Você está na página 1de 3

Strategy and Structure- Chandler (1966)

A estrutura de uma empresa é como a organização designa sua integração de


recursos, a estratégia como essa designação é feita para atender uma demanda
anteriormente percebida. Neste texto, o autor busca investigar a estrutura de um rol de
grandes empresas estadunidenses (de diversos setores), levando em consideração suas
estratégias de negócios, além de comparar as evoluções através do tempo. A pesquisa
abrange cerca de 70 empresas, por um período de quase 100 anos (1885 a 1960), examina
como essas diferentes empresas realizam as mesmas tarefas, como a atividade
manufatureira, marketing, compras, finanças, administração, etc. Dessa forma, considera
a máxima de uma grande empresa privada, objetivando o lucro, está empenhada no
manuseio de mercadorias em pelo menos alguns processos industriais, que se inicia na
compra de matéria-prima e termina na venda ao consumidor final, exclui-se do estudo
empresas de transporte e serviços financeiros.

Tais informações usadas no estudo foram extraídas de materiais como relatórios


anuais, publicações governamentais, artigos periódicos, histórias sobre os negócios e
biografias. Como a pesquisa abrange um amplo conjunto de empresas, além de servir de
base para o estudo aprofundado de decisões cruciais, permite-se formar paralelos e
comparações entre elas e seus desenvolvimentos através da história.

Padrões de Desenvolvimento e Estrutura

O mercado possui flutuações no curto e no longo prazo, por isso representa o


principal pilar determinante da adaptação estrutural das empresas. A atuação do Governo
pode interferir no funcionamento do mercado, pois, ao promover a defesa ou o equilíbrio
econômico, torna-se um grande consumidor dentro dele. Essa adaptação é o principal
papel do administrador da empresa ao planejar o uso dos recursos empresariais,
desenvolve uma atividade que exige concentração no planejamento e avaliação de longo
prazo.

Historicamente, divide-se a história da estratégia das empresas americanas nas


seguintes fases:

a) Expansão inicial e acumulação de recursos: surge após a guerra civil


estadunidense (1865), com a expansão do mercado de ferro e o moderno
mercado de capitais graças à construção das ferrovias. Nesse período, houve
um crescimento urbano acelerado, devido à migração rural e a europeia, que
representava um mercado potencial para ser atingido por meio das ferrovias.
Os empresários optavam por ampliar suas instalações ao invés de organizar a
rede de distribuição. Assim surge, tardiamente, a organização de marketing,
para controle da rede de distribuição e da fonte de matérias-primas; como
consequência, ocorre uma integração vertical e o surgimento das economias
de escala, a partir da compra de firmas fornecedoras.
b) Racionalização do uso dos recursos: surge no contexto de necessidade de
organização das grandes empresas verticalmente integradas, que possuíam
mais instalações e funcionários do que o necessário. Os custos precisavam ser
reduzidos com a criação de uma estrutura mais funcional ligada às flutuações
do mercado, que definisse autoridade e comunicação. Houve um maior
controle da produção e coordenação entre ela fabricação e engenharia.
c) Expansão para novos mercados e produtos: devido à fase anterior, houve um
crescimento da eficiência das vendas, compras, produção e distribuição. O
mercado tornou-se mais cheio devido à diminuição das diferenças de custos
entre empresas e, consequente, diminuição das margens de lucro, por isso os
empresários começaram a diversificar seus produtos e mercados e para isso
surgem departamentos de P&D.
d) Desenvolvimento de uma nova estrutura: nessa fase temos a reorganização do
departamento de marketing afim de englobar novas linhas. A estrutura de
divisional descentralizada, em que cada linha de produtos é administrada por
uma equipe autônoma, mostrou-se mais eficiente em relação à estrutura
anterior. Além disso, elementos como o planejamento a longo prazo, a
avaliação do desempenho de cada divisão e a administração passaram a ser
pensados.

Conclusão

Conclui-se que, ao longo da história, a estrutura dessas empresas foi determinada


por sua estratégia de aplicação de recursos, tal estratégia é definida pelos administradores.
Apesar das empresas possuírem um ecossistema para além de seus administradores e
estarem sujeitas aos limitantes das exigências tecnológicas e do mercado ao seu
crescimento, mesmo assim os administradores possuem papel fundamental.
Com relação às ações do Governo, aspectos como os administradores, a natureza
dos recursos e o mercado possuíram muito mais impacto no crescimento das empresas do
que ações governamentais como legislações (antitruste, previdenciária e trabalhista),
tributação e políticas públicas. O mesmo não pode ser afirmado sobre ações relacionadas
ao aumento do gasto do Governo, pois tais gastos afetam o mercado ao elevarem o nível
da renda nacional.

Com as modificações estruturais a partir dos anos de 1880, por exemplo a


expansão das linhas férreas trazendo maior alcance de consumidores às empresas, elas
expandiram suas instalações produtivas e funcionários, promovendo uma integração,
surgem as grandes empresas. Os administradores buscam novos mercados e/ou produtos
para alocar seus recursos, almejando o lucro, ao passo que são atingidos os limites do
mercado atuação inicial, dados a renda disponível do consumidor, o estado da tecnologia
e a localização, somados aos limites de redução de custos.

Você também pode gostar