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AS 15 MAIORES NÃO CONFORMIDADES DO PGR

Antonio Carlos Vendrame

Recentemente, o AFT - Auditor Fiscal do Trabalho - Rodrigo Vieira Vaz publicou na


Revista Proteção, com base nos registros da Inspeção do Trabalho, nos últimos nove
meses, as não conformidades registradas com maior frequência em relação ao
cumprimento do GRO nas empresas fiscalizadas.
Tivemos a autorização do Rodrigo para publicar esta pesquisa e, vamos ampliar o material,
apresentando como resolver estas não conformidades. Confira os itens:

NÃO CONFORMIDADE SOLUÇÃO


Não é possível tratar o PGR como o
PPRA, o qual era feito uma vez ao ano e,
esquecido na gaveta. Como programa, o
1. Deixar de implementar, por estabelecimento, PGR necessita de evidências de ações, a
o gerenciamento de riscos ocupacionais em suas fim de que o papel realmente se torne um
atividades, ou deixar de constituir o gerenciamento de programa. Desta forma, só escrever o
riscos ocupacionais no PGR, ou deixar de contemplar PGR, nem de longe, cumpre a função de
ou integrar o PGR com planos, programas e outros transformá-lo em programa.
documentos previstos na legislação de Segurança e Assim, é preciso demonstrar a
Saúde no Trabalho; implementação do plano de ações, bem
como a integração de todas as NRs.
Por exemplo, o risco de queda de altura
deve estar conectado com a NR 35.
A fase de identificação deve ser criteriosa
e, com a juntada ao time dos riscos
ergonômico e de acidentes, a questão se
2. Deixar de identificar os perigos e/ou complicou bastante. Esta identificação dos
possíveis lesões ou agravos à saúde bem como perigos riscos deve ser dinâmica e ir se
externos previsíveis relacionados ao trabalho que aperfeiçoando ao longo dos anos,
possam afetar a Saúde e Segurança no Trabalho; utilizando a experiência do passado para
construir o futuro.
No entanto, cuidado para não exagerar e
identificar perigos esdrúxulos...
Por outro lado, subestimar os riscos para
provar a desnecessidade de controle é algo
primário... Não é possível tapar o Sol com
3. Deixar de classificar os riscos ocupacionais
a peneira! O Julgamento Técnico não
para determinar a necessidade de adoção de medidas
pode ser distorcido a ponto de “esquecer”
de prevenção;
riscos importantes que necessitam ser
prevenidos. Não adianta varrer o risco
para baixo do tapete...
4. Deixar de implementar medidas de As medidas de prevenção possuem
prevenção de acordo com a classificação de risco e hierarquia: primeiro as medidas coletivas,
com a ordem de prioridade estabelecida na alínea "g" depois as administrativas e, por último, os
do subitem 1.4.1 da NR 1 e/ou deixar de adotar equipamentos de proteção individual
medidas de prevenção para eliminar, reduzir ou (EPIs). Infelizmente os profissionais de
controlar os riscos nas situações previstas no subitem SST utilizam os EPIs como remédio para
1.5.5.1.1 da NR 1; todos os males. É preciso esclarecer que
os EPIs estão com os dias contados! É
preciso obedecer a hierarquia das
proteções.
Os profissionais de SST se acostumaram a
fazer o PPRA contemplando somente os
riscos ambientais. A migração para o PGR
trouxe um grande problema: reconhecer o
risco ergonômico e, o conhecimento
5. Deixar de considerar as condições de técnico necessário para fazê-lo
trabalho nos termos da NR 17 (Ergonomia), no corretamente. Neste aspecto a
gerenciamento de riscos ocupacionais de suas aprendizagem da AEP – Análise
atividades; Ergonômica Preliminar ajudaria bastante.
Veja que não é preciso elaborar a AET –
Análise Ergonômica do Trabalho no
momento de reconhecimento dos riscos;
mas tão somente se a matriz de risco
assim o indicar.
Montar o Plano de Ação é uma coisa...
Implementá-lo é outra bem mais
trabalhosa e que implica em
investimentos. Lembre-se: somente
6. Deixar de adotar as medidas necessárias para pontue no Plano de Ação o que for
melhorar o desempenho em Segurança e Saúde no factível! Não adianta colocar ações
Trabalho; mirabolantes que serão impossíveis para a
empresa executar. Mas, promessa é dívida
e, uma vez colocada no Plano de Ação
determinada medida, ela deve ser
cumprida, sob pena de autuação.
A partir da vigência do PGR todas as NRs
deverão estar integradas. Ações isoladas
7. Deixar de considerar no processo de
devem ser trazidas para o contexto do
identificação de perigos e/ou de avaliação de riscos
PGR, com a finalidade de integrar tudo!
ocupacionais o disposto nas NRs e/ou demais
Pense num PGR como uma árvore de
exigências legais de Segurança e Saúde no Trabalho;
Natal, com cada NR representando uma
bola ou enfeite!
A avaliação dos riscos deve levar em
8. Realizar avaliação dos riscos ocupacionais conta as medidas de prevenção, daí
relativos aos perigos identificados no(s) porque quem faz esta avaliação deve estar
estabelecimento(s) sem fornecer informações para a bem familiarizado com as atividades na
adoção de medidas de prevenção; empresa a fim de considerar medidas
consistentes tecnicamente com o risco.
A matriz de risco deve ser elaborada com
9. Deixar de considerar, na gradação da
base em dois critérios: frequência e
probabilidade de ocorrência das lesões ou agravos à
gravidade. No caso da frequência devem
saúde para determinação do nível de risco
ser considerados: (i) eventuais agravos de
ocupacional, os requisitos estabelecidos em NRs e/ ou
doenças, (ii) requisitos das NRs e, (iii)
as medidas de prevenção implementadas e/ou as
medidas de prevenção existentes. A falta
exigências da atividade de trabalho e/ou a comparação
de familiaridade com a matriz de risco
do perfil de exposição ocupacional com valores de
está prejudicando bastante a elaboração
referência estabelecidos na NR 9;
do PGR.
Os riscos devem ser classificados de
forma técnica. Classificações tendenciosas
10. Classificar os riscos em desacordo com o ficarão visíveis a quaisquer dos atores
nível de risco ocupacional identificado; sociais envolvidos em SST. Como
dissemos anteriormente, não dá para tapar
o Sol com a peneira.
O PGR é programa é como tal deve ser
11. Deixar de constituir a avaliação de riscos
exercitado durante todo o tempo. Não tem
enquanto processo contínuo e/ou deixar de revisá-la
significado botar o documento na gaveta e
nos prazos ou nas situações estabelecidas nos subitens
aguardar por 2 ou 3 anos. É preciso
1.5.4.4.6 e 1.5.4.4.6.1 (no caso de organizações que
implementar a melhoria contínua no
possuírem certificações em sistema de gestão de SST.
processo, inclusive fazendo uso do ciclo
o prazo poderá ser de até três anos) da NR 1;
PDCA.
O plano de ação não pode ser meramente
12. Deixar de elaborar plano de ação com figurativo. Ele representa a promessa e
indicação das medidas de prevenção a serem compromisso da empresa em resolver os
introduzidas, aprimoradas ou mantidas e com problemas encontrados nas matrizes de
definição de cronograma. formas de acompanhamento risco. Por outro lado, o plano de ação deve
e aferição de resultados; conter as medidas necessárias para a
prevenção e/ou mitigação do risco.
Não adianta nada apenas especificar a
medida de prevenção, implantá-la e achar
que o caso está encerrado. É preciso
acompanhamento posteriormente à
implantação da medida para constatar se
ela realmente está funcionando
adequadamente. Tal acompanhamento
implica em refazer algumas análises,
inclusive quantitativas para verificar a
13. Deixar de acompanhar o desempenho das
eficácia de medida implantada.
medidas de prevenção de maneira planejada;
Por exemplo, foi implantada uma medida
de proteção coletiva, que se constitui em
ventilação geral diluidora. A primeira
providência e verificar, de forma técnica
se a medida, após sua instalação está
funcionando e, se ao longo do tempo,
realmente o equipamento cumpre sua
função de melhorar a qualidade do ar
ambiental.
Todos os acidentes e doenças devem ser
analisados, inclusive para checar no PGR
14. Deixar de analisar os acidentes e as doenças se tais condições, nas quais ocorrem os
relacionadas ao trabalho, ou realizar análise de acidentes ou doenças, estariam previstas.
acidentes e doenças relacionadas ao trabalho sem Devemos lembrar ainda que o PGR é
documentá-la e/ou sem considerar os requisitos válido por dois anos; no entanto, a
estabelecidos no subitem 1.5.5.5.2 da NR 1; ocorrência de quaisquer acidentes ou
doenças fazem com que o PGR tenha que
ser reavaliado imediatamente.
Uma vez elaboradas as matrizes de risco,
elas mostrarão os perigos que devem ser
analisados. As análises dos perigos
15. Deixar de estabelecer, implementar e manter
evidenciarão os cenários de emergência,
procedimentos de respostas aos cenários de
os quais deverão ser alvo do Plano de
emergências de acordo com os riscos, as
Emergência, os quais trarão os
características e as circunstâncias das atividades, ou
procedimentos de respostas aos cenários
deixar de prever nos procedimentos de respostas aos
de emergência. Novamente vemos a
cenários de emergências o conteúdo estabelecido no
preocupação em excesso no elaborar o
subitem 1.5.6.2 da NR 1.
PGR, mas descaso ou desconhecimento
nas demais obrigações, dando
continuidade ao programa.

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