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DO ENSINO DA
LINGUAGEM
Introdução
O livro didático acompanhou a história da educação brasileira: desde a
ditadura, quando o governo controlava o que era ensinado e buscava
formar mão de obra especializada, até a atualidade, momento em que
os professores se desdobram para organizar aulas mesmo trabalhando
muitas horas semanais. Portanto, o uso desse recurso é uma realidade
brasileira; encontrar a opção mais adequada é um passo inicial significativo
na qualificação do processo de ensino e aprendizagem.
A área de língua portuguesa, em especial, merece atenção e cui-
dado. Afinal, as diferentes concepções de linguagem marcaram a
história e os usos do livro didático. Logo, reconhecer os conceitos que
fundamentam esse recurso e saber avaliar as suas propostas é funda-
mental para o docente de português. Por isso, neste capítulo, você
vai ver como os conceitos linguísticos aparecem nos livros didáticos.
Você também vai verificar como tarefas completas são apresentadas
nesses materiais. Além disso, vai ver como avaliar a qualidade de um
livro didático.
2 Livros didáticos da língua portuguesa: história e usos
[...] ele, talvez mais ostensivamente que outras formas escritas, forma o leitor.
Pode não ser tão sedutor quanto as publicações destinadas à infância (livros e
histórias em quadrinhos), mas sua influência é inevitável, sendo encontrado
em todas as etapas da escolarização do indivíduo (LAJOLO; ZILBERMAN,
2003, p. 121).
Como se nota, o livro didático atua não só como recurso; ele orienta a
leitura, seleciona os textos e, por meio das concepções que fundamentam as
atividades, assume uma posição política. Sua história revela essas peculiari-
dades e orienta a identificação dos conceitos linguísticos nesses “manuais”.
Durante o período do regime militar, o interesse em produzir mão de
obra e a expansão do ensino para a rede privada favoreceram a escassez de
discussões sobre o currículo, e o pensamento crítico não tinha utilidade. Com
o período de redemocratização, se buscou mudanças na educação brasileira,
mas a desigualdade social marcou a política educacional. Nos anos 1990, foi
promulgada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
que, entre outras determinações, indicou a construção de currículos com uma
base nacional comum. Com a nova LDB, surgiu a definição dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN). Nessa época, a importância dos livros didáticos
ganhou nova dimensão.
A prática de ensino de língua portuguesa no Brasil atendia, desde os anos
1950 até o final do século XX, às camadas sociais mais elitizadas. Assim,
os alunos passavam da alfabetização aos estudos da retórica e da poética da
língua latina. Apenas com a massificação do acesso à escola, na segunda
metade do século XX, é que a disciplina de português sofreu modificações:
seu foco passou a ser o ensino do padrão da norma culta da língua. Em 1971,
foi promulgada a Lei nº 5.962, que estabelecia a necessidade de ressaltar o
valor da língua nacional.
Livros didáticos da língua portuguesa: história e usos 3
Como as mudanças sempre são gradativas, é natural que coexistam visões de ensino e
formas diferentes de trabalhar os conceitos linguísticos. Consequentemente, os livros
didáticos acompanharão essa coexistência de perspectivas.
Deve desenvolver
Leitura,
habilidades
produção de
esperadas no ensino
textos,
contemporâneo de
oralidade,
língua portuguesa
análise
linguística/
semiótica
– Que gêneros e que tipos de texto o LDP propõe para cada série ou ciclo?
– Que tradições letradas — como o cordel, a literatura, a correspondência
pessoal, as letras de música — estão representadas?
– Os autores selecionados compõem um conjunto representativo da literatura
brasileira disponível para crianças e jovens?
– Outros setores da literatura de língua portuguesa estão contemplados?
– A complexidade dos textos está bem dosada, em cada volume?
– Há gradação de complexidade, de um volume ao outro?
– Encaram a leitura como uma prática social e, portanto, como um processo
dialógico entre o autor, o leitor e o texto?
– Resgatam aspectos do contexto como parte da compreensão textual?
–Colaboram para a reconstrução dos sentidos do texto pelo leitor?
– Conduzem à depreensão de suas “ideias centrais”?
– No caso dos textos literários: permitem a depreensão do que há de particular
e único em cada um deles?
– Exploram procedimentos e recursos expressivos empregados no texto?
– Colaboram para a formação do leitor literário?
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