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Histórico e Debates
Material Teórico
Política Comercial: Histórico e Debates
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Política Comercial: Histórico e Debates
• Introdução;
• A Economia Política da Política Comercial: Justificativas a
favor e contra o Livre Comércio;
• As Teses da Realidade das Políticas Comerciais;
• Acordos Comerciais Internacionais: Aspectos Históricos Marcantes;
• Política Comercial e Industrialização na América Latina;
• Críticas ao Modelo de Industrialização pela Substituição
de Importações;
• A Geração de Escala Ineficiente;
• O Desenvolvimento do Dualismo Econômico;
• Considerações Finais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar a dicotomia formada entre autores a favor o Livre Comércio e
os autores contra ele, a partir dos respectivos argumentos apresentados,
bem como as teorias da realidade das Políticas Comerciais.
· Discorrer sobre o histórico dos Acordos de Política Comercial ao longo do
século XX, a Política de Industrialização pela Substituição de Importações
em países latino-americanos e as críticas provenientes do uso desse mode-
lo de industrialização.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Política Comercial: Histórico e Debates
Introdução
A intervenção dos Governos ao redor do mundo em relação ao Comércio é tema
constante nos debates econômicos. Por um lado, a intervenção governamental por
meio de uma Tarifa Aduaneira poderia representar proteção da Indústria nacional
nascente e externalidades positivas em diversos Mercados no país que aplica uma
Política de Contenção na importação de produtos.
Por outro lado, poderia fragmentar os Mercados, além de gerar perdas de eficiên-
cia em função de desvios realizados na produção e consumo, por exemplo. Debates
a favor e contra o Livre Comércio e a síntese do histórico das Políticas Comerciais
no mundo e em países subdesenvolvidos são os temas desta Unidade.
Além disso, a presente Unidade busca discorrer sobre o histórico dos Acordos
de Política Comercial ao longo do século XX, a Política de Industrialização pela
Substituição de Importações em países latino-americanos e as críticas provenientes
do uso desse modelo de industrialização.
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Os defensores do Livre Comércio advogam que as Políticas Comerciais podem
gerar conjunto de empresas ineficiente, criando, assim, Mercados muito fragmen-
tados, com cada Empresa com uma fatia incapaz de maximizar o lucro.
Com relação ao argumento da aplicação de uma tarifa ótima, diz-se que uma
tarifa poderia ser aplicada de modo a se obter ganhos de termos de troca, em de-
trimento, portanto, da perda de bem-estar de outro(s) país(es).
Uma tarifa ótima poderia ser obtida ao conseguir um elevado ganho em termos
de troca e a menor perda de eficiência possível, tanto em relação às possíveis dis-
torções provocadas na produção e quanto no consumo.
Uma crítica-chave à criação de uma tarifa ótima seria que o ganho a partir dela
com a consequente perda de bem-estar por outros países poderia gerar retaliação
suficiente para travar o Comércio internacional e reduzir os efeitos benéficos que o
Comércio entre nações poderia promover. A criação de uma tarifa como essa seria
parte de uma estratégia conhecida como “política empobreça seu vizinho”.
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Isso implica dizer que uma Política Comercial ativa seria capaz de gerar o que se
chama de “benefício social marginal”. Nesse contexto, a proteção da Indústria local
por meio da Política Comercial seria, também, uma forma de as empresas terem
um retorno – apropriarem – de um bem público gerado por elas com a geração de
conhecimento, tecnologia e dinamização da produção no país, por exemplo.
No que diz respeito à concorrência eleitoral, alguns autores advogam que a de-
terminação de uma alíquota de tarifa, por exemplo, dependeria do eleitor mediano.
Para entender a ideia, observe a Figura 1.
Observando a Figura 1, você encontrará cinco eleitores. Considere que eles corres-
pondam a todos os eleitores de um país. Caso a questão da alíquota da Tarifa Aduanei-
ra de um produto seja o centro de discussão da corrida eleitoral e os eleitores tenham
se posicionado sobre a alíquota que seria de interesse do país, a Figura 1 apresenta a
alíquota preferida de cada eleitor, sendo que os eleitores estão enumerados em ordem
crescente em relação às alíquotas.
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Imagine que existam dois candidatos à presidência: candidato A e candidato B.
Caso os candidatos A e B estejam planejando prometer alíquota de 0% e 100%, res-
pectivamente, o candidato A teria o voto dos eleitores 1, 2 e 3, o candidato B teria o
voto dos eleitores 4 e 5. A razão é que, apesar da promessa do candidato A somente
agradar integralmente o eleitor 1, esse candidato estaria mais próximo do desejo dos
eleitores 2 e 3. A mesma análise poderia ser realizada para o candidato B, com relação
aos eleitores 4 e 5.
Sabendo que teria apenas dois votos, como o candidato B poderia proceder
para ganhar eleição?
Outra teoria recorrente é a da ação coletiva, que defende que a política a ser
adotada dependeria do que seria o desejo dos grupos mais bem organizados. Indivi-
dualmente, os cidadãos teriam dificuldade muito maior na luta de seus interesses, de
modo que o benefício resultante da ação individual seria menor que o custo de lutar
pelo interesse.
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O GATT, por ser apenas um Acordo entre países, não possuía alguns instrumen-
tos essenciais para o desenvolvimento das relações comerciais, como, por exemplo,
a existência de uma sede em funcionamento para agilizar a resolução de litígios entre
países. A criação da OMC, em 1995, é parte deste processo de reforma administra-
tiva das relações comerciais entre as nações, e dá continuidade às normas do GATT
e, a partir de sua formação, as decisões são tomadas de forma mais rápida, o que
fortifica as negociações multilaterais.
A OMC não possui instrumentos punitivos diretos sobre países que ferem os
Acordos, mas pode conceder o direito à retaliação ou à cobrança de indenizações
estabelecidas pela organização a serem repassadas à(s) parte(s) prejudicada(s).
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A Figura 2 apresenta as principais funções da OMC.
Conforme Krugman e Rubinfeld (2005, p 178): “[...] sete anos com ofertas e
contra-ofertas, ameaças e contra-ameaças e, acima de tudo, dezenas de milhares de
reuniões tão entediantes que mesmo o diplomata mais experiente tinha dificuldade
em manter-se acordado”.
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Para contextualizar a PSI, leia os trechos a seguir extraídos do livro Economia Internacional,
de Carvalho e Silva (2007, p. 95).
(...)
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O desenvolvimento era visto como impraticável sem um sistema de proteção que
transferisse renda para a indústria e a preservasse da concorrência internacional.
Assim, a agregação das ideias da perda nas relações de troca, da indústria nascente e
da distribuição de renda entre países resultou no argumento da substituição de impor-
tações, base dos programas de industrialização da América Latina após a Segunda
Guerra Mundial.
A partir dos trechos anteriores, fica clara que a ideia da PSI era atingir o desen-
volvimento econômico. Os principais argumentos expostos em Carvalho e Silva
(2003) pelo atraso em relação aos países mais avançados seriam: o diferencial dos
termos de troca, a indústria nascente e a redução da desigualdade de renda
entre os países.
O argumento da indústria nascente diz respeito à necessidade de se criar uma
proteção em relação à concorrência internacional para que as indústrias dos países
em desenvolvimento pudessem se estruturar. Tem-se aí uma noção de que a Política
Comercial revelou-se uma “incubadora” das indústrias que surgiriam. Um ponto im-
portante é que a utilização de barreiras comerciais, nesse contexto, estava prevista
para ser provisória; no entanto, tornou-se permanente.
Em relação ao desenvolvimento desigual, a Política teria a intenção de reduzir
a desigualdade entre as nações, mas também, de acordo com Krugman e Obstfeld
(2005, p. 192), tratar o desenvolvimento regional disforme.
A Política de Substituição de Importações (PSI) na América Latina se inicia
da década de 1930, em função da crise de 1929 – que explode com a quebra
da Bolsa de Nova Iorque; fortalece-se na primeira metade da década de 1940,
em razão da interrupção do Comércio durante a 2ª GGM, e chega ao auge nas
décadas de 1950 e 1960, reduzindo-se na década de 1970.
Cronologicamente, a Industrialização por Substituição de Importação iniciou-se
pelos estágios finais da Cadeia Produtiva, ou seja, a partir dos bens de consumo durá-
veis e não duráveis, como o processamento de alimentos e montagem de automóveis
e eletrodomésticos. Posteriormente, parte-se para os bens intermediários, como a
produção de aço. O passo final seria a produção de bens manufaturados sofisticados,
como máquinas e ferramentas de alta precisão (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005).
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Nas próximas seções, serão apresentadas quatro críticas relacionadas a esse modelo
de industrialização, a saber: crítica ao argumento da indústria nascente; incapaci-
dade para criar ambiente para o desenvolvimento econômico dos países; gera-
ção de escala ineficiente e desenvolvimento de dualismo econômico.
Entretanto, os críticos ao PSI relembram que uma Tarifa Aduaneira tende a gerar
custos líquidos expressivos pelas perdas de eficiência de produção e consumo, as
quais raramente são superadas pelos ganhos de termos de troca; e, mesmo que
eles superassem as perdas, o país estaria sujeito a ser alvo de retaliações por outros
países por estar atuando com uma política do tipo empobreça-seu-vizinho.
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A Geração de Escala Ineficiente
A restrição às exportações, seja por meio de tarifas aduaneiras, seja por cotas
à importação ou outras formas de bloqueio, acaba por gerar uma escala ineficiente
de produção.
Diversas empresas, para poderem alcançar o Mercado interno dos países que ado-
taram a PSI, tiveram de se instalar neles de modo a tornar seus produtos competitivos
internamente e, assim, livrarem-se da dificuldade imposta pela Política Comercial.
Entretanto, empresas produtoras de bens cujo custo marginal de longo prazo não
é compatível com a quantidade demandada por determinado bem, apresentam, de
acordo com a Teoria Microeconômica Neoclássica, ineficiência no aspecto produtivo.
Uma Empresa que esteja com dificuldade de obter ganhos de escala com deter-
minada linha de bens teria de expandir o “leque de opções” de produtos para atingir
o estágio produtivo adequado. Parcialmente, em função disso, alega-se ser uma das
razões para a falta de especialização em alguns países menores e, portanto, ausência
de vantagem comparativa na produção de determinados bens.
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O êxodo rural era um sintoma desse processo. Muitos cidadãos de diversas partes
desses países migravam para as grandes cidades na esperança de encontrar uma
função que oferecesse um “futuro melhor”. Entretanto, problemas de eficiência
produtiva existentes nas empresas instaladas nos países inibiam a contratação de
trabalhadores no mesmo ritmo do fluxo migratório. O resultado foi, de acordo com
os críticos, a geração de desemprego persistente, principalmente, em áreas urbanas.
Considerações Finais
Esta Unidade apresentou os debates da literatura na dicotomia formada entre
autores a favor o Livre Comércio e os autores contra ele, a partir dos argumentos
apresentados. Apesar desse debate, a decisão real sobre a Política Comercial estaria
mais relacionadas às teorias do eleitor mediano e da ação coletiva.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Introdução às Finanças Internacionais
CARVALHO, G. de. Introdução às finanças internacionais. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2007 (e-book).
Economia Internacional
KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M.; MELITZ, M. J. Economia Internacional. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2015 (e-book).
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Referências
CARVALHO, M. A. V.; SILVA, C. R. L. Economia Internacional. 4.ed. São Paulo:
Saraiva, 2007.
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