Você está na página 1de 44

Gestão de Estoque

Rodrigo Souza da Costa

Aula 01

Livro Didático
Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor
RODRIGO SOUZA DA COSTA
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Autor
RODRIGO SOUZA DA COSTA
Sou o professor Rodrigo Souza da Costa e me sinto honrado por
poder, de alguma forma, contribuir com sua formação. A área de gestão
é um dos principais problemas (se não o principal) para o crescimento
socioeconômico do país.
Dessa forma, a importância de especializar-se fica cada vez mais
evidente para quem busca uma posição de destaque no mercado. Nossa
profissão é muito dinâmica. Mudanças nas formas de gestão nos coloca
em uma busca constante por aprendizado e adaptação ao ambiente de
competição das empresas.
Quando me foi passada a tarefa de lhe acompanhar, em parte,
desse aprendizado, procurei buscar subsídios em minha formação
e atuação profissional que pudessem ser relevantes para o seu
aprendizado. Entre os meus passos nessa formação destaco:
•• Sou graduado em Administração pela Universidade Estadual
de Maringá (UEM), realizei meu Mestrado em Administração pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o Doutorado em Administração
pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
•• Atuo desde 2007 no ensino na graduação e pós-graduação
em diversas instituições do Sul do Brasil.
•• Realizo pesquisas na área de administração, sobretudo no
que tange a Estratégia Empresarial e Internacionalização de Empresas,
tendo publicado mais de 40 artigos em periódicos e eventos nacionais
e internacionais.

Ministro as seguintes disciplinas: Teoria das Organizações,


Estratégias Empresariais, Diagnóstico Organizacional, Gestão de
Recursos Empresariais, Gestão da Produção, Gestão da Cadeia de
Suprimentos, dentre outras.
Espero que possa contribuir significativamente nessa etapa de
sua formação.
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha
de aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimen- de se apresentar
to de uma nova um novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram
vações ou comple- que ser prioriza-
mentações para o das para você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado sobre o tema em
ou detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e sidade de chamar a
links para aprofun- atenção sobre algo
damento do seu a ser refletido ou
conhecimento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoapren- volvimento de uma
dizagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Introdução à gestão de estoques................................................. 12

Introdução à Gestão de Estoques...................................................................12

O Gerente de Estoques...........................................................................................16

A Moderna Gestão de Estoques.................................................... 18

A Organização da Gestão de Estoques.................................................... 20

Objetivos da Gestão de Estoques..................................................................22

Políticas de Estoque...........................................................................26

Controle de Estoques................................................................................................27

Métodos de Previsão de Consumo...............................................................29

Custos de Estoque............................................................................... 34

Níveis de Estoque........................................................................................................ 36

Métodos de Determinação do Estoque Mínimo.............................. 40

Giro do Estoque..............................................................................................................43

Bibliografia.............................................................................................. 44
Gestão de Estoque 9

01
UNIDADE
10 Gestão de Estoque

INTRODUÇÃO
Olá, meu caro aluno! Tudo bem com você? A nossa disciplina
tratará da Gestão de Estoques, onde você verá sobre a importância
desta área essencial para o aumento da competitividade de qualquer
empresa, pois trata diretamente de um dos principais setores quando o
tema é a eficiência de custos.
Nesta unidade final, o essencial é que você compreenda os
elementos primordiais e as questões relacionadas à moderna gestão de
estoques, bem como as questões relacionadas às políticas de estoques,
seus controles e métodos de previsão.
Além disso, vale ressaltar aqui a importância de você saber
como são estipuladas as políticas de controle de estoques, bem como
saber definir os custos relativos em estoque e estabelecer qual é o lote
econômico de compras.
Por fim, você verá a importância de saber como a função compras
é organizada dentro das empresas, bem como entender formas
alternativas de organização e seleção de fornecedores.
Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar
neste universo!
Gestão de Estoque 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:
•• Entender os elementos básicos da gestão de estoques;
•• Analisar as políticas de controle dos estoques;
•• Elaborar métodos de previsão de consumo e níveis de estoque;
•• Entender os custos relacionados aos estoques.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
12 Gestão de Estoque

Introdução à Gestão de Estoques

Nesta unidade, vamos abordar uma atividade primária e de maior


importância para a Gestão de Estoques em qualquer organização: o
gerenciamento dos estoques.
Os estoques são importantes para qualquer segmento industrial,
para os produtores agrícolas e pecuários, comerciantes atacadistas e
varejistas, e quaisquer segmentos da indústria e mesmo da economia
global.
Se para alguns produtores é vantajoso esperar a época de melhor
preço para comercializar sua safra, mantendo-a por alguns meses em
estoque, em outros casos, como no setor pecuário, manter os animais
por mais tempo antes do abate, significa aumento de despesas em
alimentação sem o ganho em peso no nível desejado.
O equilíbrio necessário entre essas duas situações pode ser
obtido através da gestão e controle de estoques de forma eficaz e
eficiente. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

Introdução à Gestão de Estoques


Como abordagem prática, a Gestão de Estoques deve determinar
quais os materiais, peças e componentes devem ser adquiridos pela
empresa; como devem ser adquiridos – se comprados de fornecedores
ou se fabricados em sua própria planta; quando devem ser adquiridos e,
se comprados, de que fontes; por quais preços, em que quantidade
e de que qualidade, para a manutenção do estoque desejável,
estabelecido em função da demanda prevista para certo período de
tempo.
Gestão de Estoque 13

Fonte: Freepik

EXPLICANDO MELHOR:

Essas decisões buscam atingir o equilíbrio ideal entre


o custo dos investimentos em estoques e o consumo,
mantendo-se as quantidades disponíveis, de forma a evitar
a falta de materiais e componentes para a produção ou
de produtos acabados para atendimento aos clientes nos
prazos estipulados pela política de vendas, mas que não
onere significativamente a lucratividade com a redução dos
recursos financeiros disponíveis para alavancar as vendas.

Em resumo, o foco da administração de materiais deve ser


concentrado, em adquirir os materiais certos, nas quantidades certas, da
qualidade certa, no momento certo, das fontes certas aos preços certos,
assim teremos bons resultados.
14 Gestão de Estoque

Fonte: Freepik

A Gestão de Estoques foi a expressão cunhada para definir o


processo de gestão dos recursos materiais envolvidos no sistema de
produção de uma empresa.
Segundo Ballou (2006), no desenvolvimento do estudo da
Logística Empresarial, essa área era concentrada na distribuição física e
tratada de forma antagônica à Gestão de Estoques, que era concentrada
no fluxo de suprimento e cujas operações envolviam montantes
financeiros inferiores ao fluxo da distribuição física, devido ao valor
agregado pelo processo produtivo aos materiais.
Em tal contexto, uma boa gestão de estoques significava
coordenar a movimentação de suprimentos com as exigências de
operação, mediante a aplicação do conceito de custo logístico total,
em que o desempenho logístico é avaliado sem considerações sobre
minimização de custos de atividades.
Gestão de Estoque 15

VOCÊ SABIA?

O processo de Gestão de Estoques representa a


logística para dentro da empresa (inbound), e envolve a
movimentação e gestão de materiais e produtos a partir da
aquisição, portanto, a partir dos fornecedores e através do
processo de produção.

Então, para Chitale e Gupta (2011), Gestão de Estoques é um


conceito total envolvendo uma estrutura organizacional unificando numa
só responsabilidade o fluxo sistemático e o controle de material desde a
identificação de sua necessidade até a entrega ao cliente.

Fonte: Freepik

Estes conceitos abrangem todas as atividades diretamente


relacionadas com o fluxo de materiais dentro da organização, como
aquisição, planeja- mento e programação da produção, tráfego de
entrada, controle de estoque, recebimento e estocagem de materiais,
16 Gestão de Estoque

movimentação e distribuição de materiais, abordadas pelas disciplinas


de compras, produção, controle de estoques e distribuição física.

O Gerente de Estoques

Fonte: Freepik

A função do gerente de materiais, segundo Gurgel (2000), é


basicamente econômica, mesmo em organizações não governamentais,
entidades filantrópicas e cooperativas sem objetivo de lucro, sendo a
sobrevivência o objetivo mais fundamental.
Porém, mesmo nesses setores que não ao visam lucro, os
custos não podem ser excedidos por um período prolongado. Entre as
companhias privadas, os lucros são essenciais para a sobrevivência, o
gerente deverá contribuir para o aumento da lucratividade mediante a
obtenção do menor custo de materiais, realizado através da otimização
do investimento de capital, capacidade e pessoal, consistente com o
nível de serviço ao cliente adequado.
Gestão de Estoque 17

Por outro lado, toda empresa também tem objetivos


aparentemente não econômicos que, no longo prazo, passam a ser
econômicos, visto que se não forem alcançados, a empresa deixará de
prosperar e pode até mesmo não sobreviver.
Entre esses objetivos não econômicos estão as relações
favoráveis com a comunidade, nível de serviço máximo possível aos
clientes, condições de trabalho agradáveis, oportunidades de progresso
para os empregados, liderança tecnológica.
A tarefa básica do gerente de materiais é concentrar os esforços
dos subordinados nos objetivos da empresa, para obter o suprimento de
materiais ao custo total mais baixo possível.

RESUMINDO:

Neste sentido, o executivo deve levar em consideração os


efeitos de curto e longo prazo de suas ações e seu impacto
sobre os custos de outras atividades dentro da organização.

Cada função da empresa deve funcionar no sentido de


conseguir aqueles objetivos, e a função materiais não é
uma exceção, visto que contribui para a sobrevivência
e lucros, fornecendo materiais ao custo total mais baixo.
Há muitas maneiras pelas quais poderá conseguir este
objetivo global, sendo a mais óbvia o pagamento de preços
mínimos pelos materiais.

Porém, essa função também mantém em foco este objetivo


quando aumenta a rotatividade dos estoques ou adquire
materiais de qualidade superior. Em ambos os casos o
verdadeiro custo de material é reduzido, no primeiro caso
devido à redução de investimentos em estoques, e no
segundo, devido às menores rejeições por conta da falta
de atendimento das especificações.
18 Gestão de Estoque

A Moderna Gestão de Estoques

O objetivo principal de uma empresa é maximizar o retorno do


capital investido. Assim, os estoques são parte do capital investido
que funciona como um lubrificante, de modo a permitir um bom
funcionamento da relação produção/vendas.

Fonte: Freepik

A otimização dos estoques permite que o capital investido seja


minimizado e o grande desafio é reduzir estoques sem comprometer a
produção ou as vendas.
E qual a importância da gestão de estoques? Temos a área
comercial e área de produção estritamente relacionadas às atividades
finais da empresa e costumam ter maior importância no gerenciamento
geral.
Gestão de Estoque 19

EXPLICANDO MELHOR:

No entanto, o grande problema é: quem informa aos


executivos e investidores o custo de uma parada na
produção ou da perda de vendas por falta de produtos? A
gestão de estoques trata do gerenciamento da cadeia de
atendimento integrada, também chamada de Logística.

Sob o ponto de vista operacional, devemos entender as


consequências e benefícios de um sistema logístico integrado. Assim,
devemos mudar o foco da reposição dos estoques: do “quanto” para o
“quando”. Ou seja, saber estabelecer o momento da reposição se torna
mais importante que a quantidade a ser comprada.
Para isso, se faz necessária a ampliação da capacidade de
comunicação da empresa, tanto no nível tático quanto no operacional,
bem como da capacidade de ajustamento às modificações do ambiente
de negócios e estabelecer a coordenação das atividades, conforme a
figura a seguir:

Previsão de
vendas

Distribuição da Planejamento
produção

Produção

DIAS (2011)
20 Gestão de Estoque

A Organização da Gestão de Estoques


A organização do processo de gestão de estoques, tendo como foco
a integração do sistema logístico, passa por (BOWERSOX; CLOSS, 2001):
•• Controle de estoques
•• Compras
•• Almoxarifado
•• Planejamento e controle da produção
•• Importação
•• Transportes e distribuição

Fonte: Freepik

Sobre o controle dos estoques, estes permitem o bom


funcionamento da relação produção/vendas. Os tipos de materiais
em estoque são: matéria-prima, produtos em fabricação e produtos
acabados. Aqui prezamos pelo controle dos níveis de estoque e do
investimento financeiro envolvido.
Já sobre as compras, esta é uma preocupação especial com o
estoque de matérias-primas e demais insumos necessários à produção.
Deve-se fazer as cotações de preços e especificações de todos os itens
Gestão de Estoque 21

que vêm de fora da empresa, sendo de fundamental importância na


minimização dos custos da produção.
Temos o Almoxarifado, que é responsável pelo armazenamento
e guarda física dos materiais e o Planejamento e Controle da Produção,
que estabelece a programação e controle do processo produtivo,
podendo estar subordinado à área de produção ou de materiais.

Fonte: Freepik

NOTA:

Em relação à importação, temos as compras realizadas de


fornecedores internacionais, onde a legislação extensa e
complexa. O setor de estoques acompanha todo o processo
de importação, incluindo o desembaraço aduaneiro. Nas
empresas exportadores, normalmente é responsável pelo
processo legal-administrativo das exportações.
22 Gestão de Estoque

Por fim, temos a atividade de Transportes e Distribuição, onde


são feitas as entregas das matérias-primas, bem como a colocação
do produto acabado para os clientes. A principal atividade aqui é a
administração frota de veículos ou a contratação de transportadoras.

Objetivos da Gestão de Estoques


Os objetivos típicos da Administração de Materiais devem ser
enfatizados, por contribuírem, de alguma forma, para a conquista de
alguns objetivos e metas estratégicas da companhia.
Se a contribuição for diretamente obtida pela função materiais, é
denominado objetivo primário; se for indireta, caso em que a capacidade
de serviço ou a equipe de assessoria do departamento de materiais
geram resultados para outro departamento realizar seus objetivos, é
considerado objetivo secundário, conforme a figura a seguir:
Gestão de Estoque 23

Objetivos primários e secundários da Administração de Materiais BOWERSOX; CLOSS (2001)

No entanto, o principal objetivo do setor é realizar o chamado


efeito lubrificante na relação produção/vendas. Aumentos repentinos no
consumo são absorvidos pelos estoques, até que o ritmo de produção
seja ajustado para suprir o consumo maior.
Sem estoques, ou com níveis de estoques baixos, um aumento
rápido do consumo pode não ser atendido plenamente.
24 Gestão de Estoque

IMPORTANTE:

Outro objetivo a ser considerado é a minimização do capital


investido. Isso porque o capital investido exige retorno, e
os estoques, por si só, não geram retorno. Uma gestão
eficiente de estoques aumenta o retorno da empresa como
um todo, pela diminuição do capital investido nos mesmos.

No entanto, mesmo com os objetivos claros, temos que estar


atentos aos conflitos departamentais sobre estoque. Isso ocorre devido
ao fato de que a área financeira prefere estoques baixos, para reduzir
gastos com capital e armazenagem, e para melhorar índices de retorno.
Em relação, as áreas de compras, comercial e de produção
preferem estoques altos, pois permitem menores preços, uma maior
margem de manobra e folga na produção, e diminuem o risco de faltas.

Fonte: Freepik
Gestão de Estoque 25

Com isso, um departamento independente assume a


administração dos estoques, conciliando os conflitos descritos
anteriormente. Além disso, vai promover a integração das atividades aos
estoques, controlando-as através de sistemas adequados.
Por fim, vai se preocupar não apenas com o fluxo das compras e
vendas, mas também com as relações de cada integrante da cadeia de
produção e distribuição.

Fonte: Freepik

Temos que saber também, quais são os sintomas de deficiência


no controle de estoques. Dentre eles, temos os seguintes:
•• Frequentes dilatações dos prazos de entrega para os produtos
acabados e dos tempos de reposição para matéria-prima;
•• Quantidades maiores de estoque, com produção constante;
•• Elevação dos cancelamentos de pedidos e devoluções de
produtos acabados;
•• Variação excessiva da quantidade a ser produzida;
•• Produção parada frequentemente por falta de material;
•• Falta de espaço para armazenamento;
•• Baixa rotatividade dos estoques;
•• Altos níveis de obsolescência.
26 Gestão de Estoque

Políticas de Estoque

As políticas são fundamentais na gestão dos estoques em


situações econômicas adversas. Elas exigem uma correta implantação,
para que não “engesse” a capacidade de resposta da empresa às
circunstâncias de mercado.
Além disso, possuem importância vital em períodos inflacionários,
pois demanda tende a cair e custos aumentam constantemente. As
principais diretrizes das políticas de estoques são:
•• metas quanto ao tempo de entrega dos produtos aos clientes;
•• definição do número de depósitos e/ou de almoxarifados e da
lista de materiais a serem estocados neles;
•• até que nível deverão flutuar os estoques para atender a uma
alta ou baixa das vendas ou a uma alteração de consumo;
•• limites na especulação com estoques, em compras
antecipadas com preços mais baixos ou ao se comprar quantidades
maiores para obtenção de desconto;
•• definição da rotatividade dos estoques.

Devemos saber também, como estabelecer o grau de


atendimento. É ele que indica a quantidade, em percentagem sobre
a previsão de vendas, que deverá ser fornecida de matéria-prima
ou produto acabado pelo almoxarifado. Por exemplo: se o grau de
atendimento foi determinado em 95% e a previsão de vendas mensais é
de 600 unidades, a quantidade para fornecimento vai ser igual à 0,95 x
600, que resultará em um atendimento de 570 unidades.
Gestão de Estoque 27

Fonte: Freepik

Controle de Estoques
As funções principais dos controles de estoques recaem sobre:
a) determinar “o que” deve permanecer em estoque: número de itens;
b) determinar “quando” se devem reabastecer os estoques:
periodicidade;
c) determinar “quanto” de estoque será necessário para um
período predeterminado: quantidade de compra;
d) acionar o departamento de compras para executar aquisição
de estoque: solicitação de compras;
e) receber, armazenar e guardar os materiais estocados de acordo
com as necessidades;
f) controlar os estoques em termos de quantidade e valor, bem
como fornecer informações sobre a posição do estoque;
g) manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e
estados dos materiais estocados;
h) identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados.
28 Gestão de Estoque

Também devemos saber quais são os tipos de materiais em


estoque, que são: matérias-primas, produtos em processo, produtos
acabados e materiais auxiliares e de manutenção.
Matérias-primas são todos os materiais agregados aos produtos
acabados e o seu consumo proporcional ao volume de produção. O nível
dos estoques dependente de: tempo de reposição, consumo, custo e
características físicas.
Os produtos em processo são aqueles em estágio intermediário
de produção, onde o nível dos estoques será dependente da extensão
do processo produtivo e da complexidade do processo produtivo.

Fonte: Freepik

Já os produtos acabados se tratam do resultado final do processo


produtivo que “aguardam” a venda. Temos aqui duas formas de lidar com
este tipo de estoque.
Primeiro: se a produção for por encomenda. Nesse casso,
teremos baixos níveis de estoques de produtos acabados, visto que as
vendas são negociadas antes da produção.
Segundo: se a produção for para estoque. Nesse casso, teremos
altos níveis de estoques, pois a venda ocorre após a produção. Aqui, o
Gestão de Estoque 29

volume de produção determinado pela previsão de vendas e custos de


fabricação.
Por fim, temos os materiais auxiliares e de manutenção que
não são usados diretamente nos produtos, como ferramentas de
manutenção, equipamentos de proteção, entre outros. Eles são tão
importantes quanto os anteriores, visto que podem causar interrupção
da produção.

Processo de produção

Matérias-primas Produtos Produtos


em proces acabados

mat. aux e de manut

DIAS (2011)

Métodos de Previsão de Consumo


Na maior parte das organizações, a previsão da demanda é
responsabilidade dos departamentos de vendas e/ ou marketing. É,
entretanto, um insumo (input) principal para a decisão do planejamento
e controle de capacidade, que é normalmente uma responsabilidade de
gerência de produção.
Sem uma estimativa da demanda futura não é possível planejar
efetivamente para futuros eventos, somente reagir a eles. Por isso
é importante que os gerentes de produção entendam a base e os
fundamentos lógicos para essas previsões de demanda. No que diz
respeito a planejamento e controle de capacidade, há três requisitos
para uma previsão de consumo:
1) Ser expressa em termos úteis para o planejamento e controle
de capacidade.
2) Ser tão exata quanto possível.
3) Dar uma indicação da incerteza relativa.
30 Gestão de Estoque

Fonte: Freepik

NOTA:

Em muitas organizações, o planejamento e controle da


capacidade está preocupado em lidar com flutuações
sazonais da demanda. Quase todos os produtos e serviços
têm alguma sazonalidade da demanda, e alguns também
têm sazonalidade de suprimentos.

Essas flutuações na demanda, ou no suprimento, podem ser


razoavelmente previsíveis, mas algumas, normalmente também são
afetadas por variações inesperadas no clima e por evolução das
condições econômicas.
Assim, para minimizar os prejuízos decorrentes da incerteza, temos
os chamados Métodos de Previsão de Consumo. O mais elementar deles
é o método do último período, que se trata de um método grosseiro e
Gestão de Estoque 31

sem base matemática, que consiste em considerar como previsão de


consumo para um período, o consumo realizado no período precedente.
Temos também o método da média móvel, que se trata de um
aprimoramento do método anterior e consiste em considerar como
previsão de consumo para um período a média dos consumos realizados
em um determinado número de períodos precedentes.
Nesse caso, para padrões de consumo crescentes, a previsão
será sempre menor que o consumo efetivo, e vice-versa. O cálculo pode
ser realizado conforme a fórmula a seguir:

Onde:
CM = Consumo Médio
C = Consumo nos períodos anteriores
n = Número de períodos

As desvantagens desse método são que as médias móveis


podem gerar movimentos cíclicos, ou de outra natureza não existente
nos dados originais. Além disso, são afetadas pelos valores extremos,
mas isso pode ser superado utilizando-se a média móvel ponderada
com pesos apropriados.
Outra desvantagem é que as observações mais antigas têm o
mesmo peso que as atuais e exige a manutenção de um número muito
grande de dados.
Em contrapartida as vantagens do método é a simplicidade e
facilidade de implantação e a possibilidade de processamento manual.
32 Gestão de Estoque

Como variação da média móvel, temos o método da média móvel


Ponderada, onde os consumos nos períodos mais recentes recebem
peso maior. Ela pode ser obtida da seguinte forma:

Onde:
PC = Previsão de Consumo
C = Consumo nos períodos anteriores
X = Fatores de importância

Temos também o método da média com ponderação exponencial,


que se trata de um método relativamente simples, que precisa de três
dados:
1) Previsão do último período
2) Consumo efetivo no último período
3) Determinação do coeficiente de ajustamento

Este método, busca prever o consumo seguindo sua tendência


geral e eliminando variações aleatórias. No entanto, ele não deve ser
utilizado com padrões de consumo de flutuações somente aleatórias,
com tendência crescente/decrescente ou cíclicos. O seu cálculo pode
ser obtido da seguinte forma:

PC = C x α + P x (1-α )
Gestão de Estoque 33

Onde:
PC = Previsão de Consumo
C = Previsão de Consumo no Período Anterior
P = Consumo Efetivo no Período Anterior
α = Coeficiente de Ajustamento
34 Gestão de Estoque

Custos de Estoque

Dentre os principais custos relacionados aos estoques, temos:


•• Custos de capital: juros e depreciação
•• Custos com pessoal: salários e encargos sociais
•• Custos com edificação: aluguéis, impostos, luz e conservação
•• Custos de manutenção: deterioração, obsolescência e
equipamento

Além disso, temos outros tipos de custos que são essenciais


para a definição dos valores de estoque. O primeiro deles são os custos
de armazenagem que são calculados com base no estoque médio e
indicados como percentagem do valor em estoque.
Esses custos são proporcionais à quantidade em estoque e
ao tempo de permanência em estoque e determinados por meio de
fórmulas e modelos matemáticos.
A fórmula geral para cálculo dos custos de armazenagem é:

CA = (Q/2) x T x P x I

onde:
Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado
P = Preço unitário do material
I = Taxa de armazenamento, expressa geralmente em termos de
percentagem do custo unitário
T = Tempo considerado de armazenagem
Gestão de Estoque 35

Fonte: Freepik

Temos também os chamados custos de pedido, onde as


principais despesas associadas são: mão-de-obra; materiais utilizados na
confecção dos pedidos e; custos indiretos (telefone, energia, custos do
departamento). O custo total do pedido é calculado da seguinte forma:

CTP = n x B

onde:
n = número de pedidos no período
B = custo unitário do pedido

Dessa forma, podemos dizer que o custo total de estoque, seria


a soma dos custos de armazenagem com o custo total do pedido,
podendo ser calculado da seguinte forma:

CT = (C/Q) x B + (Q/2) x P x I
36 Gestão de Estoque

Assim, o grande objetivo da gestão de estoque é determinar o


Q (quantidade do lote de compra) que vai minimizar o custo total. Este
cálculo e todos os elementos relativos ao lote econômico de compras,
será tratado em detalhes na Unidade 3.

Níveis de Estoque
Os estoques se tratam de recursos ociosos que possuem valor
econômico, que representam um investimento destinado a incrementar
as atividades de produção e servir aos clientes.

Fonte: Freepik

O gerenciamento moderno avalia e dimensiona convenientemente


os estoques em bases científicas, substituindo o empirismo por soluções.
Toda empresa deve definir a forma como administra seus estoques
buscando saber quando e quanto comprar, obtendo dessa maneira
vantagem competitiva.
Gestão de Estoque 37

Para isso devemos saber como entender e estipular os níveis de


estoque das empresas, sobretudo, entender os gráficos de estoques são
uma representação gráfica da variação dos estoques em função do tempo.
O modelo mais utilizado se trata da chamada curva dente de
serra (figura a seguir), cujas premissas recaem sobre:
•• não existir alteração de consumo durante o tempo T;
•• não ocorrerem falhas administrativas que provoquem um
atraso ao solicitar compra;
•• o fornecedor da peça nunca atrasar sua entrega;
•• nenhuma entrega do fornecedor for rejeitada pelo controle de
qualidade.

DIAS (2011)

IMPORTANTE:

As premissas citadas anteriormente, na prática, são muitas


vezes quebradas, o que gera um risco considerável de
falta de estoque. A gestão de estoque deve minimizar esse
risco utilizando métodos eficazes e que não incorram em
aumentos substanciais nos níveis de estoque.
38 Gestão de Estoque

Também temos que saber qual é o nível de estoque mínimo, que


se trata de uma das alternativas de redução do risco de falta de estoque
é a adoção de um estoque mínimo.
Aqui, o estoque de determinado item deve ser reabastecido
ao atingir o nível mínimo. Essa quantidade será útil na ocorrência de
imprevistos que atrasem a reposição, suprindo o consumo até a efetiva
reposição, conforme nos mostra a figura a seguir:

DIAS (2011)

Com o estoque mínimo definido, devemos saber qual é o ponto


de pedido, que se trata do nível de estoque que funciona como gatilho
do pedido. Aqui se leva em consideração o tempo de reposição, que é
o tempo gasto desde o início do processo de pedido até que o material
esteja disponível para consumo.
Algumas etapas devem ser observadas em relação ao tempo de
reposição:
1) Emissão do pedido: emissão do pedido e recebimento pelo
fornecedor;
2) Preparação do pedido: tempo para fabricação, separação,
faturamento e despacho;
3) Transporte: saída do material do fornecedor até o recebimento
do mesmo para consumo.
Gestão de Estoque 39

DIAS (2011)

O processo de reposição do estoque deve ser iniciado quando


o estoque virtual atingir um nível predeterminado, que é o ponto de
pedido (PP) que pode ser calculado da seguinte forma:

CA = (Q/2) x T x P x I

onde:
Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado
P = Preço unitário do material
I = Taxa de armazenamento, expressa geralmente em termos de
percentagem do custo unitário
T = Tempo considerado de armazenagem

Outros conceitos que devemos entender são:


1) Consumo médio mensal (CM): média aritmética dos consumos
realizados em determinado número de meses precedentes.
2) Estoque mínimo (E.Mn): quantidade de estoque que só será
utilizada em caso de exceção; determinado estrategicamente
3) Estoque máximo (E.Mx): é atingido assim que um ressuprimento
entra no estoque; soma do estoque mínimo com o lote de compra (Q),
onde a fórmula é E.Mx = E.Mn + Q
40 Gestão de Estoque

4) Estoque médio (EM): nível médio do estoque ao longo das


operações, cujo cálculo pode ser realizado pela fórmula EM = E.Mn + Q/2
5) Intervalo de ressuprimento: período de tempo entre dois
ressuprimentos consecutivos; pode ser fixado dentro de qualquer limite,
dependendo das quantidades compradas
6) Ruptura do estoque: esvaziamento completo do estoque, de
modo a não se poder atender a pedidos internos da produção ou de
clientes externos

Métodos de Determinação do Estoque


Mínimo

VOCÊ SABIA?

O estoque mínimo também é conhecido como estoque


de segurança. Se trata da quantidade mínima possível
capaz de suportar um tempo de ressuprimento superior ao
programado.

A fim de se evitar a ruptura no estoque e objetivando o


funcionamento ininterrupto e eficiente do processo produtivo, faz-se
necessário a implementação de um estoque mínimo ou de segurança.
Gestão de Estoque 41

Fonte: Freepik

Definir o estoque mínimo é um fator de suma importância para


o gerenciamento do estoque, pois está diretamente ligada ao grau de
imobilização financeira da empresa. Estabelecer um alto percentual para
estoque mínimo a fim de não acarretar falta de material em estoque,
apresentará um alto custo de armazenagem.

Fonte: Freepik
42 Gestão de Estoque

Em contrapartida, definir uma margem de segurança muito baixa


proporcionaria um alto custo de esgotamento, que é aquele custo por não
dispor o material quando necessário. As causas mais comuns das faltas de
estoque são:
a. Oscilações no consumo;
b. Tempo de Reposição;
c. Rejeição por parte do Controle de Qualidade;
d. Remessa diferente do solicitado;
e. Diferenças no inventário.

Temos diferentes formas de estabelecer o estoque mínimo, vamos


a elas:
1) Fórmula Simples: EMn = C x K , onde
C = consumo médio mensal
K = fator de segurança contra risco de ruptura

O fator K é proporcional ao grau de atendimento desejado para o


item em questão.

2) Método da raiz quadrada: Este método considera que o tempo de


reposição (TR) não varia mais do que a raiz quadrada de seu valor. Só deve ser
usado se: o consumo durante o tempo de reposição for pequeno, menor que
20 unidades; o consumo do material for irregular e; a quantidade requisitada ao
almoxarifado seja igual a 1. A fórmula para cálculo é EMn= √C xTR
3) Método da Percentagem do Consumo: Este método considera os
consumos passados, medidos em um gráfico de distribuição acumulativa.
Pode ser calculado pela fórmula EMn = (C.máx – C.médio) x TR
4) Estoque Mínimo com Alteração de Consumo e Tempo de
Reposição: Com relação aos métodos anteriores, tem a vantagem de poder
ser aplicado em situações de mudanças no consumo e tempo de reposição,
o que é mais compatível com os casos concretos. Pode ser calculado por
Gestão de Estoque 43

EMn = T1 x (C2 – C1) + C2 x T4. Se não houver atraso no tempo de reposição,


a fórmula se reduz para EMn = T1 x (C2 – C1)

Onde:
T1 = duração do estoque com o consumo inicial
C1 = consumo inicial
C2 = consumo alterado
T4 = atraso no tempo de reposição

Giro do Estoque
O giro do estoque permite comparar eficiência na administração
dos estoques entre empresas de um mesmo setor. As empresas
normalmente determinam a meta do giro de estoques e então avaliam
o desempenho real.
A apreciação do índice de rotatividade fornece elementos para
a aferição do comportamento do estoque, por meio da comparação
com índices de anos anteriores ou mesmo com índices de empresas
congêneres, fornecendo subsídios valiosos para ações e decisões que se
fizerem necessárias.

Giro de estoque = Valor Consumido no Período


Valor do Estoque Médio no Período

Ou

Giro de estoque = Consumo Médio


Estoque Médio
44 Gestão de Estoque

BIBLIOGRAFIA
BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. 4. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2001.

BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo


de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001.

CHITALE, A.K.; GUPTA, R.C. Materials Management: Text and


Cases (2. edition). Nova Delhi: PHI, 2011.

DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem


logística. São Paulo: Atlas, 2010.

POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais:


uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2001.

VIANA, J. J. Administração de Materiais: um enfoque prático. São


Paulo: Atlas, 2011.

Você também pode gostar