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O presente trabalho visa a uma breve análise da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) para o ensino fundamental no que tange ao ensino de Língua Portuguesa e ao
direcionamento do eixo Análise linguística/semiótica, buscando diferenciar o que eu seria de
fato tal eixo e o que ele tem a ver com ensino de gramática da língua presente na BNCC.
Para tanto, vê-se necessário o entendimento de alguns tópicos para iniciar tal análise,
dentre eles, o entendimento das Concepções de Linguagem e de gramática, bem como Ensino
de gramática e Prática de análise linguística.
Segundo Travaglia (2006), há 3 concepções de linguagem. São elas:
Linguagem como expressão do pensamento: aqui, entende-se que as pessoas não se
expressam bem porque não pensam;
Linguagem como instrumento de comunicação: a língua é um código, conjunto de regras
que se combinam;
Linguagem como forma ou processo de interação: a linguagem não é simplesmente
traduzir um pensamento, ou transmitir informações, mas realizar ações, agir sobre o
interlocutor; constituindo diálogo.
Apesar de serem visivelmente distintas, trabalhar com análise linguística, não extingue
a gramática do ensino em sala de aula.
Para exemplificar o que o autor acima fala, tome-se como base a simulação seguinte:
um professor que pretende ensinar tempos verbais na manchete do texto jornalístico,
buscando trabalhar com a análise linguística (de fato), buscará fazer os alunos refletirem o
efeito de sentido dos verbos para o texto e para o leitor, bem como o porquê de os verbos
estarem no presente do indicativo, o que é totalmente diverso de apenas identificar/reconhecer
tais verbos e seus respectivos tempos, ou sua identificação enquanto núcleo da oração.
CONCLUSÃO
A BNCC vai de encontro com a concepção de linguagem enquanto interação, afirmada
no início do documento, pois as habilidades descritas parecem direcionar o professor mais
para a metalinguagem do que para a Análise linguística.
Nesse sentido, embora a BNCC assuma um discurso que tem como base a concepção
interacionista de língua, há enorme contradição no eixo “Análise linguística/Semiótica” no
decorrer do documento, deixando explícita a concepção neoliberal do documento, bem como
apresenta resíduos de um ensino dentro da perspectiva estruturalista. E, apesar de enfatizar a
importância de se utilizar os textos como meio de estudar a aplicabilidade da língua em
situações reais de sentido, levando em conta suas condições de produção, acaba por distorcer
seu discurso quando descreve uma série de habilidades que resultam numa clara natureza
metalinguística.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Disponível em:
www.basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 30/09/2021.
TEIXEIRA, Claudia de Souza. Ensino de gramática e análise linguística. Revista Ecos. n. 11.
Dez, 2011, p. 163-173. Disponível em:
http://www.unemat.br/revistas/ecos/docs/v_11/163_Pag_Revista_Ecos_V-11_N-
02_A2011.pdf.