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| ESTRATÉGIA • PRISCILA MIGUEL

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO
DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
Considerando a necessidade constante de inovar, também pelo aumento da receita. Isso porque são as
as empresas têm investido em novos modelos de ne- atividades logísticas que garantem a disponibilidade de
gócios para se diferenciarem e obterem vantagem produto e/ou serviço para o cliente. Mais eficiência e
competitiva. O canal tradicional de vendas concorre confiabilidade dos processos têm efeito direto na ven-
com o e-commerce, os multicanais e o chamado om- da e, consequentemente, no faturamento. Se a empresa
nichannel; o consumidor não está mais disposto a es- conseguir agregar mais valor à sua entrega, pode, inclu-
perar dias para receber um produto. Adicionalmente, sive, elevar seus preços, destacando-se da concorrência.
muitos setores têm migrado de um fluxo físico de Também é preciso envolver a área de supply chain
mercadorias para um mercado de conteúdo, como é para avaliar como os processos de gestão de estoque,
o caso de músicas e filmes. armazenagem e transportes precisam ser otimizados
Soma-se a essas mudanças, a escassez de recursos para que um produto seja entregue rapidamente a partir
disponíveis para consumo e o aumento da complexi- de diferentes canais. A logística deve garantir o atendi-
dade nas relações interorganizacionais. Atualmente, mento ao cliente, independentemente de onde ele esteja,
empresas compram de fornecedores em qualquer lugar mas isso implica investimentos em sistemas de infor-
do mundo (cadeias globais) e organiza- mação e controle, além do redesenho do
ções terceirizam suas operações (pro- reabastecimento de estoque e da malha de
dução, serviços logísticos) para outras AGREGAR VALOR À transporte, sem contar o retorno de pro-
firmas. Além disso, o ambiente econô-
mico e político dos países varia de acor-
ENTREGA PERMITE dutos pós-consumo: a logística reversa.
Vamos além. Entre as atividades
do com os planos de cada governante, ÀS EMPRESAS SE desempenhadas em supply chain, es-
resultando no aumento de incertezas. tão compras e gestão de fornecedores.
Nesse novo cenário, as organizações DIFERENCIAREM. Quando envolvidas nas discussões es-
precisam alinhar suas estratégias para tratégicas, tais atividades podem contri-
serem mais responsivas às necessidades do consu- buir positivamente para o resultado via desenvolvi-
midor, resilientes às mutações nos ambientes inter- mento de fornecedores, para que entreguem materiais
no e externo e responsáveis em termos de desenvol- de qualidade, mais sustentáveis e inovadores em pra-
vimento sustentável, tanto ambiental quanto social. zos menores. O resultado são produtos com diferen-
Para atingir o sucesso, é imprescindível repensar ciação e, eventualmente, custo mais baixo.
o papel da logística e da gestão da cadeia de supri- Esses são apenas alguns exemplos de como a ges-
mentos. Essas funções são responsáveis pelo fluxo tão da cadeia de suprimentos pode contribuir para
de mercadorias e serviços desde a origem (fornece- a vantagem competitiva das organizações. Para ga-
dor) até o consumidor final, de forma a garantir que rantir esse alinhamento, é preciso que a empresa te-
estejam disponíveis na hora certa, no local desejado nha visão de longo prazo para captar tendências de
e nas condições previamente estabelecidas. mercado e antecipar potenciais riscos; foco no clien-
Muitas empresas ainda enxergam logística e cadeia te final, não só na atividade individual; e que consi-
de suprimentos como departamentos operacionais e de dere critérios múltiplos de desempenho (financeiro,
suporte nos quais reside boa parte dos custos. No en- ambiental e social). Assim, a gestão da cadeia de su-
tanto, a gestão dessas áreas pode ter impacto direto nos primentos passa a exercer papel-chave na execução
resultados, não apenas pela redução dos gastos, mas da estratégia da organização.

PRISCILA MIGUEL > Professora da FGV EAESP > priscila.miguel@fgv.br

| 54 GVEXECUTIVO • V 16 • N 3 • MAIO/JUN 2017

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