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Anatomia

Humana
Unidade I
Anatomia Humana: Uma Visão Geral
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
MARIANA GISELY AMARANTE TEIXEIRA DA CUNHA
AUTORIA
Mariana Gisely Amarante Teixeira da Cunha
Olá. Meu nome é Mariana Gisely Amarante Teixeira da Cunha. Sou
formada em Fisioterapia, mestre e doutora em Ciências no programa
de pós graduação em Biologia Celular e Molecular da Fiocruz, fiz pós
doutorado no Instituto D’or de Pesquisa e Ensino. Possuo experiência
técnico-profissional na área de Fisioterapia e Biologia Celular e Molecular
de mais de 10 anos anos. Passei por empresas com a Universidade Estácio
de Sá e trabalhei por mais de 10 anos com pesquisa básica e clínica em
Sepse na Fiocruz. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões.
Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Introdução a Anatomia Humana ...........................................................12

Definição................................................................................................................................................. 12

Abordagens anatômicas............................................................................................................. 13

Termos anatômicos........................................................................................................................ 14

Variações Anatômicas.................................................................................................................. 21

Pele e anexos................................................................................................. 22

Sistema esquelético....................................................................................31

Conceito, função e divisão do esqueleto....................................................................... 31

Número e classificação dos ossos......................................................................................33

Principais acidentes ósseos do esqueleto axial........................................................35

Ossos do crânio............................................................................................................. 38

Vértebras torácicas..................................................................................................... 48

Vértebras lombares.................................................................................................... 49

Sacro...................................................................................................................................... 50

Cóccix.................................................................................................................................... 51

Costelas................................................................................................................................ 51

Esterno..................................................................................................................................53

Principais acidentes ósseos do esqueleto apendicular...................54


Membro superior........................................................................................54

Ossos das mãos......................................................................................... 59

Membro inferior........................................................................................... 61

Osso do quadril...........................................................................................62

Ossos da Coxa e da perna................................................................. 63

Ossos dos pés ............................................................................................ 65

Sistema articular.......................................................................................... 68

Conceito e classificação das articulações.................................................................... 68

Articulação sinovial.........................................................................................................................72
Anatomia Humana 9

01
UNIDADE
10 Anatomia Humana

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área Fisioterapia é uma das maiores demandas
do mercado de trabalho, e será responsável pela geração de muitos
empregos nos próximos anos? Isso mesmo. O conhecimento da
Anatomia Humana é fundamental para que o fisioterapeuta consiga atuar
de forma eficaz. A anatomia é a base da formação do Fisioterapeuta.
O profissional de excelência precisa conhecer muito bem a anatomia.
Neste módulo faremos uma introdução à anatomia humana, focando
nas principais terminologias anatômicas. Estudaremos a morfofisiologia
da pele e anexos, dos sistemas esquelético e muscular. Sua principal
responsabilidade é aprender os conceitos, as considerações gerais e
as abordagens anatômicas, além de compreender a morfofisiologia dos
sistemas esquelético e muscular humano, sendo capaz de correlacionar
as principais estruturas anatômicas dos sistemas esquelético e muscular
com a prática clínica. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai
mergulhar neste universo!
Anatomia Humana 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Identificar os elementos da anatomia humana e as abordagens


anatômicas;

2. Reconhecer a anatomia da pele e seus anexos;

3. Compreender a a função e a divisão do sistema esquelético, bem


como os principais acidentes anatômicos do esqueleto humano;

4. Identificar a estrutura do sistema articular e sua classificação.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
12 Anatomia Humana

Introdução a Anatomia Humana

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de conceituar


anatomia humana, as abordagens, termos e variações
anatômicas. Isto será fundamental para o exercício de sua
profissão. As pessoas que tentaram estudar a anatomia
humana sem a devida instrução tiveram problemas na
atuação como Fisioterapeuta. O fisioterapeuta utiliza seu
conhecimento de anatomia no seu dia a dia de atendimento.
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então vamos lá. Avante!

Definição
O termo “anatomia” vem da palavra grega temnein, que significa
“cortar” (DRAKE, VOGL; MITCHEL, 2015). A Anatomia é o estudo das
estruturas e funções do corpo Humano, que podem ser observadas
macroscopicamente e microscopicamente (Figura 1). Neste e-book
iremos abordar principalmente a anatomia macroscópica. O estudo da
anatomia pode ser por meio da visualização e dissecção de cadáveres,
visualização em modelos de plástico, ou mesmo em livros e por meio do
ensino no computador (Em módulos de ensino a distância).
Figura 1: A Anatomia Humana estuda a macroscopia e a microscopia do corpo humano

Fonte: Stockphoto
Anatomia Humana 13

Abordagens anatômicas
Na anatomia humana existem 3 tipos de abordagens:

• A anatomia regional, onde o corpo é estudado por regiões, tais


como cabeça, pescoço, tórax, abdome, dorso, pelve/períneo,
membros superiores e membros inferiores (MOORE; DALLEY, 2001).

• A anatomia sistêmica, que estuda o corpo por meio de sistemas:


tegumentar (pele e anexos), esquelético (ossos e cartilagens), ar-
ticular (articulações e ligamentos associados), muscular, nervoso
(que inclui o sistema nervoso central e o sistema nervoso peri-
férico), circulatório (sistema cardiovascular e linfático), digestório
(composto pelos órgãos responsáveis pela ingestão, mastigação,
deglutição, digestão e absorção de alimento e a eliminação de fe-
zes), respiratório (vias aéreas superiores e inferiores), urinário (rins,
ureteres, bexiga e uretra), genital (órgãos envolvidos com a repro-
dução), endócrino (glândulas).

• A anatomia clínica, que enfatiza os aspectos de estruturas e


funções do corpo humano, que tem importância para a prática
das disciplinas da área da saúde, como medicina, fisioterapia,
enfermagem, biomedicina e outras.

IMPORTANTE:

Neste e-book iremos enfatizar a anatomia sistêmica,


onde estudaremos de forma detalhada cada sistema. Na
primeira unidade estudaremos a pele e anexos, os sistemas
esquelético e articular.

Para compreender melhor a anatomia humana, devemos ir além


de memorizar os nomes e estruturas, devemos compreender e visualizar
as estruturas em modelos anatômicos. Devemos sempre transpor
conhecimento de anatomia para o dia a dia da prática clínica, avaliando o
paciente, por exemplo através da anatomia palpatória (durante o exame
físico), da avaliação de grau de força muscular, ou da identificação das
14 Anatomia Humana

diferentes estruturas anatômicas em exames complementares (como


radiografias, ultrassonografias, ressonância nuclear magnética, tomografia
computadorizada, entre outros).

Termos anatômicos
Dentro da anatomia nós temos termos anatômicos importantes:

• Posição Anatômica

• Planos anatômicos

• Termos de posição

A posição anatômica tem grande importância para o conhecimento


da anatomia e para uma boa avaliação do paciente. Para estar na posição
anatômica o corpo deverá estar com (Figura 2):

• A posição ereta

• Os pés juntos

• As mãos ao lado do corpo com a região palmar voltada para frente

• Face olhando para frente


Anatomia Humana 15

Figura 2: Posição anatômica

Mama

Fonte: Wikicommons

Para que um indivíduo fique em posição anatômica ele deve estar:


ereto, com a face voltada para frente, olhando para frente, com os pés
unidos, mãos ao lado do corpo com a região palmar olhando para frente.

Os planos anatômicos atravessam o corpo humano que se encontra


na posição anatômica, como podemos observar na figura 3. Nós temos
o plano frontal (que divide o corpo em região anterior e posterior), o
plano sagital (que divide o corpo em partes esquerda e direita), plano
transversal/horizontal/axial (divide o corpo em partes superior e inferior)
(DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015).
16 Anatomia Humana

Figura 3: Planos que atravessam o corpo humano

Fonte: Wikicommons

Os planos que atravessam o corpo humano são o sagital, o frontal


ou coronal, o horizontal/transverso.

IMPORTANTE:

Nós perguntamos então, qual é a importância do


conhecimento dos planos anatômicos? O conhecimento
dos planos anatômicos é importante para a melhor
compreensão dos movimentos articulares, que sempre
ocorrem dentro dos planos anatômicos, bem como para
o reconhecimento das estruturas anatômicas após a
dissecção de cadáveres humanos (PINA, 1999).
Anatomia Humana 17

Outro conhecimento importante para vocês adquirirem são os


termos de posição (Figura 4):

• Anterior (ventral) e posterior ou dorsal. O termo anterior se refere


às estruturas que se encontram na região anterior do corpo
humano, como por exemplo os lábios. O termo posterior se refere
às estruturas localizadas na região posterior do corpo humano,
como por exemplo a coluna vertebral, que se encontra na região
posterior ou dorsal do tronco.

• Medial ou lateral. O termo medial se refere às estruturas que se


encontram mais próximos ao plano mediano do corpo. Temos
como exemplo o osso conhecido como ulna, que se encontra na
região medial do antebraço. O termo lateral se refere às estruturas
que se encontram na região lateral do corpo, como por exemplo
às orelhas em relação aos olhos. As orelhas são laterais em relação
aos olhos e os olhos são mediais em relação às orelhas.

• Superior e inferior. Por exemplo, a cabeça é superior aos ombros


e o joelho é inferior ao quadril. Cranial ou caudal, que se referem
a estruturas que estão mais próximas da cabeça ou à cauda, por
exemplo o membro superior é cranial em relação ao membro
inferior, que é caudal.

• Proximal e distal, que se referem à estruturas que estão próximas


ou distantes da origem de uma estrutura. Por exemplo, a mão é
distal em relação ao ombro. O ombro é proximal em relação à mão.
O ombro é uma região proximal do membro superior e a mão uma
região distal ao membro superior.

• Rostral é um termo usado particularmente na cabeça para


descrever a posição de uma estrutura em relação ao nariz.

• Superficial e profundo descrevem o que está superficial ou


profundo no corpo humano. O osso esterno é superficial em
relação ao coração. A unha é superficial em relação ao osso da
última falange.
18 Anatomia Humana

Figura 4: Terminologia anatômica

Fonte: Wikicommons

Esses termos são bastante empregados para facilitar a localização


e descrição de estruturas anatômicas.

IMPORTANTE:

Eu sei que são muitos termos, mas o conhecimento desses


termos é importante para o reconhecimento de estruturas
do corpo humano, tanto no cadáver do anatômico, quanto
ao avaliarmos um paciente através do exame físico e dos
exames de imagem.
Anatomia Humana 19

Além dos termos citados acima nós temos os termos de lateralidade,


como o Ipsilateral, que se refere à estruturas que estão do mesmo lado,
como por exemplo a mão direita e o membro inferior direito e o termo
contralateral que se refere à estruturas que se encontram do lado oposto
no corpo humano. Como por exemplo, a mão direita e o pé esquerdo. Então
vamos a uma pergunta...o olho direito é ipsilateral ou contralateral ao pé
esquerdo? Acertou quem respondeu contralateral (MOORE; DALLEY, 2001).
Os termos de movimento também são importantes e nós temos
(MOORE; DALLEY, 2001):

• Flexão, no qual ocorre a diminuição entre o ângulo dos ossos ou


de partes do corpo (Figura 5).

• Extensão, no qual ocorre o inverso, ou seja, o aumento do ângulo


entre os ossos ou partes do corpo (Figura 5).

• Abdução, que significa afastamento de uma parte do corpo do


plano mediano e ocorre sempre no plano coronal (lembrando que
o plano coronal divide o corpo em partes anterior e posterior).

• Adução, onde o movimento de determinada parte do corpo é em


direção ao plano mediano e também ocorre no plano coronal.

• Rotação, onde a estrutura é girada em torno do seu eixo


longitudinal. Nós temos a rotação interna, onde a estrutura gira
em direção ao plano mediano e rotação externa, onde a estrutura
gira em direção oposta ao plano mediano.

• Circundução, que é a combinação da flexão, extensão, abdução e


adução de modo que a extremidade distal da parte do corpo se
move fazendo um círculo.

• Oposição, que é um movimento onde a polpa do polegar vai em


direção a polpa de outro dedo. Esse movimento é utilizado para
segurar um lápis, uma caneta, um talher.

• Protrusão e retrusão, onde a mandíbula vai para trás ou para frente

• Elevação, no qual uma parte do corpo é movida para cima ou


elevada. Abaixamento que é usado para definir quando uma parte
é levada para baixo.
20 Anatomia Humana

• Eversão e inversão, que é o movimento da sola do pé para


longe do plano mediano ou para próximo do plano mediano,
respectivamente.

Pronação e supinação, que se referem ao movimento do antebraço,


em torno do seu eixo longitudinal. Quando o cotovelo está estendido, no
termos na pronação a palma da mão olha posteriormente e o dorso da mão
olha anteriormente ou supinação, no qual a palma da mão olha para frente e
o dorso da mão olha para trás. Quando o cotovelo está fletido, na pronação a
palma da mão olha para baixo e o dorso da mão para cima e na supinação a
palma da mão olha para cima e o dorso da mão olha para baixo.
Figura 5: Termos de movimento

Fonte: Wikicommons
Anatomia Humana 21

Na imagem acima podemos visualizar os termos de movimento,


utilizados para denominar os movimentos realizados por cada articulação
do corpo humano.

Variações Anatômicas
Geralmente os livros de anatomia mostram as estruturas presentes
no corpo humano que correspondem a grande maioria das pessoas, no
entanto alguma vez deparamos com alguns indivíduos ou cadáveres
humanos com variações anatômicas, ou seja, alguma estrutura não está
condizente com o que está sendo mostrado no atlas de anatomia, o que
denominamos variação anatômica (MOORE; DALLEY, 2001).

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a anatomia é o estudo das estruturas e funções do
corpo humano. Você poderá estudar anatomia através de
3 abordagens: a regional, a sistêmica e a clínica. Vimos
ainda que os termos anatômicos mais importantes são a
posição anatômica, os planos anatômicos, os termos de
posição e os termos de movimento. Na posição anatômica
o corpo deverá estar ereto, com a face olhando para
frente, com os pés unidos, e as mão ao lado do corpo com
a palma das mãos olhando para frente. Existem 3 planos
anatômicos, o frontal, o sagital e o transversal. Os principais
termos de posição utilizados na descrição da localização
de estruturas anatômicas são: ventral, dorsal, medial,
lateral, superior, inferior, proximal, distal, rostral, superficial
e profundo. Os termos de movimento são flexão, extensão,
adução, abdução, rotação, circundução, oposição,
protrusão, retrusão, elevação, eversão, inversão, pronação
e supinação.
22 Anatomia Humana

Pele e anexos

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


o conhecimento da morfologia da pele e anexos. Isto
será fundamental para o exercício de sua profissão. As
pessoas que tentaram estudar a anatomia humana sem
a devida instrução tiveram problemas na atuação como
Fisioterapeuta. O fisioterapeuta utiliza seu conhecimento
de anatomia no seu dia a dia de atendimento. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

O sistema tegumentar engloba a pele e os anexos, que são as unhas,


as glândulas sudoríferas e sebáceas, a gordura subcutânea e a fáscia
profunda, as junções musculocutâneas em torno dos orifícios do corpo e
as mamas (STANDRING, 2010). Você sabia que a pele é considerada o maior
órgão do corpo humano? Ela recobre toda a superfície externa do corpo
humano, além do meato auditivo externo, a face lateral da membrana
timpânica e o vestíbulo do nariz. A pele é contínua com a conjuntiva nas
margens das pálpebras e com o revestimento dos canalículos lacrimais
nos pontos lacrimais, com as mucosas do trato respiratório, digestivo,
urogenital (em seus orifícios nas junções musculo cutâneas). A pele tem
várias funções importantes (MOORE; DALLEY, 2001):

• Proteção do corpo humano contra o ambiente externo, contra


ferimentos, perda de líquido, proteção contra lesão química,
radiação ultravioleta, lesão osmótica, lesão térmica e agentes
infecciosos (bactérias, fungos, parasitas, vírus e outros). Um
simples corte na pele pode permitir a entrada de microorganismos,
que podem nos infectar e nos deixar doentes.

• A pele realiza a formação de vitamina D sob influencia da radiação


ultravioleta B e de citocina e de fatores de crescimento.
Anatomia Humana 23

• Controle da temperatura corporal, por ação da glândulas sudorí-


paras e dos vasos sanguíneos. O nosso sangue mantém o calor no
nosso organismo e por meio das glândulas sudoríparas ocorre o
suor, que é a forma que nosso organismo libera o calor.

• Sensibilidade por meio de terminações nervosas sensitivas ou


aferentes (receptores), que fornecem informações a nervos
periféricos referentes ao toque, à dor e a temperatura.

Existem dois tipos de pele (STANDRING, 2010):

• Pele fina, pilosa, que recobre a maior parte do corpo (Figura 6).

• Pele espessa, sem pelos, que forma as superfícies das palmas


da mãos, das plantas dos pés e as superfícies flexoras dos dedos
(Figura 7).
Figura 6: Aspecto da pele que recobre todo o corpo humano

Fonte: Wikicommons
24 Anatomia Humana

Figura 7: Pele da palma da mão.

Fonte: Wikicommons

Além de envolver o corpo externamente, a pele também recobre os


órgãos internos. Partindo para a anatomia microscópica, podemos dizer
que a pele é composta por (GUYTON; HALL, 2017):

• Epiderme, que é a camada de células mais superficial (Figura 8).

• Derme, que é uma camada mais profunda, composta por tecido


conectivo (Figura 8).

A epiderme é composta por epitélio escamoso estratificado,


queratinizado, que se renova de forma contínua. As principais células
encontradas na epiderme são os queratinócitos (Figura 9). Além disso,
encontramos na pele os melanócitos (que produzem melanina, como
podemos visualizar a figura 9), as células de Merkel (funcionam como
mecanorreceptores) as células de Langerhans (células de defesa) e
linfócitos. Os melanócitos estão presentes na epiderme, no epitélio oral,
no trato uveal do globo ocular, em partes da orelha média e interna e nas
meninges pia-máter e aracnoide na base do cérebro. A melanina (Figura
Anatomia Humana 25

9) produzida pelos melanócitos protege a pele contra os efeitos lesivos


da radiação ultravioleta sobre o DNA e remove radicais livres que podem
danificar as células. Na epiderme temos terminações nervosas sensitivas
livres. Os queratinócitos se renovam constantemente durante toda a vida.
A epiderme possui várias camadas da profundidade para a superfície
(STANDRING, 2010):

• Camada basal

• Camada espinhosa

• Camada granulosa

• Camada clara

• Camada cornificada

As camadas basal, espinhosa e granulosa são ativas metabolica-


mente, e nelas as células passam e mudam de forma à medida que se
diferenciam. As camadas clara e cornificada sofrem o processo de quera-
tinização ou cornificação terminal, onde os queratinócitos sofrem altera-
ção de forma e conteúdo, dando origem a escamas achatadas não viáveis
cheias de proteínas conhecidas como queratina, inclusas em uma matriz
densa de proteínas citoplasmática para formar a queratina.
Figura 8: Estruturas presentes na pele e os anexos.

Fonte: Wikicommons
26 Anatomia Humana

Figura 9: Queratinócitos, células basais, melanócitos e melanina

Fonte: Wikicommons

A epiderme avascular (que não possui vasos sanguíneos ou


linfáticos) recebe sua nutrição da derme vascularizada subjacente, que
recebe a vascularização por meio de artérias, que na região entre a derme
e tecido subcutâneo forma um plexo de artérias que se anastomosam
(rede de artérias que se bifurcam e recombinam em vários pontos).
A derme é constituída por tecido conjuntivo irregular moderadamente
denso. Se olharmos a derme num microscópio podemos observar
que a camada profunda da derme é composta por fibras colágenas e
elásticas que se entrelaçam em uma substância fundamental amorfa de
glicosaminoglicanos, glicoproteínas e água ligada, que acomoda nervos,
vasos sanguíneos, vasos linfáticos, apêndices dérmicos. Agora você
deve estar se perguntando, mas porque a derme é composta por fibras
colágenas e elásticas? Vamos lá. As fibras colágenas são extremamente
importantes, para manter o tônus da pele, que é responsável pelo vigor e
resistência da pele. As fibras de colágeno produzem tensão e fornecem
linhas enrugadas na pele (MOORE; DALLEY, 2001). A derme confesse
resistência à pele devido ao arranjo das fibras de colágeno e elastina. A
derme é fundamental para a sobrevida da epiderme (STANDRING, 2010).
Anatomia Humana 27

Os folículos pilosos estão nas camadas mais profundas da derme


(Figura 10). Os folículos pilosos possuem músculos eretores de pelos e
glândulas sebáceas associadas, que produzem gordura. O folículo piloso
contém um pelo que pode se estender profundamente adentro da
hipoderme ou ser mais superficial dentro da derme. Os pelos são estruturas
cornificadas filamentosas localizadas em quase toda a superfície do corpo.
Há ciclos de crescimento e perda de pelo (STANDRING, 2010):

• Fase anágena: onde o pelo cresce ativamente e o folículo está na


sua extensão máxima de desenvolvimento.

• Fase de involução ou catágena: O crescimento do pelo cessa e o


folículo piloso se retrai.

Quando estamos com frio, ocorre a ação dos músculos eretores de


pelos, que promovem a ereção dos pelos no nosso corpo. Quando ocorre
a contração dos músculos eretores dos pelos, as glândulas sebáceas
são comprimidas, e ocorre a liberação de sebo (gordura), na tentativa de
manter a temperatura corporal em 36,5º graus célsius (MOORE; DALLEY,
2001). A derme é dividida em duas zonas (STANDRING, 2010):

• Camada papilar – superficial e estreita

• Camada reticular – profunda


Figura 10: Folículo piloso, pelo, glândula sebácea, sebo e superfície da pele.

Fonte: Wikicommons
28 Anatomia Humana

A derme papilar está localizada imediatamente abaixo da epiderme.


Tem como função a ancoragem mecânica, o suporte metabólico e a
manutenção do trofismo da epiderme adjacente. Possui terminações
nervosas e vasos sanguíneos. A derme é moldada em numerosas cristas
dérmicas que se interdigitam com as cristas epidérmicas na base da
epiderme e formam a junção dermoepidérmica. A camada reticular se
funde com a região profunda da camada papilar. A camada reticular
possui feixes de fibra colágenas mais espessas do que a camada papilar
(MOORE; DALLEY, 2001; STANDRING, 2010).

A hipoderme, se funde com a camada profunda da derme. É


composta por tecido conectivo gorduroso frouxo. A hipoderme geralmente
contém grande quantidade de gordura e a gordura é importante para a
manutenção da temperatura corporal e constitui uma reserva de energia
metabólica. O tecido gorduroso também é responsável pela proteção da
pele das proeminências ósseas. O tecido subcutâneo também possui
glândulas sudoríparas (que produzem o suor, que é a forma no qual
nosso corpo elimina calor), vasos sanguíneos, linfáticos e nervos cutâneos
(MOORE e DALLEY, 2001; STANDRING, 2010).

As glândulas sudoríparas são um tipo de glândulas apócrinas e são


grandes na derme e na hipoderme. As glândulas sudoríparas tem grande
importância na termorregulação, e a sua secreção aumenta a preensão
e a sensibilidade das palmas das mãos e da planta dos pés. O suor é
um líquido transparente, inodoro e que contém íons de sódio e cloreto,
potássio, cálcio, ureia, lactato, aminoácidos, imunoglobulinas, entre
outras. A sudorese excessiva pode levar a depleção de sódio. As glândulas
sudoríparas são capazes de produzir até dez litros de suor por dia em
resposta a estímulos térmicos, emocionais e do paladar. As glândulas
sudoríparas respondem à adrenalina. A termorregulação envolve o centro
térmico localizado no hipotálamo (STANDRING, 2010).

A pele também possui ligamentos. Os ligamentos são estruturas


fibrosas que promovem a ligação/conexão de uma estrutura à outra,
promovendo a sustentação, fixação. Na pele os ligamentos também são
conhecidos como retináculos da pele, que prendem a superfície profunda
da derme à fáscia profunda adjacente (MOORE; DALLEY, 2001).
Anatomia Humana 29

O aparelho ungueal (Figura 11) corresponde às unhas, que são


compostas por uma camada cornificada de forma similar a camada
cornificada da epiderme geral. As unhas contém várias camadas de
escamas contendo queratina, que determinam a dureza da unha. As unhas
contém uma variedade de minerais, como o cálcio. A unha possui uma
quantidade pequena de água, mas possui uma permeabilidade à água
maior que a epiderme. As placas ungueais estão localizadas dentro das
dobras ungueais laterais e proximal. As dobras ungueais laterais abraçam
as margens livres laterais da placa ungueal. A matriz ungueal é a fonte de
placa ungueal (STANDRING, 2010).
Figura 11: Aparelho ungueal

Fonte: Wikicommons
30 Anatomia Humana

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a pele é o maior órgão do corpo humano, com a função
de proteção do corpo humano contra o ambiente externo,
proteção dos órgãos, auxilia na regulação da temperatura
corporal, possui sensibilidade ao toque, a temperatura e ao
calor. A pele possui duas camadas: a epiderme (camada
mais superficial) e a derme (camada mais profunda).
Anatomia Humana 31

Sistema esquelético

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender a


morfologia do esqueleto axial e do esqueleto apendicular,
onde conhecendo detalhadamente as estruturas presentes
em cada osso do corpo humano. Isto será fundamental
para o exercício de sua profissão. As pessoas que tentaram
estudar a anatomia humana sem a devida instrução tiveram
problemas na atuação como Fisioterapeuta. O fisioterapeuta
utiliza seu conhecimento de anatomia no seu dia a dia de
atendimento. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Conceito, função e divisão do esqueleto


Os ossos são tecidos vivos, formados por uma matriz sólida de
tecido conectivo. Como todos as estruturas do nosso corpo, os ossos tem
suas funções particulares (MOORE; DALLEY, 2001):

• Formam um arcabouço de proteção para órgãos vitais, como


pulmões, coração, medula espinhal, cérebro, cerebelo, tronco
encefálico e outros.

• Além disso, fornece apoio para o corpo.

• São a base mecânica para o movimento do corpo.

• Armazenam sais, como por exemplo, o cálcio.

• Alguns ossos possuem a medula óssea, que é responsável pela


produção de células sanguíneas.

O sistema esquelético possui duas partes principais:

• O esqueleto axial (figura 12): Composto por crânio, Vértebras, sacro,


cóccix, costelas, esterno.

• Esqueleto apendicular: compreende os ossos dos membros


superiores e inferiores.
32 Anatomia Humana

Figura 12: Esqueleto axial

Fonte: Wikicommons

Na imagem acima podemos ver as estruturas que fazem parte do


esqueleto axial em azul. Os ossos em branco fazem parte do esqueleto
apendicular.

Além dos ossos, o sistema esquelético é composto por cartilagem.


Você sabe o que é a cartilagem? A cartilagem é uma forma elástica do tecido
conectivo. As cartilagens são maleáveis e permitem certa movimentação.
Imagina se no tórax não existissem as cartilagens costais? O tórax seria
extremamente rígido, e isso impediria o movimento da respiração, o que
limitaria muito a movimentação, a expansão dos pulmões.
Anatomia Humana 33

Número e classificação dos ossos


O número total de ossos presentes na maioria dos indivíduos é 206
ossos. No crânio nós temos 8 ossos (2 parietais, 1 occipital, 1 frontal, 2
temporais, 1 esfenoide, 1 etmóide), na face são 14 ossos (2 zigomáticos,
2 maxilares, 2 nasais, 1 mandíbula, 2 palatinos, 2 lacrimais, 1 vômer e 2
conchas nasais inferiores), nos ouvidos temos 6 ossos no total (2 martelos,
2 bigornas e 2 estribos), no pescoço temos 1 osso hióide, nas 2 cinturas
escapulares juntas temos a 2 escápulas e 2 clavículas, no tórax temos 1
osso esterno e 24 costelas (12 do lado direito e 12 do lado esquerdo), na
coluna temos 33 vértebras (7 vértebras cervicais, 12 torácicas e 5 lombares,
5 sacrais fundidas e de 1 a 4 coccígeas fundidas), cerca de 60 ossos no
membro superior direito e 60 ossos no membro superior esquerdo (sendo
1 úmero de cada lado, 1 rádio de cada lado, 1 ulna de cada lado, e 54 ossos
da mão em cada lado), no membro inferior direito temos 61 ossos e 61
ossos no membro inferior esquerdo (1 ísquio de cada lado, 1 íleo de cada
lado, 1 púbis de cada lado, 1 fêmur de cada lado, 1 patela de cada lado,
1 fíbula de cada lado, 1 tíbia de cada lado e 52 ossos nos pés) (MOORE;
DALLEY, 2001; DRAKE, VOGL; MITCHEL, 2015).

Outro conceito importante para aprendermos é a classificação


dos ossos. Os ossos possuem classificações de acordo com a sua forma
(MOORE; DALLEY, 2001)

• Ossos Longos – tubulares. Exemplo: Úmero e o fêmur.

• Ossos curtos – são cuboides. Exemplo: tarso, carpo.

• Ossos planos – Tem função de proteção. Exemplo: ossos do crânio.


Eles protegem o cérebro.

• Ossos irregulares – possuem várias formas. Exemplo: ossos da face

• Ossos sesamóides – Desenvolvem-se em tendões, tendo como


papel principal a proteção dos tendões contra o desgaste.
• Ossos acessórios – são ossos extras, que não estão presentes na
maioria das pessoas. Podem ser identificado nos pés de algumas
pessoas.
34 Anatomia Humana

• Ossos heterotópicos – são raros. São ossos que se formam em


tecido mole.

Os ossos apresentam os chamados acidentes ósseos, no qual


podemos destacar (MOORE; DALLEY, 2001):

• Côndilo

• Crista

• Epicôndilo

• Fóvea

• Forame (passagem através de um osso)

• Fossa (depressão)

• Sulco (depressão alongada)

• Linha (elevação linear)

• Maléolo (processo arredondado)

• Incisura (indentação na margem de um osso)

• Protuberância (projeção do osso)

• Espinha

• Processo espinhoso

• Trocanter (elevação obtusa grande)

• Tubérculo (pequena eminência elevada)

• Tuberosidade (grande elevação arredondada)

Abaixo iremos ver de forma detalhada os acidentes ósseos


presentes nos ossos do esqueleto axial e do esqueleto apendicular, e isso
vai facilitar o entendimento desses conceitos.
Anatomia Humana 35

Principais acidentes ósseos do esqueleto


axial
O esqueleto axial é composto por (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015):

• Crânio

• 12 pares de costelas

• Esterno

• 33 vértebras

No corpo humano nós temos 33 vértebras, sendo 7 cervicais,


12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e de 1 a 4 coccígeas. Tanto no sacro
quanto no cóccix as vértebras geralmente são fundidas (DRAKE; VOGL;
MITCHEL; 2015).

Nós temos as vértebras típicas, que tem características similares,


consistindo de um corpo vertebral e um arco vertebral. O corpo vertebral
é localizado anteriormente na vértebra e é responsável pela sustentação
do peso do corpo. O corpo vertebral aumenta de tamanho a partir da
vértebra torácica 4 (T4) em direção caudal, onde as vértebras cervicais
e torácicas tem corpo vertebral menor que as vértebras lombares, por
exemplo (DANGELO; FATINNI, 2007).

IMPORTANTE:

Entre os corpos vertebrais existem os discos vertebrais e


sua função principal é evitar o atrito de um osso ao outro,
além de absorver impacto.

O arco vertebral está ancorado à superfície posterior do corpo


vertebral através de dois pedículos, que formam os pilares laterais dos
arcos vertebrais. O teto do arco vertebral é formado pelas lâminas direita e
esquerda, que se fundem na linha média (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015).
O arco vertebral e a face posterior do corpo vertebral formam o forame
vertebral. A sucessão de forames vertebrais formam o canal vertebral,
36 Anatomia Humana

onde se localiza a medula espinhal, as meninges, gordura, raízes de


nervos espinhais e vasos sanguíneos (MOORE; DALLEY, 2001).

Os forames são canais/ aberturas presentes nos ossos, pelo qual


passam nervos, vasos, a medula espinhal.

Além dos forames vertebrais, nós temos os forames intervetebrais, que


são formados pela incisura vertebral inferior da vértebra acima e a incisura
vertebral superior da vértebra abaixo. Eles são localizados lateralmente à
vertebras e servem como local de passagem de nervos espinhais e vasos
sanguíneos que entram e saem do canal vertebral (DRAKE; VOGL; MITCHEL,
2015).

O arco vertebral possui projeções como, por exemplo, o processo


espinhoso (se projeta posteriormente a partir do arco vertebral) e o
processo transverso (se projeta latero-posteriormente a partir do arco
vertebral), além de processos articulares superiores e inferiores. Os
processos transversos e o espinhoso servem como fixação para músculos
e ligamentos e alavancas para ação muscular. Os processos articulares
servem como ponto de articulação com vértebras vizinhas e determinam
quais movimentos articulares podem ser permitidos (DRAKE; VOGL;
MITCHEL, 2015; PINA, 1999).

A coluna vertebral possui mobilidade da região cervical até a região


lombar. O sacro e o cóccix possuem as suas vértebras fundidas e por
isso não possuem mobilidade em suas respectivas vertebras. Você sabia
que outra característica importante da coluna vertebral que cada região
da coluna tem uma curvatura específica? Sim, então vamos lá aprender.
Esse conceito é importante para o dia a dia do fisioterapeuta, seja para a
realização de uma boa avaliação do paciente ou para o planejamento de
um atendimento de excelência. A coluna vertebral apresenta as seguintes
curvaturas (DANGELO; FATINNI, 2007, MOORE; DALLEY, 2001), como
podemos visualizar na figura 13:

• Lordose (curvatura convexa) nas regiões cervical e lombar

• Cifose (curvatura côncava) na região torácica e na região


sacrococcígea.
Anatomia Humana 37

Figura 13: Curvaturas da coluna vertebral

Fonte: Wikicommons

Na imagem anterior podemos visualizar a lordose cervical e lombar


e a cifose torácica e sacro-cocígea.

VOCÊ SABIA?

Ao aumento da lordose, nós damos o nome de hiperlordose


e o aumento da cifose nós denominamos hipercifose.
Essas condições são anormais. Elas causam alterações
posturais, que podem ser identificadas pelo fisioterapeuta
através do exame físico e da análise de exame de imagem.
Outra curva anormal que a coluna pode apresentar é a
escoliose. A escoliose é uma curvatura lateral da coluna
vertebral. Geralmente ela é causada por uma fraqueza da
musculatura instrínseca do dorso, uma alteração estrutural
devido à deformidade de alguma vértebra ou uma alteração
do comprimento dos membros inferiores.
38 Anatomia Humana

Ossos do crânio
No crânio existem muitos ossos, que estão dispostos em ossos do
neurocrânio (parte do crânio responsável pela proteção do cérebro e das
meninges, do cerebelo e do tronco encefálico) e ossos da face (Figuras 14
e 15). No neurocrânio nós temos 8 ossos (MOORE; DALLEY, 2001):

• Osso Frontal (1); Osso parietal (2); Osso temporal (2); Osso occipital
(1); Etmoide (1); Osso esfenoide (1)

O esqueleto da face (figuras 9 e 10)inclui a região anterior do crânio,


as órbitas, as cavidades nasais, a maxila e a mandíbula. A mandíbula é um
osso móvel para permitir a abertura da boca, o movimento da mastigação
e o movimento da fala. É composto pelos ossos (MOORE; DALLEY, 2001):

• Lacrimais (2); Ossos nasais (2); Maxilas (2) – local onde se alojam
os dentes maxilares; Zigomático (2); Palatino (2); Conchas nasais
inferiores (2); Mandíbula (1) – local onde se alojam os dentes
mandibulares; Vômer (1).
Figura 14: Visão frontal dos Ossos do crânio.

Fonte: Wikicommons
Anatomia Humana 39

Na imagem 14 podemos ver os ossos do neurocrânio e do esqueleto


da face.
Figura 15: Visão lateral dos Ossos do crânio.

Fonte: Wikicommons

Nesta imagem podemos ver os ossos do neurocrânio e do esqueleto


da face por uma outra perspectiva.

Na face anterior do crânio podemos observar as seguintes estruturas


(MOORE; DALLEY, 2001):

• O osso frontal, que se articular inferiormente com o osso nasal (no


násio) e com o osso zigomático. Ele se articula também com os
ossos lacrimal, etmoide e esfenoide e forma a parte superior (teto)
da órbita. Ao olharmos para o osso frontal podemos observar a
margem supra-orbital, o forame ou incisura supra-orbital. Temos
acima da margem supra-orbital o arco superciliar. Dentro das óbitas
temos as fissuras orbitais superior e inferior e os canais ópticos.

• O osso zigomático, forma a proeminência das bochechas. Podemos


visualizar a presença do forame zigomáticofacial em cada osso
40 Anatomia Humana

zigomático em suas laterais. Os ossos zigomáticos formam as


margens ântero-laterais, paredes, assoalho e as margens infra-
orbitais.

• Abaixo dos ossos nasais podemos observar as aberturas piriformes


(em formato de pêra). Através das aberturas piriformes podemos
observar o septo nasal, que divide a cavidade nasal em lados
direito e esquerdo. Em cada cavidade nasal podemos visualizar as
conchas nasais.

• A maxila, que possui processos alveolares, que são o osso de


sustentação dos dentes maxilares. A maxila forma a margem infra-
orbital medialmente. Podemos observar abaixo de cada órbita um
forame infra-orbital, por onde passam os nervos e vasos infra-
orbitais.

• A mandíbula, possui processos alveolares, que servem de fixação


para os dentes mandibulares. Podemos observar os forames
mentuais por onde passam o nervo e os vasos mentuais logo abaixo
dos segundos pré-molares. Na mandíbula podemos observar
também a sínfise da mandíbula e a protuberância mentual.

Na região lateral do crânio observamos as seguintes estruturas


(GUYTON; HALL, 2017):

• A fossa temporal

• O meato acústico externo

• A região mastoidea do osso temporal

• As linhas temporais, que limitam superiormente e posteriormente


a fossa temporal.

• O osso frontal e o zigomático limitam anteriormente a fossa


temporal e o arco zigomático, limita inferiormente.

• O arco zigomático, formado pelo processo temporal do osso


zigomático e do processo zigomático do osso temporal.

• O Ptério, que é uma área importante de junções ósseas

• Processo mastoide do osso temporal


Anatomia Humana 41

• O processo estiloide

• A fossa infratemporal

• A mandíbula, que é composta por corpo e por ramos.

Na região posterior do osso do crânio podemos observar diversas


estruturas importantes (DANGELO; FATINNI, 2007; MOORE; DALLEY, 2001):

• O osso occipital

• A protuberância occipital externa

• A crista occipital externa

• Forame magno

• A linha nucal superior

• O Lambda, que é a área de junção das suturas sagital e lambdoide.

Na parte superior do crânio encontramos as seguintes estruturas e


acidentes anatômicos (DANGELO; FATINNI, 2007; MOORE; DALLEY, 2001):

• Os túberes parietais
• Os túberes frontais
• A sutura coronal (que separa os ossos frontal e parietal)
• A sutura sagital que separa os ossos parietais
• A sutura lambdoide que separa os ossos parietal e temporal do
occipital
• O bregma que é a região de junção das suturas coronal e sagital.
• O vértice, que é o ponto mais alto do crânio
• Forame parietal, no qual passa a veia emissária
• Na região externa da base do crânio visualizamos:
• O processo alveolar
• Os processos palatinos
• O palato duro
• A espinha nasal posterior
• A fossa incisiva
• Forames palatinos maior e menor
42 Anatomia Humana

• Os cóanos (Aberturas nasais posteriores), localizados acima da


margem posterior do palato
• Vômer que contribui para a parte óssea do septo nasal
• O esfenoide. O osso esfenoide (Figura 15) possui as seguintes
estruturas: a asa maior, asa menor, o processo pterigóide, o canal
óptico (onde passa o nervo óptico e a artéria oftálmica), forame
redondo (por onde passa o nervo maxilar), forame oval (onde
passa o nervo mandibular e a artéria meníngea acessória), o
forame espinhoso (onde passa a artéria meníngea média), o canal
pterigoide, a fissura orbital superior (para a passagem dos nervos
cranianos oculomotor, troclear, abducente e o ramo oftálmico do
nervo trigêmeo, a artéria e a veia oftálmica). ....................................................
• O occipital forma a região posterior da base do crânio
• Forame magno, por onde passa a medula espinhal, as meninges,
as artérias vertebrais, as artérias espinhais anterior e posterior e o
nervo acessório.
• Temos os côndilos occipitais, que é a região do crânio que se
articula com a coluna vertebral
• O forame jugular, que é o local por onde passa a veia jugular
interna, e os nervos cranianos glossofaríngeo e acessório
• O meato acústico interno, por onde passam os nervos cranianos
facial e vestíbulococlear

• Canal carótico, por onde passa a artéria carótida interna

• Processo mastoide

• Forame estilomastóideo, por onde passa o nervo facial e a artéria


estilomastóidea

O osso etmoide é esponjoso. No etmoide existem duas lâminas, uma


horizontal conhecida como lâmina crivosa e outra vertical que é dividida em
duas partes (a parte superior é a crista etmoidal e a parte inferior é a lâmina
perpendicular do etmoide). A lâmina perpendicular separa a cavidade nasal
e duas fossas nasais (DANGELO; FATINNI, 2007, MOORE; DALLEY, 2001).

Uma outra região importante do crânio é a interna da base do crânio.


Nessa região existem 3 fossas: a fossa anterior (que aloja o polo frontal do
Anatomia Humana 43

cérebro), a fossa média e a fossa posterior. A fossa anterior é formada pelo


osso frontal. A fossa média é formada pelas asas maiores do esfenoide, as
partes escamosas e petrosa dos ossos temporais. A fossa posterior possui
como delimitação anterior o dorso da sela do esfenoide e é formado
amplamente pelo osso occipital. Nessas 3 fossas observamos estruturas
importantes. Podemos observar na tabela 1, uma tabela com os dados
sobre as estruturas importantes presentes nessas 3 fossas (DANGELO;
FATINNI, 2007, MOORE; DALLEY, 2001).
Quadro 1: Principais estruturas anatômicas das fossas anterior, média e posterior do crânio.
44 Anatomia Humana

Fonte: Adaptada de Moore e Dalley (2001)

Vértebras cervicais
As vértebras estão localizadas na região do pescoço. A principal
característica das vértebras cervicais é a presença de forame oval no
processo transverso. Através do forame oval passam as artérias vertebrais
(com exceção da vértebra cervical 7, C7, como podemos visualizar na
figura 16) (MOORE; DALLEY, 2001).
Anatomia Humana 45

Figura 16: Sétima vértebra cervical

Fonte: Wikicommons

E aí surge a dúvida, as vértebras cervicais possuem apenas essas


características específicas? E a resposta é não. As características das
vértebras cervicais, como podemos observar na imagem 17, são (DRAKE;
VOGL; MITCHEL, 2015):

• Corpo vertebral pequeno, sendo maior de lado a lado do que


ântero-posteriormente. Possui concavidade na face superior e
convexidade na face inferior.

• Forame vertebral largo e triangular

• Processos transversos possuindo forames. Possuem também


tubérculos anterior e posterior.

• Processos articulares, com a presença de facetas superiores (lo-


calizadas súpero-posteriormente) e facetas inferiores (localizadas
ínfero-anteriormente). As facetas oblíquas estão dispostas horizon-
talmente nos processos articulares.
46 Anatomia Humana

• Os Processos espinhosos da 3º à 5º vértebra cervical (C3 a C5) são


curtos e bífidos, o processo da 6º vértebra cervical é longo e o da
7º vértebra é o mais longo.

• A 1º vértebra cervical é atípica, e seu nome é atlas (Figura 18). A


vértebra atlas suporta o peso do crânio. Possui faces articulares
côncavas que se articulam com os côndilos occipitais presentes
no crânio. Esta vértebra não possui processo espinhoso, sendo
composta por arcos anterior e posterior. O arco posterior possui
o sulco para a artéria vertebral, que é largo na sua face superior.

• A 2º vértebra cervical é o áxis (Figura 19), que é uma das vértebras


mais resistentes, por ter que sustentar o atlas e o crânio. A vértebra
atlas gira sobre a vértebra áxis, quando movimentamos o nosso
pescoço para olhar lateralmente. O áxis possui as faces articulares
superiores, que são planas e são a região onde o atlas gira. O áxis
possui um processo espinhoso grande e bífido e um dente ou
processo odontóide, que se projeta superiormente e irá se articular
com o atlas. Você sabia que esse processo odontóide permite que
o atlas gire, permitindo a cabeça girar para que possamos olhar
para os lados (MOORE; DALLEY, 2001).
Figura 17: Vértebra cervical de C3 a C6

Fonte: Wikicommons
Anatomia Humana 47

Figura 18: Vértebra cervical atlas

Fonte: Wikicommons

Figura 19: Vértebra cervical áxis.

Fonte: Wikicommons
48 Anatomia Humana

Vértebras torácicas
É importante saber que as vértebras torácicas possuem fóveas
costais, onde se articulam com as costelas. Os processos espinhosos das
vértebras torácicas são longos e finos (MOORE; DALLEY, 2001; DRAKE,
VOGL; MITCHEL, 2015).

As vértebras T1 a T4 possuem algumas características das vértebras


cervicais. A vértebra T1 é atípica, e possui processo espinhoso longo e
horizontal. Além disso a vértebra T1 possui fóvea costal completa na
margem superior do seu corpo, que se articula com a 1º costela e possui
uma semifaceta na sua margem inferior que se articula com a 2º costela.
As vértebras T9 e T12 também são atípicas e possuem tubérculos (que se
parece com os processos acessório e mamilar das vértebras lombares)
(MOORE e DALLEY, 2001; DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015).

As características gerais das vértebras torácicas são (Figura 20):

• Corpo, com formato cordiforme e com a presença de uma ou duas


fóveas costais (que se articulam com uma ou duas costelas)

• Forame vertebral, com formato circular e é menor que os forames


presentes nas vértebras cervicais e lombares.

• Processos transversos longos, que se estendem póstero-lateralmente.


Figura 20: Vértebra torácica típica

Fonte: Wikicommons
Anatomia Humana 49

Vértebras lombares
As vértebras lombares são maiores que as demais, pois suportam
mais o peso do corpo em relação às vértebras cervical e torácica. As suas
principais características, que podem ser observadas na figura 21, são
(MOORE; DALLEY, 2001; DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015):

• Elas não apresentam fóvea costal para a articulação com as


costelas.

• Seu processo transverso é longo e fino, com exceção dos processos


transversos de L5 (5º vértebra lombar), que são maciços e em
forma de cone, e é o local de fixação dos ligamentos ileolombares.

• Seu corpo vertebral é cilíndrico e o forame vertebral tem forma


triangular e é maior que o das vértebras torácicas.

• Existe um grande espaço entre os componentes posteriores do arco


vertebral (lâmina e processo espinhoso adjacente). Durante a flexão
da coluna esses espaços são aumentados e permitem a realização
de procedimentos clínicos, como anestesia e punção de líquor.
Figura 21: Vértebra lombar típica

Fonte: Wikicommons
50 Anatomia Humana

Sacro
O sacro (Figuras 22 e 23) é um osso único de formato triangular e
que apresenta suas vértebras fundidas. Ele se articula superiormente com
a vértebra L5 e inferiormente com o cóccix. Articula-se com os ossos do
quadril nos lados direito e esquerdo, através de suas faces auriculares,
que possuem forma de L (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015).

O sacro possui 4 pares de forames sacrais em sua região anterior e 4


pares de forames sacrais em sua região posterior. Através desses forames
passam os ramos anteriores e posteriores dos nervos espinhais de S1 a S4
(DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015).
Figura 22: Sacro

Fonte: Wikicommons
Anatomia Humana 51

Cóccix
É um pequeno osso com forma triangular, que possui suas vértebras
fundidas (Figura 23). Ele se articula com o sacro superiormente. Não possui
arco vertebral, e nem forame vertebral (MOORE; DALLEY, 2001).
Figura 23: Sacro e Cóccix

Fonte: Wikicommons

Costelas
Você sabia que no corpo humano existem 12 pares de costelas?
Sim, existem. E todas elas se articulam com as vértebras torácicas. Apenas
as 7 primeiras costelas (Figura 24 e 25) se articulam verdadeiramente com
52 Anatomia Humana

o esterno, e são denominadas costelas verdadeiras. As outras 5 costelas


são denominadas costelas falsas (Figura 24 e 25).

IMPORTANTE:

As costelas falsas são a costela 8, 9, 10, 11 e 12. As cartilagens


costais das costelas 8 a 10 articulam-se anteriormente com
as cartilagens costais das costelas acima. E a cartilagem
costal da 7º costela se articula diretamente com o esterno
e as outras cartilagens costais se ancoram na cartilagem
da 7º costela. As costelas 9 e 10 não tem conexão anterior
com as outras costelas e nem com o esterno e por isso são
chamadas de costelas flutuantes.

Figura 24: Costelas

Fonte: Wikicommons

Nesta imagem podemos visualizar as 12 costelas. As primeiras 7º


costelas são verdadeiras. As demais costelas são costelas falsas.

Os principais acidentes ósseos presentes das costelas típicas (da 3º


a 9º costela) são (MOORE; DALLEY, 2001):
Anatomia Humana 53

• Cabeça - que é cuneiforme e possui duas facetas articulares, que


são separadas pela crista da cabeça.

• Colo – é a região que liga a cabeça ao corpo no nível do tubérculo.

• Tubérculo – localizado na junção do colo e corpo.

• Corpo – é fino, achatado e encurvado. No corpo podemos observar


uma estrutura denominado ângulo da costela. Na sua face interna
observamos o sulco da costela.

• As costelas atípicas (1º e 2º e da 10º a 12º) possuem as seguintes


características (MOORE; DALLEY, 2001):

• A 1º costela é a mais larga, mais curta, e mais encurvada das sete


costelas verdadeiras. Possui faceta única na sua cabeça. Possui
dois sulcos por onde passam os vasos subclávios e um tubérculo
do músculo escaleno anterior e uma crista.

• A 2º costela é mais estreita, menos encurvada e mais longa que


a primeira costela. Ela possui duas facetas na sua cabeça e uma
tuberosidade.

• Da 10º a 12º costela há apenas uma faceta em suas cabeças.

• A 11º e 12º costelas são curtas e não possuem colos ou tubérculos.

Esterno
É um osso plano e alongado. O esterno está ilustrado na figura 25. O
esterno está localizado na região anterior do tórax. As principais estruturas
anatômicas do esterno são (MOORE e DALLEY, 2001; DRAKE, VOGL e
MITCHEL, 2015; DANGELO e FATINNI, 2007)

• Superiormente podemos observar a incisura clavicular e a incisura


jugular.

• Possui 7 incisuras costais, onde as costelas se articulam.

• A parte superior do esterno possui o manúbrio, que é separado


do corpo do esterno (inferiormente) pela sínfise manubrioesternal
54 Anatomia Humana

(ângulo do esterno, formado pela junção do manúbrio e do corpo


do esterno).

• Na região inferior do esterno temos o processo xifoide.


Figura 25: Costelas e o esterno

Fonte: Wikicommons

Na imagem anterior podemos visualizar costelas verdadeiras, falsas e


flutuantes, onde da 1ª a 7ª seriam as costelas verdadeiras, da 8ª a 10ª as
falsas e 11ª e 12ª as costelas flutuantes.

Principais acidentes ósseos do esqueleto apendicular


Membro superior
É composto pelo cíngulo do membro superior (cujos integrantes são
a clavícula e a escápula), pelo úmero (localizado no braço), pelo rádio e pela
ulna (localizados no antebraço), pelos ossos do carpo (mão), os metacarpos
(mão) e as falanges (dedos das mãos) (MOORE e DALLEY, 2001).
Anatomia Humana 55

A clavícula é um osso longo, que possui uma curvatura e conecta o


membro superior ao tronco. Na sua face superior temos o tubérculo deltoide
(Figura 26). Na sua face inferior (Figura 27) temos o tubérculo conóide, o
sulco do músculo subclávio, a impressão do ligamento costoclavicular e a
linha trapezóidea, próximo da extremidade costoclavicular (DRAKE; VOGL;
MITCHEL, 2015).
Figura 26: Vista superior da clavícula esquerda

Fonte: Wikicommons

Figura 27: Vista superior da clavícula esquerda.

Fonte: Wikicommons
56 Anatomia Humana

A escápula (Figura 28) tem o formato triangular e possui os seguintes


acidentes anatômicos (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015):

• Face costal, que forma a fossa subescapular.

• A face posterior, é dividida pela espinha da escápula, possuindo a


fossa supra-espinhal e a infra-espinhal.

• Acrômio, que é a extremidade da espinha da escápula. No acrômio


existe a face articular da clavícula.

• Cavidade glenoidal, localizada na face lateral da escápula. Ela


se articula com a cabeça do úmero. Ela é rasa e o que mantém
a cabeça do úmero fixa dentro da cavidade glenoidal são os
ligamentos e os músculos.

• Processo coracóide, localizado acima da escápula.

• Margens medial, lateral e superior da escápula.

• Ângulos superior, lateral e inferior.

• Incisura da escápula localizada na margem superior da escápula.


Figura 28: Escápula esquerda.

Fonte: Wikicommons
Anatomia Humana 57

O úmero (Figura 29) é um osso longo, o maior do membro superior.


No úmero podemos observar (MOORE; DALLEY, 2001):

• Cabeça, localizada na extremidade proximal. Ela é esférica e se


articula com a escápula na fossa glenóide ou glenoidal.

• Colo anatômico do úmero, localizado no sulco que circunda a


cabeça do úmero.

• Tubérculos maior (encontrado na face lareal do úmero) e menor (na


margem medial do úmero), localizados também na extremidade
proximal do úmero.

• Sulco intertubercular, que separa os tubérculos.

• O colo cirúrgico do úmero é a parte estreita e distal aos tubérculos.

• Corpo do úmero. Nele encontramos a tuberosidade para o mús-


culo deltoide e o sulco do nervo radial.

• Cristas supra-epicondilater lateral e medial, localizados na


extremidade inferior do úmero.

• Os epicôndilos lateral e medial, localizados também na extremi-


dade inferior do úmero.

• Côndilo do úmero, que é composto pela tróclea (medial) e pelo


capítulo (lateral). No côndilo temos as fossas do olecrano, coro-
nóide e radial.

IMPORTANTE:

O local mais comum de fratura do úmero é no colo cirúrgico.


58 Anatomia Humana

Figura 29: Podemos ver nas imagens acima o úmero. (A) vista anterior e (B) vista posterior

Fonte: Wikicommons

A ulna (Figura 30) se localiza na região medial do antebraço. Ela


é o osso mais estável do antebraço. Na extremidade proximal da ulna
encontramos (MOORE e DALLEY, 2001): O olecrano, A incisura troclear, O
processo coronóide, A incisura radial, A tuberosidade da ulna, A crista e a
fossa do músculo supinador, Margem interóssea.

A ulna (Figura 30) também possui corpo, e na extremidade distal


podemos observar as seguintes estruturas (DRAKE; VOGL; MITCHEL,
2015): Cabeça e processo estiloide. Outro osso que encontramos no
antebraço é o rádio. No rádio podemos observar as seguintes estruturas:
• Cabeça, colo e tuberosidade do rádio, localizados na extremidade
proximal.
Anatomia Humana 59

• Corpo.
• Processo estiloide (localizado na extremidade distal).
• Na face posterior da extremidade distal tem a presença do sulco
para os músculos extensores do antebraço, o tubérculo dorsal do
rádio, o sulco para o músculo extensor longo do polegar e o sulco
para os músculos extensor radial curto do carpo e extensor radial
longo do carpo.
Figura 30: Ulna

Fonte: Wikicommons

Na imagem 30 temos a visão anterior (A) e medial (B) da ulna.

Ossos das mãos


Os ossos da mão são os ossos do carpo (Figura 31), os metacarpos
(Figuras 31 e 32) e as falanges (Figuras 31 e 32). Os ossos do carpo estão
fixados uns aos outros por meio dos ligamentos interósseos. Os ossos
carpais estão dispostos em fileiras proximais e distais. Os ossos carpais
da fileira proximal são (de lateral para medial) (DANGELO; FATINNI, 2007):
Escafóide (possui um tubérculo, chamado tubérculo do escafoide),
Semilunar, Piramidal, Pisiforme.
60 Anatomia Humana

Os ossos carpais da fileira distal são (de lateral para medial): Trapézio
(possui o tubérculo do trapézio), Trapezóide, Capitato, Hamato (possui o
hámulo do hamato).
Figura 31: Ossos da mão

Fonte: Wikicommons

Os ossos coloridos são os ossos do carpo. A- escafoide, B-Semilunar,


C-Piramidal, D-Pisiforme, E-Trapézio, F-Trapezóide, G-Capitato e H-Hamato.

Na mão nós temos os metacarpos, que são ossos localizados


entre os ossos do carpo e as falanges dos dedos. Cada mão tem 5
metacarpos. Os metacarpos possuem uma cabeça que se articula com
as falanges (localizada na extremidade distal), um corpo e uma base
(localizada na extremidade proximal) que se articula com os ossos do
carpo. Nos dedos nós temos a presença de três falanges, com exceção
do primeiro dedo (polegar), que possui apenas duas falanges. Cada
falange contém uma cabeça (localizada distalmente), um corpo e
uma base (localizada proximalmente). Nas extremidades das falanges
temos o leito ungueal, que é uma superfície achatada, onde fica a unha
(MOORE; DALLEY, 2001; DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015; DANGELO;
FATINNI, 2007).
Anatomia Humana 61

Membro inferior
Os ossos que compõem o membro inferior (Figura 32) são os do
cíngulo do membro inferior (ossos do quadril), o fêmur, a tíbia, a fíbula, os
ossos do pé (tarsos, metatarsos e as falanges).
Figura 32: Ossos do corpo humano.

Fonte: Wikicommons
62 Anatomia Humana

Osso do quadril
O osso do quadril (Figura 32) é a fusão dos ossos ílio, ísquio e púbis. O
osso do quadril conecta o esqueleto axial com o membro inferior. Os ossos
do quadril são unidos anteriormente através da sínfise púbica. A pelve óssea
é formada pelo osso do quadril e pelo sacro e cóccix. No osso do quadril
temos o forame obturado (que é formado pela fusão dos ossos púbis e
ísquio) e o acetábulo, que é uma cavidade onde se articula a cabeça do
fêmur, formando a articulação do quadril (contém partes do ísquio, do ílio e
do púbis) (MOORE; DALLEY, 2001; DRAKE, VOGL; MITCHEL, 2015).

O ílio compõe a maior parte do osso do quadril. Possui uma face


póstero lateral em forma de asa. Ao visualizarmos o íleo podemos observar
a presença de (DANGELO; FATINNI, 2007):

• Espinha ilíaca ântero-superior e a espinha ilíaca ântero-inferior.

• A crista ilíaca.

• A espinha ilíaca póstero-superior.

• A tuberosidade ilíaca.

• A incisura isquática maior.

• As incisuras glúteas.

• A fossa ilíaca

• A face auricular (que se articula com a face auricular do sacro)

O ísquio está localizado na parte póstero-inferior do quadril. O corpo


do ísquio se funde com os ossos púbis e ílio. O ramo do ísquio, se une ao
ramo inferior do púbis e forma o ramo ísquiopúbico. Ao visualizar o púbis
observamos as seguintes estruturas (DANGELO; FATINNI, 2007):

• Corpo do ísquio.

• Ramo do ísquio.

• O forame obturado.

• Incisura isquiática maior.

• Espinha isquiática.
Anatomia Humana 63

• Incisura isquiática menor.

O púbis compõe a parte ântero-medial do osso do quadril. Compõe


a parte anterior do acetábulo. Ao olharmos para o púbis visualizamos as
seguintes estruturas (MOORE e DALLEY, 2001):

• O corpo do púbis

• A crista púbica

• Os tubérculos púbicos

• Ramo superior

• Linha pectínea do púbis

Ossos da Coxa e da perna


Na coxa nós temos o osso mais longo do corpo, o fêmur (Figura 32).
Ao olharmos o fêmur podemos observar as seguintes estruturas (MOORE;
DALLEY, 2001):

• A cabeça do fêmur na sua extremidade proximal

• O colo do fêmur, que é a região que fixa a cabeça do fêmur ao corpo


do fêmur. Em idosos, com osteoporose, há grande incidência de
fraturas de colo do fêmur.

• Trocanter menor, localizado na face póstero medial da junção do


colo com o corpo do fêmur.

• Trocanter maior, projetada póstero superiormente na junção do


colo com o corpo do fêmur.

• Linha intertrocantérica (região onde o colo se une ao corpo do


fêmur).

• A crista intertrocantérica, que une os trocanteres posteriormente.


Na crista temos o tubérculo quadrado.

• Tuberosidade glútea.

• O corpo do fêmur, que possui a linha áspera, que se localiza no


terço médio do corpo do fêmur. A linha áspera contém os lábios
medial e lateral. Temos também o forame nutrício.
64 Anatomia Humana

• Na extremidade distal do fêmur temos os epicôndilos lateral e


medial, as linhas supracondilares direita e esquerda, os côndilos
medial e lateral, a fossa intercondilar (entre os côndilos, na região
posterior do fêmur), a face patelar (anteriormente) e a linha
intercondilar.

Na perna nós temos dois ossos, a tíbia e a fíbula (Figura 32). A tíbia
sustenta o peso do corpo. A fíbula é um osso responsável por manter a
sustentabilidade da articulação talocrural (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015).

A tíbia está localizado na região ântero-medial da perna. Possui uma


extremidade proximal grande, onde estão os côndilos medial e lateral da
tíbia, que é a região onde a tíbia se articula com o fêmur. Os acidentes
ósseos encontrados na tíbia são (MOORE; DALLEY, 2001):

• Temos as margens anterior, medial e interóssea.

• Os côndilos medial e lateral e o platô tibial lateral e medial (na


extremidade proximal).

• Os tubérculos da eminência intercondilar (na extremidade proximal).

• O ápice da cabeça.

• A tuberosidade anterior da tíbia (na extremidade proximal).

• Área intercondilar posterior.

• No corpo da tíbia temos: a linha do músculo sóleo e o forame


nutrício.

• Na extremidade distal nós temos: o maléolo medial, o sulco para o


tendão do músculo tibial posterior.

A fíbula está localizada na região póstero lateral da perna. Sua


principal função além da citada anteriormente é a fixação de músculos.
Na fíbula podemos visualizar os seguintes acidentes ósseos (DRAKE;
VOGL; MITCHEL, 2015):

• Cabeça da fíbula (que se articula com a tíbia)

• Corpo da fíbula

• Maléolo lateral (na região distal da fíbula)


Anatomia Humana 65

Ossos dos pés


Os ossos do pé são os ossos do tarso, os metatarsos e as falanges
(figura 33).

Vale a pena ressaltar que os ossos das mãos são os ossos do carpo
e os metacarpos e os ossos dos pés são os tarsos e os metatarsos.

Nos pés temos 7 ossos do tarso (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015;


DANGELO; FATINNI, 2007; MOORE; DALLEY, 2001):

• O calcâneo (que é o mais forte e resistente osso do pé, que


se articula com o tálus e com o cubóide). O calcâneo possui o
sustentáculo do tálus, a tróclea fibular, a tuberosidade do calcâneo.

• O tálus (que possui corpo, colo e cabeça). A cabeça do tálus se


articula com o sustentáculo do tálus no osso calcâneo. No corpo
do tálus podemos visualizar os tubérculos lateral e medial.

• O navicular (localizado entre a cabeça do tálus, e os três ossos


cuneiformes). Possui em sua estrutura a tuberosidade navicular.

• O cuboide, que possui a tuberosidade do cuboide e um sulco para


o tendão do músculo fibular longo.

• O cuneiforme medial.

• Cuneiforme intermédio.

• Cuneiforme lateral.
66 Anatomia Humana

Figura 33: Ossos dos pés.

Fonte: Wikicommons

Podemos visualizar as falanges com cor cinza claro. Em cinza escuro


estão os metatarsos. Os ossos do carpo estão em colorido e com letras.
A-Calcâneo, B- Tálus, C- Cubóide, D- Navicular, E- Cuneiforme lateral, F-
Cuneiforme intermediário, G- Cuneiforme medial.

No pé nós temos também os metatarsos, que conectam os ossos


do tarso com as falanges proximais dos dedos do pé. Cada metatarso
possui uma cabeça (distalmente), um corpo e uma base (proximalmente).
As falanges se articulam com a cabeça dos metatarsos. O hálux (que é
o primeiro e maior dedo do pé) possui apenas duas falanges, que são
maiores e mais largas. Os outros dedos dos pés possuem 3 falanges
cada. Cada falange é composta por uma base (proximalmente), um corpo
e uma cabeça, localizada distalmente (MOORE; DALLEY, 2001; DRAKE;
VOGL; MITCHEL, 2015).
Anatomia Humana 67

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que o esqueleto humano é dividido em esqueletos axial
e apendicular. O esqueleto axial é composto pelo crânio,
pelas costelas, pelas vértebras e pelo esterno. Enquanto
que o esqueleto apendicular é formado pelos ossos dos
membros superior e inferior. Nos membros superiores
temos a escápula, o úmero, a ulna, os rádios, os ossos
do carpo, metacarpo e falanges. Nos membros inferiores
temos os ossos do quadril, o fêmur, a tíbia, a fíbula, os ossos
do tarso, os metatarsos e as falanges. Os ossos tem como
funções: protegem os órgãos vitais (como coração, pulmão,
órgãos do Sistema Nervoso), fornece apoio para o corpo,
são a base mecânica para os movimentos, armazenam
sais, produzem células sanguíneas (numa região conhecida
como medula óssea).
68 Anatomia Humana

Sistema articular

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


o conceito e a classificação das articulações do corpo
humano. Isto será fundamental para o exercício de sua
profissão. As pessoas que tentaram estudar a anatomia
humana sem a devida instrução tiveram problemas na
atuação como Fisioterapeuta. O fisioterapeuta utiliza seu
conhecimento de anatomia no seu dia a dia de atendimento.
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então vamos lá. Avante!

Conceito e classificação das articulações


As articulações são os pontos de junção entre dois ou mais ossos.
Elas possuem grau variado de mobilidade, algumas têm mobilidade
restrita e outras permitem grande mobilidade. Como exemplo nós temos
a articulação do quadril, que possui uma grande mobilidade, permitindo
movimentos em vários planos anatômicos.

As articulações são classificadas, de acordo com a composição das


estruturas presentes nelas em: articulação sinovial, articulação fibrosa e
articulação cartilagínea (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015).

As articulações fibrosas são caracterizadas pela presença de tecido


fibroso unindo as estruturas ósseas que se articular. Temos como exemplo
as suturas do crânio, que unem os ossos do crânio. Existem 3 tipos de
articulações fibrosas (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015):

• Suturas

• Gonfoses

• Sindesmoses

As suturas (Figura 34) são articulações restritas ao crânio. Nas


suturas, os ossos do crânio são unidos por uma camada de tecido
Anatomia Humana 69

conjuntivo. As gonfoses são uma junção onde um processo em forma


de cavilha se articula dentro de um soquete. A gonfose é a articulação
que ocorre entre um dente e seu alvéolo (Figura 35), que são mantidos
unidos pelo colágeno do periodonto, que conecta o cemento dentário
ao osso alveolar. A gonfose não é uma articulação que ocorre entre duas
estruturas ósseas. As sindesmoses são articulações fibrosas verdadeiras
que ocorrem entre ossos. Essa articulação possui um ligamento interósseo,
um cordão fibroso mais delgado ou uma membrana aponeurótica mais
densa. São exemplos de sindesmose a articulação rádio-ulnar unida pela
membrana interóssea, a articulação tibiofibular unida por um ligamento
interósseo e a parte posterior da articulação sacroilíaca (Figura 31) que
possui uma membrana aponeurótica mais densa em sua parte posterior
(DANGELO; FATINNI, 2007; MOORE; DALLEY, 2001).
Figura 34: Suturas do crânio.

Fonte: Wikicommons
70 Anatomia Humana

Figura 35: Articulação entre o dente e o alvéolo.

Fonte: Wikicommons

Figura 36: Articulação sacrilíaca.

Fonte: Wikicommons
Anatomia Humana 71

As articulações cartilagíneas são unidas por cartilagem hialina ou


por fibrocartilagem. Nós temos articulações cartilagíneas temporárias,
conhecida como cartilagíneas primárias (sincondroses). Um exemplo
de articulação cartilagínea primária é a que ocorre no osso em
desenvolvimento, no qual a epífise do osso e o corpo do osso são unidos
por uma lâmina ou disco epifisário (Figura 37). Nós temos as articulações
cartilagíneas secundárias (sínfises), unidas por fibrocartilagem. Um
exemplo de articulação secundária é a articulação que ocorre entre as
vértebras, que são unidas pelo disco intervertebral. O disco intervertebral
(Figura 38) é responsável por evitar o atrito entre as vértebras, pela
resistência e pela absorção do impacto. Ele permite a mobilidade da
coluna vertebral (DANGELO; FATINNI, 2007; MOORE; DALLEY, 2001).
Figura 37: Disco epifisário do joelho de um rato.

Fonte: Wikicommons

Nesta imagem podemos visualizar: 1. Disco epifisário 2. Cartilagem


articular 3. Meniscos 4. Trabéculas ósseas 5. Medula óssea 6. Espículas
ósseas.
72 Anatomia Humana

Figura 38: Disco intervertebral.

Fonte: Wikicommons

Durante o começo da vida fetal, os ossos do corpo humano são


compostos por uma quantidade grande de cartilagem. Posteriormente
essa cartilagem é substituída por osso. Nos adultos as cartilagens
persistem nas superfícies das articulações sinoviais e das articulações
cartilagíneas. A cartilagem é um tecido conjuntivo com grande
capacidade de suportar carga. As células encontradas na cartilagem
são os condroblastos e os condrócitos. A cartilagem hialina articular
está presente nas articulações sinoviais. A cartilagem hialina possui uma
superfície resistente e extremamente lisa, sendo banhada por líquido
sinovial. Essas características permitem a movimentação da articulação
sem que haja atrito. As fibrocartilagens contém uma quantidade maior de
colágeno do tipo 1, e essa característica as diferem dos outros tipos de
cartilagem. (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015).

Articulação sinovial
A articulação sinovial (Figura 39) difere das articulações fibrosas e
cartilagíneas porque possui (MOORE; DALLEY, 2001):
Anatomia Humana 73

• cápsula articular,

• cartilagem articular,

• cavidade articular,

• membrana sinovial e líquido sinovial.


Figura 39: Articulação sinovial.

Fonte: Wikicommons

A cápsula articular mantém as estruturas ósseas unidas e protege


a articulação. Ela é composta por fibras de colágeno branco e está
inserida em torno das extremidades dos ossos que estão se articulando.
A cápsula é perfurada por vasos sanguíneos e nervos. E ela é revestida
por membrana sinovial. Geralmente a capsula articular possui ligamentos
74 Anatomia Humana

capsulares, que são espessamentos locais de feixes paralelos de fibras


colágenas (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015).

A membrana sinovial reveste as cápsulas articulares, as superfícies


ósseas, os ligamento intracapsulares, as bolsas e bainhas tendíneas.
Ela não reveste os discos ou meniscos intra-articulares. A cartilagem
articular é denominada como menisco ou disco. Os discos/meniscos são
fibrocartilaginosos e estão localizados entre as superfícies articulares onde
a congruência é pequena. O termo menisco se refere a discos incompletos
(exemplo o menisco do joelho). Os discos completos são encontrados nas
articulações esterno-clavicular. As cartilagens intra-articulares fornecem
amortecimento de choque, melhora a adaptação entre as superfícies
ósseas, facilita a realização de movimentos combinados, retringe a
translação de articulações como a do joelho e promove uma melhor
distribuição de peso sobre as maiores áreas de superfície. Além disso a
cartilagem e o líquido sinovial não permitem o atrito entre as extremidades
ósseas que se articulam, protegendo o osso do desgaste ósseo (DRAKE;
VOGL; MITCHEL, 2015).

O líquido sinovial está localizado dentro das articulações sinoviais,


bolsas e bainhas de tendões. O líquido sinovial é um dialisado do plasma
sanguíneo, composto por ácido hialurônico e por proteína. é responsável
pela lubrificação da articulação e permite a mobilidade articular. O líquido
sinovial contém células de defesa. A cavidade articular é a região entre
os ossos e que é envolta pela cápsula articular. Existem seis tipos de
articulações sinoviais (suas principais características estão resumidas na
tabela 2) (DANGELO; FATINNI, 2007; MOORE; DALLEY, 2001):

• Articulações planas (Figura 40)

• Articulações em dobradiça (Figura 40)

• Elipsoide

• Articulações selares (Figura 40)

• Articulações bicondilares (Figura 40)

• Articulações esferoideas (Figura 40)

• Articulações trocoideas (Figura 40)


Anatomia Humana 75

Com base nos movimentos as articulações podem ser classificadas


como (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015):

• Uniaxiais: quando os movimentos ocorrem apenas em um plano.

• Biaxiais: quando os movimentos ocorrem em dois planos.

• Multiaxiais: quando realiza os movimentos em três planos.

Quadro 2: Principais características das articulações sinoviais.


76 Anatomia Humana

Fonte: Adaptada de Moore e Dalley (2001), Drake, Vogl e Mitchel (2015)


Anatomia Humana 77

Figura 40: Tipos de articulações sinoviais.

Fonte: Wikicommons

As articulações planas possuem superfícies ósseas chatas. Elas


são ligeiramente curvas. Realizam o movimento de deslizamento. Um
exemplo de articulação plana é a articulação acromioclavicular, como
podemos visualizar na figura 41 (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015).

As articulações em dobradiça são uniaxiais, pois realizam


movimentos em apenas um eixo (flexão e extensão). As articulações em
dobradiça possuem ligamentos colaterais. São exemplos de articulações em
78 Anatomia Humana

dobradiça as articulações interfalângicas e a umeroulnar. Podemos visualizar


a articulação úmero-ulnar na figura 42 (DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015).
Figura 41: Articulações do ombro.

Fonte: Wikicommons

A articulação acromioclavicular é uma articulação plana.


Anatomia Humana 79

Figura 42: Articulação do cotovelo.

Fonte: Wikicommons

As articulações elipisoide é biaxial e possuem uma superfície


convexa oval e outra superfície côncava e elíptica. A articulação elipsiode
permite os movimentos de flexão-extensão, abdução e adução, além da
circundução quando combinamos a flexão, a extensão, a abdução e a
adução. Temos como exemplos de articulações elipisoides as articulações
radiocarpais e as articulações metacarpofalangianas. As articulações
selares são biaxiais. Tem superfícies côncavo-convexas. Um exemplo de
articulação selar é a articulação carpometacarpal do polegar.

As articulações bicondilares são uniaxiais. As articulações


bicondilares possuem dois côndilos articulares que se articulam com
uma superfície côncava ou plana. Temos como exemplos de articulações
bicondilares a articulação do joelho e a articulação temporomandibular.
As articulações esferóideas são multiaxiais. Possuem como extremidades
articulares uma cabeça em forma de globo dentro de uma cavidade
oposta. Temos como exemplos de articulações esferóideas as articulações
do ombro e do quadril. As articulações de pivô ou trocoideas também são
uniaxiais, onde um pivô ósseo se articula com um anel. Nessa articulação
ocorre o movimento de rotação. Temos como exemplos de articulações
de pivô, a articulação da cabeça do rádio dentro do ligamento anular e
80 Anatomia Humana

da incisura radial da ulna, e a articulação entre o dente do áxis e o atlas


(DRAKE; VOGL; MITCHEL, 2015).

As articulações possuem receptores (terminações) nervosos


situados geralmente na cápsula articular ou perto dela. Esses receptores
fornecem ao sistema nervoso central informações sobre a posição,
movimentos e os esforços que estão atuando sobre as articulações. As
terminações nervosas encontradas nas articulações são (DRAKE; VOGL;
MITCHEL, 2015):

• Terminações nervosas do tipo 1: estão localizados nas camadas


superficiais das cápsulas fibrosas das articulações e fornecem
informações sobre a posição e os movimentos das articulações.

• Terminações nervosas do tipo 2: São encontradas em toda a


extensão das cápsulas articulares. São sensíveis a alterações de
movimentos e pressão.

• Terminações do tipo 4: Estão localizados nas cápsulas articulares,


nos corpos adiposos adjacentes e em torno dos vasos sanguíneos
da membrana sinovial. Respondem a movimentos excessivos.
Fornecem uma base para a dor articular.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que as articulações são os pontos de junção entre dois ou
mais ossos. As articulações são classificadas, de acordo
com a composição das estruturas presentes nelas em:
articulação sinovial, articulação fibrosa e articulação
cartilagínea. A articulação sinovial possui cápsula articular,
cartilagem articular, cavidade articular e líquido sinovial. As
articulações fibrosas são caracterizadas pela presença de
tecido fibroso unindo as estruturas ósseas que se articular.
As articulações cartilagíneas são unidas por cartilagem
hialina ou por fibrocartilagem.
Anatomia Humana 81

REFERÊNCIAS
DANGELO, J. G.; FATINNI, C. A. Anatomia humana sistêmica e
segmentar. 3º. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.

DRAKE, R. L.; VOGL, W.; MITCHEL, A. W. M. Gray’s anatomia para


estudantes. 3º. ed. São Paulo: GEN Guanabara Koogan, 2015.

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. [S.l.]:


Elselvier, 2017. 1176 p.

JARMEY, C. Músculos: Uma abordagem concisa. 1. ed. São Paulo:


Manole, 2008.

MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 4º. ed.


São Paulo: Guanabara Koogan, v. 1, 2001.

PINA, J. A. E. Anatomia da locomoção humana. 2º. ed. Lisboa: Lidel,


1999.

STANDRING, S. Gray’s anatomia: A base anatômica da prática clínica.


40. ed. Rio de Janeiro: Elselvier/Medicina nacionais, 2010.

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