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Macroeconomia

Material Teórico
A Escola Clássica

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Valdécio Silvério Bezerra

Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
A Escola Clássica

• Principais pressupostos
• Produção e Emprego
• Produto e Emprego de Equilíbrio
• Moeda, Preços e Juros
• O Governo e a Política Fiscal no Modelo Clássico

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Nessa unidade, continuamos o estudo da Macroeconomia tendo
agora como tema o Modelo Clássico e sua contribuição ao desenvol-
vimento da teoria macroeconômica. Procuramos assim inserir você,
aluno, no estudo da macroeconomia sob a ótica da Escola Clássica
discutindo seus conceitos básicos como produção e emprego, oferta
e demanda agregada; noções referentes à poupança, investimentos,
taxa de juros e política monetária e fiscal e o que os clássicos pensam
sobre a ação do Governo no processo econômico.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas, dentre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE A Escola Clássica

Contextualização
Uma revolução acontecia sob todos os aspectos ao término do século XVIII
e transcorrer do XIX. Seja quando nos reportamos ao contexto das ideias, das
relações sociais e principalmente das relações econômicas.

O que vai nortear nossa preocupação aqui é entender as teorias econômicas que
começam e ser desenvolvidas nesse período, como se estruturaram e influenciaram
o pensamento macroeconômico no seu surgimento.

Novas relações econômicas se estruturam com uma complexidade específica


impondo situações que requeriam respostas e estas começavam a ser pensadas
para esse novo contexto.

Nessa Unidade, todas essas problematizações e situações serão estudadas,


ao final você compreenderá como foi importante esse período para todo o
desenvolvimento da teoria macroeconômica e a influência, que até hoje, o
pensamento representado pela Escola Clássica exerce sobre as teorias econômicas
contemporâneas. Preparado? Então vamos lá!

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Principais Pressupostos
A economia clássica surgiu como uma resposta à ortodoxia representada pelo
conjunto de doutrinas econômicas conhecidas como mercantilismo.

Ortodoxia: um modelo de pensamento econômico predominante representado por um


Explor

determinado conjunto de ideais e teorias.

Os principais dogmas mercantilistas atacados pelos teóricos clássicos foram: o


metalismo que defendia o seguinte princípio: o que determina o poder e a riqueza
de uma nação era os seus estoques de metais preciosos; o outro dogma combatido
estava relacionado à necessidade de intervenção do Estado direcionando o
desenvolvimento do sistema capitalista.

Os economistas clássicos, contrariamente aos mercantilistas, enfatizam a


importância dos fatores reais na determinação da riqueza das nações assim como
as tendências otimizadoras do livre mercado e não intervenção e ausência do
controle estatal nesse processo.

Os principais idealizadores desses princípios foram:

Adam Smith David Ricardo John Stuart Mill Thomas Robert Malthus
(1723 – 1790); (1772 – 1823); (1806 – 1873); (1766 – 1834);
Obra: A Riqueza das Obra: Princípios de Obra: Princípios da Obra: Um Ensaio Sobre o
Nações (1776) Economia Política (1817) Economia Política (1848) Princípio da População (1798)
Em suma, os economistas clássicos tinham como principais pressupostos a tese
da existência de uma “Mão Invisível” capaz de eliminar as crises e a teoria do auto
ajustamento dos mercados via preços e salários.

Segundo Adam Smith as pessoas aplicam o seu capital para que ele renda o
máximo possível, sendo assim não leva em conta o interesse da comunidade e sim
o seu próprio interesse, no entanto, o que o autor defende é que ao promover seu
interesse pessoal o indivíduo termina por promover o interesse geral, o coletivo.

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Dessa forma ao perseguir o interesse pessoal o homem acaba por beneficiar a


sociedade, guiado assim por uma espécie de “Mão Invisível”.

Ainda segundo essa teoria, o mercado tenderia ao equilíbrio, ou seja, ele se


autorregula segundo a lei da oferta e da procura. Por exemplo, a inflação seria
corrigida pelo equilíbrio forçada dos preços orientados pelo equilíbrio entre a oferta
e procura conduzido pela Mão Invisível do mercado.

Produção e Emprego
Produção
Uma relação central no modelo clássico é a função produção agregada. Essa
função produção teria como base a tecnologia das firmas. Essa relação se daria
entre os níveis da produção e os níveis de insumos. Sendo assim, para cada nível de
utilização de insumos, por meio da função produção teríamos um valor resultante
da produção.

Veja como podemos escrever essa função:

y = F (K, N)

Onde: y é a produção real, K é o estoque de capital (prédios e equipamentos) e


N é a quantidade de mão-de-obra.

Por convenção, supomos que no curto prazo o estoque da capital seja fixo,
em decorrência disso temos a barra sobre o símbolo da capital. O mesmo ocorre,
supostamente, com a tecnologia e a população que permanecem constantes no
curto prazo.

Com base nesses pressupostos obtemos um primeiro enunciado: No curto


prazo, o único fator que provoca a variação da produção é a alteração na utilização
de mão-de-obra (N), oriunda da população que supostamente é fixa.

Na Figura 1(a) abaixo, representamos, por meio de um gráfico, o produto


que representa os efeitos da utilização eficiente de diferentes quantidades de
mão-de-obra.

Podemos deduzir várias características interessantes de acordo com a função


produção desenhada nesse gráfico.

Baixos níveis de emprego, (abaixo de N’), opõe-se que a função seja uma linha
reta; o que isso significa, que mesmo com o aumento na utilização da mão-de-obra
os retornos constantes na produção, ou seja, não se altera;

No intervalo entre N’ e N”, consideramos que qualquer acréscimo de mão-de-


obra resultam em aumentos da quantidade produzida;

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Mas quando avançamos à direita de N” à medida que empregamos mais
trabalhadores, mais mão-de-obra, a quantidade produzida passa a ter magnitudes
progressivamente menores. Isso quer dizer que além de N’’, ao aumentarmos
a utilização de trabalho, não produzimos e nenhum incremento na produção,
interessante, não é?

Agora na Figura 1(b), representamos um gráfico de variação da produção


por alteração de mão-de-obra, definido como produto marginal do trabalho
(PMgN). A curva do produto marginal do trabalho é a inclinação da função
produção (Δy/ΔN) na Figura 1(a). Abaixo de N’, enquanto N cresce, a linha é
reta, representando um produto marginal do trabalho constante. “Além de N’, o
produto marginal do trabalho é positivo, mas decrescente diminuindo até que a
curva encontre o eixo horizontal em N” (FROYEN, p. 48, 2005)

a. A função Produção

b O Produto Marginal do Trabalho

Figura 1 - As Curvas da Função Produção e do Produto Marginal do Trabalho

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A parte a é o gráfico da função produção, mostrando o valor de produção (y) para


cada nível de emprego (N). À medida que o emprego sobe, a produção aumenta,
porém a uma taxa decrescente. A inclinação da função produção (Δy/ΔN) é
positiva, mas ela diminui à medida que avançamos pela curva. O produto marginal
do trabalho (PMgN), ilustrado na curva da parte b do gráfico, é o incremento ao
produto resultando do acréscimo de mais uma unidade de mão-de-obra. O produto
marginal do trabalho é medido pela inclinação da função produção (Δy/ΔN), e é
uma curva com inclinação negativa, quando traçada contra os níveis de emprego.

(O símbolo de diferenciação, Δ (delta), indica a variação no valor da variável que


o segue, por exemplo, Δy é a variação de y) (FROYEN, p. 48, 2005)

Emprego
Você deve ter percebido quão importante é o conceito de produção para os
economistas clássicos, e para o estudo macroeconômico, mas outro fator associado
à produção exerce papel importante nesses estudos, o Emprego.

O que caracteriza a análise clássica do mercado de trabalho é a suposição de que


este funciona harmoniosamente. Segundo essa máxima, tanto as firmas quanto o
trabalhadores escolhem e agem de forma ótima, ou seja, não há obstáculos aos
ajustes dos salários nominais, o mercado se equilibra se ajusta naturalmente.

Destacamos no capítulo anterior que para que a produção ocorra é preciso


alocar mão-de-obra, é preciso trabalho. Agora vamos detalhar como isso acontece
analisando a demanda por trabalho de uma firma individual. No modelo clássico,
as firmas são perfeitamente competitivas e visam maximizar seus lucros otimizando
as quantidades a serem produzidas.

No curto prazo, a produção só pode ser alterada por meio da variação na


utilização do insumo trabalho, de modo que a escolha do nível de produção e a
quantidade de trabalho constituem uma única decisão (FROYEN, p. 49, 2005).

Dessa forma uma firma perfeitamente competitiva buscará aumentar a sua


produção até encontrar o ponto em que ocorre o equilíbrio entre o custo marginal
de produção e a receita marginal recebida pela venda. Isso quer dizer que a
receita marginal é igual ao preço do produto. O trabalho é o único fator variável
da produção, determinando que o custo marginal de cada unidade adicionada à
produção é o custo marginal do trabalho.

Para encontrarmos o custo marginal do trabalho, basta dividirmos o salário


monetário pelo número de unidades produzidas por unidade adicional de mão-de-
obra. Parece complicado, mas não é, perceba:

O produto marginal do trabalho é definido como as quantidades produzidas por


unidade adicional de mão-de-obra (PMgN), como já vimos. Assim o custo marginal
de uma determinada firma (CMg1) é igual ao salário monetário ou nominal (W)
dividido pelo produto marginal do trabalho para essa firma (PMgN1)

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W
CMg1 =
PMgN1

Podemos deduzir então que a condição para que uma firma maximize seu lucro
no curto prazo é que:

W
=P CMg
= 1
PMgN1

Voltando ao que afirmamos anteriormente, ocorrerá a maximização do lucro


quando o salário real (W/P) pago pela firma for igual ao produto marginal do
trabalho (que é medido em unidades da mercadoria, isto é, em termos reais),
representando na fórmula, temos:

W
= PMgN1
P

Para se aprofundar mais nesse assunto leia os capítulos sobre Produto e Emprego do livro de
Explor

FROYEN, Richard T. Macroeconomia. 5.ed São Paulo: Saraiva, 2005

Produto e Emprego de Equilíbrio


A terminologia mais utilizada afirma que o produto, o emprego e o salário real
são tidos como variáveis endógenas ao modelo clássico. Isso quer dizer que são
variáveis determinadas dentro do modelo, ou por ele.

Ilustramos o equilíbrio do produto e emprego no contexto do modelo clássico


na Figura 2.

Na parte (a) demonstramos no gráfico como ocorre o equilíbrio entre o emprego


(N0) e do salário real (W/P)0, ou seja, no ponto de intersecção entre as curvas da
demanda agregada por trabalho e da oferta total de trabalho.

Atingindo esse nível de trabalho de equilíbrio (N0), obtemos um nível de equilíbrio


do produto (y0), que está definido pela função produção, representado na parte (b)
da Figura 2.

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a. Equilíbrio no Mercado de Trabalho

b. Equilíbrio no Mercado de Trabalho

Figura 2 - A Teoria Clássica do Produto e do Emprego


A parte a ilustra a determinação do equilíbrio no mercado de trabalho
ao nível de salário real (W/P)0, que iguala perfeitamente a oferta com a
demanda por trabalho. O nível de equilíbrio de emprego resultante é N0.
Uma vez determinado o nível de equilíbrio de emprego, achamos o nível
de equilíbrio de produção, y0, na curva da função produção da parte b.
(FROYEN, p. 56, 2005)

Agora vamos destacar alguns dos fatores fundamentais que determinam o


produto e o emprego no modelo clássico.

Nesse modelo, os fatores que determinam as posições das curvas de oferta e


demanda por trabalho, assim como a posição da função produção agregada, são
os que determinam a produção e o emprego, os fatores são:

Mudança de tecnologia; alteração do estoque de capital no decorrer do tempo.

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Concluímos assim que no modelo clássico, os níveis de produção e emprego
são determinados exclusivamente por fatores associados à oferta, sendo
assim o nível de demanda agregada não terá efeito sobre o produto.

Importante! Importante!

Duas suposições estão implícitas na representação clássica do mercado de trabalho:


1 Os preços e salários são perfeitamente flexíveis e;
2 Todos os participantes desse mercado têm informação perfeita sobre os preços.

As duas suposições acima são essências para a defesa da natureza do equilíbrio


do emprego e do produto na teoria clássica, Keynes atacará esses elementos em
sua teoria.

Moeda, Preços e Juros


A Teoria Quantitativa da Moeda
O que você precisa entender para determinar o nível de preços no modelo
clássico? É necessário analisar o papel da moeda.

Na teoria clássica, a quantidade de moeda determina o nível de demanda


agregada, que, por sua vez, determina o nível de preços.

Começamos com a equação de trocas, origem da teoria quantitativa da


moeda (TQM).

O primeiro pensador a tratar a teoria quantitativa da moeda foi o filósofo


David Hume no século XVIII, a fórmula abaixo é o ponto de partida da medida da
velocidade de circulação da moeda.

MV=PY

M = quantidade de moeda; V = velocidade de transação de moeda; P = nível geral de preços e;


Y = renda ou produto real. Como a velocidade é definida ex post, essa relação é uma identidade.

Segundo a TQM, um aumento do meio circulante provoca um aumento geral


nos preços. Isso implica em que o poder aquisitivo da moeda seria inversamente
proporcional ao seu montante em circulação. A equação acima nos diz que o
produto da quantidade de moeda, legal e/ou escritura, pela sua velocidade de
circulação, é igual à soma de todos os preços multiplicados pelo produto.

No sistema clássico existe um vínculo direto entre moeda e preços, uma oferta
excessiva de moeda causaria um aumento na demanda por mercadorias e exerceria
pressão de alta sobre o nível de geral de preços.

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Demanda Agregada e Oferta Agregada


Para os economistas clássicos a moeda possui uma única função, meio de
troca. Dessa forma, os agentes econômicos demandam moeda pelos motivos
“transação” e “precaução”, ambos relacionados com a renda de forma positiva,
não há a possibilidade de entesouramento. Utiliza-se a moeda para demandar
bens e serviços. Portanto, um aumento no estoque de moeda aumenta a demanda
agregada, deduzimos então que a TQM é ao mesmo tempo uma teoria de demanda
por moeda e demanda agregada.

Se o produto real é dado pela oferta, a única variável determinada pela demanda
é o nível geral de preços. No modelo clássico, políticas monetárias expansionistas
ampliam a demanda e, como a oferta é dada pelas condições reais, as únicas
variáveis afetadas pela moeda são as nominais (preços). Na Figura 3, representamos
a curva de demanda agregada no modelo clássico.

Figura 3 - Curva de Demanda Agregada Clássica

Importante! Importante!

Uma mudança na quantidade de moeda é o único fator que desloca a curva de demanda,
ou seja, um aumento no estoque de moeda desloca a curva de demanda agregada para
cima e para a direita, curva de DA1.

A oferta agregada clássica se define de acordo com algumas hipóteses:


1. Completa flexibilidade de preços e salários: como os preços e salários
são flexíveis, as forças de mercado tendem a equilibrar a economia a pleno
emprego, sendo este o ponto em que a oferta e a demanda de mão-de-obra
se igualam.
2. Neutralidade da moeda: como o nível de emprego é determinado pelas
forças de mercado, a quantidade de moeda na economia afeta apenas o nível

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geral de preços, ou seja, as variáveis reais, bem como os preços relativos, não
são afetados pela política monetária.
3. Segundo a Lei de Say: a oferta cria sua própria demanda, sendo assim,
a demanda agregada não é um fator determinante do nível de produto
da economia.

Sendo assim a curva de oferta agregada clássica é vertical e atende à dicotomia


clássica, uma vez que o nível de produto é independente da demanda agregada e,
portanto, independe da oferta de moeda. Este nível de produto de longo prazo, Y,
é chamado de nível de produto de pleno emprego: é o nível de produto no qual os
recursos da economia estão plenamente empregados, ou, de forma mais realista,
em que o desemprego está em sua taxa natural. A redução na demanda agregada
afeta o nível de preços, mas não o nível do produto.

Figura 4 - Curva de Oferta Agregada Clássica

O aumento do estoque da moeda, de M0 para M1, desloca a curva de demanda agregada


para a direita, de DA0 (M0) para DA1 (M1). O nível de preços aumenta de P0 para P1. No
entanto, o produto que é determinado pela oferta, permanece inalterado (y0 = y1)

A Teoria Clássica (Poupança, Investimentos e Taxa de Juros)


Na teoria clássica a taxa de juros era aquela que garantia que o montante de
fundos que os indivíduos desejavam emprestar fosse exatamente igual ao montante
que os outros indivíduos desejavam tomar emprestado.

No entanto, a taxa de juros também influenciará na decisão da renda entre


poupança e consumo, ou seja, uma escolha entre consumir hoje ou no futuro. O
prêmio por essa espera é expressa no tamanho da taxa de juros que remunerará a
poupança do indivíduo.

Quanto maior a taxa de juros mais caro será o consumo presente em termos do
consumo futuro, dessa forma a poupança será estimulada.

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Você percebe que a poupança é estimulada positivamente com a taxa de juros


alta, por outro lado, o consumo apresenta uma relação inversa com a taxa real de
juros, à medida que ela aumenta o consumo diminui.

Podemos deduzir então que o volume de poupança corresponde à oferta de


fundos no mercado financeiro, Quanto maior a taxa de juros, maior será a quantidade
de recursos ofertados, Assim sendo, a função poupança será crescente, em
relação à taxa de juros.

Aqueles que desejam investir buscam a demanda por fundos. Esse investimento
corresponde ao acréscimo no estoque de capital numa economia específica, isso
tem como objetivo ampliar a produção futura.

O custo do investimento é a taxa de juros que o agente paga para obter


o empréstimo com o objetivo de adquirir um bem de capital, ou o custo de
oportunidade, quando o detentor de recursos incorre ao não aplicar sua poupança
em títulos e imobilizar esses recursos na produção.

No entanto, a produtividade marginal do capital é decrescente, isso quer dier


que, para que o investimento se amplie, isto é, para que as empresas utilizem mais
capital é necessário que a taxa real de juros reduza.

Conclui-se assim que a demanda de recursos no mercado financeiro é


inversamente relacionada com a taxa de juros, o aumento desta incorre em
diminuição dos investimentos.

Na Figura 5, demonstramos por intermédio de uma gráfico o equilíbrio entre


poupança e investimento no modelo clássico.

Figura 5 - Equilíbrio entre Poupança e Investimento no Modelo Clássico

No gráfico representado na Figura 5 a taxa real de juros de equilíbrio (rE), o Investimento


de equilíbrio (IE) e a Poupanças de equilíbrio (SE), são os valores de equilíbrio da taxa
real de juros, dos investimentos e da poupança agregada

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Duas conclusões podem ser deduzidas: a partir do exposto acima:

Primeiro: No modelo clássico, a taxa de juros não é afetada pela política


monetária, esta ao afetar o nível de preços, pode afetar a taxa nominal de juros,
mas não a real, não afeta também as decisões de poupança e investimentos
na economia.

Segundo: O mercado financeiro é visto como do tipo concorrência perfeita, a


flexibilidade da taxa de juros garante que a parcela da renda que não for consumida
será investida, validando a Lei de Say, isso porque não há obstáculos do lado da
demanda à determinação do produto.

Com uma taxa de juros acima da (rE), onde ocorre a igualdade entre poupança e
investimento, haverá pressão por parte dos poupadores pela aquisição de títulos e
fará com que esta se reduza, incentivando o investimento e diminuindo a poupança
até que ambas se igualem. Por outro lado se esta taxa estiver abaixo da (rE), haverá
excesso por recursos (mais investimentos e menos poupança), provocando pressão
por parte dos investidores para que a taxa de juros suba até que o mercado
se equilibre.

O Governo e a Política Fiscal no


Modelo Clássico
A política fiscal refere-se a alocação de recursos com base no orçamento público,
sendo composta das decisões governamentais sobre gastos e tributação. Vamos
partir da análise dos gastos do Governo nesse modelo.

O que você pode conceber como concreto é que o governo trabalha com uma
restrição orçamentária, da mesma forma que você em sua casa, ou uma empresa.
Essa limitação impede que o governo gaste mais do que arrecada.

O governo tem três fontes de recursos: a tributação, a venda de títulos ao público


(empréstimos de recursos do público) ou o financiamento pela criação de moeda.

Suponha que, para efeito didático, a oferta de moeda seja fixa e a cobrança de
impostos também. Com isso, ainda por suposição, o financiamento do aumento
dos gastos do governo será financiado pela venda de títulos ao público.

Esse tipo de política não afetará os valores de equilíbrio do produto ou do nível


de preços. Notamos isso ao construirmos as curvas de demanda e oferta agregadas
e veremos como juntas determinam o produto e o nível de preços, sem referência
ao nível de gastos do governo. “Como o produto não é afetado pelas mudanças
nos gastos do governo, o emprego também não é afetado pelas mudanças nos
gastos do governo, o emprego deverá permanecer inalterado” (FROYEN, p. 79,
2005), Hipótese que mais tarde será contestado por Keynes.

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Para que você entenda como isso ocorre, vamos examinar os efeitos de uma
mudança nos gastos do governo sobre a taxa de juros.

A Figura 6 mostra o efeito provocado pelo aumento nos gastos do gover-


no financiado pela venda de títulos ao público sobre o mercado de fundos
de empréstimos.

O déficit do governo é equivalente ao montante de aumento em seus gastos.


Se não há déficit, a demanda por fundos de empréstimos corresponde somente
ao financiamento dos investimentos privados, representado pela curva i na
Figura 6. Ocorrendo o aumento nos gastos governamentais a demanda por fundos
de empréstimos se desloca para a curva i + Δg na figura.

A distância do deslocamento horizontal da curva (Δg) mede a magnitude do


aumento nos gastos do governo. Como o governo emite e vende títulos ao público
ocorre um aumento na demanda por fundos de empréstimos. Isso provoca um
excesso de agentes dispostos a tomar empréstimos com relação aos que estão
dispostos a concedê-los à taxa inicial r0 e a taxa sobe para r1.

Figura 6 - Efeito do Aumento nos Gastos do Governo (Modelo Clássico)

O aumento nos gastos do governo desloca a curva de demanda por fundos de


empréstimos para a direita, de i para i + Δg. A taxa de juros de equilíbrio aumenta
de r0 para r1. O aumento na taxa de juros causa uma queda nos investimentos, de i0
para i1 a distância B, e um aumento na poupança igual à queda no consumo de s0 para
s1, a distância A. A queda nos investimentos e do consumo compensa exatamente o
aumento nos gastos do governo. (FROYEN, p. 80, 2005)

O que podemos observar, ilustrado no gráfico acima é que o montante de


redução no consumo – aumento na poupança (distância A), somado à redução nos
investimentos (distância B) é igual ao aumento nos gastos do governo (Δg).

Concluímos que com o aumento da taxa de juros desestimulam as famílias


ao consumo e estas substituem o consumo presente por consumo futuro. Os
investimentos privados diminuem, pois se tornam desestimulantes em virtude do

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maior custo. Dessa forma, a demanda agregada não é alterada, os aumentos dos
gastos do governo financiados por títulos não afetam o nível de preços. Este é um
ponto crucial, um aumento nos gastos do governo não tem nenhum efeito
independente sobre a demanda agregada. (FROYEN, 2005)

Em Síntese Importante!

Os economistas clássicos davam ênfase às tendências de auto ajuste na economia. Livre


das ações do governo que causam instabilidade, o setor privado permaneceria estável,
e o pleno emprego seria atingido. O primeiro desses mecanismos auto-estabilizadores
é a taxa de juros, que se ajusta para evitar que mudanças nos diferentes componentes
da demanda afetem a demanda agregada. O segundo conjunto de estabilizadores
no sistema clássico é a flexibilidade de preços e salários nominais, que impede que
as mudanças da demanda agregada afetem o produto. A flexibilidade de preços e
salários é vital para garantir as propriedades de pleno emprego do sistema clássico.
A estabilidade inerente do setor privado levou os economistas clássicos a concluir por
políticas econômicas não intervencionistas.(FROYEN, p. 86, 2005)

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Princípios de Economia Política e Considerações sobre sua Aplicação Prática
MALTHUS, Thomas Robert. Princípios de economia política e considerações
sobre sua aplicação prática. São Paulo: Nova Cultural Ltda., 1996.
Princípios de Economia Política
MILL, John Stuart. Princípios de Economia Política. São Paulo: Nova Cultural
Ltda., 1996
Princípios da Economia Política e Tributação
RICARDO, David. Princípios da Economia Política e Tributação. São Paulo. Nova
Cultural Ltda, 1996
Princípios da Economia Política e Tributação
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. São Paulo: Nova Cultural Ltda. 1996

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Referências
BLANCHARD, O. J. Macroeconomia. 4. ed. , v., São Paulo: Prentice Hall, 2007.

DORNBUSCH, R.; FISHER, S. Macroeconomia. 5. ed., v., São Paulo: Pearson


Makron Books, 2006.

FROYEN, Richard T. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo-SP: Saraiva, 2005.

LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual De Macroeconomia: Nível


Básico e Nível Intermediário. 2. ed. , v.,São Paulo: Atlas, 2000

MANKIW, N. Gregory. Macroeconomia. 6. ed., Rio de Janeiro: LTC-Livros


Técnicos e Científicos, 2008.

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