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Farmacovigilância e
Farmacocinética
Clínica
Hermínio Oliveira Medeiros
Livro didático
digital
Unidade 1
A Política Nacional de
Medicamentos e a
Farmacovigilância
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor
HERMÍNIO OLIVEIRA MEDEIROS
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Autor
HERMÍNIO OLIVEIRA MEDEIROS
INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimen- de se apresentar
to de uma nova um novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram
vações ou comple- que ser prioriza-
mentações para o das para você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado sobre o tema em
ou detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e sidade de chamar a
links para aprofun- atenção sobre algo
damento do seu a ser refletido ou
conhecimento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoapren- volvimento de uma
dizagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................10
Competências......................................................................11
Política nacional de medicamentos – PNM...............12
Legislação da Política Nacional de Medicamentos......12
Relação de Medicamentos Essenciais....................................19
Reorientação da Assistência Farmacêutica.......................25
A promoção do Uso Racional de Medicamentos
(URM)......................................................................................27
A Vigilância Sanitária no âmbito da Vigilância em
Saúde......................................................................................31
Dimensões de atuação da Vigilância em Saúde............33
Fundamentos da Vigilância Sanitária.....................................36
Conceitos básicos da Vigilância Sanitária...........................39
Monitoramento e informação em Vigilância
Sanitária........................................................................................................41
Farmacovigilância e os eventos adversos
relacionados ao uso de medicamentos.....................43
Farmacovigilância e Farmacoepidemiologia....................45
Monitorização da segurança de medicamentos...........46
Farmacovigilância na prática clínica.......................................48
NOTIVISA e VIGIMED..........................................................................51
Regulamentação sanitária de medicamentos.........55
Garantia da Segurança, Eficácia e Qualidade dos
Medicamentos........................................................................................57
Vigilância Sanitária: prevenção, proteção e promoção
em saúde....................................................................................................59
Elaboração de Procedimentos Operacionais
Padronizados...........................................................................................61
Registro de estabelecimentos e produtos........................64
Bibliografia...........................................................................68
Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 9
01
UNIDADE
INTRODUÇÃO
Prezado aluno! Nessa unidade abordaremos
a Política Nacional de Medicamentos e veremos
como a mesma trouxe grandes evoluções quanto ao
aceso a medicamentos no país. Porém, ao aumentar
a disponibilidade a esses importantes produtos
farmacêuticos fundamentais ao sucesso terapêutico,
essa política trouxe consigo a necessidade de
reorientar a assistência farmacêutica e promover o
uso racional de medicamentos, para minimizar o risco
advindo do seu uso indiscriminado que tanto acarreta
danos à saúde dos usuários. Nesse contexto surge
também a urgência em se garantir a qualidade dos
medicamentos disponibilizados aos usuários pelo
mercado para protegê-los de produtos com desvios
de qualidade e fraudes através do monitoramento
permanente desses itens por meio das ferramentas da
Farmacovigilância. Convidamos você a desenvolver
as suas habilidade e competências nessa importante
ciência da saúde coletiva!
Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 11
COMPETÊNCIAS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – A Política
Nacional de Medicamentos e a Farmacovigilância.
Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das
seguintes competências profissionais até o término
desta etapa de estudos:
1. Compreender a legislação vigente referente à
Política Nacional de Medicamentos no país;
2. Reconhecer a importância da
Farmacoepidemiologia e Farmacovigilância na
segurança do uso de medicamentos;
3. Compreender o processo de monitorização da
segurança de medicamentos através da observação e
notificação de eventos adversos relacionados ao seu
uso;
4. Demonstrar a relevância da Farmacovigilância
na prática clínica.
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre Os princípios finalísticos
do SUS, leia o artigo Princípios do SUS
disponível em: http://www.saude.gov.br/
sistema-unico-de-saude/principios-do-sus
Fonte: Pixabay
EXPLICANDO MELHOR:
Define-se como não-adesão à atitude, por
parte dos usuários, de não respeitar alguma
diretriz da prescrição médica como posologia,
tempo de tratamento, dentre outros.
Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 15
IMPORTANTE:
A Lei nº 8080/1990, conhecida como
“Lei Orgânica da Saúde” estabelece,
em seu texto, o direito da população à
assistência terapêutica integral, desse
modo, assegurando o acesso à assistência
farmacêutica (AF) e a políticas específicas
para medicamentos básicos (essenciais) e
de alto custo (excepcionais) (BRASIL, 1990).
16 Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica
Fonte: Freepik
REFLITA:
Como o cenário epidemiológico é altamente
dinâmico, a relação de medicamentos
essenciais precisa estar em constante
avaliação e atualização para atender as
demandas prioritárias de saúde da população.
EXPLICANDO MELHOR:
A Farmacoeconomia é a “aplicação da
economia ao estudo dos medicamentos,
otimizando os gastos financeiros sem
prejuízo ao tratamento do paciente”. Dentre
os parâmetros farmacoeconômicos mais
utilizados estão: minimização de custo, análise
custo-utilidade, custo-benefício e custo-
efetividade (PACKEISER; RESTA, 2014). Leia
em: http://revistas.cff.org.br/infarma/article/
view/683
Fonte: Pixabay
Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 19
EXPLICANDO MELHOR:
Dentre esses desafios salientamos o histórico
subfinanciamento e a disparidade entre o
gasto público e o privado com medicamentos.
Essas questões, de cunho administrativo,
evidenciam a necessidade de uma gestão
eficiente dos serviços farmacêuticos por meio
da aplicação dos instrumentos e conceitos da
moderna administração, situação atualmente
mais presente nas organizações privadas
do que no setor público. Tais conceitos e
ferramentas devem ser aplicados na adoção
racional da Relação de Medicamentos
Essenciais.
IMPORTANTE:
O Brasil vive o fenômeno da transição
demográfica e epidemiológica caracterizado
pelo aumento da parcela idosa da
população e fazendo com que a relação
de medicamentos essenciais reflita essa
situação ao focar em itens para tratamento
das doenças crônicas não-transmissíveis
como hipertensão arterial e diabetes.
IMPORTANTE:
A epidemia de doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) gera impactos
devastadores para os indivíduos, famílias e
comunidades, sobrecarregando os sistemas
de saúde e representando grande parte
dos orçamentos públicos para o setor.
Estudos apontam que as DCNT afetam mais
as populações de baixa renda por fatores
como vulnerabilidade, exposição aos riscos
e menor acesso aos serviços de saúde
fazendo com que a sua situação de pobreza
seja agravada pelos consideráveis gastos
com tratamentos médicos, dentre outros,
comprometendo o orçamento familiar
(MALTA et al., 2017).
Fonte: Pixabay
22 Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica
VOCÊ SABIA?:
A Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) deve ser um
instrumento mestre para as ações de
assistência farmacêutica no SUS. Trata-se
de uma lista padronizada através de estudos
epidemiológicos e é uma das estratégias
da política de medicamentos da OMS para
garantir o acesso, a segurança e uso racional
de medicamentos. A primeira lista foi criada
em 1978, pela OMS e ainda é o principal
instrumento norteador de toda a política de
medicamentos da Organização e de seus
países membros (OMS, 2005).
Fonte: Freepik
24 Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica
REFLITA:
Os custos associados às DCNT impactam a
economia dos países de baixa e média renda
sendo estimados em US$ 7 trilhões no período
de 2011-2025 (MALTA et al., 2017).
RESUMINDO:
Assim, com mais medicamentos disponíveis
para uso pela população, surgiria também
a necessidade de orientação profissional
por meio da informação e monitoramento
da terapêutica, abrindo campo para o
farmacêutico demonstrar sua importância na
equipe multidisciplinar.
Sob a ótica da PNM, a assistência
farmacêutica passou a um patamar superior
de responsabilidade profissional ao englobar
as etapas seleção, programação, aquisição,
armazenamento e distribuição, controle
da qualidade e uso de medicamentos,
considerando nesta última, os exercícios da
prescrição e da dispensação (BRASIL, 2001).
26 Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica
Seleção
Utilização:
Prescrição,
Programação
Dispensação
e Uso
Ciclo da
assistência
farmacêutica
Distribuição Aquisição
Armazenamento
EXPLICANDO MELHOR:
Essa diretriz apresentada pela PNM demonstra
a preocupação não somente com a oferta
de medicamentos, mas também com a
promoção do seu uso racional.
DEFINIÇÃO:
O termo uso racional de medicamentos diz
respeito aos usuários utilizarem o medicamento
adequado à sua condição clínica, em doses
ideais, por um período adequado e ao menor
custo para si e para a sociedade (BRASIL, 1998).
REFLITA:
Infelizmente, a cultura da automedicação é
muito forte na população brasileira e, fatores
como o mercado farmacêutico acabam por
promovê-la. A propaganda de medicamentos
(direcionada aos médicos, ao comércio
farmacêutico e à população leiga), por
exemplo, é regulamentada por legislação
própria no país no intuito de minimizar o
fomento ao consumo indiscriminado de
produtos farmacêuticos (BRASIL, 1998).
Fonte: ©Freepik
VOCÊ SABIA?:
Estudos identificaram que um grande número
de pacientes interrompe o tratamento prescrito
por conta própria devido a reações adversas
ou por se considerarem curados. Por outro
lado, a automedicação e o prolongamento
do uso de medicamentos prescrito também
são problemas potencialmente perigosos
praticados pela população (LIMA et al., 2017).
DEFINIÇÃO:
A polifarmácia é definida como sendo o uso de
cinco ou mais medicamentos. Saiba mais sobre
riscos e orientações necessárias em: http://
www.scielo.br/pdf/rsp/v51s2/pt_0034-8910-
rsp-S1518-51-s2-87872017051007136.pdf
REFLITA:
Considerando-se os determinantes de saúde,
como prover a vigilância dos condicionantes
tão amplos como os epidemiológicos,
ambientais, sanitários e ocupacionais, como
trabalhar a intersetorialidade entre essas áreas
de monitoramento prioritário para implantar
efetivas ações de controle e prevenção?
32 Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica
Fonte: Freepik
Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 33
DEFINIÇÃO:
O processo dinâmico que envolve
o adoecimento de uma população,
considerando as doenças transmissíveis,
as doenças crônicas não transmissíveis, a
saúde do trabalhador e a saúde ambiental
são continuamente monitoradas por meio
de ações de saúde, executadas dentro da
vasta e eficiente metodologia denominada de
“Vigilância em Saúde”.
34 Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica
NOTA:
A saúde e a doença estão intimamente
ligadas às situações sociais e ambientais
como saneamento básico, educação,
alimentação, moradia, trabalho e lazer.
NOTA:
A autoridade governamental sempre
executou ações de intervenção sobre
as práticas de tratamento de doenças,
medicamentos, alimentos, água e o
meio ambiente. Essas ações envolvem
as atividades de “controle e fiscalização;
defesa e proteção; higiene; inocuidade;
nocividade; qualidade; segurança e risco”
(ROZENFELD, 2000, p.13).
Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 37
Fonte: Freepik
VOCÊ SABIA?:
Mesmo que as ações de regulação sejam
executadas em todo o mundo, o termo
“vigilância sanitária” é exclusivamente brasileiro
(ROZENFELD, 2000).
ATUAÇÃO ASSUNTOS
Regulamentação Agrotóxicos
Registros e Autorizações Alimentos
Fiscalização e Monitoramento Cosméticos
Sistema Nacional de Vigilân- Laboratórios Analíticos
cia Sanitária Medicamentos
Educação e Pesquisa Portos, Aeroportos e Fronteiras
Produtos para a Saúde
Saneantes
Sangue, Tecidos, Células e
Órgãos
Serviços de Saúde
Tabaco
Farmacopeia Brasileira
DEFINIÇÃO:
Para a Visa, entende-se o risco como a
possibilidade de ocorrência de situações que
potencialmente podem gerar danos à saúde,
trabalhando-se na sua prevenção por meio da
eliminação da exposição (SENNA, 2010).
IMPORTANTE:
Cabe à Visa controlar esses riscos sanitários
intervindo nessas atividades, desde o
estabelecimento de norma, à fiscalização e
à repreensão (COSTA, 2009).
ACESSE:
No portal da ANVISA está disponível para
consulta a relação de produtos suspensos
de comercialização e consumo humano.
Acesse: http://portal.anvisa.gov.br/
VOCÊ SABIA?:
Qualquer cidadão pode denunciar à Visa
qualquer produto, estabelecimento ou serviço
profissional que tenha causado dano ou
mesmo possa vir a causá-lo à saúde individual
ou coletiva. Assim sendo, cabe à Visa averiguar
a denúncia e tomar as providências cabíveis
em caso de desrespeito às normas sanitárias,
no rigor da lei.
42 Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica
DEFINIÇÃO:
De acordo com a ANVISA “o evento adverso
é definido como qualquer ocorrência médica
desfavorável que pode ocorrer durante o
tratamento com um medicamento, mas que
não possui, necessariamente, relação causal
com esse tratamento.” Esse conceito abrange
diversos problemas relacionados ao uso de
medicamentos.
Veja a lista de eventos acessando o link:
h t t p : // p o r t a l . a n v i s a . g o v . b r /
documents/33868/379890/ea_
medicamento_profissional.pdf/cdc25729-
481d-4ad2-b57d-f1c8db23fda4
Fonte: Freepik
REFLITA:
De acordo com Anacleto et al., (2010, p.
2), “os eventos adversos relacionados a
medicamentos podem levar a importantes
agravos à saúde dos pacientes, com relevantes
repercussões econômicas e sociais. Dentre
eles, os erros de medicação são ocorrências
comuns e podem assumir dimensões
clinicamente significativas e impor custos
relevantes ao sistema de saúde”.
Farmacovigilância e Farmacoepidemiologia
Segundo conceito da OMS (2002 apud CFF, 2008);
DEFINIÇÃO:
A Farmacovigilância, é a “ciência relativa
à detecção, avaliação, compreensão e
prevenção dos efeitos adversos ou quaisquer
problemas relacionados a medicamentos”.
Entende-se por “quaisquer problemas
relacionados a medicamentos”, queixas
técnicas, erros de medicação e interações
medicamentosas.
REFLITA:
Entendendo-se o conceito de
Farmacovigilância e Farmacoepidemiologia
fica evidente a importância de ambas
na monitorização da segurança dos
medicamentos e produtos farmacêuticos
disponíveis no mercado.
Monitorização da segurança de
medicamentos
Os serviços de farmacovigilância oficiais (vigilância
sanitária) ou internos das organizações de saúde
recebem notificações de efeitos adversos
relacionados à utilização de medicamentos,
realizadas por usuários desses produtos, dando
início a um processo de análise das informações
das notificações e cruzamento de dados entre
notificações pré-existentes para promover ações
imediatas no objetivo de prevenir, minimizar ou
Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 47
NOTA:
A OMS (2005), defende que o quesito
“tempo” é muito importante nas ações de
Farmacovigilância. Desse modo, quanto
mais rápido o acesso às informações, via
notificação ou observação, e a análise dos
dados, mais precocemente se pode intervir
e impedir novos casos e danos maiores à
saúde da população exposta.
NOTA:
Na prática clínica, principalmente nos
hospitais, o serviço de Farmacovigilância
toma importantes proporções e merece
grande dedicação por parte da equipe de
saúde.
IMPORTANTE:
Em decorrência de eventos adversos tem-
se o aumento da permanência hospitalar
de paciente internados gerando riscos aos
pacientes e custos à organização (CFF, 2008).
Notificações de
queixas técnicas
sobre
medicamentos
Notificações
de reações
adversas
Notificações de suspeita
de inefitividade
terapêutica
SAIBA MAIS:
O Projeto Hospitais Sentinela foi instituído em
2002 como uma estratégia inovadora que
contava com a participação da ANVISA, do
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, o
Programa para o Desenvolvimento das Nações
Unidas (PNUD) e 180 hospitais selecionados
entre os maiores e mais complexos serviços
hospitalares do país.
Para mais informações acesse o link a seguir:
h t t p : // r e p o s i t o r i o . e n a p . g o v . b r /
bitstream/1/483/1/Projeto%20Hospitais%20
Sentinelas.pdf
NOTIVISA e VIGIMED
Pela criação e a implantação nacional do NOTIVISA e
do Projeto Hospitais Sentinela a ANVISA inaugurou-
se uma nova etapa na com grande efetividade na
coleta de informações sobre ocorrências de eventos
adversos e queixas técnicas relacionadas aos
produtos de saúde. O sistema NOTIVISA possibilitou
a coleta e a disseminação de informações sobre
agravos à saúde dos usuários de produtos e
serviços de saúde disponibilizados pelo mercado e
as organizações (OLIVEIRA; RODAS, 2017).
SAIBA MAIS:
Um estudo realizado em hospitais americanos
evidenciou taxa de letalidade em 13,6%
dos casos envolvendo eventos adversos
em pacientes internados. Saiba mais em:
MAIA, C. S. et al. Notificações de eventos
adversos relacionados com a assistência
à saúde que levaram a óbitos no Brasil,
2014-2016. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília,
v. 27, n. 2, e2017320,2018. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S2237-96222018000200308&lng=
en&nrm=iso>.
a) Eventos Adversos:
Incidente / evento adverso durante procedimento
cirúrgico;
Queda do paciente;
Úlcera por pressão (feridas na pele provocadas
pelo tempo prolongado sentado ou deitado);
Reação adversa ao uso de medicamentos;
Inefetividade terapêutica de algum medicamento;
Erros de medicação que causaram ou não
dano à saúde do paciente (por exemplo, troca de
medicamentos no momento da administração);
Evento adverso decorrente do uso de artigo
médico-hospitalar ou equipamento médico-
hospitalar;
Reação transfusional decorrente de uma
transfusão sanguínea;
Evento adverso decorrente do uso de um produto
cosmético;
Evento adverso decorrente do uso de um produto
saneante.
b) Queixas técnicas:
Produto (todos listados acima, exceto sangue e
componentes) com suspeita de desvio da qualidade;
Produto com suspeita de estar sem registro;
Suspeita de produto falsificado;
Suspeita de empresa sem autorização de
funcionamento (AFE).
Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 53
ACESSE:
Para cadastramento e utilização do
NOTIVISA acesso o site <https://www8.
anvisa.gov.br/notivisa/frmLogin.asp>.
NOTA:
Ao contrário do NOTIVISA, no VIGIMED
não há a necessidade de cadastro prévio o
que promove o acesso a qualquer cidadão
que se interesse em notificar um evento
adverso.
ACESSE:
O VIGIMED pode ser acessado para a
realização de notificação de eventos
adversos relacionados em medicamentos
pelo endereço eletrônico: <https://
primaryreporting.who-umc.org/Reporting/
Reporter?OrganizationID=BR>.
Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 55
Regulamentação Sanitária de
Medicamentos
A saúde enquanto bem maior do ser humano deve
ser resguardada a todo o custo. Assim, a legislação
brasileira trata a saúde como um direito universal dos
cidadãos e coloca o Estado como seu mantenedor.
Enquanto uma frente objetiva reduzir o risco de
doenças, a outra visa promover a saúde, por meio da
sua proteção e recuperação e mediante a garantia de
acesso de todos às ações e aos serviços nesse sentido.
DEFINIÇÃO:
O medicamento é o produto farmacêutico,
tecnicamente obtido ou elaborado, com a
finalidade profilática, curativa, paliativa ou para
fins diagnósticos.
NOTA:
É justamente no marco da Constituição de
1988 que surge o Sistema Único de Saúde
(SUS), o qual é organizado tendo como
parâmetros as diretrizes da descentralização
(cada esfera de governo possui uma só
direção), do atendimento integral (incluídas
as atividades preventivas) e da participação
da comunidade. A iniciativa privada também
tem permissão constitucional para prover a
assistência à saúde.
56 Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica
NOTA:
A regulamentação sanitária de
medicamentos envolve registros e
autorizações, fiscalização e monitoramento
e o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA, 2009). Saiba mais sobre a atuação
da ANVISA acessando <http://portal.anvisa.
gov.br/regulamentacao>.
NOTA:
O conjunto das normas sanitárias que
definem as condições ideais de produção de
medicamentos é denominado Boas Práticas
de Fabricação.
Ogestorfederaldavigilânciasanitáriaseráresponsável
por definir as diretrizes para o registro, autorização de
funcionamento de empresas e estabelecimentos,
normas para eliminação de produtos farmacêuticos
inadequados ao consumo humano, normalmente
identificadas por meio das informações coletadas
pelas ações da farmacovigilância (BRASIL, 2001).
58 Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica
RESUMINDO:
A produção e a venda de medicamentos e
produtos farmacêuticos precisam respeitar um
compêndio de leis, regulamentos e demais
instrumentos legais criados para garantir a
eficácia, em âmbito público e privado (BRASIL,
1998).
NOTA:
A Farmacopeia Brasileira está na sua 5ª
edição e pode ser acessada pelo site da
ANVISA no endereço <http://portal.anvisa.
gov.br/farmacopeias-virtuais>.
Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica 59
SAIBA MAIS:
Em 1998 desvios de qualidade em um
anticoncepcional no Brasil acarretou na
disponibilização no mercado de 600 mil
comprimidos sem princípio ativo. Saiba mais
em:< https://www2.senado.leg.br/bdsf/
bitstream/handle/id/183656/000540033.
pdf?sequence=1>.
REFLITA:
E evolução das tecnologias médico-
terapêuticas, a oferta constante de novos
medicamentos trouxe, paradoxalmente, uma
gama de impactos imprevisíveis e indesejáveis,
maximizando riscos e fazendo com que a
incerteza seja a marca da sociedade atual
(COSTA, 2010).
DEFINIÇÃO:
“A Vigilância Sanitária é um conjunto de ações
capazes de eliminar, diminuir, ou prevenir riscos
à saúde e de intervir nos problemas sanitários
decorrentes do meio ambiente, da produção e
circulação de bens e da prestação de serviços
de interesse da saúde” (BRASIL, 1990).
EXPLICANDO MELHOR:
A vigilância sanitária converge conhecimentos
diversos, como: química, farmacologia,
epidemiologia, direito, biossegurança, bioética,
engenharia civil e arquitetura, dentre outros.
NOTA:
A padronização tem por objetivo também
definir especificações que visem a
segurança, a qualidade e a reprodutibilidade
dos processos, produtos e serviços.
62 Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica
DEFINIÇÃO:
O procedimento operacional padrão é definido
como o “conjunto de normas de operação
padronizadas e de conhecimento para
aplicação por todos os membros do grupo —
equipe de trabalho” (BRASIL, 2001, p. 30).
SAIBA MAIS:
Os protocolos são documentos normativos
que estabelecem critérios e padronizam a
realizaçãodeatividades-fim,podendoenglobar
desde a recepção de clientes até a realização
de procedimentos complexos e invasivos,
bem como a produção de medicamentos e
demais produto farmacêuticos, garantindo
a qualidade e a segurança na oferta de itens
para a saúde.
RESUMINDO:
A Vigilância Sanitária é esse órgão regulador
que visa a defesa e à proteção da saúde
da população. Esse órgão realiza ações de
promoção da saúde por meio da busca ativa,
da redução e da eliminação de riscos por
intermédio da intervenção nas diligências
sanitárias que envolvam o meio ambiente, os
produtos e a prestação de serviços em saúde.
NOTA:
A Lei nº 13.097/2015 (BRASIL, 2015)
acrescentou que ficará a critério e a cargo
da Anvisa definir o prazo para a renovação
do registro de produtos farmacêuticos,
considerando sua natureza e o risco sanitário
ocasionado pelo seu uso. De todo modo, o
prazo não será maior que dez anos.
NOTA:
A Lei 6.360/76 preconizou o controle sanitário
de produtos e serviços sujeitos a controle
sanitário, definindo os critérios para registro
de medicamentos novos (de referência) e
similares e demais produtos que estejam
sujeitos à vigilância sanitária, como alimentos,
cosméticos, saneantes, domissanitários e
correlatos, de interesse da saúde pública.
DEFINIÇÃO:
Segundo o Direito do Consumidor (BRASIL,
1990) “produto” é qualquer bem, móvel ou
imóvel, material ou imaterial, e “serviço” é
qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração.
RESUMINDO:
Caberá aos órgãos de vigilância sanitária as
ações de promoção e proteção da saúde
coletiva por meio da cobrança do seguimento
à legislação, utilizando-se dessa prerrogativa
para fiscalizar, autuar e autorizar o registro de
estabelecimentos e produtos.
Desse modo, os órgãos de vigilância sanitária
executam as ações de monitoramento e
controle da produção, comércio e uso de
medicamentos, garantindo a segurança e
a qualidade que devem estar agregadas à
facilidade de acesso aos medicamentos, fator
de suma importância à efetivação da política
de medicamentos e demais políticas de saúde
no país.
Nesse contexto, surgem as diretrizes da
reorientação da assistência farmacêutica, a
promoção do uso racional de medicamentos
e a Farmacovigilância como ferramentas
indispensáveis ao uso seguro de dos produtos
farmacêuticos visando aumento da qualidade
de vida e saúde da população.
68 Bases da Farmacovigilância e Farmacocinética Clínica
BIBLIOGRAFIA
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
- ANVISA. Farmacovigilância. 2019a. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/farmacovigilancia>.
Acesso em 19/05/2019.
promocao_uso_racional_medicamentos.pdf>. Acesso
em: 30/05/2019.
MOTA, D. M. Investigação em
farmacoepidemiologia de campo: uma proposta para
as ações de farmacovigilância no Brasil. Rev Bras
Epidemiol 2011; 14(4): 565-79. Disponível em: <https://
www.scielosp.org/pdf/rbepid/2011.v14n4/565-579/
pt>. Acesso em 02/06/2019.