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CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES

Neste modelo de avaliação, você não terá uma avaliação por nota, mas sim por
competências, que são classificadas como:
Insatisfatório (0-3): aluno(a) não entregou a atividade ou não demonstrou qualquer nível
de desempenho no objetivo de aprendizagem.
Em desenvolvimento (4-6): aluno (a) compreendeu a proposta da atividade, mas sua
tarefa possui algumas incorreções conceituais. O/a aluno(a) não possui o domínio mínimo
esperado dos conhecimentos e habilidades requeridos para a atividade. Neste nível o/a
aluno(a) ainda não pode ser considerado apto para aprovação em relação a este objetivo
de aprendizagem.
Essencial (7-8): aluno(a) compreendeu a proposta da atividade e seu desempenho foi
satisfatório, pois sua tarefa possui poucas incorreções conceituais. No entanto, ele ainda
não demonstra ter pleno domínio dos conhecimentos e habilidades requeridos para a
atividade. Este é o nível de desempenho suficiente para que o aluno(a) seja considerado
apto para aprovação na disciplina em relação a este objetivo de aprendizagem.
Proficiente (9-10): aluno(a) compreendeu a proposta da atividade e seu desempenho foi
satisfatório, pois sua tarefa não possui incorreções conceituais e ele demonstra ter pleno
domínio dos conhecimentos e habilidades requeridos para a atividade. Este deve ser o
nível de aprendizado almejado para a grande maioria dos(as) alunos(as) que se mostrem
engajados e comprometidos com a aprendizagem.

Para ser aprovado, você deverá demonstrar que tem um domínio que consideramos ao
menos “essencial” em todas as competências desenvolvidas pela disciplina.
ESTUDO DE CASO – PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA

Se coloque no lugar de Paulo e elabore uma ou mais hipóteses diagnósticas, tendo


em vista as seguintes questões.
1. O conflito de Maria José poderia estar relacionado a questões de identidade em
transformação, ainda que esteja com 60 anos de idade?
2. Qual seria o nível de consciência que Maria José tem de si? Como a ideologia
interfere
no nível da consciência?
3. Como sua identidade foi se metamorfoseando no decorrer de sua vida?
4. Por que, quando Paulo perguntou sobre sua história, sobre quem era, ela lhe
respondeu contando sobre a vida de outra mulher (Mônica)?
IMPORTANTE: Sua resposta será um texto autoral dissertativo e não serão
consideradas respostas para cada pergunta. Elas são apenas norteadoras para a
elaboração da atividade.
RESPOSTA

Primeiramente, para se compreender o estudo de caso é crucial mencionar


uma breve perspectiva histórica sobre a Psicologia Social. A Psicologia Social nasceu
nos Estados Unidos, no século XX, com influência do behaviorismo, do
experimentalismo e positivismo. Floyd Allport (1924, apud ALMEIDA, 2012, p.127)
“classifica a Psicologia social como ciência comportamental e experimental”.
Nos anos 70, a Psicologia Social começa a ser crítica por psicólogos brasileiros
e latino-americanos. Pois, a Psicologia Social Psicológica não atendia as necessidades
da realidade social daquelas nações que compõem a américa do sul.
No livro “Método Histórico Social na Psicologia Social, 2005”, vários autores
elaboraram as premissas teóricas e metodológicas da Psicologia sócio-histórica, em
contraposição à psicologia social psicológica norte-americana (ALMEIDA, 2012). Para
a Psicologia sócio-histórica o conceito de social é a interação entre duas pessoas.
A Psicologia Social Crítica nasce da chamada crise da Psicologia Social, entre
os anos 60 e 70. A Psicologia Social Crítica, sustenta que o conceito-chave da
Psicologia social seria o conceito de relação (GUARESCHI 2004, apud ALMEIDA,
2012).
Como já citado, a Psicologia Social Crítica é mais próxima da realidade latino-
americana. Conforme a Psicologia Social Crítica o conceito de social é o conjunto de
produções humanas. Essas produções objetivadas constroem a realidade ao mesmo
tempo que constroem a subjetividade humana.
Conforme Pinho (2014), somos constituídos de experiências, sendo um
conjunto de pensamentos, valores, sentimentos, lutas, esperanças, entre outras
nuances, que estão em constante modificação. É importante enfatizar que os
mecanismos sociais e culturais fazem parte do processo de transformação do
próprio eu.
A identidade de Maria José, assim como de qualquer ser humano, apresenta
mudanças, independentemente da idade. Portanto, se estamos em constante
transformação, a consciência que se desenvolve sobre o “eu mesmo”, também está
em transformação.
Segundo Vygotski (1993, apud AGUIAR, 2000), a linguagem é produzida de
forma sócio-histórica, sendo um instrumento fundamental no processo de
constituição do sujeito. Enquanto, os signos são instrumentos convencionais de
natureza social, ou seja, meios de contato com o mundo exterior e subjetivo.
A consciência é o resultado dos próprios signos, ou seja, de instrumentos
construídos pela cultura e pelos outros que, quando internalizados, se tornam
instrumentos internos e subjetivos da relação do indivíduo consigo mesmo. Signo
seria tudo aquilo que possui um significado e que remete a algo situado fora de si
mesmo, portanto, é o elemento que integra as funções psíquicas superiores
(AGUIAR, 2000).
Para Bakhtin, ideologia é o espaço de contradição e ocultamento, sendo uma
representação do real. Assim sendo, tudo aquilo que é ideológico, também é signo.
Enquanto, Karl Marx designou o termo ideologia, como uma falsa consciência da
realidade social, objetivando perpetuar o poder de classes dominantes.
De acordo com Vygotski, pensamento e emoção não devem ser
compreendidos de forma separada, uma vez que, o processo cognitivo não existe
descolado da emoção. E mesmo o pensamento sendo lógico ou emocional, ele terá
como base a emoção.
No caso de Maria José, ela apresenta pouca consciência em relação a si
mesma, evitando falar sobre a própria história para Paulo. Infelizmente, dado o
histórico de vida, tudo indica que Maria sente fracasso nas funções de filha, mãe e
esposa. Por isso, a necessidade de fazer afirmações sobre o seu comportamento
exemplar, enquanto mãe.
Paulo, como um dos psicólogos da ONG, deve trabalhar com Maria José sua
autonomia e emancipação, ambos relacionados a identidade. Para que a mesma
também possa se dedicar ao seu sonho de trabalhar numa escola, entre outros
objetivos pessoais.
A história de “Maria José” é caracterizada por situação de rua, abandono,
entre outras adversidades ao longo da sua trajetória de vida. Por esse motivo,
percebe-se o impacto que o sofrimento causa sob a identidade do indivíduo Maria.
Como citado por Pinho (2014), as mudanças e experiências vivenciadas
constantemente e internalizadas, fazem parte do processo de metamorfose.
Para Pinho (2014), a emoção, solidariedade e afetividade contribuem para a
formação identitária de um indivíduo. Ademais, o autor menciona que a identidade
está sempre em movimento, ou seja, em metamorfose, buscando por emancipação.
Como citou Ciampa, por meio do sintagma identidade, metamorfose e emancipação.
Lane (1994, p. 57, apud AGUIAR, 2000, p.134) aponta que, para Vygotski, “as
emoções têm uma natureza social e um caráter comunicativo, afirmando que elas se
constituem em uma linguagem, cujas mensagens podem tanto desencadear o
desenvolvimento da consciência como fragmentá-la”.
Para compreender a sua história de Maria José, torna-se necessário analisar
os seus comportamentos com outras pessoas. Pois, segundo a Psicologia Social
Psicológica, são as interações sociais que influenciam os sentimentos, pensamentos
e comportamentos do indivíduo.
A partir dos relatados feitos para o psicólogo Paulo, depreende-se que
“Maria José” fala de si, a partir de “Mônica”. Assim sendo, Mônica é a personagem
principal da própria história de Maria José.
Observe-se que Maria José, ajuda os filhos de Mônica, assim como foi
ajudada por uma mulher que esperava o farol abrir. Essa mesma solidariedade
devolveu para ela a condição humana, possibilitando alcançar reconhecimento.
A história de Maria é marcada pelo abandonado, tanto dos familiares, quanto
do ex-marido. Ademais, ela abandou os filhos biológicos, sendo obrigada a devolver
os seus filhos para o ex-marido e sua nova companheira. Percebe-se que Maria José
perdeu duas famílias e nesse momento tem a oportunidade de pertencer a uma
nova família, tendo, inclusive, a guarda dos três filhos de Mônica. Analisando-se do
ponto de vista psíquico é uma forma de compensar a culpa que traz dentro de si por
ter abandonado os três filhos biológicos.
Em suma, considerando todas as temáticas mencionadas, conclui-se que a
Psicologia Social tem buscado compreender a dialética entre o ser humano e a
sociedade, assim como o movimento de transformação da realidade. Por isso,
mantém-se a reflexão sobre como essa Psicologia compreende e quais são as
possibilidades de intervenção na vida de indivíduos como Maria José e tantas outras
pessoas em situação de vulnerabilidade.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, L. P. Para uma caracterização da psicologia social brasileira. Psicologia:


Ciência e Profissão, v. 32, p. 124-137, 2012.

AGUIAR, W. M. J. Reflexões a partir da psicologia sócio-histórica sobre a categoria"


consciência". Cadernos de pesquisa, p. 125-142, 2000.
PINHO, L. F. S. V. As emoções na constituição da identidade: a questão do
sofrimento e o papel da solidariedade para a emancipação. Tese (Doutorado em
Psicologia Social) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014.
Disponível em: <https://bit.ly/35SwFgS>. Acesso em: 16 nov. 2022.

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