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TRABALHO TEORIA DOS JOGOS

Questão 1 – Quais são as duas principais correntes da Economia Industrial?


A corrente tradicional tem como principal objetivo a análise da alocação ótima
de recursos escassos sob as hipóteses de equilíbrio e maximização de recursos.
A corrente alternativa fundamenta a ação governamental na preservação da
concorrência (regulação) e os efeitos das estratégias empresariais sobre a estrutura de
mercado (defesa da concorrência).

Questão 2 – Quais são as questões empíricas que fundamentam ambas as


correntes?
Essas correntes partem de um conjunto de questões empíricas comuns: qual é a
natureza e qual o funcionamento real das empresas, dos mecanismos de coordenação de
suas atividades e, portanto, de seus mercados? A partir da resposta a essas questões
empíricas comuns, as correntes teóricas divergem radicalmente em relação aos seus
métodos de análise e ao papel representado pelas empresas em sua estrutura teórica,
bem como ao que entendem por concorrência.

Questão 3 – Quais são as influências que dão origem à corrente dominante


(Mainstream) e a corrente alternativa (Schumpteriana/Institucionalista)?
A primeira corrente estruturou-se progressivamente a partir do trabalho de Joe S.
Bain, culminando com a representação teórico-analítica proposta por F.M. Scherer
conhecida como modelo Estrutura-Conduta-Desempenho (modelo ECD). Tem como
principal objetivo a análise da alocação dos recursos escassos sob as hipóteses de
equilíbrio e maximização dos lucros.
A segunda corrente filia-se diretamente a Joseph Schumpeter e tem como objetivo
central o estudo da dinâmica da criação de riqueza das empresas. Essa corrente tem uma
preocupação menos normativa que a anterior, levando em consideração as instituições e
a história como elementos fundamentadores da teoria.

Questão 4 – Como se distingue o conceito de concorrência entre as abordagens


tradicional e alternativa.
Para os economistas neoclássicos – corrente tradicional - a concorrência
surge como um estado no qual prevalecem certas premissas sistêmicas que garantem o
equilíbrio através da transformação de todos os agentes em tomadores de preço – na
verdade, ausência de rivalidade entre as empresas
Para os neo-schumpterianos – corrente alternativa - a concorrência é
analisada como um processo em que cada agente busca diferenciar-se dos demais de
modo a reter ganhos monopólicos, sendo, no entanto, a inovação, de processo, e produto
ou organizacional o principal fator gerador dessas quase-rendas.

Questão 5 – Como se distingue o conceito de mercado entre as duas abordagens?


Para a corrente tradicionalista a estrutura de mercado é considerada um dado
e condiciona unicamente o comportamento das empresas na tradição do chamado
Modelo ECD.
Para a corrente alternativa a visão é totalmente oposta, segundo a qual é a
estrutura que é endogenamente determinada como resultado das estratégias
concorrenciais adotadas pelas empresas em um dado mercado.

Questão 6 – Qual é a lógica do paradigma ECD? A qual abordagem teórica ele está
ligado?
É consensual para os estudiosos desta matéria o caráter seminal da obra de Joe S.
Bain na constituição da metodologia estrutura-conduta-desempenho como ferramenta
básica, as condutas não importavam, a ponto de se considerar que a estrutura –
representada por variáveis como o grau de concentração ou de barreiras à entrada-
determinava direta e inequivocamente o desempenho do mercado. O desempenho, por
sua vez, é avaliado em termos do desvio da taxa de lucro efetiva em relação à taxa ideal
em eficiência a locativa- o ótimo de Pareto – o que significa de fato o desvio de preço
efetivo em relação ao custo marginal de produção. O modelo ECD está ligado a
abordagem da teoria econômica neoclássica.

Questão 7 – Quais são as “lacunas” ou questionamentos sobre o modelo ECD?


Uma das lacunas do Modelo ECD pioneiro era a falta de importância atribuída
às condutas das empresas no processo de concorrência. A resposta foi a aceitação da
existência de causalidades menos rígidas que se expressavam em uma relação interativa
entre as variáveis de estrutura, conduta e desempenho.
Uma outra lacuna do paradigma ECD era a sua incapacidade de lidar com a
existência de diferenciais de lucratividade entre empresas em uma mesma indústria. O
problema é que, empiricamente, um dado grau de concentração de uma indústria pode
abrigar variadas distribuições de tamanhos das empresas.
Mas o principal questionamento com que o paradigma se defrontou foi a
chamada questão da endogeneidade: se cada empresa escolhe seu nível de produção (e
preços) em função de suas curvas de custos, funções de demanda e de expectativas que
mantenham sobre a conduta das empresas rivais, o preço de mercado e os produtos de
todas as empresas, para uma indústria em equilíbrio, são conjuntamente determinados.

Questão 8 – Quais são as variáveis endógenas e exógenas da teoria dos jogos


comparado com o modelo ECD?
Formula-se um comportamento em equilíbrio das empresas em que está ajustado
quantidades, preços ou outras vaiáveis, de forma cooperativa ou não resgatando assim
os modelos de Cournot, Bertrond, Nash ou outros basicamente ligado aos primórdios
dos teóricos do oligopólio em geral os duoptios.

Questão 9 - Qual a relação entre a estrutura industrial e o nível de lucratividade?


O número e o tamanho relativo das diversas empresas que formam a indústria e
a natureza das funções de custos associados as atividades produtivas realizadas para
explicar a lucratividade de um setor industrial. Industrias com grau elevado de
concentração seriam as mais lucrativas. Inversamente estruturas industriais mais
atomizadas seriam as menos lucrativas.

Questão 10 - Explique a diferença conceitual entre concorrência real e potencial?


Concorrência real: é uma função do número e do tamanho relativo das diversas
empresas que forma cada indústria se opõe a noção de concorrência potencial.
Concorrência potencial: relaciona se a competição por lucros entre empresas já
estabelecidas em uma determinada indústria e também as empresas entrantes em
potenciais.

Questão 11 - Defina os seguintes termos: empresas estabelecidas, empresas


entrantes, incentivo à entrada, entradas e saídas.

1. Empresas estabelecidas: São as empresas que já atuam na indústria considerada.


Comumente, as análises de entrada sugerem para que todas as empresas
estabelecidas se coordenam com o objetivo de impedir entradas. Uma
interpretação possível essa hipótese é imaginarmos que receio da concorrência
potencial anula a concorrência real.

2. Empresas entrantes: Também chamadas empresas potenciais, correspondem a


qualquer capital interessado em atua na indústria analisada. A rigor, o número de
empresas entrantes em uma indústria é indefinido. Para resolver esse problema
usual imaginarmos que elas formam uma fila organizada de acordo com a
capacidade de competir na indústria. A primeira da fila, isto é, aquela que reúne
os melhores requisitos competitivos, é a primeira empresa entrante.

3. Incentivo à entrada: Associado à possibilidade de uma nova empresa vir a se


estabelecer na indústria e obter lucros extraordinários por um certo período de
tempo. Nas análises estáticas de entrada é comum considerar-se que somente
haverá incentivo à entrada se esses lucros puderem ser auferidos imediatamente
após a entrada.

4. Entrada: Uma entrada correspondente a uma adição liquida de capacidade


produtiva na indústria por uma nova empresa essa definição estão excluídas a
expansão de capacidade de uma empresa já estabelecida, pois não significa um
novo processo competitivo, e a entrada via fusão ou aquisição de uma empresa já
estabelecida, pois não significa capacidade.

5. Saída: Uma saída significa que é uma empresa encerrou suas atividades, isto é,
que um certo montante de capacidade foi prementemente eliminado da indústria.
Se uma empresa abandonar uma indústria vendendo seus ativos produtos de um
terceiro, não haverá saída; terá ocorrido tão somente uma transferência do
controle de um negócio.

Questão – 12 Exponha as quatro diferentes definições de barreiras à entrada


(Bain; Stigler; Gilbert; Weizsacke).
No primeiro grupo está a definição atribuída a Joe S. Bain, pioneiro e principal
formulador teórico dessa corrente. Barreira à entrada corresponde a qualquer condição
estrutural que permita que as empresas já estabelecidas em uma indústria possam
praticar preços superiores ao competitivo sem atrair novos capitais. Em termos práticos,
isso significa que é possível a existência de lucros extraordinários no longo prazo
porque as empresas entrantes não conseguem auferir após a entrada os mesmos lucros
que as empresas estabelecidas obtêm penetrada.
No segundo grupo está a definição de J. Stigler: Existe barreira a entrada em
uma indústria se há custos incorridos pelas empresas entrantes que não foram
desembolsados pelas empresas estabelecidas quando iniciaram a operação. Essa
assimetria de custos entre empresas estabelecidas e empresas entrantes após a entrada
impossibilita essas ultimas de obterem a mesma lucratividade que as primeiras.
No terceiro grupo predominam as visões como a de R. Gilbert, na qual somente
há barreiras à entrada se é possível configurar vantagens competitivas atribuíveis
exclusivamente à existência da empresa. Nessa terceira definição, somente há barreiras
à entrada quando há um diferencial econômico entre empresas estabelecidas e entrantes
simplesmente porque as primeiras já existem e as outras ainda não. Esse “prêmio pela
existência” é, necessariamente, a tradução econômica de algum tipo de “vantagem da
primeira empresa a se mover” (frrst-mover advantages). Nessa visão, uma teoria de
barreiras à entrada não pode ser construída sem uma teoria do comportamento
oligopolista e sem analise das barreiras á saídas existentes na indústria. Esse tipo de
tratamento é a motivação teórica básica das teorias de prevenção estratégica de entrada.
Há ainda no último grupo de definições de barreiras à entrada que reúne os autores que
enfatizam os aspectos normativos da questão da entrada, dentre os quais C. Von
Weizsacker é o principal representante, nesse caso, a existência de diferenciais de custos
ente empresas estabelecidas e entrantes não é a condição suficiente para assegurar a
presença de barreiras à entrada.

Questão - 13. Explique o modelo conceitual do preço limite e relacione o com a


condição de entrada.
Se as empresas estabelecidas têm alguma vantagem competitiva em relação a
firma entrante existe uma faixa de preço acima do nível da concorrência perfeita e
abaixo do nível de maximização de lucros que permite a obtenção de lucro econômico
positivo no longo prazo. Bain introduziu o conceito de condição de entrada relacionada
a uma margem de lucro sobre o custo médio que não é suficiente para atrais novos
entrantes.
A adoção do preço limite torna possível às empresas estabelecidas auferirem um
fluxo regular permanente de lucros (no primeiro e no segundo períodos). A questão, no
entanto, é quando o preço limite será escolhido pelas empresas existentes. Joe S. Bain
destaca o conceito de condição de entrada. Para ele, condição de entrada é a margem de
custos médios de longo prazo que as empresas estabelecidas podem incluir no preço
sem atrair entradas. Algebricamente:

E = PL –PC Ou PL = Pc(1+E)
Pc
Onde E é a condição de entrada, PL é o preço limite e PC é o preço competitivo no
longo prazo. Em relação à condição de entrada E podem prevalecer quatro situações
distintas: A primeira situação é a chamada entrada fácil: nesta situação, as empresas
estabelecidas não têm vantagens de custos em relação à empresa entrante e não podem
sustentar lucros extraordinários. Não há, portanto, barreira à entrada e prevalece assim o
preço competitivo. A segunda situação é a entrada ineficazmente impedida, na qual as
empresas estabelecidas possuem pouca vantagem competitiva e por isso preferem
praticar o preço de maximização de curto prazo. Com isso, irão obter os lucros mais
altos possíveis apenas no primeiro período, pois ocorrerão entradas de novas empresas
até que o preço atinja o nível competitivo no segundo período. A terceira situação
corresponde já à entrada eficazmente impedida. Aqui as empresas estabelecidas têm
vantagens competitivas significativas em relação à empresa entrante. As empresas
estabelecidas praticam o preço limite e barram entradas, ao invés de tentarem
maximizar os lucros no primeiro período.
A condição para essa opção é o lucro acumulado nos dois períodos com a
adoção do preço limite deve ser superior ao lucro máximo possível no primeiro período
(e nulos no segundo). Por fim, a quarta e última situação é a entrada bloqueada. As
vantagens das empresas estabelecidas são tão grandes que mesmo o preço de
maximização de lucros no primeiro período é inferior ao preço limite. O preço de
maximização de lucros no primeiro período está na faixa de preços que não incentiva
entradas e, portanto, as empresas existentes irão manter esses lucros permanentemente.

Questão - 14. Cite, explique e dê exemplos de cada uma das barreiras à entrada.
Vantagens absolutas de custos - quando o custo médio de longo prazo das
empresas entrantes é superior aos das empresas estabelecidas em qualquer nível de
produção de um bem homogêneo, dizemos que essas últimas detêm vantagens absolutas
de custos. Ex: Uma empresa que atua no mercado de exploração de minérios, a mesma
já possui um estrutura que atenda suas necessidades, já uma entrante terá que efetuar um
grande investimento a longo prazo para poder dar início às suas atividades e muito
posteriormente obter retorno desejado.
Preferências dos consumidores pelos produtos das empresas estabelecidas - Pode ser
considerada uma das barreiras à entrada mais fortes, pois as atitudes das empresas
entrantes acarretará em um aumento no custo médio de produção. Isso porque o produto
deverá ser vendido ou a preços mais baixos que a concorrência ou passará por maiores
custos de publicidade. Desta forma, o custo médio inicial da empresa entrante será igual
ao custo médio da empresa já estabelecida, porém com um acréscimo de penetração no
mercado.
Ex: Podemos citar aqui a Coca Cola com toda sua credibilidade no mercado por
estar atuando no mundo todo e ter estabelecido sua ênfase de atuação, fato este que
torna difícil para outra empresa entrar no mercado a concorrência não conseguiria se
impor diante de uma gigante já estabelecida.
Economias de Escala - A existência de economias de escala implica a redução dos
custos médios de longo prazo das empresas já estabelecidas na medida em que elas
ampliam sua capacidade produtiva. Portanto, um potencial entrante, para competir em
igualdade com as empresas estabelecidas tem que iniciar suas operações mantendo sua
escala produtiva mínima. Somente assim é possível manter a competição.
Ex: Uma companhia de transportes já estabelecida, que, com sua perspicácia
consegue dominar uma grande fatia do mercado atuante, a mesma poderá ofertar preços
menores, trabalhando com uma demanda maior não haverá prejuízos em seus
deslocamentos aos destinos pré-estabelecidos evitando assim altos custos. À medida que
aumenta o fluxo de mercadorias transportadas, os seus custos são “triturados”.
Elevados requerimentos de capital inicial - São um reflexo da falta ou
dificuldade de conseguir financiamentos para grandes quantias de capital, quando o
investimento inicial já é elevado. Tecnicamente falando, barreiras de capital não são
caracterizadas como barreira a entrada, contudo, há uma relação direta com aumento do
investimento inicial dificuldade de entrada. Isso porque, altos níveis de investimentos
iniciais podem ser considerados culpados pela geração de barreiras à saída, ao ponto que
tais custos são irrecuperáveis.
Ex: Para competir em um mercado de telefonia móvel, é necessário adquirir uma
licença, normalmente por meio de um leilão, construir redes, investir em canais de
venda, serviços de suporte ao consumidor, são fatores como esses que barram a entrada
de novos empreendedores no mercado acima citado.

Questão - 15. A que se refere a teoria dos mercados contestáveis?


Representa uma hiper valorização da competição potencial diante da competição
real. Para essa teoria, estrutura e mesmo condutas pouco importam porque o
desempenho é consequência das condições básicas (entenda-se funções de custos, em
particular os custos irrecuperáveis) dos mercados. A estrutura da indústria é o resultado
da determinação conjunta dos planos de produção (preços e quantidades) das firmas que
a constituem. O mecanismo de equilíbrio na contestabilidade é devido à entrada e à
saída de empresas nas indústrias em que a configuração endógena resultante é “não
sustentável”. O equilíbrio é assim assegurado pela existência de livre mobilidade do
capital no sentido clássico e não propriamente por ações e reações das empresas rivais
em uma dada indústria. Em outras palavras o importante nas teorias de mercados
contestáveis é a concorrência definida pela existência ou não de custos irrecuperáveis
significativos para a empresa entrante.

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