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Práticas de

Enfermagem
Segurança e Semiótica em Enfermagem
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
PAULO HERALDO COSTA DO VALLE
AUTORIA
Paulo Heraldo Costa do Valle

Olá. Sou formado em Fisioterapia, com Mestrado e Doutorado


em Fisiologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com
experiência técnica, profissional e acadêmica na área de Saúde há mais
de 25 anos.

Trabalhei em várias universidades: Universidade de Cruz Alta


(Unicruz), Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul (Unijuí), Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), Universidade
Gama Filho (UGF), Universidade Ibirapuera (Unib), Universidade Nove de
Julho (Uninove) e Kroton Educacional.

Além disso, trabalhei como consultor do Ministério da Educação


(MEC) para autorização, reconhecimento e renovação de cursos de
graduação durante 10 anos, e fui membro da Comissão Assessora do
Curso de Fisioterapia do Exame Nacional de Desempenho do Estudante
(Enade).

Ademais, fui membro da Comissão de Qualificação de Cursos e da


Comissão de Educação do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (Coffito) e membro da Comissão de Sindicância do Conselho
Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito).

Fui vice-presidente e presidente da Associação Brasileira de Ensino


em Fisioterapia (Abenfisio).

Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência


de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso trabalho
junto com a Editora Telesapiens, compondo o seu elenco de autores
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de
muito estudo e trabalho. Conte comigo sempre.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do
desenvolvimento houver necessidade
de uma nova de apresentar um
competência; novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessárias as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Portaria n° 529 e RDC n° 36....................................................................... 12
Portaria n° 529..................................................................................................................................... 12

Adoção de definições................................................................................................ 14

Estratégias utilizadas para a implementação do Programa


Nacional de Segurança do Paciente.............................................................. 16

Comitê de Implementação do Programa Nacional de Segurança


do Paciente........................................................................................................................ 17

Composição do Programa Nacional de Segurança do


Paciente............................................................................................................................... 18

Resolução RDC n° 36.................................................................................................................... 20

Objetivos e abrangência da Resolução RDC n° 36.............................. 20

Definições da resolução........................................................................................... 21

Criação do Núcleo de Segurança do Paciente...................................... 22

Disponibilidade para o funcionamento do núcleo...............................23

Princípios e diretrizes do núcleo.......................................................................23

Competências do núcleo........................................................................................24

Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde..............25

Monitoramento e notificação dos eventos adversos..........................27

Sondas, cateteres, coleta de sangue e administração de


oxigênio ...........................................................................................................28
Coleta de sangue.............................................................................................................................28

Coleta em sistema fechado.................................................................................. 31

Coleta em sistema aberto......................................................................................32

Indicações para a coleta de sangue...............................................................33


Aspectos legais na coleta de sangue............................................................34

Oxigenoterapia...................................................................................................................................35

Aspectos legais na oxigenoterapia................................................................. 36

Administração de oxigênio por cateter/cânula nasal....................... 36

Administração de oxigênio por máscara.................................................... 39

Máscara de Venturi......................................................................................................43

Oxigenoterapia por inalação................................................................................ 46

Importância do autocuidado................................................................................47

Vias, preparo e administração de medicamentos.........................49


Funções de administração dos medicamentos....................................................... 49

Termos empregados para a administração dos medicamentos................. 50

Prescrição médica........................................................................................................................... 51

Legislação para a administração dos medicamentos..........................................52

Cuidados para o preparo dos medicamentos............................................................52

Cuidados e vias na administração do medicamento.............................................54

Diferentes vias para a administração dos medicamentos.................................54

Técnicas de administração dos medicamentos........................................................55

Sublingual...........................................................................................................................55

Retal....................................................................................................................................... 56

Intramuscular...................................................................................................................57

Via intradérmica............................................................................................................. 61

Via subcutânea...............................................................................................................62

Via endovenosa............................................................................................................ 64
Normas para os cálculos........................................................................................................... 68

Administração do soro................................................................................................................ 69
Tipos de nutrição e curativos na atenção em enfermagem...... 71
Importância da nutrição.............................................................................................................. 71

Alimentação por sonda nasogástrica................................................................................73

Indicações da sonda................................................................................................... 74

Procedimentos técnicos para alimentação por sonda


nasogástrica...................................................................................................................... 74

Retirada da sonda nasogástrica.........................................................................77

Terapia nutricional enteral........................................................................................................ 78

Vias de acesso...................................................................................................................................79

Preparo e orientação................................................................................................. 80

Introdução da sonda para nutrição enteral através da via nasal


ou oral................................................................................................................................... 80

Administração da dieta através da sonda nasogástrica................... 81

Manutenção da sonda...............................................................................................82

Cuidados de enfermagem necessários para a utilização de


sonda..................................................................................................................................... 83

Administração da dieta através da gastrostomia................................. 84

Nutrição parenteral........................................................................................................................ 85

Vias de administração.............................................................................................. 85

Administração da nutrição parenteral........................................................... 86


Práticas de Enfermagem 9

03
UNIDADE
10 Práticas de Enfermagem

INTRODUÇÃO
Olá. Gostaria de convidar você, neste momento, para continuar este
processo de conhecimento e aprendizagem.

Nesta Unidade será abordada a segurança do paciente e a semiótica


em enfermagem.

O primeiro assunto que você vai estudar nesta Unidade é a Portaria


n° 529, de 1 de abril de 2013, e a RDC n° 36, de 25 de julho de 2013, por
meio de suas definições, estratégias, objetivos e competências.

Posteriormente, serão estudadas em detalhes a coleta de sangue


(sistema fechado e aberto), suas indicações e aspectos legais. Quanto à
oxigenoterapia, serão estudados os aspectos legais, a administração de
oxigênio (cateter/cânula nasal, máscara, inalação) e a importância do
autocuidado.

Também serão abordados a administração dos medicamentos, os


termos empregados, a prescrição médica, a legislação, os cuidados, as
vias e técnicas de administração dos medicamentos (sublingual, retal,
intramuscular, intradérmica, subcutânea e endovenosa), as normas para
os cálculos e a administração do soro.

E, por último, você vai estudar a nutrição e a alimentação por sonda


nasogástrica (indicações, procedimentos, retirada e terapia nutricional
enteral), vias de acesso, administração da dieta, manutenção da sonda,
cuidados de enfermagem necessários para a utilização de sonda e a
administração da dieta por meio da gastrostomia.
Práticas de Enfermagem 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3 – Segurança e semiótica
em Enfermagem. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento
das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de
estudos:

1. Aplicar os preceitos do Programa Nacional de Segurança do


Paciente (Portaria n° 529) e a Resolução da Diretoria Colegiada
(RDC n° 36) no que concerne as ações para a segurança do
paciente em serviços de saúde.

2. Operacionalizar a utilização de sondas, cateteres, coleta de


sangue e administração de oxigênio no paciente.

3. Identificar as vias e efetuar o preparo e a administração dos


medicamentos.

4. Discernir os tipos de nutrição e de curativos em pacientes.


12 Práticas de Enfermagem

Portaria n° 529 e RDC n° 36


OBJETIVO:

Ao final deste Capítulo, você vai saber em detalhes todas


as informações referentes à Portaria n° 529 e à RDC n° 36.

Em relação à Portaria n° 529, você vai estudar a adoção das


definições, as estratégias utilizadas para sua implementação,
o Comitê de Implementação do Programa Nacional de
Segurança do Paciente (CIPNSP) e a composição do
Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).

Já em relação à Resolução RDC n° 36, serão abordados os


objetivos e a abrangência da resolução, suas definições, a
criação do Núcleo de Segurança do Paciente, os princípios
e as diretrizes do núcleo, as competências do núcleo, o
Plano de Segurança do Paciente em serviços de saúde, o
monitoramento e a notificação dos eventos adversos e as
competências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).

E então? Motivado para desenvolver esta competência?


Vamos lá. Avante!

Portaria n° 529
A Portaria n° 529, de 1 de abril de 2013, é a responsável pela criação
do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).
Práticas de Enfermagem 13

IMPORTANTE:

Essa portaria considera a necessidade do desenvolvimento


de estratégias, produtos e ações direcionadas aos gestores,
profissionais e usuários da saúde quanto à segurança do
cliente/paciente, que permitam a promoção da mitigação
da ocorrência de um evento adverso na atenção à saúde.

Figura 1 – Programa Nacional de Segurança do Paciente

Fonte: Ministério da Saúde.

O PNSP tem como objetivo geral auxiliar na qualificação do


cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do
território nacional.
14 Práticas de Enfermagem

IMPORTANTE:

Os objetivos específicos do PNSP são (BARROS; LOPES;


MORAIS, 2019):

•• Promoção e apoio frente à implementação de


iniciativas voltadas à segurança do cliente/paciente
nas diversas áreas da atenção, organização e gestão
de serviços de saúde, por meio da implantação da
gestão de risco e dos núcleos de segurança do
paciente nos estabelecimentos de saúde.

•• Trabalhar com os clientes/pacientes e familiares


em todas as ações de segurança do cliente/
paciente.

•• Ampliação do acesso da sociedade frente a todas


as informações relacionadas à segurança do
cliente/paciente.

•• Produção, sistematização e difusão dos


conhecimentos relacionados à segurança do
cliente/paciente.

•• Estimular a inclusão do tema segurança do cliente/


paciente para ensino técnico, graduação e pós-
graduação na área da Saúde.

Adoção de definições
Essa portaria é responsável por uma série de definições, entre elas:

•• Segurança do cliente/paciente – diminuição a um mínimo aceitável


do risco de dano desnecessário relacionado ao cuidado de saúde.

•• Dano – comprometimento da estrutura ou função do corpo


humano e/ou qualquer efeito, como doenças, lesões, sofrimentos,
morte, incapacidades ou disfunções, podendo ser físico, social ou
psicológico.
Práticas de Enfermagem 15

•• Incidente – acontecimento ou circunstância que pode ter resultado,


ou que resultou em um dano desnecessário ao cliente/paciente.

•• Evento adverso – acontecimento que provoca um dano para o


cliente/paciente.

•• Cultura de segurança – é configurada a partir de cinco


características operacionalizadas pela gestão de segurança da
organização, sendo elas:

a. Cultura em que todos os trabalhadores envolvidos no cuidado,


bem como os gestores, assumem todas as responsabilidades pela
sua própria segurança, dos colegas, clientes/pacientes e os seus
familiares.

b. Cultura que privilegia a segurança acima de metas financeiras e


operacionais.

c. Cultura que estimula e recompensa a identificação, a notificação e


a resolução de todos os problemas envolvidos com a segurança.

d. Cultura que, a partir da existência dos incidentes, estimula o


aprendizado organizacional.

e. Cultura que possibilita a existência de recursos, estrutura e


responsabilização para a manutenção efetiva da segurança.

Gestão de risco é a utilização sistêmica e contínua de iniciativas,


procedimentos, condutas e recursos para a avaliação e o controle dos
riscos e eventos adversos que alterem a segurança, saúde humana,
integridade profissional, a imagem institucional e o meio ambiente
(BARROS; LOPES; MORAIS, 2019).
16 Práticas de Enfermagem

Estratégias utilizadas para a implementação do


Programa Nacional de Segurança do Paciente
As estratégias utilizadas para a implementação do PNSP foram as
seguintes:

•• Criação e apoio à efetivação dos protocolos, guias e manuais de


segurança do cliente/paciente.

•• Promoção de processos de capacitação de gerentes, profissionais


e equipes de saúde em segurança do cliente/paciente.

•• Inclusão nos processos de contratualização e avaliação de


serviços, metas, indicadores e padrões relacionados à segurança
do cliente/paciente.

•• Realização de campanha de comunicação social referente à


segurança do cliente/paciente, focada nos profissionais, gestores
e usuários de saúde e sociedade.

•• Criação de uma sistemática de vigilância e monitoramento dos


incidentes na assistência à saúde, com garantia de regresso às
unidades notificantes.

•• Promoção da cultura de segurança com foco no aprendizado e


aprimoramento organizacional, engajamento dos profissionais e
dos clientes/pacientes e na prevenção de incidentes, com foco nos
sistemas seguros, impedindo os processos de responsabilização
individual.

•• Participação junto ao Ministério da Educação e com o Conselho


Nacional de Educação, possibilitando a inclusão do tema
segurança do cliente/paciente nos currículos dos cursos de
formação em saúde de nível técnico, superior e pós-graduação
(BARROS; LOPES; MORAIS, 2019).
Práticas de Enfermagem 17

Comitê de Implementação do Programa Nacional


de Segurança do Paciente
O Comitê de Implementação do PNSP é uma instância colegiada
com caráter consultivo.

VOCÊ SABIA?

O comitê tem o objetivo de realizar ações que garantam


uma melhora na segurança do cuidado em saúde por meio
do processo de construção consensual entre os vários
atores participantes deste processo.

As competências são as seguintes:

•• Sugerir e validar protocolos, guias e manuais relacionados à


segurança do cliente/paciente nas mais diversas áreas, entre elas:

a. Infecções relativas à assistência à saúde.

b. Condutas cirúrgicas e de anestesiologias.

c. Prescrição, transcrição, dispensação e administração de


medicamentos, sangue e hemoderivados.

d. Processos relacionados ao reconhecimento dos clientes/


pacientes.

e. Comunicação no ambiente dos serviços de saúde.

f. Precauções para evitar quedas.

g. Úlceras de pressão.

h. Transferência dos clientes/pacientes entre os pontos de cuidado.

i. Utilização segura dos equipamentos e materiais.

•• Apoiar o documento de referência do PNSP.

•• Estimular e difundir as inovações técnicas e operacionais que


garantam a segurança do cliente/paciente.
18 Práticas de Enfermagem

•• Sugerir e validar os projetos de capacitação em segurança do


cliente/paciente.

•• Analisar, a cada quadrimestre, os dados do Sistema de


Monitoramento incidentes no cuidado de saúde e propor ações
para melhorias.

•• Sugerir estudos e pesquisas voltados para a segurança do cliente/


paciente.

•• Avaliar, de forma periódica, o desempenho do PNSP.

•• Criar o regimento interno e submetê-lo à aprovação pelo ministro


de estado da saúde (BARROS; LOPES; MORAIS, 2019).

Composição do Programa Nacional de Segurança


do Paciente
O PNSP é formado por representantes, titulares e suplentes, dos
órgãos e das entidades a seguir:

•• Ministério da Saúde:

a. Um membro da Secretaria Executiva (SE/MS).

b. Um membro da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS).

c. Um membro da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação


na Saúde (SGTES/MS).

d. Um membro da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS).

e. Um membro da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos


Estratégicos (SCTIE/MS).

•• Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

a. Um membro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

b. Um membro da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

c. Um membro do Conselho Nacional de Secretários de Saúde


(Conass).
Práticas de Enfermagem 19

d. Um membro do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de


Saúde (Conasems).

e. Um membro do Conselho Federal de Medicina (CFM).

f. Um membro do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).

g. Um membro do Conselho Federal de Odontologia (CFO).

h. Um membro do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

i. Um membro da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

•• Três instituições superiores de ensino e pesquisa que apresentem


notório saber no tema segurança do cliente/paciente.

a. Essa coordenação é feita pela Anvisa que, conjuntamente com


a SAS/MS e a Fiocruz, garantem todo os apoios técnicos e
administrativos necessários para o seu correto funcionamento.

b. Todos os representantes titulares e os respectivos suplentes


vão ser indicados pelos dirigentes dos órgãos e entidades à
coordenação do CIPNSP no prazo de 10 dias desde a data de
publicação da Portaria.

c. Esse comitê pode convidar os representantes dos órgãos e


entidades, públicas e privadas, além de especialistas nos assuntos
relacionados às suas atividades, quando achar necessário para a
realização de todos os objetivos previstos na Portaria.

d. O comitê pode formar grupos de trabalho para a realização de


atividades específicas quando achar preciso, para que possam
cumprir tudo o que está disposto no documento.

e. Os membros do comitê não são remunerados para esta função,


e suas atividades são consideradas relevantes e de interesse
público.

f. O ministro da saúde deve instituir todos os incentivos financeiros


para a realização das ações e atividades no âmbito do PNSP,
de acordo com a normatização específica, por meio de uma
20 Práticas de Enfermagem

pactuação mediante prévia na Comissão Intergestores Tripartite


(CIT) (BARROS; LOPES; MORAIS, 2019).
Figura 2 – Ministério da Saúde

Fonte: Wikipedia.

Resolução RDC n° 36
A Resolução da Diretoria Colegiada n° 36 é a responsável pela
instituição de todas as ações voltadas para a segurança do cliente/
paciente nos serviços de saúde, além de dar outras providências.

Objetivos e abrangência da Resolução RDC n° 36


A resolução tem como objetivo estabelecer ações para a promoção
da segurança do cliente/paciente, além de contribuir com a melhoria da
qualidade nos serviços de saúde.

Um dos importantes pontos da RDC n° 36 é que ela determina dois


identificadores para o reconhecimento seguro do paciente, sendo o nome
completo e a data de nascimento.
Práticas de Enfermagem 21

Quanto à abrangência, a RDC n° 36 é aplicada para os serviços de


saúde, públicos, privados, filantrópicos, civis ou militares, fazendo parte
também aqueles que realizam atividades de ensino e pesquisa. Não
fazendo parte, nesse caso, os consultórios individualizados, os laboratórios
clínicos e os serviços móveis e de atenção domiciliar (BARROS; LOPES;
MORAIS, 2019).

Definições da resolução
Existe uma série de definições que são adotadas nesta resolução,
entre elas:

•• Adoção de boas práticas para o funcionamento do serviço de


saúde –componentes que garantem a qualidade de todos os
serviços ofertados por meio dos melhores padrões de qualidade.

•• Cultura da segurança – grupo de valores, atitudes, competências e


comportamentos que definem o comprometimento com a gestão
da saúde e da segurança.

•• Dano – implicação na estrutura ou função do corpo humano ou


qualquer efeito dele, como doenças, lesão, sofrimento, morte,
incapacidade ou disfunção, podendo ser de ordem física, social
ou psicológica.

•• Evento adverso – situação que leva a um dano à saúde.

•• Garantia da qualidade – ações sistemáticas para a garantia de


que os serviços prestados estão dentro dos padrões de qualidade
exigidos para os fins que foram propostos.

•• Gestão de risco – utilização sistêmica e contínua das políticas,


procedimentos, condutas e recursos para a identificação, análise,
avaliação, comunicação e o controle dos riscos e eventos
adversos que alteram a segurança, a saúde humana, a integridade
profissional, o meio ambiente e a imagem institucional.

•• Incidente – ocorrência ou circunstância que pode levar a um dano


desnecessário à saúde.
22 Práticas de Enfermagem

•• Núcleo de segurança do paciente – é o serviço de saúde criado


para a promoção e o apoio da implementação das ações voltadas
para a segurança do cliente/paciente.

•• Plano de segurança do cliente/paciente nos serviços de saúde –


é o documento que indica as situações de risco e as estratégias
e ações definidas pelo serviço de saúde para a gestão de risco,
buscando a prevenção e a mitigação dos incidentes, desde a
admissão até a transferência, alta ou óbito do cliente/paciente no
serviço de saúde.

•• Segurança do cliente/paciente – diminuição a um mínimo


aceitável, do risco de dano desnecessário relacionado à atenção
à saúde.

•• Serviço de saúde – estabelecimento voltado para o


desenvolvimento das ações voltadas à promoção, proteção,
manutenção e recuperação da saúde, em qualquer nível de
complexidade, com regime de internação ou não, fazendo parte
da atenção realizada nos consultórios, domicílios e nas unidades
móveis.

•• Tecnologias em saúde – conjunto de equipamentos, medicamentos,


insumos e procedimentos empregados na atenção à saúde, além
dos processos de trabalho, infraestrutura e organização do serviço
de saúde.

Criação do Núcleo de Segurança do Paciente


A direção do serviço de saúde deve formar o Núcleo de Segurança do
Paciente (NSP), garantindo aos membros a autoridade, a responsabilidade
e o poder necessários para a realização de todas as ações do Plano de
Segurança do Paciente em Serviços de Saúde.

A direção do serviço de saúde deve empregar a estrutura das


comissões, gerências, coordenações, dos comitês ou núcleos já presentes
para a realização das atividades do núcleo.
Práticas de Enfermagem 23

Nos serviços públicos ambulatoriais pode ser formado um núcleo


para cada serviço de saúde, ou um núcleo para o conjunto destes, de
acordo com a decisão do gestor local do Sistema Único de Saúde (SUS)
(BARROS; LOPES; MORAIS, 2019).
Figura 3 – Cliente/paciente

Fonte: Pixabay.

Disponibilidade para o funcionamento do núcleo


Para o funcionamento do núcleo, é necessário o oferecimento de
uma série de serviços, entre eles (BARROS; LOPES; MORAIS, 2019):

•• Recursos humanos, financeiros, equipamentos, insumos e


materiais.

•• Profissional responsável pelo núcleo com participação em todas


as instâncias deliberativas do serviço de saúde.

Princípios e diretrizes do núcleo


Os princípios e diretrizes do núcleo são (BARROS; LOPES; MORAIS,
2019):
•• Melhoria contínua dos processos de cuidado e da utilização de
tecnologias da saúde.
•• Divulgação sistemática da cultura de segurança.
•• Articulação e integração dos processos de gestão de risco.
•• Garantia das boas práticas de funcionamento do serviço de saúde.
24 Práticas de Enfermagem

Competências do núcleo
As competências do núcleo são as seguintes:

•• Promoção de ações voltadas para a gestão de risco nos serviços


de saúde.

•• Desenvolvimento de ações voltadas para a integração e a


articulação multiprofissional no serviço de saúde.

•• Promoção de mecanismos para a identificação e a avaliação da


existência de não conformidades nos processos, procedimentos
e no emprego de equipamentos, medicamentos e insumos,
oferecendo ações de prevenção e correções.

•• Elaborar, implantar, divulgar e manter sempre atualizado o Plano


de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde.

•• Acompanhamento das ações relacionadas ao Plano de Segurança


do Paciente em Serviços de Saúde.

•• Implantação de protocolos de segurança do paciente e realização


do monitoramento de todos os indicadores.

•• Estabelecimento de barreiras para a prevenção dos incidentes nos


serviços de saúde.

•• Desenvolvimento, implantação e acompanhamento de programas


de capacitação em segurança do paciente e qualidade em
serviços de saúde.

•• Análise e avaliação dos dados sobre os incidentes e os eventos


adversos em função da prestação do serviço de saúde.

•• Compartilhamento e divulgação à direção e aos profissionais do


serviço de saúde, resultados da análise e da avaliação dos dados
referentes aos incidentes e eventos adversos em função da
prestação do serviço de saúde.

•• Notificação ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária dos


eventos contrários em função da prestação do serviço de saúde.
Práticas de Enfermagem 25

•• Manter e disponibilizar à autoridade sanitária, quando requisitado,


todas as notificações de eventos adversos.

•• Acompanhar os alertas sanitários e as outras comunicações de


risco divulgados pelas autoridades sanitárias (BARROS; LOPES;
MORAIS, 2019).

Plano de Segurança do Paciente em Serviços de


Saúde
O Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde
estabelece as estratégias e as ações de gestão de risco, de acordo com
as atividades desenvolvidas pelo serviço de saúde, tendo a função de
(BARROS; LOPES; MORAIS, 2019):

•• Identificar, analisar, avaliar, monitorar e comunicar os riscos no


serviço de saúde, de forma sistemática.

•• Integrar os diferentes processos de gestão de risco desenvolvidos


nos serviços de saúde.

•• Implementar os protocolos estabelecidos pelo Ministério da


Saúde.

•• Identificação do cliente/paciente.

•• Higienização das mãos.

•• Segurança cirúrgica.

•• Segurança referente à prescrição, utilização e administração dos


medicamentos.

•• Segurança para a prescrição, utilização e administração de sangue


e hemocomponentes.

•• Segurança na utilização dos equipamentos e materiais.

•• Manutenção do registro de forma adequada quanto à utilização


das órteses e próteses quando o procedimento é realizado.

•• Prevenção de quedas dos clientes/pacientes.


26 Práticas de Enfermagem

•• Prevenção de úlceras por pressão.

•• Prevenção e controle de eventos contrários nos serviços de saúde,


incluindo as infecções referentes à assistência à saúde.

•• Segurança nas terapias nutricionais enteral e parenteral.

•• Comunicação de forma efetiva entre os profissionais do serviço de


saúde e entre serviços de saúde.

•• Estimular a participação do cliente/paciente e dos familiares na


assistência prestada.

•• Garantia do ambiente seguro.


Figura 4 – Higienização das mãos

Fonte: Pixabay.
Práticas de Enfermagem 27

Monitoramento e notificação dos eventos adversos


O monitoramento dos incidentes e eventos adversos deve ser
realizado por meio do Núcleo de Segurança do Paciente, devendo ser
feito mensalmente, até o décimo quinto dia útil do mês subsequente ao
mês de vigilância, através de ferramentas eletrônicas disponibilizadas
pela Anvisa.

VOCÊ SABIA?

Os eventos contrários que evoluírem para óbito devem


ser notificados em até 72 horas após o ocorrido (BARROS;
LOPES; MORAIS, 2019).

RESUMINDO:

Você deve ter aprendido neste Capítulo todas as


informações referentes à Portaria n° 529 e à RDC 36.

Em relação à Portaria n° 529, você estudou a adoção


das definições, as estratégias para sua implementação,
o Comitê de Implementação do Programa Nacional de
Segurança do Paciente e a composição do Programa
Nacional de Segurança do Paciente.

Já sobre a Resolução RDC n° 36, abordamos os objetivos e


a abrangência da resolução, suas definições, a criação do
Núcleo de Segurança do Paciente, os princípios, as diretrizes
e as competências do núcleo, o Plano de Segurança do
Paciente em Serviços de Saúde, o monitoramento, a
notificação dos eventos adversos e as competências da
Anvisa.
28 Práticas de Enfermagem

Sondas, cateteres, coleta de sangue e


administração de oxigênio
OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você vai saber todas as informações


referentes à coleta de sangue e à administração de oxigênio.

Sobre a coleta de sangue, vai ser estudada a coleta em


sistema fechado, a coleta em sistema aberto, as indicações
para a coleta de sangue e os seus aspectos legais.

Quanto à oxigenoterapia, será estudado os aspectos legais,


a administração de oxigênio por cateter/cânula nasal, a
administração de oxigênio por máscara, a máscara de
Venturi, a oxigenoterapia por inalação e a importância do
autocuidado.

E então? Motivado para desenvolver esta competência?


Vamos lá. Avante!

Coleta de sangue
A punção venosa é apontada como o método mais comum para
a aquisição de amostra de sangue venoso. Para esse procedimento
é necessário a perfuração de uma veia por meio da utilização de uma
agulha estéril.

A coleta de sangue é utilizada em larga escala, apresentando um


grande valor diagnóstico e muito eficaz para o tratamento dos vários
processos patológicos (BARROS; LOPES; MORAIS, 2019).
Práticas de Enfermagem 29

Figura 5 – Coleta de sangue

Fonte: Wikipedia.

A sistematização da coleta impede uma série de erros, retrabalhos


e desperdícios de amostras e reagentes, impedindo vários tipos de danos
aos clientes/pacientes.

IMPORTANTE:

A escolha dos materiais deve sempre fornecer uma


maior segurança ao enfermeiro, técnico ou auxiliar de
enfermagem que está manuseando o produto, diminuindo,
assim, os riscos de acidentes de trabalho, e garantindo uma
maior segurança no atendimento ao cliente/paciente, de
forma a elevar a confiança do exercício da função, trazendo
um resultado laboratorial mais confiável.

Quando existe erro na coleta de uma amostra de sangue, os


resultados não vão ser exatos, podendo enganar o clínico e ocasionar
ao cliente/paciente alguns tipos de incômodos, como a necessidade da
repetição do teste.

As três principais questões em função dos erros na coleta de uma


amostra de sangue são as seguintes:

•• Hemólise.
30 Práticas de Enfermagem

•• Contaminação.

•• Erro de identificação.

Existem várias regiões do corpo humano que podem ser utilizadas


para a coleta do sangue venoso, mesmo que qualquer veia do membro
superior que tenha condições pode ser puncionada.
Figura 6 – Coleta de sangue venoso

Fonte: Freepik.

As veias basílica, mediana e cefálica são as utilizadas na maioria dos


casos.

Não se deve puncionar as veias sensíveis, esclerosadas, com


trombose e endurecidas, locais com cicatrizes de queimadura, com
terapia endovenosa, membros em que já foi realizado um cateterismo ou
qualquer outro procedimento cirúrgico, além de áreas com a presença de
hematomas.

Também não devem ser puncionadas veias no lado do membro


superior que já foi submetido a mastectomia e que apresenta fístulas
arteriovenosas.

A coleta de amostras de sangue nas regiões contraindicadas pode


levar a falsos resultados ou provocar lesões no cliente/paciente.
Práticas de Enfermagem 31

As amostras retiradas próximas à infusão endovenosa podem estar


diluídas ou apresentar concentrações de fluidos.

O paciente pós-mastectomia pode ter a drenagem linfática


reduzida, bem como um maior risco para a infecção em função de uma
punção (BARROS; LOPES; MORAIS, 2019).

Coleta em sistema fechado


O Clinical and Laboratory Standardization Institute recomenda a
utilização de sistema fechado, formado por um dispositivo que possibilita
a aspiração do sangue diretamente da veia por meio do vácuo e/ou
aspiração, sendo empregada uma agulha ou cateter agulhado de duas
pontas, que são conectadas diretamente ao tubo de análise para onde o
sangue foi drenado.

Uma das vantagens do sistema fechado para coleta de sangue


venoso é que se trata de um sistema de fácil manuseio, visto que o
tubo para a coleta de sangue tem, no seu interior, vácuo calibrado
proporcional entre a quantidade de volume de sangue a ser coletado
com o anticoagulante ou ativador de coágulo determinado na etiqueta
do produto.

Também garante uma maior segurança e conforto ao cliente/


paciente, visto que existe uma maior disponibilidade para os diversos
calibres de agulhas e tubos com menor volume de aspiração, sendo
possível por meio de uma única punção coletar vários tubos (coleta
múltipla), ajudando os clientes/pacientes com acessos venosos que
poderiam ser mais difíceis. Ainda, a coleta em sistema fechado reduz
os ricos de interferentes na amostra de sangue, por exemplo: hemólise,
fibrinas e coágulo. Além disso, aumenta a segurança do profissional
durante o procedimento de coleta evitando acidentes com material
perfurocortante.
32 Práticas de Enfermagem

Coleta em sistema aberto


A coleta em sistema aberto se dá por meio da utilização de seringa e
agulha. Essa coleta aumenta o risco de acidente com perfurocortantes no
manuseio da transferência do sangue para o tubo e no posterior descarte.

VOCÊ SABIA?

Os acidentes com agulhas e outros perfurocortantes,


geralmente, são apontados como muito perigosos por
serem potencialmente capazes de transmitir vários
patógenos.

A equipe de enfermagem deve ter sempre embasamento científico


que permita orientar o cliente/paciente sobre quais são os cateteres
mais indicados para o tipo de coleta, bem como o calibre de suas veias,
garantindo uma maior segurança e qualidade na fase pré-analítica, além
de contribuir para um resultado com maior qualidade.
Figura 7 – Equipe de enfermagem

Fonte: Pixabay.
Práticas de Enfermagem 33

A escolha do material adequado promove maior segurança ao


enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem, diminuindo os riscos de
contaminação, por meio do atendimento à Norma Regulamentadora n°
32 (NR-32), de 11 de novembro de 2005, que tem a função de estabelecer
as diretrizes básicas para a implementação das medidas de proteção à
segurança e à saúde do trabalhador.

É importante frisar que ao realizar a coleta múltipla, em que é


necessária a coleta de diversos analitos de um mesmo paciente, deve ser
respeitada a recomendação quanto à sequência dos tubos, para que não
exista contaminação em decorrência dos aditivos nos tubos subsequentes
(contaminação cruzada dos aditivos) (BARROS; LOPES; MORAIS, 2019).

IMPORTANTE:

A sequência recomendada deve ser a seguinte:


1. Frascos para a hemocultura.
2. Tubos com citrato (tampa azul-claro).
3. Tubos para o soro com ativador de coágulo, com ou
sem gel separador (tampa vermelha ou amarela).
4. Tubos com heparina, com ou sem gel separador de
plasma (tampa verde).
5. Tubos com EDTA (tampa roxa).
6. Tubos com fluoreto (tampa cinza).

A coleta das amostras de sangue é definida como um dos


procedimentos invasivos mais comuns na atenção à saúde, sendo
realizada por meio da utilização de uma agulha de calibre oco no lúmen de
uma veia, de modo a obter amostras de sangue para exames laboratoriais.

Indicações para a coleta de sangue


A coleta de sangue faz parte de rotina diagnóstica, monitoramento
dos clientes/pacientes em situações críticas, pesquisa, auxílio no
diagnóstico, testes moleculares, dosagem sérica de fármacos, avaliação
da terapêutica implementada, obtenção de material para análise
bioquímica, hormonal e hematológica, determinação da compatibilidade
34 Práticas de Enfermagem

de grupos e fatores sanguíneos, entre outros (BARROS; LOPES; MORAIS,


2019).

Aspectos legais na coleta de sangue


A equipe de enfermagem pode ficar responsável para a coleta
das amostras de sangue, porém, em alguns serviços, os técnicos de
laboratório são os responsáveis pela coleta de sangue venoso.

Nos laboratórios de análises clínicas, a atuação da equipe de


enfermagem está garantida por meio da Portaria CVS n° 1, de 18 de janeiro
de 2000, que aborda as condições do funcionamento dos laboratórios
de análises clínicas, patologia clínica e congêneres, bem como por
meio da Resolução Cofen n°146, de 1 de junho de 1992, que recomenda
a existência de um enfermeiro responsável nos locais em que existam
ações de enfermagem sendo executadas.

O material necessário para o procedimento deve ser o seguinte:

•• Bandeja.

•• Tubos para amostra laboratorial.

•• Dispositivos para a coleta de amostras de sangue – método com


seringa (agulhas e seringas) e coleta a vácuo (Vacutainer e agulha
com extremidade dupla).

•• Garrote.

•• Algodão com álcool 70%.

•• Gaze ou chumaço de algodão hidrófilo.

•• Etiquetas para a identificação das amostras laboratoriais.

•• Guia ou requisição laboratorial.

•• Equipamento de proteção individual como luvas de procedimento,


óculos e máscara.
Práticas de Enfermagem 35

Oxigenoterapia
A oxigenoterapia corresponde à administração de oxigênio com
finalidade terapêutica, sendo empregada nos casos em que o cliente/
paciente tem as seguintes características, seguindo prescrição médica
(BARROS; LOPES; MORAIS, 2019):

•• Respiração ruidosa.

•• Taquipneia.

•• Ortopneia.

•• Cianose.

•• Batimentos das asas do nariz.

•• Queda da saturação de oxigênio.


Figura 8 – Oxigenoterapia

Fonte: Pixabay.

As formas mais usuais da administração do oxigênio são as máscaras


faciais ou cânulas e os dispositivos nasais.
36 Práticas de Enfermagem

É uma forma de administração complementar de oxigênio, tendo


como objetivo evitar ou tratar a deficiência de oxigênio ou hipóxia.

As principais indicações da oxigenoterapia são as seguintes:

•• Clientes/pacientes com pressão arterial de oxigênio (PaO2) menor


que 60 mmHg.

•• Saturação periférica de oxigênio (SpO2) menor que 90% em ar


ambiente ou SpO2 menor que 88% durante a deambulação,
exercícios físicos ou sono em portadores de doença
cardiorrespiratória.

Aspectos legais na oxigenoterapia


A oxigenoterapia é prescrita pelo médico, e a administração é feita
pelo enfermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem.

No caso da ausência do médico, e na presença de clientes/


pacientes graves apresentando risco de vida, é função do enfermeiro
realizar a avaliação da conduta, que deve ser a tomada, desde a prescrição
do cateter nasal até a utilização do oxigênio, quando for necessário, até
que o médico responsável chegue.

A seguir abordaremos a indicação, o material necessário e as etapas


de acordo com o dispositivo a ser utilizado (BARROS; LOPES; MORAIS,
2019).

Administração de oxigênio por cateter/cânula nasal


A administração do oxigênio por meio do cateter tipo óculos ou
cânula nasal é utilizada sempre nos casos em que o cliente/paciente
necessita de uma concentração média ou baixa de oxigênio, tendo como
objetivo a prevenção e o tratamento da hipóxia.
Práticas de Enfermagem 37

Figura 9 – Cateter nasal

Fonte: Freepik

É um procedimento considerado simples, que possibilita que o


paciente consiga conversar e se alimentar sem que exista a interrupção
da administração do oxigênio.

A prescrição é feita pelo médico, que vai determinar o volume de


oxigênio necessário para cada paciente.

O material necessário para o procedimento é o seguinte (BARROS;


LOPES; MORAIS, 2019):

•• Bandeja.

•• Cateter nasal – que pode ser empregado em vários tamanhos (8 a


12) para os adultos.

•• Umidificador.

•• Extensão de látex/silicone.

•• Fluxômetro.

•• Luvas de procedimento.
38 Práticas de Enfermagem

•• Fonte de oxigênio.

•• Solução fisiológica a 0,9%.

•• Adesivo hipoalergênico.

•• Gaze.

•• Álcool 70%.

Etapas para a administração do oxigênio

As etapas para a administração do oxigênio são as seguintes:

•• Verificação e prescrição médica do oxigênio por meio do cateter/


cânula nasal.

•• Higienização das mãos.

•• Organizar todo o material em uma bandeja desinfetada


anteriormente com álcool 70%

•• Todo o procedimento deve ser explicado para o cliente/paciente


e seus familiares.

•• Dever ser empregado um biombo para que possa ser garantida


uma maior privacidade para o cliente/paciente.

•• Deve ser realizado a higienização das mãos.

•• O cateter deve ser conectado na extensão do látex/silicone e


este no umidificador. Posteriormente, o umidificador deve estar
conectado à rede de oxigênio através do fluxômetro.

•• Devem ser calçadas as luvas de procedimento.

•• O cliente/paciente deve ser posicionado confortavelmente,


normalmente, na posição de Fowler.

•• Deve ser realizada a higiene das narinas do cliente/paciente por


meio de uma gaze umedecida em solução fisiológica a 0,9%.

•• Deve ser introduzido o cateter nasal na narina do cliente/paciente.


Para a colocação, é necessário realizar a lubrificação do cateter e
Práticas de Enfermagem 39

fazer a medida da distância da orelha ao nariz (por volta de 5 cm),


devendo ser introduzido de forma suave.

•• Deve ser realizada a fixação do cateter na região temporal ou


sobre o nariz com uma fita adesiva de forma cuidadosa. No caso
do cateter do tipo óculos, deve ser posicionado o cateter na narina
e nas orelhas, ajustando-o na mandíbula paciente de forma que
ele se sinta confortável.

•• O fluxômetro deve ser aberto de acordo com a prescrição,


liberando a quantidade de oxigênio em litros por minuto solicitada.

•• Deve ser avaliado o estado respiratório do cliente/paciente, além


de ser verificada a frequência de esforço respiratório e os sons
pulmonares.

•• Deve ser observada a presença de sinais de sofrimento respiratório,


taquipneia, dispneia e batimentos das asas do nariz.

•• Deve ser inspecionado se existe alívio dos sintomas do cliente/


paciente.

•• O cliente/paciente deve ficar o mais confortável possível.

•• Devem ser retiradas as luvas de procedimento e realizada a


higienização das mãos.

•• O procedimento deve ser verificado, e todas as anotações


necessárias devem ser feitas.

Administração de oxigênio por máscara


A administração de oxigênio por meio da máscara é empregada
quando o cliente/paciente precisa utilizar uma máscara facial simples,
com reinalação parcial, sem reinalação e de Venturi.
40 Práticas de Enfermagem

Figura 10 – Administração de oxigênio

Fonte: Freepik.

A máscara deve atuar como uma forma de conforto para o cliente/


paciente, sendo necessário que esteja ajustada de forma correta ao rosto,
para impedir que exista escape do oxigênio.

Este método é empregado quando o cliente/paciente precisa


fluidificar as secreções e necessita de aporte do oxigênio.

O procedimento deve ser prescrito pelo médico, que vai determinar


o volume de oxigênio necessário para cada cliente/paciente (BARROS;
LOPES; MORAIS, 2019).

VOCÊ SABIA?

Os materiais necessários e as etapas para a administração


do oxigênio por máscara são divididos em:

•• Máscara facial simples.

•• Máscara de reinalação parcial.

•• Máscara sem reinalação.


Práticas de Enfermagem 41

•• Máscara de Venturi.

Para as máscaras faciais simples, com reinalação parcial e sem


reinalação, são necessários os seguintes materiais:

•• Bandeja.

•• Álcool 70%.

•• Traqueia ou extensão de látex/siliconada.

•• Máscara facial especificada pelo médico.

•• Fluxômetro.

•• Água destilada estéril.

•• Cadarço ou fita elástica.

•• Gaze.

•• Fonte de oxigênio.

•• Umidificador.
Figura 11 – Máscara facial simples

Fonte: Wikipedia.
42 Práticas de Enfermagem

As etapas para o procedimento são as seguintes:

•• Verificação da prescrição médica para a administração de


oxigênio por meio da máscara.

•• Higienização das mãos.

•• Organização de todo o material em uma badeja desinfetada


com álcool 70%.

•• Todo o procedimento deve ser explicado para o cliente/


paciente e seus familiares.

•• Deve ser colocado um biombo para garantir a privacidade do


cliente/paciente.

•• Deve ser feita a higienização das mãos.

•• O cliente/paciente deve ser posicionado da forma mais


confortável possível, normalmente, na posição de Fowler.

•• O umidificador deve ser preenchido com água destilada estéril


até o nível máximo.

•• A máscara facial deve ser conectada à traqueia ou à extensão


de látex/siliconada e esta ao umidificador. Posteriormente,
deve ser conectado o umidificador na fonte de oxigênio por
meio do fluxômetro, de acordo com o tipo de máscara utilizada,
podendo ser necessário o emprego da umidificação.

•• A máscara deve ser conectada sobre o nariz, a boca e o queixo


do cliente/paciente de forma bastante cuidadosa. Quando
necessário, deve ser colocado a gaze.

•• Deve ser ajustada a faixa elástica/cadarço em volta da cabeça


para prender a máscara, deixando-a bastante firme e confortável.

•• Devem ser observados os sinais no local em que está situada


a faixa elástica/cadarço. Deve ser adicionada uma gaze ou
compressa nos locais onde existem pontos de pressão no
pescoço, na orelha e no couro cabeludo.
Práticas de Enfermagem 43

•• Deve ser aberto o fluxômetro responsável pela regulação da


quantidade de oxigênio em litros por minuto. Caso seja utilizada
a máscara com reservatório, deve ser verificado se a bolsa do
reservatório está cheia de oxigênio.

•• Deve ser ajustado o volume de fluxo e a velocidade em função


da prescrição médica.

•• Deve ser avaliado o estado respiratório do cliente/paciente, além


da frequência, os esforços respiratórios e os sons pulmonares.
Deve ser verificada presença de sinais de sofrimento respiratório,
taquipneia, dispneia e batimentos das asas do nariz. Deve ser
verificado se existe alívio dos sintomas do cliente/paciente.

•• O cliente/paciente deve ficar o mais confortável possível.

•• Deve ser realizada a higienização das mãos.

•• Deve ser observado todo o procedimento, além de serem feitas


as anotações no prontuário.

Máscara de Venturi
A máscara de Venturi permite a realização da oferta de oxigênio
de baixo e alto fluxo. São máscaras consideradas precisas e bastante
seguras, possibilitando a obtenção de várias concentrações de oxigênio,
variando de 24 a 50% em função da alteração do dispositivo, conforme
pode ser visualizado na Figura 12.
Figura 12 – Máscara de Venturi

Fonte: Banco Telesapiens.


44 Práticas de Enfermagem

O material necessário para o procedimento é o seguinte (BARROS;


LOPES; MORAIS, 2019):

•• Bandeja.

•• Álcool 70%.

•• Máscara.

•• Conexão de látex.

•• Traqueia.

•• Fonte de oxigênio.

•• Fluxômetro.

•• Umidificador.

•• Água destilada.

•• Diluidores coloridos para as diversas concentrações (24%, 28%,


31%, 35%, 40% e 50%).

•• Adaptador de acrílico para nebulização.

Etapas necessárias para o procedimento

As etapas necessárias para o procedimento são as seguintes:

•• Verificação da prescrição médica referente à administração de


oxigênio por meio da máscara de Venturi.

•• Higienização das mãos.

•• Separação de todo o material necessário em uma bandeja


desinfetada anteriormente com álcool 70%.

•• Todos os procedimentos devem ser explicados ao cliente/


paciente e seus familiares.

•• Deve ser realizada a higienização das mãos.

•• Deve ser feito o posicionamento do cliente/paciente o mais


confortável possível na posição de Fowler.
Práticas de Enfermagem 45

•• Deve ser feita a adaptação da máscara, da traqueia e do diluidor


colorido, de acordo com a prescrição.

•• Deve ser inserido o adaptador de acrílico junto ao diluidor de


oxigênio. Posteriormente, deve ser feita a conexão de látex/
siliconada.

•• Deve ser preenchido o umidificador com água destilada estéril


até o nível máximo, anotada a data da instalação para que possa
ser feita a troca do sistema (máscara/traqueia/umidificador) de
acordo com a padronização do local, além de realizar a conexão
de látex/siliconada.

•• Deve ser conectado o umidificador do fluxômetro de oxigênio,


de forma a ajustá-lo de acordo com a prescrição.

•• Deve ser colocada a máscara de Venturi sobre o nariz, a boca


e o queixo do cliente/paciente de forma bastante cuidadosa,
devendo ser ajustado o elástico na parte posterior da cabeça.

•• Deve ser observada a presença de sinais de hiperemia no local


da faixa elástica/cadarço, orelha e couro cabeludo.

•• Deve ser avaliado qual é o estado respiratório do cliente/


paciente, além da realização da verificação da frequência, o
esforço respiratório e os sons pulmonares. Deve ser observada
a existência de sinais de sofrimento respiratório, taquipneia,
dispneia e batimentos das asas do nariz. Deve ser verificado se
existe um alívio dos sintomas do cliente/paciente.

•• O local deve ficar o mais confortável possível.

•• Deve ser feita a higienização das mãos.

•• Deve ser verificado todo o procedimento e realizado todas as


anotações necessárias.
46 Práticas de Enfermagem

Oxigenoterapia por inalação


A oxigenoterapia por inalação é um método terapêutico capaz de
transformar uma solução (água ou soluções salinas) em névoa quando
sujeitada a uma determinada pressão.

Também pode estar associada à terapia medicamentosa


(mucolíticos, antibióticos, broncodilatadores e anti-inflamatórios). Todos
esses medicamentos são aplicados por meio da utilização da boca e
da cavidade nasal, ou então através da traqueostomia, fluidificando
as secreções, reduzindo os processos inflamatórios e diminuindo o
broncospasmo.

Material necessário para os procedimentos

Os materiais necessários para os procedimentos são (BARROS;


LOPES; MORAIS, 2019):

•• Bandeja.

•• Álcool 70%.

•• Fluxômetro.

•• Micronebulizador completo.

•• Conexão de látex/siliconada.

Etapas necessárias para o procedimento

As etapas necessárias para o procedimento são as seguintes:

•• Verificação da prescrição quanto à administração de oxigênio por


meio da inalação.

•• Higienização das mãos.

•• Seleção de todo o material necessário em uma bandeja desinfetada


anteriormente através de álcool 70%.

•• Todo o procedimento deve ser explicado para o cliente/paciente


e seus familiares.
Práticas de Enfermagem 47

•• Deve ser garantida a privacidade do cliente/paciente por meio da


colocação de um biombo.

•• Deve ser realizada novamente a higienização das mãos.

•• O cliente/paciente deve ser posicionado confortavelmente,


normalmente, na posição de Fowler.

•• Deve ser instalado o fluxômetro na rede de ar comprimido ou o


oxigênio, devendo ser testado posteriormente.

•• Deve ser colocada a medicação receitada no copo do nebulizador.

•• Deve ser conectada a máscara ao nebulizador, o nebulizador na


conexão de látex/siliconada e esta ao fluxômetro.

•• A máscara deve estar próxima do rosto do cliente/paciente e


ajustada, de modo a cobrir a boca e o nariz até que a solução
finalize, devendo ser aberto o fluxômetro até a constituição da
névoa.

•• O fluxômetro deve ser fechado e retirado o nebulizador.

•• O cliente/paciente deve estar o mais confortável possível.

•• Deve ser feita a higienização das mãos.

•• Deve ser verificado todo o procedimento, além de realizadas todas


as anotações necessárias.

Importância do autocuidado
A oxigenoterapia é empregada para ajudar o cliente/paciente na
assistência e no suporte ventilatório por meio da utilização de máscaras
faciais, nasais ou bucais.

As pesquisas já realizadas comprovam os grandes benefícios


quanto à utilização do oxigênio nos casos de patologias respiratórias
agudas e crônicas, ao longo da internação ou em domicílio, garantindo
uma maior estabilização clínica e uma grande qualidade de vida para o
cliente/paciente.
48 Práticas de Enfermagem

A equipe de enfermagem tem a função de capacitar o cliente/


paciente e seus familiares para realizarem os cuidados relacionados à
utilização da oxigenoterapia na alta hospitalar e no acompanhamento
domiciliar, diminuindo as complicações relacionadas ao déficit de
autocuidado (BARROS; LOPES; MORAIS, 2019).

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste Capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
todas as informações referentes à coleta de sangue e à
administração de oxigênio.

Em relação à coleta de sangue, estudamos o uso de


sistema fechado, a coleta em sistema aberto, as indicações
para a coleta de sangue e seus aspectos legais.

Quanto à oxigenoterapia, estudamos os aspectos legais,


a administração de oxigênio por cateter/cânula nasal, a
administração de oxigênio por máscara, a máscara de
Venturi, a oxigenoterapia por inalação e a importância do
autocuidado.
Práticas de Enfermagem 49

Vias, preparo e administração de


medicamentos
OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você vai saber todas as informações


referentes às vias, ao preparo e à administração de
medicamentos.

Ao longo desta Unidade, serão estudadas as funções e


os termos usados na administração dos medicamentos,
prescrição médica, legislação, nos cuidados para no preparo
dos medicamentos, nas diferentes vias de administração do
medicamento e seus cuidados, técnicas de administração
(sublingual, retal, intramuscular, intradérmica, subcutânea
e endovenosa), normas para os cálculos e a administração
do soro.

E então? Motivado para desenvolver esta competência?


Vamos lá. Avante!

Funções de administração dos


medicamentos
A principal função da administração dos medicamentos é manter
ou recuperar todas as atividades normais do corpo humano.

Existem várias formas nas quais os medicamentos podem ser


administrados, visto que há variação da metabolização por cada uma das
vias, entre elas (MOTTA, 2020):

•• Ingeridos.

•• Injetados.

•• Aplicados externamente.
50 Práticas de Enfermagem

Figura 13 – Medicamentos

Fonte: Pixabay.

Termos empregados para a administração


dos medicamentos
Existem vários termos empregados para a administração dos
medicamentos, entre eles:

•• Medicamentos ou drogas – substâncias que, ao serem introduzidas


no corpo humano, respondem a uma necessidade terapêutica,
como prevenção das doenças, vacinação, alívio dos sintomas,
diminuição da dor (analgesia) ou ajuda quanto aos diagnósticos
por meio de contrastes.

•• Dose – quantidade do fármaco administrado para fins terapêuticos.

•• Soluto – é o próprio fármaco em si.

•• Solvente – é onde o fármaco será reconstituído/diluído.

•• Ação sistêmica – ocorre quando um agente é absorvido por meio


da corrente sanguínea, sendo distribuído pelo corpo humano.
Práticas de Enfermagem 51

•• Ação localizada – ocorre quando um agente é indicado para ser


utilizado em um determinado tecido.

•• Frequência da administração – horários de administração dos


fármacos, devendo ocorrer de acordo com o intervalo estabelecido
em prescrição médica, considerando a natureza do medicamento
e do plano assistencial elaborado para o cliente/paciente. O
melhor horário de administração deve ser sempre analisado, bem
como o nível sanguíneo em que o fármaco deve ser mantido.

•• Sinergismo – é quando o fármaco é associado, e um potencializa


o efeito de outro.

•• Antagonismo – é quando o fármaco é associado, e um anula ou


minimiza o efeito do outro.

Prescrição médica
Toda prescrição médica deve levar em consideração os seguintes
itens:

•• Nome completo do cliente/paciente.

•• Data e horário da realização da prescrição.

•• Nome do medicamento.

•• Dosagem e intervalo.

•• Via de administração.

•• Tempo de infusão.

•• Assinatura de quem prescreveu.

É importante ressaltar que a prescrição médica legível é uma


obrigação legal do médico. A equipe de enfermagem deve ter sempre
certeza daquilo que está sendo lido para que o medicamento possa ser
administrado com a máxima segurança. Em casos de dúvidas, é preciso
que seja esclarecido com o responsável pela prescrição (MOTTA, 2020).
52 Práticas de Enfermagem

Figura 14 – Prescrição médica

Fonte: Pixabay.

Legislação para a administração dos


medicamentos
A administração dos medicamentos é uma das atribuições dos
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, sendo necessário,
portanto, treinamento contínuo em função do grande número de produtos
lançados no mercado. A atualização constante também é essencial.

O conhecimento da anatomia, fisiologia, farmacologia e matemática


são fundamentais em todo este processo.

É fundamental, nesse caso, o conhecimento de todos os aspectos


legais relacionados à prática.

Cuidados para o preparo dos


medicamentos
Existem vários cuidados para o preparo e a administração dos
medicamentos que são considerados como essenciais, entre eles
(MOTTA, 2020):

•• Excelente iluminação no local de preparo.

•• Concentração.
Práticas de Enfermagem 53

•• Não interrupção de todas as tarefas antes da sua respectiva


finalização.

•• Manutenção da prescrição médica sempre à frente durante a


preparação.

•• Conferência do rótulo antes da retirada do medicamento do


armário, no preparo do medicamento e antes da reposição do
medicamento no armário.

•• Verificação da data de validade do medicamento.

•• O medicamento nunca deve ser administrado sem o seu rótulo. A


sua cor não pode ser utilizada como parâmetro.

•• O medicamento deve conter uma etiqueta com nome do cliente/


paciente, número do leito, nome do medicamento, dosagem,
diluição, via de administração e nome do responsável pelo preparo.
Figura 15 – Preparo dos medicamentos

Fonte: Freepik.
54 Práticas de Enfermagem

Cuidados e vias na administração do


medicamento
Quanto aos cuidados e as vias de administração dos medicamentos,
devem ser levados em consideração os seguintes itens:

•• Manter-se junto ao cliente/paciente até que este tome o


medicamento.

•• O medicamento deve ser administrado sempre pelo mesmo


enfermeiro, técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem
responsável pela sua preparação.

•• Deve ser circulado o horário em que o cliente/paciente se recusou


a tomar o medicamento ou qual o motivo pelo qual o medicamento
não foi administrado.

Diferentes vias para a administração dos


medicamentos
Existem diferentes vias para a administração dos medicamentos,
entre elas (MOTTA, 2020):

•• Gastroenteral – sublingual, oral, gástrica, duodenal e retal.

•• Respiratória – nasal.

•• Cutânea/tópica.

•• Intradérmica.

•• Endovenosa.

•• Intra-articular.

•• Intra-arterial.

•• Intrarraquidiana.

•• Intracardíaca.

•• Intrapericárdica.

•• Intrapleural.
Práticas de Enfermagem 55

Técnicas de administração dos


medicamentos
A seguir abordaremos as técnicas de administração dos
medicamentos, entre elas:

•• Sublingual.

•• Retal.

•• Intramuscular.

•• Intradérmica.

•• Subcutânea.

•• Endovenosa.

Sublingual
Neste caso, o medicamento prescrito deverá ser colocado sob a
língua do cliente/paciente, devendo ser solicitada a sua colaboração, no
sentido de abster-se de engolir a saliva, para que a droga seja absorvida.

Os materiais necessários são bandeja, copinho e o medicamento


prescrito.

Para a administração correta do fármaco são necessários uma série


de procedimentos, entre eles (MOTTA, 2020):

•• Conferência da prescrição médica e da medicação a ser


administrada.

•• Identificação dos copinhos com o nome do cliente/paciente,


nome da medicação e hora e número do leito.

•• Diluição do medicamento quando for necessário.

•• A medicação e a prescrição médica devem ser conferidas


novamente por meio da verificação de data, cliente, hora, via de
administração e dose.

•• Levar bandeja da medicação junto ao cliente/paciente.


56 Práticas de Enfermagem

•• Perguntar o nome do cliente/paciente.

•• Oferecer o medicamento.

•• Lavar a bandeja à sala de utilidades.

•• Checar na prescrição médica.


Figura 16 – Medicamento sublingual

Fonte: Pixabay.

Retal
Para a administração retal são necessários os seguintes materiais:

•• Unidade de Cuba Rim.

•• Supositório prescrito.

•• Par de luvas de procedimento.

•• Papel higiênico.

Para a administração do fármaco são necessários os seguintes


procedimentos:

•• Orientação do cliente/paciente com relação ao procedimento.

•• Preparo do material.

•• Colocação do cliente/paciente na posição de Sims, decúbito


lateral esquerdo e perna direita ligeiramente fletida.
Práticas de Enfermagem 57

•• Calçar as luvas.

•• Afastar a prega interglútea para realizar a introdução do supositório


na região retal.

•• Manter a pressão no ânus para que o medicamento não seja


excretado.

•• O cliente/paciente deve ficar o mais confortável possível.

•• Deve ser checada a prescrição médica.

•• Deve ser anotado o efeito do medicamento.

Intramuscular
A injeção intramuscular deve ser aplicada no tecido muscular por
meio da perfuração da pele. A desvantagem desta via é que é considerada
dolorosa em decorrência da introdução da agulha e da absorção do
medicamento.

O desconforto dessa forma de aplicação do medicamento pode ser


minimizado por meio dos seguintes cuidados (MOTTA, 2020):

•• Deve ser mantida a técnica asséptica ao longo de todo o


procedimento. Quando existir algum tipo de dúvida com relação
a uma possível contaminação do material ou do medicamento,
este deve ser considerado como contaminado.

•• Deve ser trocada a agulha posteriormente à aspiração da


solução na seringa ou quando a solução for aspirada do frasco-
ampola.

•• Deve ser utilizada uma agulha de comprimento suficiente para


alcançar o músculo escolhido e de calibre adequado.

•• Ao escolher o local de aplicação, deve ser observada qual é a


condição do músculo.

•• Deve ser assegurada a privacidade do cliente/paciente.

•• Não se pode ficar inseguro durante a aplicação da injeção.

•• Todas as soluções devem ser injetadas de forma lenta.


58 Práticas de Enfermagem

•• Deve ser realizada pressão no local administrado com a


extremidade dos dedos, de modo a auxiliar na absorção da
droga.

•• O local de aplicação deve ser rodiziado e o volume ideal é de 2


a 3 mL, podendo variar de 2 a 5 mL.

Injeção intramuscular na região dorsoglútea

Os três músculos da região glútea são o glúteo máximo, médio e


mínimo. Um dos locais da região glútea que pode ser empregado para a
injeção intramuscular é o quadrante superior externo (região dorsoglútea),
em que a solução é introduzida no músculo máximo.

A área para a aplicação pode ser delimitada por meio do traçado


de uma linha imaginária horizontal, que vai desde o final da prega glútea
à espinha ilíaca, e uma linha vertical no meio dessa linha horizontal, de
forma que o glúteo seja dividido em quatro quadrantes.

Não é indicado para crianças de 0 a 2 anos, adultos muito magros


e adultos com mais de 60 anos. Podem existir acidentes, por exemplo, a
lesão do nervo ciático, levando à paralisia do músculo dorsoflexor do pé;
necrose da área glútea; e formação de nódulos e infiltrados subcutâneos.

Injeção intramuscular na face lateral da coxa

Na face anterolateral da coxa está o músculo vasto lateral,


considerado o maior dos componentes do quadríceps.

É considerada uma região de grande massa muscular e extensa


área para a aplicação, uma vez que está livre de vasos, veias e nervos.

A aplicação pode ser realizada superiormente, respeitando sempre


a distância de 12 cm a 15 cm abaixo do trocânter maior e inferiormente de
9 cm a 12 cm acima do joelho em uma faixa de 7 cm a 10 cm de largura.

Essa região é contraindicada no caso de recém-nascidos de 0 a 28


dias, podendo ser aplicada em qualquer outra idade, visto que o risco de
lesões é considerado mínimo.
Práticas de Enfermagem 59

Injeção intramuscular em região ventro-glútea (ou Hochstetter)

Este local é considerado muito adequado para a aplicação, visto


que apresenta uma grande espessura muscular formada pelos músculos
glúteo médio e mínimo, estando limitada pelo osso ilíaco, que faz a
separação das estruturas que estão profundamente localizadas.

Apresenta feixes musculares com direções responsáveis pela


prevenção do deslizamento da solução injetada em direção ao nervo
ciático.

Pode ser aplicada em qualquer faixa etária e em qualquer cliente/


paciente, desde indivíduos magros até obesos. O grande incômodo está
relacionado à ansiedade do cliente/paciente que acaba vendo a via em
que está sendo realizada a administração. O enfermeiro, técnico e auxiliar
de enfermagem deve ser altamente treinado para esta prática.

Deve ser colocada a mão esquerda no quadril direito do cliente/


paciente, fazer a localização por meio da falange distal do dedo indicador
à espinha ilíaca anterossuperior direita, estendendo o dedo médio ao
longo da crista ilíaca, espalmando a mão sobre a base do grande trocânter
do fêmur e constituindo com o dedo indicador um triângulo.

Posteriormente, deve ser localizada a punção nesse triângulo, por


meio da agulha dirigida levemente para a crista ilíaca.

Quando a aplicação for do lado esquerdo do cliente/paciente, deve


ser colocado o dedo médio na espinha ilíaca anterossuperior e, depois,
fazer o afastamento do dedo indicador para constituir o triângulo.

Nas crianças deve ser colocado o espaço interdigital dos dedos


médio e indicador na saliência rolante do grande trocânter. No caso da
existência de mãos pequenas, deve ser colocado o punho no grande
trocânter em lugar da mão espalmada (MOTTA, 2020).

Injeção intramuscular em região deltoide

O músculo deltoide tem um formato triangular, com a base inserida


na clavícula e na escápula. Para aplicar a injeção deve ser respeitado a
distância de 3 cm a 5 cm abaixo do acrômio ou 3 cm a 5 cm da margem
inferior do deltoide na inserção do músculo bíceps.
60 Práticas de Enfermagem

SAIBA MAIS:

Existe a contraindicação para as crianças de 0 a 10 anos,


visto que é um músculo muito pequeno e de espessura
reduzida. Também é contraindicado no caso de clientes/
pacientes que têm um pequeno desenvolvimento
muscular local, substâncias irritantes, volume superior a 2
mL e injeções concomitantes.

Podem ocorrer acidentes como lesão tissular do feixe


vasculonervoso.

Os materiais utilizados são os seguintes:

•• 1 unidade de bandeja.

•• 1 unidade de seringa de 3 mL, 5 mL ou 10 mL.

•• 1 unidade agulha 30 × 06, 30 × 07 ou 30 × 08.

•• 2 bolas de algodão.

•• 5 mL de álcool 70%.

•• Medicamento prescrito.

Os procedimentos necessários são os seguintes (MOTTA, 2020):

•• Lavagem das mãos.

•• Escolha da seringa em função do volume que será injetado. O


comprimento e o calibre da agulha devem ter uma variação em
decorrência do grupo etário e da espessura do tecido.

•• Para a preparação da medicação deve ser feita assepsia da ampola


e, posteriormente, a aspiração do medicamento, colocando o
protetor na agulha.

•• Deve ser orientado o cliente/paciente quanto aos procedimentos.

•• Deve ser feita antissepsia da pele de cima para baixo, devendo ser
removida toda a sujidade do local da punção.

•• Deve ser administrado todo o medicamento em um ângulo de 90°.


Práticas de Enfermagem 61

•• O medicamento deve ser aspirado antes da injeção, devendo ser


verificado se algum vaso foi atingido.

•• O líquido deve ser injetado de forma lenta.

•• Deve ser feita uma leve compressão no local posteriormente à


administração.

•• Deve ser checada a prescrição médica.

No Quadro 1, pode ser observada a relação do calibre da agulha


para a administração das injeções intramusculares.
Quadro 1 – Calibre da agulha para a administração das injeções intramusculares

ESPESSURA DO TECIDO SOLUÇÕES SOLUÇÕES


SUBCUTÂNEO OLEOSAS AQUOSAS
Adulto magro 25 x 8 25 x 7 ou 7
Adulto normal 30 x 8 30 x 6 ou 7
Adulto obeso 40 x 8 40 x 6 ou 7
Criança magra 20 x 8 20 x 6 ou 7
Criança normal 25 x 8 25 x 6 ou 7
Criança obesa 30 x 8 30 x 6 ou 7
Fonte: Motta (2020).

Via intradérmica
A via intradérmica corresponde à introdução do medicamento
na derme, não sendo muito comum a sua utilização como forma de
tratamento, porém está relacionada à dessensibilização no caso de
alergias e vacinas.

O volume máximo para ser administrado é de 0,5 centímetro cúbico


(cc). A dor na aplicação é semelhante à picada de um inseto, e necrose na
região pode ser considerada um acidente.

Os materiais utilizados são os seguintes:

•• 1 unidade de bandeja.

•• 1 unidade de seringa de 3 mL, 5 mL ou 10 mL.


62 Práticas de Enfermagem

•• 1 unidade de agulha para injeção 13 × 25.

•• 2 bolas de algodão.

•• 5 mL de álcool 70%.

•• Medicamento prescrito.

Procedimentos necessários

Os procedimentos necessários são os seguintes:

•• Lavagem das mãos.

•• Preparação da medicação, realizando a assepsia da ampola,


e posteriormente, a aspiração do medicamento, devendo ser
colocado o protetor na agulha.

•• Orientação do cliente/paciente quanto ao procedimento realizado.

•• Deve ser realizada a antissepsia da pele de cima para baixo,


devendo ser removida toda a sujidade para longe do local da
punção. Normalmente, essa injeção é realizada sem a antissepsia.

•• A agulha deve ser posicionada em um ângulo de 15° com relação


à superfície da pele.

•• Deve ser introduzida a agulha com o bisel para cima para constituir
uma pápula.

•• As agulhas para aplicação devem ser com bisel curto e um


pequeno calibre.

Via subcutânea
A via subcutânea corresponde à introdução do medicamento na
região subcutânea. A absorção dos medicamentos por meio desta via é
mais lenta que outra via intramuscular (MOTTA, 2020).
Práticas de Enfermagem 63

IMPORTANTE:

É indicada para os fármacos que não precisam de uma


absorção imediata, mas sim quando se está buscando uma
absorção contínua.

Podem existir lesões inflamatórias no local, por isso a


importância de realizar um revezamento da aplicação, que
é considerado um método profilático para estes casos.

Podem ser aplicadas no abdome, braço, na coxa ou em outra região


na qual exista um tecido adiposo ou subcutâneo.

Os materiais que devem ser utilizados são os seguintes:

•• 1 unidade de bandeja.

•• 1 unidade de seringa de 1 mL.

•• 1 unidade de agulha 13 × 25.

•• 2 bolas de algodão.

•• 5 mL de álcool 70%.

•• Medicamento prescrito.

Procedimentos necessários

Os procedimentos necessários para sua realização são os seguintes


(MOTTA, 2020):

•• Lavagem das mãos.

•• Preparo da medicação por meio da assepsia da ampola e,


posteriormente, a aspiração do medicamento, devendo ser
colocado o protetor na agulha.

•• Orientação do cliente/paciente quanto ao procedimento.

•• Realizar a antissepsia da pele de cima para baixo, removendo toda


a sujidade para longe do local da punção.

•• Fazer o posicionamento da agulha em ângulo de 30° a 60° com


relação à superfície da pele com agulha 20 × 07. Ao utilizar uma
64 Práticas de Enfermagem

agulha 10 × 05, deve ser feito um ângulo de 90° em relação à


superfície da pele.

•• Deve ser introduzida a agulha com o bisel para cima.

•• O local não deve ser friccionado posteriormente à aplicação.

•• Nos indivíduos magros, deve ser levantada a pele, mantendo-a


suspensa e fazendo a introdução da agulha paralela à pele.

•• Deve ser administrado até 1,5 mL.

Via endovenosa

A via endovenosa corresponde à introdução do medicamento de


forma direta na veia do cliente/paciente por meio de uma punção na veia
escolhida.

É indicada nos casos em que é necessária uma ação imediata do


medicamento, bem como para os casos de medicamentos muito irritantes
e dolorosos.

Existem alguns acidentes que podem ocorrer durante a


administração dos medicamentos endovenosos, por exemplo:

•• Esclerose da veia – aplicações contínuas no mesmo local.

•• Abscessos – assepsia não adequada no local da punção e material


contaminado.

•• Hematomas – extravasamento de sangue da veia no espaço


intersticial por transfixação da veia.

•• Flebites – grande permanência de dispositivos endovenosos ou


drogas irritantes.

•• Êmbolos – deslocamento dos resíduos dos medicamentos mal


diluídos ou coágulos de sangue atuando como êmbolos.

•• Infiltração – passagem do líquido para o tecido subcutâneo,


existindo um deslocamento da agulha ou uma penetração na
parede do vaso.
Práticas de Enfermagem 65

•• Choque – ao aplicar um determinado medicamento, pode


existir um estado de choque, vasodilatação geral, palidez,
vertigem, agitação, cianose, ansiedade e tremores. Pode ocorrer
choque pirogênico decorrente do medicamento, isto é, existe
uma substância produzida por uma bactéria, levando a várias
reações como febre e alergias; e choque anafilático em função
da susceptibilidade do cliente/paciente ao medicamento.

Cuidados para a administração dos medicamentos endovenosos

O enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem devem tomar


uma série de cuidados durante a administração dos medicamentos
endovenosos, por exemplo:

•• Escolha segura do local, devendo ser sempre de fácil acesso e


confortável ao cliente/paciente.

•• O segmento escolhido deve ser mais longo que a agulha.

•• Não é possível puncionar uma veia em um membro do mesmo


lado em que já foi realizada uma mastectomia, ou ainda devido à
presença de paresias, paralisias ou fístulas arteriovenosas.

•• A preferência deve ser sempre dada às veias do braço, cefálica,


basílica, radial e antecubital.

•• Nos casos em que estiver previsto para que o cliente/paciente


faça uma terapia intravenosa demorada, deve ser iniciada a punção
através das veias periféricas menores, utilizando as veias maiores
e mais centrais posteriormente à utilização dos locais periféricos.

•• O calibre da agulha deve ser escolhido considerando a finalidade


da infusão, isto é, para os agentes irritantes (antibióticos), deve ser
utilizada uma agulha de pequeno calibre em uma veia de grande
calibre, para que exista uma maior diluição da solução infundida.

•• Quando existe a necessidade da infusão de um grande volume de


forma rápida, deve ser utilizada uma agulha de grande calibre para
uma grande veia.
66 Práticas de Enfermagem

•• Deve ser evitada a prática de tapas sobre o local a ser puncionado,


visto que podem levar ao rompimento da veia durante a punção.

•• As compressas mornas sobre o local a ser puncionado vão ajudar


no procedimento da punção.

Cuidados para o controle e a manutenção das soluções


endovenosas

Os cuidados para o controle e a manutenção das soluções


endovenosas ou soros são:

•• Observar cuidadosamente o gotejamento do soro, visto que uma


infusão mais lenta que o prescrito pode levar a um atraso na
restauração do equilíbrio hidroeletrolítico, enquanto uma infusão
muito mais rápida que a prescrita vai sobrecarregar o organismo.
Quando existe um atraso ou adiantamento no tempo de infusão,
não se deve modificar o gotejamento para que esteja no horário
certo, mas deve ser corrigido e comunicado para o enfermeiro
responsável.

•• O gotejamento deve ser controlado de hora em hora pelo técnico


ou auxiliar de enfermagem.

•• Quando o soro parar de gotejar, deve ser verificado se não


existe uma dobra no sistema tubular ou pinçamento. Devem ser
observadas as características do local puncionado (edema e
hiperemia) e, em caso de alterações, deve ser retirada a agulha.

•• Quando existem sinais de coagulação de sangue na agulha


levando à obstrução, deve-se procurar fazer a desobstrução por
meio da aspiração com uma seringa contendo solução salina.

•• Quando o gotejamento não está regular, deve-se verificar se o


bisel da agulha está encostando na parede do vaso, devendo ser
removida a fixação e refeita posteriormente.

Os materiais necessários são os mesmos utilizados para a injeção


intramuscular, acrescentando, nesse caso:

•• 1 unidade de garrote.
Práticas de Enfermagem 67

•• 1 unidade de infusor múltiplo de 2 vias e/ou torneirinha de três


vias.

•• 1 unidade de cateter intravenoso.

•• 1 pacote de gaze.

•• 30 cm de esparadrapo ou micropore.

Procedimentos necessários

Os procedimentos necessários são os seguintes:

•• Lavagem das mãos.

•• Preparo da medicação realizando uma assepsia da ampola,


posteriormente à aspiração do medicamento, protegendo a
seringa.

•• O cliente/paciente deve ser orientado sobre o procedimento a ser


realizado.

•• Deve ser protegida a cama com papel-toalha.

•• Deve ser garroteado o membro um pouco acima do local a ser


realizada a punção.

•• Deve ser feita antissepsia no local por meio do movimento de


cima para baixo, devendo ser removida toda a sujidade do local
da punção em movimento circular.

•• Deve ser fixada a veia e realizada a punção.

•• Deve ser retirado o garrote.

•• Deve-se injetar o medicamento, observando as reações do


cliente/paciente.

•• Deve ser retirada a agulha, além de fazer a compressão do local.


68 Práticas de Enfermagem

Normas para os cálculos


A terapêutica medicamentosa é empregada em grande parte para
os clientes/pacientes ao longo de todo o período assistencial, por meio
dos seguintes regimes:

•• Ambulatorial.

•• Internação hospitalar.

•• Domiciliar.

Para o manuseio e a administração dos medicamentos, o enfermeiro


precisa estar apto e treinado para esta função, para que não ocorram
possíveis erros.

Agora será apresentado, em detalhes, os cálculos mais empregados


no dia a dia dos profissionais de enfermagem.

As medidas básicas utilizadas pelos profissionais de enfermagem


são as seguintes:

•• 1 kg = 1.000 gr.

•• 1 g = 1.000 mg.

•• 1 mg = 1.000 mcg.

•• 1 L = 1.000 mL.

•• 1 mL = 1.000 mililitros.

•• 1 colher de chá = 5 mL.

•• 1 colher de sopa = 15 mL.

•• 1 mL = 20 gotas = 60 microgotas.

•• 1 gota = 3 microgotas.

Quanto à administração dos comprimidos, estes podem ser diluídos


ou divididos, enquanto as drágeas e as cápsulas devem ser ingeridas
inteiras.
Práticas de Enfermagem 69

Já as soluções para a diluição dos medicamentos endovenosos são


as seguintes:
•• Soluções de glicose a 5% (SG a 5%).
•• Soro fisiológico a 0,9% (NaCl a 0,9%).
•• Soro glicofisiológico (SGF).
•• Solução de Ringer (SR).
•• Ringer com lactato (SRL).

Água para injeção.

•• Agentes antimicrobianos.

As seringas e a graduação são as seguintes:

•• 20 mL – graduação mínima de 1 mL, com numeração a cada 5 mL.

•• 10 mL – graduação mínima de 0,2 mL, com numeração a cada 1


mL.

•• 5 mL – graduação mínima de 0,2 mL, com numeração a cada 1 mL.

•• mL – graduação mínima de 0,1 mL, com numeração a cada 1 mL.

•• 1 mL – graduação mínima de 0,02 mL, com numeração a cada 0,1


mL.

Administração do soro
O soro é uma solução que pode ser isotônica, hipertônica e
hipotônica, tendo as seguintes finalidades: hidratação, alimentação,
curativos, solvente de medicações (ampolas), compressa ocular e
compressas diversas.

Os tipos de soro mais empregados são os seguintes (MOTTA, 2020):

•• Soro glicosado 5% e 10% (SG 5% e SG 10%).

•• Soro fisiológico 0,9% (SF 0,9%).

•• Soro glicofisiológico (SGF).

•• Soro Ringer com lactato ou Ringer simples.


70 Práticas de Enfermagem

Figura 17 – Soro

Fonte: Pixabay.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste Capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido todas as informações referentes
à administração dos medicamentos, bem como os termos
empregados na prescrição médica e a legislação para a
administração dos medicamentos.
Outros assuntos fundamentais abordados foram os
cuidados para o preparo dos medicamentos, os cuidados e
as diferentes vias para a administração dos medicamentos.
Por último, abordamos, em detalhes, todas as técnicas
de administração dos medicamentos (sublingual, retal,
intramuscular, intradérmica, subcutânea e endovenosa), as
normas para os cálculos e a administração do soro.
Práticas de Enfermagem 71

Tipos de nutrição e curativos na atenção


em enfermagem
OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você vai saber todas as informações


referentes à importância da nutrição e alimentação por
sonda nasogástrica (indicações da sonda, procedimentos
técnicos para alimentação por sonda nasogástrica, retirada
da sonda nasogástrica e terapia nutricional enteral).
Também serão estudadas as vias de acesso (sonda para
nutrição enteral através da via nasal ou oral, administração
da dieta através da sonda nasogástrica, manutenção
da sonda, cuidados de enfermagem necessários para a
utilização de sonda e a administração da dieta através da
gastrostomia).
Por último, estudaremos a nutrição parenteral (vias de
administração e a administração da nutrição parenteral).
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Vamos lá. Avante!.

Importância da nutrição
A nutrição é apontada como uma das necessidades básicas do ser
humano, e a terapia dietética tem a função de auxiliar no tratamento de
várias doenças.

A dieta para o cliente/paciente é oferecida por meio das seguintes


vias (COSTA; EUGENIO, 2014):

•• Oral.

•• Enteral (auxílio de uma sonda).

•• Parenteral (direto no vaso sanguíneo).


72 Práticas de Enfermagem

Figura 18 – Nutrição parenteral

Fonte: Wikipedia.

Os padrões alterados de ingestão dos alimentos e nutrientes ou


outros diagnósticos de enfermagem estão associados ao seguinte:

•• Disfagia.

•• Problemas de dentição, cavidade oral ou bucomaxilofacial.

•• Náuseas, vômitos ou diarreia prolongada devido à grande perda


de eletrólitos.

•• Prescrição de jejum ou dieta líquida por mais de três dias.

•• Limitações ou incapacidade para alimentação sozinho.

•• Alterações na capacidade funcional (elevação ou redução das


atividades diárias).

•• Alcoolismo e/ou dependência química.


Práticas de Enfermagem 73

A disfagia é definida como a dificuldade para realizar a deglutição


(normalmente chamada de “disfagia orofaríngea”), como a sensação de
que alimentos sólidos e/ou líquidos estão retidos, de alguma forma, na
passagem da boca para o estômago (normalmente, chamada de “disfagia
esofágica”). Um de seus principais sinais é a presença de engasgos
frequentes durante a alimentação.

Alimentação por sonda nasogástrica


A alimentação através da sonda nasogástrica é um sistema utilizado
para alimentação sendo constituído por um tubo de vários comprimentos
e um conector, fabricados em 100% silicone.

O tubo é translúcido e está marcado com 20, 30, 40 e 50 cm do


extremo distal no modelo para adulto e pediátrico.

Apresenta quatro perfurações no extremo distal no modelo adulto


e duas perfurações no pediátrico, estando fechadas e em forma cilíndrica
no silicone transparente (COSTA; EUGENIO, 2014).
Figura 19 – Sonda de Levine

Fonte: Costa e Eugenio (2014).


74 Práticas de Enfermagem

Indicações da sonda
A sonda nasogástrica é empregada para os pacientes
impossibilitados para fazer a ingestão dos medicamentos e alimentos
através da via oral.

Também tem a função de realizar o esvaziamento/lavagem gástrica


nos clientes/pacientes com intoxicações devido à ingestão de alimentos
ou medicamentos, além de coletar as amostras de secreção gástrica para
o diagnóstico.

Uma outra indicação da sonda nasogástrica é a drenagem


do estômago ou do intestino através da sucção, sendo realizado
frequentemente nos casos de obstrução intestinal ou cirurgias neste local.

Quando a sonda está fechada é chamado de “gavagem”, sendo


utilizada para a alimentação ou medicação; e, quando está posicionada
para a drenagem, com um coletor adaptado, de “sifonagem”.

Procedimentos técnicos para alimentação por


sonda nasogástrica
Os procedimentos necessários para a alimentação através da sonda
nasogástrica são os seguintes (COSTA; EUGENIO, 2014):

•• Lavagem das mãos.

•• Orientação ao cliente/paciente sobre todos os procedimentos.

•• Pegar todo o material e levar para a unidade do paciente.

•• Fechar a porta do quarto ou cercar a cama através de um biombo.

•• Colocar o cliente/paciente na posição de Fowler sempre quando


este apresentar as condições necessárias.

•• Calçar as luvas de procedimentos.

•• Fazer a medição da sonda desde o lobo inferior da orelha até a


base do nariz, do nariz até o apêndice xifoide, por meio de um
esparadrapo fino.
Práticas de Enfermagem 75

•• Fazer a lubrificação de 10 cm da entrada da sonda.

•• Colocar a toalha descartável ou lençol sob o tórax do cliente/


paciente, deixando a cuba rim sobre este.

•• Fazer a avaliação das condições das narinas e a simetria respiratória,


priorizando a narina que se encontra desobstruída.

•• Enrolar a extremidade distal da sonda na mão dominante, deixando


a ponta exposta.

•• Disponibilizar água para o cliente/paciente nos casos em que não


existe qualquer tipo de contraindicação.

•• Solicitar ao cliente/paciente para que ajude na deglutição até


alcançar a demarcação da fita adesiva ou esparadrapo.

•• Ficar atento quanto à presença de tosse e cianose durante o


procedimento; na existência de ambos, a sonda deve ser retirada
de imediato e introduzida novamente na outra narina depois de
alguns minutos.

•• A sonda deve ser introduzida até a marcação feita com esparadrapo.


Posteriormente, deve ser verificado o seu posicionamento.

Para a realização de verificação do posicionamento da sonda são


necessários os seguintes procedimentos:

•• Aspiração da sonda com a ajuda de uma seringa.

•• Caso exista resíduo gástrico, devem ser introduzidos de 1 a 5


mL nas crianças e de 10 a 20 mL nos adolescentes e adultos.
Simultaneamente, deve ser feita a ausculta por meio da utilização
de um estetoscópio abaixo do apêndice xifoide.

•• Na presença da sonda nasoenteral deve ser feita uma radiografia


posteriormente a duas horas da instalação, tendo como função
verificar se a localização está correta.

•• As luvas devem ser retiradas.


76 Práticas de Enfermagem

•• Deve ser fixada a parte externa da sonda no nariz ou tipo “bigode”


devendo ser mantida fechada.

•• O cliente/paciente deve ficar limpo e ser colocado em uma


posição considerada agradável.

•• Deve ser retirado o material que foi empregado na unidade.

•• O enfermeiro deve lavar as mãos.

•• Todo o procedimento deve ser registrado, ou seja, deve ser


anotado qual foi o número de sonda utilizada, via introduzida, data
e assinatura do profissional.
Figura 20 – Sonda nasogástrica

Fonte: Wikipedia.
Práticas de Enfermagem 77

Retirada da sonda nasogástrica


Para a retirada da sonda nasogástrica devem ser considerados os
seguintes itens:

•• Orientação para o cliente/paciente sobre o procedimento que


será realizado.

•• A sonda deve ser fechada antes da sua retirada.

•• Deve ser solicitado ao cliente/paciente para que este faça uma


inspiração profunda, seguido de uma expiração lenta.

•• A sonda deve ser retirada por meio de um movimento lento, mas


constante. A sonda deve ser mantida longe da vista do cliente/
paciente, devendo ser envolvida por meio de uma compressa.

•• Deve ser fornecido ao cliente/paciente todo o material necessário


para a sua higiene oral, bem como um lubrificante para ser utilizado
para o ressecamento nasal.

•• Deve ser anotado o horário em que a sonda foi retirada e qual ou


quais foram as reações do cliente/paciente.

Sonda oroenteral

Quanto à sonda oroenteral, deve-se evitar que o cliente/paciente


morda a sonda, devendo ser colocado uma cânula de Guedel, quando
necessário.

Caso a sonda seja nasoenteral, deve ser medida a extensão da base


do nariz ao lóbulo da orelha até o ponto médio entre o final do apêndice
xifoide e a cicatriz umbilical.

As sondas de Levine devem ser trocadas a cada 72 horas ou em


função da necessidade, devendo ser alternada as narinas.

As sondas nasoenterais são de longa duração, devendo ser trocadas


somente caso exista a necessidade como para a mobilização, obstrução
da sonda e existência de vômitos (COSTA; EUGENIO, 2014).
78 Práticas de Enfermagem

Figura 21 – Exemplos de fixação da sonda

Fonte: Costa e Eugenio (2014).

Terapia nutricional enteral


De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada n° 63, de 6 de
julho de 2000, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o enfermeiro
é o responsável pela administração da nutrição enteral e da prescrição
dos cuidados de enfermagem tanto ao nível hospitalar, ambulatorial e
domiciliar (BRASIL, 2000).

A nutrição enteral é entendida como o alimento para fins especiais,


existindo um controle da ingestão dos nutrientes, de forma isolada ou
combinada, de composição definida ou estimada, formulada e elaborada,
principalmente para a utilização da sonda ou via oral, industrializada ou
não. Ainda de acordo com essa resolução, a terapia nutricional enteral é
empregada de forma exclusiva ou parcialmente para a substituição ou
o complemento da alimentação oral nos clientes/pacientes desnutridos
ou não, de acordo com as suas necessidades nutricionais, em regime
hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, tendo como objetivo a síntese ou a
manutenção de tecidos, órgãos ou sistemas (BRASIL, 2020).

É indicada para pacientes com risco nutricional ou desnutrição, visto


que têm uma ingestão não adequada, a fim de suprir as necessidades
diárias, como também no caso das seguintes situações:

•• Trauma.
Práticas de Enfermagem 79

•• Anorexia.

•• Alcoolismo.

•• Queimaduras.

A terapia nutricional enteral também é indicada no caso de ingestão


não adequada de alimentos e para os clientes/pacientes com perda não
voluntária do peso corporal.

Os pacientes que não podem se alimentar em função da


modificação do nível de consciência, lesões na cavidade oral, acidente
vascular encefálico e aqueles com algum tipo de problema ou doenças
gastrintestinais graves como pancreatite, quimioterapia e radioterapia,
também devem fazer uso desta terapia.

Vias de acesso
As vias de acesso correspondem ao local onde está posicionada a
sonda para a passagem da dieta enteral.

De acordo com a Portaria n° 120, de 14 de abril de 2009 do Ministério


da Saúde, a nutrição enteral é definida como uma fórmula nutricional
completa administrada por meio das sondas nasoentérica, nasogástrica,
jejunostomia ou gastrostomia (BRASIL, 2009), conforme pode ser
observado no Quadro 2.
Quadro 2 – Vias de acesso

LOCAL DE
POSICIONAMENTO DA NASAL OSTOMIAS
SONDA

Estômago Nasogástrica Gastrostomia

Duodeno Nasoduodenal Duodenostomia

Jejuno Nasojejunal Jejunostomia

Fonte: Costa e Eugenio (2014).


80 Práticas de Enfermagem

Preparo e orientação
O cliente/paciente e toda a sua família devem ser orientados sobre
a terapia, os riscos e os benefícios.

A equipe de enfermagem tem um papel fundamental, uma vez que


é a responsável por todo o suporte emocional, tendo a função de reduzir
todos os possíveis medos e receios, além de favorecer a participação
do cliente/paciente e da família. Os clientes/pacientes ambulatoriais e
aqueles que vão ter alta com nutrição enteral devem sempre receber
orientação e treinamento supervisionado do nutricionista e da equipe de
enfermagem.

As medidas de higiene precisam ser reforçadas, bem como o


posicionamento ideal para ser adotado no momento da nutrição, tendo
como função evitar os riscos de contaminação e broncoaspiração,
respectivamente.

Devem ser tomados cuidados com a via de administração da dieta,


independentemente de qual é a via de instalação da sonda gástrica,
sendo necessários cuidados específicos, como locais (avaliação do
óstio de inserção sonda, fixação, higienização e curativo local) e gerais
(movimentação, adequação do volume e da velocidade de infusão). A
infusão depende do volume total nas 24 horas (COSTA; EUGENIO, 2014).

Introdução da sonda para nutrição enteral através


da via nasal ou oral
De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada n° 63/2000, é
de responsabilidade do enfermeiro o estabelecimento do acesso enteral
através da via oro/nasogástrica ou transpilórica (BRASIL, 2000).

O procedimento pode ter algumas complicações graves,


por exemplo, a inserção inadvertida na árvore traqueobrônquica e
pneumotórax.

De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem


(Cofen) n° 277, de 16 de junho de 2003, o enfermeiro deve assumir o acesso
ao trato gastrintestinal (sonda com fio guia introdutor e transpilórica) e
Práticas de Enfermagem 81

garantir o posicionamento de forma adequada para a avaliação radiológica


(COFEN, 2003).

De acordo com essa mesma resolução, a introdução de sonda


nasogástrica sem introdutor (sonda de Levine) pode ser delegada, nesse
caso para o técnico de enfermagem ou o auxiliar de enfermagem, por
meio da orientação e supervisão do enfermeiro (COFEN, 2003).

Administração da dieta através da sonda


nasogástrica
Para a administração da dieta por meio da sonda nasogástrica
devem ser observados os seguintes procedimentos (COSTA; EUGENIO,
2014):

•• Deve ser fechada a porta do quarto ou adaptado um biombo.

•• Deve ser verificada qual é a prescrição médica ou da equipe


de enfermagem, bem como os volumes que precisam ser
administrados.

•• Deve ser reunido todo o material e levado à unidade do paciente.

•• As mãos devem ser higienizadas.

•• O cliente/paciente e os familiares devem ser orientados quanto a


todos os procedimentos.

•• O cliente/paciente deve estar posicionado na postura em Fowler


com 45°.

•• A sonda deve ser clampeada e conectada à seringa.

•• Deve ser aspirado o conteúdo gástrico, realizada a medida do


volume e a avaliação das características.

•• Deve ser feita a reintrodução do volume aspirado.

•• Deve ser feita a injeção lenta do alimento por meio da sonda através
de uma leve pressão do êmbolo da seringa, ou inserir a gavagem
no equipo e realizar o controle dos parâmetros da bomba infusora.
82 Práticas de Enfermagem

•• Deve ser clampeada a sonda sempre quando for desconectado a


seringa.

•• Deve ser lavada a sonda com 5 a 20 mL de água.

•• Posteriormente à alimentação intermitente, deve ser mantida a


cabeceira elevada durante 30 minutos.

•• As mãos devem ser higienizadas com água e sabão.

•• Deve ser registrado o plano de enfermagem por meio do volume


administrado e as intercorrências ao longo do procedimento.

Manutenção da sonda
Para a manutenção da sonda devem ser realizados os seguintes
procedimentos:

•• As sondas para nutrição enteral têm durabilidade por volta de 30 a


60 dias no caso da poliuretano e 6 meses para as de silicose.

•• Deve ser realizada a higiene das narinas por meio da utilização de


hastes flexíveis embebidas com água, soro fisiológico ou loção de
ácidos graxos essenciais.

•• Para a lavagem da sonda de nutrição enteral e a hidratação do


cliente/paciente deve ser empregada água filtrada vinda da
divisão de nutrição e dietética por meio de frascos individuais com
identificação.

•• Devem ser administrados todos os medicamentos um a um, por


meio da lavagem da sonda entre as medicações, impedindo a
existência de interações físico-químicas que podem obstruir a
sonda.

•• Deve ser verificada a posição da sonda através da aspiração


de líquido gástrico/duodenal e realizar a ausculta na região
epigástrica ou no quadrante abdominal superior esquerdo.

•• Toda vez que existir qualquer tipo de insegurança com relação ao


posicionamento da sonda, deve ser solicitada a realização de um
raio-X do abdome para que possa ser visualizada a sonda antes da
administração da nutrição enteral.
Práticas de Enfermagem 83

Cuidados de enfermagem necessários para a


utilização de sonda
Entre os cuidados de enfermagem necessários para o emprego da
sonda, está a manutenção do óstio de inserção limpo e seco.

Sempre que for preciso, deve ser mantida uma cobertura seca,
trocada todos os dias ou sempre que estiver suja ou molhada, devendo
ser limpa a pele em volta da sonda com soro fisiológico a 0,9% ou de
acordo com a prescrição da enfermagem.

Visto que o ostoma está formado, deve ser lavada todo os dias a
região do óstio de inserção com água e sabão.

A sonda de Foley ou sonda de gastrostomia com balonete deve ser


mantida por meio de um volume adequado de água e em contato com a
parede gástrica, impedindo, assim, a existência de vazamentos.

Na sonda com disco ou placa de fixação externa, a placa deve ficar


em contato com a parede abdominal, porém sem realizar pressão na pele.

A sonda deve ser fixada à pele com fita adesiva, sem existir tração.
Se existir vazamento de líquido gástrico/jejunal ou de dieta, vão aparecer
sinais de dermatite periestoma ou de infecção (eritema, calor, dor, edema
e secreção).

Nesse caso, deve ser solicitada uma avaliação médica ou do grupo


de estudos de feridas da unidade.

No caso de uma saída acidental da sonda, deve ser solicitada a


avaliação médica e a passagem de uma nova sonda com urgência.

Quando a gastrostomia já estiver formada, a nova sonda pode ser


passada por meio da equipe de enfermagem. Os tipos de gastrostomia
podem ser a gastrostomia endoscópica percutânea e a gastrostomia por
meio da sonda Botton/Kit (COSTA; EUGENIO, 2014).
Figura 22 – Tipos de gastrostomia

Fonte: Costa e Eugenio (2014).

Administração da dieta através da gastrostomia


A administração da dieta através da gastrostomia deve ser realizada
por meio dos seguintes procedimentos:

•• Deve ser fechado o quarto ou cercada a cama por meio de um


biombo.

•• Deve ser verificada a prescrição médica ou da enfermagem, bem


como a dieta e o volume que deverão ser administrados.

•• Deve ser reunido todo o material para ser encaminhado para a


unidade do cliente/paciente.

•• Devem ser higienizadas as mãos.

•• Deve ser orientado o cliente/paciente e todos os seus familiares


com relação aos procedimentos que serão realizados.

•• O cliente/paciente deve ser posicionado na postura de Fowler


com 45°.

•• Deve ser clampeada a sonda e conectada a seringa


posteriormente aos componentes da dieta.

•• Deve ser injetado o alimento lentamente através da sonda


por meio de uma pequena pressão do êmbolo da seringa
ou colocado a gavagem no equipo e realizar o controle dos
parâmetros da bomba infusora.
Práticas de Enfermagem 85

•• Deve ser desconectada a seringa, clampeada novamente a


sonda e feito o fechamento.

•• Deve ser lavada a sonda com 5 a 20 ml de água.

•• Posteriormente à alimentação intermitente, deve ser mantida a


cabeceira elevada ao longo de 30 minutos.

•• Devem ser higienizadas as mãos com água e sabão.

•• Deve ser registrado o plano de enfermagem quanto ao


volume que foi administrado e todas as alterações ao longo do
procedimento.

Nutrição parenteral
Para os efeitos da Portaria n° 120/2009, do Ministério da Saúde,
no artigo 9° é entendido que a nutrição parenteral é aquela realizada
por meio da via intravenosa, sendo uma solução ou emulsão composta
de aminoácidos, carbo-hidratos, vitaminas e minerais, com ou sem
administração diária dos lipídeos, tendo a função de suprir todas
as necessidades metabólicas e nutricionais dos clientes/pacientes
impossibilitados de atingir a via oral ou a via enteral (COSTA; EUGENIO,
2014).

Vias de administração
As vias para a administração da nutrição parenteral são as veias
periférica e central. Na veia periférica, o emprego das veias superficiais
exige soluções de osmolaridades baixas de, no máximo, 800 mOsm/L.

O aporte oferecido por estas soluções é menor que as necessidades


proteico-calóricas, exceto nos clientes/pacientes com menos de 45 kg.

Riscos relacionados com o procedimento

Os riscos relacionados ao procedimento e ao local que será


puncionado são os seguintes (COSTA; EUGENIO, 2014):

•• Pneumotórax.

•• Hemotórax.
•• Hidrotórax.

•• Laceração da veia puncionada.

•• Embolia gasosa.

•• Arritmia cardíaca.

•• Lesão do ducto torácico.

Manutenção da sonda

Com relação à manutenção da sonda, os riscos são a septicemia


envolvida com o manuseio e a trombose venosa profunda.

A dissecção venosa periférica também pode ser empregada nos


casos especiais (distúrbio de coagulação, plaquetopenia e insucesso
na punção venosa), lembrando que a posição da extremidade sempre
deve ser central. A via parenteral para terapia nutricional também é
indicada quando há uma contraindicação absoluta para a utilização do
trato gastrintestinal (fístulas digestivas de alto débito, pancreatite na fase
aguda, íleo paralítico prolongado, fase inicial de adaptação nas síndromes
de intestino curto etc.).

Administração da nutrição parenteral


Para a troca da bolsa ou do frasco da nutrição devem ser
consideradas as seguintes fases (COSTA; EUGENIO, 2014):
•• Preparatória.
•• Instalação da bolsa ou do frasco.
•• Acompanhamento.

Fase preparatória

•• Deve ser retirada a bolsa ou o frasco da nutrição da geladeira, pelo


menos, uma hora antes da sua administração.

•• Deve ser inspecionado o líquido com relação à presença de


precipitações ou corpos estranhos.

•• Devem ser lavadas as mãos.


Práticas de Enfermagem 87

Fase de instalação da bolsa ou do frasco


•• A técnica é rigorosamente asséptica, devendo ser fixado o equipo
à bolsa, de forma a realizar a eliminação do ar.
•• Devem ser fechadas todas as pinças do equipo, de maneira a
inseri-lo na bomba infusora.
•• Deve ser conectado o equipo da nutrição ao dispositivo do acesso
venoso, mantendo a pinça da extremidade distal fechada.
•• Devem ser abertas todas as pinças, além de programar a bomba
infusora em função do volume diário da nutrição.

Fase de acompanhamento
•• Deve ser monitorada a administração a cada uma ou duas
horas, devendo ser verificada a integridade do líquido, o sistema
de administração, a tolerância do cliente/paciente e todas as
possíveis complicações.
•• Deve ser registrada no plano de enfermagem a troca da bolsa e do
equipo, o volume administrado e todas as intercorrências ao longo
do procedimento.

Orientação do cliente/paciente ou do acompanhante

Todo cliente/paciente deve ser orientado com relação aos sinais


e sintomas de complicações, incluindo sepse, flebite, extravasamento
ou qualquer alteração, devendo a enfermagem ser comunicada
imediatamente. Se o paciente receber alta hospitalar com a manutenção
da nutrição enteral, deve ser iniciado o treinamento dos cuidadores e
familiares sobre o armazenamento adequado da bolsa, o manuseio e a
administração da nutrição enteral no domicílio (COSTA; EUGENIO, 2014).

Mudança de curativo do local de punção do cateter venoso


central
Para a mudança de curativo do local de punção do cateter venoso
central, devem ser levados em consideração os seguintes procedimentos:
•• Preparação do material.
•• Comunicação ao cliente/paciente.
88 Práticas de Enfermagem

•• O cliente/paciente deve ser colocado em uma posição confortável,


com a cabeça lateralizada para o lado oposto.
•• As mãos devem ser higienizadas.
•• Deve ser feito o posicionamento da máscara cirúrgica.
•• As luvas de procedimento devem ser calçadas para a realização
da remoção do curativo anterior, com cuidado.
•• Devem ser substituídas as luvas de procedimentos pelas luvas
estéreis.
•• O local do óstio da punção deve ser inspecionado.
•• Deve ser limpo o óstio de inserção do cateter com gaze estéril
e álcool 70%, a partir do local da inserção para fora, por meio de
movimentos circulares.
•• Deve ser removido o papel do curativo transparente e centralizado
o curativo no local.
•• A troca do curativo deve ser registrada no plano de enfermagem.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste Capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter visto todas as informações referentes
à importância da nutrição e alimentação por sonda
nasogástrica (indicações da sonda, procedimentos técnicos
para alimentação por sonda nasogástrica, retirada da sonda
nasogástrica e terapia nutricional enteral).
Também vimos as vias de acesso (sonda para nutrição
enteral através da via nasal ou oral, administração da dieta
através da sonda nasogástrica, manutenção da sonda,
cuidados de enfermagem necessários para a utilização de
sonda e a administração da dieta através da gastrostomia).
E, por último, estudamos a nutrição parenteral (vias de
administração e a administração da nutrição parenteral).
Práticas de Enfermagem 89

REFERÊNCIAS
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da Diretoria Colegiada – RDC n° 63, de 6 de julho de 2000. Aprova
Regulamento técnico referente a alimentos para Nutrição Enteral. Diário
Oficial da União: Brasília, DF, 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância


Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n° 36, de 25 de julho de
2013. Institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e
dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 2013a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 529, de 1 de abril de 2013.


Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Diário
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria


n° 120, de 14 de abril de 2009. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 2009.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Norma


Regulamentadora n° 32 (NR-32), de 11 de novembro de 2005. Segurança e
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