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Fundamentos

Contábeis
Unidade IV
Demonstrações Contábeis
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
DANIELI PULGA
AUTORIA
Danieli Pulga
Sou bacharel em Administração e especialista em Administração
Financeira, Contábil e Controladoria, com uma experiência profissional na
área financeira e de custos de mais de 10 anos. Trabalhei em empresas
prestadoras de serviços aplicando todo o conhecimento da Administração
e da Contabilidade, implantando métodos de controle e rotinas de trabalho.
Essas experiências contribuíram para minha formação profissional e, em
paralelo, venho realizando trabalhos como docente há quase 9 anos. Sou
apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida
àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes.
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e
trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Balanço patrimonial....................................................................................10

Ativo........................................................................................................................................................... 14

Ativo circulante............................................................................................................... 15

Ativo não circulante..................................................................................................... 15

Passivo e patrimônio líquido.................................................................................................... 16

Passivo circulante......................................................................................................... 17

Passivo não circulante............................................................................................... 17

Patrimônio líquido......................................................................................................... 18

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)........................... 20

Conhecendo a DRE....................................................................................................................... 20

Receitas................................................................................................................................................... 21

Despesas................................................................................................................................................23

Resultado...............................................................................................................................................24

Integração do Resultado com o Patrimônio Líquido.............................................25

Componentes da demonstração de resultado..........................................................25

Análise das demonstrações contábeis.............................................. 36

Relatórios contábeis na tomada de decisão............................................................... 36

Análise Horizontal (AH)................................................................................................................ 38

Análise Vertical (AV)........................................................................................................................42

Análise Horizontal vs. Análise Vertical.............................................................................. 48

Leitura dos relatórios contábeis financeiros................................... 49

Relatórios contábeis na prática............................................................................................. 49


Fundamentos Contábeis 7

04
UNIDADE
8 Fundamentos Contábeis

INTRODUÇÃO
Muita gente pensa que Contabilidade é para contador, mas isso
não é verdade! Concorda comigo? Existem vários interessados nas
informações contábeis. Isso porque é através dessas informações que
podemos conhecer a saúde de uma empresa, seja ela uma universidade,
um município, uma S.A., um país. Por outro lado, ter acesso a essas
informações, saber como elas são extraídas e não saber interpretá-las
também não ajuda muito.

É por isso que para fechar esta disciplina por completo, vamos
aprender a ler e entender os relatórios contábeis financeiros, entender ainda
mais a importância dessas informações e como elas são fundamentais
para a tomada de decisão de um gestor. Vamos entrar nessa juntos? Ao
longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
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OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Interpretar como funciona os fechamentos dos saldos das contas


e o encerramento do exercício zerando as contas de resultado;

2. Aplicar as técnicas de encerramento do período para fechamento


e elaboração dos relatórios contábeis e financeiros;

3. Identificar e solucionar problemas relacionados ao encerramento


das contas e elaboração dos relatórios;

4. Executar os procedimentos e técnicas de encerramento dos


relatórios contábeis financeiros, lendo e entendendo as informações
neles apresentadas.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
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Balanço patrimonial

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como elaborar um balanço patrimonial, composto por
diversas informações geradas por toda a movimentação de
uma empresa. Você vai inclusive gerar novas informações
a partir do tratamento que realizará com as contas
de resultado. Será um capítulo voltado para a prática
de registros e lançamentos que possibilitarão fazer o
encerramento das contas, a classificação dessas contas
nos grupos a que pertencem e, por fim, o fechamento
e a elaboração dos relatórios. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante!

Dentre os relatórios obrigatórios, o balanço patrimonial é um dos


mais usuais da contabilidade. Neste capítulo, iremos nos dedicar com
maior afinco ao aprendizado sobre o balanço patrimonial.

Sendo uma ferramenta muito usual na rotina da contabilidade, o


termo não apresenta diversas variações em relação à sua definição. Para
melhor compreensão sobre a temática, convém conhecer uma de suas
mais usuais no âmbito dos estudos em contabilidade:

De acordo com Iudícibus (2010, p. 161) o conceito de balanço


patrimonial pode ser entendido como “a demonstração contábil que tem
por finalidade apresentar a situação patrimonial da empresa em dado
momento, dentro de determinados critérios de avaliação”.
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Figura 1 - Equilíbrio patrimonial = bens + direitos na balança equilibrados com as obrigações

Fonte: Freepik

As informações geradas pela contabilidade são de grande


importância para outras áreas e para outras empresas. Vamos fazer
algumas suposições:

• Ao iniciar um negócio será necessário firmar parcerias com


credores, sejam com forneceres, com bancos ou até mesmo
com os funcionários. Qualquer um deles ficará de olho na saúde
financeira da empresa e terá acesso a essas informações através
dos relatórios a eles fornecidos.

• A outra situação é quando a empresa está há algum tempo em


atividade e não está obtendo o lucro desejado, então, é possível
também através dos relatórios obter informações para identificar
gargalos, perdas e custos excessivos.

• Outra situação muito comum e importante é o planejamento


tributário. No Brasil, muitas empresas têm sua permanência no
mercado prejudicada pelo mau uso dos seus recursos financeiros,
principalmente no que se trata de impostos a pagar.

Assim, podemos listar muitas outras situações corporativas que


nos levam a crer e defender a grande importância das demonstrações
contábeis. Dependendo do tipo de empresa, normalmente devido ao
porte e enquadramento tributário, algumas demonstrações não são
obrigatórias, no entanto, todas são obrigadas a apresentar Balanço
Patrimonial e Demonstração de resultado.
12 Fundamentos Contábeis

Quanto à frequência de divulgação, é comum que as empresas


tenham que elaborar suas demonstrações anualmente. Para o caso das
sociedades de capital aberto, as que negociam ações em bolsas de
valores, divulgam as informações de forma semestral ou trimestral. As
empresas tributadas pelo lucro real estão obrigadas pela legislação fiscal
à apuração mensal do lucro.

Considerando os relatórios mais comuns, vamos começar falando do


balanço patrimonial. O balanço retrata a posição patrimonial da empresa em
determinado momento. Apresenta informações qualitativas e quantitativas
dos itens patrimoniais, organizados e separados em grupos e subgrupos de
contas que descrevem de forma sintética ou analítica o que determinada
empresa tem em bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido.

O balanço é formado por dois grandes grupos: o ativo e o passivo. Do


lado do ativo estão demonstradas as aplicações de recursos, que são os bens
e direitos da entidade. Do lado do passivo, estão demonstradas as obrigações
com terceiros e as obrigações com os sócios – Patrimônio Líquido.

Observe na figura a seguir como é a disposição das contas no


balanço patrimonial.
Figura 2 - Demonstração gráfica do balanço patrimonial e seus componentes

Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO

Obrigações com Obrigações com


Bens Direitos
terceiros os sócios - PL

APLICAÇÕES DE RECURSOS ORIGENS DE RECURSOS

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Para elaborar o balanço patrimonial, as aplicações deverão ter


SEMPRE o mesmo valor que as origens ou o Ativo deve ser igual ao
Passivo. Ou seja, deve tomar como regra a seguinte equação:
Fundamentos Contábeis 13

ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Vamos supor que a empresa Solutions Ltda., ao final do exercício


de 2019 apontou um ativo no valor de R$ 10.000,00 e um passivo no valor
de R$ 4.000,00, logo, a diferença de R$ 6.000,00 é o Patrimônio Líquido.
Então, na equação de equilíbrio patrimonial temos o seguinte:

Ativo Passivo PL
10.000 4.000 6.000

Agora sim, ficou bem fácil de entender que para encerrar o balanço
patrimonial, temos que garantir a equação de balanço patrimonial e, por
isso, temos esse nome a essa demonstração.

IMPORTANTE:

Antes de elaborar o balanço patrimonial, é levantado o


balancete de verificação, que antecede as informações,
possibilitando encontrar falhas de saldos ou contas com
registros e lançamentos incorretos, que poderão ser refeitos
ou conferidos, garantindo a veracidade das informações do
balanço.

Os grupos de ativo e passivo também são divididos em grupos


menores. E as informações neles registradas também estarão dispostas
em ordem, seguindo uma regra particular para as contas do ativo e outra
para as contas do passivo. Vamos retomar esses subgrupos!
14 Fundamentos Contábeis

Tabela 1 - Balanço patrimonial e seus subgrupos

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Vamos retomar brevemente as contas apresentadas por cada


subgrupo, dando ênfase para aquelas mais comumente utilizadas.

Ativo
Um ativo – bem ou direito, pode ser entendido como um item com
capacidade ou potencial de oferecer benefícios futuros a uma empresa.
São com os itens ativos que a atividade principal será desenvolvida e
possibilitará os resultados desejados. As contas do ativo estão dispostas
seguindo uma suposta ordem de liquidez, dessa forma, as contas mais
líquidas aparecem na parte superior – no topo, enquanto aquelas de
menor liquidez, ou que não se tem a intenção de liquidação, aparecem
na parte inferior.

EXEMPLO: no ativo, o caixa é a primeira conta a aparecer, pois


nele está o dinheiro – que é o ativo mais líquido, classificado como ativo
circulante, pois está em circulação, é uma conta cujo saldo se altera quase
que diariamente. Já as máquinas, classificadas como ativo não circulante
- imobilizado, são utilizadas para a produção e para elas não há intenção
de venda, de circulação, elas permanecem no patrimônio da empresa.
Fundamentos Contábeis 15

Ativo circulante
O ativo circulante compreende as disponibilidades, os direitos
realizáveis a curto prazo, dentro do exercício social e as aplicações de
recursos em despesas do exercício seguinte. Sobre a última, não vamos
nos aprofundar, no entanto, sobre as disponibilidade e direitos, vamos dar
um pouco mais de atenção. Compõem o ativo circulante:........................................

• As contas de maior liquidez são o caixa e as contas correntes em


banco. Também podemos incluir as aplicações financeiras de
liquidez imediata, como poupança e alguns tipos de fundos que
podem ser resgatados de imediato.

• As contas a receber de clientes – duplicatas a receber que são


diretos a serem recebidos em decorrência as vendas a prazo de
mercadorias ou de serviços prestados.

• As duplicatas descontadas.

• Os estoques que em empresas comerciais são as mercadorias


adquiridas para venda e nas empresas industriais são os itens como
matéria-prima, produtos em processo ou produtos acabados.

São também exemplos de estoques os itens de consumo para


escritório e demais áreas da empresa, porém estes não revertem em
entradas de recursos, tais como os estoques para revenda.

Ativo não circulante


O ativo não circulante é subdividido em outras quatro partes:
realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e o intangível.

• As contas do realizável a longo prazo são aquelas com recebimento


após o termino do exercício seguinte ao balanço, ou seja, após 12
meses (1 ano). São exemplos os direitos de vendas, empréstimos a
coligadas ou controladas etc.

• Os investimentos são as participações permanentes em outras


sociedades; bens não destinados à venda e não participam da
manutenção das atividades da empresa.
16 Fundamentos Contábeis

• O imobilizado, conforme a Lei nº 6.404/1976, compreende os


direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da empresa ou exercidos com essa
finalidade.

É representado por bens tangíveis utilizados nas atividades da


empresa, que não estejam destinados à venda, tenham vida útil superior
a um ano e relevância de valor.

Os bens imobilizados sofrem depreciação, amortização ou


exaustão em face à sua expectativa de vida útil. São exemplos comuns
de imobilizado: imóveis, terrenos, máquinas, equipamentos, veículos,
móveis, instalações, etc. A depreciação é uma conta retificadora que
causa redução no saldo de alguns itens do imobilizado, mas que tem
grande importância e não pode deixar de ser apresentada.

• Intangível: parte do não ativo circulante que apresenta “os


direitos que tenham como objetos bens incorpóreos destinados
à manutenção da empresa”, conforme Lei n° 6.404/1976, Art. 179.

São exemplos de bens incorpóreos (intangíveis) as marcas e


patentes, licenças e franquias, pesquisa e desenvolvimento etc.

Passivo e patrimônio líquido


REVISANDO: No passivo estão as origens de recursos, ou fontes de
recursos utilizadas pela empresa, podendo ser de terceiros ou dos sócios,
mediante aporte de capital, ou ainda lucros gerados pela atividade da
empresa.

As contas do passivo também obedecem a ordem de apresentação


que está relacionada ao prazo de exigibilidade e à urgência do pagamento.
Ou seja, aparecem no topo as contas de vencimento a curto prazo e
aquelas que podem gerar penalidades maiores ou mais graves, tais como
salários e encargos, impostos, que além de multas e juros podem impedir
a emissão de certidões.
Fundamentos Contábeis 17

Passivo circulante
No passivo circulante estão representadas as contas com
vencimento no exercício seguinte, ou seja, até os 12 próximos meses.

São contas comuns do passivo circulante:

• Fornecedores – compras de mercadorias, matéria-prima ou


demais itens de consumo, compradas a prazo com fornecedores,
podem ser também as duplicatas a pagar.

• Salários e encargos sociais – os salários que são os valores devidos


aos funcionários pelos serviços prestados, que normalmente são
despesas do mês corrente, porém com pagamento no início do
mês seguinte, gerando a obrigação a pagar.

Quanto aos encargos, temos como exemplo o FGTS e o INSS, além


dos encargos de 13° salário e férias, que também são obrigações a serem
pagas.

• Impostos e taxas – impostos, taxas e contribuições a recolher, tais


como ICMS a recolher, IPI a recolher, ISS a recolher, PIS a recolher,
Imposto de renda retido na fonte, ISS retido na fonte.

• Instituições financeiras - empréstimos e financiamentos com


vencimentos a curto prazo.

Passivo não circulante


No passivo não circulante estão as contas de vencimento após o
término do exercício seguinte. As principais contas são:

• Financiamentos – financiamentos a longo prazo assumidos


normalmente com instituições financeiras para financiar bens do
ativo imobilizado.

• Tributos – que são parcelamentos a longo prazo de tributos, tais


como Simples, IPI, ICMS, ISS e INSS.
18 Fundamentos Contábeis

Patrimônio líquido
No patrimônio líquido estão registradas as obrigações não exigíveis,
que não têm data de vencimento. É a parte que pertence aos sócios,
proprietários da empresa.

Com as alterações da Lei n° 6.404/1976, deixou de existir a


conta “lucros acumulados, atualmente, deduz-se que ao apresentar as
demonstrações contábeis, deverá indicar o destino pretendido para o
lucro do período”. São componentes do patrimônio líquido:

• Capital social – a formação do capital social de uma empresa


ocorre com o aporte de valores pelos sócios. Para as sociedades
anônimas, é composto por ações e nas demais, composto por
quotas.

• Reserva de lucros – as reservas de lucros são os resultados


positivos obtidos ao final de cada exercício.

• Prejuízos acumulados – são os resultados negativos obtidos ao


final de cada exercício e que ainda não foram cobertos por novos
resultados, positivos.

A Lei n° 6.404/1976 (artigo 176) obriga as empresas de capital aberto,


as S/As a publicar a demonstração das mutações do patrimônio líquido,
facilitando assim a visualização das mudanças ocorridas no patrimônio
líquido das empresas. Exemplificando como fica um balanço patrimonial
devidamente encerrado, observe a tabela abaixo:
Fundamentos Contábeis 19

Tabela 2 - Balanço patrimonial de empresa fictícia

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

RESUMINDO:

Muito bem! Entendeu como deve ser organizado e


apresentado um balanço patrimonial? Depois desse capítulo,
você vai olhar para esse relatório sabendo como estão
dispostas as contas e o que elas significam, principalmente
sabendo que há uma organização das informações, já que
no ativo existem a ordem de disponibilidade e no passivo
a ordem de exigibilidade. Cada vez mais você está se
tornando um expert nos assuntos contábeis! E vamos agora
continuar nossa jornada, há muito mais para aprender!
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Demonstração do Resultado do Exercício


(DRE)

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como elaborar uma Demonstração de Resultado do
Exercício (DRE). Vai entender e saber elaborar o relatório
contábil financeiro que trará muitas informações pertinentes
ao desempenho da empresa, lucratividade do produto ou
despesas que estão representando valores significativos e
deverão ser revisadas. Vamos juntos embarcar nessa nova
descoberta.

Conhecendo a DRE
Compõem a demonstração de resultados as receitas, os custos e
as despesas e com o confronto, o resultado do exercício, sendo ele: Lucro
ou Prejuízo.

Assim como o balanço patrimonial, a demonstração de resultados


também é organizada em grupos de contas, porém, para chegar ao
resultado final do exercício, ela demonstra a receita e as deduções que
são dela subtraídas, além do confronto com as despesas, que resultará
em lucro ou prejuízo. A disposição das contas aparecerá conforme na
figura a seguir.
Fundamentos Contábeis 21

Figura 3 - Ordem das contas e na DRE

Demonstração de Resultado do
Exercício (DRE)

Receitas

Custos

Lucro Bruto

Despesas

Lucro Líquido

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Para entendermos um pouco mais da elaboração da DRE, vamos


relembrar algumas informações sobre cada grupo de conta que a
compõem.

REVISANDO: nas contas de resultado, as Receitas são origens de


recursos, pois geram entradas de recebíveis. As despesas e são aplicações
e acontecem normalmente por consumo de itens necessários para a
produção e manutenção das atividades da empresa. Sendo assim, as
receitas aumentam o Patrimônio Líquido os lançamentos serão realizados
a CRÉDITO, enquanto as despesas, que causam diminuição no Patrimônio
Líquido, terão seus valores lançados a DÉBITO.

Receitas
As receitas podem ser entendidas como o fluxo de elementos
para o ativo sem que haja correspondente no passivo. Estarão sempre
relacionadas com vendas de mercadorias ou produtos ou em alguns casos
podem ser originadas a partir de investimentos financeiros, tais como
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aplicações em bancos. Em geral, a nomenclatura utilizada para diferenciar


o tipo de operação que gerou determinada receita, acrescenta-se o nome
da operação, da seguinte forma:

• Receitas de vendas.

• Receitas de serviços.

• Receitas financeiras.

• Receitas de aluguel.

IMPORTANTE:

Uma receita sempre resulta no aumento de Patrimônio


Líquido.

Para a elaboração da Demonstração de Resultado (DRE), utilizamos


alguns termos como sinônimos de receita, de acordo com particularidades
dos eventos econômicos:

• Receita operacional - está relacionada às principais atividades da


empresa, independentemente de sua frequência.

• Receita não operacional - são aditivos ao Patrimônio Líquido não


associado com a atividade principal da empresa.

• Ganho - aditivo de Patrimônio Líquido, não associado às atividades


operacionais.

• Receita extraordinária – aditivo ao Patrimônio Líquido que não


provém das operações típicas da empresa e tem natureza eventual.

Os tipos de receitas são nomeados e apresentados de forma


diferente para que haja melhor leitura dos fatos ocorridos, proporcionando
melhores decisões e também pela forma em que são tributadas.
Fundamentos Contábeis 23

Despesas
As despesas são gastos decorrentes do uso de bens ou serviços
para obtenção de receitas ou para o funcionamento da empresa como
um todo.

EXEMPLOS: são exemplos de despesas os salários dos funcionários,


comissões de vendas etc.

As despesas são contas que geram redução no Patrimônio Líquido.


No entanto, na grande maioria das vezes, as receitas são maiores do que
as despesas, o que acaba por não efetivar essa redução.

Para a elaboração da Demonstração de Resultado (DRE), podemos


empregar os seguintes termos como sinônimos de despesa, de acordo
com particularidades dos eventos econômicos:

• Custo – gasto incorrido para a obtenção de um bem ou serviço


que será utilizado para a geração/produção de outro bem ou
serviço. São os valores gastos para que o bem ou serviço que
representam a atividade principal da empresa possam ser obtidos
e posteriormente destinados à geração de receita operacional. São
exemplos: gastos com matéria-prima para produção; mercadoria
para revenda; mão de obra para prestação de serviços.

• Despesa operacional – são os gastos incorridos para a realização


das receitas relacionadas à atividade principal ou ainda para a
manutenção do funcionamento da empresa. São exemplos as
comissões de vendas, a energia elétrica dos setores administrativos
etc.

• Prejuízo ou perda – são diminuições do Patrimônio Líquido que não


resultam da atividade principal da empresa. Algo extremamente
fora do comum, tais como perda de mercadoria em estoque por
inundação ou incêndio.
24 Fundamentos Contábeis

Resultado
Figura 4 - Prejuízo ou lucro

Fonte: Freepik

O resultado é a diferença entres as receitas e as despesas de


determinado período.

Então, temos a seguinte situação:

LUCRO  Receitas MAIOR Despesas e Custos

PREJUÍZO  Receitas MENOR Despesas e Custos

SITUAÇÃO NULA  Receitas IGUAL Despesas e Custos

EXPLICANDO MELHOR:

O Lucro é o resultado positivo de um período, já que trará


aumento no Patrimônio Líquido, enquanto o Prejuízo é
o resultado negativo, o que inversamente ocasionará a
redução de Patrimônio Líquido.
Fundamentos Contábeis 25

Integração do Resultado com o Patrimônio


Líquido
As contas de Receita e despesa devem ser encerradas para
o levantamento do resultado. Elas devem ser zeradas para que não
apareçam no próximo período e, para isso, a contrapartida de lançamentos
deverá ser realizada em uma conta transitória chamada de “resultado do
exercício”. O resultado final é encerrado na conta “resultado do exercício” e
transportado, então, por meio da contrapartida, para o balanço patrimonial,
no Patrimônio Líquido.

PASSO A PASSO: 1º Encerrar as contas de receitas para a conta


de resultado; 2º Encerrar as contas de despesas de custos para a conta
de resultado; 3º A diferença entre as receitas e as despesas, ou seja, o
saldo da conta de resultado será o resultado do período, sendo lucro
se as receitas forem maiores do que as despesas, ou prejuízo se as
receitas forem menores; 4º Encerramento da conta resultado para a conta
Resultado do exercício no balanço patrimonial.

Realizado o tratamento necessário para as contas de resultado,


antes de elaborar os relatórios de DRE e Balanço Patrimonial, deve-
se elaborar o balancete de verificação, que proporcionará uma análise
superficial das contas, além de verificar se os saldos devedores estão
iguais aos saldos credores.

Componentes da demonstração de resultado


A demonstração de resultado, para facilitar a leitura do lucro ou
prejuízo obtido pela empresa em determinado período, utiliza-se da
seguinte estrutura:
26 Fundamentos Contábeis

Tabela 3 - Estrutura legal da demonstração de resultado do exercício

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


Fundamentos Contábeis 27

A seguir, vamos entender o que cada denominação representa:

• Receita operacional bruta – é o valor total do faturamento da


empresa.

• Vendas canceladas – como o termo nos remete, são as devoluções


de vendas.

• Abatimentos sobre vendas – são os descontos concedidos nas


vendas.

• Impostos incidentes sobre vendas - são os valores pagos referentes


a impostos gerados em função da venda. Esses impostos são o IPI,
PIS e Cofins (pagos ao governo Federal), ICMS (pago ao governo
Estadual), ISS (pago ao Município).

• Receita operacional líquida – é a parte que “sobra” para que a


empresa cubra seus custos, despesas e ainda obtenha lucro.

• Custo dos produtos, mercadorias ou serviços – custo diretamente


ligado à obtenção do bem vendido ou do produto industrializado
ou, ainda, dos serviços prestados.

• Lucro bruto – considerado também como margem bruta, ou


margem de contribuição, ou seja, após as deduções da receita
e o custo do incorrido para a obtenção do bem, é o que contribui
para o pagamento das despesas e da manutenção da atividade
da empresa.

• Despesas operacionais – despesas necessárias à manutenção das


atividades da empresa. Podem ser apresentadas com a seguinte
subdivisão:

• Despesas com vendas – aquelas incorridas com as


atividades comerciais da empresa, tais como as comissões,
publicidade e propaganda etc.

• Despesas administrativas – são os gastos incorridos com as


atividades administrativas da empresa, tais como os salários
do pessoal da administração, aluguéis, despesas gerais e
judiciais.
28 Fundamentos Contábeis

• Despesas gerais – são aquelas cuja natureza não se


encaixam como despesas de vendas ou administrativas.

• Outras despesas e receitas – a nova estrutura contábil não


adota as despesas e receitas não operacionais, nesse caso,
aquelas contas, cuja natureza não se relacionam à operação
da empresa, devem ser agrupadas e demonstradas em
“outras despesas e receitas”.

• Resultado das atividades da empresa – é o resultado das atividades


da empresa, é conhecido também como LAJIR – Lucro antes dos
juros e imposto de renda.

• Resultado de equivalência patrimonial – válido para sociedades


coligadas. Conforme lei, é obrigatória a utilização do método de
equivalência patrimonial para avaliação dos investimentos.

• Resultado antes das receitas e despesas financeiras – que é


o resultado das atividades após a operação de equivalência
patrimonial.

• Despesas e receitas financeiras são os recebimentos ou


pagamentos de juros no período.

• Resultado antes dos impostos e participações – totalizador após


dedução ou soma das despesas e receitas financeiras.

• Imposto sobre o lucro – é o imposto de renda e o CSLL –


contribuição social sobre o lucro líquido.

• Participações estatutárias que representem parcelas dos lucros


destinadas a empregados, diretores etc.

• Lucro líquido do exercício – é o resultado líquido após computar


as receitas e deduzir as despesas.

Como falamos sobre os componentes da Demonstração de


Resultado do Exercício, essa demonstração traz informações gerenciais
de grande importância. Visualizar o lucro é muito importante, porém
mais importante é entender como ele está acontecendo ou de que
forma as receitas estão sendo consumidas. Essa análise é também muito
Fundamentos Contábeis 29

importante e vamos estudar e entender como é feita no próximo capítulo.


O entendimento de todas essas informações vai ficar mais claro com a
exemplificação a seguir.

A empresa Luz Ltda. revende luminárias e abajures. Iniciou suas


atividades no ano de 2001 e apresentou os seguintes fatos:

a. Foi constituída com capital em dinheiro no valor de R$ 500,00.

b. Teve aumento de capital por parte dos sócios integralizado através


dos seguintes bens: Prédio R$ 800,00 e Terreno R$ 600,00.

c. Abertura de conta corrente em banco no valor de R$ 250,00,


utilizando dinheiro do caixa.

d. Aplicação financeira através de transferência bancária no valor de


R$ 50,00.

e. Compra de mercadoria para revenda no valor de R$ 600,00 com


pagamento a prazo com o Fornecedor.

f. Aquisição de móveis e equipamentos no valor de R$ 90,00 a ser


pago em 18 parcelas por meio de financiamento.

g. Pagamento de despesa de cartório em dinheiro no valor de R$


15,00.

h. Rendimento da aplicação financeira R$ 5,00.

i. Venda de mercadoria no valor de R$ 900,00 com recebimento à


vista de R$ 300,00 no caixa e R$ 300,00 no banco, o restante será
recebido a prazo por meio de duplicatas. O custo da mercadoria
vendida foi de R$ 350,00. ICMS sobre a venda de 18%.

j. Pagamento de comissão a vendedor por meio de transferência


bancária no valor de R$ 35,00.

PASSO A PASSO: mediante as informações, vamos fazer o passo a


passo dos registros dos fatos nas devidas contas através dos lançamentos
de débito e crédito. Depois, vamos fazer a verificação através do balancete;
encerrar as contas de resultado, zerando-as; elaborar a demonstração
de resultado; transferir o resultado auferido para o balanço patrimonial,
fechando-o de acordo com o equilíbrio das contas.
30 Fundamentos Contábeis

RESOLUÇÃO:

1° Passo: realizar os lançamentos a débito e crédito nas contas por


meio do registro em livro diário e razão.

Lançamento em diário:

a) D Caixa (Ativo Circulante) R$ 500,00

C Capital Social (Patrimônio Líquido) R$ 500,00

b) D Prédio (Ativo Imobilizado) R$ 800,00

D Terreno (Ativo Imobilizado) R$ 600,00

C Capital Social (Patrimônio Líquido) R$ 1.400,00

c) D Banco (Ativo Circulante) R$ 250,00

C Caixa (Ativo Circulante) R$ 250,00

d) D Aplicação Financeira (Ativo Circulante) R$ 50,00

C Banco (Ativo Circulante) R$ 50,00

e) D Estoque de mercadoria (Ativo Circulante) R$ 600,00

C Fornecedores (Passivo Circulante) R$ 600,00

f) D Móveis e equipamentos (Ativo Imobilizado) R$ 90,00

C.Financiamento a curto prazo (Passivo Circulante) (12 meses) R$ 60,00

C Financiamento a longo prazo (Passivo Não Circulante) (6 meses) R$ 30,00

g) D Despesa de Cartório (Resultado) R$ 15,00

C Caixa (Ativo Circulante) R$ 15,00

h) D Aplicação Financeira (Ativo Circulante) R$ 5,00

C Receita Financeira (Resultados) R$ 5,00


Fundamentos Contábeis 31

i) Lançamento da Venda:

D Caixa (Ativo Circulante) R$ 300,00

D Banco (Ativo Circulante) R$ 300,00

D Duplicatas a receber (Ativo Circulante) R$ 300,00

C Receita de vendas (Resultados) R$ 900,00

Lançamento do custo da mercadoria:

D Custo da mercadoria vendida (CMV) (Resultados) R$ 350,00.......

C Estoque de mercadoria (Ativo Circulante) R$ 900,00

Lançamento do ICMS sobre vendas: (Venda = 900; ICMS = 900 X 18%)

D ICMS sobre a venda (Resultados) R$ 162,00

C Impostos a recolher (Passivo Circulante) R$ 162,00

j) D Comissão de vendas (Resultados) R$ 35,00

C Banco (Ativo Circulante) R$ 35,00


32 Fundamentos Contábeis

Lançamentos em razão - conta T:


Fundamentos Contábeis 33

2° Passo: verificar os saldos das contas a débito e a crédito no


balancete de verificação:

3° Passo: encerrar as contas de resultado com contrapartida na


conta Resultado do Exercício:
34 Fundamentos Contábeis

4° Passo: elaboração da Demonstração de Resultado do Exercício (DRE):

5° Passo: elaboração do balanço patrimonial com o Resultado do


Exercício transferido para o Patrimônio Líquido:
Fundamentos Contábeis 35

SAIBA MAIS:

Para conhecer mais sobre o tema, leia o artigo: Demonstração


do resultado do exercício e suas contribuições para o
ambiente corporativo. O artigo apresenta as contribuições
da DRE para as empresas por meio da sua estrutura
e sua serventia como ferramenta de avaliação da sua
saúde financeira, trazendo assim relevância para o gestor
desempenhar seu papel gerencial de uma maneira eficaz e
obtendo progressos no seu resultado.
Clique aqui para acessar.

RESUMINDO:

E então? Gostou dessa competência? Agora, só para


termos certeza de que você realmente entendeu o tema
de estudo deste capítulo, vamos resumir o que vimos. Você
deve ter entendido como funcionam os principais aspectos
e características da DRE, que é uma importante ferramenta
para análise contábil das empresas. A essa altura você
consegue compreender as etapas de elaboração do
relatório contábil financeiro, que traz muitas informações
pertinentes ao desempenho da empresa, lucratividade
do produto ou despesas que estão representando valores
significativos e deverão ser revisadas.
36 Fundamentos Contábeis

Análise das demonstrações contábeis

OBJETIVO:

Neste capítulo, vamos apresentar o que cada informação


contida nos relatórios financeiros contábeis contribui
na tomada de decisão. Você vai aprender a analisar e a
interpretar os números e rubricas. Você terá literalmente
outra visão da contabilidade. Vai perceber os relatórios
e resultados auferidos por essa área não são somente
para fins fiscais, mas sim gerenciais e com teor de alta
necessidade. Embarque nessa jornada!

Relatórios contábeis na tomada de decisão


Quando se trata de finanças, não podemos sair gastando ou
decidindo coisas sem pensar. Na nossa vida pessoal, toda vez que
queremos “dar um passo maior”, adquirir uma casa, um carro, por
exemplo, precisamos avaliar todo o contexto em que estamos vivendo, as
disponibilidades e depois avaliar ainda o que estaremos adquirindo.
Figura 5 - Análise para tomada de decisão

Fonte: Freepik
Fundamentos Contábeis 37

No mundo corporativo essa análise é ainda mais criteriosa. É


preciso entender o mercado, a economia global e o impacto a curto e
longo prazo, além de conhecer também os parceiros de negócios. E
então avaliar também as condições internas e financeiras da empresa.
Atualmente, muitas empresas tomam decisões sem avaliar os riscos e
as possibilidades e acabam se deparando com “surpresas” ao longo do
caminho. Algumas adaptáveis, outras, indesejáveis.

Para que a gestão de uma empresa não corra riscos desnecessários,


é fundamental avaliar as informações contidas nos relatórios contábeis
financeiros, em geral, o Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado
do Exercício, pois a partir desses é possível entender o desempenho
operacional e a capacidade de gerar resultados.

É claro que essa análise deve ser complementada por outras


avaliações, tais como de mercado, produto, gestão da empresa. Mas nós
vamos focar nas análises contábeis financeiras que nos permitem, em
geral, avaliar características como as seguintes: capacidade de pagamento
através da geração de caixa, capacidade de pagamento a investidores a
partir da geração de lucro, níveis de endividamento, motivo e qualidade,
necessidade de capital de giro, dentre outras características que podem
gerar novos negócios ou limitar o envolvimento de investidores e credores.

A análise das demonstrações contábeis costuma ser desenvolvida


mediante aplicação de técnicas simples e o instrumental básico para
isso são as análises vertical e horizontal, normalmente feitas do Balanço
Patrimonial e da Demonstração de resultado, através delas é possível
identificar a estrutura da empresa e evolução dos elementos patrimoniais
e os resultados em determinado intervalo de tempo.

A diferença entre uma e outra está relacionada basicamente


ao período de análise. Na análise horizontal avaliamos os elementos
comparando um período a outro, enquanto na análise vertical, a avaliação
é feita dentro do mesmo período e a comparação é feita de um elemento
para outro. Vamos entender melhor cada uma delas. Começaremos pela
análise horizontal.
38 Fundamentos Contábeis

Análise Horizontal (AH)


O objetivo da análise horizontal (AH) é identificar a evolução histórica
dos elementos patrimoniais e de resultado ao longo de um período de
tempo. Vamos supor que determinada empresa identificou no último
período um grande aumento no volume das vendas e está avaliando a
possibilidade de dobrar a capacidade produtiva através de ampliação
da fábrica. Para tomar essa decisão, é fundamental fazer um estudo do
comportamento das receitas com os anos anteriores e entender o que
promoveu esse aumento. Vai ser possível observar relações entre contas,
como um aumento nas vendas em função de um aumento no investimento
em marketing, através de publicidade e propaganda e, então, é preciso
considerar o retorno do investimento realizado e a possibilidade de novos
investimentos.

É relevante que para a qualidade das informações, ao realizar a


análise horizontal, se utilize um conjunto de balanços ou demonstrações,
para que se avalie e compare vários períodos, proporcionando assim um
histórico do comportamento de cada item, mas é válido também realizar
comparações de um ano para outro, principalmente no caso de empresas
com pouco tempo de existência.

Sempre que desejamos analisar números que apresentam


variações, precisamos tomar um critério como base e determinar índices
para os demais. Logo, transformar os dados em percentuais será a técnica
a ser utilizada, então, na AH vamos calcular os percentuais de cada
elemento patrimonial ou de resultado, cada conta e compará-las entre si,
baseando-se com o período mais antigo.

O período mais antigo será o 100%, a base de comparação,


enquanto os demais deverão ter suas proporções calculadas em relação
a ele. Vamos a um exemplo prático:
Fundamentos Contábeis 39

Podemos observar que essa empresa obteve um crescimento


contínuo nas vendas, pelos 3 primeiros anos (20X0, 20X1 e 20X2). No
período de 20X3 houve uma queda, porém seguida de novo aumento. É
possível também avaliar o volume dessa variação, que ao longo do período
analisado é extremamente satisfatória. Com relação à identificação da
queda nas vendas em 20X3, se observar o período todo, mesmo havendo
variação para menor, a “queda” ainda está acima do nosso ano base. Por
outro lado, é interessante entender o que houve nesse ano que afetou as
vendas.

Agora, para calcular o índice de Receita de vendas de 20X1 fazemos


o seguinte cálculo:

Esse cálculo aplica-se aos demais períodos, mas sempre


comparando com X0. Vamos analisar a Demonstração de Resultado de
três períodos 20X0, 20X1 e 20X2.

Na demonstração anterior podemos avaliar a evolução de cada


item. O aumento nas receitas pode ser respaldado pelo aumento no
investimento em Marketing, interferindo no volume de vendas, ou pode
40 Fundamentos Contábeis

ser o caso também de um aumento nos preços, o que acarretaria um


aumento nos valores das receitas. Outro índice importante e certamente
o 1º a ser visualizado é a progressão do resultado líquido, houve um
aumento excepcional no lucro.

Da mesma forma, pela Análise Horizontal, é possível verificar a


evolução dos itens patrimoniais, podendo complementar as informações
observadas com a análise da DRE, por exemplo, o giro de estoque, a
disponibilidade do ativo e outros. Abaixo, vamos aplicar a análise horizontal
ao Balanço Patrimonial:

Vamos considerar os principais pontos para analisar:


Fundamentos Contábeis 41

O Patrimônio apresentou crescimento de 31% em 20X1 com relação


a 20X0 e decaiu um pouco em 20X2.

O Ativo circulante apresentou crescimento, com variação de 66


pontos percentuais, enquanto o ativo não circulante apresentou um
crescimento baixo, de 1% de variação. O que significa que ao longo dos 3
anos não houve investimento a longo prazo, nem em imobilizado.

Já o passivo circulante, em 20X1 teve uma variação para maior de


82 pontos percentuais com relação a X0 e caiu um pouco em 20X2, o
que nos leva a entender que a empresa está utilizando capital de giro a
curto prazo. Essa medida não está sendo prejudicial porque a empresa
vem apresentando resultado de vendas – receitas, grande gerador de
disponibilidades.

Percebemos também que o passivo não circulante teve um


acréscimo de mais de 1.000 pontos percentuais e o que preocupa é o fato
de a empresa não ter investido em imobilizado, o que nos leva a entender
que pode ter sido uma saída financeira para a falta de capital de giro. O
Patrimônio Líquido, por sua vez, teve baixo crescimento, sendo em 20X1
de 10 pontos percentuais e em 20X2, 14 pontos percentuais. Crescimento
relativamente baixo.

Em geral, a empresa está tendo resultado e aumento nas receitas,


por outro lado, a utilização de capital de terceiros está sendo um pouco
preocupante. O que pode ser uma vantagem é o prazo de pagamento dos
empréstimos que excede o fechamento do exercício.
42 Fundamentos Contábeis

REFLITA:

Uma empresa que utiliza capital de giro de terceiros, paga


juros – não é o caso do modelo exemplificado, porém, é
preciso tomar muito cuidado com a utilização de crédito,
pois isso pode colocar o patrimônio da empresa em risco.

Análise Vertical (AV)


Existe semelhança nos cálculos das duas formas de análise, no
entanto, as informações geradas complementam uma à outra.

Pela análise horizontal, podemos perceber o desempenho ao


longo de períodos diferentes. Já na análise vertical, podemos identificar
os motivos da evolução apresentada num mesmo período. Na a AH
comparamos as mesmas contas, porém em períodos diferentes. Na
análise vertical, observamos a estrutura operacional, o desempenho dos
itens patrimoniais ou de resultado, no mesmo período, estabelecendo um
critério e comparando os demais com aquele.

A AV mostra a participação individual das contas constantes nas


demonstrações, fazendo comparação com outa conta de referência.

O valor base do balanço patrimonial é o ativo total e na demonstração


de resultado é a receita líquida da venda. Logo, na análise vertical, os
cálculos são feitos de cima para baixo ou de baixo para cima.

No balanço patrimonial, portanto, a AV fornece informações sobre


a estrutura do ativo e suas fontes de financiamento presentes no passivo.
Observe o quadro a seguir.
Figura 6 - Gráfico demonstrativo de representatividade dos subgrupos patrimoniais

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


Fundamentos Contábeis 43

Podemos observar nitidamente que o ativo circulante está sendo


financiado quase que meio a meio pelo passivo circulante e pelo passivo
não circulante, ou seja, a empresa utiliza tanto capital de terceiros a curto
como a longo prazo para manter o capital de giro disponível do ativo
circulante. O ativo não circulante é também formado praticamente em
meio a meio por capital de terceiros a longo prazo e pelo patrimônio líquido.
Essa é uma forma prática de entender e avaliar a situação patrimonial de
uma empresa.

Na demonstração de resultado, essa análise possibilita avaliar a


participação de cada item de resultado na formação do resultado final,
lucro ou prejuízo, entendendo também o que pode estar prejudicando a
obtenção do lucro desejado. Isso é interessante, pois deve instigar que a
empresa passe a controlar seus custos de forma mais apurada.

Observe o gráfico a seguir.


Figura 7 – Análise vertical da demonstração de resultado de 20X1

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

De forma clara podemos visualizar que o elemento que teve maior


representatividade mediante a receita total desse período foi o custo
da mercadoria. Essa informação pode sugerir uma investigação mais
detalhada sobre o comportamento do custo.

Podemos utilizar a análise vertical na demonstração de resultados


sob três formas:
44 Fundamentos Contábeis

• Levantando a representatividade de cada item em relação à


Receita Líquida de vendas do período de análise, como consta no
gráfico acima.

• Observação do comportamento histórico ao longo de mais e um


exercício – embora envolva outros períodos, mas avalia-se, por
exemplo, o comportamento do custo da mercadoria ao longo de
certo período, porém seu comportamento em comparação com a
receita líquida do próprio período avaliado.

• Possibilidade de comparação dos percentuais apresentados pela


empresa com dados de uma outra empresa do mesmo mercado
– um concorrente, por exemplo, no entanto, garantindo que as
características, tais como porte e região, estejam em consonância.

Enfim, como é o cálculo na prática: para cada período analisado,


para calcularmos o valor percentual correspondente de cada conta,
seja ela um item patrimonial ou de resultado, devemos dividir o valor
da conta que queremos calcular pelo valor base (referência elegida) e
multiplicamos por 100.

Ou seja, avaliando a representatividade do Ativo Circulante com


relação ao Ativo Total, observamos que representa 59% do mesmo, ou
seja, a maior parte das aplicações se encontra no curto prazo, porém isso
possibilita facilidade do pagamento das contas de vencimento de curto
prazo, ou seja, a empresa possui ativo em giro, não apenas imobilizados.
Fundamentos Contábeis 45

Vamos realizar juntos, a análise vertical das demonstrações da


empresa fictícia Luz Ltda.:

Observe as contas e a representatividade de cada uma com relação


ao critério base, que é a Receita Operacional Líquida. Podemos verificar
exatamente como está sendo consumida a receita líquida. Porém, antes
de darmos andamento à interpretação dos números obtidos, é importante
ressaltar o motivo de utilizarmos a receita líquida e não a receita bruta.

Obviamente, a receita bruta não é um recurso que vai compor


as disponibilidades, no caso do imposto, o que ocorre é uma dedução
e depois um repasse de valor, a empresa não deve se apropriar desses
valores considerando-os como receita. Imagine, por exemplo, uma
nota fiscal, ela precisar ter um valor total para aplicarmos as alíquotas
de dedução, no caso dos impostos é recebido e repassado ao fisco, já
no caso de descontos, estes não serão recebidos, apenas calculados e
considerados para fins de estudos de marketing e finanças, não efetivando
uma entrada de recurso.

A receita liquida é o recurso que originará aumento de ativo e a


partir dela será possível efetuar o pagamento dos custos e das despesas
de empresa. Analisando os elementos de maior representatividade,
podemos notar que o custo da mercadoria está tomando quase 50% da
receita líquida, o que pode ser algo fatal para uma empresa ao longo
do tempo. Se observarmos a linha dos 2 próximos anos, podemos ver
que esse custo não se reduz ao passar do tempo. Muito possivelmente
a empresa não possua muitas opções de fornecedores, o que acaba
encarecendo o custo da mercadoria.
46 Fundamentos Contábeis

REFLITA:

Para cada R$ 1,00 vendido, R$ 0,48 é o custo dessa venda.


Em 20X0 as despesas também chegaram aos 47 pontos
percentuais, o que quase levou a empresa ao prejuízo.

No ano que se seguiu, 20X1, houve um aumento no lucro, no entanto,


estabeleceu uma linha estável para 20X2, sendo que o custo e as despesas
também se mantiveram praticamente estáveis. Considerando a análise
vertical da DRE, para que haja um crescimento do patrimônio líquido dessa
empresa, e então a riqueza líquida, é extremamente urgente um estudo
mais aprofundado do mercado e das estratégias de gestão. Evitando
limitação de interpretação, vamos analisar também o balanço patrimonial:
Fundamentos Contábeis 47

Vamos considerar os subgrupos:

Em 20X0, o ativo circulante representou a menor parte do ativo, o


que é muito comum, pois o ativo não circulante normalmente é composto
por bens duráveis que normalmente possuem valores maiores. Já em 20X1
e 20X2 o Ativo Circulante representa a maior parte do ativo, o que significa
que está movimentando recursos de curto prazo e tem aplicações de
recursos a longo prazo. Isso pode ser uma característica de não ocorrer
investimentos na empresa, o que percebemos através da DRE, a empresa
não está alcançando bons resultados, lucros.

Outra informação que complementa a análise do ativo circulante é


o passivo circulante, que acompanha o aumento e a diminuição nos anos
de 20X1 e 20X2, o que sugere a utilização de capital de giro de terceiros.
O passivo não circulante representa uma pequena parte do patrimônio, o
que nos sugere que a empresa não assumiu compromissos a longo prazo
com terceiros.

Quanto ao Patrimônio Líquido, está representando a maior parte do


passivo, ou das obrigações, o que é interessante, já que a composição do
ativo foi originada pelo patrimônio líquido e para confirmar aumento ou
diminuição pelos resultados positivos, complementamos com a análise
vertical da DRE que aponta um aumento de 17 pontos percentuais nos
períodos de 20X1 e 20X2.
48 Fundamentos Contábeis

Análise Horizontal vs. Análise Vertical


Com os exemplos apresentados foi possível perceber que,
isoladamente, as duas técnicas de análise poderão gerar informações
incompletas ou até mesmo induzir a erro, no entanto, com a utilização de
ambas as técnicas, podemos gerar informações mais completas e de maior
confiabilidade. É claro que ainda assim, devido à sintetização das contas
nas demonstrações, ainda se faz necessário a investigação e maior atenção
aos fatos que se apresentam como fatores de risco mediante as análises.

SAIBA MAIS:

Para conhecer mais sobre o tema, leia o artigo: Informação


contábil: uma ferramenta para a tomada de decisão. O artigo
objetiva apresentar a relevância da informação contábil,
com ênfase em relatórios e demonstrações contábeis para
o processo decisório nas empresas.
Clique aqui para acessar.

RESUMINDO:

E então? Gostou dessa competência? Agora, só para termos


certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo
deste capítulo, vamos resumir o que vimos. Neste capítulo,
foi apresentada cada informação contida nos relatórios
financeiros contábeis, o que colabora na tomada de decisão.
O conteúdo orienta sobre a utilização de dados, números
e informações contábeis para o processo de tomada de
decisão por parte dos gestores e administradores das
empresas. Esses conhecimentos auxiliam com a percepção
dos relatórios e resultados auferidos por essa área não são
somente para fins fiscais, mas sim gerenciais e com teor de
alta necessidade.
Fundamentos Contábeis 49

Leitura dos relatórios contábeis financeiros

OBJETIVO:

Neste capítulo, vamos praticar a leitura e interpretação


das demonstrações contábeis – Balanço Patrimonial e
Demonstração de Resultados – com comentários que
contribuam para a facilitação do entendimento das
informações neles contidas. Será apresentado também de
forma introdutória sobre a análise através de indicadores
financeiros. Será uma deixa, para que você se mantenha
curioso a respeito dessa grande área geradora de números
e importantes informações, que é a contabilidade somada
à gestão financeira.

Relatórios contábeis na prática


O processo de contabilizar e avaliar o desempenho dos recursos
materiais e financeiros por meio de relatórios contábeis é uma realidade
desde o início dos tempos. Entenda mais sobre esse aspecto da
contabilidade por meio do contexto a seguir.
“Susa era uma cidade localizada na Ásia, onde atualmente
seria o Irã. Sua posição geográfica era importante, estando
situada a leste do rio Tigre. Essa cidade representou
durante muitos anos, até ser destruída pelos assírios, a
capital do reino dos elamitas.

Nesse local, três homens chegaram a um acordo sobre o


número de cabeças existentes num rebanho: 147 cabeças
contadas. Para garantir que o número não seria esquecido
nem objeto de contestação, um deles utiliza uma porção
de argila e faz um objeto com um buraco, cuja aparência
final é uma urna, do tamanho de uma bola de tênis.

É preciso agora expressar a existência das 147 cabeças


contadas. Para isso, esse mesmo homem deposita um
disco que irá representar 100 carneiros contados. Para
representar 40 outras cabeças do rebanho, o homem
utiliza quatro esferas. Para finalizar, coloca sete
50 Fundamentos Contábeis

bastões que irão representar mais sete cabeças. Está


representada a quantidade contada.

Para concluir a operação, é necessário fechar a urna. Isso é


feito pela mesma pessoa que colocou o disco, as esferas e
os bastões. Lacrar a urna impede a falsificação. Os objetos
existentes na urna passam a representar o número de
animais do rebanho a partir desse momento.

Esse procedimento antiquado talvez seja um dos mais


antigos registros históricos da existência da contabilidade.
Os pesquisadores já sabem que esse fato ocorreu há mais
de cinco mil anos.

É impressionante que esse processo de contagem


surgiu antes da existência da escrita. O que foi descrito
não deixa de ser uma contabilidade rudimentar”. (IFRAH,
2003 apud SILVA; RODRIGUES, 2018, p. 23)

A necessidade em divulgar a situação financeira é algo muito


comum nas atividades de rotina de qualquer entidade. Para isso,
é preciso utilizar ferramentas ou técnicas da contabilidade. Nesse
contexto de avaliações, retornamos com a ideia de que a contabilidade
não é algo ligado apenas à tributação e fiscalização, tudo o que
estudamos até agora nos remete a entender que nos relatórios
contábeis podemos encontrar muitas outras informações necessárias
para avaliar o desempenho da empresa, o aproveitamento dos recursos
e a facilidade de geração de dinheiro.

O balanço patrimonial não é o único relatório, porém é o mais


importante, pois além se ser exigido por lei, é uma grande fonte de
informações financeiras. Como tratamos no capítulo anterior, ao conhecer
as informações nele demonstradas, podemos gerar novos números,
novos índices, necessários para a gestão financeira de um negócio.

Os bancos e as corretoras são exemplos de instituições financeiras


que trabalham avaliando o patrimônio e o resultado de outras empresas.
Para facilitar essa análise, eles se utilizam de índices que trazem
informações padronizadas para tomada de decisões de investimento e
de crédito. Esses mesmos índices podem ser utilizados internamente.
Fundamentos Contábeis 51

Figura 8 - Instituições financeiras

Fonte: Freepik

Para conhecer um pouco mais sobre o assunto, vamos falar um


pouco mais desses dados necessários para o cálculo de alguns dos
índices mais comuns. Esses proporcionam clareza por dois ângulos:

• Situação financeira.

• Gestão dos recursos.

Quando falamos em situação financeira, é parecido ao que nos


referimos a nós mesmos, pessoas físicas, ou seja, é a capacidade em
realizar pagamentos. Quando vamos a uma loja e solicitamos crédito, ou
seja, desejamos comprar algo, mas através de crédito, teremos nossas
finanças avaliadas com o intuído de descobrir se teremos capacidade de
saldar nossas obrigações, e só assim a venda será liberada.

Da mesma forma acontece com uma empresa, sua situação


financeira será favorável quando ela apresentar capacidade de liquidar
seus compromissos junto aos fornecedores.

A situação financeira costuma ser avaliada a partir de alguns


elementos patrimoniais que medem o grau de endividamento, o tipo de
fontes de recursos utilizadas para o giro das disponibilidades.

Cada índice fornece uma informação única. Com um conjunto de


diferentes índices de uma mesma posição, passaríamos a contar com
52 Fundamentos Contábeis

maior número de informações. A partir do balanço patrimonial, é possível


levantar os principais indicadores financeiros. São eles:

• Margem de lucratividade.

• Retorno sobre o investimento.

• Índice de endividamento.

• Liquidez corrente/liquidez imediata.

Conforme observamos na análise vertical, para que a empresa


esteja operando de forma positiva, é importante que o ativo esteja maior
do que o passivo (circulante e não circulante). Uma análise de lucratividade
e desempenho
Figura 9 - Análise de desempenho

Fonte: Freepik

A DRE, outra demonstração exigida por lei, que nos fornece


informações sobre as operações da empresa, inicialmente e com grande
clareza nos mostra a posição dos custos com relação à receita líquida,
o que é de grande importância para a otimização do lucro. Podemos
ainda perceber se as despesas operacionais estão controladas e também
condizentes com a Receita líquida, além de outras informações de facial
leitura e observação.
Fundamentos Contábeis 53

Caso precisemos de informações mais especificas, através da DRE


podemos calcular os seguintes índices:

• Retorno sobre as vendas.

• Margem líquida.

• Ponto de equilíbrio.

Antes de analisarmos a lucratividade, é necessário analisar o


desempenho comercial de uma empresa, pois uma empresa que
não vende, não gera receitas e não movimenta a engrenagem básica
para a geração de entrada de recursos ativos disponíveis. A análise
de desempenho da empresa avalia o comportamento de vendas de
um período com relação a outro, para isso, podemos utilizar a análise
horizontal. Os índices de retorno, também conhecidos como índices
de lucratividade ou mesmo de rentabilidade indicam o retorno que o
empreendimento está oportunizando.

A saber, os tipos de índices padrões:


54 Fundamentos Contábeis

Vamos comentar sobre alguns mais comuns no âmbito operacional:

• Dentre os indicadores que mensuram os recursos a margem bruta


que demonstra quanto sua empresa ganha ao vender um produto
ou serviço depois de descontar as despesas para produzi-lo e
vendê-lo. Para calcular:

Fórmula:

Margem Bruta = (Receita – Deduções – Custos Diretos Variáveis) x 100

Os custos Diretos Variáveis são aqueles gastos em função do


produto em que gerou a receita e são variáveis por que variam de acordo
com o volume produzido ou vendido.

• Se você acompanha o desempenho de empresas que possuem


ações à venda em bolsa, já deve ter ouvido falar da Margem EBITDA
em inglês Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and
Amortization, também chamada de LAJIR (Lucro Antes de Juros
e Imposto de Renda), representa os valores que a empresa gera
de lucro (ou prejuízo) apenas em suas atividades operacionais,
sem considerar os efeitos financeiros (juros recebidos ou pagos)
e de pagamento de tributos. Pode-se dizer que a Margem EBITDA
fornece as informações sobre o valor e impacto das vendas no
caixa. Para calcular, temos:

Fórmula:

EBITDA = Lucro Operacional Líquido + Depreciação + Amortização

• A margem líquida, também chamada de lucro líquido, indica o


resultado final obtido da resultante do valor de vendas após a
dedução de todas as despesas (incluindo o imposto de renda).
Pode ser calculada da seguinte forma:

Fórmula:

Margem Líquida = (Lucro Líquido / Vendas) x 100

• Mediante analise da DRE, é possível descobrir os custos fixos, que


são aqueles que demonstram quais são as despesas contínuas
de uma empresa, que se repetem independentemente da
Fundamentos Contábeis 55

quantidade produzida. Lado a lado com os custos fixos, é de


grande importância os custos variáveis que são aqueles que variam
proporcionalmente com o volume de produção. É fundamental
conhecer Custos Fixos e Variáveis para determinar quantidades
de produção para, no mínimo, cobri-los e obter lucro.

• A  margem de contribuição  representa quanto cada produto


contribuirá para a empresa cobrir todos os custos e despesas fixas
e ainda gerar lucro. Ou seja, após pagar o custo do produto ou
serviços, se for empresa prestadora de serviços, quanto sobra para
pagar os demais gastos da empresa. A margem de contribuição
pode trazer indícios de que o produto não está sendo lucrativo,
ou seja, mesmo que apresente grandes quantidades de venda,
pode ser que não esteja proporcionando lucro. Para o cálculo, é
necessário separar os custos e as despesas em fixos e variáveis.

As despesas variáveis são aquelas que não estão relacionadas à


produção, mas aumentam proporcionalmente às vendas, por exemplo, as
comissões de vendas e os impostos sobre vendas.

Fórmula:

Margem de Contribuição = Preço de Venda – (Custo Variável +


Despesa Variável)

• Após entendemos como identificar os custos fixos e variáveis,


outra informação obtida a partir disso é o ponto de equilíbrio que
é a quantidade de receita mínima a ser obtida para cobrir todos os
seus custos e despesas. Ou seja, para chegar a um resultado nulo,
é necessário que se venda determinado valor ou tantas unidades.
É um número interessante para se definir metas de vendas. Para
calcular o ponto de equilíbrio:

Fórmula:

Ponto de Equilíbrio = Despesas Fixas / Margem de contribuição

• A Liquidez Corrente é outro índice importante, pois demonstra o


valor monetário a receber a curto prazo em contrapartida do valor
que precisa pagar no mesmo período de tempo. Ou seja, indica as
56 Fundamentos Contábeis

condições que a organização possui para cumprir suas obrigações


em um curto prazo. Calcula-se da seguinte forma:

Fórmula:

Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante

Para melhor interpretar o resultado obtido, podemos relacioná-lo


da seguinte forma:

• Maior que 1 - há capital disponível para uma possível liquidação


das obrigações.

• Igual a 1 -  os direitos e obrigações a curto prazo têm o mesmo


resultado, chegam a um quociente nulo.

• Menor que 1 -  não há capital disponível suficiente para quitar as


obrigações a curto prazo.

Além desses índices existem outros a serem estudados em um


momento mais direcionado às finanças, porém é importante saber, para
que se tenha em mente, a quantidade de informações geradas pelos
relatórios contábeis que possibilitam novos estudos, que auxiliam na
tomada de decisões e embasam estratégias.
Figura 10 - Estratégias corporativas

Fonte: Freepik
Fundamentos Contábeis 57

Logo, está clara a importância de conhecer os relatórios, sabendo


do que trata cada um deles, sua estrutura, como estão agrupados os
elementos que os compõem para então aplicar as técnicas e análises
necessárias para o sucesso do negócio.

Com a ajuda da tecnologia, essas informações se tornam cada vez


mais acessíveis, porém, se não houver um mínimo de conhecimento,
serão ferramentas inúteis para a identificação de problemas de gestão
e de estrutura, bem como para as decisões de investimentos ou de
endividamento. Lembrando do princípio da continuidade, onde uma
entidade – pessoa jurídica – nasce com a intenção de perdurar, de
continuidade, então, para que essa ultrapasse gerações, é necessário que
seja tomado todo o cuidado, e consideradas e mais importante, praticadas
todas as técnicas citadas.

RESUMINDO:

E então? Gostou dessa competência? Agora, só para


termos certeza de que você realmente entendeu o tema
de estudo deste capítulo, vamos resumir o que vimos. Foi
possível aprender contabilidade com um olhar gerencial.
Toda a prática da ciência milenar aplicada obedecendo
aos princípios doutrinários e as normas reformuladas em
busca de uma unidade de termos e estrutura em âmbito
internacional, tudo para gerar relatórios confiáveis e precisos
contendo informações que poderão fazer a diferença para
a saúde financeira e para o sucesso de uma empresa. Para
interpretar essas informações contidas nos relatórios, é
necessário ter conhecimento do que cada um apresenta
e como podem ser aplicadas. Foram apresentadas as
técnicas de análise horizontal e vertical aplicadas ao
balanço patrimonial e a demonstração de resultado do
exercício, a partir das quais foi possível descobrir indicativos
que facilitam a comparação e identificação de possíveis
falhas gerenciais ou gargalos financeiros ou operacionais.
58 Fundamentos Contábeis

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Sociedades por
Ações. Brasília, DF. Presidência da República. 1976. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm. Acesso em: 31
maio 2021.

BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira.


São Paulo: Atlas, 1989.

IUDÍCIBUS, S. Contabilidade introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas,


2010.

IFRAH, G. História universal dos algarismos. Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 2003, p. 203 e ss.

MARION, J. C.; SANTOS, A. C. M. Contabilidade Básica. 12. ed. São


Paulo: Atlas, 2018.

MULLER, A. N. Contabilidade Básica – Fundamentos especiais.


Ver. São Paulo: Pearson, 2009.

PADOVEZE, L. C. Manual de Contabilidade Básica. 9. ed. São Paulo:


Atlas, 2014.

SILVA, J. P. Gestão e análise de risco de crédito. 8. ed. São Paulo:


Atlas, 2014.

SILVA, C. A. T.; RODRIGUES, F. F. Curso prático de contabilidade. 2.


ed. São Paulo: Atlas, 2018 p. 23.

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