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Desenho e

Cálculo Estrutural
de Fundações
Dimensionamento de Fundações
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
LUDIMILLA DE OLIVEIRA ZEULE
FABIANA MATOS DA SILVA
AUTORIA
Fabiana Matos da Silva
Sou formada em Engenharia de Produção Mecânica e atuei na
indústria automobilística na região do Vale do Paraíba. Meu interesse pela
área técnica nasceu com minha passagem pelo SENAI, com o curso de
Aprendizagem Industrial em Eletricista de Manutenção e, ao término deste,
com o curso Técnico em Mecânica. Entender como as coisas funcionam
sempre foi minha motivação maior nesse período de aprendizagem.
Passei por algumas empresas sempre motivada pela vontade de
aprender cada vez mais. Participei do Programa Agente Local de Inovação
(CNPq–SEBRAE), no qual auxiliei pequenas empresas fomentando ações
inovadoras dentro de seus limites e assim me apaixonei pela Inovação,
tendo iniciado meu mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional
na temática Desenvolvimento da Inovação em Pequenas e Médias
Empresas da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte.
Sou apaixonada pelo que faço e, principalmente, quando transmito
conhecimento. Acredito que compartilhar meus conhecimentos e minha
experiência de vida com aqueles que estão iniciando em suas profissões
tem grande valia. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar
seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar
você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!

Ludimilla de Oliveira Zeule


Graduada em Tecnologia em Construção Civil (2011) pela
Universidade Estadual de Maringá. Mestre em Estruturas e Construção Civil
(2014) pela Universidade Federal de São Carlos. Doutora em Engenharia
Civil (2018) no Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil (PPGECiv)
com linha de pesquisa direcionada a gestão, tecnologia e sustentabilidade,
pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Tenho como principais
áreas de atuação a de sustentabilidade na construção civil, método de
tomada de decisão, seleção de materiais de menor impacto, aplicação
de checklist de sustentabilidade, gestão e planejamento do canteiro de
obras. Sou participante do Núcleo de Pesquisas em Racionalização e
Desempenho de Edificações (NUPRE) no Departamento de Engenharia
Civil, da Universidade Federal de São Carlos e estou aqui para ajudar você
nesta jornada de conhecimento. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do
desenvolvimento houver necessidade
de uma nova de apresentar um
competência; novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessárias as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Dimensionamento de Sapatas Isoladas em Fundações.............. 12
Aspectos Teóricos Acerca das Sapatas Isoladas...................................................... 12

Classificação Relativa à Rigidez............................................................................................. 15

Procedimento de Dimensionamento da Sapata....................................................... 18

Dimensionamento de Sapatas Associadas em Fundações........26


Contextualização da Utilização..............................................................................................26

Aspectos Teóricos Acerca das Sapatas Associadas...............................................27

Aspectos Construtivos das Sapatas...................................................................................32

Dimensionamento de Tubulões em Fundações..............................36


Tubulões................................................................................................................................................ 36

Dimensionamento Estrutural.................................................................................................. 38

Dimensionamento do Cabeçote....................................................................... 39

Dimensionamento da Base....................................................................................43

Dimensionamento do Fuste..................................................................................44

Dimensionamento de Estacas em Fundações.................................49


Estacas.................................................................................................................................................... 49

Dimensionamento Geotécnico – Solo..............................................................................52

Dimensionamento Estrutural...................................................................................................55
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 9

02
UNIDADE
10 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área de dimensionamento de fundações é
essencial para a construção de qualquer edificação? Na construção civil,
é de extrema importância conhecer meios e tecnologia para garantir a
sustentação do peso da edificação, distribuindo corretamente a carga
sobre o solo. Dessa forma, podemos garantir a resistência dos mais
variados tipos de obras, que possam ser realizadas, e a segurança de
todos os envolvidos. Reconhecer a importância de todos os subsistemas
que fazem parte das fundações faz parte de um perfil profissional que,
além de ser competente no desenvolvimento do projeto, antecede-se
aos problemas que podem ocorrer durante o projeto. Entendeu? Ao longo
desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Entender o conceito e identificar as sapatas isoladas e suas


aplicações na construção de fundações.

2. Definir o conceito das sapatas associadas, identificando suas


aplicações na construção de fundações.

3. Compreender o que são tubulões e suas aplicações na construção


de fundações.

4. Discernir sobre as aplicações das estacas e definir seu conceito no


campo da construção de fundações.
12 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Dimensionamento de Sapatas Isoladas


em Fundações
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de definir o


que são sapatas isoladas. Denominamos fundação a parte
destinada a receber o peso da estrutura da edificação, na
construção das fundações, o uso da sapata é essencial
para determinados solos, já que é ela que vai oferecer
estabilidade para a construção. As sapatas isoladas são tipos
de sapatas destinados a fundações rasas, exercem a função
de suportar cargas transferidas pelas vigas ou pelos pilares.
Essa etapa da construção tem impacto direto nos custos
envolvidos em toda a resistência da própria edificação,
essas duas justificativas, por si só, garantem a importância
dessa competência na sua formação profissional. E então?
Motivados para desenvolver mais algumas competências?
Vamos lá. Avante!.

Aspectos Teóricos Acerca das Sapatas


Isoladas
Sapata é o nome dado a um elemento da fundação que é construído
de concreto armado e tem a função de suportar as cargas das colunas e
pilares de sustentação, a definição é dada pela norma que a rege a NBR
6122 (ABNT, 2010). A mesma norma ainda pontua que são estruturas de
volume com a função de transmitir ao terreno as cargas da fundação, caso
a fundação seja classificada como direta. O bom dimensionamento da
sapata garante à edificação segurança e resistência independentemente
do tipo de solo (NAKAMURA, 2004).
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 13

SAIBA MAIS:

Seja o Burj Khalifa, o Pentágono ou sua casa, o peso dessas


estruturas é basicamente suportado por um elemento
estrutural chamado sapata. Um erro de design na sapata
pode resultar no colapso do edifício todo, razão pela qual
um design de sapata adequado é crucial. As sapatas
são a parte mais importante da fundação. Seu trabalho
é distribuir a carga pesada do edifício, concentrada nas
colunas, para a área de superfície mais ampla do solo para
obter estabilidade estrutural. Vamos analisar a importância
das sapatas e seus diferentes tipos. Acesse o vídeo
clicando aqui.

A Figura 1 retrata a distribuição da sapata isolada.


Figura 1 – Fundações superficiais

Fonte: Tipos de fundações de edifícios (2005).

Observamos que a carga F, aplicada no pilar, foi distribuída pela


sapata e transferida para o solo de tal forma que as cargas se encontram
decompostas e, portanto, suportáveis.
14 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Devemos destacar que o centro de gravidade (CG) do pilar é


exatamente o mesmo que o da base da sapata, isso não se altera mesmo
com a variação da forma do pilar. Dessa forma, as sapatas isoladas
conseguem sustentar ações centradas ou excêntricas, e isso as tornam
amplamente empregadas. (DELALIBERA, 2006).

IMPORTANTE:

No que tange ao formato, a sapata em geral está sobre uma


base quadrada ou retangular, indicada para a utilização e
quando identificada a presença de argila rija ou terrenos
firmes. Com toda a certeza, é o modelo de fundação
considerado mais simples do ponto de vista construtivo e
mais comum no que tange a sua utilização. A maior parte
da sapata se apresenta na forma retangular por conta do
formato dos pilares que são usualmente retangulares,
entretanto não há nenhum impedimento que faça as
sapatas não apresentarem outras formas.
Figura 2 – Formato sapata isolada

Fonte: Doce obra (s.d., online).


Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 15

SAIBA MAIS:

Sabendo da importância construtiva da sapata, a NBR


6122 (ABNT, 2010) foi criada com o objetivo de garantir que
se atinja uma construção estável e segura. Dessa forma,
a norma fica responsável por regulamentar as etapas
construtivas da fundação das edificações. Consulte a
norma clicando aqui.

Classificação Relativa à Rigidez


A NBR 6118 (ABNT, 2014) é responsável por diretrizes criadas e diz
respeito aos projetos de estruturas de concreto, seu objetivo é oferecer
diretrizes do que deve ser feito ao se trabalhar com estruturas como essas,
de forma a evitar desperdícios, descartar apropriadamente os resíduos e,
principalmente, evitar acidentes nos canteiros de obras. A norma também
classifica as sapatas quanto a sua rigidez.

Essa classificação é muito importante, pois ela orienta como


a distribuição de tensões no conjunto base da sapata-solo deve ser
analisada, assim como a metodologia adotada no dimensionamento.
A NBR 6118 (ABNT, 2014) define que as sapatas podem ser rígidas ou
flexíveis, obedecendo a equação:

Em que:

h = altura da sapata.

A = dimensão da sapata em uma determinada direção.

ap = dimensão do pilar na mesma direção.


16 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Quadro 1 – Classificação da sapata

Equação Classificação

Sapata Flexível

Sapata Rígida

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2003).

As dimensões utilizadas nas formulações retiradas do esquema


construtivo representado na Figura 3 em destaque.
Figura 3 – Sapata em perfil

Fonte: Elaborada pela autora com base na norma NBR 6118 (ABNT, 2014).

Exemplo:

Considere o dimensionamento de uma sapata para um pilar com


seção 20 cm x 80 cm, que tem uma força atuante (carga total) de 125
toneladas e que a tensão admissível do solo é de 2,6 Kgf/cm² (pressão).

Vamos considerar a existência de um coeficiente de segurança de


10%, ou seja, a carga terá um aumento de 10% do seu valor, pois representa
o peso da própria sapata.

F= 125.000 Kgf * 1,10 = 137.000 Kgf


Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 17

Sabendo que

Dessa forma, a área será de 52.884, 62 cm2 ou 5,29 cm2.


Como a base é retangular, o próximo passo é calcular o lado maior
e o lado menor da sapata.

Em que:

B é a menor dimensão da base da sapata (cm).

A é a maior dimensão da base da sapata (cm).

bp é a menor dimensão da seção do pilar (cm).

ap é a maior dimensão da seção do pilar (cm.

Ssap é a área da base da sapata (calculada no passo anterior).

Dessa forma, temos:

Para efetuar o cálculo com valores inteiros, vamos considerar B=


205 cm:

Conhecida as dimensões da base, pode-se partir para o cálculo da


altura da sapata.
18 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Para facilitar os cálculos, vamos utilizar números inteiros, então


arredondamos a altura da sapata para 65 cm.

Para efeito de cálculo, vamos utilizar números inteiros, então


arredondamos para 25 cm.

As sapatas rígidas têm a preferência no projeto de fundações, por


serem menos deformáveis, menos sujeitas à ruptura por punção e mais
seguras. As sapatas flexíveis são caracterizadas pela altura “pequena”, e
segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014) (item 22.6.2.3): “embora de uso mais
raro, essas sapatas são utilizadas para fundação de cargas pequenas e
solos relativamente fracos”.

Procedimento de Dimensionamento da
Sapata
Há um método de cálculo para estimar a capacidade de carga das
fundações que leva em consideração as características físicas do solo,
apresentamos esse método com destaque nas fórmulas a seguir.

Temos:

𝝈rup é a tensão de ruptura.

C é a coesão do solo.

𝛾 é o peso específico do solo.

B é a menor dimensão da sapata.

q é a pressão efetiva na cota de apoia da sapata.


Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 19

Nc, N𝛾 e Nq são fatores de capacidade de carga.

Sc, S𝛾 e Sq são fatores de forma.

Os parâmetros do solo, como peso específico, ângulo de atrito


efetivo e coesão efetiva, são apresentados nas tabelas que seguem, elas
deverão ser consultadas na resolução de exemplos e atividades.
Tabela 1 – Parâmetros dos solos

Peso especifíco (g) Ângulo Coesão


Faixa de
Tipo de solo Natural Saturado atrito efetiva
SPT
(t/m³) (t/m³) efetivo (f) (tf/m³)

0-4 1,7 1,8 25º -


Areia pouco 5-8 1,8 1,9 30º -
siltosa/pouco 9-18 1,9 2,0 32º -
argilosa 19-41 2,0 2,1 35º -
>41 2,0 2,1 38º -
0-4 1,7 1,8 25º 0
Areia média e fina 5-8 1,8 1,9 28º 0,5
muito argilosa 9-18 1,9 2,0 30º 0,75
19-41 2,0 2,1 32º 1,0
0-2 1,5 1,7 20º 0,75
Argila porosa
3-5 1,6 1,7 23º 1,5
vermelha e
6-10 1,7 1,8 25º 3,0
amarela
>10 1,8 1,9 25º 3,0 a 7,0
0-2 1,7 1,8 20º 0,75
3-5 1,8 1,9 23º 1,5
Argila siltosa
6-10 1,9 1,9 24º 2,0
pouco arenosa
11-19 1,9 1,9 24º 3,0
(terciário)
20-30 2,0 2,0 25º 4,0
>30 2,0 2,0 25º 5,0
0-2 1,5 1,7 15º 1,0
3-5 1,7 1,8 15º 2,0
Argila arenosa
6-10 1,8 1,9 18º 3,5
pouco siltosa
11-19 1,9 1,9 20º 5,0
>20 2,0 2,0 25º 6,5
Turfa/argila 0-1 1,1 1,1 15º 0,5
orgânica 2-5 1,2 1,2 15º 1,0
5-8 1,8 1,9 25º 1,5
Silte arenoso
9-18 1,9 2,0 26º 2,0
pouco argiloso
19-41 2,0 2,0 27º 3,0
(residual)
>41 2,1 2,1 28º 5,0
Fonte: Joppert (2007).
20 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Com os dados retirados da Tabela 1, interpolamos no gráfico exposto


na Figura 4 e na Tabela 2.
Figura 4 – Fatores de capacidade de carga

Fonte: Velloso e Lopes (2010).

Tabela 2 – Fatores de forma

Forma da fundação Sc Sy Sq
Sapata quadrada 1,30 0,80 1,00

Sapata circular 1,30 1,60 1,00

Sapata retangular 1,10 0,90 1,00

Sapata corrida 1,00 1,00 1,00

Fonte: Joppert (2007).

Para o cálculo da tensão admissível do solo, utilizamos a fórmula:

Considera-se os dados obtidos da sondagem SPT, de modo que


seja o valor médio obtido dividido por 0,05 para obter assim a tensão
admissível do solo em KN/m². Deve-se considerar que na utilização
dessa correlação do SPT, a formulação para a determinação da tensão
admissível já considera um fator de segurança embutido (MARINHO, 2019).

A área da sapata é calculada em função da carga aplicada no pilar


que a compõem e, deste modo, encontramos a área dos pilares e a
resistência do solo.
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 21

Temos:

Anec = área necessária.

P é a carga do pilar.

σS é a tensão admissível no solo.

Ao considerarmos a sapata com o formato quadrado, temos que


todos os lados são iguais, portanto:

A NBR 6122 (ABNT, 2010) determina que nenhuma sapata deve


ter uma dimensão inferior a 60 cm, e que, nas divisas com terrenos
vizinhos, sua profundidade não deve ser menor que 1,5 m. Durante o
dimensionamento, adota-se uma altura mínima de 30% (do maior lado)
para a altura das sapatas (REBELLO, 2008).

Diante das tensões na sapata, há uma reação causada pelo solo,


que deve ser igualmente calculada. Para tanto, utilizamos o momento
fletor:

Em que P é a carga a qual o pilar está submetido.

A é a largura da sapata.

A é a largura do pilar.

O rompimento das sapatas se dá em geral pela força de compressão


atuando no concreto. Entretanto, deve-se verificar as condições de
compressão com a relação:

Em que:
M é o momento fletor.
bw é a largura do pilar.
d é a altura útil da seção, que é obtida pela expressão: d= h – 3 cm.
22 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

O coeficiente C calculado não pode ser maior ao C limite dado pela


equação:

A armação é calculada com a seguinte relação:

Em que:
Af é a área do aço.
M é o momento fletor.
Fyk é a tensão de escoamento do aço.
D é a altura da seção.

Sabendo que é necessário calcular a área do aço, sugere-se


que faça a verificação de acordo com os diâmetros disponibilizados no
mercado e correlacione com a tabela diárias disponíveis, dessa forma se
realiza a verificação para suprir a área calculada.
Quadro 2 – Seções transversais

𝜙 ∅ (mm) Área A 𝜙 (cm2)


5 0,19
6,3 0,31
8 0,50
10 0,70
12,5 1,25
16 1,98
20 2,85
25 5,05
Fonte: Rebello (2008).

O cálculo do número de barras a serem utilizados é com base nas


áreas, tal que:
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 23

O espaçamento entre as barras é dado por:

Em que A é a largura da sapata.

Exemplo:

Dimensionar as sapatas isoladas de um pilar de 20x20 cm, com


uma carga axial de 300 KN e como Fck do concreto de 20 Mpa, os dados
coletados foram os seguintes:

C = 20 KgF/m²

𝜙 = 24º 16

𝛾 = 19 KN/m³

Nc = 23,62

N𝛾 = 8,76

Nq = 11,64

Sc = 1,3

S𝛾 = 0,8

Sq = 1

𝜎𝑟𝑢𝑝 = 20 ∗ 23,62 ∗ 1,3 + 1 2 ∗ 19 ∗ 0,6 ∗ 8,76 ∗ 0,8 + 38 ∗ 11,64 ∗ 1

𝜎𝑟𝑢𝑝 = 1.096,39 𝐾𝑁/𝑚² 𝜎𝑠 = 1.096,39 3 = 365,46 𝐾𝑁/𝑚²

Dimensionando então a sapata quadrada, com as mesmas cargas e


solo, porém a partir da tensão admissível obtida pelo método de Terzaghi,
calcula-se primeiramente a área necessária e a pré-dimensão da sapata:
24 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Adotando então a dimensão da sapata de 0,95 metros. Em seguida,


calcula-se a altura da sapata, respeitando a regra de 30% do lado da
sapata e a regra da rigidez.

Verificada a sapata como rígida, adotando a altura de 0,40 metros.


Calcula-se o momento fletor.

O próximo passo é verificar as condições de compressão do


concreto.

Verificada a compressão, calcula-se a área de aço necessária.


Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 25

Escolhendo a bitola de 6,3 mm, calcula-se o número de barras e


seu espaçamento

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos.

Neste capítulo, você aprendeu que sapata é o nome dado


a um elemento da fundação que é construído de concreto
armado e tem a função de suportar as cargas das colunas e
pilares de sustentação, a definição é dada pela a NBR 6122
(ABNT, 2010).

A mesma norma ainda pontua que são estruturas de volume que


têm a função de transmitir ao terreno as cargas da fundação, caso a
fundação seja classificada como direta.

A NBR 6118 (ABNT, 2014) é responsável por diretrizes criadas e diz


respeito aos projetos de estruturas de concreto, seu objetivo é oferecer
diretrizes do que deve ser feito ao se trabalhar com estruturas de concreto
de forma a evitar desperdícios, descartar apropriadamente os resíduos e,
principalmente, evitar acidentes nos canteiros de obras. A norma também
classifica as sapatas em relação à sua rigidez.

As sapatas rígidas têm a preferência no projeto de fundações, por


serem menos deformáveis, menos sujeitas à ruptura por punção e mais
seguras.
26 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Dimensionamento de Sapatas Associadas


em Fundações

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de definir o que


são sapatas associadas. Denominamos fundação a parte
destinada a receber o peso da estrutura da edificação, na
construção das fundações o uso da sapata é essencial
para determinados solos, já que é ela que vai oferecer
estabilidade para a construção. As sapatas isoladas são tipos
de sapatas destinadas a fundações rasas, e elas exercem
a função de suportar cargas transferidas pelas vigas ou
pelos pilares. Essa etapa da construção tem impacto direto
nos custos envolvidos em toda a resistência da própria
edificação, essas duas justificativas garantem a importância
dessa competência na sua formação profissional. E então?
Motivados para desenvolver mais algumas competências?
Vamos lá. Avante!

Contextualização da Utilização
A NBR 6122 (ABNT, 2010) aborda o projeto e execução de fundações,
e traz em seus conceitos aspectos construtivos sobre fundações,
fundações rasas e fundações diretas.

Ao determinar o tipo de fundação adotada, consideramos os fatores


que influenciam nessa escolha, como a natureza e as características do
solo no local onde será realizada a obra. Entretanto, há outras variáveis
que não podem ser deixadas de lado ao determinar qual o tipo ideal de
fundação, tais como:

•• Grandeza e natureza das cargas a serem transferidas ao solo.

•• As limitações dos tipos de fundações já existentes no local e as


restrições técnicas impostas a cada tipo de fundação.
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 27

•• As fundações e condições técnicas dos edifícios vizinhos e


o orçamento completo necessário para realizar cada tipo de
tipologia (material, mão-de-obra, transporte etc.).

Sobre os aspectos construtivos, sapatas podem ser consideradas


simples, pois encontram-se apoiadas a pequenas profundidades, sendo
assim fundações superficiais utilizam de poucos recursos em termos de
escavação e concreto, ótimo do ponto de vista econômico.

IMPORTANTE:

A simplicidade construtiva não significa que tais elementos


possam ser negligenciados. Justamente por usarem as
camadas presentes mais superficialmente no subsolo
para transferir as cargas da construção, tornam-se mais
vulneráveis as fundações rasas no que diz respeito a
mudanças na composição do solo do que as profundas.

Aspectos Teóricos Acerca das Sapatas


Associadas
Até agora vimos que as sapatas podem ser classificadas de acordo
com a sua posição, sendo isoladas, associadas, corridas, entre outras. Há
também classificação quanto a rigidez que ela apresenta, podendo ser
rígidas ou flexíveis.

No que diz respeito à sapata associada, por muitos conhecida de


sapata combinada, é definida pela NBR 6122 (ABNT, 2010) como uma
sapata que suporta dois ou mais pilares, ou seja, a transmissão de ação
é de dois ou mais pilares, sendo apontada como uma opção quando a
distância entre duas ou mais sapatas é pequena.

Existem situações em que as cargas estruturais possuem valores


muito altos, com essa situação pode haver a possibilidade de não ser
possível projetar sapatas isoladas para cada pilar, uma vez que eles se
encontram muito próximos e suas respectivas sapatas se sobrepõem,
tal fato torna inviável aplicação de sapatas isoladas, sendo necessário
a utilização de sapatas únicas para dois ou mais pilares (FALCONI et al.,
28 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

1998). A Figura 5 representa a constituição de uma sapata associada com


seus respectivos pilares e centros de gravidade.
Figura 5 – Sapata associada

Fonte: Horostecki e Coelho (2010, online).

Como podemos observar no esquema, o fato dos pilares estarem


próximos é um limitador da aplicação das sapatas isoladas, na situação, o
indicado é usar uma única sapata que receba as ações dos dois pilares. A
Figura 6 apresenta duas variações para a sapata, conhecidas como sapata
associada e corrida.
Figura 6 – Sapata associada e sapata corrida

Fonte: Estratégia Concursos.


Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 29

Quanto à forma construtiva, observamos que existe na sapata


corrida a presença de uma pequena laje colocada na alvenaria, seu papel
é receber o peso das paredes e distribuir por uma faixa maior de terreno,
essa forma submete a carga a uma ação distribuída ao longo de um
mesmo alinhamento.

VOCÊ SABIA?

A sapata corrida diz respeito a um tipo de fundação contínua


que recebe a carga das paredes e apoia-se diretamente
sobre o terreno. Tem formato de viga e pode ser feita de
concreto simples ou armado, solo cimento e canaletas.

A sapata corrida é muito empregada em construção de pequeno


porte, podemos citar edificações de baixa altura, galpões, muros de
arrimo, entre outros, entretanto recomenda-se que sejam assentadas em
terrenos firmes, uma vez que não há necessidade de grandes escavações
para assentar essas sapatas.
Figura 7 – Sapata corrida

Fonte: Mapa da obra (2018, online).


30 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Quanto à sua atuação, ela suporta a ação de uma carga distribuída


de forma linear ou de três pilares no mesmo alinhamento e correspondem
a menos de 70% da carga da estrutura. Observamos que a sua maior
característica é possuir um elemento longo em que o seu comprimento é
maior que a largura (FALCONI et al., 1998).

No caso da sapata associada, quando houver um carregamento


simétrico com cargas uniformemente distribuídas, ela será constituída
de uma base retangular e uma corrida simples, caso haja diferenças
relevantes nas cargas aplicadas nos pilares, a necessidade de haver a
coincidência do centroide da sapata com o centro das cargas aplicadas
nos pilares, faz com que a sapata tenha uma base trapezoidal ou que
sejam sapatas retangulares com balanços livres diferentes.

Exemplo:

Dimensionamento de sapata associada

Sejam os pilares P1 e P2 com as cargas de N1=1200kN e N2=1950kN,


respectivamente. A distância entre os eixos dos pilares é de 130 cm,
conforme a figura a seguir.

Pede-se dimensionar as sapatas desses pilares e, caso necessário,


considerar a sapata associada e determinar o centro de cargas do
conjunto. Considerar a tensão admissível do solo de 300kN/m².
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 31

Sapata para o pilar P1 terá dimensões de 2,2 m por 1,85 m.

Sapata para o pilar P2 terá dimensões de 2,55 m por 2,55 m.

A utilização de sapatas na construção civil se mostrou até agora


extremamente necessária, seu contato diretamente com o solo é o que
auxilia na sustentação das construções. E podemos destacar que, ao se
tratar de fundações rasas, é a sapata que constitui parte da estrutura que
aguenta a maior capacidade de carga aplicada.
32 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Esse elemento apresenta muitas vantagens quanto a sua utilização,


como mencionado anteriormente, seu emprego deve ser realizado em
solos considerados firmes, respeitada tal condição temos como ganhos
(CARVALHO; PINHEIRO, 2009):

•• Baixo custo.

•• Rapidez de execução.

•• Podem receber cargas de muro (concreto ou alvenaria), pilares


isolados, conjunto de pilares, entre outros.

•• Capacidade de construção sem muitos equipamentos.

•• Capacidade de construção sem maquinário especial.

Aspectos Construtivos das Sapatas


A NBR 6122 (ABNT, 2010) apresenta os detalhes construtivos da
sapata, no que diz respeito à dimensão mínima em planta, as sapatas
isoladas ou os blocos não devem ter dimensões inferiores a 0,60 m.

VOCÊ SABIA?

Normaliza-se uma profundidade mínima nas divisas


com terrenos vizinhos, com exceção em casos quando a
fundação for assente sobre rocha, tal profundidade não
deve ser inferior a 1,5 m. Em casos de obras cujas sapatas ou
blocos estejam majoritariamente previstas com dimensões
inferiores a 1,0 m, essa profundidade mínima pode ser
reduzida.

A NBR 6122 (ABNT, 2010) especifica que todas as partes da


fundação superficial (rasa ou direta) em contato com o solo (sapatas, vigas
de equilíbrio etc.) deverão apresentar concretagem sobre um lastro de
concreto não estrutural com no mínimo 5 cm de espessura, a ser lançado
sobre toda a superfície de contato solo fundação. No caso da presença
de uma rocha, esse lastro deve servir para regularização da superfície
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 33

e, portanto, pode ter espessura variável, no entanto, é observado um


mínimo de 5 cm.

Seguindo a NBR 6122 (ABNT, 2010), a execução de uma sapata se


dá com os seguintes passos:

•• Realiza-se a escavação da área onde serão realizadas as sapatas.


A escavação deve respeitar a profundidade e dimensões
especificadas e calculadas.

•• Com a escavação realizada e compactada, aplica-se uma camada


de concreto magro no fundo do terreno inicialmente escavado e em
suas laterais. Tal camada desempenha a função de regularização
e deve ter no mínimo 5 cm de espessura. Existe também a função
de proteção contra a umidade do solo.

•• A lateral também recebe o concreto, entretanto sendo somente


chapiscada.

•• Realiza-se a marcação dos pilares, realizando a fixação de estacas


de madeira nos pontos indicados no projeto.

•• Fixam-se espaçadores na superfície de apoio em que se aplicou


o concreto magro, evitando assim que o cobrimento do aço não
seja atendido.

•• Insere-se a armação, sempre seguindo a orientação do projeto de


fundações.

•• Auxiliado por arames de aço, fixam-se também os ferros especiais


de arranque dos pilares.

•• Concreta-se a sapata.

•• Após a cura do concreto, realiza-se a desenforma da sapata.

•• Etapa final é o reaterro da sapata.


34 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos.

A NBR 6122 (ABNT, 2010) trata de projeto e execução de


fundações, e traz em seus conceitos aspectos construtivos
sobre fundações, fundações rasas e fundações diretas.

Sobre os aspectos construtivos, sapatas podem ser


consideradas simples, pois encontram-se apoiadas
a pequenas profundidades, sendo assim fundações
superficiais demandam poucos recursos em termos de
escavação e concreto, ótimo do ponto de vista econômico.

Entretanto, a simplicidade construtiva não significa que tais


elementos possam ser negligenciados. Isso porque o fato de usarem as
camadas superficiais do subsolo para transferir as cargas da construção
torna as fundações rasas mais suscetíveis a mudanças na composição do
solo do que as profundas.

No que diz respeito à sapata associada, por muitos conhecida de


sapata combinada, é definida pela NBR 6122 (ABNT, 2010) como uma
sapata que suporta dois ou mais pilares, ou seja, a transmissão de ação
é de dois ou mais pilares, sendo apontada como uma opção quando a
distância entre duas ou mais sapatas é pequena.

Quanto à forma construtiva, observamos que existe na sapata


corrida a presença de uma pequena laje colocada na alvenaria, seu papel
é receber o peso das paredes e distribuir por uma faixa maior de terreno,
essa forma submete a carga a uma ação distribuída ao longo de um
mesmo alinhamento.
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 35

A sapata corrida diz respeito a um tipo de fundação contínua que


recebe a carga das paredes e apoia-se diretamente sobre o terreno. Tem
formato de viga e pode ser feita de concreto simples ou armado, solo
cimento e canaletas.

A sapata corrida é muito empregada em construção de pequeno


porte, podemos citar edificações de baixa altura, galpões, muros de
arrimo, entre outros, entretanto recomenda-se que sejam assentadas em
terrenos firmes, uma vez que não há necessidade de grandes escavações
para assentar essas sapatas.

A utilização de sapatas na construção civil se mostrou até agora


extremamente necessária, seu contato diretamente com o solo é o que
auxilia na sustentação das construções. E podemos destacar que ao se
tratar de fundações rasas, é a sapata que constitui parte da estrutura que
aguenta a maior capacidade de carga aplicada.
36 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Dimensionamento de Tubulões em
Fundações
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


os elementos que compõem um tubulão e quais as
características que devem ser consideradas para escolha
e execução desse sistema de fundação profunda. Aliado a
isso, poderá compreender como fazer o dimensionamento
de uma fundação por tubulões e quais variáveis deverão
ser consideradas nesse processo. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante!.

Tubulões
Os tubulões fazem parte do grupo de elementos estruturais
utilizados na fundação profunda e possuem formato cilíndrico e base
alargada. Seu método construtivo baseia-se em uma espécie de poço,
que pode ser revestido ou não e deve ter a característica de possuir um
tubo de diâmetro mínimo de 70 cm. Essa especificação vem do fato de
que seja possível a entrada e o trabalho de um homem, para que seja
possível adequar a geometria da escavação e fazer a limpeza do solo.

IMPORTANTE:

Os tubulões foram desenvolvidos para receber as cargas


provenientes da estrutura e transmiti-las ao solo, isso em
grande parte das vezes é feito pela ponta de sua estrutura.
Podem ser executados com ou sem revestimento, é
composto por aço ou concreto. Os tubulões possuem duas
variações conhecidas, que são: os tubulões a céu aberto e
os tubulões a ar comprimido (BARROS, 2011).

•• Tubulões a céu aberto: geralmente não possuem revestimento,


não são armados e são usados no caso de existir somente carga
vertical.
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 37

•• Tubulões a ar comprimido: serão sempre revestidos e podem ter


esse revestimento composto por uma camisa de concreto armado
ou ainda por uma camisa metálica que pode ser recuperada, ou
não.

O fuste do tubulão será sempre cilíndrico e em sua base, para que


se consiga minimizar as tensões recebidas do solo, é comum fazer uma
espécie de alargamento, este alargamento poderá ser igual ou maior do
que três vezes o fuste, podendo ainda ter formato circular ou em forma de
uma falsa elipse (TROJAHN, 2017).
Figura 8 – Tubulão, cabeçote, fuste e base

Fonte: Campos (2015 apud TROJAHN, 2017).

Ao falarmos do processo construtivo de um tubulão, vale ressaltar


que, dependendo do maciço do solo a ser executado, o tubulão pode
não ter a sua base alargada e, nesses casos, o processo executivo vai ser
composto por três etapas básicas: a escavação, a colocação da armadura
e a concretagem.

Para a construção de tubulões, vários métodos podem ser


adotados ao longo das etapas para a execução de cada uma das tarefas
necessárias, como na escavação, que poderá ser feita com a utilização de
38 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

trados, por perfuração, circulação rotativa ou técnicas vibratórias. O poço


ou furo da escavação também pode ser feito pelo sistema de contenção
lateral ou não. Até mesmo a concretagem tem opções diferentes para
serem executadas, seja por bombeamento ou lançamento do concreto
(TROJAHN, 2017).

IMPORTANTE:

Como a execução do tubulão com base alargada é mais


frequente, falaremos mais especificamente das suas
características. Em seu processo construtivo, é feita a
abertura de um poço (chamado também de fuste), com
diâmetro maior ou igual a 70 centímetros e, na parte inferior,
é escavada uma base de diâmetro aproximado ou até três
vezes maior que o diâmetro do fuste. (TROJAHN, 2017).

De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2010), é indicado que a base


seja dimensionada para evitar alturas maiores que dois metros, e somente
em casos excepcionais, alturas superiores podem ser aceitas. Devem ser
mensuradas também as características do solo, e se ele for considerado
problemático, a utilização do escoramento deve ser realizada, ou ainda a
utilização de injeções ou aplicação de cimento na parede da escavação
para evitar o desmoronamento.

Dimensionamento Estrutural
Para realizar o dimensionamento de um tubulão, devemos buscar
coincidir o centro de aplicação da carga com o centro de gravidade do
fuste e do tubulão. De modo geral, a transferência de carga entre o pilar
e o tubulão é direta, não havendo a necessidade de utilização de blocos
quando as cargas são baixas (TROJAHN, 2017).

Para que consigamos ter uma visão adequada dos componentes


que integram o tubulão e seu correto detalhamento e dimensionamento,
iremos tratar deles de maneira separada, observando suas peculiaridades
no projeto construtivo. Os elementos que compõem um tubulão, de
maneira geral, são: o cabeçote, a sua base e o fuste.
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 39

Dimensionamento do Cabeçote
O cabeçote é parte responsável pela transação entre o pilar e o
fuste, ou seja, ele que faz a ligação entre esses dois elementos. Seu
objetivo principal é de diminuir a tensão existente na biela de compressão
e proporcionar uma melhor distribuição da carga de contato entre o
tubulão e o pilar (ou tubulão e bloco).

IMPORTANTE:

De acordo com Campos (2015 apud TROJAHN, 2017),


existem três tipos possíveis de transição:

•• Transição por meio de um pilar retangular chegando


diretamente no tubulão maciço (transição direta
entre pilar e tubulão).
•• Transição de um pilar chegando ao tubulão por
meio de um bloco de transição (transição indireta
entre pilar, bloco e tubulão).
•• Transição de um pilar chegando ao tubulão vazado,
com cabeçote maciço.
Figura 9 – Ligação pilar-fuste

Fonte: Trojahn (2017).


40 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

O método de transição que estaremos dimensionando será a


transição direta entre o pilar e o tubulão. Assim sendo, será necessária a
realização de uma fretagem tanto no tubulão quanto no pilar, por conta da
abertura de carga existente.

Além desse dimensionamento, há a necessidade de ser realizada


uma verificação de tensão no concreto entre o tubulão e o pilar, pois o pilar
geralmente possui sua seção reduzida quando comparado ao tubulão,
isso pode ser claramente observado na imagem a seguir.
Figura 10 – Seção do pilar inferior a seção do fuste

Fonte: Trojahn (2017).

Assim sendo, a tensão solicitante de cálculo deverá ser menor do


que a capacidade resistente de cálculo:
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 41

Em que:

Aco é a área reduzida carregada uniformemente.

Ac1 é a área máxima total, de mesma forma e mesmo centro de


gravidade que Aco, inscrita em Ac2 .

Ac2 é a área total, situada no mesmo plano de Aco.

Desse modo, a maior tensão de tração ou tensão de fendilhamento,


segundo Trojahn (2017) será:

Quando for observado uma abertura de cargas nas duas direções


no topo do tubulão, deverá ser calculada a armadura de fretagem, para
que seja possível evitar o colapso do concreto, também conhecido
por fendilhamento. Uma distribuição da armadura para combater o
fendilhamento é obtida com o desenvolvimento das tensões .

Para o cálculo de armadura, devemos considerar a tensão no aço


entre 180 e 200 MPa. Desse modo, teremos: (TROJAHN, 2017):

•• Fretagem no pilar:

•• Fretagem no tubulão:

Podemos observar na imagem a seguir, o detalhamento de


diferentes fretagens no tubulão. O pilar tem as duas dimensões inferiores
42 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

em relação ao diâmetro do tubulão. Existe uma abertura de cargas nas


duas direções na cabeça do tubulão, por isso deverão ser calculadas
as armaduras de fretagem, de acordo com os cálculos exemplificados
anteriormente.
Figura 11 – Fretagens no tubulão

Fonte: Campos (2015 apud TROJAHN, 2017).


Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 43

Dimensionamento da Base
De maneira geral, a base do tubulão é dimensionada de maneira
semelhante a um bloco de concreto simples sem armadura, e o seu
diâmetro é obtido por meio da divisão da carga atuante pela tensão
admissível do solo (TROJAHN, 2017).

IMPORTANTE:

Quanto ao atrito lateral no tubulão quando este for


considerado, deverá ser desprezado um comprimento igual
ao diâmetro da base imediatamente acima dela. Já a área
da fundação, deverá ser dimensionada partindo da tensão
admissível encontrada do solo, não sendo consideradas as
cargas majoradas (NBR 6122, 2010).

Desse modo, segundo Trojahn (2017) adota-se para a base um


ângulo de 60º com a horizontal. Destacando ainda que a base do rodapé
deverá ter altura mínima de 20 cm, de acordo com as normas vigentes.

•• Cálculo da altura da base:


44 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Figura 12 – Detalhamento em planta da base do tubulão

Fonte: Trojahn (2017).

A transição do fuste para a base é feita por meio de uma superfície


troncocrônica denominada sino. A altura h é determinada pelo ângulo β.
No caso de a base necessitar ser uma falsa elipse, a área é dada por:
(TROJAHN, 2017).

Dimensionamento do Fuste
O tubulão, quando não é executado com uma base alargada,
podemos admitir que ele está contido em um meio elástico, neste caso
o solo. Assim sendo, para a determinação dos esforços solicitantes pode
ser feita adoção de fórmulas para vigas sobre apoios elásticos (TROJAHN,
2017).
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 45

IMPORTANTE:

Nos tubulões que atendem a essas características,


podemos verificar momentos e esforços horizontais mais
complexos do que nos tubulões que são submetidos a
cargas axiais. Quando esses elementos são submetidos a
cargas axiais, podem vir a possuir propriedades que pouco
influenciam no comportamento do conjunto solo-tubulão
porque em grande parte dos casos, a ruptura do conjunto
acontece devido a ruptura do solo na região de contato
(TROJAHN, 2017).

Quando os tubulões são submetidos à flexão e aos esforços


horizontais, têm suas propriedades estruturais influenciando diretamente
no comportamento do conjunto, assim como as propriedades do solo
em contato, e ainda as rupturas mais frequentes ocorrem no elemento
estrutural (TROJAHN, 2017).

Nos casos de tubulões que são executados com base alargada e


com tubos pré-moldados, não são indicados permitir o confinamento do
solo. O preenchimento dos espaços existentes entre a camisa do tubulão
e o solo é realizado durante a confecção do poço, de acordo com as
quedas e desmoronamento de solo que são observadas nas paredes
laterais (TROJAHN, 2017).

Em tubulões executados, utilizando-se de camisa pré-moldada é


essencial verificar a existência de folga entre o fuste e o poço. Se existir
esse vazio, deverá ser feita a injeção argamassa nesse vão, a fim de
garantir o confinamento do solo, e ainda que o fuste esteja em contato
com o solo (TROJAHN, 2017)

Os tubulões não encamisados podem ser executados em concreto


simples, (não armado) salvo os casos em que exista a ligação com o bloco,
quando solicitados por cargas de compressão. Dessa forma, devemos
obedecer aos coeficientes de minoração que, quando aplicados ao
concreto, recebe o nome de e aplicados em relação ao aço, vão receber
o nome de (TROJAHN, 2017).
46 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Figura 13 – Tabela de valores dos coeficientes γ c e γ s

Combinações Concreto γc Aço γs


Normais 1,4 1,15
Especiais ou de construção 1,2 1,15
Especiais 1,2 1,0
Fonte: NBR 6118 (2014 apud TROJAHN, 2017).

Assim sendo, podemos considerar:

– Coeficientes: .

– Tensão máxima atuante: 5,0

A solicitação de cálculo então será:

Em que:
α é o fator que define as condições de vínculo nas extremidades.
α = 1,0 quando não existirem restrições à rotação tanto no apoio
quanto na base.
α = 0,8 quando existir alguma contra rotação tanto no topo quanto
na base.
df= é o diâmetro do fuste.

𝑙 é o comprimento do fuste (distância vertical entre os apoios).

Detalhamento da estrutura do fuste:

•• Armaduras longitudinais de tração e de compressão:

Sendo:
Nd = Força normal de cálculo.
fyd = Resistência de cálculo ao escoamento do aço de armadura
passiva.
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 47

Ac = Área da seção transversal de concreto.

•• Valores máximos:

•• Diâmetro mínimo da armadura:

da menor dimensão transversal

•• Espaçamento mínimo entre as barras longitudinais:

s ou ≥ {20mm diâmetro da barra 1,2 vez a dimensão máxima do


agregado

•• Armadura mínima pela cortante (armaduras transversais):

•• Armaduras transversais (estribos)

Diâmetro mínimo:

Ø∅t≥ {5 mm 14 do diâmetro da barra longitudinal isolada


Espaçamento longitudinal entre os estribos:

e ≤{200 mm, menor dimensão da seção 24Ø∅ para CA-25,12∅Ø para


CA-50

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos.
48 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Os tubulões são elementos estruturais de fundação profunda que


possuem formato cilíndrico e de uma base alargada. Seu método construtivo
baseia-se em uma espécie de poço, que pode ser revestido ou não, e deve
ter a característica de possuir um tubo de diâmetro mínimo de 70 cm. Essa
especificação vem do fato de que seja possível a entrada e o trabalho de um
homem, para adequar a geometria da escavação e fazer a limpeza do solo.

Têm a função de receber as cargas provenientes da estrutura e


transmiti-las ao solo, isso em grande parte das vezes é feito pela ponta de
sua estrutura. Podem ser executados com ou sem revestimento, composto
por aço ou concreto. Os tubulões possuem duas variações conhecidas, que
são: os tubulões a céu aberto e os tubulões a ar comprimido.

Ao falarmos do processo construtivo de um tubulão, vale ressaltar


que, dependendo do maciço do solo a ser executado, o tubulão pode
não ter a sua base alargada e, nesses casos, o processo executivo vai ser
composto por três etapas básicas: a escavação, a colocação da armadura e
a concretagem.

Para realizar o dimensionamento de um tubulão, devemos buscar


coincidir o centro de aplicação da carga com o centro de gravidade do fuste
e do tubulão. Geralmente, a transferência de carga entre o pilar e o tubulão é
direta, não havendo a necessidade de utilização de blocos quando as cargas
são baixas. Os elementos que compõem um tubulão, de maneira geral, são:
o cabeçote, a sua base e o fuste.

O cabeçote é parte responsável pela transação entre o pilar e o fuste,


ou seja, faz a ligação entre esses dois elementos. Seu objetivo principal é
diminuir a tensão existente na biela de compressão e proporcionar melhor
distribuição da carga de contato entre o tubulão e o pilar (ou tubulão e bloco).

Para dimensionamento da base do tubulão, é realizada de maneira


semelhante a um bloco de concreto simples sem armadura, e o seu diâmetro
é obtido por meio da divisão da carga atuante pela tensão admissível do solo.

O dimensionamento dos fustes nos tubulões podem verificar


momentos e esforços horizontais mais complexos do que nos tubulões que
são submetidos a cargas axiais. Quando esses elementos são submetidos a
cargas axiais, podem vir a possuir propriedades que pouco influenciam no
comportamento do conjunto solo-tubulão, porque, em grande parte dos
casos, a ruptura do conjunto acontece devido à ruptura do solo na região de
contato.
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 49

Dimensionamento de Estacas em
Fundações
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de identificar as


características do processo construtivo de uma fundação
profunda composta por estacas. Aprenderá a dimensionar
as estacas de acordo com as especificações do solo e
também o tipo de escada e a edificação a qual fará parte.
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Vamos lá. Avante!.

Estacas
As estacas são elementos aplicados na fundação profunda que
são instaladas por intermédio de equipamentos ou ferramentas. Quando
expostas a um carregamento vertical, as estacas têm função de resistir
a essa solicitação parcialmente devido à resistência ao cisalhamento,
que é gerada pelo fuste e pelas tensões normais geradas em sua ponta
(FALCONI et al., 1998).

VOCÊ SABIA?

As estacas podem ser classificadas em dois grupos: as pré-


moldadas e as moldadas in loco. Existem vários tipos de
estacas feitas de vários materiais, daremos o foco para um
tipo específico chamada estaca broca.

A estaca broca é um dos tipos de fundações profundas


mais utilizadas em obras brasileiras de pequeno porte,
principalmente pela sua simplicidade de instalação,
além de não exigir mão-de-obra especializada, nem
mesmo maquinário. É uma estaca que pode ser escavada
manualmente por meio da utilização de trados concha ou
cavadeiras para cargas máximas entre 6 e 8tf (SCHNEIDER,
2019).
50 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Esse sistema trata de uma fundação de concreto simples, em que


a armadura é situada apenas na ligação entre o bloco e a estaca, isso
não é regra, ou seja, existem estacas que são armadas para que assim
possam resistir melhor aos momentos fletores. Os momentos fletores
são esforços horizontais e de tração desde que o cálculo estrutural e
geotécnico seja compatível.
Figura 14 – Trabalhador escavando local de uma estaca.

Fonte: Schneider (2019).

Ainda com características construtivas das estacas, podemos


citar que o diâmetro da estaca broca é geralmente em torno de 30 cm.
Não é recomendado que sejam feitas diminuições em seu diâmetro por
questões de controle de concretagem. Alguns estudos demonstram que
ao aumentar o diâmetro para 40 cm para ganhar capacidade de carga,
o desempenho da estaca não é satisfatório. Sua profundidade máxima
irá depender do equipamento de escavação utilizado, mas normalmente
tem seu comprimento fixado em 8 metros (SCHNEIDER, 2019).
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 51

IMPORTANTE:

A execução de construção de uma estaca broca solução é


relativamente simples, considerando que trado manual é o
único equipamento necessário desse tipo de estaca, além
das ferramentas comuns para qualquer obra.

O procedimento está descrito passo a passo e ilustrado a seguir,


como podemos observar na figura a seguir (SCHNEIDER, 2019):

•• Escavação manual da estaca.

•• Apiloamento do fundo da estaca.

•• Concretagem da estaca.

•• Colocação da armadura da estaca.


Figura 15 – Esquema construtivo de uma estaca

Fonte: Schneider (2019).


52 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Dimensionamento Geotécnico – Solo


A estaca tipo broca é uma fundação profunda, e, portanto, tem seu
dimensionamento como tal. O dimensionamento geotécnico das estacas
geralmente é realizado de maneira intermediária e semiempíricos. Para
cálculo geotécnico dessa estaca, adotaremos o método de Aoki-Velloso
que descreve a resistência à ruptura de uma estaca como a somatória da
resistência lateral mais a resistência de ponta (SCHNEIDER, 2019).

Dessa maneira, temos a fórmula:

Em que:

= Carga total a ruptura da estaca (sob ponto de vista geotécnico).

= Carga de ruptura da ponta.

= Carga de ruptura lateral.

Observando a figura a seguir, entenderemos como atuam essas


forças na prática em uma estaca.
Figura 16 – Atuação forças na estaca

Fonte: Schneider (2019).


Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 53

A resistência lateral é uma resposta ao atrito existente entre solo


e concreto, e consegue ser calculada a partir da formulação a seguir
(SCHNEIDER, 2019):

Em que:
U = Perímetro da estaca em metros.
rl = Incógnita geotécnica que depende do tipo de solo, tipo de
fundação e resistência do solo.
Δl = Espessura da camada de solo analisada em metros.
A incógnita rl por sua vez pode ser encontrada por meio do cálculo
da seguinte equação:

Vale ressaltar que α e K são determinados a partir do tipo de solo


por meio da tabela que pode ser observada a seguir.
Tabela 3 – Coeficiente K e razão de atrito α

Solo k MPA α%
Areia 1,00 1,4
Areia siltosa 0,80 2,0
Areia siltoargilosa 0,70 24
Areia argilosa 0,60 3,0
Areia argilosiltosa 0,50 2,8
Silte 0,40 3,0
Silte arenoso 0,55 2,2
Silte areno argiloso 0,45 2,8
Silte argiloso 0,23 3,4
Silte argilo arenoso 0,25 3,0
Argila 0,20 6,0
Argila arenosa 0,35 2,4
Argila arenossiltosa 0,30 2,8
Argila siltosa 0,22 4,0
Argila siltoarenosa 0,35 3,0
Fonte: Schneider (2019).
54 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

A incógnita é o índice de resistência à penetração média na camada


de solo de espessura analisada. E o fator vai depender do tipo de estaca,
e pode ser encontrado na tabela a seguir (SCHNEIDER, 2019).
Tabela 4 – Fatores de correção

Tipo de estaca F1 F2
Franki 2,50 2F1
Metálica 1,75 2F1
Pré-moldada 1 + D/0,80 2F1
Escavada 3,0 2F1
Raiz, hélice contínua e
2,0 2F1
ômega
Fonte: Schneider (2019).

O cálculo da resistência de ponta é decorrente do contato feito


entre o solo na ponta da estaca e com a estaca inteira, essa variável pode
ser calculada por meio da equação subsequente:

Em que:

= Incógnita geotécnica que depende do tipo de solo, tipo de


fundação e resistência do solo.

= Área da ponta da estaca em m².

A incógnita , por sua vez, deverá ser calculada por meio da


seguinte equação:

Em que:
K = Deve ser determinado por meio da primeira tabela.
Np = É o índice de resistência à penetração na cota de apoio da
ponta da estaca.
F2 = Deve ser determinado por meio da segunda tabela.
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 55

Dimensionamento Estrutural
De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2010), não deve ser exigida a
colocação de armadura nos fustes de fundações profundas, caso a
tensão média seja inferior a 5 MPa (50kgf/cm²). Contudo, as ferragens de
arranque são necessárias.

IMPORTANTE:

Para que possamos realizar a verificação da tensão que


está atuando no fuste de nossa estaca, podemos utilizar
a fórmula da tensão, na qual a tensão é igual a força sobre
área. Considerando que a carga de catálogo é composta
por no máximo 8tf (8000kgf), esta será a força. Quanto à
área da estaca, iremos adotar o diâmetro mínimo de 30 cm
(SCHNEIDER, 2019).

Dessa maneira, temos a seguinte tensão no fuste da estaca:

Podemos perceber que a tensão média é inferior a 50kgf/cm²,


concluímos que a armadura é apenas de ligação (ancoragem entre o
bloco e a estaca), desde que a situação se mantenha, ou seja, não existam
momentos fletores, esforços cortantes ou tração atuando na estaca
(SCHNEIDER, 2019).

A realização do dimensionamento estrutural é bastante simples. A


armadura longitudinal é calculada conforme a taxa mínima de aço, que
segue a seguinte equação:

Em que:

As = Área de concreto da seção bruta.


56 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

Os dimensionamentos das estacas são essenciais para se obter


um ideal de funcionamento e estabilidade na estrutura como um todo.
As fundações são parte essencial na estabilidade global dos edifícios e
devem ser executadas sempre de maneira estudada, de acordo com as
características construtivas necessárias e composição do solo.

VOCÊ SABIA?

Ao pensarmos a respeito de construções inclinadas devido


a falhas em fundações, talvez o maior símbolo seja a torre
de Piza, no entanto, aqui mesmo no Brasil, temos como
exemplo a cidade de Santos, em que 3% da população
(aproximadamente 16 mil pessoas) vive em edifícios
inclinados.

Tais edifícios possuem cerca de 10 e 20 andares e, em sua maioria,


foram construídos nas décadas de 50, 60 e 70. Essa inclinação está
relacionada com a soma de alguns fatores que juntos levaram ao recalque
apresentado.

O solo em Santos é composto por uma camada fina de areia (8 a


12 metros) seguida de uma camada de argila marinha (20 a 40 metros). A
camada rochosa está localizada abaixo dos 50 metros de profundidade.
Nas décadas de 50 e 70, devido ao anseio de economizar, as construtoras
usavam fundações que eram rasas e de baixa profundidade variando
entre 4 a 7 metros, utilizando a fundação direta com sapatas.

Entretanto, de acordo com o peso das estruturas, essa camada de


areia comprime a argila marinha que, por sua vez, é menos densa e acaba
cedendo em determinados pontos levando ao recalque das edificações.
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 57

Figura 17 – Esquema prédios em Santos/SP

Fonte: Fecci Engenharia [s.d.].

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos.
As estacas são elementos de fundação profunda que são
instaladas por intermédio de equipamentos ou ferramentas.
Quando expostas a um carregamento vertical, as estacas
têm função de resistir a essa solicitação parcialmente
devido à resistência ao cisalhamento, gerada pelo fuste e
pelas tensões normais geradas em sua ponta.
58 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

As estacas podem ser classificadas em dois grupos: as pré-


moldadas e as moldadas in loco. Existem vários tipos de estacas feitas de
vários materiais, daremos o foco para um tipo específico chamado estaca
broca.

A execução de construção de uma estaca broca solução é


relativamente simples, considerando que trado manual é o único
equipamento necessário desse tipo de estaca, além das ferramentas
comuns para qualquer obra. O procedimento está descrito passo a passo
(SCHNEIDER, 2019):

•• Escavação manual da estaca.

•• Apiloamento do fundo da estaca.

•• Concretagem da estaca.

•• Colocação da armadura da estaca.

O dimensionamento desse tipo de estaca deve ser realizado


de modo separado dois tipos de dimensionamento, o geotécnico e o
estrutural.

O dimensionamento geotécnico das estacas geralmente é realizado


de maneira intermediária e semiempíricos. Para cálculo geotécnico dessa
estaca, adotaremos o método de Aoki-Velloso que descreve a resistência
à ruptura de uma estaca como a somatória da resistência lateral mais a
resistência de ponta.

O dimensionamento estrutural refere-se à estruturação da estaca,


por meio dos cálculos de ações atuantes nela e a necessidade ou não de
armaduras. De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2010), não deve ser exigida
a colocação de armadura nos fustes de fundações profundas. Contudo,
as ferragens de arranque são necessárias.
Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações 59

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118
– Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro:
ABNT, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122 –


Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.

DOCE OBRA. Sapata Isolada: o que é, vantagens e aplicações. [s.d.].


Disponível em: https://casaeconstrucao.org/materiais/sapata-isolada/.
Acesso em: 29 mar. 2022.

FALCONI, F. et al. Fundações: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Pini,


1998.

FECCI ENGENHARIA. Esquema prédios em Santos - SP, [s.d.]


https://www.fecciengenharia.com/single-post/2018/02/23/os-
famosos-pr%C3%A9dios-tortos-de-santos

HOROSTECKI, A. R. N; COELHO, J. Dimensionando uma


sapata associada, 2010. Disponível em: https://faq.altoqi.com.br/
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JOPPERT, I. Fundações e contenções de Edifícios. São Paulo: Pini,


2007.

MAPA DA OBRA. Sapata corrida: uma fundação versátil e econômica,


2018. Disponível em: https://www.mapadaobra.com.br/negocios/sapata-
corrida. Acesso em: 29 mar. 2022.

MARINHO, F. Tensão admissível: métodos de determinação. [s.l.]:


Guia da Engenharia, 2019.

NAKAMURA, J. Sapatas de concreto. Revista Téchne, São Paulo, n.


83. 2004.

REBELLO, Y. Fundações: guia prático de projeto, execução e


dimensionamento. São Paulo: Zigurate Editora, 2008.
60 Desenho e Cálculo Estrutural de Fundações

SCHNEIDER, N. Estaca broca: o guia completo para dimensionamento


e execução, 2019. Disponível em: https://nelsoschneider.com.br/estaca-
broca/. Acesso em: 20 jan. 2022.

TROJAHN, O. Análise e dimensionamento de tubulões em


concreto armado. Santa Cruz do Sul: Universidade Santa Cruz do Sul, 2017.

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