Recentemente, o AFT - Auditor Fiscal do Trabalho - Rodrigo Vieira Vaz publicou na
Revista Proteção, com base nos registros da Inspeção do Trabalho, nos últimos nove meses, as não conformidades registradas com maior frequência em relação ao cumprimento do GRO nas empresas fiscalizadas. Tivemos a autorização do Rodrigo para publicar esta pesquisa e, vamos ampliar o material, apresentando como resolver estas não conformidades. Confira os itens:
NÃO CONFORMIDADE SOLUÇÃO
Não é possível tratar o PGR como o PPRA, o qual era feito uma vez ao ano e, esquecido na gaveta. Como programa, o 1. Deixar de implementar, por estabelecimento, PGR necessita de evidências de ações, a o gerenciamento de riscos ocupacionais em suas fim de que o papel realmente se torne um atividades, ou deixar de constituir o gerenciamento de programa. Desta forma, só escrever o riscos ocupacionais no PGR, ou deixar de contemplar PGR, nem de longe, cumpre a função de ou integrar o PGR com planos, programas e outros transformá-lo em programa. documentos previstos na legislação de Segurança e Assim, é preciso demonstrar a Saúde no Trabalho; implementação do plano de ações, bem como a integração de todas as NRs. Por exemplo, o risco de queda de altura deve estar conectado com a NR 35. A fase de identificação deve ser criteriosa e, com a juntada ao time dos riscos ergonômico e de acidentes, a questão se 2. Deixar de identificar os perigos e/ou complicou bastante. Esta identificação dos possíveis lesões ou agravos à saúde bem como perigos riscos deve ser dinâmica e ir se externos previsíveis relacionados ao trabalho que aperfeiçoando ao longo dos anos, possam afetar a Saúde e Segurança no Trabalho; utilizando a experiência do passado para construir o futuro. No entanto, cuidado para não exagerar e identificar perigos esdrúxulos... Por outro lado, subestimar os riscos para provar a desnecessidade de controle é algo primário... Não é possível tapar o Sol com 3. Deixar de classificar os riscos ocupacionais a peneira! O Julgamento Técnico não para determinar a necessidade de adoção de medidas pode ser distorcido a ponto de “esquecer” de prevenção; riscos importantes que necessitam ser prevenidos. Não adianta varrer o risco para baixo do tapete... 4. Deixar de implementar medidas de As medidas de prevenção possuem prevenção de acordo com a classificação de risco e hierarquia: primeiro as medidas coletivas, com a ordem de prioridade estabelecida na alínea "g" depois as administrativas e, por último, os do subitem 1.4.1 da NR 1 e/ou deixar de adotar equipamentos de proteção individual medidas de prevenção para eliminar, reduzir ou (EPIs). Infelizmente os profissionais de controlar os riscos nas situações previstas no subitem SST utilizam os EPIs como remédio para 1.5.5.1.1 da NR 1; todos os males. É preciso esclarecer que os EPIs estão com os dias contados! É preciso obedecer a hierarquia das proteções. Os profissionais de SST se acostumaram a fazer o PPRA contemplando somente os riscos ambientais. A migração para o PGR trouxe um grande problema: reconhecer o risco ergonômico e, o conhecimento 5. Deixar de considerar as condições de técnico necessário para fazê-lo trabalho nos termos da NR 17 (Ergonomia), no corretamente. Neste aspecto a gerenciamento de riscos ocupacionais de suas aprendizagem da AEP – Análise atividades; Ergonômica Preliminar ajudaria bastante. Veja que não é preciso elaborar a AET – Análise Ergonômica do Trabalho no momento de reconhecimento dos riscos; mas tão somente se a matriz de risco assim o indicar. Montar o Plano de Ação é uma coisa... Implementá-lo é outra bem mais trabalhosa e que implica em investimentos. Lembre-se: somente 6. Deixar de adotar as medidas necessárias para pontue no Plano de Ação o que for melhorar o desempenho em Segurança e Saúde no factível! Não adianta colocar ações Trabalho; mirabolantes que serão impossíveis para a empresa executar. Mas, promessa é dívida e, uma vez colocada no Plano de Ação determinada medida, ela deve ser cumprida, sob pena de autuação. A partir da vigência do PGR todas as NRs deverão estar integradas. Ações isoladas 7. Deixar de considerar no processo de devem ser trazidas para o contexto do identificação de perigos e/ou de avaliação de riscos PGR, com a finalidade de integrar tudo! ocupacionais o disposto nas NRs e/ou demais Pense num PGR como uma árvore de exigências legais de Segurança e Saúde no Trabalho; Natal, com cada NR representando uma bola ou enfeite! A avaliação dos riscos deve levar em 8. Realizar avaliação dos riscos ocupacionais conta as medidas de prevenção, daí relativos aos perigos identificados no(s) porque quem faz esta avaliação deve estar estabelecimento(s) sem fornecer informações para a bem familiarizado com as atividades na adoção de medidas de prevenção; empresa a fim de considerar medidas consistentes tecnicamente com o risco. A matriz de risco deve ser elaborada com 9. Deixar de considerar, na gradação da base em dois critérios: frequência e probabilidade de ocorrência das lesões ou agravos à gravidade. No caso da frequência devem saúde para determinação do nível de risco ser considerados: (i) eventuais agravos de ocupacional, os requisitos estabelecidos em NRs e/ ou doenças, (ii) requisitos das NRs e, (iii) as medidas de prevenção implementadas e/ou as medidas de prevenção existentes. A falta exigências da atividade de trabalho e/ou a comparação de familiaridade com a matriz de risco do perfil de exposição ocupacional com valores de está prejudicando bastante a elaboração referência estabelecidos na NR 9; do PGR. Os riscos devem ser classificados de forma técnica. Classificações tendenciosas 10. Classificar os riscos em desacordo com o ficarão visíveis a quaisquer dos atores nível de risco ocupacional identificado; sociais envolvidos em SST. Como dissemos anteriormente, não dá para tapar o Sol com a peneira. O PGR é programa é como tal deve ser 11. Deixar de constituir a avaliação de riscos exercitado durante todo o tempo. Não tem enquanto processo contínuo e/ou deixar de revisá-la significado botar o documento na gaveta e nos prazos ou nas situações estabelecidas nos subitens aguardar por 2 ou 3 anos. É preciso 1.5.4.4.6 e 1.5.4.4.6.1 (no caso de organizações que implementar a melhoria contínua no possuírem certificações em sistema de gestão de SST. processo, inclusive fazendo uso do ciclo o prazo poderá ser de até três anos) da NR 1; PDCA. O plano de ação não pode ser meramente 12. Deixar de elaborar plano de ação com figurativo. Ele representa a promessa e indicação das medidas de prevenção a serem compromisso da empresa em resolver os introduzidas, aprimoradas ou mantidas e com problemas encontrados nas matrizes de definição de cronograma. formas de acompanhamento risco. Por outro lado, o plano de ação deve e aferição de resultados; conter as medidas necessárias para a prevenção e/ou mitigação do risco. Não adianta nada apenas especificar a medida de prevenção, implantá-la e achar que o caso está encerrado. É preciso acompanhamento posteriormente à implantação da medida para constatar se ela realmente está funcionando adequadamente. Tal acompanhamento implica em refazer algumas análises, inclusive quantitativas para verificar a 13. Deixar de acompanhar o desempenho das eficácia de medida implantada. medidas de prevenção de maneira planejada; Por exemplo, foi implantada uma medida de proteção coletiva, que se constitui em ventilação geral diluidora. A primeira providência e verificar, de forma técnica se a medida, após sua instalação está funcionando e, se ao longo do tempo, realmente o equipamento cumpre sua função de melhorar a qualidade do ar ambiental. Todos os acidentes e doenças devem ser analisados, inclusive para checar no PGR 14. Deixar de analisar os acidentes e as doenças se tais condições, nas quais ocorrem os relacionadas ao trabalho, ou realizar análise de acidentes ou doenças, estariam previstas. acidentes e doenças relacionadas ao trabalho sem Devemos lembrar ainda que o PGR é documentá-la e/ou sem considerar os requisitos válido por dois anos; no entanto, a estabelecidos no subitem 1.5.5.5.2 da NR 1; ocorrência de quaisquer acidentes ou doenças fazem com que o PGR tenha que ser reavaliado imediatamente. Uma vez elaboradas as matrizes de risco, elas mostrarão os perigos que devem ser analisados. As análises dos perigos 15. Deixar de estabelecer, implementar e manter evidenciarão os cenários de emergência, procedimentos de respostas aos cenários de os quais deverão ser alvo do Plano de emergências de acordo com os riscos, as Emergência, os quais trarão os características e as circunstâncias das atividades, ou procedimentos de respostas aos cenários deixar de prever nos procedimentos de respostas aos de emergência. Novamente vemos a cenários de emergências o conteúdo estabelecido no preocupação em excesso no elaborar o subitem 1.5.6.2 da NR 1. PGR, mas descaso ou desconhecimento nas demais obrigações, dando continuidade ao programa.