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Fitoterapia
Luciano Senti da Costa
Unidade 01
Conhecendo o
panorama histórico
do uso e produção
de fitoterápicos no
Brasil e no mundo
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor
ANALICE OLIVEIRA FRAGOSO
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
O autor
LUCIANO SENTI DA COSTA
INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimen- de se apresentar
to de uma nova um novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram
vações ou comple- que ser prioriza-
mentações para o das para você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado sobre o tema em
ou detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e sidade de chamar a
links para aprofun- atenção sobre algo
damento do seu a ser refletido ou
conhecimento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoapren- volvimento de uma
dizagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Conhecendo o panorama histórico do uso e produção de
fitoterápicos no Brasil e no mundo...................................12
Fitoterapia no Brasil...........................................................20
Mercado de fitoterápicos....................................................24
Rede pública...........................................................28
A Etnofarmacologia............................................................30
Etnofarmacologia e a investigação.....................................31
Bases conceituais..............................................................37
Bases empíricas..................................................................38
Conceitos básicos...............................................................40
Definições da fitoterapia.....................................................41
Legislação no mundo.........................................................49
Legislação brasileira..........................................................50
01
UNIDADE
INTRODUÇÃO
O uso de plantas medicinais está profundamente enraizado na
cultura humana. A maioria das civilizações antigas guarda algum registro
de uso seja para cura ou em rituais religiosos. Apesar de todos os avanços
tecnológicos da Farmacologia e da Química, as plantas medicinais são
em muitos lugares, a única fonte de remédios atualmente. Mesmo em
países desenvolvidos, a produção de medicamentos à base de plantas
tem aumentado. No Brasil, temos uma enorme diversidade de flora
medicinal e pouco a pouco pesquisas estão sendo conduzidas para que
se tenha proveito de tanta matéria-prima. A disciplina de Introdução à
Fitoterapia irá abordar temas relevantes na área, desde a história do uso
de plantas medicinais até a produção dos diferentes tipos de produtos e
medicamentos fitoterápicos. Nesta primeira Unidade o foco será em dar
a você um contexto histórico útil para uma compreensão geral do uso
de plantas medicinais ao longo do tempo em diferentes civilizações e
épocas, como o conhecimento popular de diferentes regiões e culturas é
importante para a descoberta de novas plantas com potencial medicinal,
as bases conceituais necessárias para entendimento genuíno das
próximas unidades e também a legislação e incentivos governamentais
do nosso país em relação aos fitoterápicos. Desejo um bom estudo a você.
Introdução a Fitoterapia 11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:
• Conhecer o panorama histórico do uso e produção de fitoterápicos
e o mercado econômico desta categoria farmacêutica no Brasil e no mundo.
• Compreender a etnofarmacologia como uma área interdisciplinar
que alia conhecimentos tradicionais locais com estudos farmacológicos
científicos.
• Entender as bases conceituais da Fitoterapia, do empirismo às
definições científicas.
• Conhecer as leis brasileiras que regulam à produção e prescrição
de fitoterápicos no Brasil e as políticas e programas nacionais de plantas
medicinais e fitoterápicos.
O câncer é uma doença muito complexa, por isso exige muita
dedicação para conhece-la. Então? Preparado para uma viagem sem volta
rumo ao conhecimento? Ao trabalho!
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao
conhecimento? Ao trabalho!
12 Introdução a Fitoterapia
OBJETIVO
A Unidade 1 da disciplina de Introdução à Fitoterapia trata
de temas importantes à compreensão geral da área. Ao
término desta unidade você será capaz de entender todo
o panorama histórico que abarca a Fitoterapia, desde o
uso de plantas medicinais pelos povos pré-históricos até
os dias atuais. Você sabe quanto fatura esse mercado
no Brasil e no mundo? Você também vai descobrir nesta
unidade. Também será abordado a Etnofarmacologia e
você conseguirá compreender todo o processo gerado a
partir de descobertas etnofarmacológicas. Além disso, irá
aprender as bases conceituais da Fitoterapia e a legislação
que rege a categoria. Políticas e programas nacionais
relacionados ao tema serão explorados com objetivo de
contextualizar o aprendizado às normas de segurança e
eficácia determinadas pelo órgão regulador no Brasil.
VOCÊ SABIA?
É normal usarmos plantas como remédios, fazemos isso
há milênios, mas e se eu te disser que também é comum
inúmeras espécies animais fazerem o mesmo? Conheça a
zoofarmacognosia, ou seja, o uso de plantas específicas
por animais com intenção medicinal. Acesse este link com
uma matéria do Dr. Dráuzio Varella sobre o assunto:
https://bit.ly/2lFVb3Z.
DEFINIÇÃO
Fitoterápicos são produtos ou medicamentos produzidos
a partir de plantas medicinais com eficácia e segurança
comprovada. Os medicamentos produzidos a partir de
um princípio ativo isolado não podem ser chamados de
fitoterápicos.
Figura 2: Mentha piperita, utilizada pelos egípcios há milênios para melhorar problemas
digestórios
Figura 4: Ilustração de Claudius Galeno, rodeado de outros médicos da Idade Média, como
Dioscorides, sentado à esquerda
Figura 5: Dracunculus vulgaris, conhecida como serpentária devido a sua haste parecer
com uma serpente
DEFINIÇÃO
Alopatia é o método medicinal utilizado pela medicina
tradicional. Nele, medicamentos são produzidos com
objetivo de produzir um efeito contrário ao da doença, como
os antivirais, antibióticos, anti-histamínicos, entre outros.
Podem ser produzidos de maneira sintética ou com base
em plantas, minerais e até animais. Possuem maior número
de efeitos colaterais e podem ser mais tóxicos. Homeopatia
refere-se ao tratamento por semelhança, neste método
o paciente é exposto à mesma substância causadora do
sintoma, porém em concentração extremamente baixa,
para que o corpo por si só se recupere. O objetivo é
encontrar um equilíbrio. Faz parte da medicina alternativa e
é considerada pela maioria dos cientistas ocidentais como
ineficaz ou até mesmo enganosa.
ACESSE
Para conhecer mais sobre a história da Fitoterapia assista
esse vídeo incrível sobre esta área acessando o link:
https://bit.ly/2lFbMoA
Fitoterapia no Brasil
Até a chegada dos portugueses ao Brasil no ano de 1500, os índios
eram os únicos detentores do conhecimento de plantas medicinais na
região. Nas tribos, os responsáveis pela cura através das plantas são
os pajés, que auxiliados pela imensa biodiversidade vegetal no país,
transmitiam esse conhecimento totalmente empírico às gerações
seguintes, com uma mescla de rituais religiosos e de cura.
Os africanos trazidos ao Brasil como escravos também
influenciaram ricamente o conhecimento de plantas medicinais, que
eram trazidas junto com eles e também usadas como tratamento e
rituais religiosos.
Porém, os europeus rapidamente demonstraram interesse pela
rica flora do país e com auxílio da identificação e nomenclatura indígena,
iniciaram a catalogação de espécies nativas utilizando desenhos. Nossas
espécies chegaram até a Europa e foram úteis para a farmacologia
existente na época.
REFLITA
Muitos remédios eram trazidos da Europa de Portugal em
navios, porém como a viagem era muito longa, alguns se
estragavam no percurso. Isso foi uma das causas para que
a flora medicinal brasileira fosse utilizada pelos médicos no
Brasil Colônia.
IMPORTANTE
Os naturalistas e farmacêuticos da época que viajavam até
o Brasil faziam mais que apenas coletar e catalogar plantas
para enviar a Europa. Eles também extraíam substâncias
medicinais ativas das plantas, como o alcalóide cinchonina
das cascas de quina (Cinchona calisaya) e a pereirina do
pau-pereira (Platycyamus regnellii), o primeiro sendo
extraído em Lisboa e o segundo no Rio de Janeiro.
ACESSE
A ciência comprovou que conhecimento dos índios é
confiável e transformou conhecimento em medicamentos
fitoterápicos. Assista o processo no link
https://bit.ly/2nllehg.
24 Introdução a Fitoterapia
Mercado de fitoterápicos
Considerando a tradição, importância e eficiência no uso de
plantas com fins medicinais, torna-se importante analisar o mercado
financeiro deste setor no Brasil e no mundo. O mercado global de
fitoterápicos foi avaliado no ano de 2016 em cerca de 70 bilhões de
dólares e tende a aumentar a cada ano, pois os consumidores têm
mostrado certa preferência por medicamentos com menos efeitos
colaterais e substâncias sintéticas, além disso, o menor custo destes
em comparação com os alopáticos atraem o comprador. O aumento no
número de casos de algumas doenças como o câncer, diabetes, artrite e
doenças infecciosas contribui para um crescente mercado de fitoterapia.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, aproximadamente
70 a 80% da população mundial depende de plantas para tratamentos
médicos.
Apenas o segmento de extratos fitoterápicos gerou uma receita
de 27,1 bilhões de dólares em 2016, com expectativa de chegar aos 44
bilhões em 2024. Fitoterápicos usados para tratar problemas digestórios
são os mais procurados no mundo.
O continente europeu é líder no comércio de fitoterápicos, com
a Alemanha em primeiro lugar. Isso ocorre em parte pelas iniciativas
governamentais de divulgação e conscientização do uso de produtos
com base em plantas medicinais, e também pela maior flexibilidade
legal no lançamento de novos produtos.
Países asiáticos como China, Japão, e Índia têm visto grande
crescimento neste mercado devido às práticas tradicionais de medicina
alternativa serem tradicionais e também pelo aumento da expectativa
de vida, o que gera uma maior parcela da população de idosos.
Introdução a Fitoterapia 25
IMPORTANTE
O setor de fitoterápicos possui uma característica diferencial
que é o uso doméstico de plantas, parte das pessoas colhe
e prepara seus medicamentos sem nenhum controle ou
registro. Outra característica é a presença de produtores
locais que estão restritos à determinada região. Isso faz
com que a indústria se mostre um pouco desorganizada.
REFLITA
Apesar da enorme biodiversidade da flora brasileira, a
maioria dos remédios fitoterápicos comercializados no
Brasil tem como base plantas estrangeiras, por isso a
necessidade de valorização e pesquisa da flora fitoterápica
local.
Iniciativa privada
O mercado farmacêutico brasileiro, apesar da crise econômica
que assola o país nos últimos anos, tem se mantido estável, em 2015
cresceu 12% em faturamento, com um total de R$ 84,3 bilhões em 2015.
O setor fitoterápico representa uma fatia de 2% deste total, gerando uma
receita de R$ 1,6 bilhão no mesmo ano.
26 Introdução a Fitoterapia
Rede pública
Já na rede pública brasileira, a procura por medicamentos
fitoterápicos no SUS aumentou 161% entre os anos de 2013 e 2015,
segundo o Ministério da Saúde, passando de 6 mil para 16 mil pessoas
que procuraram medicamentos fitoterápicos em farmácias da rede SUS.
Os fitoterápicos podem ser encontrados industrializados,
manipulados ou a planta in natura e são utilizados para combater vários
tipos de doenças, como as ginecológicas, estomacais, reumatológicas e
até em casos de queimaduras.
ACESSE
Medicamentos fitoterápicos já são receitados por médicos
da rede pública. Veja como o médico Pedro Costa que
atende em Pernambuco receita estes medicamentos aos
pacientes através do link:
https://glo.bo/2mQa6bT.
A Etnofarmacologia
DEFINIÇÃO
A etnofarmacologia é um dos ramos da etnobiologia,
ciência que estuda cientificamente o conhecimento que
chamamos de “popular”, a respeito dos princípios ativos das
plantas, levando em consideração algum grupo étnico ou
social, procurando relacionar estes conhecimentos aos da
medicina tradicional.
Etnofarmacologia e a investigação
A fim de facilitar a compreensão do assunto, iremos citar um
exemplo. Minha avó, nascida e criada em Porto Alegre - RS, tinha
diabetes e costumeiramente frequentava as feiras de frutas e verduras
do bairro. Certo dia, ao conversar com uma amiga dela, surgiu o assunto
do diabetes e alguns tratamentos naturais para a cura da doença. Dos
inúmeros métodos e terapias indicados, minha avó não havia testado um
deles, que era o suco de sementes de laranja.
Ao chegar em casa, seguindo a receita da amiga, preparou o
suco e tomou durante o restante do dia. Disse-me ela, que após alguns
dias tomando o tal suco, que a glicemia dela havia reduzido os valores.
Este fato traz consigo a experiência de algumas pessoas, mesmo sem
saberem nada a respeito da atividade da semente ou testes de toxicidade,
faziam uso de uma receita para o diabetes. Este caso exemplifica um
pouco da dinâmica da etnofarmacologia, onde a partir de práticas e
crenças populares se estuda o princípio ativo e realizam-se testes a fim
de comprovar a eficiência e eficácia destes elementos, podendo levar a
produção de uma nova droga ou não.
ACESSE
Leia um excelente artigo sobre a etnofarmacologia que foi
realizado na Paraíba, neste artigo são abordados os efeitos
benéficos e maléficos de algumas plantas de uso popular.
Disponível em:
https://bit.ly/2lZmoi4.
IMPORTANTE
Um ponto que merece muita atenção é a toxicidade que
algumas plantas apresentam, mesmo na cultura popular,
observamos algumas vezes, instruções a respeito de como
usar ou não usar determinada planta. De 10 plantas que
seguem para o laboratório a fim de serem pesquisadas,
cerca de 50% são eliminadas nos testes iniciais de toxicidade.
REFLITA
Há pessoas que acreditam que as plantas não oferecem
riscos e não possuem efeitos colaterais, mas é um
pensamento perigoso e pode causar sérios problemas a
saúde, até a morte. Portanto, você como profissional da
área, ofereça instruções aos seus clientes, tendo em vista
a qualidade de vida dos mesmos.
34 Introdução a Fitoterapia
Figura 11: Visão da Aldeia dos índios Karajás à beira do rio Araguaia.
VOCÊ SABIA?
Acreditamos que você se interessa bastante por este
assunto e sugerimos a leitura do livro “Una Isi Kayawa —
Livro da cura Huni Kuî do Rio Jordão”, organizado pelo pajé
Agostinho Manduca Mateus Ika Muru e o etnobotânico
Alexandre Quinet, pesquisador do Jardim Botânico do Rio
de Janeiro. O livro reúne mais de 100 espécies de plantas de
uso terapêutico indígena. De acordo com um dos autores,
morto em 2011, seu principal objetivo era perpetuar a
cultura medicinal do seu povo através do registro impresso.
Para saber mais leia a matéria do projeto do livro pioneiro no
Brasil sobre plantas medicinais, com mais de 100 espécies
da cultura medicinal indígena disponível em: https://bit.
ly/2np9B8S
ACESSE
Veja uma das reportagens sobre as queimadas na Amazônia
e o impacto que isto causa na Biodiversidade em nosso
país:
https://glo.bo/30wT3KM.
Introdução a Fitoterapia 37
Figura 12: Foto dos focos de queimadas em partes da América do Sul, entre 15 e 22 de
agosto de 2019. Pontos alaranjados indicam queimadas.
Autor: NASA
Bases conceituais
Ao buscarmos as bases conceituais da fitoterapia precisamos
voltar aos primórdios da humanidade, onde as doenças eram tratadas
pelos curandeiros e ou feiticeiros, como discutimos no Capítulo 1. Nesta
fase histórica surgiram os primeiros conceitos que formaram a fitoterapia.
Veremos neste capítulo as bases conceituais que deram origem aos
conceitos atuais da fitoterapia.
38 Introdução a Fitoterapia
Bases empíricas
A fim de entendermos melhor as origens dos conceitos da
fitoterapia, podemos imaginar um campo de prática do empirismo, ou
seja, observações das relações entre uso de plantas medicinais e efeitos
que apareciam. É bastante provável que alguns testes eram feitos em
animais domésticos, seguindo uma metodologia rudimentar de testes
de toxicidade.
Alguns relatos lendários indicam que as plantas medicinais
possuíam poderes advindos dos deuses, sendo usadas em rituais que
tinham como objetivo aproximar os homens dos deuses. Mesmo sem
conhecimento técnico-científico, as primeiras civilizações possuíam uma
capacidade metodológica bastante avançada. Um exemplo interessante
é o do curare, utilizado pela maioria das tribos indígenas, esta planta
era um dos principais “venenos” utilizados nas flechas para a caça. Fico
imaginando como os primeiros índios descobriram que o curare tinha
esta capacidade “tóxica” mortal.
Hoje o curare é utilizado na medicina, como relaxante muscular
em cirurgias, por ser um antagonista dos receptores nicotínicos. Agora
imagine a quantidade de elementos da flora que estão ainda à disposição
para novas descobertas.
Conceitos básicos
A fim de entendermos melhor esta temática, vamos ver alguns
conceitos básicos:
a. Doença: distúrbio na compensação fisiológica do organismo,
causando o desequilíbrio de funções normais de algum sistema
biológico, levando a instalação de alguma patologia;
b. Medicamento: elemento isolado de origem química capaz
de levar a alterações nas funções celulares, causando a regulação de
funções fisiológicas. Normalmente são chamados de alopáticos e com
ação profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnósticos (RDC
Anvisa nº 84/02);
c. Remédio: qualquer substância ou recurso que é capaz de
combater ou aliviar algum distúrbio biológico;
d. Planta medicinal: qualquer elemento da flora com capacidade
regulatória sobre algum sistema biológico;
e. Fitoterapia: ramo das ciências terapêuticas que estuda os
efeitos das plantas com capacidades medicinais, em indivíduos que
apresentam algum quadro patológico ou até mesmo em casos de
prevenção de doenças ou alívio dos sintomas;
f. Princípio ativo de fitoterápico: substância de origem vegetal,
quimicamente caracterizada, com ação farmacológica conhecida e
comprovada, gerando efeitos terapêuticos totais ou parciais em algum
sistema biológico.
Introdução a Fitoterapia 41
IMPORTANTE
Não confunda os termos planta medicinal, medicamento
fitoterápico e medicamento homeopático. Cada um tem
definição própria e não são sinônimos.
Definições da fitoterapia
A palavra fitoterapia tem sua origem baseada em dois termos
do grego, onde Phyton, significando vegetal e Therapeia, significando
terapia. A junção dos dois termos significa terapia através do uso de
plantas.
De acordo com a definição que encontramos na Resolução
da Diretoria Colegiada nº 48/04 alterada pela Resolução nº 26 de
13/05/2014, da Anvisa, para elemento fitoterápico: em seu parágrafo
XI: produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto substâncias
isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo
medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, podendo
ser simples, quando o ativo é proveniente de uma única espécie vegetal
medicinal, ou composto, quando o ativo é proveniente de mais de uma
espécie vegetal.
ACESSE
Saiba mais a respeito desta resolução de extrema
importância para a fitoterapia, acessando o link com a
íntegra da mesma:
https://bit.ly/2mQrhKp.
Figura 15: Carl Von Linné, criador da linguagem científica de classificação dos seres vivos.
Figura 18: Figura com fotos de elementos que compõem o Reino Plantae, ou seja, Reino das
Plantas.
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Rosales
Família: Rosaceae
Subfamília: Rosoideae
Género: Fragaria
Fonte: Adaptado pelo autor de: Mukherjee, 2010
É uma planta que ficou famosa nos tratamentos para pessoas com
problemas articulares e inflamatórios em geral, nos últimos anos. Mas
será que a canela-de-velho original é comercializada realmente ou
temos variantes semelhantes sendo vendidas sem sabermos?
IMPORTANTE
Assista o vídeo sobre a canela-de-velho, bastante
interessante sobre esta planta “milagrosa”:
https://bit.ly/2mZ7F6I
ACESSE
Sugerimos no link a seguir um excelente material gratuito.
Trata-se de um livro digital que reúne um acervo compilado
por mais de 40 anos e de forma bastante didática o autor
apresenta aproximadamente 400 espécies com funções
medicinais. Vale a pena baixar e ter este material. Disponível
no link: https://bit.ly/2lYVdnq.
Introdução a Fitoterapia 49
Legislação no mundo
A OMS produziu diretrizes relacionadas à produção de fitoterápicos
com objetivo de auxiliar países que ainda tem dificuldades com eficácia
e segurança desses medicamentos.
IMPORTANTE
Cada país possui leis específicas para a área, em algumas
regiões produtos fitoterápicos podem ser considerados
medicamentos e em outras, alimentos que não precisam
de prescrição.
ACESSE
Ainda que existam leis e regulamentos, as fraudes
acontecem até nos países de primeiro mundo. O jornal
Folha de São Paulo fez uma matéria sobre um estudo
que investigou fraudes em medicamentos fitoterápicos
nos EUA. Para acessar o conteúdo, clique no seguinte link:
https://bit.ly/2mULvCV.
Legislação brasileira
A obrigação de regular e controlar os medicamentos fitoterápicos
é do governo, através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
A Anvisa é o órgão da federação que regula a produção, prescrição
e distribuição de plantas medicinais e fitoterápicos, as legislações por
ela criadas tem o objetivo de normatizar procedimentos, garantindo a
qualidade dos serviços ofertados no âmbito das plantas medicinais e
fitoterápicos no Brasil (Beleza, 2016).
Mesmo com relatos desde o ano de 1521, a regulamentação
oficial dos fitoterápicos no Brasil se inicia nos anos 1980, com a Portaria
de número 212 de 11 de setembro de 1981, definindo o estudo de plantas
medicinais como uma das prioridades da pesquisa clínica. Já em 1982,
o Ministério da Saúde lançou o Programa de Pesquisa de Plantas
Medicinais, visando o desenvolvimento de uma terapêutica alternativa
e complementar no país.
Introdução a Fitoterapia 51
ACESSE
Saiba mais a respeito da política nacional de plantas
medicinais e fitoterápicos através do link:
https://bit.ly/1fZmOdX.
ACESSE
Para mais detalhes a respeito da legislação vigente a
respeito dos fitoterápicos, sugerimos que acesse o site:
https://bit.ly/2m1GS9N.
Se desejar acessar, a Anvisa mantém uma biblioteca de
normas, separadas por categorias: https://bit.ly/2FdkaUZ.
ACESSE
O Ministério da Saúde mantém um registro histórico em seu
site, do qual chama de linha do tempo dos fitoterápicos. É
um excelente material e sugerimos a sua leitura através do
link: https://bit.ly/2lZGqJi.
ACESSE
Para acessar o conteúdo completo é só seguir o link:
https://bit.ly/1fZmOdX
54 Introdução a Fitoterapia
ACESSE
Você pode acessar e fazer o download do Programa
Nacional completo neste link:
https://bit.ly/1J7FX5M.
ACESSE
A lista completa das plantas liberadas para uso pela Anvisa
no link:
https://bit.ly/2lsyZds.
ACESSE
Em Santarém, no Pará, teve início um plantio especial
em maio de 2019. Graças à Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos do Ministério da Saúde, foram
plantadas cerca de 150 mudas de plantas medicinais que
irão atender o SUS local. Veja a matéria completa no link:
https://glo.bo/2lRUYLb.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Anvisa.
Consolidado de normas de registro e notificação de fitoterápicos.
Gerência de Medicamentos Específicos, Notificados, Fitoterápicos,
Dinamizados e Gases Medicinais Brasília: 2018.
http://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/24205-uso-
de-fitoterapicos-e-plantas-medicinais-cresce-no-sus. Acesso em: 27 de
agosto de 2019.
Introdução a Fitoterapia
Luciano Senti da Costa