O documento discute sistemas de canais de distribuição na indústria alimentícia mineira. Ele analisa as alterações nos canais de distribuição adotados pela indústria nos últimos anos, focando nos fatores que levaram às mudanças. O estudo de caso de uma empresa do setor mostra que as principais fontes de mudança em seu sistema de distribuição foram alterações em seu ambiente de negócios, levando-a a adotar uma estrutura multicanal com políticas diferenciadas para cada canal.
O documento discute sistemas de canais de distribuição na indústria alimentícia mineira. Ele analisa as alterações nos canais de distribuição adotados pela indústria nos últimos anos, focando nos fatores que levaram às mudanças. O estudo de caso de uma empresa do setor mostra que as principais fontes de mudança em seu sistema de distribuição foram alterações em seu ambiente de negócios, levando-a a adotar uma estrutura multicanal com políticas diferenciadas para cada canal.
O documento discute sistemas de canais de distribuição na indústria alimentícia mineira. Ele analisa as alterações nos canais de distribuição adotados pela indústria nos últimos anos, focando nos fatores que levaram às mudanças. O estudo de caso de uma empresa do setor mostra que as principais fontes de mudança em seu sistema de distribuição foram alterações em seu ambiente de negócios, levando-a a adotar uma estrutura multicanal com políticas diferenciadas para cada canal.
SISTEMAS DE CANAIS DE um importante fator de vantagem competitiva e,
DISTRIBUIÇÃO: portanto, não era considerada uma variável estraté- UM ESTUDO DE CASO NA INDÚSTRIA gica para as empresas. ALIMENTÍCIA MINEIRA A partir do início da década de 90, com o aumento da concorrência em todos os setores industriais e o Ana Márcia Pádua de Almeida1 avanço tecnológico, notadamente da tecnologia da informação, aliados à variedade e complexidade crescentes de produtos e à necessidade de se prestar cada vez melhores serviços para se atender às exi- RESUMO gências dos consumidores, para citar somente al- guns fatores, têm trazido à tona discussões a res- Entendido como um sistema aberto formado por peito do papel e da influência exercida pelas variá- um conjunto de empresas interdependentes, que veis de logística ao bom desempenho e à eficiência tem como responsabilidade permitir o escoamento organizacionais. Isto é, tem-se levantado questões do produto, do fabricante até o consumidor final, o concernentes à sua capacidade de fazer frente e canal de distribuição pode se tornar uma fonte im- neutralizar as ameaças advindas do turbulento am- portante de vantagem competitiva para qualquer biente externo. organização, desde que bem escolhido e bem admi- Além disso, as decisões logísticas, mais especifi- nistrado ao longo do tempo. camente aquelas referentes à escolha e administra- Dentro dessa perspectiva, o estudo de caso reali- ção dos canais de distribuição, interferem em todas zado no escopo dessa pesquisa, feito através do as outras decisões de marketing e naquelas refe- levantamento de dados primários e secundários, rentes a estratégia competitiva da organização. O teve como objetivo analisar as alterações ocorridas preço praticado pela empresa, por exemplo, como nos canais de distribuição adotados pela indústria diz KOTLER (1996), depende de sua decisão de alimentícia brasileira nos últimos anos, enfocando usar o varejo de massa ou butiques de alta quali- os aspectos que levaram a tais alterações. dade. Verificou-se portanto que, no caso da empresa pes- Visto dentro desse contexto, o estudo dos canais de quisada, as principais fontes de mudanças em seu distribuição como variável estratégica e dos fatores sistema de distribuição estão nas alterações verifi- que afetam a sua estrutura interna, impulsionando cadas em seu ambiente de negócios. A empresa as mudanças está na ordem do dia dos pesquisado- passou então a adotar uma estrutura de multicanais, res em administração. Sendo assim, o objetivo com políticas diferenciadas para cada um deles, em desse trabalho é fazer a análise das alterações ocor- contraposição ao único canal indireto utilizado até ridas nos canais de distribuição adotados pela in- então. dústria alimentícia brasileira nos últimos anos, en- focando os aspectos que levaram a tais alterações. O presente estudo está dividido em duas grandes INTRODUÇÃO partes. Na primeira faz-se a caracterização e aná- lise dos principais tipos de canais de distribuição O sistema logístico, que engloba além da logística existentes, além de identificar as variáveis que são de produção, os programas de distribuição física, responsáveis pelas mudanças em sua estrutura, en- canais de distribuição e armazenamento e estoques, focando, os aspectos relacionados à indústria ali- sempre foi visto como um conjunto de técnicas res- mentícia. Na segunda parte, explicita-se a metodo- ponsáveis pelo fluxo de materiais, que compreen- logia utilizada e são apresentados e discutidos os dem desde as matérias primas até o produto aca- resultados da pesquisa realizada em uma empresa bado. Assim sendo, a logística, desempenhada num do setor alimentício brasileiro. patamar unicamente operacional, não era tida como
1 Mestranda em Administração pelo Centro de Pós- Graduação e Pesquisa em Administração da Univer- sidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E-mail: amarcia@face.ufmg.br.
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O Plano de Logística e o Programa de Canais de muito mais do que apenas uma estrutura montada, Distribuição o canal de distribuição se constitui de um sistema complexo marcado pelo relacionamento entre o De acordo com LEVY (1996), pode-se dizer que fabricante, seus intermediários e consumidores fi- um plano de logística corresponde ao planeja- nais do produto. mento, implementação e controle de todas as ativi- De acordo com KOTLER (1996), os objetivos de dades envolvidas no fluxo da mercadoria desde a canal variam de acordo com as especificidades do aquisição de matérias primas para o início do pro- produto e com as habilidades e fraquezas dos vários cesso fabril até chegar ao produto acabado disponí- tipos possíveis de intermediários. vel no mercado consumidor. Essa definição mais STERN, EL-ANSARY e COUGHLAN (1996), ampla comporta outras duas que são a de logística afirmam que, um projeto de canais de distribuição de produção e a de logística de marketing. não pode ser desenvolvido a menos que se saiba O plano de logística de produção refere-se ao fluxo qual a estratégia de produto/mercado adotado pela da mercadoria dentro da planta industrial. Corres- organização. Além de uma idéia clara do produto, ponde a manipular variáveis como: matérias pri- deve-se saber a qual público-alvo ele se destina mas, estoques intermediários de produtos em pro- para, a partir daí, desenhar o sistema de distribui- cesso, depósitos, localização de plantas, dentre ou- ção mais adequado. Nunca um canal de distribui- tras. O plano de logística de marketing tem por ção conseguirá suplantar as deficiências de um finalidade o planejamento, a implementação e o produto que não tem valor para o público-alvo para controle do fluxo da mercadoria a partir do mo- o qual ele foi desenhado. mento em que ela já está pronta para ser comercia- E, a fim de atender às especificidades do público- lizada, isto é, é o plano que tenta maximizar a efi- alvo, um bom programa de distribuição deve con- ciência da conexão existente entre a empresa e o templar algumas variáveis-chave, como, por exem- consumidor. O plano de logística de marketing plo: o tamanho do lote, que significa o número de envolve três programas específicos: programa de unidades que o consumidor terá à sua disposição distribuição física, programa de estoques e armaze- caso um determinado tipo de canal tenha sido o namento e programa de canais de distribuição. escolhido; o tempo que o consumidor está disposto a esperar pelo produto ou serviço; a conveniência espacial, isto é, a facilidade com que o consumidor Decisões Concernentes aos Programas de Canais encontrará o produto; a variedade de produtos e a de Distribuição retaguarda de serviços, caracterizada pelos serviços extras tais como crédito, entrega e instalação (KO- Os canais de distribuição, também chamados de TLER, 1996; STERN, EL-ANSARY e COU- canais de comércio ou canais de marketing, podem GHLAN, 1996). ser definidos, de acordo com STERN, EL- São três as áreas que requerem decisões gerenciais ANSARY & COUGHLAN (1996:1), como sendo quando da escolha e alteração do sistema de distri- “um conjunto de organizações interdependentes buição, quais sejam: escolha de intermediários para envolvidas no processo de tornar o produto ou o desempenho das funções dentro canal, extensão serviço disponível paro o uso ou consumo”. O ca- do canal (que indica o número de unidades inter- nal de distribuição deve ser orientado para o con- mediárias) e intensidade de distribuição. sumidor e, para isso, deve ter a propriedade de se A escolha dos intermediários deve ser bastante cri- readaptar em função das variações de demanda, teriosa, uma vez que desempenharão funções que sejam elas de ordem cronológica, geográfica, ou têm como objetivo principal criar utilidade de qualquer outra. tempo, lugar e posse no fluxo da mercadoria e con- Além disso, deve ser considerado não apenas como seqüentemente, para os consumidores. um meio através do qual ocorre o escoamento dos Eles atuam no sentido de facilitar o movimento ou produtos fabricados por uma determinada empresa, fluxo de produtos, na medida em que, transformam mas como um mecanismo de articulação onde estão quantidade em variedade. Enquanto as empresas presentes também outros tipos de fluxos, como produtoras fabricam uma grande quantidade de pode ser visto na Figura (1). Isso quer dizer que, apenas um ou poucos produtos, os consumidores
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necessitam de uma ampla variedade de produtos, suas funções devem passar a ser desempenhadas em pouca quantidade. E são justamente os interme- por outras empresas que compõem o canal. diários do sistema que fazem essa transposição. De acordo com o número de unidades intermediá- rias os canais podem ser do tipo direto, semidireto Figura (1)2 ou indireto. Aqueles canais de distribuição que pos- suem um só elo entre a empresa e o consumidor são chamados de canais diretos ou canais de nível zero. Os principais tipos de canais de nível zero são: a As funções desempenhadas pelos membros de um venda porta a porta, reuniões domiciliares, mala canal de distribuição estão agrupadas nos fluxos direta, telemarketing, venda por televisão ou venda expostos na Figura (1). Aqueles referentes à posse por lojas de fabricantes. Nesse caso, é de responsa- física, promoção e propriedade formam tradicio- bilidade do produtor ou do consumidor o desempe- nalmente um fluxo para frente, isto é, partem da nho das funções concernentes ao canal. Os indire- empresa produtora em direção ao consumidor final; tos, por sua vez, são aqueles que possuem entre a a informação, o financiamento, o risco e a negocia- empresa e o consumidor vários atacadistas e/ou ção compõem um fluxo combinado e por fim, as varejistas. E, por fim, os semidiretos caracterizam- funções de pedidos e pagamentos se agrupam em se por serem compostos apenas por um intermediá- um fluxo para trás, indo portanto do consumidor à rio. Não existe, portanto, uma separação conceitual empresa produtora. relevante entre o canal indireto e o semidireto. Algumas das funções, podem ser desempenhadas Na maioria das vezes, quanto maior o número de em conjunto com o fabricante, ou ser tarefa exclu- unidades intermediárias mais difícil se torna a siva deste último, ou mesmo estarem diluídas entre atuação do fabricante sobre o canal e menos opor- os membros do canal. Como exemplo deste último tunidade ele tem de conseguir informações fidedig- caso, tem-se uma situação na qual todos os mem- nas sobre os consumidores finais de seus produtos. bros do canal são responsáveis pela função de esto- No entanto, a empresa pode ter um maior ou menor cagem do produto. Essa duplicação ou redundância controle sobre o canal de distribuição de acordo de atividades pode ser justificada no sentido de se com o contrato firmado entre as partes. Dessa atender melhor ao consumidor final, na medida em forma, existem canais que são controlados pelas que, acarretam, também, em aumento do custos. empresas, outros pelos atacadistas, outros pelos Além disso, essas funções devem ser sincronizadas, varejistas, ou mesmo pelos próprios consumidores. por exemplo, o lançamento de um novo produto Quando o controle da empresa sobre o canal é li- pode fracassar na medida em que as funções de mitado, o intermediário deve ser visto de forma posse física e promoção não estejam perfeitamente isolada, como um mercado específico que tem seus em sintonia. A coordenação das funções ocorre próprios interesses e objetivos e normalmente age através do fluxo satisfatório da informação entre os de acordo com os estímulos de seus consumidores, membros do canal. indo de encontro, muitas vezes, à política adotada As funções são também indispensáveis. Tendo isso pelo fabricante. Em casos extremos, a empresa não em vista, como diz STERN, EL-ANSARY & tem nenhum poder de escolha do canal com o qual COUGHLAN (1996), há três princípios que devem deseja trabalhar, ficando a cargo do intermediário ser considerados e tomam por base a existência e a selecionar livremente sua localização, público-alvo necessidade de desempenho dessas funções pelo e até mesmo o conjunto de produtos a oferecer. canal de distribuição, quais sejam: (1) pode-se eli- O grau de penetração mostra a intensidade com que minar ou substituir instituições que pertencem ao determinado produto ou fabricante está presente em canal de distribuição; (2) as funções que essas ins- segmentos geográficos do país. É importante lem- tituições realizam, no entanto, não podem ser eli- brar que esse conceito é diferente do de ocupação, minadas; (3) quando as instituições são eliminadas, já que este último refere-se não só à presença mas também à participação (market-share) do produto 2 Fonte: Figura adaptada de LEVY, A. Marketing ou do fabricante no mercado. avanzado: un enfoque sistémico y constructivista de A distribuição pode ser feita ou de forma exclusiva, lo estratégico y de lo táctico. Ediciones Granica, em que o intermediário não pode trabalhar com as Agosto/1996 (capítulo 14, pp.557).
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marcas concorrentes, ou de maneira seletiva, atra- devem estar estreitamente vinculados às especifici- vés de revendedores criteriosamente escolhidos, ou dades do produto ofertado e do público-alvo. mesmo intensivamente, que significa distribuir o produto ao maior número possível de estabeleci- mentos. O Sistema Vertical de Marketing O objetivo da distribuição intensiva é o volume de vendas, sendo que as exigências com relação aos Apesar de o conflito estar presente nas relações intermediários não se constituem em um entrave à entre os membros de um canal, pode-se dizer que a distribuição, ou seja, não é fundamental para a em- cooperação é ainda maior. A cooperação pode ser presa produtora aspectos como: a imagem do in- obtida basicamente através de duas maneiras. A termediário, o formato da sua loja ou os serviços primeira delas seria a aplicação de prêmios e san- que oferece. Alguns fatores positivos desse tipo de ções por parte do fabricante aos membros do canal. estratégia podem ser citados, quais sejam: a pulve- Dentre os prêmios destacam-se: a adoção de mar- rização dos riscos, a cobertura de mercado e a con- gens de lucro mais altas, os negócios especiais e a veniência espacial oferecida ao consumidor. É indi- propaganda cooperativa e as sanções são caracteri- cada para a distribuição de bens de conveniência zadas pela ameaça de redução de margens, atraso e/ou com alto índice de reposição. na entrega dos produtos ou, em casos extremos, no Na distribuição seletiva os intermediários têm que corte do relacionamento com o intermediário. cumprir algumas exigências impostas pelo fabri- Nesse primeiro caso, os intermediários são vistos cante dos produtos. Portanto, o número de interme- como empresas independentes e como tal, tentam diários nesse caso, é menor. Suas vantagens são: maximizar individualmente seus lucros, mesmo preservação da imagem do produto, melhor aten- que isso aconteça em detrimento do conjunto do dimento ao consumidor final e maior estabilidade sistema. no sistema. Os produtos que mais se adequam a A segunda é denominada sistema vertical de este sistema são os de compra comparada3. marketing ou programação de distribuição. O in- A distribuição exclusiva surge como uma forma de termediário, nesse caso, tem a função de um par- se manter o prestígio do produto e da necessidade ceiro comercial que deve, junto com a empresa, de se controlar as políticas de preço, exposição, atingir um objetivo comum que é a satisfação do manutenção, promoções, dentre outras. Esse tipo de consumidor. Para isso, o trabalho do distribuidor é distribuição permite controles rígidos, atendimento monitorado pelo fabricante, principalmente no que pessoal qualitativamente superior, etc. Os produtos tange a aspectos chaves, como por exemplo, o pla- que podem ser distribuídos com sucesso através nejamento de vendas, a administração dos estoques, desse sistema são os bens de consumo de especiali- o treinamento de vendedores, os planos de propa- dades e os bens industriais de alta tecnologia e pe- ganda e as promoções. Dentro desse escopo, um queno porte. membro do canal domina todos os outros ou por Quando um produtor adota tipos de canais de dis- posse ou por franquia, sem que o controle seja tribuição diferentes simultaneamente - estratégia de exercido de forma coercitiva. Os conflitos são mi- múltiplos canais - como por exemplo, supermerca- nimizados, assim como os custos e atende-se me- dos e lojas de conveniência, ele pode atribuir um lhor ao consumidor final. Além disso, pode-se obter nível de importância maior a um deles em detri- outras vantagens como, por exemplo, uma maior mento do outro, estabelecendo políticas diferencia- quantidade de informações disponíveis, redução de das. custos através de atividades sincronizadas e eco- Mas, seja qual for o canal de distribuição escolhido, nomia de tempo e de escala uma vez que as ativi- como já foi falado anteriormente, os seus objetivos dades podem ser transferidas de um membro para outro do canal. 3 Bens de compra comparada são aqueles que o con- sumidor, no processo de seleção e compra, compara, As Mudanças Estratégicas de Distribuição caracteristicamente, baseado em adequação, quali- dade, preço e estilo. Exemplos incluem móveis, PORTER (1991) indica vários meios organizacio- vestuário, carros usados e grandes eletrodomésticos, nais manipuláveis estrategicamente, quais sejam: (KOTLER, 1996:379).
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finanças e controle, produtos, mercados-alvo, exemplo, é a situação de ciclo de vida do produto. marketing, vendas, fabricação, mão-de-obra, com- Quando um produto está em seus estágios de intro- pras, pesquisa e desenvolvimento e distribuição. dução ou crescimento, um canal de distribuição A estratégica competitiva da empresa define, dentre mais curto, ou mesmo direto, é mais vantajoso pois outras coisas, a atuação da empresa sobre o mer- permite que se manipule de forma mais flexível as cado, identificando as necessidades dos consumido- margens de lucro que o produto oferece e pode-se res, para a partir daí, desenvolver os objetivos de manter um controle mais eficaz sobre a operação e canal. Isso quer dizer que, o passo fundamental sobre a imagem do produto. Por outro lado, se ele para se escolher ou provocar uma mudança no ca- já estiver em sua fase de maturidade ou declínio, o nal de distribuição utilizado é entender o que, onde, fabricante pode preferir obter maior rendimento por que e como os consumidores compram. com o giro do produto, não estando mais tão preo- Um exemplo que pode ser citado, dentro desse cupado com a sua imagem, uma vez que esta já foi contexto, é o fato de que se o mercado comprador é consolidada em fases anteriores (DIAS, S. R.,1993; facilmente identificado, se o processo de compra STERN, EL-ANSARY e COUGHLAN, 1996). por si só é extremamente racional, se a comunica- De acordo com MALLEN (1967/A) promoção e ção é dirigida e o serviço pré e pós-venda é impor- distribuição são mutuamente determinantes. Por tante, um canal do tipo direto é o mais apropriado. outro lado, a relação custo-benefício da utilização Entretanto, se por outro lado, a demanda for dis- das ferramentas de promoção deve ser feita num persa, o produto tiver alto grau de substituição e for sentido amplo, incorporando, não só a análise de baixo o seu valor unitário, pode-se optar com su- seus impactos sobre a empresa produtora, como cesso por um canal do tipo indireto (DIAS, S. R., aqueles que serão sentidos pelas empresas que 1993). compõem a estrutura de distribuição. Com relação Visto como um sistema aberto que influencia e é ao preço, pode-se dizer que este é provavelmente a influenciado pelo meio ambiente externo, os canais variável do composto mercadológico mais propensa de distribuição tendem, inevitavelmente, a mudar a ser fonte de conflitos entre os membros do canal e ao longo do tempo, acompanhando e respondendo portanto é a que pode desencadear mudanças com às alterações desse meio externo. Essas mudanças mais facilidade. podem ser causadas, como argumenta DIAS, S. Portanto, de acordo com KOTLER (1996) se há R.(1993), por alterações no mercado, na própria alterações nos padrões de compra dos consumido- distribuição, na legislação e na economia (distri- res, se o mercado está em expansão, se o produto buição de renda, renda per capita, disponibilidade atinge seu estágio de maturação, se aparecem novos de crédito, financiamento, taxas de juros, etc.). concorrentes ou mesmo novos canais de distribui- As alterações no mercado podem ser caracteriza- ção inovadores, para citar somente alguns exem- das, por exemplo, por uma demanda crescente, que plos, a empresa terá que redefinir sua estratégia de proporcionaria à empresa a opção de passar de uma distribuição. distribuição seletiva para uma intensiva; por uma Além disso, o avanço da tecnologia da informação demanda decrescente, causando uma possível con- e a necessidade de se chegar ao consumidor final ao centração da distribuição em segmentos eleitos; por preço mais competitivo possível está levando as variações geográficas e nos hábitos de compra; por empresas produtoras e os seus intermediários a mudanças nos métodos de distribuição da concor- repensar seu papel estratégico e sua atuação dentro rência e na estrutura econômica do mercado. da cadeia de distribuição. Com relação à distribuição as alterações podem ser Entretanto, como discorre JAIN4 (citado por DIAS em função de modificações no atacado e/ou no va- & SANTOS; 1997), as mudanças com relação às rejo com respeito às seguintes variáveis: importân- estratégias de distribuição são menos freqüentes cia relativa, serviços relacionados, competição, que aquelas relacionadas com as estratégias das nível de cooperação, margens, localização, etc. outras funções do composto de marketing: produto, Os outros fatores do composto mercadológico (pro- preço e promoção. De acordo com STERN, EL- duto, preço e promoção) também podem causar alterações no sistema de distribuição. Dentro desse 4 contexto, um aspecto que deve ser considerado, por JAIN, S. C. Marketing planning and strategy. Cincinnati: South-Western, 1985.
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ANSARY e COUGHLAN, (1996), as decisões so- Os espaços físicos dentro dos grandes supermerca- bre os canais de distribuição são de longo prazo por dos começam a ficar muito disputados levando as natureza e as mudanças, apesar de possíveis, são empresas produtoras a pagar taxas para que seus freqüentemente difíceis. produtos sejam expostos dentro do estabelecimento varejista.
Sistema de Distribuição de Alimentos
METODOLOGIA Acredita-se que a indústria alimentícia como um todo está preocupada com a influência que a distri- Para a presente pesquisa adotou-se o estudo de caso buição tem sobre o posicionamento competitivo das como metodologia básica. A unidade de análise foi empresas, mais especificamente com a crescente uma empresa do setor alimentício brasileiro, a In- importância do varejo. dústria Alimentícia Domingos Costa S.A., fabri- O varejista sempre esteve em contato direto com o cante da linha de produtos Vilma. Essa empresa consumidor final. No entanto, de acordo com WE- tem 83 anos de atuação no mercado mineiro e cerca DEKIN & NEVES (1995), devido ao avanço tec- de 400 empregados. Sua produção é vendida nológico este contato está cada vez mais estreito. atualmente em Minas Gerais, no Espírito Santo, no Por meio dos códigos de barras presente nas emba- Rio de Janeiro e na Bahia. lagens dos produtos, eles têm condições de ter in- O critério de escolha foi a conveniência, uma vez formações privilegiadas sobre os consumidores e que o estudo foi realizado na empresa onde se en- sobre os produtos antes dos demais membros do controu maior facilidade de acesso. Além disso, a canal de distribuição, permitindo assim um geren- pesquisa do tema “canais de distribuição” no to- ciamento para trás, a partir de modificações na cante a essa empresa pareceu ser relevante, pois demanda. trata-se de uma organização do setor de moagem de Entretanto, na indústria alimentar esse gerencia- trigo brasileiro, que passou por fortes mudanças no mento não é marcado pela cooperação. Há, por ou- começo da década, devido à estabilização econô- tro lado, fortes disputas por margens numa visão de mica e à desregulamentação do mercado. A partir negócio de curto prazo, com o varejo detendo um de então, foi obrigada a se reestruturar, utilizando maior poder de negociação. Além disso, o varejista com maior intensidade as ferramentas de está passando a desenvolver e comercializar marcas marketing, principalmente no toncante à adminis- próprias, com o objetivo de captar uma parcela tração dos canais de distribuição. maior da renda global do setor. Durante a pesquisa fez-se a entrevista semi-estrutu- Por outro lado, o crescente lançamento de produtos rada, que é acompanhada por um roteiro para dis- através da diferenciação por meio de aspectos qua- cussão. O motivo da utilização dessa técnica foi litativos, acompanhando a diversidade da demanda garantir a necessária flexibilidade ao entrevistado. e a busca de conveniência interferem em todo o Além disso, foi realizado um levantamento de da- sistema agroalimentar, aumentando os custos de dos secundários que proporcionou um entendi- gestão. mento completo do negócio. Dentro desse contexto, a informação, torna-se im- Tal metodologia possibilitou o estudo de como essa prescindível e deve fluir velozmente por todos os organização vem se mantendo competitiva no setor elos do canal para que a empresa se adapte às no- de trigo brasileiro, agora tão concorrido. vas tendências lançando produtos que satisfaçam as necessidades dos consumidores. A rapidez no lan- çamento de produtos é essencial na medida em que DISCUSSÃO DOS RESULTADOS a tecnologia está disponível em toda a indústria e os produtos são facilmente copiados pelas empresas O Setor Tritícola e o Decreto-Lei 210 concorrentes. Entretanto, esses produtos novos, crescentemente Antes de passar à análise do sistema de distribuição introduzidos pelas empresas, dificulta a distribui- dos produtos provenientes da moagem do trigo, ção e a alocação nas prateleiras dos supermercados. vale ressaltar alguns aspectos relevantes e peculia-
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res que deram uma conformação especial ao setor que fabricavam. O setor era fechado, podendo-se triticola. dizer que, apesar de não ser carteirizado, pois as Data do começo do século a interferência do Estado empresas não tinham acesso aos preços das maté- na produção e comercialização do trigo no Brasil. rias primas, nem ao preço final, era cartorial. Até 1967 várias normas foram elaboradas no sen- A venda era verticalizada, configurando uma curta tido de promover o cultivo do trigo, para que o estrutura de canal de distribuição indireto. Vendia- mesmo pudesse concorrer com o produto impor- se para os grandes atacadistas e distribuidores e tado. Dentre estas, pode-se citar: o decreto nº 2.049 estes, por sua vez, distribuíam o produto no varejo. de 31 de dezembro de 1908, o decreto nº 12.896 de A negociação era portanto realizada somente no 6 de março de 1918, o decreto nº 19.559 de 3 de âmbito do primeiro elo do canal (produtor - ataca- janeiro de 1931, a lei 470 de junho de 1937 e o dista), não havendo preocupação, por parte da em- decreto-lei nº 955 de 15 de dezembro de 1938. presa, com respeito às condições que o produto No decorrer desse período, o Estado foi, paulatina- chegaria até o consumidor final. mente, aumentando a sua intervenção e, no ano de Devido ao regime inflacionário, os atacadistas ti- 1967, com a promulgação de decreto-lei 210, de 12 nham um forte poder de negociação; além de serem de fevereiro, passou a deter um controle quase ab- poucos, só compravam na época de “virada de ta- soluto sobre esse setor. bela” (a tabela tinha data marcada para mudar), Através desse decreto, foram regulamentados vá- ocasião em que barganhavam prazos e reduções no rios aspectos da produção e comercialização do preço previamente tabelado pelo governo. Assim, trigo que anteriormente não haviam merecido aten- por exemplo, faziam uma compra para o mês se- ção especial. Os objetivos principais desse decreto, guinte utilizando a tabela do mês corrente, o que foram: impedir o crescimento da capacidade de proporcionava-lhes um ganho a mais correspon- moagem do país; ampliar a capacidade de ensila- dente a inflação do período. gem dos moinhos; administrar os preços de comer- Na “virada de tabela” os atacadistas faziam cialização do cereal; garantir o abastecimento de grandes pedidos e as indústrias os entregavam todas as regiões consumidoras; distribuir uma cota pouco a pouco, na medida da necessidade dos de trigo para cada moinho, em função de uma es- atacadistas. Sendo assim, estes ficavam livres dos timativa de consumo nacional ou regional, feita problemas e dos custos referentes à estocagem dos anualmente pela SUNAB (Superintendência Na- produtos. Os pagamentos dos pedidos eram feitos cional de Abastecimento). em prazos pré-fixados contados a partir da data do Esse estado de coisas permaneceu praticamente fechamento dos mesmos. inalterado até 1990, quando houve a queda do de- Com a desregulamentação e a abertura do mercado creto-lei 210, significando a desregulamentação a partir do início da década de 90, e principalmente total do setor. Os moinhos passaram a atuar livre- depois da estabilização econômica que se iniciou mente e, para conseguir sobreviver, tiveram que em 1994, essa situação mudou drasticamente. Os redefinir sua estratégia de atuação. preços passaram a oscilar pouco durante o ano, Atualmente, os moinhos nacionais são bastante obrigando a rede atacadista e a indústria a muda- competitivos e conseguem produzir a farinha a rem suas políticas de preços e a se preocuparem custos comparáveis com os dos países vizinhos. com o consumidor final. Não havia mais espaço para atuações especulativas. O setor ficou extre- mamente competitivo, sofrendo inclusive, a concor- A Evolução do Sistema de Distribuição de Pro- rência de produtos importados. dutos Provenientes da Moagem do Trigo O comportamento do consumidor também mudou. A partir de então, este passou a comprar mais vezes No período compreendido entre 1967 e 1990, a e em menor quantidade, o que quer dizer que as indústria brasileira de moagem de trigo era total- visitas ao estabelecimento varejista aumentaram. mente regulamentada (regida por cotas - decreto-lei Sendo assim, passou a ser imperioso que o produto 210 de 12/02/67) e existiam altas taxas de inflação estivesse bem colocado no mercado. As empresas mensais. Dentro desse contexto, os moinhos não se passaram a estar cada vez mais atenta à distribui- sentiam responsáveis pela distribuição dos produtos ção de seus produtos, dando ênfase também às
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áreas de venda e atendimento. Pode-se dizer então mento de farinha de trigo, para o qual foram cria- que as políticas adotadas pelo governo no início da das misturas específicas para cada tipo de pão pro- década de 90 foram as principais responsáveis para duzido pelas padarias, quanto na linha de macar- a evolução e mudança nos sistemas de distribuição rões. Antes da desregulamentação do mercado, adotados por essa indústria. existiam dois ou três tipos de macarrão diferentes, hoje são fabricados uma ampla variedade para atender a gostos específicos. Decisões Gerenciais Tomadas nesse Novo Con- As promoções, apesar de não muito constante, texto (trata-se de um produto de cesta básica), passaram a ser desenvolvidas em parceria com o varejo, no- Dentro da empresa pesquisada ocorreu o que pôde tadamente com os supermercados e hipermercados. ser chamado de descentralização e horizontalização Com a ausência do intermediário, representado das vendas. A empresa passou a operar tanto com o pelo atacadista, ou seja, com um canal de distribui- atacado quanto com o varejo, configurando uma ção mais curto, a empresa pode manipular, numa estratégia de multicanais. amplitude maior, os preços finais de seus produtos, De acordo com o entrevistado, atualmente para a além de obter informações mais fidedignas sobre empresa trabalhar com o atacadista ela deverá estar seus consumidores. Dessa forma, o controle sobre o sempre preocupada com a redução de custos e de canal aumentou, mas por outro lado, ele se tornou margens para, dessa forma, criar um espaço de mais oneroso para a empresa já que, ela passou a preço dentro do qual o atacadista possa operar. realizar as funções que anteriormente eram de res- Mas, mesmo assim, esse espaço está cada vez mais ponsabilidade do atacadista. difícil de existir porque o consumidor não está dis- A empresa investiu muito na área de vendas, com a posto a pagar por ele. “O consumidor não aceita abertura de novos representantes e contratação de mais que a indústria, para sua própria comodidade, novos vendedores e com a montagem de um sis- encaixe um intermediário, com todos os seus custos tema de banco de dados sobre os clientes. O banco de operação, entre ele e o fabricante, aumentando de dados desenvolvido pela empresa promove o com isso o preço final do produto.” monitoramento dos clientes (atacado e varejo). Observa-se portanto, que há uma tendência de en- Através dele, o departamento de vendas sabe sobre curtamento do canal de distribuição, excluindo-se a quando e quanto um determinado cliente comprou, figura do atacadista. Mas a empresa continua tra- sobre pedidos em abertos, pagamentos, etc. Além balhando com ele podendo-se dizer que está sendo disso, foi dada mais ênfase ao pessoal de linha de atribuída importância diferenciada entre os canais frente, para que os produtos chegassem eficiente- de distribuição, privilegiando o mais curto, isto é, mente ao mercado consumidor. aquele que tem apenas dois elos de ligação entre a Dentro de poucos meses a empresa será totalmente empresa produtora e o consumidor final (empresa - informatizada. O sistema será alimentado pelos varejo e varejo - consumidor). vendedores no tocante a pedidos, posições de mer- Essa mudança de canais de distribuição pode pro- cado, preços, quantidades vendidas, principais con- mover ou vir acompanhada de mudanças nos outros correntes, etc., ou seja, todas as informações refe- itens do composto mercadológico (produto, preço e rentes ao mercado. Essas informações percorrerão promoção). automaticamente toda a empresa, agilizando e in- Dentro desse contexto, fez-se melhorias nas políti- tegrando todos os seus processo internos. As infor- cas internas de produção, com a criação de uma mações serão então obtidas em tempo real e as pes- área de desenvolvimento de produtos. Por meio soas, encarregadas hoje de manter o sistema fun- desta, realizou-se um aumento considerável no nú- cionando, passarão a desenvolver um trabalho mero de produtos fabricados. A linha de produtos muito mais estratégico e desligando-se, portanto, foi ampliada, segmentando o mercado. Um cami- do operacional. nhão hoje sai da empresa com aproximadamente 45 pedidos diferentes que, por sua vez, são formados por produtos diferentes. Atualmente a empresa tem 244 produtos. As inovações foram tanto no seg-
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As Relações com os Grandes Estabelecimentos e o produto e permitem a sua penetração no pequeno com o Pequeno Varejo varejo. As negociações com o varejo não são menos importante pois são nesses locais que o volume De acordo com o entrevistado, dois objetivos são vendido é maior. perseguidos pela empresa: a preferência dos con- sumidores e a construção da imagem da empresa e, dentro desse contexto, a distribuição é um fator CONCLUSÕES FINAIS essencial para o alcance dessas metas. Definindo os supermercados e hipermercados como Pelo exposto observa-se que, as mudanças no am- lojas de auto serviço com linhas completas de itens biente externo da empresa e, mais especificamente, alimentares e não-alimentares e o pequeno varejo em seu ambiente de negócio, foram as principais como sendo representado por todos os outros pon- causadoras das alterações na estratégia de distribui- tos de revenda de derivados do trigo ao consumidor ção da empresa. final, como por exemplo, as mercearias, pode-se O canal de distribuição adotado era o indireto, com dizer, que para a empresa analisada, o supermerca- a presença de atacadistas e varejistas como inter- dos e hipermercados tem uma conotação diferente mediários do sistema. Com a abertura econômica e do pequeno varejo. o conseqüente aumento da concorrência, com a Para a empresa, é importante o produto estar nos estabilização de preços do início da década e com a grandes estabelecimento (supermercados e hiper- desregulamentação do mercado, a empresa viu-se mercados) porque isso fortalece a sua imagem de obrigada a mudar sua estratégia de distribuição. marca, por outro lado, é fundamental estar no pe- Apesar de continuar utilizando o sistema de distri- queno varejo pois é lá que a quantidade vendida é buição indireto, passou a adotar a estrutura de maior. Nas palavras do entrevistado tem-se que: “- multicanais, trabalhando com canais formados por É muito importante que a dona de casa veja o pro- atacadistas e varejista ou negociando diretamente duto na prateleira do supermercado. O supermer- com os varejistas. cado é uma vitrine do mercado, você tem que estar A utilização de canais indiretos em ambos os casos ali. Você está no supermercado atendendo muito (antes e depois das políticas adotadas pelo governo, mais ao marketing do que ao próprio ganho.” no início da década) justifica-se pelas especificida- Esse aspecto também justifica a infreqüência das des do produto e da demanda. Trata-se de um pro- promoções de preços realizadas em conjunto com duto de baixo valor unitário, com alto índice de os supermercados uma vez que, os produtos fabri- substituição que tem uma demanda dispersa. cados pela empresa têm uma quantidade vendida Além disso, o fato de a empresa estar propensa a muito maior no pequeno varejo do que nos grandes trabalhar com canais de distribuição mais curtos estabelecimentos. Por outro lado, a empresa, se- justifica-se, na medida em que, o preço é um fator gundo o entrevistado, não tem por hábito negociar crucial para a manutenção do diferencial competi- com o supermercado o espaço físico para a exposi- tivo da empresa. Sendo o canal mais curto, o preço ção de seus produtos, pois sabe que se assim o fizer é mais eficazmente manipulável. Por outro lado, terá que aumentar o preço final pago pelo consu- este canal permite uma comunicação mais eficiente midor, incorporando os custos de “aluguel de pra- da empresa com o mercado, mantendo-a próxima teleira” pagos aos supermercados. de seus consumidores e fazendo com que as reações Além disso, o pequeno varejo “se espelha” no às alterações na demanda por seus produtos sejam supermercado. Se um determinado produto ou uma mais rapidamente sentidas. A agilidade na obten- determinada marca estiver presente nos grandes ção da informação é nesse caso fundamental. estabelecimentos, torna-se fácil a sua penetração no Pode-se observar, também, que os intermediários pequeno varejo. que compõem o canal de distribuição são vistos Visto dessa forma, as negociações realizadas com como empresas independentes que tentam maximi- os grandes estabelecimentos de varejo são dupla- zar individualmente seus lucros, mesmo que isso mente importantes. De um lado elas visam a cria- ocorra em detrimento do sistema como um todo. ção e manutenção de uma boa imagem de marca É atribuído um nível de importância diferenciado para os produtos Vilma e, de outro, elas promovem para os canais de distribuição adotados, sobres-
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saindo-se o mais curto, sem a presença do estabele- KOTLER, P. Administração de marketing: aná- cimento atacadista, em detrimento daquele onde o lise, planejamento, implementação e controle. número de unidade intermediárias é maior. E, Ed. Atlas. São Paulo, 1996 (Capítulo 20) mesmo no canal mais curto, dá-se tratamento dife- LEVY, A. Marketing avanzado: un enfoque sisté- renciado para cada um deles. Para aqueles que mico y constructivista de lo estratégico y de lo contém grandes estabelecimentos varejistas, a ên- táctico. Ediciones Granica, agosto de 1996. fase é na imagem de marca e portanto políticas são (Capítulo 14) desenvolvidas nesse sentido e, para aqueles que MALLEN, B (A). Interaction of channel selection comportam o que pode ser chamado de pequeno policies in the marketing system. In: MALLEN, varejo, previlegia-se o montante vendido. B. E. The marketing channel: a conceptual Por esse estudo pode-se observar e confirmar as- viewpoint. John Wiley & Sons, Inc. USA, 1967. pectos fundamentais sobre a teoria de canais de MALLEN, B (B). Conflit and cooperation in distribuição existente principalmente no que tange marketing channel. In: MALLEN, B. E. The à sua estrutura e mudança ao longo do tempo. marketing channel: a conceptual viewpoint. Assim sendo, apesar das limitações inerentes ao John Wiley & Sons, Inc. USA, 1967. estudo de caso com respeito às generalizações, uma PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas vez que as informações obtidas representam a rea- para análise de indústria e da concorrência. lidade transitória de uma única organização, acre- Rio de Janeiro, Campus, 1991. (Introdução). dita-se que esse trabalho tenha resultado em uma REVZAN, D. A. Marketing organization through contribuição em direção a um melhor entendimento the channel. In: MALLEN, B. E. The marketing das forças que modelam os canais de distribuição e channel: a conceptual viewpoint. John Wiley & de suas características intrínsecas. Além disso, esse Sons, Inc. USA, 1967. estudo deve servir como um estímulo a futuras pes- SOARES, R. P. Avaliação econômica da política quisas sobre o tema, com amostras e análise de triticola 1967/77. Belo Horizonte: Faculdade de dados mais abrangentes. Ciências Econômicas da UFMG - Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, 1979. (Dissertação de mestrado). BIBLIOGRAFIA SOUZA, M. G. NEMER, A. Marca & distribui- ção: desenvolvendo dominação estratégica e DIAS, S. R. Estratégia e canais de distribuição. vantagem competitiva no mercado global. São São Paulo, Ed. Atlas, 1993. Paulo, Makron Books, 1993. DIAS, S. L. F. G. SANTOS, R. C. Evolução e mu- STERN, L. W. EL-ANSARY, A. I. danças na estrutura de canal de distribuição: um COUGHLAN, A. T. Marketing Channels. 5ed. estudo de caso em fabricantes de computadores New Jersey: Prentice Hall, Inc., 1996. pessoais. Revista Brasileira de Administração WEDEKIN, I. NEVES, M. F. Sistema de distri- Contemporânea. Rio de Janeiro, ANPAD, se- buição de alimentos: o impacto das novas tec- tembro de 1997. nologias. Revista de Administração, São Paulo FLEURY, P. F. SILVA, C. R. L. O estágio de de- v. 30, n. 4, pp.5-18, outubro/dezembro, 1995. senvolvimento da organização logística em grandes empresas brasileiras. Revista Brasileira de Administração Contemporânea. João Pessoa, ANPAD, setembro de 1995.
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