PORTER, M. 1986. Estratégia competitiva: Técnicas para Análise de Indústrias e da
Concorrência. Editora Campus, Rio de Janeiro, 13-184pp.
Michael Eugene Porter nasceu em Michigan no ano de 1947. Licenciado em Engenharia
Mecânica e Aeroespacial por Princeton. Possui doutorado e MBA em Economia Empresarial por Harvard. Reconhecido internacionalmente sobre seu trabalho desenvolvido sobre teoria econômica e conceitos sobre estratégia. Recebeu vários prêmios por suas pesquisas realizadas, é o autor mais citado sobre economia e negócios. Além de ter criado um curso específico de mestrado sobre o tema Estratégia Competitiva em Harvard onde é professor. Porter inicia seu livro informando sobre a abrangência do assunto da Análise Competitiva, clarificando sua multidisciplinaridade, destacando as seguintes áreas, Estratégias Empresariais, Finanças, Marketing, Análise de Mercado, Outras Áreas Empresariais, Preocupação Social, Políticas Públicas com a concorrência, Fortalecimento da Ética e Comportamento Competitivo. Por conversar com tantas áreas Porter traz evidências de que a Estratégia Competitiva movimentou toda a área da Administração, realizando diversas mudanças nos processos das empresas e alterações em suas empreitadas. Para atingir esse objetivo teve como estrutura básica a Análise Setorial, Análise da Concorrência e Posicionamento Estratégico, partes que formarão o todo da Prática Gerencial. Para realizar seu intento o autor utilizou de seus anos de experiência como professor de Administração, profissional da área industrial, orientador de grupos de pesquisas e do planejamento de um curso de Análise Competitiva e Industrial em Harvard. Após a coleta e reunião de todos os dados dos projetos citados, adicionou a eles pesquisas científicas, pesquisas industriais, supervisão de trabalhos industriais, feitos por seus mestrandos em Administração e aproximação a empresas norte-americanas e internacionais. Porter comenta a inevitável situação unilateral departamental do trabalho e que tal atitude dificilmente se traduz na melhor estratégia, comenta que as empresas visam e tem grande expectativa sobre o processo explicito de formulação de estratégia ancorando a ele perspectivas positivas, em busca de um conjunto comum de metas. Os esforços para o cumprimento de tal meta passam mais por disciplina e organização das indagações mais recorrentes e preocupantes do setor do que as responder. De maneira didática ao iniciar a imersão no assunto Porter reforça o conceito de estratégia competitiva, como sendo a amplitude de um sistema de molde para a empresa e um guia para suas decisões e convida o leitor a conhecer o método clássico, utilizando o trabalho desenvolvido por Andrews, Christensen e integrantes do grupo de Política da Harvard Business School e comenta que este método é o estopim do questionamento sobre a importância da estratégia explicita. O método clássico demonstra os passos para a Formulação de uma Estratégia Competitiva, dando ao contexto geral do livro a missão de solucionar tal distinção e coloca o administrador em posição de destaque durante o método. São os administradores responsáveis pelas etapas; montar a engrenagem da empresa tendo como premissas os fins e os meios; e eleger os limites da companhia tornando claro o que Porter citou como quatro fatores básicos, Pontos Fortes e Fracos, Valores dos executivos, Ameaças e Oportunidades e Expectativas da Sociedade. Para desenvolver de maneira satisfatória a Parte I, Porter, divide-a em três grandes blocos. Cabe ao primeiro bloco a função de elucidação acerca das cinco forças, bem como apresentar a análise estrutural como substrato para três estratégias gerais. O segundo bloco lida com a estrutura da análise da concorrência tendo como assunto prevalecentes, análise de movimentação de mercado; comportamento da companhia e sinalização de mercado; participação em movimentos competitivos; e desenvolvimento de um esboço para a relação entre compradores e fornecedores. De posse dessa apuração o terceiro bloco chancela os efeitos obtidos e fornece práticas de análise com as informações sobre grupos estratégicos e princípio de barreira de mobilidade, assim como trabalha com as projeções da indústria. Porter universaliza a análise estrutural e a torna substancial para o livro já nas primeiras páginas conduzindo a reflexão pelas vias de entendimento de maior profundidade sobre as fontes dos pontos fortes e fracos da companhia, posto que serão eles a fornecer a melhor posição que será vital para obter rentabilidade na indústria. O referencial do bom funcionamento da indústria, segundo Porter, mede-se pelo retorno a longo prazo sobre o capital investido, o que só se torna possível por uma boa estruturação das cinco forças básicas, desde que não se deixe de ter como fundamento a adequação da firma ao seu nicho. Antes de tratar a individualidade das cinco forças, Porter as pontua e evidencia, são elas, Ameaça de Entrada; Intensidade da Rivalidade Entre os Concorrentes Existentes; Pressão dos Produtos Substitutos; Poder de Negociação dos Compradores; Poder de Negociação dos Fornecedores. Além de elenca-las, o livro se detém, antes de esmiuçar os conteúdos, em definir a possibilidade de variação na estrutura das indústrias, mas potencializa o reconhecimento da características básicas e que estas se sobressaem às afetações transitórias; explica que forças diferenciadas assumem protagonismo em diferentes estágios e situações; aumenta a abrangência dos concorrentes com o conceito de rivalidade ampliada; explica em sentidos econômicos detalhados quais empresas permanecem e quais ficam pelo caminho quando acontece a concorrência nas indústrias; e define indústria como grupo de empresas fabricantes de produtos similares, apesar das discordâncias dessa definição para trabalhar melhor os conceitos pretendidos durante a pesquisa. No texto aparece a primeira força, Ameaça de Entrada, pode-se verificar a relação entre barreiras de entrada existentes e a expectativa do entrante para com aqueles que já tem posição estabelecida no mercado para se definir o que é a ameaça de entrada, barreiras altas significam entradas pequenas. Economias de Escala é a primeira citação sobre as barreiras de entrada, sua ação se dá quando uma empresa, que está para iniciar no setor precisa se aventurar em larga escala e tendo risco de retaliação das mais antigas do setor ou sair atrás no quesito custo. Tais atividades podem ter proximidade com o todo ou partes específicas do processo, daí surge a pertinência de verificação dos custos isolados, com o referencial na relação entre custo unitário e escala de produção. A probabilidade de superação desta barreira aumenta, desde que, o entrante tenha envolvimento em muitos negócios, com capacidade de compartilhamento que possuem benefícios potenciais à medida que os custos conjuntos estejam envoltos ao processo, por exemplo quando a corporação é capaz de repartir ativos intangíveis. O texto cita ainda o caso da integração vertical, que ocorre quando há estágios sucessivos no processo, que leva o entrante à pesar sobre seu ingresso ao setor como integração à rede estabelecida, o que de muitas maneiras apresenta alto risco. Outros conceitos amplamente discutidos são Diferenciação do Produto; Necessidades de Capital; Custos de Mudança; Acesso aos Canais de Distribuição; Desvantagens de Custo Independentes de Escala, com destaque para Tecnologia patenteada, Acesso favorável às matérias primas, Localizações favoráveis, Subsídios oficiais, Curva de Aprendizagem ou Experiencia; Política Governamental. Mais termos somam informações ao planejamento dos entrantes, especialmente quanto à reação dos já estabelecidos no setor, há a indicação de observância para a Retaliação Prevista e Preço de Entrada Dissuasivo. Algumas propriedades das Barreiras de Entrada são expostas. A primeira, possibilidade alterações nas ocorrências das barreiras, o mercado é dinâmico, logo as barreiras também serão. A segunda, mesmo com as mudanças possíveis com relação às barreiras, as decisões estratégicas das empresas também tem repercussões significativas e a terceira demonstra que mesmo com todas as dificuldades impostas é possível que empresas sejam capazes de transpor todo imbróglio causado pelas barreiras, quando utilizam de suas competências e recursos e reforça o compartilhamento de custo como oposição às barreiras de entrada. Ao final da exposição sobre a primeira força verifica-se um comparativo entre duas importantes barreiras de entrada, de um lado a Experiência e do outro a Escala. O trabalho demonstra as possíveis fraquezas das duas barreiras, e conclui que a experiência é mais delicada do que a escala, pelo número de aberturas e riscos oferecido pelos entrantes que acabam por afetar mais a primeira opção do que a segunda. Porter afirma que o termo rivalidade é resultado de alguns elementos estruturais em conexão. Explica que se por vezes tal relação recebe o nome de belicosa, amarga ou impiedosa, há setores que a rivalidade chega a ser considerada polida ou até mesmo cavalheiresca. Reflete também sobre o efeito da concorrência para toda a indústria quando explica que em algumas ações a disputa traz perda para todos o que lhe possuem vínculo, mas não descarta a possibilidade de ganho igualmente para todos os envolvidos dependendo da ação a ser realiza e resultado da disputa inicializada. Um exemplo de possível perda geral seria a concorrência por preços e na situação oposto temos a corrida pela publicidade. O autor cita a dependência existente entre as concorrentes em uma indústria que pode construir barreiras para os entrantes do setor e deixa claro que a força, da Rivalidade Entre os Concorrentes Existentes, se fortalece à medida que um ou mais representantes da disputa sentem-se pressionados ou percebem a oportunidade de melhoria. Pontos importantes sobre a rivalidade aparecem ao longo do texto, o livro comenta que entre as características do setor alguns podem representar diferenças com potenciais de melhoria ou piora dependendo da estratégia da empresa ou da condição de mercado, entre eles destacam-se Concorrentes Numerosos ou Bem Equilibrados, Crescimento Lento da Indústria, Custos Fixos ou de Armazenamento Altos, Ausência de Diferenciação ou Custos de Mudança, Capacidade Aumentada em Grandes Incrementos, Concorrentes Divergentes, Grandes Interesses Estratégicos e Barreiras de Saída Elevadas ( Com ampla atenção para ativos especializados, custos fixos de saída, inter-relações estratégicas, barreiras emocionais, restrições de ordem governamental e social). Na finalização da parte referente à rivalidade, Porter correlaciona as barreiras de entrada e saída, explicando cada uma das possibilidades a seguir, barreira de entrada alta e barreira de saída alta, barreira de entrada alta e barreira de saída baixa, barreira de entrada baixa e barreira de saída baixa, barreira de entrada baixa e barreira de saída alta. Tais cruzamentos são utilizados para que a análise de uma indústria possa ser feita de maneira integral, pois apesar dos conceitos distintos, a junção da análise das barreiras é aspecto crucial para a estratégia a ser desenvolvida. Para a força Pressão dos Produtos Substitutos, Porter pontua dois pontos de máxima atenção, o dos substitutos que são produzidos por indústria de altos lucros e o do que estão sujeitos a otimizarem a relação preço-desempenho do setor. Isso por entender que o reconhecimento dos produtos substitutos é sútil e refinado, além de explicar que tais produtos não apenas interferem em situações ordinárias das empresas, mas inclusive em situações especiais em que a lucratividade tem mais potencial. Para ele, sem exceção, este enfrentamento a produtos substitutos é tema para todas as companhias e por comparação define que quanto maior for a pressão exercida sobre a indústrias pelos produtos substitutos, maior é a atração pela alternativa preço-desempenho. No livro ao dar continuidade sobre as cinco forças, o autor expõe o cerne da força conhecida como Poder de Negociação dos Compradores explicando que estes forçam o valor da negociação para baixo, negociando acerca de melhores produtos e ou serviços não sem comprometer a margem da indústria. Após tal afirmação, Porter revela as características cruciais dos compradores: Se eles tem concentração de aquisição sobre um vendedor; Centralização de compras de produtos; Padronização de obtenção de produtos; Raras alterações de custos de mudança; Aquisição de lucros baixos; Regressão de interação por parte do comprador; Baixa inferência de qualidade do produto da indústria ao processo de produção do comprador; Conhecimento de todos os dados; O livro defende a seleção de compradores como algo vital, parte do plano estratégico sem espaço para dúvida, posto que como as habilidades podem sofrer alterações é de suma importância saber o porquê da decisão tomada e escolha feita na análise dos compradores. Na contramão da ação exercida sobre a indústria pela última força citada, está o Poder de Negociação do Fornecedores, no entanto no quesito consequência as duas forças são idênticas, ambas reduzem a rentabilidade da indústria. Para a consecução de seus intentos os fornecedores têm a seu favor as seguintes questões: Oligopólio e maior concentração do que a indústria; Baixa entrada de produtos substitutos; Baixa relevância da indústria para o fornecedor; Alta relevância do produto do fornecedor para a indústria; Diferenciação dos produtos do fornecedor ou custos de mudança; Ameaça de integração para frente por parte dos fornecedores. O livro aponta que apesar do senso geral entender fornecedores como empresas, a mão de obra tem parte significativa quando o estudo sobre assunto se torna mais aprofundado e que o poder dos fornecedores está fora do alcance da empresa além de estar sujeito a alterações. Porter cita o governo ainda na parte das forças competitivas, não como uma sexta força, mas lhe concede espaço para explicar que no interior da ruminação sobre a análise estratégica é mais efetivo entender como o governo altera a negociação através das cinco forças. Isso porque aparentemente qualquer decisão, ainda que seja mais política do que econômica, realizada pelo governo, altera, interfere e modifica o desenvolvimento e planejamento da indústria. Ao completar a descrição e explanação das cinco forças competitivas, após a assimilação destas pela empresa, o autor permite a continuidade em sua identificação. Tal compromisso agora passa pelas noções de Posicionamento, Ajuste do Equilíbrio, Exploração da Mudança e Estratégia de Diversificação. Estabelecidas as cinco forças, a análise estrutural e iniciado o desenvolvimento da Estratégia Competitiva, segundo o autor, cabe dar espaço à atenção estratégica e analítica, empregando muitos esforços na diferenciação entre empresa e indústria, pois sem tal conclusão, não será possível o reconhecimento e exploração das forças e fraquezas. Liderança no Custo Total, Diferenciação e Enfoque são as três estratégias genéricas que surgem como possibilidade para a competição com outras empresas dentro de uma indústria. No período dos anos 70 a Liderança no Custo Total populariza-se, suportada pela curva de experiência, com o planejamento voltado para reunião de funcionalidades objetivadas ao topo do custo total, essa é a sua meta. Redução de custos é a área sobre qual paira a maior atenção desta estratégica, contudo, são citadas questões como qualidade, assistência e instalações eficientes. Criação de singularidade para o produto ofertado ou para o serviço oferecido é a definição da estratégia Diferenciação. Suas formas são variadas, destacam-se imagem da marca, tecnologia, peculiaridades, serviços sob encomenda, rede de fornecedores, entre outras. Quando uma empresa determina a eleição de um grupo comprador para suas atividades, está estabelecida a estratégia com o nome de Enfoque. Tem várias maneiras assim como a Diferenciação, no entanto, diferentemente das outras quem tem conceitos mais gerais, esta estratégia tem claro seu objetivo, e cada movimento se dá em função disso, mesmo não atingindo os custos menores ou oferecendo características diferentes, sua força está na especialização de um processo específico. Outro ponto sem o qual não existe o enfoque é a necessidade de equilíbrio entre rentabilidade e o volume de vendas. Apresenta-se em seguida as particularidades de cada estratégia genérica. As informações são apresentadas na seguinte ordem, nome da estratégia, recursos requeridos, requisitos comuns. Liderança no Custo, Movimentação de Capital; Efetividade da Engenharia; Supervisão Intensa; Facilitação da Fabricação; Sistema de Distribuição de Baixo Custo, Controle de Custo; Relatórios otimizados; Incentivos baseados em Metas Quantitativas. Diferenciação, Alta Habilidade de Marketing; Criatividade; Pesquisa otimizada, Forte Coordenação entre Áreas Diversas; Avaliações ao invés de Medidas Quantitativas. Enfoque, Atenção à Reputação da Empresa; Tradição na Indústria; Forte Cooperação dos Canais, Amenidade nos ambientes; Combinação de Políticas Estratégicas. Caso uma empresa falhe em aderir a alguma das três estratégias genéricas, o autor, situa tal companhia no conceito de Meio Termo. Entendido como uma situação estratégica deficiente, que tem como garantia rentabilidade baixa, dificuldades inerentes à cultura empresarial e arranjos organizacionais. Ao identificar esta situação em ocorrência a companhia pode recorrer aos princípios da análise estrutural, já apresentados, para melhorar seu desenvolvimento. Porter lista os possíveis riscos de cada uma das três estratégias básicas. Para Liderança no Custo total tem-se mudança tecnológica, aprendizado de baixo custo, incapacidade de adaptação e inflação. Aos riscos da Diferenciação competem o diferencial de custos entre os concorrentes, necessidade dos compradores, imitação. Já os riscos do Enfoque são, diferencial de custos entre concorrentes, diferenças nos produtos e serviços, submercados. Para o desenvolvimento da metodologia da Análise da Concorrência Porter explica que esta tem relação com a estratégia utilizada para reconhecimento próprio frente aos concorrentes. Adiciona a necessidade de informações sobre perfil dos adversários fazendo o máximo para que a totalidade das situações seja alcançada. Quatro componentes formam o escopo da de verificação da Análise da Concorrência: Metas Futuras, Estratégia em Curso, Hipóteses e Capacidade. Ainda que apresente tais característica e métodos para conhecer sobre contra que a empresa opera no mercado, o autor esclarece que todo o processo também serve para uma autoanálise. Observam-se as Metas Futuras pela capacidade de noção que elas tendem a fornecer sobre a satisfação das outras companhias com o rendimento, e ajuda a prever mudanças de atividades e intensidade dessas alterações. As Hipóteses na descrição do livro têm duas composições principais, as do concorrente sobre ele próprio e as dos concorrentes sobre a indústria e das outras empresas. Utiliza-se das hipóteses para verificações dos processos em que a empresa analisada não é capaz de mensurar ou entender os efeitos gerados por suas atividades. Pode ocorrer da análise acontecer de forma errônea ou com muita lentidão. O que resultará em verificação de possíveis ações sem reações intensas por partes das empresas concorrentes. Conhecer a Estratégia em Curso significa entender as políticas do concorrente e funcionalidades estratégicas e como ele organiza e planeja suas atividades. Capacidades é o último termo descrito por Porter na construção do processo para a Análise da Concorrência. Passa pelos importantes conceitos de pontos fortes e fracos e precisa ter base em elementos reais do mercado. A importância de analisar todas as empresas pertencentes a uma indústria dá-se na velocidade de repostas aos movimentos que a indústria pode realizar, não será preciso ter uma ação reativa, pois a proatividade em estabelecer os perfis dos concorrentes já ocorreu e as informações reunidas dão condições de atuações rápidas e assertivas. Para toda a engenhosidade de Análise da Concorrência funcionar Porter deixa claro que um mecanismo de inteligência é crucial, e que tal sistema pode ter variações e ocorrências diferenciadas em cada situação. O processo continua e agora caminha para o que o autor denomina Sinais de Mercado, ações dos concorrentes que indicam um conjunto de suas características. O objetivo dessa parte é perscrutar o comportamento da concorrência, já que este emite sinalizações. Para verificar a importância dos sinais Porter cita o trabalho dos autores Fouraker e Siegel. Os Sinais de Mercado são divididos em duas funções: as motivações reais e as ilusões criadas a partir de movimentos falsos, chamados blefe. O estudo dos Sinais de Mercado prevê a distinção entre uma função e outra e indica a melhor utilização dos dois. Seguem alguns exemplos de leitura de mercado. Avisos prévios de movimento, Anúncios de resultados ou de ações posteriores aos fatos, discussões públicas sobre a indústria pelos concorrentes, Explicações e discussões dos concorrentes sobre seus próprios movimentos, Táticas do concorrente relativa ao que poderia ter feito, Maneira como as mudanças estratégicas são postas em prática de início, Divergência de metas anteriores, Divergência dos precedentes da indústria, A defesa cruzada, A marca-reposta, Processos antitruste privados. Porter define que os Sinais de Mercado podem parecer para alguns possível desperdício de tempo, no entanto, insiste em sinalizar que ignorá-los é deixar de lados os próprios concorrentes e que apesar da sutileza ser um dos pontos chaves do processo, os movimentos feitos pelas empresas dizem muito sobre as ações, expectativas e planejamento dos concorrentes. No livro o quinto capítulo, Movimentos Competitivos, pretende fazer uma miscelânea de todo o conteúdo exposto nos últimos capítulos. Informa que a situação dos Movimentos Competitivos tratada está dentro de um panorama onde algumas empresas detém o direcionamento do mercado, no entanto precisam se decidir de maneira estratégica como realizarão suas próximas ações. O capítulo analisado retomas o conceito das forças competitivas, utiliza os princípios básicos da análise da concorrência e também os sinais de mercado. A instabilidade da indústria é o termo escolhido por Porter para dar início à essa reflexão dos Movimentos Competitivos. As características de algumas indústrias determinam a velocidade ou não de um possível estágio de conflito. Posteriormente cita continuidade de interação entre as partes como estabilizados de relações empresariais e no lado oposto a falta de continuidade, que poderá aumentar a preocupação para com os ataques dos concorrentes. Múltiplas áreas de conexão ou mercados múltiplos são outros exemplos que demonstram a possibilidade de apaziguamento na indústria, já o fluxo de informações é apontado como uma inflexão e receberá atenção destacada a essa altura da metodologia. Dentro de um oligopólio o autor afirma que os Movimentos Competitivos ganham contornos de delicadeza, mas que nem por isso deixam de ser forças brutas organizadas pelas empresas. Ainda que num mundo e negociação ideais as batalhas de retaliação não cheguem às vias de fato. Três movimentos são listados: Movimentos Cooperativos, Movimentos Ameaçadores e Movimentos Defensivos. Movimentos Cooperativos, não oferecem riscos aos propósitos da concorrência e são bons caminhos iniciais de melhora da posição estratégica. Tem três distintas categorias, a que os concorrentes não dão resposta aos movimentos, quando parte da concorrência responde e a que os concorrentes não responderão. Movimentos Ameaçadores são os que melhorariam o destaque da empresa perante a concorrência, no entanto, oferece incertezas quanto ao final do processo. Movimentos Defensivos, montar uma situação para quando os concorrentes fizerem eles os movimentos ameaçadores. A melhor opção nesse caso é evitar a batalha a qualquer custo, no entanto caso ela ocorra o objetivo pode ser mostrar à concorrência que o movimento realizado é inapropriado. Quando não há possiblidade de impedir o movimento ofensivo da concorrência Porter destaca dois métodos de defesa: Disciplina como uma forma de defesa e Negar uma base. O termo Compromisso recebe destaque dentre os demais ao se pensar em uma implantação de Movimentos Competitivos. Segundo o autor o Compromisso pode garantir a probabilidade, rapidez e o vigor da retaliação a movimentos ofensivos e é a base da estratégia defensiva. Os Compromissos são divididos no fato da empresa estar focada em seu próprio movimento, retaliação e continuidade da mesma quando os concorrentes realizam ofensivas e o de que a companhia não irá realizar, nem renunciar a uma ação. As maneiras mais eficazes para Porter de formalização dos Compromissos são: Recursos para prosseguir com o compromisso com rapidez, manifestação concreta de concordância com o compromisso, demonstração de sustentação moral de não recusa e indicações de conformidade com as exigências do compromisso. Quando comenta sobre Estratégia Direcionada para Compradores e Fornecedores Porter induz o leito a perceber a importância da análise estrutural no processo de escolha de compradores, clientes alvo ou grupo de clientes, além do espaço que ocupa na posição do setor de compras. Comenta a ineficiência das ações ligadas a compradores e fornecedores, por seu minimalismo e propõe melhorias para as companhias melhorarem os rendimentos desses setores. Porter cita quatro critérios gerais para a seleção de compradores: Necessidade de compras comparadas com a capacidade da empresa, Potencial de crescimento, Posição estrutural e Custo do Atendimento. Além disso explica que apesar das diversas dificuldades que esta estratégia apresenta, quando há a possibilidade de execução ela pode gerar ganhos reais e expressivos, e amplia a noção desta estratégia explicando que o início de tudo é buscar vender para os compradores mais favoráveis disponíveis considerando as ferramentas propostas. O autor finaliza a seção explanando que em vista das possíveis alterações que podem ocorrer tanto a compradores quanto a fornecedores a medida que o tempo passa e as análises acontecem a companhia deve comprar de fornecedores com baixo custo, com exceção dos casos em que retornos futuros possam ser obtidos ainda que a custos maiores no longo prazo. No livro a descrição de Análise Estrutural da Indústria é a identificação das fontes e do poder das cinco forças competitivas, que auxiliam na identificação a base da operação e seu potencial de lucro. No mesmo trecho há a indicação deste conceito e a preocupação em relacionar as empresas mais lucrativas e como isso está ligado às suas estratégias competitivas. Porter cita algumas dimensões estratégicas para exemplificar como as empresas são diferentes nesse quesito: Especialização, Identificação de Marcas, Política de Canal, Seleção do Canal, Qualidade do Produto, Liderança Tecnológica, Integração Vertical, Posição de Custo, Atendimento, Política de Preço, Alavancagem, Relacionamento com a Matriz, Relacionamento com os Governos. Um novo conceito aparece na leitura o de Grupos Estratégicos entendidos como empresas que seguem primariamente a mesma estratégia e nesse contexto se faz necessário identificar quantos e quais são os grupos estratégicos nas indústrias em que se está inserido. Depois de apresentar o conceito de Grupos Estratégicos, Porter os relaciona com as cinco forças para demonstrar a variabilidade de situações e como ao mesmo tempo em situações diversas as empresas que tendem a apresentar culturas parecidas pensam próximas umas das outras. Ao relacionar Grupos Estratégicos e rentabilidade de uma empresa os seguintes temas são abordados: Características Comuns da Indústria, Dimensão das Barreiras de Mobilidade, Poder de Negociação, Vulnerabilidade do Grupo Estratégico com fornecedores e clientes, Vulnerabilidade do Grupo Estratégico da empresa a produtos substitutos, Exposição do Grupo Estratégico da empresa à rivalidade de outros grupos, Grau de concorrência dentro do Grupo Estratégico, Escala da Empresa em relação às outras do grupo, Custos de Entrada no grupo, Capacidade da empresa de executar ou implementar a estratégia escolhida em termos operacionais. Evolução da Indústria é o último capítulo da primeira parte do livro de Porter, nele são comentadas novamente a análise estrutural, forças competitivas, estratégia competitiva, conceitos que de diversas maneiras são abordados durante a leitura. Nesse capítulo o autor explica que a evolução da indústria configura parte da decisão a ser tomada na formulação da estratégia e que seu entendimento significa ser o pioneiro na realização de alterações quando forem necessárias e a partir dessa posição conseguir os menores custos em comparação aos concorrentes. Como estopim para evolução da indústria temos a metodologia da análise estrutural, sempre que a evolução da indústria alterar a observação da empresa em relação às cinco forças significa que seu poder e significativo, como método mais simplório da evolução da indústria Porter destaca a seguinte pergunta: Está ocorrendo na indústria alguma mudança que afetará cada elemento da estrutura? O Ciclo de Vida do Produto também aparece como uma tática utilizada por muitos para identificação da evolução comentada, no entanto, essa abordagem é vista como engessada em diversos pontos, o que acarreta uma necessidade de identificação de novas abordagens em especial que correspondam ao dinamismo que a evolução da indústria observa em si mesma. Os pontos destacados por Porter como uma metodologia para determinar ou ao máximo que lhe for possível prever a evolução da indústria são: Mudanças a longo prazo no crescimento, Mudanças nos segmentos de compradores atendidos, Aprendizagem dos compradores, Redução da incerteza, Difusão do Conhecimento Patenteado, Acúmulo de experiência, Expansão na escala, Alterações nos custos da moeda e dos insumos, Inovação no produto, Inovação do Marketing, Inovação no processo, Mudança estrutural nas indústrias adjacentes, mudanças na política governamental e entradas e saídas. A primeira parte do livro de Porter introduz e cuida da metodologia abrangente à que o trabalho se propõe. Tem como seu cabedal a análise das cinco forças competitivas, que são utilizadas para tratar das estratégias genéricas, passando a partir daí para como a partir da estratégia traçada conseguir um bom entendimento de mercado, diagnosticar movimentos próprios e da concorrência , assim como, otimizar o uso indicadores de desempenho e munido de informações assertivas realizar a previsão do setor industrial. O livro como um todo tem o desejo de deixar à disposição de seus usuários um planejamento de análise das principais informações e como utilizá-las. Se dirige a administradores, professores e consultores desta área, analistas de mercado e funcionários do governo, demonstrando assim uma ênfase para a utilização profissional de se conteúdo. Destaca-se a abordagem acerca das estratégias genéricas, posto que para uma obra escrita nos anos 80 sua atualidade e força impressionam ainda hoje. Ampara-se esse argumento com a descrição feita por Chaves et al. (2009), que em seu trabalho faz a comparação específica sobre as estratégias empresariais e ao comparar os estudos realizados destaca Porter como aquele que ao longo do tempo se manteve como referência e que com muita clareza e definições de fácil acesso foi quem mais atraiu os interessados sobre o assunto e proveu o auxílio para a tomada de ações para estabelecimento das estratégias de diversas empresas. Ainda sobre o grande tema das estratégias genéricas mas com enfoque mais direcionado para o que Porter chamou de meio-termo, que são as empresas que não possuem uma definida estratégia e não se especializam e tomam como referência tal estratégia para todas as atitudes a serem tomadas, seja diante dos conflitos internos, diante dos concorrentes ou do próprio mercado. Ao citar em sua obra a possibilidade de perdas e como consequência de uma estratégia não definida a possibilidade de falência de uma empresa ou no mínimo uma posição estratégica deficiente o autor realiza um importante auxílio àqueles que tem como compromisso manter uma instituição ativa. Pinho e Silva (2001) em seu estudo de caso, reúnem informações acerca de 50 laboratórios farmacêuticos e realizam a divisão das empresas conforme a divisão das três classificações de estratégias genéricas citadas por Porter em seu livro e incluem além destas o espaço para as que não definiram suas posições, as empresas meio-termo. O resultado obtido, confirmando a previsão de Porter, colocou as empresas de meio-termo nas últimas posições seja de lucratividade, seja de posicionamento estratégico ou até mesmo no quesito desenvolvimento de medicamentos ao longo do tempo, Pinho e Silva (2001). Mais uma vez a pesquisa e colocações de Porter se mostram precisas. Isso demonstra a importância do trabalho feito, Porter sendo professor conduz didaticamente sua obra, exemplifica de diversas maneiras os conceitos que trabalha, ajudando assim mesmo os que não entenderem a partir dos conceitos expostos, pois há a oportunidade de reflexão através dos exemplos dos casos de empresas mais conhecidas e estudadas, o livro ser fruto de um curso ministrado para acadêmicos proporciona os bons resultados obtidos e da indicações do efeito da obra ser tão duradoura. A obra de Porter terá maior proveito para todos que tem interesse em Administração de empresas, mas destina-se a qualquer pessoa. A leitura é de fácil entendimento, produz boas reflexões, provoca interesse sobre os temas, impressiona pela força que mantém através do tempo e instiga a acurar os resultados obtidos pelo autor. Referências
CHAVES, S; BENEDETE, T; POLO, E. Estratégias genéricas: um estudo evolutivo e
comparativo de três visões. Internext – Revista Eletrônica de Negócios Internacionais da ESPM, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 101-118, jul./dez. 2009
Pinho, A. F. de A., & Silva, J. F. da. (2001). Posicionamento estratégico e desempenho de
mercado da indústria farmacêutica à luz da tipologia de Porter. Revista de Administração Contemporânea, 5(3), 27–52.
Estratégia - Unindo Planejamento & Execução: um ciclo sistêmico de implementação, de execução e de retroalimentação da estratégia, que permite a gestores compreender causas e efeitos, e assim literalmente guiar a estratégia no ambiente empresarial