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Higiene Ocupacional

e Prevenção de
Riscos Ambientais
Dayanna dos Santos Costa Maciel

Unidade 2

Livro Didático
Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autora
DAYANNA DOS SANTOS COSTA MACIEL
A AUTORA
Dayanna dos Santos Costa Maciel
Olá! Meu nome é Dayanna dos Santos Costa Maciel. Sou formada
em Administração pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
com Mestrado acadêmico nessa mesma área de conhecimento, este com
ênfase em Estratégia e Inovação (pela Universidade Federal da Paraíba
em 2019). Também possuo mestrado acadêmico em Gestão de Recursos
Naturais (UFCG, 2014) com ênfase de pesquisa em Estratégia Ambiental
focada em modelos e ferramentas de gestão nas empresas. Tenho
experiência técnico-profissional no ensino da Administração ministrando
disciplinas como Planejamento Estratégico, Sustentabilidade e Gestão,
Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais, entre outras ao nível
de graduação e pós-graduação. Adoro transmitir meus conhecimentos e
minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões.
Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda
vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de se apresentar um
de uma nova com- novo conceito;
petência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou
mento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Exposição aos Agentes Ambientais...................................................10
Classificação dos Riscos Ambientais e Agentes/Fatores Determinantes
de uma Exposição...........................................................................................................................10

Avaliações Ambientais: Características e Estratégias...........................................18

Riscos Físicos.................................................................................................22
Termos e Medidas Gerais de Higiene Ocupacional....................................22

Pressões e Radiações...............................................................................................................28

Ruído, Temperatura, Vibrações e Umidade..............................................................35

Riscos Químicos...........................................................................................38
Riscos Químicos: Noções Básicas....................................................................................38

Classificação dos Agentes Químicos............................................................................41

Efeito dos Agentes Químicos no Organismo..............................................................44

Riscos Biológicos.........................................................................................49
Riscos Biológicos: Conceito/Transmissão e Penetração..................................49

Classes de Risco Biológico......................................................................................................54

Agentes Biológicos: Normatização sobre Insalubridade..................................58


Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 7

02
UNIDADE

LIVRO DIDÁTICO DIGITAL


8 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

INTRODUÇÃO
Você sabe quais são os possíveis riscos que podemos correr
no ambiente de trabalho? Consegue imaginar como identificá-los e
desenvolver mecanismo de prevenção e proteção? Pois bem, em
higiene ocupacional os riscos são classificados com base nos fatores/
agentes ambientais: físicos, químicos, biológicos e ergonômicos. Aqui
vamos aprofundar nossos conhecimentos no referente a identificação
e diferenciação dos fatores de risco ambientais e aprender a gerenciar
esses fatores de modo a prevenir danos à saúde do trabalhador. Então
do que estamos falando aqui? Estamos falando de higiene ocupacional,
ou seja, reconhecimento, avaliação e controle de riscos ocupacionais
nos ambientes de trabalho. Isso mesmo! A higiene ocupacional é uma
ciência de cunho preventivo, que objetiva fundamentalmente agir em
ambientes de trabalho através da aplicação de princípios de diversas
áreas de conhecimento. Assim, de forma interdisciplinar a higiene
ocupacional detecta agentes nocivos, quantifica sua intensidade ou
concentração e propõe medidas para promover ao trabalhador segurança
do desempenho de suas atividades laborais. Entendeu? Então prepare-
se, ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! O
universo dos agentes/riscos ambientais!
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:

1. Aplicar técnicas de prevenção quanto aos riscos ambientais


considerando a classificação, fatores determinantes de exposição,
características e estratégias de avaliação destes;

2. Reconhecer e diferenciar os riscos físicos no contexto da higiene


ocupacional;

3. Identificar os tipos de agentes químicos e suas unidades de


medida e classificação;

4. Discernir sobre os riscos biológicos a partir de sua classificação


no contexto da higiene ocupacional.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
10 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Exposição aos Agentes Ambientais


OBJETIVO
Ao término deste capítulo você terá conhecimento de
uma base teórica que permitirá você aplicar técnicas de
prevenção quanto aos riscos ambientais considerando
a classificação, fatores determinantes de exposição,
características e estratégias de avaliação. Isso é de suma
importância para a sua atuação profissional, uma vez que a
partir desse conhecimento você terá condições de observar
um ambiente de trabalho e nele identificar objetivamente
agentes ambientais e atores que influenciam na exposição
ocupacional ao risco, bem como traçar estratégias de
avaliação para definição de ações preventivas. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

Classificação dos Riscos Ambientais e


Agentes/Fatores Determinantes de uma
Exposição
Nessa unidade o foco dos nosso estudo está voltado para
a prevenção de riscos ambientais, a qual é o objetivo da higiene
ocupacional. Para aprofundarmos nosso conhecimento sobre riscos
ocupacionais é necessário destacamos sua ligação com o conceito de
higiene ocupacional.

A higiene ocupacional é uma ciência e uma arte que objetiva


a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle dos fatores
ambientais e estresses, originados nos locais de trabalho. Esses podem
provocar doenças, prejuízos à saúde ou ao bem-estar, desconforto
significativo e ineficiência nos trabalhadores ou entre as pessoas da
comunidade (ACGIH, 2012). Desse modo, essa definição vincula a
higiene ocupacional em sua essência aos seguintes termos antecipação,
reconhecimento, avaliação e controle. Vejamos na figura 1 no que consiste
esses termos no contexto da higiene ocupacional.
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 11

Figura 1 –Higiene Ocupacional: termos que revelam a essência de seu conceito

HIGIENE OCUPACIONAL

Antecipação Reconhecimento Análise Controle de riscos


Visa identificar Visa identificar os É o processo de Selecionar meios,
riscos potenciais, diversos fatores avaliar e dimensionar medidas e ações
procurando ambientais relacionados a exposição dos (procedimentos
alternativas de aos processos trabalhadores e a de trabalho) para
eliminação e/ de trabalho, suas magnitude dos fatores eliminar, neutralizar,
ou neutralização, características ambientais. controlar ou reduzir,
ainda na fase de intrínsecas (etapas, Consiste na obtidas a um nível aceitável,
planejamento e subprodutos, as informações os riscos ambientais,
projet (seleção rejeitos, produtos necessárias para afim de atenuar
de tecnologias finais, insumos) e determinar as os seus efeitos a
mais seguras, compreender a natureza prioridades de valores com patíveis
menos poluentes, e extensão de seus monitoramento e com a preservação
envolvendo, inclusive efeitos no organismo controle ambiental, da saúde, do bem-
o descarte dos dos trabalhadores e/ou com a interpretação estar e do conforto.
efluentes e resíduos meio ambiente. dos resultados Obedece a uma
resultantes). Analisa as diferentes das medições hierarquia de
Constitui-se de operações e processos, representativas controle de riscos
normas, instruções identificando a presença das exposições, de onde o mesmo
e procedimentos de agentes físicos, forma a subsidiar o se manifesta: na
para correto químicos, biológicos e/ equacionamento das fonte, na trajetória
funcionamento dos ou ergonômicos que medidas de controle. e no receptor
processos, visando possam prejudicar a Objetiva determinar (trabalhador).
reduzir ou eliminar saúde do trabalhador a exposição, ou seja,
riscos que possam estimando o grau de quantas vezes e
surgir, ou seja, risco. por quanto tempo
assegurar que sejam É um levantamento o trabalhador fica
tomadas medidas preliminar qualitativo exposto.
eficazes para evitá-los. dos riscos ocupacionais.

Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p.18-21)

Em suma, o conteúdo da figura 1 nos permite ratificar a ideia de


que a essência da higiene ocupacional, ou seja, sua razão de ser é
o risco no ambiente de trabalho. Mas então o que é risco no contexto
da higiene do trabalho? Podemos definir objetivamente risco como a
probabilidade (chances) de ocorrência de um evento que provoque como
consequência danos à saúde do trabalhador por intermédio da exposição
desse trabalhador a um agente de risco. Nesse sentido, atribuímos o risco
a ocupação do trabalhador (risco ocupacional).
12 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

IMPORTANTE
Risco ocupacional ou risco ambiental no contexto da higiene
ou segurança do trabalho difere da perspectiva de risco na
área das ciências ambientais e da natureza, ou seja, riscos
ao meio ambiente (poluição, desmatamento, etc.). De modo
que os riscos ocupacionais estão relacionados a agentes
que podem dar origem a danos à saúde, segurança e bem
estar dos trabalhadores e que são estritamente originados
do próprio trabalho.

Diante das colocações acima, devemos atentar para o termo


agente de risco. Se o risco é a probabilidade de ocorrência de um evento
que provoque consequências, o agente de risco é o elemento presente
nesse evento necessário para provocar riscos à saúde, segurança e meio
ambiente. Os agentes de risco incluem agentes químicos, biológicos,
físicos e ergonômicos. Os agentes de risco são geralmente os principais
fatores de risco.

Mas então quer dizer que fator de risco por definição não é a mesma
coisa do que agente de risco? Não exatamente. Existe uma diferença
conceitual básica, o agente de risco é um elemento que causa danos ao
trabalhador uma situação ou evento a qual o trabalhador é exposto. Já o
fator de risco é o evento ou acontecimento em si.

DEFINIÇÃO
Agente de risco é um elemento necessário para provocar
riscos à saúde, segurança do trabalhador, incluem
elementos químicos, biológicos, físicos e ergonômicos. Os
agentes de risco são geralmente os principais fatores de
risco.

Em termos práticos o dano ao trabalhador é causado pela situação


de risco, justamente pela presença de um agente de risco. Por esse
motivo na prática os agentes e fatores de risco são diretamente ligados a
ponto de os principais agentes de risco serem considerados os principais
fatores de risco. Vejamos um exemplo na figura 2.
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 13

Figura 2 –Diferença entre fator de risco, agente de risco e risco

Fonte: Adaptado de Chagas (2016, p.22).

DEFINIÇÃO
Fator de risco é o um evento, acontecimento ou situação
com potencial para provocar danos ao trabalhador (lesão,
doença) em seu ambiente de trabalho. Somente existe
risco se existir exposição do trabalhador ao agente e fator
de risco e se esta criar a probabilidade de consequências
adversas.

Na figura 2 vemos na prática os conceitos de risco, agente e fator.


Entendeu agora como é sutil a diferença entre eles? Pronto! Agora você
está apto para aprofundamos no assunto. Agora passamos efetivamente
a classificação dos riscos ambientais e fatores determinantes de uma
exposição. De um modo geral a literatura de higiene ocupacional
e segurança do trabalho apresenta um consenso no que tange a
classificação dos riscos ambientais e fatores determinantes de uma
exposição; nesse sentido esses são classificados como: físicos, químicos,
biológicos e ergonômicos. Vejamos a definição e exemplos desses no
quadro 1.
14 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Quadro 1 – Classificação agentes/fatores/riscos em higiene ocupacional

Agente/
Definição Exemplos
fator/risco
— Ruído; Vibrações;
— Pressões anormais;
Diversas formas de
— Temperaturas extremas
energia a que possam
Físicos (calor e frio);
estar expostos os
— Radiações (ionizantes e
trabalhadores.
não ionizantes);
— Infrassom, ultrassom
Substâncias, os
compostos ou os
produtos que possam
penetrar no organismo — Poeiras;
pela via respiratória ou — Fumos;
Químicos que, pela natureza da — Névoas;
atividade de exposição, — Neblinas;
possam ter contato ou — Gases ou vapores.
ser absorvidos pelo
organismo através da
pele ou por ingestão.
— bactérias,
São microrganismos — fungos,
os quais o trabalhador —bacilos,
Biológicos
ao obter contato pode —parasitas,
adquirir doenças. —protozoários,
— vírus
Exemplos: esforço físico,
postura inadequada,
controle rígido de
produtividade, jornada
São decorrentes da
de trabalho prolongada,
Ergonômicos. organização e gestão
monotonia e repetitividade
do trabalho.
de movimentos, falhas no
treinamento e supervisão
dos trabalhadores, entre
outros.
Fonte: adaptado de Saliba (2015, p.10-11)
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 15

Agora que temos fresquinho em nossas mentes exemplos dos mais


diferentes tipos de agentes e fatores de risco, saiba que esses grupos
possuem subdivisões as quais iremos tratar ao longo no nosso estudo. A
esse respeito, assevera Peixoto e Ferreira (2012, p.25):

Cada um destes grupos subdivide-se de acordo com as


consequências fisiológicas que podem provocar, quer em
função das características físico-químicas, concentração ou
intensidade dos agentes, quer segundo sua ação sobre o
organismo.

Na colocação Peixoto e Ferreira (2012) é importante destacamos


que as consequências/danos à saúde do trabalhador se dá em função
dentre outros fatores a concentração ou intensidade dos agentes. Assim
temos que nem sempre a exposição do trabalhador a esses agentes/
fatores/riscos irá gerar um dano à saúde do trabalhar. Isso dependerá da
concentração com que o trabalhador foi exposto a esses riscos, uma vez
que se tem limites aceitáveis. Pense bem, não é porque o trabalhador foi
exposto a um ruído baixo uma única vez que ele irá ter danos na audição,
concorda? Mas se esse trabalhador for exposto com frequência a ruídos
altos, possivelmente prejudicará sua audição.

Nesse sentido, podemos então nos questionar: Quais são os fatores


que determinam a exposição do trabalhador ao risco? Bem, segundo
Peixoto e Ferreira (2012) para analisar a exposição do trabalhador ao
risco devemos considerar os seguintes fatores que condicionam a sua
probabilidade de ocorrência e a gravidade de seus danos/consequências:
as características do agente de risco; tempo de exposição; concentração
ou intensidade do agente; suscetibilidade individual e sinergismo. O que
podemos concluir então? Podemos concluir que toda medida preventiva
de risco a ser aplicada deve ser estabelecida considerando esses fatores.
Vamos então de forma breve entender a que cada um desses fatores diz
respeito.

Quando se fala em características do agente de risco remetemos ao


fato que cada agente presente no ambiente de trabalho tem características
e efeitos específicos de acordo com sua natureza. Por exemplo, a
composição de uma tinta (agente químico) que um determinado pintor
16 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

usa em uma parte da obra pode ser diferente da que ela irá usar na
outra parte. Sendo isso verdade, podemos dizer que ambas as tintas
podem causar os mesmos danos à saúde do trabalhador sem analisar a
composição/ formulação de cada tinta? Não! Claro que não! Uma tinta por
exemplo pode apresentar como reação adversa uma alergia respiratória
ao trabalhador pela presença de determinado componente químico em
sua formulação que por sua vez não está presente no outro tipo de tinta.
Concorda?

No referente a tempo de exposição, o que precisamos saber é que


quanto mais tempo o trabalhador estiver exposto a um agente/fator de
risco, maior as chances desse desenvolver algum tipo de dano.

REFLITA
Quanto maior o tempo de exposição, maiores serão as
probabilidades da geração de uma doença ocupacional.
Mas como determinar esse tempo de exposição? Deve-
se para esse fim considerar as características da tarefa do
trabalhador como: tipo de atividade e suas particularidades,
movimento do trabalhador ao efetuar o seu serviço, jornada
de trabalho e descanso (PEIXOTO; FERREIRA, 2012).

Bem e quanto a concentração ou intensidade do agente? O que


devemos ter sempre em mente? Aqui se aplica a mesma lógica de análise
do tempo de exposição. De modo que quanto maior a concentração ou
intensidade (quantidade, volume) de um elemento agente de risco, maior
o risco de o trabalhador obter um dano à sua saúde ou integridade física.
Nesse sentido Peixoto e Ferreira (2012, p.25) exemplifica:

A dos agentes físicos devem ser avaliadas, mediante


amostragem nos locais de trabalho, de maneira tal que elas
sejam as mais representativas possíveis da exposição real
do trabalhador a esses agentes agressivos. Esse cuidado
na avaliação, faz-se necessário, pois, muitas variáveis estão
envolvidas e influem diretamente na representatividade. Como
exemplo, podemos citar a temperatura em uma exposição a
um determinado agente químico.
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 17

Por último, temos dentre os fatores relacionados a exposição do


trabalhador ao risco temos a suscetibilidade do trabalhador e o efeito
sinérgico. Quanto a suscetibilidade essa remete a diferença de organismo
a organismo de assimilar o fator de risco. Ou seja, no exemplo dado
anteriormente sobre a tinta, o pintor apresentou alergia a um componente
da fórmula, enquanto outro não apresentou nenhuma reação adversa a
utilizar a mesma tinta. Sendo assim, como devemos agir no contexto da
higiene do trabalho?

Veja bem para efeitos de proteção do trabalhador, a ação correta


é não usar mais a tinta independente do trabalhador que irá fazer uso,
uma vez que não se pode em alguns caso determinar exatamente quem
é vulnerável ao seu uso ou não. Quanto a sinergia ela remete ao efeito da
combinação dos fatores aqui destacados no ambiente de trabalho e o
resultado dessa combinação. Por exemplo, uma substância química pode
de forma isolada não apresentar risco, mas combinada com um agente
físico ou até mesmo outra substância química esse risco pode passar a
existir.

DEFINIÇÃO
“Sinergismo é a ação combinada entre dois ou mais fatores
que contribuem para o resultado final de um processo”
(PEIXOTO; FERREIRA, 2012, p. 27). No contexto da higiene
ocupacional, o efeito sinérgico remete as consequências
a saúde do trabalhador resultante da combinação de
dois ou mais fatores do ambiente de trabalho o qual esse
trabalhador foi exposto simultaneamente.

Chegando a esse ponto você já é capaz de entender como os riscos


ambientais e a sua presença no ambiente de trabalho expõe o trabalhar a
danos relacionados a sua saúde. Nesse sentido, agora você precisa saber
sobre avaliação ambiental suas características e estratégias.
18 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Avaliações Ambientais: Características e


Estratégias
Nesse tópico vamos entender de forma genérica, ou seja, a base
conceitual relacionada a avaliação do ambiente de trabalho e estratégia
de avaliação. Estamos aqui com o foco generalista uma vez que quando
tratarmos nos próximos capítulos de cada agente iremos também
estudar essa avaliação de forma específica em cada agente. Assim sendo,
a avaliação de um ambiente de trabalho deve incorporar tanto uma
avaliação qualitativa, quanto uma avaliação quantitativa. Nunca esqueça
que quanto mais criteriosa for a avaliação do ambiente de trabalho melhor
o profissional responsável por esta terá informações para tomar decisões
relacionadas a saúde do trabalhador.

A avaliação qualitativa do ambiente de trabalho objetiva descrever as


características desse ambiente, os elementos que o compõe, assim como
as particularidades, rotinas e processos realizadas pelos trabalhadores no
referido ambiente. Em suma, a avaliação qualitativa é o estudo prévio das
condições em que o trabalho é realizado/desenvolvido.

Já a avaliação quantitativa fazendo uso das informações resultantes


da análise qualitativa (a representação as condições reais nas quais se
encontra o ambiente de trabalho) objetiva por meio de técnicas estatísticas,
de amostragem e medição mensurar a intensidade e concentração dos
agentes de risco presentes no local. Para termos uma visão completa da
avaliação do ambiente de trabalho vejamos a figura 3.
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 19

Figura 3 –Características das avaliações ambientais.


Análise
Análise Quantitativa
Qualitativa

Fonte: elaborada pelo autor a partir de adaptado de Peixoto e Ferreira (2012)

Um detalhe importante que devemos destacar na figura 3 é que


as avaliações são complementares, assim a avaliação qualitativa fornece
como informações a identificação de problemas e descrição do ambiente
de trabalho. Essas informações apontam necessidades de medição,
que fica a cargo da avaliação quantitativa. Uma vez realizada a análise
quantitativa, deve-se definir ações preventivas e de redução de exposição.
Essas ações precisam ser aceitas no contexto das práticas de trabalho,
de modo que após a análise quantitativa é necessária uma nova análise
qualitativa para este fim.

Agora que já sabe as características de uma avaliação ambiental é


importante também que você saiba que antes de iniciar uma avaliação o
responsável por ela deve definir uma estratégia para seu desenvolvimento,
ou seja, os passos e a definição do que será exatamente avaliado.
Genericamente podemos apontar os seguintes elementos que devem
ser contemplados em uma estratégia de análise ambiental: objeto de
avaliação; métodos de medição ou coleta de dados/informações; tempo
de amostragem; período de realização das coletas e medições; número
mínimo de amostragens; e grupos homogêneos de exposição. O quadro
20 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

2 sintetiza no que implica cada um desses elementos no contexto da


análise ambiental.
Quadro 2 – Elementos de uma estratégia de análise ambiental.

Elementos Implicações na estratégia de análise


Definição do que vai ser avaliado, se é a exposição do
trabalhador, a operação, uma função específica ou a
Objeto de verificação da eficiência de algum sistema de proteção
avaliação coletiva (exaustão, ventilação), pois são básicos para a
definição dos métodos de amostragem, que podem ser
individuais ou fixos (coletivos).
Métodos Baseados em normas de regulamentação e orientação
de medição técnica nacionais e/ou internacionais, de modo a se
ou coleta compararem resultados obtidos com resultados de estudos
de dados/ científicos, que indicam valores máximos aceitáveis para
informações determinada exposição ocupacional.
Deve cobrir um ciclo de trabalho (características e
variações sobre duração e condições de exposição,
tarefas desempenhadas, tempo de permanência no local
contaminado, pausas e movimentos efetuados), isto é
Tempo de
necessário para que a amostragem seja representativa da
amostragem
exposição (baseado em normas ou estudos qualitativos da
exposição). Pode englobar amostragens instantâneas, de
minutos, de horas, de turnos e, até mesmo, de vários turnos
em dias alternados.
Período de
Amostragem deve ser realizada em condições normais de
realização
trabalho, em períodos de efetiva realização das atividades a
das coletas e
serem avaliadas, considerando suas especificidades.
medições
Quantidade de amostragens deve permitir um estudo que
Número possibilite a representatividade da exposição, pois podem
mínimo de estar presentes flutuações na concentração ou intensidade
amostragens dos agentes, devido a modificações ambientais, e ainda,
flutuações no ritmo do processo industrial e atividades.
Grupos Quando possível, para grupos de trabalhadores que exerçam
homogêneos atividades a condições semelhantes de exposição, pode-se
de exposição realizar uma avaliação característica para esse grupo.
Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p. 29-30).
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 21

REFLITA
Por último, salientamos que uma má definição dos
elementos dispostos no quadro 2 em uma estratégia de
análise ambiental pode conduzir a uma análise do ambiente
de trabalho não condizente com a realidade. Nesse sentido,
o profissional responsável corre o risco de tomar decisões
a respeito da exposição do trabalhador ao risco embasadas
descrições distorcidas.

RESUMINDO
E agora? Você já sente que tem conhecimento de uma base
teórica que permitirá você aplicar técnicas de prevenção
quanto aos riscos ambientais? Se você chegou até aqui essa
resposta deve ser positiva. Mas para garantirmos que você
adquiriu esse conhecimento vamos recordar o que vemos
nesse capítulo. Aqui você aprendeu que na prática de agente
e fator de risco se confundem, contudo existe em termos
teóricos uma sútil diferença entre os conceitos. Assim, agente
de risco é um elemento necessário para provocar riscos à
saúde, segurança do trabalhador. E, fator de risco é um evento,
acontecimento ou situação com potencial para provocar
danos ao trabalhador (lesão, doença) em seu ambiente
de trabalho. Somente existe risco se existir exposição
do trabalhador ao agente e fator de risco e se esta criar a
probabilidade de consequências adversas. Aprendemos
também que tanto os agentes de risco, os fatores e os riscos
são classificados físicos, químicos, biológicos e ergonômicos
e que cada um destes grupos subdivide-se de acordo com
as consequências fisiológicas que podem provocar, quer
em função das características físico-químicas, concentração
ou intensidade dos agentes, quer segundo sua ação sobre
o organismo. Por último, destacamos que analisar esses
riscos, agentes ou fatores remetem a analisar primeiramente
o ambiente de trabalho. Para essa análise deve-se ter uma
avaliação tanto quantitativa quanto quantitativa, bem como
traçar uma estratégia de análise ambiental que contemple
a definição correta os seguintes elementos: objeto de
avaliação; métodos de medição ou coleta de dados/
informações; tempo de amostragem; período de realização
das coletas e medições; número mínimo de amostragens; e
grupos homogêneos de exposição.
22 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Riscos Físicos

OBJETIVO
Ao término deste capítulo você será capaz reconhecer
e diferenciar os riscos físicos no contexto da higiene
ocupacional. Aqui você aprenderá no que consiste os
principais riscos físicos que uma vez presentes no ambiente
de trabalho acima de limites aceitáveis poderá causar danos
à saúde do trabalhador. Abordaremos aqui então de forma
objetiva os seguintes riscos físicos: pressões anormais,
radiações, ruídos, temperatura, vibrações e umidade. Os
conceitos aqui discutidos irão norteá-lo em sua prática
profissional no que tange a identificação e avaliação de
riscos físicos em diferentes tipos de ambiente de trabalho;
bem como na definição de ações preventivas e de controle
desses riscos. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Termos e Medidas Gerais de Higiene


Ocupacional
Nesse capítulo vamos tratar especialmente de riscos físicos, contudo
antes de entramos nas particularidades desses tipos de risco precisamos
elucidar conceitualmente alguns temos que irão fazer parte dos nossos
estudos a partir desse ponto. Além desses termos é importante também
listamos as principais medidas preventivas e de controle de riscos
ambientais (que se aplicam inclusive a riscos físicos) mais comumente
aplicadas no contexto da saúde ocupacional. Para melhor visualizarmos a
figura 4 lista esses termos, vejamos!
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 23

Figura 4 –Termos relacionados a riscos na higiene ocupacional.

Fonte: elaborada pelo autor a partir de adaptado de Peixoto e Ferreira (2012. P.30-33).

Então devemos ter sempre em mente quando falamos de riscos


ambientais e saúde do trabalhador deve-se atribuir limite de tolerância,
nível de ação, valor de teto e nexo causal que para todos os tipos de
risco/agentes (físicos, químicos, biológicos e ergonômicos). Só a partir
dessas definições que o profissional de higiene ocupacional pode definir
uma estratégia de prevenção e controle desses riscos.

Vejamos a importância dos limites de tolerância, também conhecido


como limite de exposição ocupacional. Ele estabelece, por exemplo, o
limite em decibéis que um trabalhador em seu ambiente laboral pode
ficar exposto continuamente sem causar danos a sua audição. Esse
limite permite então que o profissional de saúde ocupacional monitore
esse agente de risco (ruído) com o objetivo de mantê-lo dentro desse
limite aceitável. Os limites de tolerância a riscos são regulamentados
24 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

e normatizados tanto no âmbito nacional como internacional. Então no


brasil qual as normas observáveis nesse sentido? São elas: No Brasil, os
limites de tolerância estão estabelecidos em: NBR (Norma Brasileira);
NR (Norma Regulamentadora); NHO (Norma de Higiene Ocupacional).
Destacaremos esses limites para os diferentes tipos de agentes quando
estudarmos as implicações e formas de controle de cada um de forma
específica (próximos capítulos e unidades).

VOCÊ SABIA?
As diversas áreas da saúde ocupacional (medicina do
trabalho, higiene ocupacional e segurança do trabalho)
tomam por base os limites de tolerância (LT) para
efetivamente controlar a saúde do trabalhador no ambiente
de trabalho. Exatamente, para cada agente de risco (físico,
químico, biológico e ergonômico) existe um LT de modo
que seu valor é uma variável atribuída em função das
características e composição desse agente, bem como as
suas consequências/reações no organismo humano.

Por consequência do estabelecimento do LT temos a importância


da definição dos valores referentes a nível de ação e valor de teto. Então
para que serve o nível de ação? Serve para indicar em que momento da
exposição do trabalhador a um agente de risco deve-se agir para evitar
que tal exposição chegue ou passe do limite de tolerância. Por convenção
da área e para garantir a prevenção de danos à saúde do trabalhador o
nível de ação consiste na metade do LT. A figura 5 faz uma analogia a
saúde do trabalhador e aos LT e NA como um copo sendo abastecido
com água.
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 25

Figura 5 –Representação do LT e NC

Fonte: elaborada pelo autor adaptado de @pixabay.

Na figura 5 trabalhadores é representado pelo copo cujo o qual


tendo seu limite de capacidade ultrapassado (LT) irá apresentar reações
adversas (doenças do trabalho). Para evitar isso, atribui-se que em
determinado nível de capacidade do copo (NC) deve-se tomar uma
iniciativa para evitar que o copo transborde. Ainda nessa imagem o
ambiente de trabalho é representado pela grama (local onde o copo está
sendo abastecido) e os agentes de risco pela água.

Se a um determinado NC deve-se intervir na exposição do


trabalhador ao agente em questão, quais seriam essas possíveis ações
preventivas? Essas ações é o que podemos denominar de medidas gerais
de higiene ocupacional. Essas medidas são apresentadas e exemplificadas
de forma objetiva no quadro 3.
26 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Quadro 3 – Medidas gerais de higiene ocupacional.

MEDIDAS DE HIGIENE
EXEMPLOS
OCUPACIONAL
A substituição, na indústria automobilística,
de tintas a base de solventes por tintas à base
de água ou com maiores teores de sólidos e,
consequentemente, com menos solventes
Limitação da utilização ou
(pintura eletrostática a pó,). São menos tóxicas,
substituição do agente.
possuem baixo nível de composto orgânico
volátil e são menos inflamáveis, reduzindo a
emissão de poluentes, melhorando a saúde e a
segurança do trabalhador.
Tampar recipientes que envolvam materiais que
possam se dispersar no ambiente; substituir um
processo de pintura à pistola por pintura spray
Limitação da utilização ou eletrostática a pó; reduzir a temperatura de
substituição do processo. um processo para reduzir evaporação, reduzir
a quantidade utilizada e/ou armazenada,
usar empilhadeiras com motores elétricos em
substituição aos motores de combustão interna.
Compra de produtos químicos já misturados,
Utilização de medidas
nas quantidades certas, para evitar
técnicas preventivas
manipulação desnecessária.
Utilização dos equipamentos portáteis de
Estabelecimento de
avaliação em ambientes que possam conter
valores limites, métodos de
atmosferas perigosas (H2S em esgotos,
amostragem, medição e
CO2, gases combustíveis e O2 em espaços
avaliação
confinados).
Adoção de medidas de
proteção que impliquem Evitar que o trabalhador se incline sobre uma
na aplicação de fonte de contaminante volátil para não agravar
procedimentos e métodos a exposição.
de trabalho apropriados
Medidas de proteção Ventilação local exaustora, barreiras na
coletiva transmissão ou propagação.
Medidas de proteção
pessoal, quando não for Uso de equipamentos de proteção individual
possível evitar por outros adequado.
meios.
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 27

Alertar para os trabalhadores lavarem as mãos


Medidas de higiene pessoal
após manipulação de produtos nocivos.
Informar aos trabalhadores
sobre os riscos relativos
à exposição a um agente,
sobre as medidas técnicas Treinamento adequado.
de prevenção e, ainda,
sobre as precauções a
tomar
Sinalização de advertência Rotulagem e sinais de advertência para ajudar
e segurança os trabalhadores nas práticas seguras.
Vigilância da saúde dos Execução completa e adequada do Programa
trabalhadores através de de Controle Médico e de Saúde Ocupacional
exames periódicos (PCMSO).
Registro de dados relativos
a níveis de exposição,
Elaboração de estatísticas de acidentes e
trabalhadores expostos e
incidentes.
resultados de vigilância da
saúde.
Planos de emergência Procedimentos de emergência, plano de
em caso de exposições evacuação, plano de ação e emergência, plano
anormais. de auxílio mútuo.
Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p. 33-35)

As medidas listadas no quadro 3 evitam por consequência que a


exposição do trabalhador ao agente chegue ao valor de Teto, ou seja,
deixar o trabalhador na eminência de sofrer danos a sua saúde. Agora
que elucidados termos e medidas de higiene ocupacional que estarão
presentes ao longo dos nossos estudos, no tópico a seguir vamos tratar
de forma específica da exposição do trabalhador aos seguintes agentes
físicos de risco: pressões e radiações.
28 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Pressões e Radiações
Pressões e radiações são exemplos de risco físico os quais
trabalhadores ficando expostos acima dos limites de tolerância podem
adquirir doenças do trabalho. Vamos aqui estudar no que consistem estes
agentes de risco. Começando pelas pressões.

Inicialmente o que é pressão no contexto da saúde e ambiente


de trabalho? Quando falamos de pressão nesse contexto, estamos nos
referindo a pressão atmosférica, certo! Ou seja, estamos nos referindo as
condições de trabalho acima ou abaixo da pressão atmosférica. Quando
falamos de pressões anormais acima da pressão atmosférica estamos nos
referindo a atividades laborais desenvolvidas em ambiente de pressão
hiperbárica, e a baixo a pressão hipobárica. Mas que atividades laborais
são realizadas em condições anormais? No caso da pressão hiperbárica
essa se dá em condições quem que o trabalhador realiza suas atividades
em ambientes sob ar comprimido. O quadro 4 traz exemplos de atividades
onde o trabalhador está exposto a esse tipo de pressão, a assim como
ilustra as figuras 6,7 e 8.

NOTA
Trabalho sob ar comprimido são os efetuados em ambientes
onde o trabalhador desenvolve suas atividades laborais
suportando pressões superiores a pressão atmosférica e
exigindo cuidadosa descompressão (PERSUHN, 2013).
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 29

Quadro 4 – Exemplos de atividades sob pressão hiperbárica

Atividade Informações

• mergulho autônomo – quando o mergulhador carrega seus


próprios cilindros de oxigênio. É sua única fonte de oxigênio;
• mergulho dependente – quando o mergulhador depende
do fornecimento de ar da superfície, através de tubos;
Mergulho:
• mergulho com sino de apoio – quando o mergulhador
permanece numa câmara hiperbárica, geralmente se
aclimatando a uma situação de pressão elevada, podendo
permanecer por dias.
• tubulões pneumáticos; uma estrutura vertical que se
estende abaixo da superfície da água ou solo, através qual
os trabalhadores devem descer, entrando pela campânula,
para pressão maior qual atmosférica. A pressurizada opõe-
se à pressão da agua e permite que os homens trabalhem
Construção
em seu interior.
civil
• túneis pressurizados: uma escavação, abaixo da superfície
do solo, cujo maior eixo faz um ângulo não superior a 45º
(quarenta e cinco) com a horizontal, fechado nas duas
extremidades, em cujo interior haja pressão superior a
uma atmosfera.
• Oxigenoterapia: Oxigenoterapia hiperbárica é uma
modalidade terapêutica na qual o paciente respira oxigênio
puro (100%), enquanto é submetido a uma pressão 2 a 3
vezes a pressão atmosférica ao nível do mar, no interior de
Medicina:
uma câmara hiperbárica.
• Recompressão terapêutica: é a administração de oxigênio a
100% por várias horas em uma câmara pressurizada fechada
a > 1 atm, gradualmente reduzida à pressão atmosférica.

Fonte: adaptado de Persuhn (2013, p. 84-85)


30 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Figura 6 – Mergulho autônomo

Fonte: @pixabay

Figura 7 – Tubulão pneumático

Fonte: de Persuhn (2013, p. 85)


Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 31

Figura 8 – Oxigenoterapia hiperbárica

Fonte: de Persuhn (2013, p. 85)

Agora que temos exemplos de atividades em altas pressões, qual são


os possíveis efeitos no organismo humano relacionadas ao hiperbarismo?
Expostos a alta pressão o trabalhador pode sofrer: lesões pulmonares,
barotraumas (traumatismo provocado pela pressão), embolias, intoxicação
por oxigênio, intoxicação por gás carbônico, toxicidade cerebral, etc.

No caso de trabalhos expostos a pressões baixas (hipobáricas)


remetem ao desenvolvimento de atividades laborais em ambientes de
altitudes. A esse respeito Peixoto e Ferreira (2012, p.40) asseveram:

Em condições hipobáricas, com o aumento na altitude, a


pressão atmosférica é reduzida e, portanto, diminui também,
a pressão parcial de oxigênio no ar.[...] Quanto maior a altitude
de um lugar, menor é a sua pressão atmosférica. Isso porque
a quantidade absoluta de ar diminui proporcionalmente à
altitude. Desse modo, a baixa oxigenação é resultado da
diminuição do ar atmosférico como um todo, [...]

No Brasil é raro a realização de atividades laborais nessas condições.


Um exemplo de uma atividade nesse sentido é o alpinismo. Mas então
32 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

quais são as possíveis implicações da exposição a baixas pressões?


Podemos destacar como efeitos de exposição a baixas pressões: a falta
de oxigenação no cérebro, irritabilidade, a diminuição da capacidade
motora e sensitiva, alterações do sono, fadiga muscular, hemorragias
na retina e, nos casos mais graves, edema cerebral e edema agudo do
pulmão. (GRUPO PREVINE, 2020).

IMPORTANTE
Atividades exercidas a pressão hiperbárica e abaixo
hipobárica são denominadas atividades sob pressões
anormais, as quais são muito específicas e exigem
treinamento especializado, equipamentos sofisticados,
pessoal e infraestrutura de apoio. Nesse sentido, essas
atividades devem seguir a normativa disposta em na
legislação básica NR 15 – Atividades e operações insalubres.

Agora vejamos as radiações como um dos agentes de riscos físicos.


De um modo geral podemos definir radiação como emissão de raios ou
partículas. No âmbito dos estudos ocupacionais a radiação e seus efeitos
são analisados considerando os seus dois tipos: Radiações ionizantes e
não ionizantes.

DEFINIÇÃO
“Radiação ionizante é a radiação que possui energia
suficiente para quebrar ligações químicas de átomos
ou moléculas. As radiações ionizantes são provenientes
de materiais radioativos como é o caso dos raios alfa (a),
beta (b) e gama (g), ou são produzidas artificialmente em
equipamentos, como é o caso dos raios X” (PERSUHN;
2013, p. 88).

Para facilitar nosso entendimento vejamos separadamente cada


tipo de radiação.

Radiações Ionizantes: Esse tipo de radiação não é percebido pelos


sentidos do organismo e são bem mais penetrantes do que os demais
tipos de radiação. Esse tipo de radiação é encontrado em elementos
radioativos da natureza (urânio 235, rádio, potássio 40, etc.) e em raio
x e gama de uso medicinal ou industrial. No organismo a penetração
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 33

desse tipo de radiação pode conduzir ao desenvolvimento das seguintes


doenças: anemia, leucemia, catarata, câncer, alterações cromossômicas
causadoras de mutações genéticas. É importante destacar que existem
um limite de tolerância a esse tipo de radiação. Para o um corpo inteiro
se um ser humano exposto em seu ambiente de trabalho com frequência
esse limite é anualmente uma dose efetiva de 2-mSv/ano. Cada tipo de
radiação possui um alcance de penetração diferente, conforme mostra a
figura 9.
Figura 9 – O poder de penetração das radiações ionizantes

Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p. 44)

VOCÊ SABIA?
Quando vamos fazer uma radiografia do tórax como
exame médico em clínicas de radiografia perceba que no
momento do exame utilizamos uma placa de alumínio ou
chumbo como proteção. Isso é necessário para evitar a
penetração da radiação em nosso organismo.
34 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Radiações não ionizantes: Diferente das radiações ionizantes


esse tipo de radiação não quebra as moléculas e átomos, mas quando
absorvidas por esses gera um efeito de agitação e aumento de energia
interna. Esse feito promove o aquecimento do corpo podendo gerar
como danos à saúde o organismo exposto: queimaduras, catarata, fadiga,
efeitos carcinogênicos, etc. Esses feitos são condicionados à intensidade
e tempo de exposição e do comprimento da onda de radiação. O quadro
5 apresenta alguns exemplos de radiações não ionizantes, vejamos suas
respectivas fontes e implicações.
Quadro 5 – Exemplos de atividades sob pressão hiperbárica

Radiação Fontes Implicações


Produzidas em
estações de radar, rádio
Causam aquecimento localizado
Micro-ondas transmissão e em alguns
na pele.
processos industriais e
medicinais.
Tem como característica ser
Origem natural (sol) ou
pouco penetrante (alguns
Radiação artificial (fornos,
milímetros) e sua absorção
infravermelha metais incandescentes,
causa, basicamente, o
solda).
aquecimento superficial (pele).
Pouco penetrante e seus efeitos
De origem natural
serão sempre superficiais,
(sol – UVA e UVB) ou
Radiação normalmente envolvendo a pele
artificial (arco voltaico
ultravioleta e os olhos. Um efeito importante
em operações de solda,
e reconhecido da radiação
lâmpadas ultravioletas).
ultravioleta é o câncer de pele.
Radiação de grande
normalmente, não apresentam
comprimento de
problemas ocupacionais.
onda encontradas
Os efeitos à saúde são
em radiofusão AM,
Radiofrequência predominantemente térmicos,
ondas VHF, UHF,
ou seja, aquecimento por
radioamadorismo,
absorção da radiação pelos
radionavegação,
tecidos.
radioastronomia

Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p. 46-48)


Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 35

Além das pressões anormais e as radiações também são agentes


de riscos físicos o ruído, a temperatura, as vibrações e a umidade. A
seguir vamos entender de forma concisa no que consiste cada um desses
agentes.

Ruído, Temperatura, Vibrações e Umidade


O ruído, a temperatura, as vibrações e a umidade são agentes físicos
mais comuns nos ambientes laborais e merecem que aprofundamos no
estudo desses. Por esse motivo nesse tópico vamos apenas introduzir
no que consiste cada um, uma vez que na próxima unidade de estudo
aprofundaremos a esse respeito. Assim sendo o quadro 6 destaca
basicamente no que consiste esses agentes.
Quadro 6: Riscos físicos: agentes mais frequentes no ambiente de trabalho

Agente Definição Tipos

Ruídos contínuos – são aqueles cuja


variação de nível de intensidade
sonora é muito pequena em função
do tempo. Exemplos: geladeiras,
ventiladores.

É um conjunto Ruídos intermitentes – são aqueles que


de vários sons apresentam grandes variações
não coordenados de nível em função do tempo. São os
Ruído (várias tipos mais comuns. Exemplos: fala,
frequências), que furadeira, esmerilhadeira.
causam incômodo
Ruídos impulsivos ou de impacto –
e desconforto.
apresentam altos níveis de intensidade
sonora, num intervalo de tempo muito
pequeno. São os ruídos provenientes
de explosões e impactos. São
característicos de rebitadeiras, prensas,
etc.
36 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Exposição ao calor é característico de


Como locais como: fundições, usinas, fábricas
temperaturas de vidro, indústrias de papel, olarias,
extremas indústrias metalúrgicas, siderúrgicas,
consideram-se o etc.
calor e o frio em O calor pode estar ainda presente
intensidade em trabalhos ao ar livre nas épocas
Temperaturas quentes do ano.
suficiente
extremas
para causar A exposição ao frio está presente,
desconforto, principalmente, na indústria frigorífica
alterações e no trabalho em câmaras frias. O
prejuízos à frio excessivo, além de interferir
eficiência e saúde na eficiência do trabalhador, pode
dos trabalhadores. produzir enregelamento dos membros,
ulcerações

O movimento Localizadas – provocadas por


oscilatório de um ferramentas manuais com efeitos em
corpo produzido certas partes do corpo (articulações de
por forças mãos e braços).
desequilibradas
Vibrações de componentes Generalizadas – lesões de corpo
de movimento inteiro, normalmente produzidas pelo
rotativo ou trabalho em grandes equipamentos
alternativo de (caminhões, ônibus e tratores),
máquinas e acarretando problemas na coluna
equipamentos. vertebral e dores lombares.

Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p. 51-58)


Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 37

RESUMINDO
Se você chegou até aqui já é capaz de reconhecer
e diferenciar os riscos físicos no contexto da higiene
ocupacional. Isso mesmo! Pois nesse capítulo aprendemos
que os riscos físicos assim como os demais possuem no
contexto da higiene ocupacional limites de tolerância,
que deve ser observado no ambiente de ocupação do
trabalhador. Ao monitorar a exposição do trabalhador a
um agente de risco deve-se em um determinado nível de
ação intervir com medidas comuns da higiene ocupacional.
Aprofundamos então nosso estudo nesse capítulo no
conhecimento dos principais agentes de riscos físicos
que podem existir em um ambiente de trabalho: pressões
anormais, radiação, ruído, a temperatura, as vibrações e
a umidade. E aprendemos que quando o trabalhador é
exposto além dos limites aceitáveis a qualquer um desses
agentes poderá sofrer danos em sua saúde. Esses danos
variam conforme o tipo de agente, sua concentração de
tipo de exposição.
38 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Riscos Químicos
OBJETIVO
Ao término deste capítulo você será capaz de identificar
os tipos de agentes químicos e suas unidades de medida
e classificação. Saber definir o risco químico e conhecer
como eles se apresentam em termos de medida e
classificação ajudará você em sua prática profissional no
que tange a identificação e avaliação dos agentes químicos
em diferentes tipos de ambiente de trabalho; bem como
na definição de ações preventivas baseadas nos efeitos
possíveis dos agentes químicos em contato com o
organismo humano. E então? Pronto para desenvolver esta
habilidade? Então vamos lá. Avante!

Riscos Químicos: Noções Básicas


Olá! Assim como alguns dos agentes físicos os agentes de risco
químico são muito presentes na maioria dos ambientes de trabalho, de
modo que a higiene ocupacional dedica grande atenção ao estudo desses.
Diante do objetivo dessa unidade, vamos aprender aqui apenas o básico
sobre esses agentes. Isso mesmo! Apenas os conceitos, classificações
e implicações que você precisa saber inicialmente. Isso porque dada
a importância dos estudos dos agentes químicos para a prevenção de
danos à saúde do trabalhador, esses agentes serão nosso objeto de
estudo mais profundo nas unidades seguintes.

Nesse sentido, para início de nossa conversa precisamos deixar


claro que o que é um agente de risco químico. No contexto da higiene
ocupacional, os agentes químicos são definidos como substâncias,
elementos, compostos ou resíduos de composição química que, durante
sua fabricação, armazenamento, manuseio e transporte pode exercer
sua capacidade de ação tóxica sobre o organismo ou a contaminar o ar
do ambiente de trabalho. No campo nas normatizações desse tipo de
agentes os agentes químicos são definidos pela legislação brasileira pela
norma NR 09 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (1978) como:
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 39

[...] as substâncias, compostos ou produtos que possam


penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de
poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que,
pela natureza da atividade da exposição, possam ter contato
ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou ingestão.
(BRASIL/NR 09, 1978).

Os agentes químicos se apresentam de forma massiva nos diferentes


tipos de indústria. São exemplos de indústrias nesse sentido: produção
de plásticos, fertilizantes, saneantes, álcool, galvanoplastia, têxtil,
petroquímica, mineração, entre outras. Nesse sentido, temos os produtos
químicos que têm sido utilizados desde o princípio da civilização humana
para os mais diversos fins. Esta utilização vem aumentando ao longo dos
tempos e crescendo significativamente com a industrialização, quando
começou também, de forma importante, a produção de substâncias
sintéticas (PERSUHN,2013). Sendo assim, lidar com substâncias químicas
faz parte do dia-dia das pessoas, assim como os trabalhadores em seu
ambiente de ocupação.

SAIBA MAIS
Gostaria de saber um pouco mais sobre a relação exposição
a agentes químicos x saúde do trabalhador? Então leia o
texto escrito por Kato, Garcia e Wünsch Filho (2007). Para ter
acesso a esse texto acesse: https://bit.ly/30p64IF

É importante que saibamos que cada tipo de agente químico


presente nos ambientes de trabalho deve-se conhecer suas medidas,
classificação e efeitos nos organismos. Nesse sentido, vamos a priori
conhecer as unidades de medida dos agentes químicos. Em um ambiente
contaminado, os agentes químicos são quantificados pelas seguintes
medidas apresentadas na figura 10.
40 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Figura 9 –Medidas de quantificação dos agentes químicos

Empregada, Empregada Não é uma


comumente, para representar unidade, porém
para representar a quantidade de usa-se para
a concentração aerodispersóides representar
de gases e Quando temos, aquantidade de
vapores. Quando a por exemplo, a gás ou vapor
concentração concentração de na forma de
de um agente 1 mg/m³ de um volume que está
químico for de 1 agente químico, acompanhando o
(um) ppm, significa significa ar contaminado.
que existe uma que existe uma
parte, em volume, miligrama deste
deste agente que produto em um
está junto a um metro cúbico
milhão de partes, de ar.
em volume, de ar
contaminado.

Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p.61)

É importante salientar que as unidades de medidas podem ser


convertidas caso haja necessidade para realização de estudos relacionados
a identificação e controle de riscos químicos. Para tanto podemos fazer
uso dos fatores de convenção, basta o valor de uma unidade pelo fator
de conversão referente. A figura 10 apresenta as unidades de convenção
e seus respectivos fatores.
Figura 10 – Conversão de unidades de concentração de agentes químicos

Fonte: Peixoto e Ferreira (2012, p.62)


Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 41

Agora que já aprendemos o que é um agente químico e como ele


pode ser quantificado em termos de unidade de medidas, passamos
então a diferenciar os tipos de agentes químicos presentes nos ambientes
ocupacionais.

IMPORTANTE
Para que se tenha um ambiente de trabalho seguro, ou seja
um ambiente que não propicie intoxicação por agentes
químicos é necessário o conhecimento de respeito aos
limites de tolerância a exposição desses agentes. Esses
limites são definidos pela NR 15 (1978).

Classificação dos Agentes Químicos


Na literatura de higiene ocupacional e nas normas que regem a
segurança no ambiente de trabalho podemos identificar que os agentes
químicos são classificados em sete tipos segundo seu estado físico:
poeiras, fumos, fumaças, fibras, neblinas, névoas, gases e vapores. Você
sabe a diferença entre esses tipos? Se não sabe, não tem problema,
vamos elucidar agora. Para tanto vamos abordar separadamente cada
tipo. O quadro 7 nos traz uma visão objetiva de cada um desses tipos de
agentes.
Quadro 7: Tipo de agentes químicos em relação a seu estado físico

Tipo Definição Implicações Exemplos


Conjunto de partículas Quando expostos
que são geradas a um longo
mecanicamente período de tempo,
por procedimento os trabalhadores
de ruptura ou podem adquirir
rompimento, ou doenças do Poeiras de carvão
Poeiras ainda, por uma grupo das mineral, poeiras com
desagregação de pneumoconioses, sílica, etc.
partículas maiores que oferecem
em menores, com perigo por causar
diâmetros produzidos enrijecimento
na faixa aproximada dos tecidos
de 0,1 μm a 25 μm. pulmonares.
42 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Partículas no estado
sólido que são
Fumos de chumbo
produzidas por uma
Respiração destes (Pb), encontrado em
condensação dos
fumos por um fábricas de baterias
vapores emanados
longo tempo e a e os de cromo (Cr)
da fusão, podendo
Fumos não adoção de e Níquel (Ni) em
conter metais
cuidados pode locais onde se realiza
pesados no ar como
causar ulcerações revestimento externos
o zinco (Zn), por
do septo nasal. de peças por estes
exemplo ou vapores
metais.
carregados com
metais em suspensão.
São partículas que
Estas são constituídas
resultam de uma
Asfixia, e doenças de carbono geradas
Fumaças reação química
pulmonares. pela queima de
de combustão
materiais orgânicos.
incompleta.
No caso de
Pode encontrar
Partículas sólidas exposição
ambientes
que são produzidas prolongada à fibra
ocupacionais com
por processos de asbesto, a
este agente nas
de rompimento doença que pode
Fibras indústrias que
mecânico, as quais ser desenvolvida
trabalham com
apresentam como é a asbestose,
fibras de lã, algodão,
característica física bastante agressiva
asbesto, vidro e de
um formato alongado. aos pulmões dos
cerâmica.
trabalhadores.
Quando
carregadas que
Concentração de
componentes
Conjunto de partículas finas
tóxicos podem
partículas líquidas (PM2,5) superior a
gerar os mais
que estão suspensas 1.000 microgramas
diversos danos
no ar, resultantes da por metro cúbico de
as saúdes do
Neblinas condensação dos ar, mais de 40 vezes
trabalhador
vapores oriundos de acima do limite de 25
como doenças
substâncias no estado recomendado pela
respiratórias,
líquido que são Organização Mundial
queimaduras
voláteis. da Saúde (OMS).
por contato com
as gotículas,
intoxicação, etc.
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 43

Produzidas por
atomização ou
ruptura mecânica do
líquido pressionado.
Você pode encontrá-
las em procedimentos
Névoas são de trabalho como
Reações alérgicas
Névoas partículas líquidas em pinturas na forma
e intoxicação.
suspensão no ar. de spray, aplicação
de agrotóxicos
envolvendo
nebulização, uso
de óleo de corte
formando névoa de
óleo, etc.
- Gás é uma dispersão Como exemplo de
de moléculas que gases, podemos
estão espalhadas citar o próprio ar que
e misturadas no respiramos, uma
ar ambiente, com mistura formada na
movimentação sua maior parte por
desordenada, nitrogênio (N2) e
resultante de forças oxigênio (O2). Assim
internas fracas e como o gás carbônico
que, sob condições ou dióxido de carbono
de temperatura e (CO2), monóxido de
pressão atmosféricas carbono
(normais), já estão no Asfixia, e doenças (CO), amônia (NH3) e
estado gasoso. pulmonares, o GLP (Gás Liquefeito
Gases e
O vapor é definido quando inalados de Petróleo ou gás de
vapores
como o estado acima dos limites cozinha), este último
gasoso de agentes de tolerância. de ampla utilização
químicos que, quando nas indústrias e
condicionados lares brasileiros.
à temperatura e Para vapores, os
pressão atmosféricas, mais conhecidos
apresentam-se no são originados dos
estado líquido. A sua solventes orgânicos
concentração no meio como o tolueno,
ambiente dependerá xileno, benzeno,
de variáveis como éteres, cetonas e
pressão de vapor hidrocarbonetos
e temperatura como a gasolina,
ambiente. querosene e álcoois.
Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p. 51-58)
44 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

TESTANDO
Agora que você já sabe como se classificam os agentes
de risco químicos é hora de testar se você é capaz de
diferenciá-los. Nesse sentido, esse é o momento ideal
para você responder algumas questões desse capítulo no
banco de questões. Corre lá!

Efeito dos Agentes Químicos no


Organismo
No tópico anterior conhecemos os diferentes tipos de agente
químicos em relação a sua ao estado físico com que se apresentam.
Você parou para pensar como é que as pessoas de um modo geral
se contaminam com esses agentes? Bem a forma mais comum de
contaminação é pelas vias respiratórias já que a maioria desses agentes
são gases ou material particulado suspenso no ar.

Nesse sentido, umas das formas mais eficazes que se evitar a


contaminação é a utilização de máscaras apropriadas. A figura 11 ilustra
um exemplo dessas máscaras.
Figura 11: Máscara de gás.

Fonte: @pixabay
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 45

Outras formas de contaminação por substâncias é a pele o os


olhos. Na pele a contaminação pode dar-se por meio do contato e da
absorção. Existem substâncias que o dano à saúde do trabalhador dar-se
imediatamente com contato, por exemplo um ácido por natureza corrosivo
em contato direto com a pele pode gerar queimaduras. Já a absorção o
processo de contaminação é similar ao respiratório, a substância penetra
na pele e segue pela corrente sanguínea causando danos aos órgãos do
corpo. Um exemplo de contaminação por benzeno. O benzeno uma vez
absorvido pela pele provoca danos na produção sanguínea. Para proteger
o trabalhador desse tipo de contaminação deve-se utilizar macacões
especiais e luvas.

Ainda sobre as formas de contaminação há substâncias que agem


diretamente nos olhos, gerando irritação e nos casos de substâncias
corrosivas, casos de cegueira. Essas formas de contaminação demonstram
a necessidade que conheçamos também os principais efeitos dos agentes
químicos no organismo.

VOCÊ SABIA?
Você sabia que o trabalho de funilaria e pintura nas indústrias
automotivas é uma das atividades em que o trabalhador é
exposto aos mais diferentes tipos de risco, principalmente
agentes de risco químico. Para conhecer um exemplo de
condições de trabalho em uma oficina mecânica e funilaria
acesse o estudo realizado por PEREZ (2017) em: https://bit.
ly/2DA1LSc

Segundo Persuhn (2013), podem ser classificados segundo a forma


de atuação no organismo humano. Nesse sentido, os agentes químicos
podem ser: Irritantes, asfixiantes, narcóticos e intoxicantes sistémicos. Já
Peixoto e Ferreira (2012) apresentam uma classificação mais abrangente
nesse sentido, conforme é apresentado no 8.
46 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Quadro 8. Classificação dos agentes químicos conforme efeitos no organismo

Tipos de Exemplo de
Estado físico Descrição
efeito Substância
Podem produzir nódulos
e causar endurecimento Sílica e
Fibrogênicos
(denominadas fibroses) dos amianto.
tecidos pulmonares.
As partículas por ação
Névoas oriun-
química podem causar ul-
Irritantes das de ácidos
cerações e inflamações no
e bases.
trato respiratório.
Produtores de Podem provocar calafrios Fumos metá-
febre e febre. licos.
Quando o trabalhador está Amianto e
Carcinogêni-
exposto a um longo período radionuclí-
cos
pode adquirir câncer. deos.
Os agentes têm a capaci-
Aerodispersóides dade de atacar órgãos inter- Cádmio e
Sistêmicos
nos e sistemas do organis- manganês.
mo humano
Caracterizam-se por causar
modificações celulares e
alterações genéticas. Os
mutagênicos afetam não
somente o indivíduo conta- Mercúrio
Mutagênicos/ minado, mas também seus orgânico e
teratogênicos descendentes. Os teratogê- fumos de
nicos têm a capacidade de chumbo.
afetar o desenvolvimento
embrionário ou fetal, resul-
tando em deformidades do
feto (congênito).
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 47

Substâncias capazes de
causar irritação e ulcera-
ções no trato respiratório Ácido
Irritantes pela ação química com clorídrico e
as mucosas (solubilidade gás sulfídrico.
com partes úmidas) ou por
contato direto.
Ação nociva generalizada
independente da via de Inseticidas e
Tóxicos penetração. Alguns podem hidrocarbo-
agir em órgãos ou sistemas netos.
específicos.
Ação depressora do Siste-
ma Nervoso Central
Anestésicos e Éteres e
(SNC), sistema formado
narcóticos cetonas.
pelo conjunto do cérebro
e medula espinhal.
Estes podem ser classi-
Gases e vapores ficados como: asfixiantes
simples, que atuam substi-
tuindo o oxigênio do ar a ser
transportado pela hemoglo-
Nitrogênio,
bina quando estão presen-
gás carbônico
Asfixiantes tes na atmosfera (sem ação
e monóxido
bioquímica), já os asfixiantes
de carbono.
químicos apresentam ação
bioquímica na celula, ofere-
cendo dificuldade ao oxigê-
nio do ar de chegar e de se
agregar a hemoglobina.
Apresentam a capacidade
Cloreto de
Carcinogêni- de causar câncer
vinila e
cos quando expostos por um
benzeno.
longo período.
Apresenta a mesma des-
Carcinogêni- Óxido de
crição colocada para os
cos etileno.
aerodispersóides.
Fonte: Peixoto e Ferreira (2012, p.70)
48 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

RESUMINDO
Ops! Gostou de entender o risco químico e conhecer como
eles se apresentam em termos de medida e classificação.
Pois bem, para que você reforce esse entendimento vamos
revisar o que estudamos nesse capítulo. Aqui virmos os
aspectos básicos relacionados aos riscos químicos no
campo da higiene ocupacional. Aprendemos nesse sentido
que as principais unidades de medida usadas para fins de
quantificação de agentes químicos em ambientes passíveis
de contaminação são: ppm, mog/m3, % em volume.
Estudamos também que os principais agentes químicos
podem se classificar em relação a sua estrutura física em:
poeiras, fumos, fumaça, fibras, neblinas, névoas, gases e
vapores. Por fim, podemos conhecer as implicações desses
agentes quando presentes no organismo humano acima
dos limites de tolerância.
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 49

Riscos Biológicos
OBJETIVO
Ao término deste capítulo você será capaz de discernir
sobre os riscos biológicos a partir de sua classificação
no contexto da higiene ocupacional. Saber definir o risco
biológico e conhecer como eles se apresentam no ambiente
de trabalho ajudará você em sua prática profissional no que
tange a identificação e avaliação dos agentes químicos
em diferentes contextos; bem como na definição de ações
preventivas baseadas nos efeitos possíveis dos agentes
biológicos em contato com o organismo humano. E então?
Pronto para desenvolver esta habilidade? Então vamos lá.
Avante!

Riscos Biológicos: Conceito/Transmissão e


Penetração
Se você chegou até aqui já percebeu que o ambiente de ocupação
possui inúmeros riscos que muitas vezes nem sequer nos damos conta, ou
nos preocupamos com a exposição a esses. Pois bem, dentre os agentes
de risco temos ainda os riscos biológicos os quais vamos estudar agora.

DEFINIÇÃO
Agentes biológicos são microrganismos que em contato
com o organismo humano causam doenças.

Podemos listar como exemplos de riscos biológicos aos vírus,


bactérias, parasitas, fungos e bacilos. Esses agentes estão frequentemente
presentes em atividades laborais desenvolvidas em ambientes como:
hospitais, sanatórios, laboratório de análises clínicas, lixeiros, açougues,
lavanderias, ambientes de criação de gado, estações de tratamento, entre
outros. Ambientes cuja e presença desses tipos de agente, devem ser
sinalizados fazendo uso do símbolo disposto na figura 13.
50 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Na norma NR 32 (1978) encontramos uma definição mais específica


de agentes biológicos. Segundo essa norma: “agentes biológicos
consideram-se agentes biológicos os microrganismos, geneticamente
modificados ou não, as culturas de células, os parasitas, as toxinas e os
príons”.
Figura 13 –Simbologia internacional para riscos biológicos

Fonte: @pixabay
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 51

NOTA
Príons são partículas proteicas infecciosas compostas,
quase que exclusivamente, por uma proteína conhecida
como príon scrapie (PrPsc). Para saber mais sobre doenças
causadas por príons e provável nexo ocupacional leia o
artigo de Pustiglione, Torres e Sá (2014). Para isso acesse:
https://bit.ly/3fxrlVe

Se pararmos para refletir a respeito das doenças causadas por


agentes biológicos, vamos concluir com base em nossas experiências
pessoais (todos nós em algum momento já tivermos doenças causadas
por vírus ou bactérias em algum momento de nossa vida, certo?) que
elas se resumem a três tipos: infecções, alergias e intoxicações. Mas
qual a diferença primordial desses tipos de agentes para os demais que
estudados? Bem, por ser organismos vivos possuem capacidade de
reprodução. A esse respeito assevera Peixoto e Ferreira (2012, p.82):

A diferença essencial entre os agentes biológicos e outras


substâncias perigosas é a sua capacidade de se reproduzir.
Uma pequena quantidade de um microrganismo pode crescer
consideravelmente em um tempo muito curto, sob condições
favoráveis.

Agora que sabemos basicamente quem são esses agentes, como


evitar a contaminação? Se você parar e lembrar de suas experiências
pessoais vai lembrar que a vacina é uma das formas mais eficazes de
presença, concorda? Mas além da vacina existem outras medidas
que previnem a contaminação do trabalhador por contato com esses
organismos no ambiente de trabalho. Essas formas são destacadas na
figura 14.
52 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Figura 14. Medidas de proteção contra grupos de riscos biológicos

Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p.82)

Já entendemos como de prevenir da contaminação por agentes


biológicos no ambiente de trabalho, mas ainda é importante que tenhamos
conhecimento de como esses agentes especificamente são transmitidos
e penetram no organismo humano.

Vamos primeiro pontuar o que é transmissão e penetração.


Genericamente a transmissão remete ao ato, processo ou forma de
passar, ou seja, conduzir, propagar ou transportar algo. Nesse sentido,
quando falamos de transmissão de agentes biológicos estamos nos
referindo aos meios com que o organismo humano recebe esses agentes
e pode propagá-lo para outros.

Para tanto, no contexto da higiene ocupacional a transmissão


desses agentes pode se dar de forma direta ou indireta. Essa transmissão
é considerada direta quando transmissão se dá sem a intermediação de
veículos ou vetores, e indireta quando há uso desses veículos. São veículos
ou vetores de transmissão de agentes biológicos: mãos, perfurocortantes,
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 53

luvas, roupas, instrumentos, vetores, água, alimentos, superfícies, etc.


Uma vez o trabalhador tendo contato com esses vetores ou veículos
contaminados o microrganismo ali presente busca lugar para se alojar no
organismo humano por meio da penetração.

Por penetração nesse contexto entende-se ao ato ou forma com


que os agentes biológicos podem entrar no organismo humano após a
transmissão de forma direta ou indireta. São vias de penetração desses
agentes no organismo: pele danificada por fissuras ou machucados,
picadas acidentais, mordidas, fixação pelas membranas mucosas,
inalação ou ingestão. Essas formas são divididas em vias de penetração
conforme resume o quadro 9.
Quadro 9. Vias de penetração agentes biológicos no organismo

Porta de
Via de Formas de
entrada Exemplo
exposição contaminação
principal
Contaminação através
Pele danificada da pele podemos citar
ou membranas a contaminação de
mucosas (boca, profissionais de saúde
olhos), lesões pelo vírus da hepatite C
Cutânea Pele por materiais e pelo vírus HIV (human
perfurocortantes immunodeficiency virus), o
contaminados tétano (doença infecciosa
e arranhões ou e não contagiosa, causada
mordidas. pela toxina da Clostridium
tetani) e a leptospirose.
Penetração
através do Contaminação por via
Vias
Respiratória nariz, garganta, respiratória, podemos citar
respiratórias,
traqueia e a gripe H1N1.
brônquios.
54 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

As substâncias
Contaminação por
biológicas são
ingestão, podemos citar
introduzidas
a contaminação por
no sistema
Salmonella ssp no consumo
gastrointestinal
de alimentos conservados
Ingestão Boca através da
em condições não
boca, com
adequadas e a hepatite A
trânsito pelo
que é transmitida através
esôfago, antes
de alimentos e água
de atingirem o
contaminados com o vírus.
estômago.

Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p.82-84)

Classes de Risco Biológico


Os agentes biológicos assim como os agentes físicos e químicos
(estudados anteriormente) são passíveis de classificação. Aqui vamos
conhecer a classificação feita pela norma 32 (1978) no Anexo I. Para
facilitar nossa visualização e entendimento, o quadro 10 apresenta essa
classificação de forma objetiva.
Quadro 10: Classes de risco dos agentes biológicos

Classe Descrição Exemplo


Baixo risco individual para
o trabalhador e para a Exemplo: Lactobacillus sp
Classe de
coletividade, com baixa utilizados pela indústria
risco 1
probabilidade de causar alimentícia em iogurtes.
doença ao ser humano.
Risco individual moderado
Exemplos: vírus da febre
para o trabalhador e
amarela (doença infecciosa
com baixa probabilidade
transmitida por mosquitos
de disseminação para a
Classe de contaminados) e Schistosoma
coletividade. Podem causar
risco 2 mansoni
doenças ao ser humano,
(causador da esquistossomose,
para as quais existem meios
popularmente conhecida no
eficazes de profilaxia ou
Brasil como “Barriga d’água”).
tratamento.
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 55

Risco individual elevado


Exemplos: Mycobacterium
para o trabalhador e
tuberculosis ou bacilo de Koch
com probabilidade de
(bactéria que provoca a maioria
disseminação para a
dos casos de tuberculose), e
Classe de coletividade. Podem causar
Bacillus anthracis (bactéria que
risco 3 doenças e infecções graves
causa a doença denominada
ao ser humano, para as quais
carbúnculo em atividades com
nem sempre existem meios
contato direto com animais ou
eficazes de profilaxia ou
cadáveres destes infectados).
tratamento.
Exemplos: vírus Marburg,
agente causador da febre
hemorrágica (doença viral que
Risco individual elevado
origina quadros de febre
para o trabalhador e com
e hemorragia que podem levar
probabilidade elevada
Classe de à morte) e vírus Ebola (causa
de disseminação para a
risco 4 uma
coletividade. Apresenta grande
febre hemorrágica, considerada
poder de transmissibilidade de
uma das doenças virais mais
um indivíduo a outro.
perigosas,
com alto índice de mortalidade).

Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p.84-85)

VOCÊ SABIA?
A NR 32 (1978) apresenta além da classificação dos
agentes biológicos por risco de contaminação algumas
informações adicionais. Essas informações são a respeito:
efeitos alérgicos, agente emergente e oportunista, agente
ontogênico; produção de toxinas e vacinas eficazes
disponível. Veja a norma em: https://bit.ly/3glEqC5.
56 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Lembre-se que as doenças dadas como exemplos de doenças


oriundas de agentes biológicos são comuns (conforme ilustra a figura
15), portanto para que estas sejam consideradas doenças do trabalho,
obrigatoriamente deve ter comprovação do nexo causal. Se o ambiente
de trabalho dispõe de todos os mecanismos de proteção do trabalhador,
conforme ilustra a figura 16 e este adquire a doença por contágio em outro
ambiente, essa não pode ser considerada doença do trabalho.

Revisando: Nexo causal é a comprovação da relação direta entre a


doença e o exercício do trabalho.
Figura 15. Medidas de proteção contra grupos de riscos biológicos

Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p.87)


Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 57

Figura 16: Medidas de proteção contra grupos de riscos biológicos

Fonte: Peixoto e Ferreira (2012, p.86)


58 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

Agentes Biológicos: Normatização sobre


Insalubridade
A NR 15 (1978) destaca uma relação de atividades que envolvem
agentes biológicos. Segundo essa norma a avaliação de insalubridade é
determinada por uma análise qualitativa cujo os aspectos estão dispostos
no quadro 11.
Quadro 12: Avaliação de insalubridade – critérios de classificação

Classificação Critérios
Trabalho ou operações, em contato permanente com:
• Pacientes em isolamento por doenças infecto contagiosas,
bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizadas.
Insalubridade
• Carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros,
de grau
pêlos e dejeções de animais portadores de doenças
máximo (40%)
infectocontagiosas (carbunculose, brucelose, tuberculose).
• Esgotos (galerias e tanques).
• Lixo urbano (coleta e industrialização).
Hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios,
postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados
aos cuidados da saúde humana (aplica-se unicamente ao
pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como
aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não
previamente esterilizados).
• Hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros
estabelecimentos destinados ao atendimento e tratamento de
Insalubridade animais (aplica-se apenas ao pessoal que tenha contato com
de grau médio tais animais).
(20%) • Contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo
de soro, vacinas e outros produtos.
• Laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão
só ao pessoal técnico).
• Gabinetes de autópsias, de anatomia e
histoanatomopatologia (aplica-se somente ao pessoal técnico).
• Cemitérios (exumação de corpos).
• Estábulos e cavalariças.
• Resíduos de animais deteriorados.
Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012, p.87-88)
Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais 59

TESTANDO
Ufa! Se você chegou até aqui adquiriu bastante
conhecimento sobre os agentes de risco no contexto da
higiene ocupacional. Então chegou o momento de testar
sua compreensão. Corre lá no banco de questões!

RESUMINDO
Chegamos ao fim dessa unidade, e nesse finalzinho você
aprendeu discernir sobre os riscos biológicos a partir
de sua classificação, métodos de prevenção e tipos de
doenças. Aqui você viu que os agentes de riscos biológicos
possuem uma peculiaridade que o difere dos riscos físicos
e químicos, lembra que característica é essa? Isso mesmo!
Por se tratarem de microrganismos vivos eles possuem
capacidade de se reproduzir. Uma pequena quantidade
de um microrganismo pode crescer consideravelmente
em um tempo muito curto, sob condições favoráveis. Esse
fato pode promover umas proporções grandes de contágio
em ambientes laborais. Portanto, medidas preventivas
precisam ser observadas e praticadas. São exemplos de
medidas eficazes nesse sentido: vacina, esterilização,
ações de higiene pessoal, uso de equipamentos de
proteção individual, ventilação adequada e controle
médico regular. Destacamos aqui também que as doenças
dadas como exemplos de doenças oriundas de agentes
biológicos são comuns, portanto para que estas sejam
consideradas doenças do trabalho, obrigatoriamente
deve ter comprovação do nexo causal. Se o ambiente de
trabalho dispõe de todos os mecanismos de proteção do
trabalhador, e esse adquire a doença por contágio em
outro ambiente essa não pode ser considerada doença do
trabalho.
60 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

BIBLIOGRAFIA
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HYGIENISTS (ACGIH). Limites de exposição ocupacional (TLVsR) para
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62 Higiene Ocupacional e Prevenção de Riscos Ambientais

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Dayanna dos Santos Costa Maciel

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