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Trabalho de Economia Industrial

1- A empresa como instituição é entendida como uma entidade administrativa e


financeira cujos objetivos predominantes são o crescimento e a acumulação interna de
capital. A diversificação industrial apresenta-se, historicamente, como uma das formas mais
tradicionais de expansão das empresas na economia capitalista. Essa empresa diversificada,
todavia, pode apresentar diferentes formatos de organização interna. Como ponto de partida
para essa discussão, é possível considerar as proposições de Oliver Williamson e Alfred
Chandler, relativas à existência de dois modelos estilizados de estrutura organizacional – o
formato unitário (forma U) e a empresa multidivisional (forma M).

O mercado corresponde à demanda por um grupo de produtos substitutos próximos


entre si. Para uma empresa diversificada, no entanto, a ideia de mercado envolve também
outros espaços concorrenciais em que pode atuar, definidos como área de comercialização
por Edith Penrose. A indústria, por seu turno, é definida pelo grupo de empresas voltadas
para a produção de mercadorias que são substitutas próximas entre si e, dessa forma,
fornecidas a um mesmo mercado. Da mesma forma que para a noção de mercado, para uma
empresa diversificada a indústria pode representar um conjunto de atividades que guardam
algum grau de correlação técnico-produtiva, constituindo um conjunto de empresas que
operam métodos produtivos semelhantes.
2- Economias de escala referem-se aos benefícios obtidos quando uma empresa aumenta
sua produção ou escala de operações. À medida que a produção aumenta, os custos médios
por unidade de produção tendem a diminuir. Isso ocorre porque os custos fixos são
distribuídos por um número maior de unidades produzidas, resultando em uma redução dos
custos unitários. Além disso, a empresa pode aproveitar melhor os recursos, como mão de
obra especializada, infraestrutura e tecnologia, à medida que cresce. Como resultado, a
empresa pode obter uma vantagem competitiva em termos de preços mais baixos, maior
participação de mercado e lucros maiores.

Economias de escopo, por outro lado, referem-se aos benefícios obtidos quando uma
empresa diversifica suas atividades ou produz uma variedade de produtos relacionados. A
diversificação permite que a empresa compartilhe recursos, como infraestrutura, logística,
conhecimento e marca, entre diferentes linhas de produtos ou segmentos de mercado. Isso
reduz os custos médios de produção e distribuição, tornando a empresa mais eficiente
globalmente. Além disso, a diversificação também pode levar a sinergias entre as diferentes
partes do negócio, resultando em um aumento geral da eficiência e competitividade.

As consequências para o tratamento do tamanho das empresas são as seguintes:

1. Vantagem competitiva: Empresas que aproveitam as economias de escala e escopo


podem ter uma vantagem competitiva sobre empresas menores. Elas podem oferecer
preços mais baixos, maior variedade de produtos e serviços, melhor qualidade e uma
presença de mercado mais ampla. Isso pode levar a uma maior participação no
mercado e maior poder de negociação em relação a fornecedores e clientes.
2. Barreiras à entrada: As economias de escala e escopo podem criar barreiras à entrada
para novas empresas. As empresas estabelecidas podem ter custos mais baixos e
maior eficiência, o que torna difícil para novos concorrentes entrarem no mercado e
competirem em igualdade de condições. Isso pode levar a uma concentração de
mercado e redução da concorrência.
3. Concentração de mercado: A busca por economias de escala e escopo pode levar a
uma concentração de mercado, com empresas maiores adquirindo ou eliminando
empresas menores. Isso pode levar a um mercado dominado por poucos grandes
players, o que pode ter implicações para a concorrência, inovação e escolha do
consumidor.
4. Eficiência e redução de custos: As economias de escala e escopo permitem que as
empresas sejam mais eficientes na utilização de recursos, resultando em redução de
custos de produção e distribuição. Isso pode levar a preços mais baixos para os
consumidores e maiores margens de lucro para as empresas.
3- A ideia básica do Modelo ECD consiste, portanto, em identificar que variáveis ou
conjunto de atributos são capazes de explicar as diferenças de desempenho observadas a
partir do monitoramento das indústrias. As condutas das empresas são diferenciadas e
motivadas, principalmente, pelo tipo de estrutura da indústria. A estrutura da indústria, por
sua vez, depende de certo número de condições básicas que são de naturezas bastante
diversas: técnicas, institucionais e relevância da demanda. Pressupõe-se que o desempenho
em indústrias ou mercados particulares seja dependente da conduta ou das estratégias dos
vendedores (produtores) e dos compradores (consumidores) em diferentes assuntos, como a
política e a prática de preços, cooperação explícita ou tácita entre as empresas, estratégias de
linhas de produtos e propaganda, esforços de pesquisa e desenvolvimento (P&D),
investimento em plantas produtivas, táticas legais (como, por exemplo, enforcement dos
direitos de patentes), e assim por diante.

A conduta, por sua vez, depende da estrutura do mercado relevante,2 caracterizada


pelo número e tamanho dos vendedores e compradores, o grau da diferenciação física ou
subjetiva dos produtos e serviços, da presença ou ausência de barreiras à entrada de novas
empresas, do formato das curvas de custo, do grau de integração vertical das empresas e da
extensão de diversificação das empresas para outros mercados. Finalmente, a estrutura de
mercado é determinada por uma série de condições básicas. Por exemplo, do lado da oferta,
os fatores determinantes da estrutura são: a localização e a propriedade da matéria prima, a
natureza das tecnologias relevantes (processos contínuos ou em batelada, ou alta ou baixa
elasticidade de substituição dos insumos), o grau de sindicalização da força de trabalho, a
durabilidade do produto, o padrão de entrega da produção (pronta entrega ou encomenda),
relação entre valor e peso do produto e o ambiente econômico informado pelas atitudes
empresariais e pelo quadro legal. Do lado da demanda devem-se incluir entre outros fatores
as condições de elasticidade-preço da demanda, a disponibilidade de produtos substitutos, a
taxa de crescimento e flutuação da demanda ao longo do tempo, os métodos de compra
utilizados pelos compradores (à vista ou a crédito). As condições básicas são fortemente
influenciadas pelas leis vigentes e pelos valores socioeconômicos predominantes da
comunidade de negócios.

O verdadeiro entendimento da racionalidade de intervenção regulatória ou de políticas


antitruste depende da compreensão do funcionamento do Modelo ECD, ou seja, das relações
entre desempenho do mercado, estrutura e conduta das empresas. A compreensão dessas
relações, por sua vez, é ilustrada por casos reais de estudos industriais. Muitas propostas e
tipos de verificações empíricas foram conduzidos para enriquecer ou verificar a veracidade
das determinações causais propostas pelo quadro teórico que se acabou de apresentar. Elas
podem ser resumidas por dois tipos de estudos: estudos de caso e estudos econométricos. Os
estudos de caso realizados durante os anos 1950 foram devotados às atividades de base das
indústrias de aço, petróleo e automóveis. Levavam-se em conta todos os aspectos qualitativos
capazes de elucidar melhor a realidade industrial desses setores. Ainda que as informações
quantitativas dos principais indicadores de concentração, de rentabilidade e outros tenham
fornecido informações fecundas sobre o funcionamento do mercado, elas não foram
suficientes para permitirem generalizações sobre o seu funcionamento.

Os estudos econométricos, conduzidos, sobretudo nos anos 1960 e 70, dedicaram-se a


encontrar ligações específicas significativas entre certas estruturas e diversas medidas de
desempenho. As análises de regressão foram realizadas a partir de amostras de atividade e
verificações de hipóteses simples tais como qual é a influência do grau de concentração das
atividades sobre suas margens de lucro (Bain, 1941)? Sobre sua produtividade (Stigler,
1968)? Do tamanho das empresas sobre o grau de inovação (Scherer, 1970)? Ou testando
relações mais complexas tais como que papéis específicos exercem as variáveis
características das estruturas das atividades sobre suas taxas de lucro (Bain, 1956)? Ou ainda
qual é o impacto das despesas de publicidade sobre a lucratividade (Comanor e Wilson,
1979)? Apesar dos avanços metodológicos dos estudos econométricos, que possibilitavam a
generalização das conclusões, sua análise baseava-se em regressões lineares simples entre
duas variáveis, como as taxas de lucros e a estrutura de mercado (medidos em número de
produtores ou índices de concentração). A análise das condutas das empresas em diferentes
estruturas de mercado era, portanto, perdida.
4– Índices de concentração pretendem mostrar um indicador sintético da concorrência
existente em um determinado mercado. Quanto maior o valor do índice de concentração,
menor é o grau de concorrência entre as empresas e mais concentrado (em uma ou poucas
empresas) estará o poder de mercado virtual da indústria. O padrão concorrencial vigente,
contudo, é o resultado da ação dos produtores individuais (conduta), ao escolherem os níveis
de preço ou as quantidades ofertadas (variáveis estratégicas), dadas as características
específicas dos produtos fabricados (substituição ou diferenciação existente entre eles, níveis
de qualidade etc.), as preferências dos consumidores e as condições de acesso (existência ou
não de barreiras de mercado à entrada de novas empresas).

Uma maior concentração industrial implica maior desigualdade na repartição do


mercado entre as empresas, isto não significa que o inverso seja verdadeiro, isto é, que maior
desigualdade implica maior concentração. Apesar de próximos, os dois conceitos não são
equivalentes. Por exemplo, uma indústria composta de duas empresas que dividem o mercado
em partes iguais possui graus de desigualdade e de concentração mínimos. Entretanto, a
entrada de uma terceira empresa para atender 1% do mercado em detrimento das empresas
estabelecidas (que preservam 49,5% cada uma) aumentará consideravelmente o grau de
desigualdade, mas não o grau de concentração, já que o poder de mercado das empresas
instaladas não será significativamente afetado com a presença da empresa entrante.

A razão de concentração de ordem k é um índice positivo que fornece a parcela de


mercado das k maiores empresas da indústria (k=1, 2, …, n). Assim, quanto maior o valor do
índice, maior é o poder de mercado exercido pelas k maiores empresas. Nas aplicações
empíricas, toma-se comumente k=4 ou k=8, isto é, considera-se apenas a participação das
quatro ou das oito maiores empresas.

Índice de Herfindahl-Hirschman é um índice de concentração calculado somando-se


os quadrados das participações de mercado de todas as empresas em um setor. Quanto maior
o valor do IHH, maior a concentração. O IHH varia de 0 (mercado perfeitamente
competitivo) a 10.000 (monopólio puro). Geralmente, valores acima de 1.800 indicam
concentração significativa.

O Índice de Entropia de Theil é uma medida de desigualdade ou concentração


econômica que leva em consideração a distribuição de recursos ou renda entre diferentes
unidades dentro de uma população ou setor. Ele foi desenvolvido por Henri Theil, um
economista holandês no contexto da Teoria da Informação, mas ele pode ser aplicado na
Economia Industrial conforme visto acima.
5- Podemos afirmar que são muitos os enfoques sobre barreiras à entrada na literatura de
Economia Industrial. Todos têm em comum a ênfase conferida ao longo prazo e a
concorrência potencial como bases teóricas para o conceito. Qualquer fator que impeça a
livre mobilidade do capital para uma indústria no longo prazo e, consequentemente, torne
possível a existência de lucros supranormais permanentes nessa indústria, constitui barreira à
entrada. Entretanto, quando se busca uma definição mais operacional, a convergência já não é
tão nítida. É possível, no entanto, reunir as definições mais amplamente utilizadas sobre
barreiras à entrada em quatro grupos.

No primeiro grupo está a definição atribuída a Joe S. Bain, pioneiro e principal

formulador teórico dessa corrente. Barreira à entrada corresponde a qualquer condição


estrutural que permita que empresas já estabelecidas em uma indústria possam praticar preços
superiores ao competitivo sem atrair novos capitais. Em termos práticos, isso significa que é
possível a existência de lucros extraordinários no longo prazo porque as empresas entrantes
não conseguem auferir após a entrada os mesmos lucros que as empresas estabelecidas obtêm

pré-entrada. No segundo grupo está a definição de J. Stigler: Existe barreira à entrada em


uma indústria se há custos incorridos pelas empresas entrantes que não foram desembolsados
pelas empresas estabelecidas quando iniciaram a operação. Essa assimetria de custos entre
empresas estabelecidas e empresas entrantes após a entrada impossibilita essas últimas de

obterem a mesma lucratividade que as primeiras.

No terceiro grupo predominam as visões como a de R. Gilbert, na qual somente há


barreiras à entrada se é possível configurar vantagens competitivas atribuíveis

exclusivamente à existência da empresa. Nessa terceira definição, somente há barreira à

entrada quando há um diferencial econômico entre empresas estabelecidas e entrantes

simplesmente porque as primeiras já existem e as outras ainda não. Esse “prêmio pela
existência” é, necessariamente, a tradução econômica de algum tipo de “vantagem da
primeira empresa a se mover” (first-mover advantages). Nessa visão, uma teoria de barreiras
à entrada não pode ser construída sem uma teoria do comportamento oligopolista e sem a
análise das barreiras à saída existentes na indústria. Há ainda um último grupo de definições
de barreiras à entrada que reúne os autores que enfatizam os aspectos normativos da questão
da entrada, dentre os quais C. Von Weizsacker é o principal representante. Nesse caso, a
existência de diferenciais de custos entre empresas estabelecidas e entrantes não é condição
suficiente para assegurar a presença de barreiras à entrada. É necessário, também, que
impliquem distorções na alocação de recursos do ponto de vista social.

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