscuro.
Mas não é nada disso: o conceito de linguagem formal diz respeito apenas à
necessidade de adequar a linguagem a ambientes mais formais e impessoais, evitando o uso de
gírias, generalizações apressadas e de um vocabulário impreciso ou repetitivo. Quanto à norma
culta do idioma, ela também não significa “ escrever como Camões” ; trata-se simplesmente de
respeitar a certas regras gramaticais mínimas (acentuação, concordância, coerência) para que
nosso texto ganhe clareza e respeitabilidade.

2.4. Uma observação importante sobre ambiguidades e imprecisões


Dentre os vários motivos pelos quais a linguagem coloquial deve ser evitada em
ambientes profissionais e acadêmicos, desejamos ressaltar um em especial: a linguagem
coloquial muitas vezes é bastante imprecisa ou ambígua, o que em determinadas circunstâncias
pode gerar mal-entendidos de graves consequências. Por isso, ao escrever um texto, é preciso
tomar cuidado para não dar margem a duas interpretações: aquilo que pode parecer evidente
para o autor do texto, nem sempre é evidente também para os leitores. Vejamos um exemplo
disso, comentado por Thaís Nicoleti de Camargo, consultora de língua portuguesa e colunista do
jornal Folha de São Paulo:
Recentemente, lendo um texto de um articulista da imprensa, deparei com
o seguinte: "No finalzinho do ano, almoçando num dos restaurantes mais caros de
São Paulo, um tucano dos graúdos comentava com ares de indignada satisfação
como havia mudado a turma do PT". Ora, o contexto nos levará à compreensão de
que não foi o tal tucano "dos graúdos" que mudou "a turma do PT"; a construção,
no entanto, do ponto de vista gramatical, permite também essa interpretação.
O vilão dessa história é o verbo "mudar", que tanto pode ser um
intransitivo ("alguém mudou", ou seja, "transformou-se") como um transitivo
direto ("uma pessoa mudou outra"). Além disso, a palavra "como" pode assumir
diferentes valores (...).
Evitar toda essa confusão, pelo menos nesse caso, não seria muito difícil.
Bastaria alterar a posição da expressão "a turma do PT", pois, na ordem direta (a
mais usual), o sujeito fica antes do verbo. Assim: "No finalzinho do ano,
almoçando num dos restaurantes mais caros de São Paulo, um tucano dos graúdos
comentava com ares de indignada satisfação como a turma do PT havia mudado".
O defeito do fragmento em questão é a ambigüidade, ou seja, a
possibilidade de dupla interpretação de um texto: a "turma do PT" pratica uma
ação (a de "mudar") ou é alvo dela (é mudada por alguém)?2

2
Thaís Nicoleti Camargo. Imprecisão das construções pode conduzir a ambiguidades. Folha de São
Paulo, São Paulo, 14 jan. 2005. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/noutraspalavras/ult2675u5.shtml. Acesso em 13 jan. 2010.

18
EXERCÍCIO 01

Os textos abaixo foram escritos por alunos dos ciclos anteriores. Leia-os com atenção e
corrija o que julgar necessário.

1. A programação da televisão passa constantemente por mudanças, a programação que já


teve festivais e seriados famosos, hoje em dia apresenta programas que falam de sexo, novelas
que mostra sexo e etc., no horário nacional, influenciando seus telespectadores.

2. A televisão e o rádio que são meios de comunicação onde todas as classes sociais tem
acesso, estão se tornando uma má influência para todas as crianças; pelo fato de mostrar cenas
inadequadas para os mesmos; onde elas absorvem o conteúdo, não sabendo o que é o certo e o
errado.

3. As crianças hoje é uma grande preocupação, elas deveriam estar sendo treinadas,
educadas. Elas têm que ter uma boa influência; porque é neste período em que elas irão ditar as
suas condutas e personalidades.

4. Cotas raciais, são a salvação ou o fim do racismo que existe em nosso país, não seria
melhor oferecer um ensino de qualidade igual para todos.

5. Até hoje temos muito racismo no Brasil, por isso devem aumentar o número de cotas p/
poderem estudar e batalhar para um emprego digno.

Faça o mesmo com os trechos abaixo:


1. O avanço da tecnologia faz com que tenhamos mais acesso as informações do
mundo inteiro, em um tempo mínimo sabemos o que está acontecendo no japão por
exemplo e com tanta informação acabamos por ficar perdidos sem conseguir
compreender as informações.

2. De acordo com o Fórum de Educação realizado em Porto Alegre, não é possível


sem melhorar os níveis do sistema educacional.

3. As empresas têm uma grande responsabilidade para com os seus clientes, ou ao


menos deveriam ter. É necessária a produção de produtos de qualidade, que não sejam
perigosos e que tenha um serviço de atendimento ao consumidor.

4. A pena de morte é a única solução para poder julgar alguém que cometeu algum
tipo de crime. Todos tem o direito a vida, as pessoas devem ser julgadas pelo crime que
cometeu, mas a solução não é tirar a vida do ser humano.

5. As empresas precisam entender que fazem parte das suas obrigações, não
visarem somente lucros, precisam pensar também em ajudar a sociedade. Existem várias
maneiras de fazer isso, uma delas seria criando programas para jovens aprendizes,
aonde elas estariam ao mesmo tempo dando oportunidades a esses jovens.

6. O uso de células-tronco na atualidade, é um dos principais fatores que envolvem


o crescimento da tecnologia (...). Cientistas por outro lado, argumentam sobre as
possibilidades de salvar novas vidas e que, através dessas análizes e estudos,
proporcionar para a nova geração a esperança de um mundo mais sadio e afortunado.

19
UNIDADE 03: COESÃO E COERÊNCIA

EXERCÍCIO 01

CONECTIVOS E RELAÇÃO ENTRE IDEIAS

Leia o texto com atenção. Depois, preencha as lacunas com conectivos adequados
(conjunções e preposições):

Liberdade de pensamento
(Teócrito de Corinto, filósofo grego do II século da nossa era)

A ninguém, nem aos deuses nem aos demônios, nem às tiranias da Terra, nem às
tiranias do céu, foi dado o poder de impedir aos homens o exercício daquele que é o primeiro e
o maior de seus atributos: o exercício do pensamento. Podem amarrar as mãos de um homem,
impedindo-lhe o gesto. Podem atar-lhe os pés, impedindo-lhe o andar. Podem vazar-lhe os
olhos, impedindo a vista. Podem cortar-lhe a língua, impedindo a fala.
O direito de pensar, o poder de pensar, _______, estão acima de todas as violências e de
todas as repressões, que nada podem contra seu exercício. Se assim o quiseram os deuses, _____
assim o quer a própria natureza humana, parece claro que não há abuso mais abominável que o
de tentar impor limitações ao pensamento de qualquer pessoa.
Pretender suprimir o pensamento de quem quer que seja é o maior dos crimes. Pois não
é apenas um crime contra uma pessoa, ______ contra a própria espécie humana, ___________
que é o pensamento o atributo que distingue o ser humano dos demais seres criados sobre a face
da Terra. É certo que é um crime que não se consuma, pois fica sempre no terreno da tentativa,
como se alguém quisesse violar o inviolável.
O fato, ________, de não se consumar um crime, não quer dizer que não se caracterize
o criminoso. Pois, na verdade, só ao se supor capaz de sufocar o pensamento de seu semelhante,
o autor dessa suposição cometeu um crime estupendo, contra todos e contra si mesmo,
________ se depravou na intenção de roubar o que não pode ser roubado, de matar o que não
pode morrer.
Os pérfidos juizes de Atenas tiraram a Sócrates o direito de educar os jovens e o direito
de viver. _______ foram impotentes para tirar-lhe o direito de pensar, exercido por ele até o
último hálito da existência.
Ai dos homens que não usam, em toda a sua plenitude, o direito e o atributo de pensar!
Se um pássaro em pleno voo parasse subitamente de usar suas asas, o poder de voar que lhe foi
dado, o atributo de equilibrar-se no ar e viajar as distâncias etéreas, cairia miseravelmente no
chão. Se um homem para de pensar, por preguiça ou estultícia, todos os desastres podem
acontecer. ______ seu pensamento não responde ao que veem seus olhos, pode jogar-se no fogo
e na água, e perecer queimado ou afogado.
Na vida da cidade, se um homem neutraliza dentro de si o direito de pensar, a cidade
pode ser tomada e dominada pela ferocidade de um tirano _____ despotismo levará o povo à
morte pela fome, pela crueldade ou por outras formas de injustiça e prepotência. E se não o
povo todo, pelo menos uma parte do povo, certamente, será arrastada à opressão, à tortura, ao
cárcere ou a qualquer outra forma de perdição.

20
EXERCÍCIO 02

COESÃO TEXTUAL

Estabeleça a coesão dos textos abaixo, valendo-se de expressões que substituam o excesso de

repetições.

1. “ O golfinho nada velozmente e sai da água em grandes saltos fazendo acrobacias. É

mamífero e, como todos os mamíferos, só respira fora da água. O golfinho vive em grupos e

comunica-se com outros golfinhos através de gritos estranhos que são ouvidos a quilômetros de

distância. É assim que o golfinho pede ajuda quando está em perigo ou avisa os golfinhos onde

há comida. O golfinho aprende facilmente os truques que o homem ensina e é por isso que

muitos golfinhos são aprisionados, treinados e exibidos em espetáculos em todo o mundo” .

2. “ Por mais de duas décadas, a antropóloga francesa Marguerite Le Coq empreendeu

estudos em torno da arte plumária indígena do Amazonas. A pesquisa pode ser avaliada em

recente álbum patrocinado pela Rhodia do Brasil. A extraordinária pesquisa da antropóloga

francesa Marguerite Le Coq foi minunciosíssma, abrangendo cerca de 5 gerações dos indígenas

do Amazonas. Para conseguir tal abrangência, a antropóloga francesa Marguerite Le Coq

instalou-se na floresta e pôs mãos à obra” .

(Textos adaptados da Revista Ciência Hoje e Geográfica Universal;

exercício de Samira Y. Campedelli e Jésus B. Souza).

21
EXERCÍCIO 03

CONECTIVOS

Preencha as lacunas com os elementos coesivos adequados e em seguida diga qual é a relação
que ele estabelece entre as ideias nos espaços entre parênteses:

a) a) “ Os leigos sempre se medicaram por conta própria, _________ ( ) de


médico e louco todos temos um pouco, ___________ ( ) esse
problema jamais adquiriu contornos tão preocupantes no Brasil como
atualmente” (Geraldo de Medeiros).

b) b) “ A baixa qualidade de ensino nas escolas brasileiras tem afetado de maneira


significativa não só o mercado de trabalho, __________ ( ) as relações
humanas de maneira geral, __________ ( ) a escolarização
precária dos grupos sociais torna o sujeito menos preparado para lidar com os outros
seres humanos e com os desafios do cotidiano. A intolerância, o preconceito, a
corrupção e a falta de ética que caracterizam a sociedade brasileira atualmente, são,
___________, ( ) resultado do descaso com a educação do povo”
(Maria Thereza Fraga Rocco).

c) “ Linhas de crédito para pequenos empreendedores, mantidas sobretudo pelo


BNDES, não conquistaram novos clientes, e o microcrédito ao consumo popular
dá a impressão de avançar, ________ ( ) com lentidão”
(Marcel Gomes).

d) __________ ( ) o desemprego tenha diminuído, as taxas ainda são muito


altas no Brasil. ____________ ( ), o governo não pode
deixar de prestar atenção a este drama que afeta a vida de milhares de famílias
nos grandes centros urbanos de nosso país. __________ ( ) não
o faça, estará se omitindo sobre uma questão da maior importância para a
população.
e) _____________ ( ) nos dias de hoje a concorrência no
mercado de trabalho é muito grande, quem não tiver uma boa formação
profissional terá reduzidas chances de conseguir um bom emprego.

22
EXERCICIO 04

CONECTIVOS

1. Preencha as lacunas com as conjunções adequadas:

a) O encontro entre os líderes de diversos países em Davos, na Suíça, sobre o


aquecimento global não foi bom _____________ ruim, ____________ praticamente se
manteve inalterável a agenda do encontro anterior.

b) Ela acompanhou o marido ao palanque, ______________ o tenha feito contra a


própria vontade, apenas ________________ ele insistiu.

c) A empresa conseguiu se reerguer após a crise de 2009, _____________ o mercado do


setor voltou a se aquecer.

d) Ao contrário de muito dos seus colegas, Marcos dedicou-se bastante ao exame da


OAB. _____________, será privilegiado com boas notas ____________ será admitido
no renomado escritório de advocacia da família.

e) Segundo o treinador, ele se exercitou bastante nos quinhentos metros livres,


____________ deseja quebrar um novo recorde nas próximas Olimpíadas.

f) “ Por sua inteligência, sensibilidade social, reconhecimento de que, no apoio prestado


a pessoas portadoras de deficiência, tão importante quanto a assistência médica, o
oferecimento de remédios ______________ o tratamento específico é o estímulo à auto-
estima do deficiente, a sensibilização de que ele tem papel importante na sociedade –
além de estar recebendo o que lhe é de direito -, o projeto “ Cadê Você, promovido pelo
Instituto Mara Gabrilli (IMG), não só é inédito, ________________ é uma das mais
alentadoras iniciativas já promovidas nesse setor” . (O Estado de S. Paulo, 29. jan.2011)

g) ____________ escrevia, ____________ ria das próprias histórias que criava ao longo
da tarde. _____________ houvesse mais tempo, teria concluído o livro de crônicas
naquele fim de semana.

h) _____________ as grandes avenidas estivessem intransitáveis devido ao grande


volume da água da chuva, Maria chegou pontualmente ao local da palestra,
____________ esqueceu o pen drive da apresentação em casa. _______________ foi
obrigada a improvisar toda a exposição.

i) Uma indústria não é construída apenas de empregadores ___________ empregados. É


imprescindível para se criar um bom ambiente de trabalho facilitar a comunicação
interna entre ambas as partes. E isso não depende apenas dos superiores ____________
de cada operário que atua nos mais variados setores.

23
UNIDADE 04: REVISÃO GRAMATICAL
EXERCÍCIO 01

I. Preencha as lacunas com “mau” ou “mal”.

a. “ O chato da bebida não é o ____ que ela pode trazer, são os bêbados que nos traz” (Leon
Eliachar).
b. “ O Belo e o Feio... O Bom e o ______ ... Dor e Prazer...” (Mário Quintana).
c. ____ chegou, começou logo a fazer perguntas.
d. Aqueles homens são ____ intencionados.
e. “ Um bom romance nos diz a verdade sobre seu herói, mas um ____ romance nos diz a
verdade sobre seu autor” (Chesterton).
f. “ ... viera a pé e foi-se sentando, cansado talvez de cavalgar por montes e vales do Oeste, e
de tantas lutas contra os ____” (Drummond).
g. Esta doença é um ____ incurável.
h. Todo ____ administrador é um perigo.

II. Preencha as lacunas com “porque” e variações.

a. “ ________ você ainda está aqui?” “ Estou atrasado ________ perdi o ônibus”
b. “ Uma elegante para outra: - Seu vestido está muito chique; ______ não o vestiu todo?”
(Leon Eliachar).
c. “ Contavam fatos da vida, incidentes perigosos _______ tinham passado” (José Lins do
Rego).
d. “ Só mesmo Deus é quem sabe o _____ de certas vontades femininas, se é que Ele consegue
saber” (Drummond).
e. _____ você não me deixa em paz? ______?
f. O homem sempre busca o ______ da existência.

III. Preencha as lacunas com “há”, “a”, “à”.

a. Ele foi ____ mercearia; depois, entregou o troco ___ tia.


b. ____ dez anos venho sofrendo desta doença.
c. ____ um posto de gasolina daqui ____ dez quilômetros.
d. Vou ____ casa de minha tia nestas férias.
e. Não ____ ninguém que possa me ajudar ____ carregar estes pacotes?
f. Vou viajar para a Alemanha daqui ____ uma semana. De lá, vou até ____ Espanha.
g. Você já foi _____ Portugal? E ____ Itália?

24
EXERCÍCIO 02

1.a) Os moradores de rua ficaram _____________ porque seus albergues foram destruídos pelo
terremoto. (desapropriados / expropriados / desalojados).
1.b) Todas as terras daquele fazendeiro foram _____________ (desapropriadas / expropriadas /
desalojadas)

2.a) “ _____________ (obrigado / obrigada) por finalizar o relatório antes da data prevista” ,
falou Natália para um colega de trabalho.
2.b.) “ ____________ (obrigado / obrigada) pelo curso sobre a utilização do programa Excel” ,
disse Roberto a seu gerente.

3.a) A turma se reuniu na casa de Marco para assistir ________ (ao / o) jogo.
3.b) Ele pagou ________ (ao / o) amigo.

4.a) A família de Carlos foi premiada com uma nova _____________ (TV a cores / TV em
cores).
4.b) O filme era ___________ (a preto e branco / em preto e branco) e tratava sobre a 2ª Guerra
Mundial.

5.a) ____________ (A vinte anos / Há vinte anos) o computador era um equipamento optativo
nos lares brasileiros.
5.b) Concluo a graduação em Administração daqui _________ (A três anos / Há três anos).
5.c) Moro __________ (há / a) quinze minutos da empresa em que trabalho.

6.a) Estou ____________ (afim / a fim) de teclar com você.


6.b) O português e o espanhol são línguas ___________(a fim / afins)

7.a) O gerente sentou ____________ (na mesa / à mesa) com outros quatro acionistas depois do
evento.
7.b) Maria, no momento não pode atendê-lo porque ela está ___________ (no telefone/ ao
telefone).

8) Ela _____________ (mesmo / mesma) arrumou o salão para a festa de despedia de Marcos.
Todos da empresa compareceram _____________ (menos / menas) Roberta, sua secretária.

9.a) A promoção para um novo cargo veio _________________ (ao encontro / de encontro) aos
seus anseios.
9.b) A queda do valor do salário foi ________________ (ao encontro / de encontro) às
expectativas dos membros que compõem a categoria.

10.a) Este relatório é para _________ (mim / eu) fazer.


10.b) Entre __________ (mim / eu) e você não há mais nada!

25
EXERCÍCIO 03

1. (UFF- RJ, adaptada) Identifique a única frase em que há erro no que se refere ao
emprego do acento grave para indicar o fenômeno da crase:

a) Se a instituição resistiu à uma devassa como essa é porque nada tem de condenável.
b) O almoço será à uma hora: quem chegar atrasado não almoça.
c) Esperava por eles, sentado à porta, ou encostado à janela.
d) Estou feliz porque servi de olhos a um cego.
e) Todos os meus amigos foram àquela festa.

2. Quais as palavras que completariam as lacunas?

2.1. “ Descendo ........ terra,....... noite, o marinheiro viu um homem que vinha ....... pé” .
a) à, à, à. b) a, a, a. c) a, à, a. d) à, à, a. e) a, à, à.

2.2. ......... prazo ou .......vista, ........ anos não faço compras.


a) À, à, há. b) À, a, há. c) A, a, à. d) À, a, à. e) A, à, há.

2.3. Dizer ..... toda gente o que pensava ..... respeito das coisas era sua maior ambição,
mas não a confessava sequer........ sua melhor amiga.
a) à, à, à. b) a, à, a. c) a, a, a. d) à, a, à. e) à, à, a.

2.4. (UEL-PR) Dê ciência ....... todos de que não mais se atenderá ....... pedidos que não
forem dirigidos ......... diretoria.

a) a, a, a. b) a, à, a. c) a, a, à. d) à, à, a. e) à, a, à.
2.5. (FCL-SP) Diga ...... essa menina que estou ...... fazer o exercício ....... risca.
a) a, a, à. b) à, a, à. c) a, à, a. d) a, à, à.

2.6. Após ....... palestra, todos foram ....... mesa, para cumprimentar ...... palestrante.
a) a, à, a. b) à, à, à. c) a, à, à. d) à, a, a. e) a, a, a.

3. (Mack-SP) Identifique o período em que a ocorrência da crase é permitida.


a) Enviei à Roma suas fotografias.
b) Foi à Lapa para inaugurar a gráfica.
c) Alô, franceses, chegamos à Paris.
d) Viajou à Londres a fim de rever antigo amor.
e) Referimo-nos à Niterói, em nossa excursão pelo interior.

4. Observe as seguintes placas de trânsito e aponte o(s) item(ns) corretos:

1. PROIBIDO VIRAR A ESQUERDA

2. OBEDEÇA À SINALIZAÇÃO

3. ATENÇÃO
LOMBADA À 200m

(MESQUITA, R. M. Gramática da língua portuguesa. 8 ed. São Paulo: 2003).

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EXERCÍCIO 04

USO DE CRASE (3)

Assinale a alternativa correta:

1. Eis o lema _____ sempre obedecia: ódio _____ guerra e aversão _____ injustiças.
a) à que - à - as
b) à que - à - às
c) a que - à - às
d) a que - à - as
e) a que - a - as

2. Faltou _____ todas as reuniões e recusou-se _____ obedecer _____ decisões da assembléia.
a) a - a - as
b) a - a - às
c) a - à - às
d) à - a - às
e) à - à – às

3. Expunha-se _____ uma severa punição, porque as ordens _____ quais se opunha eram
rigorosas e destinavam-se _____ funcionárias daquele setor.
a) a - as - às
b) à - às - as
c) à - as - às
d) à - às - às
e) a - às – às

4. _____ Igreja cabe propugnar pelos princípios éticos e morais que devem reger _____ vida das
comunidades, enquanto _____ política deve visar ao bem comum.
a) A-à-à
b) À-a-a
c) À-à-a
d) À-à-à
e) A - a –a

5. Chegou-se _____ conclusão de que a escola também é importante devido _____


merenda escolar que é distribuída gratuitamente _____ todas as crianças.
a) à - à - à
b) a - à - a
c) a - à - à
d) à - à - a
e) à - a – a

3
Exercícios do sítio “ PCI Concursos” . Disponível em:
< http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/crase-exercicios>. Acessado em 08 fev. 2010.

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EXERCÍCIO 05
CONCORDÂNCIA

Identifique os erros de concordância e corrija-os. Em algumas frases, pode haver também outros
tipos de erros. OBS.: Não é preciso copiar as frases: faça as correções nesta folha.

a) Apesar de sofrer preconceito racial, Barack Obama possui amplo apoio da população,
que veem em suas ideias uma maneira de se mudar a nação.

b) Atualmente, está sendo muito discutido as pesquisas de células-tronco.

c) As pesquisas com células-tronco está gerando muita polêmica.

d) Nos dias atuais, muitas doenças vem sendo curadas de acordo com o avanço da
medicina, mas nem todas tem cura, com isso inicia-se as pesquisas e experiências.

e) A ciência moderna vêm desenvolvendo pesquisas com células-tronco.

f) As células-tronco de um adulto não tem a mesma capacidade que as embrionárias.

g) Devido ao rápido crescimento e expansão da globalização no mundo atual, o mercado


de trabalho e a tecnologia desenvolvida tem sido muito voltada para o ramo de
empresas.

h) Além da ajuda financeira, as empresas podem nos ajudar preservando o meio ambiente,
já que elas próprias, em sua grande maioria, o destrói.

i) Todavia, a utilização de células-tronco embrionárias envolvem uma importante questão


ética quanto a manipulação de embriões humanos.

j) Segundo matérias da mídia, já houveram transplantes de órgãos gerados de células-


tronco em animais.

k) As células-tronco são como “ células-mãe” . Delas é originado todos os órgãos do nosso


corpo.

l) Se não fosse as barreiras impostas pelo catolicismo isso não seria mais apenas uma
pesquisa.

m) Desde a segunda metade do século XX, os avanços científicos vem acontecendo


rapidamente.

n) Mas vale lembrar que as células-tronco não é a cura ou a solução para tudo, ela ainda
enfrenta algumas barreiras.

o) As empresas têm grandes responsabilidades com seus funcionários, o meio ambiente e a


região em que se encontra, pois (...)

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EXERCÍCIO 06
ACENTUAÇÃO
1. Interprete a frase abaixo:
A secretaria decidiu alterar o doido processo referente ao menor abandonado.

2. Acentuar se necessário. Justifique o uso do acento.


a. cafezinho m. bolo
b. cafe n. Mexico
c. menina o. aguentar
d. boca p. item
e. armazem q. itens
f. bussola r. hifens
g. bebivel s. hifen
h. bilis t. coco (excremento)
i. onix u. refem
j. coco (fruto do coqueiro) v. biceps
k. merecem w. paleto
l. taxi x. jacare

3. Corrija o fragmento abaixo, procurando entender a lógica que fundamenta a acentuação:


Nasci em Bauru. Fui criada pelos meus avos maternos. Desde pequena, sempre sonhei em
ser astronauta. Desejava conhecer Jupiter e o processo que leva a formação do arco - iris. Por
isso, quando não havia ninguem em casa, eu ia ate o quarto da minha avo com o intuito de
brincar com os objetos e utensilios que havia dentro de um enorme bau.

4. No que diz respeito às regras de acentuação, observe o que há de semelhante entre as palavras
abaixo (acentue se necessário). A que conclusão você chegou?
a. baU f. açaI
b. mAu g. ItaU
c. saUde h. cAi
d. aI i. caI
e. saIda j. PiauI

5. Os vocábulos abaixo recebem ou não acento?

a. CapivarI e. gibI
b. aquI f. PacaembU
c. juIz g. raInha
d. MorumbI h. jabutI

6. Observe se as palavras são acentuadas. Justifique a sua resposta.

a. lampada g. pratico
b. logica h. silaba
c. agua i. historia
d. sabio j. Mario
e. carie k. opio
f. maquinario l. serie

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7. Marque a sentença correta: I) O voô atrasou esta manha; II) Eu perdoo o que você fez; III)
Abençôo o casamento de vocês.

EXERCÍCIO 07
EXERCÍCIOS DE PONTUAÇÃO E ACENTUAÇÃO

I. Pontue as frases abaixo:

1. Ele apesar das dificuldades elaborou o texto.


2. João disse que mesmo chovendo viria à aula.
3. Ele planejou todo o seu trabalho e se tudo corresse bem conseguiria executá-lo em
tempo hábil.
4. Comunico-lhe que a partir da data de recebimento deste aviso V. Sa. terá 48 horas para
a apresentar a documentação solicitada.

II. O texto abaixo foi transcrito sem pontuação, acentuação e divisão dos
parágrafos. Corrija-o, acrescentando esses elementos, de modo que fiquem
mais compreensíveis.

Universitarios brasileiros tem dificuldade com idioma.


Rosa Luiza Baptistella

Estudantes brasileiros saem das universidades sem dominio da lingua portuguesa a

formação deficiente e constatada na graduação e na seleção dos cursos de pos-graduação os

problemas são comuns a candidatos de diferentes areas de formação humanas e exatas e nas

instituições de todo o pais vão desde erros ortograficos ate incapacidade de interpretação de

texto pelo menos 40% dos estudantes não conseguem organizar ideias apresentam erros de

concordancia e pontuação diz o diretor do Instituto de Quimica da Universidade Federal do Rio

de Janeiro UFRJ Angelo da Cunha Pinto sua observação baseia-se na experiencia como

professor de graduação e orientador de teses na pos na Universidade Estadual Paulista Unesp no

campus de Marilia a pos-graduação em educação não consegue aprovar mais do que 20% dos

candidatos afirma o coordenador Celestino Alves da Silva Filho em 60% dos casos observa-se a

falta de dominio da linguagem diz e muito frequente a dificuldade para identificar as ideias

basicas de um texto a Unesp recebe candidatos de todo o Brasil especialistas avaliam que no

Brasil a questão esta ligada prioritariamente a baixa qualidade dos cursos basicos e de 2º grau

apesar da peneira do vestibular muitos chegam a universidade sem capacidade de raciocinio de

expressão e de correlação nos cursos de graduação as dificuldades não são atacadas porque a

maioria dos docentes concentra esforços no conteudo especifico da area e lida em geral com

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classes numerosas a conclusão e que as limitações persistem na pos-graduação na fase da pos o

baixo conhecimento da disciplina e fator eliminatorio quem não tiver instrumental de linguagem

fica de fora o fato em alguns casos leva ao subaproveitamento de vagas disponiveis o Programa

de Pos-Graduação da America Latina Prolam acoplado a reitoria de pos-graduação da

Universidade de São Paulo USP e um exemplo o objetivo do programa que forma mestres e

repensar de forma global por isso e multidisciplinar a realidade latino-americana o Prolam tem

capacidade para atender ate 30 inscritos a cada ano mas tem sido selecionados de 16 a 20

candidatos entre 100 e 120 inscrições se fossem admitidas pessoas não capacitadas a excelencia

do curso seria comprometida diz a economista Maria Cristina Cacciamali da Faculdade de

Economia e Administração FEA / USP e presidente do Prolam pior do que não saber escrever e

não compreender o que se esta lendo expressiva parcela de candidatos e barrada na seleção

porque nessa fase não e mais possivel recuperar a capacidade de exposição essa e a opinião do

orientador em lingua portuguesa da USP e da Pontificia Universidade Catolica de São Paulo

PUC Dino Pretti ele afirma que algumas instituições dispoem de programas para melhorar a

linguagem dos alunos na graduação a professora Maria Cristina Cacciamali avalia que esse

quadro e decorrente do 2º grau inadequado que não valoriza aspectos formais das disciplinas

necessarios a educação ela diz não haver diferenças significativas entre candidatos vindos de

escolas publicas e particulares apenas uma pequena parcela que chega da rede privada se

destaca afirma e quem e bom em portugues e bom nas outras disciplinas.

Publicado em O Estado de São Paulo, 18/02/1998.

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