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Introdução à Engenharia

de Segurança do
Trabalho

Unidade 3
Princípios da Segurança do Trabalho
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoras
ROSIVANY GOMES
A AUTORA
Rosivany Gomes
Olá. Sou a professora Rosivany Gomes. Sou mestre em Biociência
e Pedagoga, com uma experiência técnico-profissional na área de
Segurança, Saúde e Meio Ambiente. Também atuo como consultora em
SMS para empresas que precisam se adequar às exigências legais na área
de Saúde, Segurança e Meio Ambiente. Ao longo da minha vida acadêmica
pude coordenar curso de MBA em Sistema de Gestão Integrado em
SMS e atuar em diferentes segmentos da Educação, desde educação
básica, cursos técnicos, cursos de graduação e pós-graduação. Durante
essa jornada, desenvolvi habilidades e competências como educadora,
aprimorando meus conhecimentos em Metodologia Ativa, Aprendizagem
Baseada em Projetos e Ensino a Distância e Educação em Ambientes
Virtuais com o projeto “Recomendação de materiais didáticos baseada
em estilos cognitivos de aprendizagem”. Destaco na minha sólida carreira
na área de Gestão Educacional os prêmios de coordenador inspirador e
prêmio educação inovação e desenvolvimento de projetos educacionais
pela implantação e coordenação de projetos educacionais baseados em
metodologias ativas e por desenvolver a cultura digital na minha equipe
e nos alunos de cursos presencial e nas plataformas de EAD. Atualmente
me dedico à formação técnica profissional e elaboração de materiais
educacionais, aplicando a aprendizagem, associando teoria à prática –
aprender fazendo.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Causas de acidentes........................................................................................10
Cenário do acidente de trabalho..........................................................................................10

Tipos de acidentes de trabalho ........................................................................................... 12

Causas dos acidentes................................................................................................................... 14

Efeitos do acidente de trabalho............................................................................................ 16

Fator pessoal de insegurança – ato inseguro..................................... 18


Ato inseguro......................................................................................................................................... 18

Características do fator pessoal de insegurança..................................................... 20

Como controlar o fator pessoal............................................................................................. 22

Consequências do fator pessoal..........................................................................................25

Condições de insegurança do ambiente...............................................28


Condição insegura..........................................................................................................................28

Característica do ambiente - análise de risco........................................................... 30

Classificação de riscos ocupacionais.............................................................33

Investigação de acidente...........................................................................................................35

Consequências do acidente de trabalho: lesão pessoal e prejuízo


material...................................................................................................................39
Efeitos dos acidentes de trabalho - econômico e social.................................. 39

Custos do acidente.........................................................................................................................42

Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP).......................43

Fator Acidentário de Prevenção (FAP)...........................................................43

Seguro de acidente de trabalho (SAT)..........................................................44

Responsabilidade do acidente...............................................................................................45
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 7

03
UNIDADE
8 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

INTRODUÇÃO
Você está iniciando a Unidade 3, onde trataremos das causas
e consequências dos acidentes de trabalho. Você sabia que antes da
criação do SESMT, por meio da NR4, as empresas não eram obrigadas
a comunicar o acidente de trabalho? E que a NR5 estabelece que as
empresas com mais de 50 funcionários trabalhando em regime de CLT
devem ter uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)?

Para compreender melhor os aspectos legais, sociais e econômicos


que estão envolvidos em um acidente ou com uma doença do trabalho,
você verá nesta unidade como os fatores humanos e ambientais
influenciam nos acidentes de trabalhos.

Quando se fala em fatores ambientais relacionados às condições


de seguranças na prevenção de acidentes, deve-se considerar dois
aspectos: a segurança concretizada pelas condições seguras e pelo
ambiente ocupacional que as empresas têm por obrigação legal, que
oferece aos trabalhadores a segurança esperada por eles, impulsionados
pela sensação de proteção contra acidentes e doenças ocupacionais.
Quanto aos fatores humanos, as pessoas que tenham sido devidamente
capacitadas e treinadas são capazes de desenvolver suas atividades sem
segurança e a figura do líder da equipe pode ser um diferencial tanto para
a produção quanto para a qualidade e segurança.

Para nos ajudar a compreender melhor esses fatores, temos a


companhia da ELIS (Engenheira Líder em Segurança). Ela é uma grande
conhecedora de Segurança do Trabalho, por isso, foi convidada para
contar algumas histórias sobre prevenção de acidentes. Sempre que ela
aparecer, fique atento, pois estudaremos um caso importante que requer
a sua reflexão.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Identificar as causas de acidentes de trabalho.

2. Entender fatores pessoais de insegurança – ato inseguro.

3. Compreender as condições do ambiente inseguro.

4. Conhecer as consequências dos acidentes: lesão pessoal e


prejuízo material.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

Causas de acidentes
INTRODUÇÃO:

Ao final deste capítulo esperamos que você conheça os


fatores envolvidos em um acidente de trabalho, como
o prevencionismo classifica os tipos de acidente, suas
causas e seus efeitos para os trabalhadores, a empresa e
a sociedade.

Cenário do acidente de trabalho


Querido(a) aluno(a), estamos prestes a iniciar nossa jornada rumo ao
universo dos acidentes de trabalho e o papel da Engenharia de Segurança
do Trabalho. Vamos pensar e refletir juntos com a ELIS sobre a cenário e
os atores envolvidos com a institucionalização dos acidentes de trabalho
no Brasil.

Uma criança encontra uma chave de fenda no chão e resolve


brincar com a ferramenta enquanto seu pai troca o pneu do carro. A
ferramenta rola para debaixo do automóvel no momento em que o pai
descia o macaco hidráulico, deixando a criança presa debaixo do carro.
Vamos pensar de quem é a culpa se a criança se ferir? Da criança que
estava brincando? Da mãe que não prestou atenção na criança enquanto
o pai trocava o pneu? Do pai que desceu o carro sem atentar-se para o
ambiente a sua volta? Agora vamos pensar se não fosse uma criança e
sim um trabalhador. E se não fosse o pai e a mãe, e sim a empresa? De
quem seria a culpa? Do trabalhador que não deveria estar ali ou usar uma
ferramenta que não foi treinado? Do operador que movimentou a carga
sem verificar as condições do ambiente?

Vocês devem estar pensando em uma resposta prevencionista e


isso é muito bom, mas é importante considerarmos as obrigações legais
envolvidas em casos de acidentes. No Brasil a Constituição Federal,
a CLT, as NRs e as convenções internacionais da OIT e OMS definem a
Segurança do Trabalho.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 11

A CLT dedica o Capítulo V, Título II do seu texto à segurança e


medicina do trabalho e serviu como marco para as atividades de segurança
no Brasil, garantindo assistência e indenizações pelas consequências
dos acidentes de trabalho. Atualmente, a assistência previdenciária é
regulamentada pela Lei n0 5.316/67 que integrou o seguro de acidentes
de trabalho na Previdência Social.

O aumento no número de acidentes de trabalho no Brasil após o


início da Segunda Guerra Mundial levou alguns empresários a fundarem
a Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (ABPA). Uma iniciativa
que embora não tivesse um peso legal nas ações de prevenção de
acidentes do trabalho, teve um de valor social.

Por ser causa de sofrimentos pessoais, mas também despesas nas


esferas públicas e privadas, os governantes e empresários se mostram
empenhados na busca de soluções que contribuam na prevenção e
acidentes.

Alguns personagens se destacam nessa história, como o Serviço


Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do trabalho – e a
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). O SESMT representa
a empresa, é um serviço no qual encontramos o Engenheiro de Segurança
do Trabalho. A CIPA é composta por representantes dos empregados e do
empregador e tem a responsabilidade de auxiliar o SESMT nas atividades
prevencionistas, garantindo que os direitos dos trabalhadores sejam
respeitados e os deveres dos empregadores sejam cumpridos.

No Brasil, uma parte substancial dos custos com acidentes de


trabalho impactam na gestão econômica do sistema previdenciário, por
isso a Previdência Social também apresenta um papel importante na
história do acidente, através da concessão do seguro previdenciário.

Por último, a população também está presente neste cenário, que


paga pelos produtos e serviços, nos quais se encontram embutidos os
custos com acidentes.
12 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

Tipos de acidentes de trabalho


O acidente de trabalho pode ser definido pelo conceito legal
previdenciário, o qual estabelece o que pode ser considerado acidente
de trabalho e doença do trabalho, bem como os benefícios ao qual o
acidentado terá direito com base na comprovação do nexo causal.

A legislação previdenciária, Lei nº 8.213/91, em seu art. 19 define


acidente aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da
empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária
da capacidade para o trabalho. São considerados acidentes do trabalho:

• Acidentes típicos – acidentes decorrentes da característica da


atividade profissional desempenhada pelo acidentado.

• Acidentes de trajeto – acidentes ocorridos no trajeto entre a


residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa.

• Acidentes devidos à doença do trabalho – acidentes ocasionados


por qualquer tipo de doença profissional peculiar a determinado
ramo de atividade constante na tabela da Previdência Social
(BRASIL, 1991).

O art. 20 da legislação supracitada considera acidente de trabalho


as seguintes entidades mórbidas:

• Doença profissional, assim entendida, produzida ou desencadeada


pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e
constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do
Trabalho e da Previdência Social.

• Doença do trabalho, assim entendida, adquirida ou desencadeada


em função de condições especiais em que o trabalho é realizado
e com ele se relacione diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I.

Equipara também nesta lei, em seu artigo 21, acidentes do trabalho


as seguintes situações:
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 13

• Acidente ligado ao trabalho que tenha contribuído diretamente


para a morte do segurado ou para a perda ou redução de sua
capacidade para o trabalho, ou produzindo lesão que exija
acompanhamento médico durante o período de recuperação.

• Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho,


em consequência de: agressão, sabotagem ou terrorismo praticado
por terceiro ou companheiro de trabalho; ofensa física intencional
por motivo de disputa relacionado ao trabalho; imprudência,
negligência ou imperícia de terceiros ou companheiro de trabalho;
ato de pessoa privada do uso da razão; desabamento, inundação,
incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.

• Doença proveniente de contaminação acidental do empregado no


exercício de sua função.

• Acidentes sofridos ainda que fora do local e horário de trabalho,


nas seguintes situações: na execução de ordem ou na realização de
serviço sob a autoridade da empresa; na prestação espontânea de
qualquer serviço prestado à empresa, viagem a serviço da empresa,
inclusive para estudo, quando financiado pela mesma, como meio
de capacitação de mão de obra; no percurso da residência para o
local do trabalho ou deste para aquele (BRASIL, 1991).

IMPORTANTE:

O acidente de trajeto sofreu alterações com a medida


provisória 905/2019, que extinguia a estabilidade no
emprego por acidente ocorrido no percurso entre a
residência e o trabalho (e vice-versa), não se equiparando
à acidente de trabalho ou gerando a estabilidade de 12
meses no contrato de trabalho. De acordo com a norma
que vigorou até abril de 2020, as empresas também não
precisariam emitir a CAT (Comunicação de Acidente de
Trabalho). Como a medida provisória 905/2019 não foi
convertida em lei, ela perdeu sua validade, voltando então
o trabalhador ter direitos previdenciários assegurados em
caso de acidente de trajeto.
14 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

Na visão prevencionista, os incidentes são classificados como


acidentes de trabalho, situações que envolvam a interrupção ou
prejudiquem uma atividade ocupacional, mesmo que não resultem em
lesão ou danos materiais e, por isso, devem receber atenção e serem
gerenciados para que possam ser eliminados, reduzidos ou controlados.

Causas dos acidentes


Olha quem voltou para nos ajudar? ELIS (Engenheira Líder em
Segurança). Vamos ver o que ela tem para nos contar! Um operador
de máquinas tem parte de seu membro superior direito amputado.
Durante um apagão de energia ocorrido na empresa ele resolveu fazer
uma limpeza nas engrenagens da máquina. Com o restabelecimento da
energia a máquina voltou a funcionar, lesionando o braço do operador. Ao
relatar o ocorrido, o engenheiro irá relatar que houve um ato inseguro ou
uma condição insegura?

A forma mais direta de se descobrir a causa do acidente é


respondendo à pergunta: o que fez com que o fato ocorresse? A falta
de energia? O retorno da energia? O fato de o operador estar realizando
uma operação a qual não foi autorizado? A máquina voltar a funcionar sem
que o operador tenha ligado? Quando respondemos essas perguntas
encontramos os antecedentes que fizeram o acidente ocorrer.

Entenda que em todas as respostas podemos relacionar direta ou


indiretamente a presença humana. Sendo assim, podemos citar várias as
causas ligadas aos acidentes de trabalho que são basicamente separadas
em dois grupos. O ato inseguro é o ato praticado pelo homem, em geral
consciente do que está fazendo, que está contra as normas de segurança.
São exemplos de atos inseguros:

• Subir em telhado sem cinto de segurança contra quedas.

• Ligar tomadas de aparelhos elétricos com as mãos molhadas.

• Dirigir em alta velocidade.

O outro grupo de causa de acidentes de trabalho é o de condição


insegura, ou seja, a condição do ambiente de trabalho que oferece perigo
e/ou risco ao trabalhador. São exemplos de condições inseguras:
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 15

• Instalação elétrica com fios desencapados.

• Máquinas em estado precário de manutenção.

• Andaime de obras de construção civil feitos com materiais


inadequados.

Os fatores pessoais também podem contribuir para a ocorrência de


acidentes devido ao comportamento humano individual e característico,
que propicia a ocorrência de acidentes. São exemplos:

• Doenças na família.

• Excesso de horas trabalhadas.

• Problemas conjugais.

Os fatores pessoais associados ao meio nos quais os trabalhadores


são expostos a perigos e risco, que precisam ser controlados por meio da
gestão de segurança, são a origem dos acidentes de trabalho que podem
ocasionar lesão parcial, permanente e até mesmo o óbito, além de danos
ao meio, como mostra a sequência abaixo:
Figura 1 – Atos inseguros e condições inseguras

Homem → Fatores pessoais → Atos inseguros Danos ao


Acidente trabalhador
Meio → Fatores materiais → Condições inseguras ou ao meio

Fonte: McGuire, 2014 (Adaptada).

Ato inseguro é toda conduta ou comportamento que gera de uma


decisão desnecessária a ocorrências de acidentes.

Analisando o caso que a ELIS nos apresentou, podemos então


identificar fatores pessoais que contribuíram para a ocorrência do acidente,
o operador realizando a atividade sem autorização, o que caracteriza um
ato inseguro. A inaptidão do trabalhador pode ser uma explicação para
a causa de acidentes de trabalho, quando os profissionais escolhem ou
aceitam realizar trabalhos para os quais não estão preparados. Em relação
aos fatores ambientais, a máquina, que não apresenta uma trava que
impeça que ela volte a funcionar sem que o operador dê o comando,
caracteriza-se como condição insegura. Sendo assim, os acidentes
podem ocorrer por fatores isolados ou associados. A condição insegura
16 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

pode ocorrer por erros administrativos, técnicos, falta de conhecimento


ou má avaliação dos riscos e perigos, podendo ser causa direta ou indireta
da ocorrência de acidentes.

Uma ferramenta de gestão usada na investigação de causas de


acidentes é o diagrama de causa e efeito. Uma ferramenta que auxilia na
análise e identificação das potenciais causas de variação do processo ou
da ocorrência de um fenômeno, bem como da forma como essas causas
interagem entre si (ISHIKAWA, 1993).

Efeitos do acidente de trabalho


Quando você dirige falando ao celular e causa uma colisão sem
vítimas, você logo pensa: “vou acionar o seguro”. Mesmo você tendo uma
seguradora para cobrir acidentes de carro, você sabe que serão dias
difíceis até consertar, em caso de perdas parciais, ou receber outro carro
em casos de perda total. E se neste acidente houver vítimas não fatais,
sua esposa, seu filho, que ficaram hospitalizados? Acidentes com vítimas
fatais então... terão efeitos para uma vida inteira.

Analogia igual pode ser feita com acidentes de trabalho, com


consequências para as pessoas envolvidas, que podem ficar incapacitadas
parcialmente ou totalmente ao trabalho, para a empresa que perderá a
mão de obra, material e elevará os custos operacionais para a sociedade,
com o aumento no número de beneficiários e diminuição do número de
contribuintes ao sistema previdenciário. O que nos leva a afirmar que os
efeitos de um acidente serão sempre negativos no que envolve aspectos
humanos, sociais e econômicos.

Além dos efeitos materiais, é preciso avaliar os efeitos psicológicos


negativos envolvendo os sentimentos humanos das vítimas diretas ou de
qualquer pessoa envolvida no meio que ocorreu o acidente. Esses efeitos
podem ser imediatos em uma pessoa da equipe ou pode acontecer a
médio e longo prazo, chegando a envolver uma equipe inteira, que
podem durar horas em um ataque de euforia ou dias, o que em todos os
casos levará a perdas significativas ao processo, podendo vir a se tornar
um fator humano causador de novos acidentes.

Os programas de prevenção e controle de perdas gerados pelos


acidentes é um investimento feito pelas empresas para reduzir os custos
e efeitos causados pelos acidentes.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 17

O objetivo desse programa está ligado aos fatores humanos, a fim


de diminuir o afastamento do trabalho, mas principalmente em reduzir os
efeitos causados ao processo, como garantir a qualidade do produto final
durante o processo de fabricação, ou seja, não ter que refazer os padrões
na linha de produção, pois a qualidade está ligada a todo o processo,
incluindo os trabalhadores, além de manchar a imagem das empresas
com seus clientes e parceiros de negócio.

O relacionamento com os clientes e parceiros pode ser afetado


pela ocorrência de acidentes de trabalho quando os efeitos do acidente
impactam no cumprimento de prazos e na capacidade da empresa de
produzir na quantidade esperada. O atraso na entrega ou a entrega em
uma quantidade inferior à contratada é um efeito negativo para a imagem
da empresa e também para os custos da produção que podem aumentar
na tentativa de compensar o tempo perdido.

Quando os efeitos são gerados causando danos à máquina e aos


equipamentos, os custos podem ficar ainda mais altos para a empresa,
por isso a importância da gestão de segurança preventiva, baseada
em um plano de manutenção contínuo, mediante manutenções
preventivas, programadas e, caso necessário, reparadora para máquinas
e equipamentos.

RESUMINDO:

Se estivéssemos assistindo a um filme de investigação,


você diria que conseguiria descrever os fatos e os
personagens que apareceram? Então, para você não
perder nenhuma cena, iremos apresentar um resumo.
Os acidentes e incidentes de trabalho podem ocorrer
em decorrência da atividade laboral causando lesões ou
acidentes por doenças, que podem ser profissionais ou do
trabalho. Esses acidentes podem ser causados por fatores
humanos atrelados às condições do meio, configurando
um ato inseguro ou condições inseguras, que terão efeitos
humanos, sociais e econômicos. Sendo assim, a gestão
de segurança tem como objetivo controlar os efeitos e as
causas do acidente.
18 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

Fator pessoal de insegurança – ato inseguro


INTRODUÇÃO:

Ao final deste capítulo esperamos que você reconheça os


fatores humanos com potencial para causarem acidentes
de trabalho por meio de atos inseguros, suas causas e
consequências.

Ato inseguro
Quando relatamos um acidente de carro ou uma explosão de um
posto de combustível, o desabamento de uma encosta sobre casas,
sempre nos perguntam: “De quem é a culpa”? A definição para acidente
de trabalho não é encontrada em legislação ou dicionário, pois ela só
contempla as causas ou os culpados pelo inoportuno acontecimento.
Então, é preciso compreender as causas do acidente de trabalho para
poder defini-lo. Sendo assim, vamos analisar os fatores que, combinados
ou não, são responsáveis direta ou indiretamente pelos acidentes e pelas
doenças no ambiente de trabalho.

Os atos inseguros podem estar presentes no ambiente de trabalho


de várias maneiras, pois é a forma como o ser humano se relaciona com o
perigo. Ela pode ocorrer de maneira inconsciente, quando o ser humano
desconhece o perigo ao qual está sendo exposto; consciente, quando o
ser humano reconhece o perigo que está exposto ou ainda circunstancial,
quando algum fator inesperado o leva a se expor ao perigo, mesmo tento
sido reconhecido pelo ser humano. Vamos chamar a ELIS para nos ajudar
com sua experiência a evidenciar situações relacionadas a atos inseguros?

Um motorista de caminhão ao passar pelo posto da polícia


rodoviária acelera o veículo propositalmente para evitar que seja parado
para verificação dos documentos. Seu medo é que a polícia identifique
que sua habilitação não é compatível ao tipo de veículo que está
conduzindo. Para escapar do cerco, ele acaba colidindo com o canteiro
central, ocasionando um acidente de trabalho sem vítimas fatais.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 19

A ELIS relata que ao dirigir sem habilitação e acelerar o veículo


acima da velocidade permitida, o motorista cometeu um ato inseguro
consciente, considerando que o motorista foi devidamente treinado.

Digamos que nesse mesmo acidente o veículo fosse tomado pelo


fogo e que o ajudante do motorista ao ver seu companheiro preso dentro
do veículo se lança em meio às chamas para salvar o companheiro de
trabalho. Nesse caso, a ELIS define como um ato inseguro circunstancial,
em que para salvar o companheiro o ajudante se expôs a um perigo que
ele reconhecia.

Além dos exemplos apresentados pela ELIS, alguns exemplos se


destacam como mais frequentes, variando em relação à frequência de
um processo de produção. São eles:

• Em atividades com movimentação com cargas suspensas por


diferentes equipamentos (grua, guindaste, pontes ou cordas), o
trabalhador por falta de informação ou desobediência às regras de
segurança se posiciona próximo ou sob a carga em movimentação.

• Operadores de máquinas e equipamentos que colocam parte


do corpo, principalmente membros superiores, em contato com
engrenagens, pontos de esmagamento e energizadas, levando a
lesões leves até à amputação do membro.

O treinamento e a capacitação são medidas de controle


fundamentais para instruir os trabalhadores e reduzir a ocorrência de
acidentes de trabalho por ato inseguro inconsciente, quando o trabalhador
não tem conhecimento do risco, por isso realizar uma atividade com
máquina e equipamentos sem a devida habilitação/autorização pode
causar acidentes de trabalho, assim como realizar manutenção e reparo
em máquina e equipamentos em funcionamento ou as improvisações de
ferramentas manuais.

• Os dispositivos de segurança também podem se tornar fatores de


risco quando utilizados de forma incorreta, para fins que não foram
projetados, assim como não utilizar dispositivos de segurança
individual quando este for indispensável para o controle do risco.
20 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

• Os agentes de risco químico e biológico também são causas


frequentes de acidentes de trabalhos quando são mal manipulados
ou expostos a elementos reativos, como o uso de chamas ou
fumar próximo a produtos inflamáveis.

Características do fator pessoal de


insegurança
Os seres que vivem em agrupamentos estabelecem regras, mesmo
que não sejam repassadas em linguagem verbal. Um exemplo são os
animais que delimitam as regras em seus bandos. Os gorilas vivem em
bandos que são liderados por um macho dominante, que toma as decisões
sobre quando seu grupo acorda, come, se desloca e descansa à noite.
Como ele deve proteger sua família em todos os momentos, esse gorila
líder tende a ser o mais agressivo. Em algumas situações, ele bate com as
duas mãos no peito quando percebe alguma ameaça para afastar o perigo.

Para os seres humanos, as regras foram um marco na evolução, que


servem de prescrições específicas de disciplina, podendo ou não ter um
significado jurídico (AMARAL, 2005). Elas são usadas para evitar acidentes
no trabalho e prevenir doenças ocupacionais. Segundo o observatório de
Segurança do Trabalho, foram notificados 4.503.631 acidentes entre 2012 e
2018. O número permite estimar a quantidade de acidentes por unidade de
tempo e projeção para 2019 até hoje. Os dados de 2019 serão atualizados
em 2020, e assim por diante. Em anos anteriores, a estimativa esteve
muito próxima do que se confirmou após a atualização (SMARTLAB, 2021).

O acidente de trabalho gera danos materiais à comunidade,


ocasionando o aumento do custo de vida e dos impostos, insatisfação
com falta de condições de trabalho e diminuição de pessoas produtivas.
Por isso, é indispensável entendermos por que ocorre o acidente do
trabalho para podermos evitar os mais diversos tipos de prejuízos.

Todo ser humano tem características pessoais, físicas, sociais ou


mentais que podem interferir direta ou indiretamente no trabalho. Quando
essas características interferem negativamente no trabalho, provocando
atos inseguros, dá-se o nome de fator pessoal de insegurança.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 21

Podemos destacar aqui os principais fatores humanos que levam à


prática de atos inseguros.

• Desconhecer um risco dentro do ambiente ocupacional pode ser


comparado a uma criança que brinca com um fósforo aceso perto de
um vidro de álcool, aparentemente inofensivo aos olhos da criança
que desconhece o resultado da reação. No caso da criança, cabe
aos pais e responsáveis explicar o perigo envolvido ao aproximar
a chama a um material inflamável e retirar o perigo das mãos da
criança. No ambiente de trabalho, essa orientação deve ser feita pelo
profissional prevencionista, que ao passar uma ordem de serviço deve
evidenciar cada risco e perigo relacionado à atividade e apresentar
ao trabalhador a devida forma de proteger. A informação é uma arma
fundamental para evitar acidentes, assim com a falta de informação
pode levar à ocorrência de acidentes do trabalho.

• O desconhecimento pode ser por falta de orientação do profissional


prevencionista, mas também por falta de preparo para o trabalho,
trabalhadores sem capacitação ou formação profissional,
utilizando-se do notório saber, que muitas vezes levam a práticas
de gambiarras e improvisos, na tentativa de ganhar tempo ou por
desleixo na atividade realizada. Por isso, a verificação da formação
profissional antes da contratação, assim como os programas de
capacitação e treinamento são importantes aliados contra os
acidentes de trabalho.

• Problemas de ordem social também podem ser evidenciados como


fatores pessoais, com o excesso de confiança ou exibicionismos
como forma de autoafirmação. Também os problemas de ordem
financeira, como dívidas, falta de oportunidades para si e para sua
família, que podem gerar brigas conjugais, uso descontrolado
de drogas lícitas e ilícitas associados a uma extrema pressão
emocional que podem levar a ataques de estresse e histeria.

Todos esses fatores atrelados ao meio em que o trabalhador exerce


sua função podem levar a atos inseguros e, por consequência, a acidentes
de trabalho. Por isso, precisam ser observados e acompanhados para que
possam ser controlados, reduzindo o número de acidentes de trabalho.
22 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

Como controlar o fator pessoal


Vimos que os seres humanos podem se tornar verdadeiras bombas-
relógio, prontas para explodir... boom! E agora, o que o profissional
prevencionista pode adotar nos ambientes de trabalho para evitar que
essa bomba exploda?
Figura 2 – Bomba-relógio

Fonte: pixabay

Dessa forma, vamos conhecer algumas ações que deverão ser


adotadas nos ambientes de trabalho na tentativa de conter os fatores
pessoais relacionados à ocorrência de acidentes de trabalho.

Vimos que a falta de qualificação profissional é um fator pessoal


atrelado à falta de aptidão que pode contribuir para a ocorrência de
acidentes de trabalho. Por isso as empresas devem estar atentas desde
o processo de contratação do trabalhador, selecionando profissionais
devidamente habilitados, sem permitir que sejam feitas contratações de
forma arbitrária ou por indicações, sem verificar os dados fornecidos por
cada candidato selecionado.

No entanto, além da documentação apresentada, o trabalhador que


comprove sua formação através do ensino formal e/ou profissionalizante,
deve apresentar outros requisitos que demonstrem suas habilidades e
competências para desenvolver a atividade para a qual foi contratado,
como condições físicas e emocionais, aptidão para o trabalho, caráter
inidôneo, respeito pela cultura prevencionista da empresa, ou seja, o
trabalhador não pode considerar as ações de segurança como uma
banalidade desnecessária.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 23

O SESMT tem uma participação importante após a seleção e


contratação do trabalhador, que se apresenta para o SESMT no momento
da integração. No momento da integração, o trabalhador deve se sentir
parte da equipe ao qual irá desenvolver seu trabalho. O papel dos
gestores e profissionais prevencionistas é importante na recepção e no
acompanhamento dos trabalhadores desde sua chegada.

O acompanhamento supracitado deve ter sempre como objetivo


inserir no dia a dia do trabalhador a importância de vivenciar a política
prevencionista proposta pela empresa, mediante medidas educacionais,
por meio do planejamento e da execução de treinamentos e capacitação
dos trabalhadores. Os treinamentos devem ocorrer não apenas para o
cumprimento da legislação, mas como parte da formação continuada
dos trabalhadores, acontecendo de forma programada e periódica e até
mesmo diariamente através do Diálogo Diário de Segurança (DDS) ou
palestra, que podem ocorrer de forma planejada ou durante a Semana
Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT), organizada pela CIPA com o
apoio do SESMT.

Você sabe o que é uma SIPAT? Em 1953, foi publicado o Decreto-


Lei nº 34.715, que oficializa uma semana dedicada de atividades sobre
a segurança no trabalho, a SIPAT, em que fica definida como a última
semana de novembro de todo ano para a sua realização. Posteriormente,
foi consolidado pela NR 5 como um evento anual obrigatório que deve
ser implementado pela CIPA em todas as empresas em conjunto com o
SESMT.

Para a SIPAT atingir seu objetivo, não deve ser realizada apenas
como uma obrigação pela empresa, e sim ser encarada como uma
importante ferramenta para informar aos trabalhadores sobre a segurança
e a saúde no ambiente de trabalho e em casa.

Durante o evento, a empresa pode informar, atualizar e reforçar com


os trabalhadores temas voltados para a saúde do trabalhador e acidentes
de trabalho, abordando os fatores pessoais por meio de dinâmicas e
ações psicossociais (BRASIL, 2016).
24 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

Além da educação por meio da comunicação verbal, podemos


usar também outros meios, como cartazes e sinalizações. Em tempos
de indústrias inteligentes, o uso da tecnologia é uma ferramenta de
comunicação que consegue gerar valores e atingir um número maior e
com mais interatividade de trabalhadores. O uso de comunicação por
correio eletrônico, videoconferências, simuladores e mídias digitais é uma
forma de gerar educação prevencionista na indústria 4.0.

As medidas médicas mediante acompanhamento periódico dos


trabalhadores é uma grande aliada para reduzir causas de fatores pessoais
ligadas ao acometimento de limitações pessoais, físicas ou cognitivas. A
incapacidade física pode não ser detectada nos exames admissionais se
desenvolverem tardiamente em função de fatores genéticos, que podem
ser fatores pessoais, como a gradativa perda de visão e audição, ou a
redução da capacidade física. Problemas neurológicos, como ataques
epiléticos, podem causar problemas durante a execução do trabalho com
segurança, pois em um ataque epilético o indivíduo não tem controle
sobre seus movimentos, com contínuos espasmos musculares, que
podem causar acidentes de trabalho.

VOCÊ SABIA?

A ciência já comprovou que algumas pessoas podem


apresentar Transtorno de Déficit de Atenção com
Hiperatividade, uma condição que geralmente se apresenta
na primeira infância, mas muitas, por falta de informação
ou resistência ao tratamento, não são acompanhadas. No
ambiente ocupacional, ele pode se apresentar por meio da
falta de foco, perda de concentração e impulsividade.

As medidas psicológicas atreladas a um acompanhamento


prevencionista planejado podem contribuir para diminuir os efeitos dos
fatores pessoais em causas de acidentes de trabalho, principalmente por
meio de motivação e estímulo da autoestima e confiança do trabalhador
na sua relação com a empresa, com os colegas e nas relações pessoais.

De forma resumida, podemos listar as ações de prevenção de


acidentes de trabalho como:
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 25

Figura 3 – Sequência de ações para reduzir o número


de acidentes do trabalho causado por fatores pessoais

Estabelecer Verificar os Realizar


Identificar
medidas para resultados treinamentos e
fatores de
controlar esses das medidas campanhas de
risco
fatores implementadas prevenção

Fonte: Elaborada pela autora.

Consequências do fator pessoal


Olha quem chegou para nos ajudar a compreender melhor as
consequências dos fatores pessoais causadores de acidentes de trabalho!

Ao ser acordada durante a noite, ELIS respira fundo ao perceber


que quem está ligando é um bombeiro informando que houve uma grave
explosão seguida de um intenso incêndio no hospital em que ela trabalha
e que até o momento existe o risco do fogo se propagar e atingir outras alas
do hospital. Imediatamente ELIS aciona os gestores de plantão para saber
se foi feita evacuação do prédio como planejado no plano de emergência
garantindo a sobrevivência dos pacientes e trabalhadores e descobre que
o incêndio foi causado durante a troca de turno na lavanderia, quando
o trabalhador que saía do plantão esqueceu-se de desligar a secadora,
levando a um superaquecimento e consequente incêndio. O trabalhador
que deixou a secadora ligada já está em casa, seguro.

Como podemos observar no relato da ELIS, o profissional que não


desligou a secadora está seguro em casa, enquanto os trabalhadores
do turno e os pacientes do hospital estão em risco, mesmo tendo sido
executado o plano de evacuação com eficiência.

Quando ocorre um acidente de trabalho, podemos considerar


várias consequências, iniciando pelas consequências em relação à vida
humana, que podem variar desde pequenos ferimentos até a perda da
própria vida ou de outros.

Além das consequências causadas nas vítimas, devemos considerar


também os efeitos a curto, médio e longo prazos dos tratamentos e
protocolos que serão realizados pelas vítimas, muitas vezes dolorosos
26 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

e que trazem novas consequências, como o abalo emocional e a


discriminação social. Dessa forma, é essencial que todo sofrimento físico,
mental ou social seja evitado ou reduzido para que não se tornem fatores
pessoais os causadores de acidentes.

Quando a vítima pode retornar às suas atividades de trabalho,


mesmo após longos tratamentos, as consequências do acidente são
classificadas como incapacidade parcial. Mesmo assim, ela pode sentir-
se mesmo capaz, o que pode vir a se tornar um fator para que ocorra
um novo acidente, ou seja, a consequência do acidente é a insegurança
gerada nas vítimas que pode se tornar um fator de ocorrência de novos
acidentes.
Figura 4 – A insegurança causada pelas sequelas de um acidente pode
deixar o trabalhador susceptível à ocorrência de novos acidentes

Acidentado Insegurança Acidente

Fonte: Elaborada pela autora.

Outro aspecto que devemos relacionar com consequências após


um acidente de trabalho são as consequências sociais para as vítimas, que
impossibilitadas de trabalhar podem ter uma redução na renda familiar
por um período, em casos de incapacidade parcial ou temporária. Imagine
em caso de incapacidade permanente, no qual a vítima e sua família tem
sua realidade socioeconômica alterada repentinamente, afinal, ninguém
se prepara para sofrer um acidente, mesmo que as vítimas recebam o
auxílio garantido por lei.

As consequências econômicas recaem sobre a vítima, mas também


sobre a empresa, embora ainda existam empresas que não se importem
com os efeitos negativos em relação aos efeitos de um acidente de
trabalho. Para essa análise é preciso que a empresa entenda que os
custos do acidente interferem na qualidade e na quantidade dos serviços
prestados, no prazo de entrega do produto ou serviço, principalmente se
em função do acidente a empresa sofre um embargo de suas atividades,
danos às máquinas e aos equipamentos.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 27

Você sabe quando uma empresa pode sofrer um embargo ou


uma interdição? A NR 3 foi originalmente editada pela Portaria nº 3.214,
de 8 de junho de 1978, estabelecendo procedimentos para embargo
e interdição em caso de Grave e Iminente Risco (GIR) à vida e à saúde
dos trabalhadores. Embargo e interdição são medidas administrativas,
de caráter cautelar, cuja adoção tem o objetivo de evitar a ocorrência de
acidente ou doença com lesão grave ao trabalhador, não se tratando de
medida punitiva às organizações (BRASIL, 2016).

Em caso de acidentes, as empresas são obrigadas a emitirem a


Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), informando à previdência
social todos os acidentes de trabalho ocorridos com trabalhadores,
mesmo que não haja afastamento temporário das atividades de trabalho.
Outras agências também utilizam esses dados. A International Oil and Gas
Producers (IOGP) usa como índice a Taxa de Acidentes Registráveis (TAR)
como critério para comparar o desempenho das empresas do setor, com
o objetivo de intensificar a concorrência internacional.

RESUMINDO:

Acidente é um problemão né? E se não entendermos


direitinho as causas e consequências relacionadas aos
fatores pessoais, esse problema pode ficar ainda maior.
Então, vamos resumir aqui as diferentes causas relacionadas
aos fatores pessoais que podem ocasionar acidentes de
trabalho, com o afastamento como consequência para a
vítima, para a sociedade e para a economia, inclusive em
relação à economia mundial. Entre os fatores podemos
citar a falta de conhecimento, imprudência, irritabilidade e
até mesmo transtornos cognitivos. Como consequências,
podem ocorrer desde pequenas lesões a graves, que em
função das sequelas e dos tratamentos podem se tornar
um fator de insegurança, além das consequências sociais,
como a discriminação e as consequências econômicas, a
diminuição da renda familiar.
28 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

Condições de insegurança do ambiente


INTRODUÇÃO:

Ao final deste capítulo esperamos que você reconheça as


condições do meio com potencial para causarem acidentes
de trabalho mediante condições inseguras, suas causas e
consequências.

Condição insegura
No capítulo anterior, vimos que os seres humanos podem tornar-se
um risco a sua saúde e segurança em função de atos inseguros. Mas será
que só os seres humanos podem causar acidentes?

Olha para essa tomada aí atrás do seu aparelho de TV ou do


computador. Respondam, tem alguma possibilidade de surgir um pequeno
incêndio nessa tomada devido às condições que ela está sendo utilizada?
E o seu carro? Olhe os quatro pneus. E o pneu reserva? O estepe? Será
que estamos seguros em andar com o nosso carro com esses pneus, a
estrutura, a calibração, o tempo de desgaste?

Então, quando a sua tomada ou o seu pneu não estão garantindo


segurança para você e sua família, você precisa trocar ou adequar. No
ambiente de trabalho vamos ver situações semelhantes.

As condições do local de trabalho precisam gerar segurança para


os trabalhadores, da mesma forma que as que não garantem a segurança
geram condições inseguras no local de trabalho.

Condições inseguras não devem ser confundidas com perigos


presentes no ambiente ou inerente à função do trabalhador, como partes
energizadas, produtos ou equipamentos usados no desenvolvimento
da atividade. As condições inseguras estão presentes no ambiente de
trabalho quando os perigos identificados na fase de análise de risco
não são devidamente controlados, expondo os trabalhadores a danos
causados por acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 29

Nossa Líder ELIS vai nos ajudar a compreender melhor com um


exemplo que ela vivenciou em uma indústria de sapatos.

As máquinas e os equipamentos para que possam operar precisam


ser alimentados por uma rede energizada, ou seja, a corrente elétrica é
um perigo presente na atividade de um operador de máquinas.

Durante a inspeção de rotina, ELIS verificou que a máquina de


costura do couro estava ligada na tomada, mas o fio condutor apresentava
uma emenda, feita de forma improvisada, deixando o fio exposto. Ao
identificar a condição insegura, ELIS suspendeu a atividade naquela
máquina e acionou o setor de manutenção para que efetuasse a troca do
fio, sem emendas e com todas as partes protegidas, como estabelecido
nas NR10 e NR12 (BRASIL, 2016).

A presença de energia elétrica, por sua capacidade em gerar danos


ao trabalhador, representa um perigo. No entanto, se essa energia estiver
isolada, sem que o trabalhador tenha contato, não causará danos. No caso
apresentado, o fio emendado e exposto pode causar uma descarga elétrica
e causar danos ao trabalhador, expondo-o a uma condição insegura.

Condições inseguras:

• Falta de proteção mecânica.

• Máquinas e equipamentos defeituosos ou sem reparo.

• Ambientes com mudança de nível não sinalizada (escadas ou


rebaixamento).

• Pisos escorregadios.

• Iluminação inadequada.

• Arranjo físico inadequado.

• Ventilação e exaustão inadequadas.

• Armazenamento e transporte de cargas e pessoas inadequados.

• Passagem obstruída ou sobrecarga das instalações.

• Redes energizadas e tubulações mal planejadas.


30 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

Podemos apontar outros fatores que expõem o trabalhador a


condições inseguras, como operar máquinas e equipamentos sem
proteção ou com mecanismos defeituosos. A presença ou exposição a
agentes químicos (gases, vapores, poeiras) ou físicos (calor, radiação)
podem gerar condições inseguras caso a exposição a esses agentes não
forem devidamente controlados.
Figura 5 – Perigo versus Risco

Condição
Perigo Risco
insegura

Fonte: Elaborada pela autora.

Perigo é a fonte que pode causar um dano inerente à atividade.


Risco é o perigo controlado. Condição insegura é o perigo que não foi
devidamente controlado.

Característica do ambiente - análise de risco


Se o perigo existe, por que analisar o risco?

Nos ambientes de trabalho, inúmeras são as fontes de perigo que


são inerentes às atividades desenvolvidas.

Uma gestão prevencionista inicia-se com uma análise prévia dos


riscos ocupacionais, com o planejamento de medidas de segurança que
eliminem, reduzam ou controlem os riscos identificados no ambiente de
trabalho.

Para executar essa análise, é preciso que a empresa invista em


profissionais prevencionistas, incluindo o Engenheiro de Segurança do
Trabalho, que tenha um amplo conhecimento da legislação prevencionista
atualizado, capacitado para reconhecer as fontes geradoras e os
agentes causadores de riscos ocupacionais, propondo medidas de
controle eficientes, que atendam às normas regulamentadoras e demais
legislações.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 31

Os profissionais do serviço de segurança devem fazer o registro de


todos os riscos e perigos presentes no ambiente de trabalho por meio de
documentos de gestão de segurança. A NR9 estabelece a identificação
dos riscos ocupacionais e seu registro deve ser feito em um documento
denominado Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. A última
atualização feita pela a CTP alterou o nome do documento para Programa
de Gerenciamento de Risco (PGR) (BRASIL, 2016).

Independente do nome do documento, PPRA ou PGR, a intuito é fazer


o registro dos riscos existentes no ambiente ocupacional que comprometam
a saúde e segurança dos trabalhadores. O ideal é que o documento seja
alimentado por profissionais prevencionistas que atuam na empresa e que
divulguem aos trabalhadores o resultado de sua investigação, de forma
a educa-los e conscientizá-los quanto à presença do risco e às medidas
adotadas pela empresa. Algumas empresas, desobrigadas a constituírem
o SESMT, ou mesmo com o SESMT instalado, optam por contratarem
serviços terceirizados para elaboração do documento, o que pode acabar
dificultando o processo de divulgação e conscientização.
Tabela 1 – Modelo de análise de risco

Agente
Fonte Probabilidade Risco ocu-
Setor Função causador Medidas existentes
geradora de danos pacional
de danos

Coleta de
Coleta de amostra de sangue

Treinamento,
amostra Ferimentos Equipa-
capacitação,
de sangue por perfuro- mentos Risco de
gerenciamento
através de cortantes sem acidentes
de resíduos do
Patologista

seringas proteção
grupo E
com agulhas

Treinamento,
Contaminação
capacitação,
por micror- Vírus, Risco
gerenciamento de
ganismos bactérias biológico
resíduos do grupo
patogênicos
E e A e Uso de EPI

Fonte: Elaborada pela autora.

A análise de risco é a primeira etapa do processo de gerenciamento


de risco, que segundo Wege (2014), deve haver a implantação de medidas
de controle e os procedimentos técnicos e administrativos para manter os
riscos controlados. Não tem sentido identificar os riscos se não for para
estabelecer as devidas medidas de controle.
32 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

A análise de risco pode ser feita por meio do uso de ferramentas


de gestão, como o diagrama de Ishikawa (ISHIKAWA, 1993), também
conhecida como diagrama de causa e efeito, matriz GUT e análise
preliminar de risco (APR).

Na análise de risco, é importante registrar o material usado, sendo


ele básico para o desenvolvimento da função, das peças de reposição
ou ainda de algum produto ou material extra. Os agentes químicos
precisam ser identificados, acompanhados pela ficha de identificação de
cada produto (FISPQ), documento normatizado pela ABNT, no qual estão
contidas as informações quanto à saúde, à segurança e ao meio ambiente
do produto.

Dentro dessa análise, podemos classificar o grau de risco com base


em escalas padronizadas.

Segundo Anderson Benite (2004), as empresas devem manter uma


contínua análise e identificação de perigos e riscos com o objetivo de
programar medidas de controle que incluem as atividades ordinárias
e extraordinárias, considerando todos os trabalhadores (contratados,
terceirizados) e possíveis visitantes.

Os fatores ambientais são mais fáceis de identificar durante a análise


qualitativa dos riscos, podendo facilitar a gestão de riscos por meio de
manutenções preventivas, corretivas em máquina e equipamentos,
organização do ambiente e sinalização e dispositivos de emergência.
Para os fatores ambientais imperceptíveis à análise qualitativa, como a
concentração de ruído, radiação, agentes químicos e biológicos, é preciso
uma análise quantitativa no ambiente, considerando a avaliação não
apenas da presença do agente, mas também sua concentração e, em
alguns casos, a natureza físico-química do agente e suas reações com
outros agentes presentes no meio (produtos perigosos).

A análise quantitativa é utilizada para a classificação de condições


insalubres prevista na NR15 (BRASIL, 2016). O resultado das análises
qualitativa e quantitativa permite aos profissionais prevencionistas
definirem os riscos ambientais.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 33

Os riscos ambientais são aqueles relativos às atividades


ocupacionais que podem gerar danos ou agravos à saúde do trabalhador
ou que causam de acidentes de trabalho (BAZZO; PEREIRA, 2006).

Os riscos ambientais são classificados pela NR9 como risco físico,


químico e biológico em relação à presença de agentes físico, químico
e biológico no ambiente. Outra norma na qual os riscos ambientais
são definidos, é na NR5, pela Portaria n0 25/1994, a qual estabelece a
elaboração do Mapa de Risco pelos membros da CIPA e classifica os
riscos em físico, químico, biológico, ergonômico e de acidentes (BRASIL,
2016). Não só a legislação trabalhista considera os agentes presentes
no ambiente de trabalho que possam causar danos, mas o Ministério
da Saúde (MS) também classifica os riscos em físico, químico, biológico,
ergonômico e de acidentes.

Os riscos ambientais, sob uma visão clássica, podem ser


classificados nos grupos citados anteriormente, mas com a evolução e
o desenvolvimento dos processos industriais e das atividades, devemos
ampliar nosso olhar sobre o risco (BRISOT, 2019).

Classificação de riscos ocupacionais


Para a análise de risco e como base para o gerenciamento dos
riscos ambientais, os profissionais utilizam as seguintes definições para
classificação de risco:

• Risco físico – diversas formas de energia que os trabalhadores


podem estar expostos em seu ambiente de trabalho, listados nos
anexos da NR15 – Atividades e Operações Insalubres.

Exemplos: ruído, vibração, temperaturas extremas, radiações


ionizantes e não ionizantes, trabalho sob condições hiperbáricas e
umidade.

• Risco químico – produtos ou compostos nas formas de poeiras,


fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores que podem penetrar
no organismo do trabalhador pela via respiratória. Alguns produtos
podem também ser absorvidos pela pele ou por ingestão.
34 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

Exemplos: gases, poeiras, vapores, névoas e fumos oriundos de


compostos ou substâncias químicas.

• Risco biológico – microrganismos patogênicos que podem


penetrar no organismo.

Exemplos: bactérias, vírus, fungos, protozoários patogênicos.

• Risco ergonômico – resultante de relações de trabalho,


organização do trabalho, mobiliário e relações ligadas ao conforto
no ambiente de trabalho.

Exemplos: levantamento manual de peso, trabalho em turno


noturno, exigência de esforços repetitivo ou postura inadequada, esforço
físico intenso.

• Risco de acidente – também conhecido como risco mecânico,


são os agentes presentes no ambiente de trabalho identificados
durante a análise de risco como um potencial causador de
acidentes.

Exemplos: proteção de máquinas, arranjo físico, ordem e limpeza,


animais peçonhentos, probabilidade de explosão ou incêndio, partes
energizadas.

Uma comparação da aplicação dos riscos ambientais pode ser


observada na tabela a seguir.
Tabela 2 – Comparação dos riscos ambientais

RISCOS NR5 NR9 MS

Físico   

Químico   

Biológico   

Ergonômico   

Acidente   

Fonte: Elaborada pela autora.


Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 35

Para verificar se a análise de risco e as medidas adotadas para o


controle do ambiente estão sendo eficientes, é preciso definir indicadores
mensuráveis para as metas a serem alcançadas, por meio de processos
de verificação contínua e planejada, como auditorias internas. Em casos
de acidente, quando as medidas não forem eficientes para proteger o
trabalhador, é necessária uma investigação das causas do acidente, assim
como a definição dos agentes envolvidos para que possam ser tomadas
novas medidas que garantem a segurança e a saúde do trabalhador,
adequando-se às novas tecnologias e demandas do mercado.

Investigação de acidente
Como acompanhamos no capítulo anterior, para garantir a saúde e
a segurança do trabalhador, a empresa precisa investir na análise de riscos
ambientais de forma que os dados obtidos no levantamento de riscos
contribuam para o planejamento e a implementação das medidas de controle.
No entanto, mesmo com as medidas aplicadas, podem ocorrer situações de
vulnerabilidade na gestão de segurança capazes de gerar acidentes.

Quando ocorre um acidente, o primeiro impulso, e correto, é garantir


a sobrevivência dos trabalhadores. No entanto, é fundamental definir os
fatores que levaram ao acidente. A investigação do acidente de trabalho
tem como objetivo analisar as informações identificando as causas reais,
utilizando métodos para a análise, aplicando recursos tecnológicos. As
conclusões devem servir para a transformação do ambiente, fortalecendo
as medidas educativas, prevencionistas e médicas.

A investigação de acidentes tem muitas informações relevantes


sobre a origem e suas causas, pois somente conhecendo-as é possível
evitar as reincidências ou ocorrências de novos acidentes por fatores
semelhantes. Os agentes de riscos de acidentes são aqueles que durante
a investigação de um acidente aparecem em diferentes métodos utilizado
para a investigação. Vamos usar como exemplo um método simples,
o diagrama de causa e efeito, agrupando as causas em categorias
conhecidas como “6 Ms”: Método, Meio, Máquinas, Medições, Materiais
e Mão de obra, sendo apenas a mão de obra a categoria em que a
investigação pode não apontar apenas condições do ambiente.
36 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

Uma empresa de limpeza predial iniciou a investigação de um


acidente com o trabalhador que exercia a função de lavador de fachada. Ele
desenvolvia sua atividade em um dia nublado e a uma altura de nove metros.
No momento do acidente ventava muito e o trabalhador estava utilizando
o equipamento que liberava jatos de água com uma solução de limpeza,
quando em função de uma forte rajada de vento fez com que o trabalhador
fosse atirado contra a grade de proteção. Como ele estava usando os
dispositivos de segurança individual, não houve queda, mas a ferramenta
estava presa apenas por suas mãos, o piso estava molhado e no momento
do impacto a ferramenta caiu sobre o seu pé e causou uma luxação.

Sendo assim, nossa amiga ELIS vai nos ajudar a investigar as causas
do acidente usando o diagrama de causa e efeito com o modelo 6Ms. A
Figura 7 mostra um modelo de diagrama:
Figura 6 – Diagrama de causa e efeito

Método Máquinas Materiais

Efeito:
luxação do
membro
inferior

Meio Medições Mão de obra

Fonte: Elaborada pela autora.

• Método: limpeza da fachada com jato de água.

• Meio: atividade realizada a céu aberto exposto a intempéries (dia


nublado com rajada de vento).

• Máquinas: falta de um dispositivo que evitasse quedas da


ferramenta.

• Medições: inspeções nas condições do tempo, velocidade do ar.

• Materiais: produto químico escorregadio.

• Mão de obra: treinada e capacitada, surpreendida por uma rajada


de vento.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 37

Após a verificação, ELIS estabeleceu que fossem adicionadas


medidas de proteção contra quedas de ferramentas e que as atividades
acima de dois metros de altura seriam interrompidas quando comprovada
a velocidade do vento acima de 40 quilômetros por hora conforme
estabelecido na NR 35 (BRASIL, 2016).

Com base nos resultados da avaliação de um acidente, as empresas,


por meio dos profissionais responsáveis pela saúde e segurança da
empresa, podem estabelecer um planejamento de ações para eliminar,
mitigar ou controlar as causas de acidente. Uma ferramenta eficiente no
planejamento e acompanhamento das ações é o Plano de Ação, como o
5W2H, conforme mostra a Tabela 3.
Tabela 3 – Plano de Ação 5W2H

HOW
WHAT WHERE WHEM WHO WHY HOW
MUCH

QUANTO
O QUE ONDE QUANDO QUEM POR QUE COMO
CUSTA

Fonte: Elaborada pela autora.

O relatório de investigação de acidentes vai servir como base para


o estabelecimento dessas ações. Por isso, é importante que ao preencher
esses relatórios o engenheiro de segurança o faça respeitando os
requisitos do código de ética profissional, não deixando possibilidades de
dupla interpretação das informações ali registradas.

Como parâmetro métrico para definir o caráter técnico idôneo,


pode-se considerar: a legibilidade do documento, a recuperação dos
dados apresentados com evidências no documento, a proteção das
informações ali contidas para que não se percam, o tempo em que este
ficará arquivado e a identificação do registro, para que seja possível sua
consulta por parte interna, auditorias ou inspeções oficiais, fiscalização de
órgãos do governo ou certificadoras na empresa.
38 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Os acidentes
de trabalho podem ser causados por agentes presentes
no meio, que podem ser definidos com agentes de risco
físico, químico, biológico, ergonômico ou de acidente. Os
agentes considerados causadores de risco de acidente
ou mecânico, são aqueles identificados durante a análise
de risco como potenciais causadores de acidentes do
trabalho. O gerenciamento dos riscos deve seguir as etapas
de: identificação de perigos; identificação de potenciais de
perdas; análise de riscos: estudo e descrição de como está
posto esse risco no ambiente de trabalho; avaliação de riscos
e tratamento dos riscos: ações que devem ser tomadas
para a eliminação, redução ou convivência adequada com
o risco. Caso as medidas não consigam evitar o acidente,
ele deve ser investigado, definindo novamente as causas
e os efeitos.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 39

Consequências do acidente de trabalho:


lesão pessoal e prejuízo material
INTRODUÇÃO:

Ao final deste capítulo você deverá compreender os efeitos


negativos gerados pelos acidentes de trabalho, tanto em
questões econômicas quanto previdenciário, social e
humano. Descobrir que um acidente pode custar caro para
a empresa e refletir no valor final do processo de produção
e que não existe um culpado, todos somos responsáveis.

Efeitos dos acidentes de trabalho -


econômico e social
Todo trabalho é realizado para gerar produtos e serviços de
qualidade, com resultados positivos para o cliente e para a empresa. No
entanto, as falhas podem gerar algumas perdas no processo, no caso do
acidente de trabalho nós perdemos qualidade de vida, perdemos vidas.
Por isso, neste capítulo iremos nos dedicar em analisar efeitos negativos,
individual, econômico e social.

Ao analisar as causas e efeitos de um acidente, são inúmeros os


fatores que podemos listar para justificar um antigo questionamento
prevencionista: Por que investir em segurança? Para alguns, o investimento
pode ser o cumprimento das obrigações legais atrelado aos interesses
de alcançar os objetivos traçados pela empresa. Para outros, são o
reconhecimento de valores aplicados à responsabilidade socioambiental
(BENITE, 2004).

Seja por valores econômicos ou sociais, a verdade é que o custo


das ocorrências com qualquer tipo de acidente de trabalho é um fator de
impacto economicamente:

• Na vida do indivíduo, que fica com restrições na capacidade de


gerar renda para sobrevivência.
40 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

• Nas contas do governo, que concede benefícios, como auxílio-


doença acidentário, aposentadoria por invalidez ou especial,
pensão por morte.

• Nas empresas, onde os custos com acidentes são contabilizados


por indicadores baseados no número de Comunicado de Acidente
de Trabalho emitido.

A empresa é obrigada a informar à Previdência Social todos os


acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados até o primeiro
dia útil seguinte ao da ocorrência, mesmo que não haja afastamento das
atividades. Em caso de morte, a comunicação deverá ser imediata.

Um bom exemplo dos custos do acidente de trabalho para a


empresa é o cálculo feito conforme a quantidade, a gravidade e o custo das
ocorrências acidentárias em cada empresa em relação ao seu segmento
econômico. É por meio desse mecanismo que a Receita Federal do Brasil
pode aumentar ou diminuir a alíquota de 1% (risco leve), 2% (risco médio)
ou 3% (risco grave) que cada empresa recolhe para o financiamento dos
benefícios por incapacidade (grau de incidência de incapacidade para o
trabalho decorrente dos riscos ambientais). Essas alíquotas poderão ser
reduzidas em até 50% ou aumentadas em até 100% (FIESC; SESI, 2011).

ACESSE:

Você sabe como emitir uma CAT? Acesse o site do INSS


para saber mais. Clique aqui.

O preenchimento é on-line ou nas agências do INSS. Se a empresa


não fizer o registro da CAT dentro do prazo legal, estará sujeita à aplicação
de multa, conforme disposto nos artigos 286 e 336 do Decreto nº
3.048/1999. O próprio trabalhador, o dependente, a entidade sindical,
o médico ou a autoridade pública poderão efetivar a qualquer tempo o
registro desse instrumento junto à Previdência Social (INSS, 2021).

Os custos com a falta de segurança devem ser evidenciados


pelas empresas como um incentivo aos investimentos com segurança,
identificando que os custos do acidente, com ou sem afastamento do
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 41

trabalhador, gera prejuízo, pois os custos diretos ou indiretos são revertidos


em ônus para a empresa, com o aumento dos custos da produção. Muitas
vezes, as empresas fazem os cálculos dos custos baseados nos custos
diretos, sendo que os indiretos podem ser mais significativos.

Como calcular os custos indiretos? Esse cálculo deve envolver:

• Gastos no transporte dos acidentados.

• Gastos com atendimento médico.

• Tempo dos prevencionistas envolvidos com o resgate no


atendimento.

• Tempo com a limpeza e recuperação do local do acidente e


reinício das atividades.

• Perda da produtividade.

• Aumento nos seguros pagos pela instituição.

Existe também o custo social dos acidentes de trabalho com o


aumento do número de inválidos e dependentes da previdência social,
quer seja por uma incapacidade parcial ou total, de forma permanente ou
temporária e a redução de mão de obra qualificada.

Infelizmente, os efeitos negativos não são evidenciados por todos


e podemos validar essa informação quando durante a investigação
de acidentes de trabalhos identificamos as causas relacionadas aos
atos inseguros e às condições inseguras negligenciadas pelos setores
prevencionistas ou operacionais.

Em uma análise humana, podemos encontrar situações extremas


em que o trabalhador não valoriza uma cultura prevencionista ou
empregadores que não evidenciaram a vida humana como um patrimônio
vivo e banalizaram a vida humana. Em ambos os casos, os efeitos são
extremamente negativos, ocasionando inúmeras falhas.

Um bom exemplo de situações de efeitos negativos são os acidentes


que envolvem condições inseguras, como o planejamento do arranjo
físico ou acidentes com equipamentos de movimentação de pessoas
e materiais. Eles são, muitas vezes, possíveis de serem evitados, porém
42 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

quando não são identificados os riscos antecipadamente, comprometem


não só a máquina, mas os trabalhadores e a imagem da empresa.

Então, vamos lá! Após um acidente, os efeitos negativos podem ser


em relação aos aspectos materiais e/ou humanos, veja se você consegue
resumir esses aspectos no organograma a seguir.
Figura 7 – Efeitos negativos do acidente

Total

Materiais Reversível
Parcial
Irreversível
Acidentes Efeitos
Parcial Temporária
Com lesão
Humanos Total Permanente

Sem lesão

Fonte: Elaborada pela autora.

Custos do acidente
Agora que já conseguimos reconhecer os efeitos negativos do
acidente de trabalho, chegou a hora de fazer os cálculos de quanto custou
o acidente. Nós já vimos que os efeitos negativos incluem os custos diretos
e indiretos para os trabalhadores, para o governo e para a sociedade, mas
como calcular esses custos? Inicialmente, tem-se a ideia de que grandes
acidentes acontecem apenas em grandes empreendimentos, ou grandes
empresas. No entanto, quando a palavra em questão é custos, o pequeno
empresário poderá sofrer mais os impactos do acidente.

O custo de acidentes é definido pela NBR 14.280, como o valor


do prejuízo material decorrente de acidente, sendo prejuízo material o
prejuízo decorrente de danos materiais, perda de tempo e outros ônus
resultantes de acidente do trabalho, inclusive danos ao meio ambiente. O
cálculo em si não é difícil, mas para cada caso existem diferentes variáveis
envolvidas, que às vezes são de difícil identificação. Em linhas gerais,
pode-se dizer que o custo do acidente é o somatório dos custos diretos
e indiretos envolvidos.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 43

C = CD + CI

CD = Todas as despesas ligadas diretamente ao atendimento do


acidentado, que não são de responsabilidade do INSS, despesas médicas,
odontológicas, hospitalares, farmacêuticas – incluída cirurgia reparadora.

CI = Não envolve perda imediata de dinheiro. Relaciona-se com o


ambiente que envolve o acidentado e com as consequências do acidente.

Vamos conhecer alguns dos fatores utilizados para a base de cálculo


do acidente, que no final acabam impactando a folha de pagamento da
empresa e revelando o seu custo real.

Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP)


O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) surgiu em
2007 com o Decreto nº 6.042 e alterou o modo de definir o benefício da
previdência para os casos de afastamento do trabalho acima de 15 dias.
Ele define a relação causal entre os ramos de atividades econômicas e
suas respectivas doenças. Com a adoção dessa metodologia, é a empresa
que deverá provar que as doenças e os acidentes de trabalho não foram
causados pela atividade desenvolvida pelo trabalhador, ou seja, o ônus da
prova passa a ser do empregador e não mais do empregado (SESI, 2011).

Fator Acidentário de Prevenção (FAP)


O Fator Acidentário de Prevenção (FAP) entrou em vigor em 2010 e
implica a redução ou o aumento da alíquota de redução da contribuição
da empresa para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT). O FAP é o
mecanismo que permite à Receita Federal do Brasil aumentar ou diminuir
a alíquota de 1% (risco leve), 2% (risco médio) ou 3% (risco grave) que cada
empresa recolhe para o financiamento dos benefícios por incapacidade
(grau de incidência de incapacidade para o trabalho decorrente dos
riscos ambientais). Essas alíquotas poderão ser reduzidas em até 50%
ou aumentadas em até 100%, conforme a quantidade, a gravidade e o
custo das ocorrências acidentárias em cada empresa em relação ao seu
segmento econômico (SESI, 2011).
44 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

Seguro de acidente de trabalho (SAT)


A legislação brasileira prevê o pagamento do Seguro de Acidente de
Trabalho (SAT), calculado pela multiplicação de sua folha de pagamento
por uma alíquota de Riscos Ambientais do Trabalho (RAT) de 1%, 2% e 3%,
definidas para cada uma das atividades listadas na Classificação Nacional
de Atividades Econômicas (CNAE), acrescido pela multiplicação do Fator
Acidentário de Prevenção (FAP).

Cálculo do índice de custo (SESI, 2011).

SAT = folha de pagamento x (alíquota RAT x FAT)

Com a utilização do NTEP e do FAT, o número de acidentes


previdenciários passou a afetar diretamente o SAT, ou seja, o número de
acidentes afeta diretamente uma porcentagem da folha de pagamento de
uma empresa. Com essa combinação de fatores, os custos dos acidentes
de trabalho e o afastamento previdenciário se tornaram muito mais nítidos.

Para nos ajudar a calcular um acidente, a ELIS vai nos trazer uma
situação ocorrida no canteiro de obra. Para não perder horas trabalhadas,
o gestor da obra autorizou que os trabalhadores realizassem as atividades
com concreto sem o EPI adequado. Com isso, no final da atividade ele
teve um saldo de oito acidentes de trabalho, sendo três deles com
afastamento previdenciário. Calculando os fatores, o valor de cada
acidente foi de R$ 13.023,00 e o dos afastamentos foi de R$ 113.714,00. O
custo total do acidente foi de 3 x (R$ 113.714,00) + 5 x (R$ 13.023,00) = R$
406.257,00.

O grande desafio para as empresas é investir na redução da


incidência de acidentes e doenças ocupacionais, identificando os riscos
que possam estar relacionados ao FAP/NTEP e implementando medidas
de correção que diminuam os riscos de acidentes e doenças do trabalho,
pois são essas ações que contribuem para a redução de custos com
acidentes.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 45

Responsabilidade do acidente
Um dito popular diz que quando ocorre uma fatalidade, notória ou
não, “a casa caiu”. Evidentemente o “dono da casa”, além de arcar com
os custos terá que justificar as causas. Mas a casa pode cair porque o
arquiteto não planejou bem ou o pedreiro não seguiu o planejado ou ainda
porque o fiscal da obra não identificou o erro e permitiu a construção.
Sendo assim, vários podem ser os responsáveis, de forma conjunta ou
isolada, pela fatalidade.

Na Segurança do Trabalho não é diferente, a empresa pode usar


outro dito popular que diz “todos somos responsáveis pela segurança”,
sendo que todos são responsáveis também pelos acidentes. Vamos ver
agora alguns dos responsáveis e suas responsabilidades (GERMANO, 2019).

Quanto ao governo, podemos destacar o trabalho das Delegacias


Regionais do Trabalho (DRT). Suas atividades de fiscalização feitas por
profissionais especializados nas áreas de saúde e segurança, as quais
estão respaldadas e amparadas em legislação específica (CLT), podendo
aplicar sanções que vão desde o embargo ou a interdição até expedição
de termos de notificação e multas com o respaldo legal que determina a
Norma Regulamentadora NR3 (BRASIL, 2016). No entanto, devido ao Brasil
ser considerado um país de extensão continental, o efetivo da DRT ainda
é incipiente para cobrir de forma eficaz todas as empresas nos diversos
municípios do Brasil.

Ainda por parte do governo temos o Ministério da Saúde (MS), que


por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e nos estados
com as Vigilâncias Sanitárias também possui papel preponderante na
fiscalização da segurança sanitária, saúde e segurança dos trabalhadores
dos estabelecimentos cujos produtos e serviços possam oferecer algum
tipo de risco, tanto para os consumidores quanto para os profissionais
responsáveis por esses produtos.

A Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador


(Renast) é um sistema de informações sobre acidentes do trabalho
organizada com o propósito de implementar ações assistenciais, de
vigilância, prevenção e de promoção da saúde, na perspectiva da ST.
46 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

ACESSE:

Saiba como montar um Renast nas empresas. Clique aqui.

Em relação à responsabilidade que envolve os custos do acidente,


compete à Previdência Social arcar com os custos referentes aos
benefícios previdenciários decorrentes dos acidentes do trabalho.

Os trabalhadores segurados que possuem carteira assinada


recebem diretamente do empregador – inclusive doméstico – os valores
referentes aos primeiros 15 dias. À Previdência Social cabe o pagamento
a partir do 16º dia de afastamento. Após esse período, o ônus desses
acidentes passa para os contribuintes, por meio da Previdência Social,
que utiliza os recursos provenientes das contribuições dos trabalhadores
e das empresas.

Toda indenização ou todo benefício previdenciário decorrente


de exposição a agentes agressivos e redução da capacidade laborativa
somente é paga pela Previdência Social depois de comprovada a
incapacidade reduzida em avaliação pericial.

Os sindicatos apresentam importantes responsabilidades diante


da possibilidade de ocorrência dos acidentes de trabalho, como exigir
correção dos riscos nas empresas; fiscalizar a plena efetividade da
implantação de normas e acordos que visem melhorias no campo da
prevenção, estimulando ainda a criação de comissões de segurança e
saúde nos locais de trabalho e em suas dependências; exigir e participar
de programas oficiais e alternativos de fiscalização em segurança e
medicina do trabalho; manter programas educacionais, disseminando a
ideia de que, para os trabalhadores, melhor do que receber uma adicional
de insalubridade de valor minúsculo é executar suas atividades em um
ambiente seguro e saudável.

Na esfera criminal, é o Ministério Público Estadual (MPE) responsável


pelas ações em razão de ser ele detentor do monopólio da ação
penal pública, o que ocorre na possibilidade de o empregador vir a ser
responsabilizado criminalmente pela ocorrência de acidente do trabalho.

Na empresa, a CIPA é uma comissão composta por representantes


do empregador e dos empregados, e é um instrumento que os
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 47

trabalhadores dispõem para tratar da prevenção de acidentes do trabalho,


das condições do ambiente do trabalho e de todos os aspectos que
afetam sua saúde e segurança.

A CIPA é regulamentada pela Consolidação das Leis do Trabalho


(CLT) nos artigos 162 a 165 e pela Norma Regulamentadora 5 (NR-5),
contida na Portaria nº 3.214 de 8 de junho de 1978, baixada pelo Ministério
do Trabalho. As atribuições básicas de uma CIPA são:

• Investigar e analisar os acidentes ocorridos na empresa.

• Sugerir as medidas de prevenção de acidentes julgadas


necessárias por iniciativa própria ou sugestão de outros
empregados e encaminhá-las ao presidente e ao departamento
de segurança da empresa.

Essas medidas quando bem aplicadas evitam os acidentes e é a


maneira mais eficaz de reduzir os custos para os responsáveis por eles.

RESUMINDO:

Viram como os acidentes de trabalho podem ser um


grande transtorno para o governo, os empresários e os
trabalhadores? Caso tenha ficado alguma dúvida vamos
fazer uma breve revisão. Os trabalhadores acidentados
ficam expostos à redução de sua renda familiar, limitações
físicas, emocionais e sociais e algumas vezes desenvolvem
a insegurança, que pode se tornar um fator de causa de
acidentes. Para a empresa e para o governo, os custos
podem ser percebidos nas tarifações tributárias, como
o NEST, FAT e SAT, que acabam refletindo no valor final
da produção. O governo, por sua vez, tem os ônus de
custear os auxílios-acidentes sobrecarregando o sistema
previdenciário. E a culpa é de quem? Bom, não podemos
estabelecer um culpado, por isso cada um precisa fazer
a sua parte para evitar que os custos com os acidentes
de trabalho sobrecarreguem ainda mais o governo, a
empresa, os trabalhadores e a sociedade, garantindo que
os trabalhadores tenham seu direito à qualidade de vida
garantido dentro e fora do ambiente de trabalho.
48 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho

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