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Gestão Ambiental

Licenciamento Ambiental
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
CAROLINA GALVÃO SARZEDAS
AUTORIA
Carolina Galvão Sarzedas
Olá! Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e
doutorado em Ciências, com experiência técnico-profissional na área de
Meio Ambiente há mais de 18 anos. Minha formação acadêmica começou
na UFRJ, local em que me apaixonei pela ciência e pela educação. Tenho
experiência tanto na área de orientação acadêmica quanto na produção
de material didático para grandes empresas de educação. Por isso, fui
convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de
muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Definições e Tipos de Licenças Ambientais...................................... 10
Meio Ambiente e sua História.................................................................................................10
Marco Internacional: Conferência de Estocolmo................................... 12
Marco Brasileiro: Criação da Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA).................................................................................................................................. 13
Conceito de Licenciamento Ambiental............................................................................ 14
Tipos de Licença Ambiental..................................................................................................... 15
Licença Prévia (LP):...................................................................................................... 16
Licença de Instalação (LI):...................................................................................... 17
Licença de Operação (LO):..................................................................................... 18
Procedimentos Para Obtenção das Licenças Ambientais.......... 19
Órgãos Licenciadores................................................................................................................... 19
Passos Para a Obtenção da Licença................................................................................. 20
Concessão de Licença Prévia (LP)................................................................... 22
Concessão de Licença de Instalação (LI)....................................................23
Concessão de Licença de Operação (LO)..................................................24
Documentos Exigidos para Obtenção da Licença..................................................24
Condicionantes e Prazos de Validade................................................. 27
Condicionantes Ambientais......................................................................................................27
Condicionantes de Prevenção, Mitigação e Compensação.........29
Condicionantes de Estudos e Monitoramento....................................... 30
Condicionantes Administrativos e de Procedimentos...................... 30
Controle das Condicionantes............................................................................. 31
Prazos de Validade das Licenças Ambientais.............................................................32
Prazos de Validade – Licença Prévia..............................................................33
Prazos de Validade – Licença de Instalação............................................33
Prazos de Validade – Licença de Operação.............................................34
Importância do Licenciamento..............................................................36
Conservação dos Recursos Naturais................................................................................ 36
Controle Ambiental........................................................................................................................ 39
Importância do Licenciamento Ambiental................................................................... 40
Atividades Passíveis de Licenciamento Ambiental.................................................42
Gestão Ambiental 7

01
UNIDADE
8 Gestão Ambiental

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área de Licenciamento Ambiental é muito importante
para o Meio Ambiente? Isso mesmo. Sabemos que até a década de 1970 a
poluição e os impactos ambientais eram considerados consequências do
desenvolvimento desordenado, mesmo assim eram um mal necessário
em relação aos benefícios proporcionados pelo progresso. Nessa época,
a Conferência de Estocolmo teve como resultado a Declaração sobre o
Ambiente Humano, em que ficou determinado que a tarefa de planificar,
administrar e controlar a utilização dos recursos naturais dos Estados
ficaria a cargo de instituições nacionais competentes, com o objetivo de
melhorar a qualidade do Meio Ambiente. No Brasil, o PNMA (Programa
Nacional do Meio Ambiente) cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA) com o intuito de fundamentar a proteção ambiental no Brasil.
Um dos instrumentos do PNMA é o Licenciamento Ambiental, que é um
documento emitido por órgãos licenciadores, no qual regras, condições,
restrições e medidas de controle ambiental ficam estabelecidas a fim
de serem seguidas pela empresa solicitante. Entendeu? Ao longo desta
unidade letiva, você vai mergulhar neste universo!
Gestão Ambiental 9

OBJETIVOS
Olá! Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Licenciamento Ambiental.
Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento dos seguintes objetivos de
aprendizagem até o término desta etapa de estudos:

1. Entender as definições e os tipos de Licenciamento Ambiental.

2. Aplicar procedimentos para licenciar um empreendimento.

3. Acompanhar e controlar os prazos de validade das licenças


ambientais e suas condicionantes.

4. Discernir sobre a importância da fiscalização e do monitoramento


para o Licenciamento Ambiental.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Gestão Ambiental

Definições e Tipos de Licenças Ambientais

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


o que é e para que serve o Licenciamento Ambiental.
Esse importante instrumento da Política Nacional do Meio
Ambiente analisa a viabilidade ambiental das atividades
econômicas. E, então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então, vamos lá. Avante!.

Meio Ambiente e sua História


Você deve estar pensando que Meio Ambiente é um termo
corriqueiro na nossa sociedade e que sua preservação sempre foi alvo
de preocupação. Porém, até a década de 60, o termo “Meio Ambiente”
era simplesmente usado com o objetivo de designar unidades ecológicas
que se comportam como um sistema natural.
Figura 1 – Representação de Meio Ambiente

Fonte: Freepik.
Gestão Ambiental 11

É possível afirmar que até poucas décadas atrás o desenvolvimento


econômico advindo da Revolução Industrial impediu que os problemas
ambientais fossem levados em consideração. Nesse sentido, a poluição
e os impactos ambientais como consequência do desenvolvimento
desordenado sempre foram visíveis, contudo, eram considerados um mal
necessário em relação aos benefícios proporcionados pelo progresso.

Como dito anteriormente, o termo Meio Ambiente só foi usado


pela primeira vez na década de 60, durante a reunião do Clube de Roma,
cujo objetivo era reconstruir os países destruídos pela Segunda Guerra
Mundial.

VOCÊ SABIA?

O Clube de Roma foi criado em 1968 e era constituído


por políticos, cientistas e donos de indústrias. O objetivo
do clube era analisar e discutir quais eram os limites do
crescimento econômico, levando em consideração (pela
primeira vez), o crescente uso dos recursos naturais. Os
maiores problemas discutidos foram o rápido crescimento
da população, a industrialização acelerada, a escassez
de alimentos, a deterioração do Meio Ambiente e o
esgotamento de recursos naturais não renováveis. O
Relatório do Clube de Roma (ou Relatório Meadows) foi um
dos documentos mais importantes advindos dessa reunião.

Até então, uma avaliação, com consequente priorização de projetos,


era limitada a uma análise econômica, sem nenhum objetivo de levar em
consideração as consequências ou efeitos ambientais de um projeto. As
degradações ambientais no entorno ou o bem-estar social nunca foram
preocupações.

Vemos, pela primeira vez, uma manifestação institucionalizada de


política a favor do Meio Ambiente e ao impacto ambiental na criação, em
1969, nos EUA, da NEPA (do inglês: National Environmental Policy Act).
Mais tarde, esse instrumento também foi adotado pela França, Canadá,
Holanda, Grã-Bretanha e Alemanha.
12 Gestão Ambiental

A partir desse ato, o processo de Avaliação do Impacto Ambiental


(AIA) foi institucionalizado como um importante instrumento de política
ambiental, dispondo de objetivos e princípios de maneira a exigir de todos
os empreendimentos, a fim de que o funcionamento possa impactar o
Meio Ambiente, as seguintes observações:

•• Identificação dos possíveis impactos ambientais.

•• Efeitos ambientais negativos da proposta e suas alternativas de


ação.

•• Relação dos recursos ambientais negativos no curto prazo.

•• Manutenção ou mesmo melhoria do seu padrão ambiental no


longo prazo.

•• Definição clara quanto a possíveis comprometimentos dos


recursos ambientais para o caso de implantação da proposta.

Marco Internacional: Conferência de Estocolmo


Em 1972, na Suécia, foi realizada a I Conferência Mundial de Meio
Ambiente, com o objetivo de estabelecer uma visão global e princípios
comuns, que sirvam de inspiração e orientação à humanidade para
preservação e melhoria do ambiente (UNEP, 1972).

Diante disso, a Conferência de Estocolmo é considerada um marco


para as preocupações acerca das questões ambientais, passando a fazer
parte de políticas de desenvolvimento adotadas por países desenvolvidos
e em processo de desenvolvimento. Teve como resultado a Declaração
sobre o Ambiente Humano, na qual ficou determinado que a tarefa de
planificar, administrar e controlar a utilização dos recursos naturais dos
Estados fica a cargo de instituições nacionais competentes, com o objetivo
de melhorar a qualidade do Meio Ambiente.

Desde então, vem ocorrendo grandes avanços nas discussões das


questões ambientais, tanto no que diz respeito às legislações, quanto à
conscientização das pessoas.
Gestão Ambiental 13

Marco Brasileiro: Criação da Política Nacional do


Meio Ambiente (PNMA)
A implantação de metodologias de avaliação dos impactos
ambientais no Brasil se deu a partir da exigência de órgãos internacionais
de financiamento, que, para aprovar empréstimos a projetos do governo,
cobravam medidas de proteção ou mitigação ambiental. Toda essa
pressão internacional gerou conscientização da população, que começou
a cobrar a adoção de práticas de preservação ambiental e levou o governo
a estabelecer, em 1981, a Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA (Lei
no 6.938).

A PNMA cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA),


com o intuito de fundamentar a proteção ambiental no Brasil, por meio
de normas, portarias, decretos e resoluções dos Conselhos Nacional,
Estaduais e Municipais.

EXPLICANDO MELHOR:

SISNAMA: é uma estrutura político-administrativa composta


por um conjunto articulado de órgãos, entidades, regras
e práticas responsáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental.

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o Brasil


assumiu a relevância das questões ambientais para o país, definindo,
no seu Capítulo VI, Art. 125, os direitos e deveres do Poder Público e da
sociedade no papel de responsáveis pela conservação do Meio Ambiente
e, tornando-o um bem de uso comum.
14 Gestão Ambiental

Conceito de Licenciamento Ambiental


Como vimos anteriormente, até a década de 70 não havia uma
preocupação com a qualidade ambiental, uma vez que o poder público
atuava apenas em caráter corretivo, com alcance restrito aos centros
urbanos e às indústrias. A única exceção eram regiões cujo objetivo era
a criação de estações ecológicas com uso de investimento federal e de
áreas com potencial turístico.

Nesse contexto, as ideias sobre Meio Ambiente começaram a


ser difundidas pelo mundo, o que forçou a política interna brasileira a
assumir uma postura mais preventiva. Para isso, foi instituído, como um
dos instrumentos da PNMA, o Licenciamento Ambiental, o qual tem como
finalidade a promoção de um controle prévio de construção, instalação,
ampliação e funcionamento dos estabelecimentos cujas atividades
façam uso de recursos ambientais, e que sejam considerados efetivos ou
potencialmente poluidores.

Inicialmente, o LA foi aplicado às indústrias de transformação e


depois foi estendido, de modo a abranger projetos de infraestrutura
(promovidos por órgãos do governo ou empresas particulares), indústrias
de extração e projetos de expansão urbana, turismo e agropecuária, além
de toda e qualquer atividade cuja implantação ou funcionamento possa
ser efetivo, ou potencialmente danoso para o Meio Ambiente.

A exigência do LA em determinadas atividades, principalmente


para aquelas potencialmente poluidoras como mineradoras, indústrias
metalúrgicas, entre outras, tem como objetivo controlar as intervenções
ambientais que possam vir a comprometer sua qualidade, de modo a
dispor sanções penais e administrativas ao infrator.

IMPORTANTE:
Qualidade ambiental é definida como o conjunto das
características de um ecossistema que pode ser de
natureza física, química, biológica, social, política,
tecnológica ou econômica, isto é, natural ou construído. É
medido por meio das variações em padrões e normas pré-
-estabelecidas, como: qualidade do ar, nível de poluição,
qualidade da água, entre outros.
Gestão Ambiental 15

Tipos de Licença Ambiental


Anteriormente, vimos o conceito de LA e sua importância no controle
das atividades e empreendimentos com potencial poluidor. Agora, vamos
mostrar efetivamente o que é o LA e dar ênfase aos tipos de licenciamento
existentes. Sob esse viés, o LA é feito a partir da emissão de uma licença
ambiental, que nada mais é do que um documento com validade definida,
emitido por órgãos competentes, o qual estabelece regras, condições,
restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser seguidas
pela empresa solicitante.

Mas, quais são as avaliações feitas durante o processo? Podemos


citar alguns exemplos como:

•• Emissões de gases nocivos.

•• Poluição sonora.

•• Riscos de explosão e incêndio.

•• Geração de líquidos poluentes.

•• Geração de resíduos sólidos.

•• Entre outros.

O recebimento da Licença Ambiental obriga o empreendedor a


assumir compromissos com a manutenção da qualidade ambiental do
local da instalação e do funcionamento da atividade em questão.

O processo de LA se constitui de três tipos de licenças exigidas em


etapas específicas do processo: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação
(LI) e Licença de Operação (LO). A seguir veremos cada uma das etapas
em detalhes:
16 Gestão Ambiental

Licença Prévia (LP):


É a primeira etapa no processo de licenciamento, em que o órgão
licenciador (pode ser da esfera Federal, Estadual ou Municipal) avalia
desde a localização do empreendimento, onde a área de instalação
é testada com base no zoneamento municipal, até sua concepção, de
maneira a atestar a viabilidade ambiental e estabelecer os requisitos para
as próximas fases.

DEFINIÇÃO:

Zoneamento municipal é uma delimitação de áreas com


características comuns dentro do município. Com base
nessa divisão, a área prevista no projeto é avaliada, de
modo que, no futuro, o empreendimento não sofra sanções
(multas e interdições) ou precise ser realocado. A LP define
o alicerce ambiental da empresa, com todos os aspectos
referentes ao controle do Meio Ambiente que pode ser
afetado pela atividade do empreendimento.

Alguns estudos ambientais, como Estudo de Impacto Ambiental


(EIA) ou Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) e Relatório de Controle
Ambiental (RCA), podem ser solicitados pelo órgão licenciador, para que
esse órgão defina onde a atividade será enquadrada para cumprir as
referentes normas ambientais.

IMPORTANTE:

O EIA/ RIMA (Estudo de Impactos Ambientais): é uma


exigência legal, instituída pela Resolução CONAMA 001/86,
na implantação de projetos com significativo impacto
ambiental. É um estudo realizado no solo, água e ar para
verificar se a área contém algum passivo ambiental, além
de prever como o meio socioeconômico-ambiental será
afetado pela implantação do empreendimento.
Gestão Ambiental 17

Já o RCA (Relatório de Controle Ambiental) é um documento


que fornece informações de caracterização do empreendimento a ser
licenciado, contendo: descrição do empreendimento; do processo de
produção; caracterização das emissões geradas nos diversos setores do
empreendimento (ruídos, efluentes líquidos, efluentes atmosféricos e
resíduos sólidos).

Licença de Instalação (LI):


Depois de detalhado o projeto inicial na LP, é necessário requerer a
LI. Só depois de autorizado por meio do documento de LI, o empreendedor
poderá dar início à construção do empreendimento e instalação de
equipamentos.

A solicitação deve ser publicada conforme a Resolução CONAMA


no 6/86 e deverá ser executada de acordo com o projeto apresentado.
Qualquer modificação na planta ou nos sistemas precisa ser avaliada
novamente pelo órgão licenciador, que é responsável por avaliar
a instalação do empreendimento e dos equipamentos, inclusive, a
implantação dos programas de monitoramento e, se for o caso, das
medidas mitigadoras.

Depois da aprovação do Plano Básico Ambiental e deferimento da


solicitação da concessão da LI, um parecer é emitido com as condições a
serem atendidas antes da solicitação da Licença de Operação.

NOTA:

Projeto Básico Ambiental (PBA) é o conjunto de documentos


técnicos que atende às condicionantes da LP e apresenta
programas e projetos ambientais detalhados.
18 Gestão Ambiental

Licença de Operação (LO):


Essa licença autoriza o funcionamento do empreendimento e
deve ser requerida somente quando a empresa estiver edificada e após
a verificação das medidas de controle ambiental exigidas pelo órgão
licenciador nas licenças anteriores.

Portanto, a LO somente é solicitada quando a empresa estiver


pronta para operar ou para regularizar alguma atividade em operação.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto e saber quais são as


atividades passíveis de Licença Ambiental consulte o site
do Ministério do Meio Ambiente clicando aqui.

RESUMINDO:
E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Aprendemos que a
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei no 6.938/81)
determina que a construção, a instalação, a ampliação
e o funcionamento de estabelecimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, que são considerados
efetiva ou potencialmente poluidores, dependerão de
prévio licenciamento expedido por órgãos competentes
(IBAMA e Estadual). Tal licenciamento, conhecido
como Licença Ambiental, é um processo que pode ser
simplificado para atividades ou empreendimentos de
pequeno potencial de impacto ambiental que, nesse caso,
serão submetidos à aprovação de Conselhos Municipais de
Meio Ambiente. As licenças são divididas em Prévia (LP),
de Instalação (LI) e de Operação (LO). A LP é a primeira
etapa do licenciamento, na qual são definidos os aspectos
referentes ao controle ambiental. A LI autoriza o início da
construção, e a LO autoriza o funcionamento ou regulariza
a situação das atividades, determinando os métodos de
controle e as condições de operação.
Gestão Ambiental 19

Procedimentos Para Obtenção das


Licenças Ambientais

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender o


passo a passo do Licenciamento Ambiental. Aqui estarão
descritos quais os órgãos responsáveis por cada tipo
de atividade e quais os documentos necessários para
o processo de licenciamento. E, então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!.

Órgãos Licenciadores
Você deve estar se perguntando a quem s solicita um pedido de
Licenciamento Ambiental para uma empresa?” E a resposta é: DEPENDE.

A atividade desenvolvida é de pequeno potencial de impacto


ambiental? Então, pode ser submetida aos Conselhos de Meio Ambiente
dentro da esfera municipal.

A atividade desenvolvida é similar às atividades da vizinhança?


Então, o conjunto dos empreendimentos poderá solicitar um único
processo ambiental, desde que a responsabilidade legal pelo conjunto
de empreendimentos seja definida.

Seu empreendimento desenvolverá atividades em mais de um


estado ou os impactos ambientais podem ultrapassar os limites do
território estadual? Nesse caso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) será responsável pela emissão
do licenciamento.

Se a atividade desenvolvida estiver dentro dos limites regionais,


então caberá aos órgãos estaduais de Meio Ambiente a competência do
licenciamento, porém essa competência pode ser delegada ao município,
caso os impactos ambientais sejam locais.
20 Gestão Ambiental

É importante saber que a Resolução 237/97 do CONAMA determina


que só é preciso solicitar o licenciamento em uma única esfera de ação
(Federal, Estadual ou Municipal), contudo o LA exige que as Secretarias
Municipais de Meio Ambiente se manifestem.

NOTA:

O IBAMA tem por finalidade executar as políticas e diretrizes


governamentais definidas para o Meio Ambiente.

Passos Para a Obtenção da Licença


Agora você já sabe a quem solicitar seu pedido de licença ambiental,
portanto falta saber o passo a passo desse processo.
1º passo:
Situação do empreendimento:
•• Novo empreendimento.
•• Solicita-se a LP para planejamento e concepção da
localização da empresa.
•• Após, solicita-se a LI para dar início às instalações do
empreendimento ou ampliação das unidades já existentes.
•• Por fim, solicita-se a LO para início das atividades.
•• Empreendimento já existente, no caso da empresa operar sem
licença ou ter sido implantada antes do Sistema de Licenciamento
de Atividades Poluidoras (SLAP)).
•• É necessária a apresentação conjunta dos documentos,
estudos e projetos para as fases LP e LI.
2º Passo:
A quem solicitar a licença?
Como dito anteriormente, as atividades com baixo potencial de
impactos ambientais e restritos ao local de funcionamento (como a maior
Gestão Ambiental 21

parte dos empreendimentos) deverão ter suas licenças solicitadas junto


aos conselhos municipais ou aos órgãos estaduais que poderão delegar
a função aos municípios.
Empreendimentos cujas atividades ou potencial de impacto
ambiental ultrapassem os limites do território estadual devem ser
licenciados pelo IBAMA.
3º passo:
Solicitação de requerimento junto ao órgão responsável.
Já sabe qual é o tipo de licença e qual é o órgão licenciador? Agora
é só solicitar os formulários adequados ao seu caso.
4º passo:
Coleta de dados e documentos.
Os procedimentos exigidos e a relação de documentos vão variar
de acordo com o tamanho da empresa, sua atividade, seu grau de risco e
qual fase de licenciamento solicitada.
5º passo:
Preenchimento do cadastro da atividade.
O cadastro nada mais é do que um documento descritivo que
deve conter todas as informações acerca da empresa e das atividades
desenvolvidas. Entre as informações devem estar descritos: o endereço
de funcionamento, o produto ou serviço oferecido, produtos estocados,
efluentes gerados, destino dos resíduos. Além disso, em casos industriais,
deverá haver levantamento de plantas e descrição dos processos
industriais desenvolvidos.

IMPORTANTE:

Algumas empresas contratam profissionais especializados


na área de licenciamento para realizar o cadastro, porém
todas as dúvidas podem ser esclarecidas direto com o
órgão ambiental onde será feita a solicitação.
22 Gestão Ambiental

6º passo:

Abertura do processo de licenciamento.

Com os passos anteriores realizados, basta procurar o órgão


ambiental municipal ou estadual e solicitar a abertura do processo de
Licenciamento Ambiental.

IMPORTANTE:

Nessa etapa, as taxas referentes ao custo do processo já


deverão ter sido pagas.

7º passo:

Publicação da abertura do processo.

Agora, a empresa terá 30 dias para publicar a abertura do processo


no Diário Oficial e, então, fazer um ofício e protocolar junto à publicação
do órgão licenciador.

Concessão de Licença Prévia (LP)


Como já dito anteriormente, a LP é concedida na fase preliminar do
planejamento da atividade ou do empreendimento. A LP aprova o local
do empreendimento, o grau de geração de impactos ambientais e, se
for o caso, programas de redução e mitigação de impactos negativos e
maximização dos positivos.

Para isso, é necessário que o órgão licenciador tenha informações


suficientes do empreendimento ou atividade a ser desenvolvida para
tomar as decisões cabíveis.

O órgão licenciador, então, elabora o Termo de Referência (TR)


que norteará o processo de Licenciamento Ambiental e o submete ao
conhecimento de outras instituições que possam ter relação com o
empreendimento, se for preciso, como: IPHAN, Vigilância Sanitária e
FUNAI.
Gestão Ambiental 23

O órgão licenciador ainda pode solicitar que o empreendimento


apresente Análise ou Avaliação dos Riscos.

NOTA:

Obrigatoriamente, na solicitação de licenciamento precisa


conter uma Certidão Municipal atestando que o local e o
tipo de atividade a ser desenvolvida pelo empreendimento
estão de acordo com a legislação aplicável.

Depois de concluída a análise, o órgão licenciador elabora um parecer


técnico conclusivo sobre a viabilidade ambiental do empreendimento.
A partir disso, a concessão da LP estabelece as condicionantes que o
empreendedor deverá cumprir.

Concessão de Licença de Instalação (LI)


Nesse momento, serão analisados os programas e planos propostos
no estudo ambiental realizado para a LP.

O empreendedor, quando solicita a LI, entrega ao órgão licenciador


os planos e projetos ambientais, assim como o projeto de engenharia
detalhado, documentos esses que já foram estabelecidos nos estudos
ambientais e na LP.

É preciso ficar claro que o órgão licenciador poderá modificar


os condicionantes e as medidas de controle e adequação, bem como
suspender ou cancelar uma licença já concedida se houver inadequação
ou violação das normas legais ou dos condicionantes, caso haja omissão
e falsa descrição de informações por parte do empreendedor, ou ainda,
se houver algum incidente que cause riscos ambientais ou à saúde.

O parecer conclusivo e a LI com as condicionantes são emitidos


pelo órgão licenciador após o deferimento da solicitação da licença e a
aprovação do Plano Básico Ambiental. As condicionantes exigidas devem
ser cumpridas antes da solicitação da LO.
24 Gestão Ambiental

Concessão de Licença de Operação (LO)


O órgão licenciador precisa acompanhar a instalação e a implantação
dos programas e medidas ambientais propostos, de maneira a realizar
modificações, se forem necessárias.

Para solicitar a LO, o empreendedor precisa apresentar um relatório


provando ter atendido às condicionantes da LI. Após isso, o órgão
licenciador analisa o relatório, faz uma vistoria no local e depois emite um
parecer técnico sobre a concessão da LO.

Documentos Exigidos para Obtenção da


Licença
Anteriormente, descrevemos a sequência do processo de
concessão de licenças ambientais, agora listaremos os documentos
necessários para solicitar as licenças. Vamos a eles:

•• Memorial descritivo do processo da empresa.

•• Formulário de Requerimento preenchido e assinado pelo


representante legal.

•• CPF e identidade do representante legal que assinar o


requerimento.

•• CPFs e registros nos conselhos de classe dos profissionais


responsáveis pelo projeto, construção e operação do
empreendimento.

•• CPF e identidade da pessoa encarregada do contato entre a


empresa e o órgão ambiental.

•• Procuração, CPF e identidade do procurador (se houver).

•• Ata da eleição da última diretoria, quando se tratar de sociedade


anônima, ou contrato social registrado, quando se tratar de
sociedade por cotas de responsabilidade limitada.

•• CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica.


Gestão Ambiental 25

•• Registro de propriedade do imóvel ou de certidão de aforamento


ou cessão de uso.

•• Certidão da Prefeitura indicando que o enquadramento do


empreendimento está em conformidade com o a Lei de
Zoneamento Municipal.

•• Licença Ambiental anterior (se houver).

•• Guia de Recolhimento (GR) do custo de Licença. A efetuação do


pagamento e custo da taxa referente deverá ser orientada pelo
órgão.

•• Planta de localização do empreendimento. Poderá a empresa


anexar cópia de mapas do Guia Rex ou outros mapas de ruas,
indicando sua localização.

•• Croquis ou planta hidráulica, das tubulações que conduzem os


despejos industriais, esgotos sanitários, águas de refrigeração,
águas pluviais etc. Essas tubulações deverão ser representadas
com linhas em cores ou traços diferentes.

IMPORTANTE:

Todos os documentos originais devem ter a firma


reconhecida, e as cópias apresentadas precisam ser
autenticadas. As plantas são exceção e deverão ser
assinadas pelo responsável técnico e pelo proprietário.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o site do


Ministério do Meio Ambiente clicando aqui.
26 Gestão Ambiental

RESUMINDO:

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Aprendemos
que o PNMA estabelece quais atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras devem ser submetidas ao
Licenciamento Ambiental. Vimos também que o IBAMA
é o órgão responsável pelo LA na esfera Federal; já os
órgãos Estaduais têm a competência de licenciar as
atividades localizadas em seus limites regionais, porém,
em caso de atividades com impactos locais, as Secretarias
Municipais de Meio Ambiente têm a competência para
fornecer o licenciamento. Uma série de passos precisam
ser seguidos desde a obtenção dos documentos pessoais
dos responsáveis pelo empreendimento até a planta do
local de funcionamento para abertura e acompanhamento
do processo. Depois de concluída a análise e a vistoria, o
órgão licenciador emite um parecer técnico e concede as
licenças (uma de cada vez) onde estão estabelecidas as
condicionantes que o empreendedor deverá cumprir.
Gestão Ambiental 27

Condicionantes e Prazos de Validade


OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender
como funcionam as condicionantes ambientais e os prazos
de validade para cada licença. Vamos entender que os
compromissos com o impacto ambiental gerado por um
empreendimento são responsabilidades do empreendedor
e garantem a manutenção da licença. E, então? Motivado
para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!.

Condicionantes Ambientais
O que são condicionantes ambientais e para que servem?
Condicionantes nada mais são do que compromissos e condições que
o empreendedor precisa assumir com o órgão licenciador para que
consiga obter e manter suas licenças ambientais. Nessas condicionantes
estão estabelecidas as garantias da sustentabilidade ambiental e a
conformidade do empreendimento ou atividade a ser realizada.
Figura 2 - O desenvolvimento precisa estar em equilíbrio com o Meio Ambiente

Fonte: Freepik.
28 Gestão Ambiental

Parece simples, né? Mas são cláusulas que estabelecem restrições,


condições e medidas de controle ambiental que, obrigatoriamente,
precisam ser seguidas pelo empreendedor. Nelas, ainda, estão incluídas
as compensações que o responsável pela atividade deve promover de
acordo com os impactos ambientais causados.

O desenvolvimento das condicionantes é fundamentado na


avaliação dos impactos previstos no Estudo de Impacto Ambiental
e no Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), que foi elaborado
pelo empreendedor ao solicitar a licença ambiental. Portanto, o órgão
responsável pelo processo de licenciamento (IBAMA, órgãos estaduais ou
Secretaria do Meio Ambiente do Município) estabelece as condicionantes
a serem cumpridas.

Cada etapa do processo de licenciamento (LP, LI ou LO) terá


condicionantes específicas, e a licença seguinte só será emitida se todas
as condicionantes anteriores tiverem sido cumpridas.

Para decidir o conjunto de condicionantes, o órgão licenciador


deverá analisar o EIA/RIMA em reuniões com a sociedade em audiências
públicas, nas quais o projeto deve ser amplamente debatido. Deverá
também consultar o empreendedor e, dependendo da natureza do
empreendimento, da localização e do impacto gerado, outros órgãos
governamentais, como Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Ministério da Saúde,
Vigilância Sanitária, entre outros, devem ser consultados.

NOTA:

O principal documento que define as condicionantes


é o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que é
elaborado pelo empreendedor. Neste estudo, haverá o
diagnóstico ambiental, com a avaliação dos impactos do
empreendimento e as medidas preventivas, compensatórias
e mitigadoras para os impactos previstos.
Gestão Ambiental 29

As condicionantes podem ser divididas em três grupos principais e


são definidas pelos órgãos licenciadores:

1. Mitigação e compensação.

2. Estudos e monitoramento.

3. Caráter administrativo e de procedimentos.

Condicionantes de Prevenção, Mitigação e


Compensação
As condicionantes podem ser realizadas por meio de ações
concretas no empreendimento ou a partir de estudos e monitoramento
das atividades.

O que isso quer dizer?

As ações concretas podem ser, por exemplo, o replantio de um


tipo de vegetação em uma dada região, de maneira a compensar o
desmatamento (inevitável) cometido durante o processo de licenciamento.

As condicionantes podem ser divididas em preventivas, mitigatórias


ou compensatórias.

As preventivas, como o nome sugere, tendem a evitar que a


atividade em questão cause danos ambientais.

Já as medidas mitigadoras têm como objetivo minimizar ou


reduzir os danos ambientais causados pela instalação ou operação do
empreendimento ou atividade.

Por fim, a compensação é feita de maneira a substituir um dano


ambiental que não teve como ser prevenido nem mitigado. Podemos citar
como exemplo o caso de uma comunidade pesqueira que é prejudicada
pela introdução de um novo empreendimento no local da pesca. Nessa
situação, os responsáveis pelo novo empreendimento podem ter como
condicionante a geração de um programa de apoio à pesca artesanal.
30 Gestão Ambiental

Condicionantes de Estudos e Monitoramento


Esse tipo de condicionante exige do empreendedor um
monitoramento de determinada atividade ou característica da região,
que pode ser um meio físico, biótico, socioeconômico ou relacionado
ao impacto ambiental que o empreendimento causou ou está causando
durante a sua implantação.

O empreendedor também pode ser responsável por realizar


estudos adicionais ao EIA, para mapear, de maneira adequada, o que
uma nova atividade ou empreendimento podem impactar nos aspectos
socioeconômicos, bióticos e físicos da região.

Condicionantes Administrativos e de Procedimentos


As condicionantes administrativas estão relacionadas à legalidade
e à regularidade do processo de Licenciamento Ambiental. É como
o empreendedor se adequa a procedimentos legais, impessoais,
morais e de publicidade e eficiência. Podemos exemplificar as medidas
administrativas como a obediência dos prazos para apresentação dos
documentos técnicos exigidos ou a apresentação de relatórios que
comprovem a execução das obrigações previstas para se obter a licença.

As condicionantes administrativas ainda podem ser divididas em


genéricas, sem prazo; e específica, com prazo.

As genéricas são as mais comuns e aplicáveis a praticamente


todos os empreendimentos licenciados. Estão associadas ao padrão de
qualidade ambiental exigido pelo órgão responsável pelo licenciamento.
Podemos tomar como exemplo de condicionante genérica o controle das
emissões ambientais de acordo com a atividade exercida, como efluentes
líquidos e atmosféricos, ruídos, entre outros.

As condicionantes sem prazo definido são direcionadas


especificamente para a atividade ou o empreendimento objeto daquele
licenciamento. Isso significa dizer que o cumprimento da condição não
está relacionado a um prazo fixo, e sim deve ser realizado durante todo o
prazo de vigência da licença.
Gestão Ambiental 31

As condicionantes específicas e com prazo têm dias, meses ou


anos para o seu cumprimento e devem ser realizadas ou justificadas
formalmente ao órgão ambiental, por meio de ofício. Exemplo: construção
de uma contenção onde serão armazenados os óleos usados e o local
dos compressores em um dado empreendimento. Nesse caso, solicita-se
o envio de um arquivo fotográfico e determina-se um prazo de X dias a
partir da emissão da licença.

IMPORTANTE:

O não cumprimento de quaisquer condicionantes pode


gerar consequências como pagamento de multas ou até
suspensão e cancelamento da licença, ficando a punição à
critério do órgão ambiental licenciador.

Controle das Condicionantes


Quem acompanha a implementação das medidas e condicionantes
solicitadas nas licenças são os órgãos envolvidos no licenciamento. Isto é,
o acompanhamento do cumprimento ou não das condicionantes deve ser
informado aos respectivos órgãos competentes, que pode ser o IBAMA
ou órgão estadual responsável.

Condicionantes de naturezas distintas podem ser acompanhados


e vistoriados por órgãos distintos. Em caso de não cumprimento, cabe
ao órgão licenciador a responsabilidade de revogar a licença ou aplicar
outras penas, como multas.

O acompanhamento e a validação do cumprimento das


condicionantes recebem as seguintes classificações: cumprida,
descumprida, em atendimento ou encerrada.
32 Gestão Ambiental

NOTA:

Uma condicionante cumprida pode ser considerada


“encerrada”, porém em alguns casos, a condicionante,
mesmo “cumprida”, pode gerar uma nova condicionante,
dependendo do seu resultado. Esse fato é comum em
condicionantes de monitoramento que acabam por indicar
a necessidade de ações concretas.

Prazos de Validade das Licenças


Ambientais
As licenças ambientais (LP, LI e LO) são emitidas para autorizar
as etapas desde o planejamento de um empreendimento ou atividade
até seu pleno funcionamento. Por isso, prazos de validade distintos são
determinados para cada uma das licenças, como veremos em detalhes
nas explicações a seguir. O prazo de validade vai depender de inúmeros
fatores relacionados ao empreendimento. Entre eles, podemos destacar
a atividade exercida, a situação ambiental do local de instalação e a
tipologia do empreendimento. Por isso, o órgão ambiental licenciador vai
estabelecer prazos e especificá-los a partir dos parâmetros estabelecidos
na Resolução CONAMA nº 237/97.
Quadro 1 – Tipos de licenças e seus prazos

Etapa do
Prazo mínimo Prazo Máximo
Licenciamento
Estabelecido pelo
Licença Prévia (LP). Não superior a 5 anos.
cronograma.
Licença de Estabelecido pelo
Não superior a 6 anos.
Instalação (LI). cronograma.
Licença de
4 anos. 10 anos.
Operação (LO).
Fonte: CONAMA (1997).
Gestão Ambiental 33

NOTA:

Os prazos só valem se forem obedecidas as condicionantes


especificadas na expedição das licenças.

Prazos de Validade – Licença Prévia


Para a LP, determina-se que com a elaboração dos planos, dos
programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, o prazo
de execução precisa estar entre o mínimo estabelecido na licença, não
podendo ultrapassar 5 anos.

Caso seja necessário, o empreendedor poderá solicitar renovações


da LP, porém seu prazo total, desde a emissão original não poderá
ultrapassar 5 anos. Contudo, se as condicionantes ambientais não
forem atendidas dentro do prazo definido na licença, o processo de
licenciamento será arquivado.

Prazos de Validade – Licença de Instalação


Havendo a aprovação do Plano Básico Ambiental e o consequente
deferimento da solicitação da concessão da licença, o órgão ambiental
licenciador vai emitir um parecer para a emissão da LI. O prazo de
validade para a implantação e a instalação deverá estar entre o mínimo
estabelecido pelo cronograma, não podendo ser superior a 6 anos.

EXPLICANDO MELHOR:

O conjunto de documentos técnicos em atendimento às


condicionantes da LP, programas e projetos ambientais
detalhados compõe o Projeto Básico Ambiental - PBA.

A licença de concessão da LI conterá todas as condicionantes que


deverão ser atendidas antes do empreendedor solicitar a Licença de
Operação (LO).
34 Gestão Ambiental

Prazos de Validade – Licença de Operação


O parecer técnico emitido para o deferimento da concessão da LO
necessita contemplar todas as condicionantes que deverão ser atendidas
durante o prazo de validade dessa concessão. Dentro da LO, serão
considerados os planos de controle ambiental, e sua validade estará entre
4 e 10 anos no máximo.

Durante o prazo da LO, o empreendedor deverá apresentar


relatórios periódicos e o órgão licenciador é responsável por acompanhar
a execução dos programas de monitoramento, além de fazer vistorias ao
local.

Para renovar a LO, o empreendedor solicita com antecedência


mínima de 120 dias para a expiração do prazo de validade, junto ao
órgão ambiental, a prorrogação da licença do empreendimento. Por sua
vez, o órgão licenciador responsável poderá modificar as medidas de
controle e adequação, suspender ou cancelar a licença ou substituir as
condicionantes já existentes, se porventura o empreendedor:

•• Violar ou não se adequar a quaisquer condicionantes ou normas


legais.

•• Omitir ou descrever falsamente informações relevantes que


subsidiaram a expedição da licença.

•• Se houver graves riscos ambientais e de saúde.

NOTA:

O monitoramento da atividade precisa ser realizado


de maneira contínua, procedendo-se a sua revisão e
atualização periódica.
Gestão Ambiental 35

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto e ter mais informações


acerca de Licenciamento Ambiental, consulte a página de
Licenciamento Ambiental do Ministério do Meio Ambiente
clicando aqui.

RESUMINDO:

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Refletimos
que as condicionantes ambientais nada mais são do que
compromissos e condições que o empreendedor precisa
assumir com o órgão licenciador para que consiga obter
e manter suas licenças ambientais. Nessas condicionantes
estão contidas restrições, condições e medidas de controle
ambiental que precisam ser seguidas pelo empreendedor e,
ainda, as compensações que o responsável pela atividade
deve promover de acordo com os impactos ambientais
causados. Cada etapa do processo de licenciamento (LP, LI
ou LO) terá condicionantes específicas e a licença seguinte
só será emitida se todas as condicionantes anteriores
tiverem sido cumpridas. As condicionantes podem ser
divididas em grupos principais e definidas pelos órgãos
licenciadores. Estudamos os seguintes grupos: de mitigação
e compensação de estudos, de monitoramento e de caráter
administrativo e de procedimentos. As LP, LI e LO autorizam
etapas entre o planejamento de um empreendimento ou
atividade até seu pleno funcionamento, por isso, prazos de
validades distintos são determinados para cada uma delas:
LP inferior a 5 anos, LI inferior a 6 anos e LO entre 4 e 10
anos de validade.
36 Gestão Ambiental

Importância do Licenciamento

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


a importância do processo de Licenciamento Ambiental,
compreendendo que o LA é muito mais do que um
processo burocrático. E, então? Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Avante!

Conservação dos Recursos Naturais


Os recursos naturais são elementos úteis ao homem desde o
processo de desenvolvimento da civilização até a manutenção da
sobrevivência e conforto das sociedades em geral.
Figura 3 - Progresso x Sustentabilidade

Fonte: Freepik.
Gestão Ambiental 37

A conservação e a preservação são termos distintos e dependem


de diversos fatores aliados ao processo de conscientização ambiental
tanto do poder público quando da sociedade.

Sob essa perspectiva, a conservação contempla o amor à natureza,


sem esquecer o uso racional e o manejo criterioso das espécies existentes.
Os conservacionistas prezam pelo papel de gestor e, por serem parte
integrante do ecossistema, trabalham em conjunto com políticas de
desenvolvimento sustentável, de maneira a reduzir o uso de matérias-
primas, de energias não-renováveis e até mesmo estimular mudanças
nos padrões de consumo em prol da sobrevivência dos ecossistemas.

A preservação já tem o foco em proteger a natureza independente do


seu valor econômico e ou utilitário, e aponta o homem como causador da
quebra do equilíbrio ecológico. O preservacionismo tem caráter protetor,
com propostas de criação de santuários intocáveis, sem interferência
dos avanços do progresso e sua consequente degradação. Sua posição
radical não permite ações como explorar, consumir, pesquisar e, até
mesmo, tocar.
Figura 4 – Preservar e conservar

Fonte: Freepik.
38 Gestão Ambiental

Porém, a realidade atual exige de nós uma reflexão cada vez


menos linear sobre a inter-relação homem/natureza. Nesse sentido, ao
avançar sobre os mais diversos ecossistemas, o homem vem gerando
diversas formas de impacto ambiental e desequilíbrio ecológico, o que
implica a necessidade de se aumentarem as práticas sociais com base no
fortalecimento do direito ao acesso à informação e à educação ambiental
em uma perspectiva integradora.

O dilema das sociedades modernas é conciliar o desenvolvimento


tecnológico e o uso de recursos naturais com o equilíbrio da natureza.
Isso porque temos visto, desde a década de 80, o início da preocupação
do homem com os danos causados pelos seus atos, como chuvas ácidas,
aumento do efeito estufa, ilhas de calor cada vez mais comuns nas
cidades, buraco na camada de ozônio, poluição dos oceanos, extinção
de diversas espécies e, também, o esgotamento rápido de recursos não
renováveis.

A partir de 1987, com a divulgação do Relatório Brundtland (Nosso


Futuro Comum), começou a ser defendida a ideia do Desenvolvimento
Sustentável, não só reforçando as necessárias relações entre economia,
tecnologia, sociedade e política, mas também chamando a atenção para
a necessidade de uma nova postura ética em relação à preservação do
Meio Ambiente.

SAIBA MAIS:

O Relatório Brundtland é o documento intitulado Nosso


Futuro Comum, publicado em 1987. O relatório faz parte de
uma série de iniciativas, anteriores à Agenda 21, as quais
reafirmam uma visão crítica do modelo de desenvolvimento
adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas
nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos
do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar
a capacidade de suporte dos ecossistemas. Quer saber
sobre ele? Clique aqui.
Gestão Ambiental 39

Desse modo, o conceito de Desenvolvimento Sustentável surge para


enfrentar a crise ecológica e estimular que as pesquisas tecnológicas e a
exploração de matéria-prima levem em consideração não só o presente,
mas a preservação para as gerações futuras.

Controle Ambiental
O controle ambiental se baseia em grupos de regras destinados
à fiscalização dos impactos ambientais negativos gerados pela ação
antrópica (do homem), como emissões atmosféricas de gases do efeito
estufa e descarte de resíduos sólidos gerados pela atividade de efluentes
líquidos, de modo a corrigir ou reduzir os seus impactos sobre a qualidade
ambiental.

Esse importante controle se dá por meio de três princípios:


licenciamento, monitoramento e fiscalização.

O licenciamento, como vimos até o momento, trabalha com a


prevenção de possíveis intervenções negativas no Meio Ambiente. Para
isso, utiliza o EIA/RIMA como ferramentas que possibilitam a prevenção
e fornecem a um órgão do governo o poder de decisão sobre a melhor
alternativa para um empreendimento a fim de minimizar os impactos
ambientais gerados.

O monitoramento é um instrumento que faz um elo entre o


licenciamento e a fiscalização. É um órgão de controle que tem por
responsabilidade estabelecer metas a serem atingidas pelo empreendedor,
visando a manutenção da qualidade ambiental da atividade exercida.

A fiscalização é considerada um instrumento de correção, em que é


possível reparar um dano ou identificar um potencial risco de degradação
ambiental. É uma ferramenta muito usada para corrigir os rumos do
empreendimento, de maneira a minimizar ou reparar qualquer impacto
que possa ser causado.

Nesse contexto, é possível afirmar que métodos de monitoramento


são uma importante ferramenta do Licenciamento Ambiental. A seguir,
listaremos alguns desses métodos de avaliação de contaminantes que
podem gerar riscos para o organismo:
40 Gestão Ambiental

Método químico:

•• Avalia a exposição, de modo a aferir os níveis de contaminantes


bem conhecidos nos compartimentos ambientais.

Método de bioacumulação:

•• Avalia a exposição, de modo a aferir os níveis de contaminantes na


biota ou determinando a dose crítica no local de interesse.

Método do efeito biológico:

•• Avalia a exposição e o efeito, de modo a determinar se as primeiras


alterações adversas são parciais ou totalmente reversíveis.

Método da saúde:

•• Avalia o efeito do contaminante por meio do exame da ocorrência


de doenças irreversíveis ou danos no tecido dos organismos.

Método de Análise dos Ecossistemas:

•• Avalia a integridade de um ecossistema por meio de um inventário


de composição, densidade e diversidade das espécies, entre
outros.

Método biológico ou de biomonitoramento:

•• Avalia mudanças no Meio Ambiente ou na qualidade da água por


meio do uso de organismos vivos.

Importância do Licenciamento Ambiental


O Licenciamento Ambiental tem por objetivo principal promover
uma análise sobre a viabilidade ambiental das atividades econômicas, de
maneira a assegurar que os empreendimentos sejam instalados em locais
ambientalmente adequados.

Dessa forma, os responsáveis pelas atividades precisam adotar


tecnologias que minimizem os possíveis impactos ambientais causados
pelo seu empreendimento, de maneira a compatibilizar o desenvolvimento
socioeconômico com a proteção ambiental.
Gestão Ambiental 41

As atividades de acompanhamento e monitoramento dos impactos


ocorrem de maneiras distintas:
•• Empreendedor: responsável pela proposição e execução do
Programa de Acompanhamento e Monitoramento dos impactos
decorrentes da implantação do seu empreendimento ou
atividade. O programa é apresentado ao longo do processo de
Licenciamento Ambiental para subsidiar a obtenção das licenças
ambientais.
•• Órgão ambiental licenciador: responsável por acompanhar o
programa proposto pelo empreendedor, de maneira a avaliar e
fiscalizar o seu cumprimento.

Os importantes procedimentos adotados pelo órgão licenciador


para o acompanhamento e monitoramento ambientais garantem a
diminuição dos danos ambientais. Para isso, é preciso muita atenção nos
seguintes momentos:
•• Recebimento e análise dos relatórios de monitoramento ambiental,
elaborados pelo empreendedor por força das exigências das
licenças ambientais concedidas.
•• Realização de vistorias ao empreendimento ou atividade. Nesse
caso, são elaborados relatórios com emissão de pareceres
técnicos sobre a necessidade de aprimoramento das técnicas
de controle propostas e implantadas, comunicando oficialmente
ao empreendedor a necessidade de se rever seu programa de
monitoramento e, se for o caso, aplicando-se as penalidades
previstas em lei.

Os dados referentes ao monitoramento podem conduzir a uma


modificação do projeto, de modo a contribuir para que normas ambientais
sejam estabelecidas, e que critérios e métodos de avaliação ambiental
sejam definidos. Sendo assim, abre-se para uma melhor previsão dos
impactos ambientais de projetos ou programas semelhantes.

Os resultados do monitoramento são subsídios importantíssimos


na análise dos impactos cumulativos ou sinérgicos em regiões como
bacias hidrográficas, por exemplo, tornando-se objetos de planejamento
regional.
42 Gestão Ambiental

Atividades Passíveis de Licenciamento


Ambiental
•• Extração e tratamento de minerais.

•• Indústria de produtos minerais não metálicos.

•• Indústria metalúrgica.

•• Indústria mecânica.

•• Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicação.

•• Indústria de material de transporte.

•• Indústria de madeira.

•• Indústria de papel e celulose.

•• Indústria de borracha.

•• Indústria de couros e peles.

•• Indústria química.

•• Indústria de produtos de matéria plástica.

•• Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos.

•• Indústria de produtos alimentares e bebidas.

•• Indústria de fumo.

•• Obras civis.

•• Serviços de utilidade.

•• Transporte, terminais e depósitos.

•• Turismo.

•• Atividades agropecuárias.

•• Uso de recursos naturais.


Gestão Ambiental 43

IMPORTANTE:

A atuação da fiscalização é de suma importância


na realização de inspeções nas instalações de
empreendimentos, uma vez que a situação é verificada do
ponto de vista documental perante o órgão ambiental (se a
atividade tem licença ambiental, se está dentro do prazo de
validade etc.), bem como pontos críticos são observados
nas instalações passíveis de provocar alguma degradação
ambiental.

RESUMINDO:

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. A Constituição
Federal de 1988 incumbiu à coletividade o dever de
defender e preservar o Meio Ambiente para os presentes
e futuras gerações. Isso foi traduzido como o princípio da
participação popular no trato das questões ambientais.
Porém, nós só defendemos algo que conhecemos, não é
verdade? Por isso, é de suma importância que a sociedade
esteja informada para defender adequadamente o
patrimônio ambiental brasileiro. O governo também tem
como obrigação zelar pelo bem ambiental, de modo a ser
responsável pela imputação genérica de publicidade e de
dever de informação.. Esse importante controle público se
dá por meio de três princípios: Licenciamento Ambiental,
monitoramento e fiscalização. O licenciamento funciona
com a prevenção de possíveis intervenções negativas
no Meio Ambiente; a fiscalização é um instrumento de
correção, em que é possível reparar um dano ou identificar
um potencial risco de degradação ambiental, enquanto o
monitoramento é um instrumento que faz um elo entre o
licenciamento e a fiscalização.
44 Gestão Ambiental

REFERÊNCIAS
BRASIL. Caderno de Licenciamento Ambiental. Brasília: Ministério
do Meio Ambiente, 2009.

CONDICIONANTES. Instituto Pólis, [s. d.]. Disponível em: https://


polis.org.br/wp-content/uploads/BO-03_26_10_16.pdf. Acesso em: 18
nov. 2019.

PINTO, E. C. A importância do cumprimento de condicionantes


da licença Ambiental. Mata Nativa, 2017. Disponível em: http://www.
matanativa.com.br/blog/cumprimento-de-condicionantes-da-licenca-
ambiental. Acesso em: 18 nov. 2019.

SEBRAE-RJ. Manual de Licenciamento Ambiental: guia de


procedimentos passo a passo. Rio de Janeiro: GMA, 2004.

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