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Capitulo 1 – Introdução
As empresas sempre tiveram de gerir a sua produção, para se tornarem eficazes. Assim,
podemos dizer que a gestão da produção existe desde que existem empresas.
Portanto, pode-se ver claramente que a percepção da gestão da produção evoluiu bastante. A
gestão da produção coloca-se no centro da estratégia da empresa. Porque? A resposta a esta
questão está na evolução das condições de competitividade económica.
Desde um passado recente (meados do século XX), distinguem-se três fases de evolução do
meio envolvente das empresas. Consoante o sector de actividade, o encadeamento destas três
fases no tempo pode ser diferente.
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Segunda fase, surge quando se verifica um equilíbrio entre a procura e a oferta. Neste caso,
o cliente podia escolher livremente o seu fornecedor. Tratava-se de produzir o que podia ser
vendido. Tornou-se necessário fazer previsões comerciais, dominar a actividade de produção,
organizar os aprovisionamentos, regular os stocks e fixar os prazos.
Terceira fase, em que a oferta excedentária gera uma concorrência implacável entre as
empresas face a clientes cada vez mais exigentes. Nesta, a empresa tende a produzir o que já
está vendido. Surgem as preocupações de estratégia industrial e de controlo rigoroso de gestão e
descobrem-se contradições (preço-qualidade, preços – pequenas series, etc.). Estas contradições
requerem arbitragens com vista a uma coerência global e, esta competitividade obriga a empresa
a:
O desafio dos últimos anos, orienta-se para lógicas muito mais globais de reflexões
interempresas ou intergrupos. Actualmente, o nível de exigências em relação a qualidade dos
produtos e serviços oferecidos pelas empresas, impondo além de uma qualidade cada vez
melhor, prazos cada vez mais curtos, uma grande fiabilidade, preços sempre mais baixos, tempo
de resposta ao mercado cada vez mais favorável, leva as empresas a questionarem-se sobre os
progressos que ainda poderão alcançar. A implementação e a prática generalizada de políticas
como o Just-in-time, a Qualidade Total e a Lean Production, que permitem melhorar os
processos de produção internos e até os processos de aprovisionamento e de distribuição
directos, já não serão suficientes, sendo necessário ir mais longe. Estas são algumas das razões
que indicam que a terceira fase na qual muitas empresas ainda se reconhecem, está prestes a ser
ultrapassada.
A Supply Chain é o processo global de satisfação dos clientes através da criação de uma
cadeia de valores que integra, de forma optimizada, todos os “actores” que estão na origem da
execução de um produto ou de uma família de produtos.
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O objectivo da Supply Chain é o de ter um melhor domínio dos fornecedores (e dos
fornecedores dos fornecedores), assim como dos clientes (e dos clientes dos clientes), a fim de
melhorar a qualidade da prestação global que é proposta ao consumidor final.
Esta evolução tornou-se possível graças as numerosas transformações em matéria tanto dos
sistemas de informação como das infra-estruturas ou dos sistemas de transportes rápidos. A
revolução que as redes Internet ou Intranet, as EDI (Intercâmbio de Dados Informatizados), a
criação de softwares de tipo ERP (Enterprise Resources Planning), etc. representam, permite
comunicar cada vez mais rapidamente e mais longe, trocando uma grande quantidade de
informações. Paralelamente ao desenvolvimento das infra-estruturas rodoviárias e dos corredores
aéreos, é possível usar os produtos cada vez mais longe e mais rapidamente… e criar Supply
Chain verdadeiramente eficazes.
O processo de implementação da Supply Chain impõe a sincronização dos fluxos físicos, dos
fluxos financeiros e dos fluxos de informação, com a necessária transformação a todos os níveis
nas empresas envolvidas e, por isso, não estará isento de dificuldade.
São os projectos de cadeia logística que os grandes grupos internacionais privilegiam hoje
em dia para assegurar a sua longevidade.
Já foi referido que actualmente a gestão da produção é aplicada não somente numa empresa
de manufactura mas também de prestação de serviços. No entanto, é importante que se
estabeleça a diferença entre manufactura e serviços, podendo ser descritas essencialmente com
base na natureza física do produto final a produzir:
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Tabela: 1.1. Diferença entre manufactura e serviços.
Manufactura Serviços
- Os produtos são palpáveis e quantificáveis - Os serviços são difíceis de medir (ex. ideias,
(ex. automóvel, roupas, etc.); conceitos, diagnósticos, etc.);
- Podem ser armazenados e planeados com o - Não é possível armazenar. O factor tempo
tempo; pode ser imediato;
- A qualidade dos produtos pode ser medida - A qualidade é função directa dos clientes;
através de padrões bem definidos em função do
tipo de produto;
Apesar dessas diferenças entre a caracterização da área industrial e a de serviços, estas são
cada vez mais difíceis de identificar uma vez que os serviços começam a estar cada vez mais
presentes numa organização tipicamente industrial.
No entanto, quer seja uma empresa de manufactura ou de serviços, integrada num projecto do
tipo Supply Chain ou não, o objectivo “Produzir o que já está vendido” continua a ser dominante.
Para alcançar esse objectivo, a empresa deve ser pelo menos reactiva ou proactiva.
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Para tal, a empresa deve organizar a sua produção de modo a fabricar uma grande
diversidade de produtos, com qualidade, ao mais baixo custo possível.
Deve procurar, no âmbito da sua gestão da produção, passar de uma lógica de cargas para
uma lógica de fluxos. Nesse sentido, necessita transformar actividades aparentemente
independentes num processo contínuo, suprimindo progressivamente as operações que não
geram valor acrescentado para o cliente (operações de transporte, de armazenamento, etc.).
Portanto, é necessário conceber e produzir de modo diferente, o que requer uma mudança de
cultura da empresa e uma evolução dos comportamentos de todos.
Direcção
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As grandes empresas tendem a organizar-se com base nestas funções criando departamentos
individuais os quais assumem a responsabilidade pela função ao qual estão ligadas. No entanto, é
necessários termos em conta que a maior parte dessas funções estão interligadas cabendo a
gestão da empresa a garantia da existência de uma boa comunicação entre cada uma das funções
de forma a atingir os objectivos globais da empresa.
Os principais fluxos ligados as diversas funções existentes dentro de uma empresa são:
Sendo a principal preocupação a satisfação dos clientes, a gestão da produção deve tentar
controlar os seus fluxos e, nesse sentido:
A gestão da produção tem como um dos principais objectivos gerir os fluxos de materiais
e de informação de acordo com a política empresarial em que se encontra inserido, sendo a
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principal função a transformação das “entradas” (matéria-prima) da organização em “saída” –
produto final.
Feedback
Controlo
Entradas, que descrevem todos os recursos físicos e não físicos que entram na
empresa. Por exemplo materiais, trabalhadores e equipamentos no caso de
empresas de manufactura e, conhecimento humano, experiencia, informação no
caso de empresa de prestação de serviços;
Transformação, descreve o processo activo da produção constituído por
procedimentos, conceitos, regras e tarefas a serem executadas de forma a
transformar as entradas em saídas;
Saídas, constituem o resultado final do processo produtivo da empresa, por
exemplo automóveis ou diagnósticos médicos;
Controlo, encontra-se ligado aos três elementos descritos atrás – entradas,
transformação e saídas – tendo como finalidade controlar e corrigir o processo
produtivo face a possíveis alterações dos objectivos pré-estabelecidos. Exemplo o
sistema de qualidade, sistema de controlo do equipamento, supervisão de
operário;
Feedback, descreve a transferência de informação que estabelece a ligação entre
os restantes elementos do sistema produtivo. Esta informação pode existir sob
formas verbais, electrónicas e/ou escritas.
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Fig. 1.3. Sistema de gestão de produção
EMPRESA
A A
M Mão-de-obra
E M
S
B N B
Capital A Produtos
I T Funções de I
Energia
I
transformação
E R D E
Matérias-primas
N A A N
Outros insumos Serviços
T D S T
E A FRONTEIRA DO SISTEMA E
Exemplo:
- Trabalhadores;
- Ferramentas.
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- Trabalho
Sabemos que é regra geral, que toda empresa seja ela de manufactura ou prestação de
serviços, funcionar com fornecedores e clientes e induzir valor acrescentado aos seus produtos.
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Independentemente do sistema político e das opiniões de cada um, toda empresa possui o
desejo de longevidade. Isto obriga-a a procurar um nível de rentabilidade suficiente, tendo em
conta, simultaneamente, a competitividade internacional cada vez mais agressiva e as exigências
crescentes do cliente.
Ou
Se estas três relações são equivalentes do ponto de vista matemático, o mesmo não se
pode dizer no plano da filosofia da empresa e da sua gestão da produção.
A empresa tem uma margem de manobra muito limitada ao nível da fixação do preço de
venda dos seus produtos, visto este ser praticamente imposto pelo mercado. Além disso, se
quiser assegurar a sua longevidade, tem de obter uma certa margem de lucro para poder
assegurar os seus investimentos futuros, o seu desenvolvimento.
Isto significa que, para continuar a existir, terá de suportar um custo de produção, no
máximo, igual ao custo de produção alvo. Caso contrário, terá de reflectir em todas as melhorias
que pode realizar para se manter dentro dos limites definidos pelo custo de produção alvo. Todas
as melhorias significam tudo o que for possível a todos os níveis: concepção, industrialização,
aprovisionamentos, distribuição, produção, logística, qualidade, etc.
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Vamos exemplificar com uma história: um inventor genial pretende criar uma empresa
para explorar a sua patente revolucionária. Convence o banco a emprestar-lhe um capital inicial
para adquirir as máquinas e matérias-primas necessárias ao fabrico dos primeiros produtos. Até
efectuar as primeiras vendas, decorre um certo tempo… e os juros do empréstimo estão a
contar… Entretanto, consegue vender estes produtos, mas… o cliente paga a “60 dias”… e os
juros não param! A situação pode acabar por ser trágica, com os juros a absorverem uma boa
parte dos lucros previstos!
Meios disponíveis
Compra Venda
Ciclo de fabrico
Da diminuição dos stocks e dos produtos em curso de fabrico, por diversos meios
(fiabilização da procura e dos aprovisionamentos, maior fiabilidade dos meios de
produção, responsabilização das pessoas…) e métodos de gestão (MRP,
Kanban…);
Do encadeamento das operações, graças a uma melhor implantação dos meios de
produção e a uma melhor programação-lançamento-controlo da produção,…;
Da diminuição da dimensão dos lotes de fabrico e dos tempos de mudança de
série;
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Da melhoria da cadeia logística que engloba todo o processo, desde a aquisição
das matérias-primas aos fornecedores até à entrega dos produtos acabados aos
clientes.
Mas esta solução não está destituída de riscos, dado que, numa falta, toda a produção
sofre atrasos. Por isso, encomendar o mais tarde possível é um jogo delicado que pode ser
perigoso para a empresa, dado que a esperança de um pequeno ganho é passível de gerar um
prejuízo muito maior se os parâmetros de produção não estiverem totalmente afinados.
Seja como for, todos estes elementos de melhoria vão permitir à empresa diminuir o seu
custo de produção e manter-se dentro dos limites do custo de produção alvo. Caso contrário, o
produto em causa não verá a luz do dia, a não ser por razoes estratégicas que dão à empresa a
possibilidade de perder dinheiro em certos produtos da sua gama.
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Serviço de produção: é sempre difícil resolver o problema dos custos.
Direcção
Objectivos estratégicos
GESTÃO
Pessoal Manutenção
Recrutamento, competências, DA Manutenção de recursos
formação, motivação
PRODUÇÃO
Fabrico
Informática
Tratamento da informação Fabrico de produtos
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Uma solução muito actual, face aos riscos de dispersão, consiste em reunir numa mesma
Direcção, denominada Logística, todas as funções que contribuem directamente para o domínio
dos fluxos de materiais (gestão de encomendas, elaboração do programa de produção,
programação, lançamento, aprovisionamentos, compras, manutenção dos diferentes stocks,
movimentação e transporte e expedição). Esta solução conduz a uma simplificação dos grandes
objectivos da empresa: vendas, investigação e desenvolvimento, produção, eficácia e eficiencia
na utilização dos recursos.
Por outro lado, a gestão da produção através das suas áreas de actividades tem ainda
como objectivos:
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individuais em caso de anomalias ou de disparidades em relação às previsões, etc. Por outras
palavras, a gestão da produção nunca pode ser da competência exclusiva de alguns especialistas.
A participação activa de muitas pessoas afectas aos vários sectores da empresa é essencial.
Esta colaboração efectiva não é possível num contexto de más relações de trabalho, sejam
quais forem as causas: clima social, ambiente laboral, estrutura e organização de trabalho. Por
outro lado, a gestão da produção deve, imperativamente, ser confiada a pessoas motivadas,
reactivas, responsabilizadas e formadas, sendo presentemente um imperativo para todas as
empresas que procuram a excelência industrial face à aguerrida competição internacional.
1.7. Conclusão
Estes quatros eixos de trabalho devem derivar uns dos outros e ser coerentes entre si, o
que não é fácil.
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Bons produtos;
Uma boa organização da produção;
Um bom sistema de fabrico;
Uma boa gestão;
Uma boa função comercial.
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Capítulo 2 – Qualidade
Pode-se concluir que definir qualidade não é fácil quando se pretende “agradar” ao
consumidor. Por um lado, como foi referido anteriormente, cada indivíduo é um indivíduo e, por
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outro lado, a percepção de qualidade varia face as condições de mercado. Neste último caso e
tomando por exemplo o sector automóvel, a escolha por parte do cliente em 1970 centrou-se em
aspectos de potência; em 1975 foi o consumo e finalmente nos anos 80 a qualidade do design
marcou a procura. Desta forma, o sucesso da empresa depende da sua percepção face às
expectativas do mercado, isto é, variações associadas ao conceito de qualidade por parte dos
consumidores, sem todavia deixar de garantir os padrões operacionais estabelecidos na produção
dos seus produtos.
Juran: qualidade deve ser apropriada para o uso ou propósito, ou então, qualidade
é a conformidade dos produtos ou serviços às necessidades expressas pelos
clientes internos ou externos;
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índice de reclamações nulo ou, na pior das hipóteses, apenas desprezável. A perda de qualidade
pode aparentemente reflectir uma diminuição de custos de produção a qual é todavia fictícia,
pois traduz-se frequentemente em falhas internas ou externas ao processo produtivo que
resultam, posteriormente, num maior investimento quer na reciclagem de produtos, perdas de
produtos (sucata), ou ainda numa perda de imagem de marca.
No entanto, podemos definir custos de qualidade como sendo custos associados a
obtenção e manutenção de qualidade em uma organização, tanto em fabrico como em serviços e,
envolve acções em busca da melhoria do produto ou serviço oferecido, de forma a satisfazer o
consumidor final.
Custos de prevenção
Custos voluntários
Custos de avaliação
Custos de qualidade
Custos de falhas internas
Custos involuntários
Custos de falhas externas
Estes, como o nome indica, estão associados à prevenção de defeitos e, são directamente
proporcionais ao aumento da qualidade, uma vez que a melhoria de qualidade implica um
consumo de tempo, esforço e dinheiro. Os custos de prevenção têm como objectivo controlar a
qualidade dos produtos, de forma a evitar gastos provenientes de erros no sistema produtivo.
Como custos de prevenção têm-se os custos de desenvolvimento do processo e do produto,
custos de formação de mão-de-obra bem como custos de apoio suplementar.
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A avaliação pode ser realizada:
No início: pode ser avaliada a matéria-prima para ter certeza da sua qualidade;
Quando o processo está em andamento: pode ser realizada a avaliação ao se
transferir o processo de um sector para outro onde é possível detectar falhas em
produtos que poderiam ser repassados para outros processos;
No fim do processo: pode ser realizada a avaliação total do produto acabado
(final), a fim de que não sejam repassados para o cliente sem que se esteja a
cumprir ou superar as suas expectativas.
Tem-se que a saída da primeira operação é dada por B(1-dj), quantidade que é
posteriormente processada na operação 2 produzindo d2 unidades com defeito e assim
sucessivamente. Consequentemente, assumindo que as unidades com defeito passam de uma
operação para a seguinte sem haver inspecção ou detecção de falhas e tendo em conta que a saída
do processo produtivo deve ser igual a M pode-se escrever:
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Com base nesta equação calcula-se o valor de B ou seja, o número total de unidades a
inserir no processo produtivo de forma a produzir o número de unidades requeridas sem defeito
(M) tendo em conta as possíveis falhas (d1, d2,… dn).
Ou seja, aproximadamente 113 unidades têm de ser processadas neste caso contra 100
unidades caso o processo estivesse associado a uma produção sem defeitos.
Por outro lado e relativamente aos custos de reciclagem, estes podem ser calculados de
uma forma também simplificada tendo por base a média das unidades de um produto que é
reciclada por dia:
M=
Onde
Pj – probabilidade de um determinado lote do produto j apresentar defeitos e ter de ser
reciclado;
Qj – número de unidades do produto j por lote;
Nj – média de lotes sem defeito do produto j requeridos por unidade de tempo;
Mj – média do número do produto j produzidas por unidades de tempo na operação onde
existe reciclagem.
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se que um lote é composto por 1175 livro, qual é a média do número de livros produzidos na
operação em que existe reciclagem?
Resposta:
Estes prendem-se essencialmente com custos de garantia e em alguns casos com custos
litigiosos. Neste caso, como a falha de um determinado produto é detectada pelo consumidor
além dos custos de garantia e litigiosos, pode ainda verificar-se uma perda de imagem do produto
acarretando perda de mercado e consequentemente elevada redução de lucros. Desta forma os
custos associados a falhas externas podem ser extremamente pesados para qualquer tipo de
organização devendo portanto, ser eliminados.
Fig. 2.1. Evolução dos custos de detecção face à evolução da história do produto (processo,
teste final, consumidor)
Custos de
detecção
Como foi referido anteriormente, uma detecção de falhas ao longo do processo acarreta
menores perdas de capital enquanto que uma detecção feita a nível do consumidor pode resultar
desastrosa. Consequentemente, investir a nível de prevenção é reconhecidamente o melhor
investimento a fazer para qualquer tipo de organização (manufactura ou serviços) reduzindo
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assim os custos de avaliação e os custos de ocorrência de falhas internas e externas. Este
investimento considera frequentemente o preço do produto, qualidade, tempo e flexibilidade de
produção tendo como objectivo atingir uma relação óptima entre o nível de qualidade a obter e a
redução dos custos.
No início dos anos 80, a área de gestão da qualidade evoluiu para uma actuação com base
na implementação de sistemas ditos como de controlo total de qualidade (Total Quality Control,
TQC), que descreve um método integrante do desenvolvimento, manutenção e melhorias de
qualidade a seguir pelos diversos grupos da organização cujo objectivo principal é definido com
base na qualidade a atingir dos produtos, processo e procedimentos em detrimento da margem de
lucro da empresa se tal for necessário.
Podemos definir TQC como sendo o conjunto de acções previamente planeadas e
implementadas relacionadas com a medida de qualidade, para diagnosticar se os requisitos estão
a ser respeitados e se os objectivos da empresa estão a ser atingidos.
Assim, desde a secretária, que deve evitar erros de dactilografia, até ao vendedor que
deve aperfeiçoar o seu método de marketing, passando pelo engenheiro de produção, interessado
em usar os dispositivos mais adequados para controlar a qualidade dos produtos e finalizando no
gestor que canaliza os meios financeiros para a área de qualidade, todos são responsáveis pela
qualidade final dos produtos. Por outro lado, para alcançar esses objectivos, diversos princípios
são usados na implementação de um sistema de controlo de qualidade total:
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pode ser feito através da consulta dos resultados do controlo estatístico efectuado
sobre variáveis e atributos característicos dos produtos bem como através da
análise do efeito das medidas correctivas usadas por cada elemento da
organização para fazer face a anomalias processuais.
As regras expressas nos princípios definidos atrás são agrupadas em três diferentes
categorias:
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3. Organização – referentes à gestão da autoridade e responsabilidade conferidas aos
trabalhadores, como organizar e formar os recursos humanos.
1. Equipamento
1.1. Projectar o equipamento livre de defeitos e com dispositivos de controlo
automático
1.2. Manter o equipamento em excelente qualidade de operação.
2. Qualidade do processo
2.1. Fazer de cada estação de trabalho um ponto de controlo;
2.2. Quando possível inspeccionar cada item ou serviço imediatamente após ser
produzido;
2.3. Quando 2.2 não for possível manter informação rápida de feedback para o
produtor face aos resultados de posteriores inspecções.
3. Organização
3.1. Fornecer a cada trabalhador a hipótese de parar o processo produtivo ou de pelo
menos fornecer indicações sobre problemas enfrentados;
3.2. Cada grupo de trabalho é responsável por corrigir os seus próprios erros;
3.3. Fornecer toda a informação sobre possíveis problemas a corrigir para o produtor
do produto em questão;
3.4. Garantir o tempo necessário para trabalhar um bem;
3.5. Quando fazível organizar os recursos (humanos e equipamentos) ao longo do
fluxo do processo produtivo mais adequado;
3.6. Organizar os trabalhadores em grupos de qualidade;
3.7. Formar trabalhadores e supervisores no uso de métodos de controlo estatístico.
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Desde 1985, os conceitos de TQC evoluíram de um programa de qualidade total para
uma visão estratégica de gestão mais alargada denominada como gestão de qualidade total
(TQM). A TQC aparece assim como a base para a filosofia TQM a qual só é possível levar a
cabo se existir um programa TQC previamente implementado.
A gestão de qualidade total aparece como um conceito de gestão que traduz os esforços
conjuntos de todos os gestores e trabalhadores para a satisfação das expectativas dos
consumidores com base numa melhoria contínua da gestão de operações, produtos e processos.
TQM incluiu os métodos e conceitos característicos de um sistema operando em controlo de
qualidade total introduzindo sobre este uma visão de gestão estratégica alargada originando
qualidade de excelência.
A TQM é um processo de conceber, controlar e melhorar os processos da empresa
(processos de gestão da produção, marketing, gestão de pessoal entre outros).
A gestão de qualidade pode então ser com vista a ser como um meio necessário para
atingir a redução de custos, aumento de vendas e/ou desenvolvimento de vantagens competitivas
de qualquer organização através do incremento da qualidade dos seus produtos.
Existem vários princípios e técnicas de TQM usados na sua implementação que estão
todavia, em constante alteração face à dinâmica da definição dos conceitos de qualidade.
A gestão de qualidade total faz, hoje em dia, parte da estratégia de qualquer organização
onde a preocupação de garantia de qualidade existe. Uma série de princípios caracterizam esta
filosofia de gestão.
Compromisso a longo prazo: para a maior parte das empresas, qualidade não
aparece sem a necessidade de efectuar alterações substanciais na sua organização.
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Estas podem incidir sobre a cultura da empresa à maneira como está
implementada a estratégia de negócio. Longos períodos de investimento na
formação e gestão dos trabalhadores são frequentemente necessários,
consequentemente um compromisso a longo prazo é esperado.
a) Engenharia concorrente:
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da qual se acede às características/especificações do produto, podendo-se entretanto, iniciar a
fase de compra da matéria-prima. Faz-se posteriormente uma avaliação dos recursos e processo
disponíveis e se tal for positiva pode-se iniciar a produção seguida finalmente pela fase de
logística.
Fig. 2.2. Sem engenharia concorrente
Sequência de
Tempo (anos)
actividade
1995 1996 1997 1998
1 Desenvolvimento
2 Engenharia
Aquisição de matéria-prima
3
4 Avaliação da produção
Produção
5
6 Distribuição
3 Aquisição de matéria-prima
4
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5
6
Avaliação da produção
Produção
Distribuição
Com base no que foi referido, pode-se conclui que a engenharia concorrente é
caracterizada pelas seguintes vantagens face a uma abordagem tradicional:
Tecnologias de informação
c) Sistema de bónus
Na sequência do ponto anterior, num sistema de gestão de qualidade total não existe
apenas uma transferência de decisão para os trabalhadores, mas existe ainda a recompensa pela
sua actuação positiva face a uma melhoria de qualidade. À medida que a qualidade aumenta,
bónus, aumentos de salários ou ainda distribuição de lucros pelos elementos envolvidos na
melhoria de qualidade caracterizam a filosofia de gestão de qualidade total, o que uma vez mais,
aumenta a participação dos trabalhadores na filosofia implementada.
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É de notar que os princípios, tácticas e técnicas descritas atrás e característicos da
filosofia TQM não são rígidos mas sim flexíveis. Frequentemente e dado as características da
empresa em questão, eles são adaptáveis à organização podendo ser aplicados na sua totalidade
ou apenas parcialmente.
De uma forma geral, a implementação de uma estratégia TQM é efectuada com base em
cinco passos cruciais:
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ISO 9000 é uma série de padrões e terminologias de qualidade (aceites
internacionalmente) a seguir na implementação de um programa de certificação de qualidade em
qualquer tipo de empresa. Esta série é agrupada em cinco conjuntos principais (9000; 9001;
9002; 9003 e 9004) onde se estabelecem e documentam sistemas e práticas de qualidade.
Estes conjuntos de normas internacionais são genéricas e independentes do sector
industrial ou económico específico, trazendo uma série de informações sobre a garantia de
qualidade, na forma de requisitos específicos que servem de orientação para uma determinada
organização elaborar o seu sistema de qualidade. A maneira como serão definidos e elaborados
os procedimentos para atender aos requisitos da norma é livre e particular de cada empresa.
Conjunto 9000, fornece as orientações necessárias a seguir por uma empresa de forma a
atingir um nível de controlo de qualidade total. Descreve ainda o conjunto de objectivos
associados a esta meta.
Conjunto 9002, estabelece os padrões a seguir ao longo do processo produtivo bem como
define o tipo de documentos a produzir a fim de acompanhar o processo de certificação ISO.
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2.5.2. ISO 14000 Padrões de qualidade ambiental
Genichi Taguchi defendeu uma abordagem de engenharia de qualidade onde existe uma
combinação entre os conceitos de engenharia e os métodos estatísticos, com o objectivo de
atingir melhorias de qualidade através da optimização da concepção do produto e do processo
produtivo. Um projecto experimental é desenvolvido gerando dados que são posteriormente
analisados com base em métodos estatísticos estabelecendo quais os factores determinantes para
a qualidade do produto final.
Três conceitos básicos caracterizam esta abordagem. Em primeiro lugar, todos os
processos, procedimentos e produtos devem ser projectados para se apresentarem robustos de
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forma a produzir produtos uniformes e consistentes com as especificações de uso – qualidade
robusta. Por outro lado, através da função que estabelece a perda de qualidade:
L = D² C
Onde
L – perda em unidades monetárias;
D – desvio relativo ao padrão de qualidade;
C – desvio do custo.
Taguchi defende que à medida que a produção se afasta dos requisitos de qualidade dos
produtos, os custos associados ao produtor e clientes aumentam.
Perdas
Tolerância do cliente
Inaceitável
Pobre
Bom
Óptimo
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Os diagramas de causa-efeito, tal como o nome indica, constituem um método gráfico
que possibilita a identificação das causas associadas às perdas de qualidade – problemas. O
utilizador começa por identificar o problema, os seus sintomas e efeitos analisando
posteriormente as possíveis causas do mesmo. Esta causa pode ser descrita dentro de três grandes
grupos: procedimentos, processos e/ou produto.
Processo Procedimento
Causa
Problemas
Sintomas e
Efeitos
Causa
Produto
Fig. 2.6. Diagrama de causa-efeito para análise dos atrasos nas partidas de aviões.
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Procedimento
Atraso na partida
dos aviões
Condições Porta de embarque ocupada
metereológicas Atrasos na chegada do avião
Atraso no carregamento do combustível
Tráfego aéreo Atrasos na chegada do avião à porta
de embarque Atraso no carregamento da bagagem
Atraso na entrega das refeições
Outros
Equipamento
Material
Finalmente, resta-nos analisar o método de gestão baseada na lei de Pareto. Este sugere o
uso de um maior número de recursos para a resolução dos problemas mais importantes. Surge
neste caso, a dificuldade de caracterizar os diferentes tipos de problemas em função da sua
importância face ao objectivo de qualidade.
Em alguns casos, a importância do problema é associada à frequência de ocorrência do
mesmo, um problema que aparece frequentemente é normalmente caracterizado por uma ordem
de prioridade de resolução elevada. Por outro lado, pode-se ainda associar à frequência de
ocorrência dos problemas o factor custo. Por exemplo, tomemos o caso de três problemas A, B e
C cuja ocorrência é respectivamente 5, 3 e 1. Considerando apenas o primeiro princípio, tudo
indica que se devia analisar primeiro A, seguido de B e finalmente C. No entanto, ao introduzir
os custos associados a cada ocorrência, respectivamente 100 unidades monetárias para A, 200
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para B e 1000 para C, concluiu-se que se torna primordial analisar primeiro C seguido de B e
finalmente A.
Reclamações Nº
- Tempo de resposta 43
- Peças em falta 12
- Tempo perdido 7
- Outras 2
Total 79
Reclamações Nº ocorrência %
- Tempo de resposta 43 54
- Peças em falta 12 15
36
- Tempo perdido 7 9
- Outras 2 3
Total 79 100
perdido
Tempo
Outras
espera
Tempo de
falta
Peças em
37
No entanto, tal como na natureza, a transformação das matérias-primas em produto final
está sujeita a variações. É importante então, conhecermos quando é que as variações observadas
são aceitáveis ou pelo contrário, quando são demasiado elevadas e precisam de ser corrigidas.
O controlo de qualidade tem como principais objectivos, avaliação da conformidade dos
produtos e correcção das discrepâncias encontradas, indo assim ao encontro das exigências dos
consumidores.
O controlo de qualidade pode ser realizado em várias fases do ciclo produtivo,
começando no controlo das matérias-primas logo que chegam ao armazém, passando pelo
controlo do processo produtivo, em qualquer das fases de produção e, acabando no controlo do
produto final. De um modo geral, o controlo de qualidade envolve todas estas situações.
Neste capítulo, iremos apresentar alguns dos instrumentos mais utilizados no controlo
estatístico de qualidade. Podemos dividi-lo em dois grupos: os gráficos de controlo, mais
utilizados durante o processo produtivo e o controlo por amostragem, de maior utilização no
controlo de matérias-primas ou de produtos acabados. Começaremos, no entanto, por apresentar
alguns conceitos básicos de estatística, indispensáveis para a melhor compreensão dos
instrumentos de controlo estatístico que nos referimos.
Ou
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Exemplo: em cinco amostras de igual tecido produzidas por um mesmo tear, foram
observadas os seguintes números de passagens por metro: 100; 95; 120; 110 e 100.
Determinemos a média, a mediana e a moda desta amostra.
Representemos por o número de passagens por metro de tecido fabricado. O valor da
média será então,
= = 105 passagens/metro
R = máximo de X – mínimo de X
Outro indicador que nos pode auxiliar na análise da dispersão de uma mostra é a
variância. Vamos representá-la por V e calcula-se da seguinte maneira:
V=
Ou
V=
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Denomina-se desvio padrão (S) a raiz quadrada da variância, ou seja,
S=
R = 120 – 95 = 25
V = ( + + +
+ )*(5-1) = 100
Para calcular o desvio padrão, basta apenas determinar a raiz quadrada da variância.
S= = 10
Uma vez relembrados estes conceitos básicos de estatística, estamos agora em condições
de falar acerca dos instrumentos utilizados no controlo estatística de qualidade.
Tal como dissemos os gráficos de controlos são um dos instrumentos utilizados para
controlar a qualidade de produtos e a eficiência de processos. São construídos através da
observação dos valores médios de produção e desde que estes se mantenham entre os limites de
qualidade considerados aceitáveis, os produtos são considerados conformes. Valores fora destes
limites indicam que o processo de fabricação poderá necessitar de ajustamentos e por
conseguinte a correspondente correcção deverá ser realizada.
40
Variações ocorrem em qualquer processo de transformação de um produto. No entanto,
existem algumas que são toleráveis (flutuações aleatórias) e outras de maior amplitude e que se
mantém caso os factores que a provocam não sejam corrigidos. Os gráficos de controlo de
qualidade, destinam-se precisamente a detectar este último tipo de variações, ou seja, alterações
de produto devido a desajustamento do equipamento, ou falhas humanas, ou outra qualquer
causa assinalável.
Quando o processo produtivo está sob controlo, as variações do produto (alterações de
peso, número de passagem, espessura de um fio, etc.) ocorrem de um modo aleatório e
considerado normal. Se estas oscilações começam a ter um valor considerado suspeito, então é
porque qualquer coisa invulgar aconteceu e originou tais alterações no produto.
Os gráficos de controlo de qualidade são utilizados para analisar médias e não
observações isoladas. A razão deste facto deve-se a que as médias comportam-se segundo uma
distribuição normal (teorema do limite central) e por conseguinte, mesmo que a população de
onde provêm não seja normal, se a amostra de onde essa média foi calculada for suficientemente
grande, a sua distribuição tem um comportamento normal.
Antes de prosseguirmos, convém definir o que são observações qualitativas e
observações quantitativas uma vez que a natureza das observações será determinante na escolha
do gráfico a utilizar.
Uma observação diz-se qualitativa se o fenómeno que estamos a analisar oferece
apenas dois aspectos de interesse a nossa observação (sim, não; defeituoso, não
defeituoso; etc.)
Uma observação diz-se quantitativa se o fenómeno que observamos é passível de
medida (comprimento, largura, espessura, etc.).
As observações qualitativas são tratadas com base nos parâmetros fornecidos pela
distribuição binomial ou poisson, enquanto que, as observações quantitativas são tratadas com
base nos parâmetros fornecidos pela distribuição normal.
41
Limite superior = +
Limite inferior = -
Para amostras com mais de 25 observações, utiliza-se o valor da média dos desvios
padrões de cada amostra em substituição de , ou seja, nestes casos os limites de controlo para
os gráficos , serão dados por:
Limite superior = +
Limite inferior = -
Em que,
=
Limite superior =
Limite inferior =
e = parâmetros dados pela tabela do anexo B (são tabelados com base num desvio
padrão pretendido, normalmente tomando como 3 sigma que corresponde a uma variação
admitida de 99,74% à volta do valor padrão).
Para amostras com um número de observações superior a 12, este tipo de gráficos perde
eficiência, pelo que não é aconselhável o seu uso nestas circunstâncias.
42
Exemplo: a produção diária de cinco máquinas foi observada durante 25 dias. O resultado
das amostras diárias recolhidas encontra-se indicada na tabela 2.4. Pretende-se elaborar o gráfico
de controlo e o gráfico de controlo de R.
1 33 37 39 38 40 37,4 7
2 29 35 38 37 35 34,8 9
3 40 30 39 38 41 37,6 11
4 28 37 39 43 40 37,4 15
5 33 31 49 38 36 37,4 18
6 33 43 29 38 27 34,0 16
7 28 37 38 45 34 36,4 17
8 33 35 43 38 30 35,8 13
9 24 34 38 46 22 32,8 24
10 22 44 34 38 49 37,4 27
11 33 37 38 24 42 34,8 18
12 34 29 41 38 38 36,0 12
13 26 37 39 28 41 34,2 15
14 42 35 26 38 29 34,0 16
15 33 41 34 28 40 35,2 13
16 23 37 29 34 37 32,0 14
17 28 34 39 37 40 35,6 12
18 25 31 48 38 36 35,6 23
43
19 32 41 29 26 38 33,2 15
20 30 36 36 29 34 33,0 7
21 35 32 40 38 31 35,2 9
22 26 33 36 40 31 33,2 14
23 33 37 38 36 41 37,0 8
24 34 35 38 26 42 35,0 16
25 42 37 39 27 40 37,0 15
Com base nestes valores podemos encontrar os limites de controlo para a média de
produção diária e para a respectiva variação.
= = 35,28 = = 14,56
Teremos assim como limites de controlo para a média, o intervalo (26,879; 43,680). Para
o intervalo de variação os limites serão (0; 30,794).
44
seriam retiradas do conjunto das observações e os cálculos refeitos de modo a calcular de novo
os limites de controlo.
45
2.6.3.2. Gráficos de controlo para observações qualitativas
Antes de apresentarmos este tipo de gráficos, convém esclarecer dois tipos de conceitos
referentes ao controlo de qualidade: não conformidade e não conforme. Segundo EOQC
(European Organization for Quality Control), uma não conformidade traduz-se pelo facto de
umas das características do produto não estar de acordo com as especificações. Por outro lado, e
segundo a mesma entidade, um produto poderá ser determinado não conforme quando possuir
uma ou mais não conformidades.
Os gráficos para controlo de produtos não conformes são construídos com base na
distribuição binomial e os gráficos para controlo de não conformidades com base na distribuição
de poisson.
Para o primeiro caso, vamos apresentar os gráficos de controlo p em que, dada uma
amostra de n elementos, entre as quais existe uma proporção – p de não conformes, se analisa a
qualidade do lote donde foi retirada essa amostra.
Para o segundo caso, iremos apresentar os gráficos de controlo c em que, dado um item
se analisa o número de não conformidades.
46
Os limites de controlo para os gráficos p resultam das seguintes expressões:
Limite superior: +3
Limite inferior: -3
Em que,
Exemplo: a produção diária de uma fábrica foi observada durante os 23 dias de trabalho
de um mês. O número de defeitos encontrados em amostra de 100 unidades é representado no
quadro que se segue:
Número de Proporção
Proporção de não Número de não
Amostras não Amostras de não
conformes conformes
conformes conformes
1 1 0,010 13 3 0,030
2 4 0,040 14 5 0,050
3 2 0,020 15 1 0,010
4 7 0,070 16 9 0,090
5 2 0,020 17 4 0,040
6 4 0,040 18 5 0,050
47
6 7 0,070 19 3 0,030
7 9 0,090 20 1 0,010
8 1 0,010 21 8 0,080
10 6 0,060 22 1 0,010
11 2 0,020 23 2 0,020
12 6 0,060
Total 93 0,93
= = 0,04
= = 0,0196
48
Gráficos de controlo de qualidade – c
Limite superior: +3
Limite inferior: -3
Em que,
= (número médio de não conformidade)
49
Número de não Número de não
Amostras Amostras
conformidades conformidades
1 3 11 1
2 1 12 3
3 4 13 2
4 1 14 1
5 2 15 2
6 4 16 1
7 3 17 0
8 2 18 3
9 3 19 0
10 0 20 4
Total 40
= =2
= = 1,41
50
2.6.3.3. Análise de gráficos de controlo
Até agora, e para simplificarmos a apresentação dos gráficos de controlo, referimos que
um processo estaria fora de controlo se uma amostra se situasse fora dos limites estabelecidos.
Acontece no entanto, essa é apenas a regra mais simples e à qual os operadores das
máquinas estão mais atentos. Existem outras regras que passaremos a descrever e ainda algumas
situações que não são enquadráveis nestas regras mas que podem indicar anomalias no processo.
Assim, e de acordo com o pressuposto de que a média da amostra obedece a uma
distribuição normal podemos enunciar quatro regras gerais utilizadas para analisar se o processo
está sob controlo.
51
maioria das vezes pode ser o simples erro de cálculo da média. Verificar os cálculos deverá,
portanto, ser o primeiro passo na detecção das causas desta irregularidade. Se por acaso não se
detectar nenhuma causa devemos sempre ter em consideração que, apesar de haver uma
probabilidade muitíssimo pequena, um ponto fora dos limites poderá não ser uma irregularidade.
Um número consecutivo de pontos acima ou abaixo da linha central indica a ocorrência
de uma alteração ao processo que poderá ser a simples mudança de operador ou alteração do
modo de funcionamento da própria máquina. Na prática, e com base no comportamento histórico
das máquinas, os operadores conseguem identificar as irregularidades. No entanto, existem três
regras que pormenorizam este tipo de desvio e que podem observar-se na figura a seguir:
3S
2S
2S
3S
52
Apesar de um processo estar estatisticamente sob controlo não existe a garantia que
produza consistentemente dentro das especificações necessárias a satisfação do cliente. Existe no
entanto, uma forma utilizando os resultados dos gráficos de e R, de calcular a capacidade desse
mesmo processo.
S=
Em que o parâmetro é retirado da tabela – anexo B.
De referir que mesmo que não estejamos perante uma distribuição normal, estudos nesta
área provam que o erro que se comete é insignificante relativamente a importância deste
indicador no controlo de qualidade.
Tal como dissemos no início deste subcapítulo, uma outra forma de efectuar o controlo
de qualidade é através de um plano de amostragem, que permita decidir acerca da aceitação ou
rejeição de um lote, com base nos resultados obtidos numa amostra aleatória. A decisão de
aceitar ou rejeitar o lote é feita com base no número de defeitos da amostra. Se o número de
defeitos da amostra excede um determinado valor, então o lote deverá ser rejeitado, se for
inferior, o lote será aceite e considerado de boa qualidade. Em geral o controlo por amostragem é
aconselhável quando:
A inspecção destrói o produto;
A análise é muito demorada;
O custo da análise é muito elevado.
53
Ao contrário do que acontece com os gráficos de controlo de qualidade, o controlo por
planos de amostragem não exige a construção de limites de controlo. De facto existem tabelas
que fornecem todas as informações necessárias para que se possa decidir sobre a qualidade de
um lote.
Numa transacção comercial o cliente gostará de receber lotes de produtos não
defeituosos, mas é inevitável que alguns dos produtos o sejam. O fornecedor e o cliente,
geralmente estabelecem um acordo acerca da percentagem máxima de produtos não conformes a
tolerar em cada lote ou encomenda. A rejeição do lote pelo cliente, irá obrigar o produtor a
inspeccionar a totalidade dos produtos, com os consequentes custos que daí advêm, logo
procurará produzir lotes que não sejam rejeitados. Claro que, quando efectuamos uma decisão
com base numa amostra, é possível cometer um erro. A possibilidade de rejeitar um lote bom e a
possibilidade de aceitar um lote de má qualidade. A rejeição de um lote satisfatório por parte do
cliente é chamado erro do tipo I ou risco do produtor, porque neste caso será o produtor que terá
que suportar o custo deste erro, pois terá de examinar todos os elementos de um lote que é
satisfatório. A aceitação de um lote de má qualidade é denominado erro do tipo II ou risco do
consumidor, uma vez que será o consumidor que terá de suportar o prejuízo de um lote com
demasiados artigos defeituosos.
Erro tipo II
Decisão correcta
Aceita-se Risco do consumidor
Erro tipo I
Decisão correcta
Risco do produtor
Rejeita-se
54
A curva característica operacional ilustra precisamente a relação que existe entre a
dimensão da amostra e o número máximo de defeitos a tolerar, de modo a distinguir entre um
bom e um mau lote. Esta curva mostra-nos a probabilidade de aceitar um lote em função do
número de produtos não conformes nele contido.
O traçado desta curva requer o conhecimento dos seguintes parâmetros:
0,9
Percentagem de aceitar o lote
0,8
0,6
0,5
0,4
0,3
0,1
Risco doUma
consumidor
vês que(β)estas quatros
0 variáveis tenham sido acordadas, a curva característica pode
ser estabelecida. Esta curva indicará1 o tamanho
0 2 3 da 4 amostra
5 6 e 7o número
8 9 máximo
10 de defeitos a
tolerar na mesma, de modo a que os quatro parâmetros anteriormente acordados sejam
Percentagem de defeitos no lote
55
respeitados. Na tabela em anexo C, encontramos os valores necessários para determinar a
dimensão da amostra em função dos pontos α, β, NQA e PDTL.
NQA = 2% PDTL = 8% α = 5% β = 5%
= =4
Através desta tabela vemos que na linha correspondente ao número 4,023 (ou seja
aproximadamente 4) se encontra o valor de c, igual a 5, logo o número de defeitos a tolerar na
amostra será de 5. Ainda nesta linha verificamos existir um valor de nNQA = 2,613, que dividido
por 2% (NQA) nos dá o tamanho da amostra, neste caso
n= = 131 elementos
Logo um lote seria de rejeitar, se e só se, numa amostra de 131 elementos fossem
encontrados um número de não conformes superior a 5.
56
grande, muitos dos lotes serão submetidos a uma inspecção a 100% e por conseguinte QMS
tenderá para zero. O valor de QMS (admitindo substituição dos produtos não conformes) é dado
pela expressão.
QMS =
Como podemos observar QMS tem um valor máximo quando a percentagem de defeitos
é igual a 2%. Este ponto máximo denomina-se limite para qualidade média de saída que
57
passaremos a representar por LQMS (average outgoing quality limit). Isto é, o pior valor de
QMS.
Este método é bastante utilizado para definir um plano de controlo de qualidade por
amostragem.
Especificar n, c
Inspeccionar
n itens
Encontrar x itens
não conformes na
amostra
Sim
Rejeitar o lote Não x≤c Aceitar o lote
?
Se o número de itens não conforme for superior ao número máximo (c) a tolerar na
amostra, definido previamente, o lote será rejeitado. Se por outro lado x for menor que c então
58
aceita-se o lote não esquecendo de substituir os itens não conformes encontrados, por outros de
boa qualidade.
Especificar
; ; ; ;
Inspeccionar
itens
Encontrar itens
não conformes na
amostra
Sim
≤ Aceitar o lote
?
Não
Sim ≥
Rejeitar o lote
?
Não
Inspeccionar
itens
Encontrar itens
não conformes na
amostra
59
Não Sim
+ ≤
?
Como se pode observar no fluxograma, trata-se de exame de duas amostras (se
necessário) e com base nos resultados obtidos decidir sobre a qualidade do lote.
A principal vantagem do controlo por dupla amostragem está na possibilidade de se obter
uma significativa redução nos custos de inspecção das amostras.
De facto, como um lote pode ser classificado logo de bom ou mau apenas pelo exame da
primeira amostra e sendo esta substancialmente inferior em tamanho quando comparada com a
dimensão da amostra dum plano de amostragem simples, este método poderá na realidade vir a
reduzir os custos de inspecção. Uma outra vantagem, e esta de carácter mais psicológico, está em
a pessoa não excluir logo a partida um lote, dando assim uma segunda oportunidade para
confirmar ou não o resultado obtido com a análise da primeira amostra. No entanto, este método
terá a desvantagem de aumentar a complexidade do processo de controlo.
O processo de dupla amostragem consiste na recolha de uma amostra de tamanho , do
lote a examinar e verificar quantos itens ( ) não conformes existem. Se for menor que
(número de não conformes estabelecidos), o lote é aceite de imediato. Se for maior que ,o
lote é rejeitado de imediato. Se o número de itens não conformes encontrados nesta primeira
amostra se situar no intervalo ] ; ], então terá que ser recolhida uma segunda amostra de
tamanho . Depois de inspeccionada a amostra e de se ter verificado quantos itens ( ) de não
conformes existem, compara-se a quantidade total encontrada nas duas amostras ( + ) com
um novo parâmetro . Se a quantidade de itens não conformes existente nas duas amostras for
superior a , então rejeita-se definitivamente o lote. Se pelo contrário esta quantidade for
inferior a , aceita-se definitivamente o lote.
Pode-se ainda estabelecer planos de amostragem com base em mais de duas amostras
aumentando a eficiência do processo de controlo de qualidade e, naturalmente a complexidade
do processo de amostra
3. Sistema produtivo
3.1. Organização do sistema produtivo
60
Operacional;
Estrutural;
Relação com o cliente.
3.1.1. Operacional
Neste caso e como o nome indica a classificação é feita com base no tipo de operação que
maioritariamente domina a produção. Assim podem-se considerar as organizações que são
classificadas com base no tipo de produção que nelas é dominante:
Produção em contínuo;
Produção em repetitivo;
Produção em descontínuo;
Produção por projecto.
61
Por outro lado, o sistema produtivo é, neste caso, caracterizado por um elevado nível de
automação e requer mão-de-obra semi-especializada. O fluxo de materiais é linear e muito pouco
flexível.
Com exemplos de um sistema de produção repetitivo temos a produção de automóveis,
aparelhos eléctricos entre outros.
62
O tipo de equipamento envolvido neste tipo de produção varia desde o equipamento
especializado (ex. gruas) até ao equipamento generalizado (ex. martelos). Também relativamente
à mão-de-obra utilizada este facto é verificado.
Note-se que este tipo de produção apresenta um grau de flexibilidade elevado de forma a
lidar com perturbações exteriores, as quais são frequentes.
É de salientar que a classificação operacional descrita não é rígida e é frequente não
haver uma classificação tão estanque. Processos repetitivos podem ser inseridos nos projectos
contínuos assim como o projecto à obra pode ser considerado como descontinuo. Existe ainda a
situação intermédia dita como semi-contínuo ou semi-descontínuo onde existem em conjunção,
não em forma maioritária, tarefas de operação contínua e as tarefas de operação descontínua.
3.1.2. Estrutural
Três configurações têm vindo a ser identificadas como as mais adequadas: configuração
de estrutura processual, de estrutura de produto e de estrutura intermédia as quais se encontram
ligadas ao tipo de classificação operacional discutida na secção anterior.
Neste caso o sistema produtivo é caracterizado pela produção de uma grande variedade
de produtos em pequenos lotes de elevada qualidade. Cada tarefa (ex. secagem, pintura),
constituintes do processo produtivo, é identificada dentro de uma área física onde os diferentes
tipos de máquinas e mão-de-obra são agrupados de forma a levarem a cabo a tarefa ou função em
questão. Todos os produtos partilham funções comuns contrariamente à criação de funções
individualizadas para cada produto a produzir. Ou seja, o equipamento e os trabalhadores são
organizados à volta do processo como se pode ver na figura que se segue, onde por exemplo a
tarefa A é partilhada pela produção dos produtos 1 e 3.
A B C Produto 2
63
Produto 1
D E F
Tarefa
Este tipo de estrutura é frequentemente conhecida como Job-shop possui elevados níveis
de flexibilidade mas necessita de um grande investimento a nível da gestão operacional (ex.
escalonamento dos recursos face às tarefas a executar no tempo).
A estrutura processual é comum em processos de operação descontínua. Empresas como
a indústria alimentar a farmacêutica e firmas de advogados são normalmente descritas por um
processo produtivo do tipo Job-shop ou de configuração estrutural processual.
Produto 1
A B D
Produto 2
D E C
Produto 3
E F A
- tarefas
64
3.1.2.3. Estrutura intermédia
Além das configurações descritas anteriormente existe ainda o caso intermédio onde o
fluxo produtivo é misto. Algumas partes da produção são organizadas em torno do produto
enquanto que outras são função da tarefa a executar – processo. Este tipo de estrutura surge
quando a actividade da empresa engloba além da produção de pequenos lotes de diversos
produtos a produção de elevadas quantidades de outros produtos – produção mista.
Na definição deste tipo de estrutura é frequente usarem-se métodos de agregação de
partes do processo como sejam a tecnologia de grupo e um homem várias máquinas. Na primeira
o objectivo é o de identificar grupos de tarefas ou produtos com características similares que se
possam agrupar de forma a reduzir:
Tempos de preparação;
Tempos de produção;
Manuseamento de materiais.
Este tipo de produção, tal como o nome indica, descreve um sistema produtivo onde a
produção é feita para inventário (stock). Está normalmente associada aos casos em que o
processo produtivo é longo ou pelo menos superior ao prazo normalmente estipulado pelos
clientes para entrega dos produtos (ex. detergentes, papel, etc.). Assim existe a necessidade de
manter os produtos acabados em inventário de forma a torná-los disponíveis quando necessário.
65
Por outro lado, encontra-se ainda associada aos casos em que produzir em quantidades resulta
numa minimização acentuada de custos (ex. produção de livros, discos, etc.).
3.2. Planeamento
Planeamento é uma das funções mais importantes desempenhada por qualquer gestor de
uma empresa. As áreas de actuação dentro do processo de planeamento podem ser divididas em
três níveis hierárquicos: planeamento estratégico, táctico e operacional.
Planeamento estratégico: consiste no planeamento a longo prazo (dois ou mais anos) que
estabelece os objectivos gerais da organização. Este é da responsabilidade de gestores de topo e
tem por função analisar as necessidades de exploração e a implementação de novas
oportunidades de actuação da empresa face a desafios futuros (de mercado ou de comportamento
organizacional).
Planeamento táctico: é assegurado pelos gestores de nível médio e tem por objectivo
garantir os objectivos corporativos da empresa a médio prazo (um a dois anos). Este tipo de
planeamento evoluiu desde o nível estratégico até um nível mais específico onde os objectivos
estratégicos são decompostos em objectivos funcionais ligados às necessidades de agregação de
recursos e da capacidade de produção da organização (definição do plano agregado).
Planeamento operacional: consiste no planeamento detalhado a curto prazo (um ano a
um dia) das actividades da empresa e permite implementar os objectivos tácticos a nível
operacional (escalonamento da produção e serviços). Neste âmbito estabelece-se exactamente
que a quantidade e em que altura produzir fazendo uso do chamando plano director de produção
(Master Production Scheduling, MPS) o qual é posteriormente decomposto num escalonamento
operacional mais detalhado.
Cada um dos níveis referidos interagem fortemente entre si de forma a garantir melhorias
na produtividade, flexibilidade e capacidade competitiva da empresa.
66
Planeamento
Tipo Natureza Horizonte
Plano estratégico
corporativo
Plano Estratégico
Longo prazo
(2 ou mais anos)
Plano estratégico
de produção
Plano agregado
de produção
Médio prazo
Plano Táctico
(1 a 2 anos)
Plano Director da
produção (MPS)
67
3.2.1. Planeamento da produção
Capacidade de produção;
Necessidade de sub-contractar;
Necessidade de recorrer a trabalho extraordinário;
Alterações de políticas empresariais relativas a níveis de inventário e de operação;
Necessidade/redução de mão-de-obra directa.
68
Fig. 3.4. Processo de Planeamento agregado
Determinar os produtos a
oferecer para o mercado
Previsão
Requisito do mercado
Não
Determinar as necessidades
Desenvolver uma de capacidade agregada:
estratégia de planeamento - Mão-de-obra;
agregado - Taxas de produção;
- Níveis de inventário.
Ajustar:
- Mão-de-obra; Sim São necessárias
- Taxas de produção; alterações?
- Níveis de inventário
Não
Tomando como exemplo uma companhia que produz quatro modelos diferentes de PC’s
(A, B, C e D), o seu plano agregado para os dois primeiros trimestres do ano seria:
Tomando como exemplo o caso fornecido para o plano agregado na secção anterior e
relativamente ao primeiro trimestre tem-se:
70
C 150 100 250 250 175 100
3.2.1.3. Actividades
Planeamento da produção –
da capacidade
escalonamento
71
Capacidade define o valor máximo da razão de saídas (produtos) de um sistema
produtivo e pode ser controlada através das entradas e/ou saídas desse mesmo sistema. Quando
as entradas são superiores às saídas cria-se uma situação de acumulação no sistema e a
capacidade deste pode ser controlada através das saídas. Alternativamente, se a razão das
entradas é inferior à das saídas então as entradas determinam a capacidade do sistema não
havendo nenhuma situação de acumulação.
O planeamento da capacidade permite estabelecer, medir e ajustar os limites e níveis dos
recursos através do uso de diferentes técnicas de planeamento. Estas técnicas englobam:
72
Em primeiro lugar, a importância dos materiais deve-se essencialmente ao facto de que
qualquer tipo de organização quer de manufactura quer de serviços fazer uso destes como
entradas ou saídas do processo produtivo, ou apenas como meios auxiliares do mesmo processo.
Note-se, que a noção de materiais não se restringe apenas às matérias-primas mas também aos
materiais em processamento e aos produtos finais reflectindo um investimento bastante elevado
por parte da empresa (compra de matéria-prima, manutenção de inventário, etc.). Tomando como
exemplo as matérias-primas, tem-se que a proporção de gastos associados à sua compra varia de
empresa para empresa podendo em média envolver 45 a 65% do lucro líquido da empresa. No
caso de empresas do tipo manufactura, estes custos podem ser da ordem de 80% do lucro líquido
da empresa – empresas petrolíferas, ou apenas 25% desse mesmo lucro líquido – empresas
farmacêuticas.
Em segundo lugar, o inventário dos materiais representa uma preocupação marcante a
nível de gestão de materiais. Inventários acarretam frequentemente elevados custos resultantes de
investimentos parados os quais não podem ser canalizados para outras funções importantes da
empresa, como sejam desenvolvimento de novos produtos, melhorias tecnológicas, aumento da
capacidade, entre outras.
Interessa pois, e com base no que foi exposto, garantir uma boa gestão que proporcione
um fluxo de materiais, associado a uma integração eficiente dos recursos da empresa de forma a
melhorar a produtividade. Esta gestão pode, no entanto, não se efectuar igualmente sobre todos
os materiais constituintes do processo podendo haver ordens de prioridade a serem observadas.
Um dos métodos usados na identificação destas prioridades faz uso da lei de Pareto e denomina-
se sistema ABC. Este sistema atribuiu factores de importância aos materiais (classe A, B ou C)
com base no seu peso económico o qual é por sua vez função do valor associado ao material e da
quantidade em análise do mesmo. Assim, materiais da classe A requerem mais atenção do que
materiais da classe B ou C, pois possuem um maior peso económico dentro da organização
devendo ser sujeitos a um estudo mais detalhado.
Desta forma reduz-se o tempo gasto na análise dos materiais cuja importância é reduzida
concentrando esforços naqueles de maior importância. Consequentemente, a gestão de materiais
é optimizada com base nas prioridades associadas aos diferentes tipos de materiais em jogo na
organização.
73
Compras, compreende a gestão do processo de aquisição, caracterizada por tomadas de
decisão relativas a:
Recepção dos pedidos (descrição do material, quantidade, qualidade e data de
entrega);
Escolha do fornecedor (pode não ser necessário caso exista um contrato de
fornecimento relativamente ao material em análise);
Lançamento de encomendas;
Acompanhamento do processo de fornecimento (evitar entregas fora do prazo e
em quantidades reduzidas);
Recepção dos materiais (verificação de todas as especificações).
3.3.2. Inventário
Como foi referido atrás, o controlo do inventário aparece como um dos factores mais
importantes dentro da gestão de materiais onde o principal objectivo é o de minimizar o seu
custo sem deixar de garantir a satisfação dos clientes – resposta da empresa.
Inventários são gerados quando as saídas são menores do que as entradas de materiais
(matéria-prima, produtos intermédios e/ou produtos finais) e são normalmente usados como
segurança face a situações não planeadas (manter a capacidade de resposta face a uma maior
necessidade de um certo material).
74
A gestão eficiente do inventário de qualquer empresa requer o conhecimento do seu
processo produtivo bem como dos tipos de materiais envolvidos.
É de notar que inventários são essencialmente características das empresas industriais e
consequentemente a nossa atenção ao longo desta secção centra-se essencialmente neste tipo de
organizações.
Como já foi referido, a existência de inventário pode não se restringir apenas às matérias-
primas mas pode ainda estar associado aos produtos finais bem como aos diferentes produtos
intermédios envolvidos na produção. Há pois a necessidade de estabelecer uma relação entre os
diferentes materiais envolvidos no ciclo produtivo da empresa. Isto é feito através da árvore de
materiais (Bill of Materials, BOM) e da descrição do processo.
A árvore de materiais (BOM) consiste num diagrama através do qual se define a relação
existente entre os diferentes materiais, quer a nível de processo quer a nível de quantidades
envolvidas.
Na figura a seguir, apresenta-se um exemplo de uma árvore de materiais onde seis tipos
de materiais são considerados: duas matérias-primas S1 e S2, três produtos intermédios S3, S4 e
S5 e, finalmente um produto final, S6. O material S6 é produzido através do consumo dos
materiais S5 e S4 respectivamente nas proporções de um para um, ou seja, para produzir um S6
precisamos de um S5 e um S4. Por outro lado, S5 é produzido através de três unidades de S4 e
uma unidade de S3. S3 consome uma unidade de S1 e finalmente S4 é produzido a partir de duas
unidades de S2.
S6
S5
S4 S3 S4
(3)
S1 S2
(2)
75
Adicionalmente à árvore de materiais, considera-se ainda a descrição processual que
engloba a sequência de operações constituintes do processo global, os tempos de operação e os
materiais a processar em cada operação.
Finalmente, existe ainda o caso em que os dados fornecidos pela BOM e pela descrição
processual são aglomerados num só diagrama. Como exemplo apresentamos o chamado
diagrama Rede Estado-Tarefa (state-task network (STN)) onde se descrevem as relações
existentes entre as diferentes operações (tarefas) e materiais (estados) do processo produtivo.
Tomando como exemplo o caso descrito na figura 3.6 e na tabela 3.3 o correspondente STN
encontra-se representado na figura 3.7. Neste caso, e tomando como exemplo a produção de S3
esta é feita através da tarefa T1 a qual consome o material S1 na proporção de uma unidade de
S1 para uma unidade de S3. A operação T1 é ainda caracterizada por um tempo de preparação de
0,5 horas e um tempo de processamento de 1 hora. Este diagrama tem a vantagem de através de
uma única ferramenta descrever sucintamente e sem ambiguidades o processo produtivo da
empresa.
3(0,25)
1 1 S6
S1 1 T1 S3 T4
1
1(0,5) 1
76
S2 2 T2 1 S4 3 T3 1 S5
2(0,5) 0,5
A gestão deste tipo de inventário tem como principal objectivo a maximização das
respostas aos clientes com uma simultânea minimização de custos.
Começando por analisar a maximização da resposta ao cliente esta é definida através do
cumprimento de prazos de entrega, da resposta a previsões de procura do mercado e da
disponibilidade de produtos finais que possam ser sujeitos à análise por parte de novos clientes.
77
A existência de um inventário permite às organizações a flexibilidade necessária para responder
adequadamente a estas exigências.
Por outro lado, um inventário de produtos ditos como independentes permite a redução
dos custos de produção. Pode-se desta forma proceder à compra de materiais em grandes
quantidades o que permite a negociação de um preço por unidade reduzido diminuindo os custos
totais de aquisição. Verifica-se ainda a existência de uma certa segurança face à inflação de
preços não havendo a necessidade de comprar em épocas menos propícias. Adicionalmente, os
custos de ineficiência de produção, caso existam, podem também ser controlados sem haver a
necessidade de produzir em excesso para compensar tempos de paragem. Mais uma vez e neste
caso, a disponibilidade de produtos finais em inventário actua como factor de segurança
garantindo a capacidade de resposta da empresa sem incorrer em custos adicionais
(subcontratação, perda de clientes, etc.).
Pelo que foi dito atrás, pode-se concluir que manter um elevado nível de inventário
parece o mais adequado. No entanto, tal não é o ideal, pois inventários estão associados a
dinheiro parado ou mesmo a degradação de produtos. Há pois que estabelecer a política correcta
que permita a tomada de decisão mais adequada relativamente à quantidade a manter em
inventário, ou seja, quando e quanto encomendar aos meios externos.
78
Com base nestes pressupostos o cálculo de QEE é feito através da definição do custo total
do inventário o qual é posteriormente minimizado:
Custo total = custo anual de manter o inventário + custo anual de encomenda + custo de
compra do produto
Isto é;
Ct = h + s + Dp
Onde
QEE =
Custo total
Custo de inventário
Custo de encomenda
79
QEE
Frequentemente, interessa associar à QEE o tempo que decorre entre duas ordens de
encomendas (tempo entre encomendas, TEE) este é por sua vez calculado como uma fracção do
ano, ou seja:
H= 0,25*6000Kz/unid. = 1500Kz/unid.
Assim:
80
TEE = (12 meses/ano) = 12 = 0,31 meses
R= +B
Inventário
Q
Q
R
81
L
Lançar – receber
Tempo
encomenda
O valor do período P pode se definido com base num sistema de conveniência, por
exemplo todas as sextas-feiras, ou ainda fazendo uso da quantidade económica a encomendar
através da seguinte equação:
P= (52)
82
T= +B
Onde
Inventário
PI (posição do inventário)
T
Receber encomenda
Q1 Q3
Lançar encomenda
Q2
PI1 PI2
PI3
-P- L
P+L
Inventário de protecção
Os sistemas referidos acima são conhecidos como sistemas de ponto de encomenda
(reorder point systems, ROP). A escolha entre ambos não é claro sendo todavia função das
vantagens oferecidas por cada um face ao caso a estudar. Frequentemente, a combinação dos
mesmos é a opção mais adequada tirando-se neste caso partida das vantagens de ambos face ao
tipo de material em inventário.
83
diferentes para o mesmo fornecedor; - Aplicável à existência de reduções de custo
função da quantidade ou das limitações de
- Sistema de inventário perpétuo mas não capacidade;
obrigatório.
- Stock de segurança menor.
84
O sistema de planeamento das necessidades em materiais (material requirement
planning, MRP), consiste num sistema de informação computarizado projectado especialmente
para a gestão do inventário de materiais de procura dependente, os quais sofrem transformações
ao longo do processo produtivo. Dois princípios definem este tipo de sistema:
Os ingredientes chave para um sistema MRP dividem-se em três grandes grupos (ver
figura 3.11): árvore de materiais (BOM); registo do inventário e o chamado plano director de
produção (Master Production Scheduling, MPS). Através desta informação os sistemas MRP
além de calcularem os fornecimentos adequados dos materiais face às necessidades da produção,
fornecem ainda a informação relativa ao escalonamento da produção e à capacidade necessária
para um controlo do inventário. Por exemplo, quando lançar novas encomendas e que ajuste
fazer das quantidades a encomendar face ao inventário existente e às necessidades de material na
produção.
Antes de proceder a instalação de um sistema do tipo MRP um número de pré requisitos
– informação – têm de estar disponíveis. Na figura 3.11 apresenta-se um esquema sintético do
tipo de informação (de entrada/saída) existente/requerida num sistema típico MRP.
Árvore de materiais (BOM): como já foi referido, a informação associada a este tipo de
ferramenta permite estabelecer as ligações existentes entre os diferentes tipos de materiais
existentes no ciclo produtivo e consequentemente relações que têm de ser verificadas entre o
inventário de cada material em jogo.
85
Registos de inventários: estes contêm a informação relativa ao nível de inventário
existente bem como às encomendas a receber durante o período de produção em análise.
Fornecem ainda dados relativos à carteira de fornecedores, tempos de entrega e preços de
aquisição.
86
Pré-requisitos Entradas Processamento Saídas
Encomendas
de clientes
Acções
Plano director de - novas saídas
Previsão de
- alteração de datas
requisitos produção (PDP)
Plano de capacidades
Fichas técnicas
dos produtos Programa Relatórios de prioridade:
Árvore de materiais MRP - escalonamento de saídas
- ordens de saída
Projectos de
novos produtos
Níveis de inventário
existentes Relatórios de capacidade:
Registos do inventário - plano de produção;
- controlo de saídas/entradas
Fornecimentos a
receber
É de notar que um sistema MRP se encontra associado à definição do PDP, como foi
discutido na secção 3.2.1.2, estabelecendo-se portanto um processo interactivo entre a função
planeamento e a gestão de materiais como já tinha sido discutido anteriormente.
87
Fig. 3.12. Árvore de materiais
A
2
B C
Material Semanas
1 2 3 4 5 6 7 8
1 2 3 4 5 6 7 8
A Inventário 0
88
Entrega/produção 100
Inventário 0
Entrega/produção 100
Inventário 30
C Necessidades reias 70
Entrega/produção 70
Lançamento da enc./prod 70
Tal como na maior parte de sistemas de informação também o sistema MRP usado para
um planeamento de inventário pode ser expandido de forma a contemplar funções mais alargadas
de aplicação. Em particular, o sistema MRP evoluiu para além da área de gestão da produção
abarcando informação relativa às finanças, marketing e contabilidade. Desta forma surge o
89
sistema MRP II (Manufacturing Resource Planning Systems) conhecido como um sistema de
planeamento dos recursos da manufactura. Este permite um melhor planeamento das decisões a
tomar onde diferentes aspectos organizacionais da empresa são tidos em conta.
Até aqui temos vindo a analisar sistemas caracterizados por uma existência de inventário
mesmo que reduzida. Todavia, os sistemas just-in-time são baseados num conceito japonês de
inventário nulo e são projectados com o objectivo de produzir/adquirir na altura certa, ou seja, na
altura em que o item é necessário, anulando desta forma o seu inventário. A filosofia base deste
método recorre à minimização de ineficiências e tempos de espera ligados ao processo produtivo.
Os pontos chaves do sistema JIT englobam produção em pequenos lotes, uso de tempos
reduzidos de preparação, escalonamento de produção nivelado, métodos de trabalho padrão,
qualidade elevada, mão-de-obra flexível, manutenção preventiva e uma melhoria contínua das
condições processuais existentes. Como resultado o sistema JIT apresenta uma série de
vantagens quando comparado com sistemas tradicionais:
Note-se que apesar das vantagens associadas ao sistema JIT, este é essencialmente
aplicável a processos que estão organizados à volta do produto ou num caso extremo numa
configuração de estrutura intermédia. Configurações que evoluem à volta do processo
apresentam características especiais que não são exploradas por um sistema do tipo JIT e que são
melhores geridas através de sistemas MRP ou ponto de encomenda. Por outro lado e apesar da
série de vantagens associadas aos sistemas JIT, estes estão frequentemente associados a
problemas de implementação ligados com considerações organizacionais, processuais, de
escalonamento e inventário. Ou seja, manter um inventário a zero pode ser impraticável para
certos processos/organizações.
Este tipo de sistema e contrariamente aos sistemas MRP não necessitam de um apoio
computacional. Um dos métodos frequentemente usados na implementação deste tipo de
sistemas reduz-se a um simples sistema de cartões – kaban system.
O sistema kaban teve origem no Japão e faz uso de cartões como meio de controlo da
evolução da produção. Dois tipos de cartões podem caracterizar um sistema kabam. O cartão de
recolha e o cartão de ordem de produção.
O cartão de recolha define o produto e a quantidade que o utilizador deve obter do
produtor bem como a localização desse mesmo produto. O cartão de ordem de produção define o
produto e a quantidade a produzir, a localização do produto e onde o armazenar – caso de
90
produto final – ou ainda, para onde o enviar na produção – produto intermédio. Produtos não
podem ser retirados de produção sem um cartão de recolha e não podem ser processados sem um
cartão de ordem de produção. Desta forma consegue-se coordenar o fluxo de materiais ao longo
do processo produtivo.
3.3.2.2.4. Comparação dos sistemas
Diferentes tipos de sistemas usados na gestão de inventários têm vindo a ser discutidos ao
longo das últimas secções, põe-se agora o problema relacionado com a aplicabilidade dos
mesmos face aos casos a estudar. Ou seja, como escolher o sistema mais adequado? Cada um dos
sistemas apresenta uma série de características próprias e é com base nestas que vamos analisar o
seu grau de aplicação.
Ponto de encomenda e MRP, neste caso o sistema MRP aparece frequentemente como o
sistema mais adequado e a sua aplicabilidade aumenta á medida que a produção por lotes
aumenta. Geralmente o MRP é a escolha a fazer a não ser que o processo produtivo seja pouco
complexo com um número reduzido de níveis na árvore de materiais, a produção seja baixa e as
necessidades dos produtos sejam muito estáveis.
Concluindo, muitas vezes o uso de sistemas híbridos resulta como uma das opções a
tomar, por outro lado deve-se ter em conta que face ao ambiente processual a resposta dos
sistemas varia.
91
No mundo económico, as empresas só conseguem subsistir se obtiverem margens de
lucro suficientes. Todavia, na economia de mercado, que é a conjuntura actual, ganhar mais
vendendo mais caro é difícil devido à concorrência; resta, portanto, a solução de gastar menos
actuando ao nível dos custos.
Por outro lado, embora continue a ser possível gastar menos, é preciso que o cliente fique
satisfeito e para isso esta política tem de ser acompanhada de um nível de qualidade aceitável e
aceite.
O conceito da Lean Management assenta na seguinte questão: podemos fabricar produtos
que correspondam perfeitamente às expectativas dos clientes, a custos excepcionalmente baixos
e com uma qualidade excepcional? Há duas ideias-mestras que estão no cerne da Lean
Management:
O just-in-time tinha por objectivo produzir apenas o que seria vendido, ou seja, tudo o
que seria vendido e no momento certo. A Lean Management visa tornar a empresa mais
92
eficiente, mais competitiva, mais apta a adaptar-se rapidamente às flutuações incessantes e
rápidas dos mercados.
A Lean Management traduz-se literalmente por “gestão magra” ou “gestão à justa”. Um
sistema de gestão lean será um sistema de gestão esbelto, ágil, atlético, capaz de se adaptar
rapidamente a qualquer mudança do seu ambiente, utilizando apenas a energia necessária sem
desperdícios. O conceito da Lean Management pode ser visto como uma evolução dos conceitos
de produção à justa desenvolvidos nas nossas empresas no fim do século XX.
“Um cliente apressado entra num café e pede um café forte. O empregado, não tendo café
disponível, vai ao armazém. Ao procurar um pacote de café, derruba uma embalagem de açúcar
que estava mal arrumada. Regressa ao balcão, prepara o café, mas deixa-o aguado. Descontente,
o cliente pede um novo café, mais forte. O empregado, enervado, manuseia mal a maquina já mal
93
regulada e parte uma peço do filtro. Após uma reparação improvisada, traz o novo café ao
cliente, mas esquece-se do açúcar, que tem de ir buscar ao extremo oposto do balcão. Quando
regressa, o cliente apressado já se tinha ido embora.”
94
4. Operações inúteis: tendência de todos os operadores para atingir níveis de
especificação que vão além das expectativas dos clientes. Isto acontece especialmente
com os defeitos visuais, em que se verifica um aumento dos tempos de produção, das
correcções, dos rejeitados, logo, dos custos. Daí o interesse de definir perfeitamente
nível esperado de cada especificação e organizar os meios para medir correctamente
essas especificações.
5. Stocks excessivos: além dos aspectos relacionados com os custos, os stocks
excessivos geram desperdícios de tempo na procura das referências.
6. Gestos inúteis: devido a uma má concepção dos postos de trabalho, diminuímos
consideravelmente a eficácia dos postos de trabalho, impondo deslocações, gestos e
transportes inúteis.
7. Defeitos: o processo gera não valor acrescentado; é preciso esperar por novas
matérias-primas, os defeitos podem passar despercebidos na passagem para a
operação seguinte.
Jean de La Fontaine alertou: “Não se deve vender a pele do urso antes de o matar”. A
Lean Management diz-nos, pelo contrário: “Não mates o urso antes de ter vendido a pele, pois
corres risco de acumular stocks, de a pele se estragar e de não vender!”. Estas citações permitem-
nos compreender as diferenças fundamentais entre a gestão tradicional e a Lean Management.
No primeiro caso, fabricamos para vender depois, no segundo, vendemos e depois fabricamos.
Mas é necessário organizar a produção de modo a dar resposta à procura num prazo aceitável
para o cliente.
A produção em fluxos tensos permite à empresa reduzir consideravelmente os seus ciclos
de produção para produzir apenas o que o mercado procura. Esta tensão dos fluxos é
acompanhada de uma aceleração da velocidade de circulação dos produtos no local de produção.
Fazendo uma analogia com um curso de água, podemos associar a produção tradicional ao Sena,
com os seus muitos meandros e um caudal reduzido, tendo em conta a capacidade do rio. Esticar
os fluxos significa criar um declive no rio e suprimir os meandros a fim de acelerar os tempos de
passagem. O débito aumentará significativamente sem que seja necessário alterar a capacidade
do rio.
A tensão dos fluxos consiste em reduzir consideravelmente os prazos de produção para os
sincronizar o mais possível com as evoluções do mercado. Esta sincronização entre o mercado e
a produção é muito importante.
95
ciclos de produção permite libertar somas consideráveis que serão melhor utilizadas
em investimentos produtivos.
2. Optimizar a margem de lucro. Na nossa sociedade, em que a tecnologia evolui
rapidamente, já não é possível manter a margem de lucro se o intervalo entre a
compra das matérias-primas e a facturação ao cliente for demasiado longo. Ilustremos
este aspecto com um exemplo de uma empresa que fabrica computadores. A evolução
do preço dos microprocessadores, das memórias, etc. é tal que a única solução para
assegurar margem de lucro é deixar de fabricar antecipadamente, organizando a
empresa para fabricar apenas o que já foi vendido. Este princípio fez o sucesso da
DELL Computer, por exemplo.
3. Evitar as dispendiosas operações de saldos. A partir do momento em que a empresa
acumula stocks, tem de os liquidar regularmente através de operações de saldos e de
promoções sem as marcas. Além de não ganhar muito nestas acções, a empresa satura
o mercado, perdendo provavelmente vendas com uma boa margem.
Na maioria das empresas, os produtos passam mais de 95% do tempo à espera. Este
tempo perdido é um desperdício considerável, que resulta frequentemente de alguns postos de
trabalho que são verdadeiros “sorvedouros de tempo”. A primeira acção consiste, pois, em
identificar as fontes de não desempenho e eliminar as suas causas, a fim de reduzir todos esses
tempos de espera.
Acções a empreender
As principais causas que impedem a tensão dos fluxos são conhecidas. Conforme as
empresas, manifestam-se de uma forma mais ou menos acentuado; o importante é identificar as
que são mais prejudiciais para a empresa. São sete as principais causas:
Poderíamos evidentemente alongar esta lista, mas a experiência mostra que uma acção
eficaz nos domínios citados tem um efeito assinalável na tensão dos fluxos.
Se as principais causas de não competitividade estiverem presentes, o resultado é:
Stocks elevados;
Prazos excessivos;
Atrasos nas entregas;
96
Falta de peças;
Falta de motivação;
Desperdício (recursos humanos, tempo, materiais, instalações, equipamentos);
Utilização deficiente dos meios…
97
4.1.2.3. Redução dos ciclos de desenvolvimento dos
produtos
98
o lançamento de um novo modelo. Quando o conceito é validado, podemos integrá-lo como um
módulo no ciclo de desenvolvimento do produto. Os ensaios de validação só têm a função de
validar a concepção. No caso de uma concepção bem realizada, com base em conceitos validados
e num estudo sério das potenciais falhas através do método AMDEC (Análise dos modos de
avaria, dos seus efeitos e pontos críticos. Para mais pormenores, consultar Qualité en production,
D. Duret, M. Pillet, Éditions d´Organisation, 2001), a validação só originará pequenas alterações
que não penalizam o tempo de desenvolvimento.
Este método de desenvolvimento acelerado é designado como engenharia simultânea.
Começou por ser aplicado na indústria automóvel, onde o desenvolvimento de novos produtos é
um elemento chave da sobrevivência no mercado impiedoso que conhecemos. Não se utilizando
este método de forma suficientemente rigorosa, gera-se um certo número de problemas. Um
desenvolvimento muito rápido (ou excessivamente rápido) torna por vezes impossível fazer
marcha atrás ou pôr em causa determinadas partes dos projectos. Foi assim que se assistiu ao
aparecimento, em muitos modelos de vários construtores de automóveis, de defeitos que
exigiram a repatriação de milhares de veículos defeituosos para corrigir o problema. São
imprevistos que custam às empresas afectadas somas proibitivas. Daí que o método deva ser
aplicado com muito conhecimento e rigor.
Para puder reagir rapidamente, a empresa deve dotar-se de uma estrutura ágil e reactiva,
mas também necessita de desenvolver órgãos quase sensoriais para ouvir a sociedade. Um pouco
à imagem do atleta de alto nível, não basta, para ter êxito, um treino excelente, também é
necessário ter uma percepção clara do meio envolvente para estar em condições de reagir
positivamente a qualquer evolução.
Para ouvir os clientes, é necessário fazer um grande esforço nesse sentido. Assim, torna-
se imprescindível um sistema de estudos de mercado permanente e o mais completo possível
para identificar devidamente as necessidades.
Para tal, convém:
99
As pessoas que compraram os produtos concorrentes;
As pessoas que passaram para os produtos concorrentes;
As pessoas que ficaram satisfeitas;
As pessoas que não ficaram satisfeitas;
Identificar todas as expectativas dos clientes em relação ao produto:
As inovações pretendidas;
A hierarquia entre as diferentes expectativas;
As funções essenciais ou facultativas;
A lista das potenciais melhorias a introduzir.
Para desenvolver estes dois aspectos (sensitivo e prospectivo), a empresa deve ouvir não
só os clientes mas também o mundo exterior e as grandes evoluções do pensamento. Por
exemplo, no mundo actual, assistimos a várias evoluções de correntes de pensamento: procura de
ética nos negócios industriais, procura de um comércio justo, maior consciencialização dos
desafios ecológicos. Face a estas evoluções da sociedade, qual é a reflexão da empresa, como é
que ela situa os desenvolvimentos dos seus novos produtos, reage positivamente ou fica agarrada
a posições que – a longo prazo – se tornarão insustentáveis?
4.1.2.5. Gestão da qualidade
100
utilizadas não permitem o faseamento. Para isso, é necessário pôr em causa aspectos
fundamentais: é preciso recriar de raiz o processo ou o produto.
Para ilustrar a diferença entre progresso permanente e progresso por avanço, podemos
evocar o caso das mortes na estrada. Enquanto que, no Sul da Europa as pessoas se contentavam
com uma melhoria permanente (aperfeiçoamento dos veículos, supressão dos pontos negros…),
o Norte da Europa utilizava métodos que punham em causa o lugar do automóvel na sociedade.
O resultado está patente num número de óbitos duas vezes mais elevado entre as populações que
se contentaram com a melhoria contínua.
101
Esta abordagem global à qualidade e ao desempenho industrial confere-lhe uma perfeita
complementaridade com a Lean Management. O Six sigma assume várias formas,
nomeadamente:
O método de resolução de problemas utilizado pelo Six sigma está estruturado em cinco
etapas:
O Black Belt (“cinturão preto”), ou animador Six sigma, que tem a missão de gerir
o grupo de trabalho. Em geral, está presente a tempo inteiro nos projectos Six
sigma.
O Green Belt (“cinturão verde”), que anima igualmente projectos Six sigma, mas
com menos experiência do que o Black Belt. Não se encontra a tempo inteiro nos
projectos.
O Champion, que deve facilitar a aplicação da filosofia Six sigma. A sua função
consiste em definir os projectos e o objectivo a atingir. É o referente dos Black
Belts.
102
Centrado nas pessoas a quem terá sido atribuída esta competência, organizado em gestão
de projecto, apetrechado com um método de resolução de problemas comprovado, o método Six
sigma é extremamente eficaz na realização de avanços.
A não conformidade alimenta os dois motores de progresso: a melhoria contínua e a
melhoria por avanço.
Para ser eficaz, a Lean Management deve estar dotada dos dois motores de progresso: a
melhoria contínua e a melhoria por avanço. Cada não conformidade que surge não processo é
reveladora de uma debilidade do processo. Quando uma nova conformidade vem a lume, há dois
princípios que devem ser aplicados:
103
Este método consiste em adoptar a Lean Management combinada com a lógica e a dinâmica de
progresso proporcionada pelo Six sigma.
A Lean Management possui muitas ferramentas, mas, no entanto, vamos citar duas muito
importantes:
104
Número de pessoas
Tempo de ciclo
Tempo de mudança de série
Taxa de rendimento sintético
Proporção de rejeitados
Tamanho dos lotes
Tamanho das embalagens
Tempo de trabalho real
Número de tipos de produto
…
A melhoria de um processo de produção começa sempre por uma fase de análise. Uma
forma excelente de realizar essa análise é elaborar a cartografia do processo, atribuindo-lhe a
tarefa de ilustrar os fluxos físicos e os fluxos de informação, desde os aprovisionamentos de
matéria-prima até ao cliente.
A cartografia (fig. 4.3) permite acompanhar o processo completo para identificar todos os
elementos do desempenho em cada etapa. Tentaremos identificar:
Todos os prazos;
Todos os tempos de ciclo, de valor acrescentado;
Todos os rejeitados, correcções, etc.;
O tempo de mudança de série;
Etc.
105
Suppliers Input Processus Output Customer
Steel Produto
prateado Colagem
Wab Aplique
Controlo Rejeitados
Controlo Rejeitados
Clientes
Produto acabado
Identificamos um stock importante junto à máquina A. Este stock tem origem num
tempo de mudança de série muito longo que obriga a trabalhar com grandes lotes.
Vamos aplicar o método SMED para resolver este problema.
Uma máquina cria um índice de rejeitados muito elevado, que gere atrasos e
grandes stocks de segurança. Neste caso, aplica-se uma metodologia do tipo Six
sigma.
Uma máquina frequentemente avariada é geradora de atrasos. Aplicamos os
princípios da TPM (Total Productive Maintenance)…
106
Medição do rácio de eficácia
O rácio de eficácia do processo é um importante indicador da tensão dos fluxos.
REP = = = 0,01%
No exemplo da figura 4.3., o produto passa 59 dias na empresa, mas só tem 12 minutos
de indução de valor acrescentado! Isto significa uma eficácia de 0,01%, que permite uma
margem de progresso interessante!
SMED significa Single Minute Exchange of Die, que pode traduzir-se por “mudança de
ferramentas em menos de 10 minutos”. Este método tem por objectivo a redução dos tempos de
mudança de série, aplicando uma reflexão progressiva, desde a organização do posto de trabalho
até à sua automatização. A aplicação do método requer, no entanto, a intervenção directa da
função Métodos. Para facilitar as mudanças de série, pode ser necessário alterar o desenho da
peça, recorrendo à função Estudos.
4.2.2.1. Introdução
Produção
Produção
Mudança
Mudança
Mudança
de série
de série
de série
1h 3h 1h 3h 1h 3h
107
Fig. 4.6. – Produção com mudanças de séries curtas
Mudanças de série
Trabalhar em fluxo tenso passa obrigatoriamente por uma redução dos tempos de
mudança de série. É esse o objectivo do método SMED.
4.2.2.2. Método
O método SMED (inventado por Siogeo Shingo, ver os seus livros Maîtrise de la
Production Méthode Kaban e Méthode SMED das Éditions d´Organisation) distingue dois tipos
de operações numa mudança de série:
Operações internas (IED, de Input Exchange of Die), que só podem ser efectuadas
com a máquina parada;
Operações externas (OED, de Output Exchange of Die), que podem e devem ser
realizadas com a máquina em funcionamento.
A implementação do método SMED passa pelas sete etapas seguintes:
108
espera inútil pode facilmente ser suprimida mediante uma melhor preparação da operação de
mudança de série.
109
6) Eliminação das afinações
A afinação de uma máquina só deve ser efectuada se for realmente indispensável. Muitas
vezes, é um meio de contornar um problema, que pode ser resolvido de outra forma.
Como eliminar as afinações?
7) Recurso à automatização
4.2.2.3. Conclusão
110
minutos. Nas prensas da indústria automóvel obtêm-se mudanças de série espectaculares com
menos de um minuto, em determinadas condições, em vez das mais de oito horas anteriores.
A aplicação deste método é indispensável, dado que longas mudanças de série constituem
obstáculos intransponíveis à fluidez de circulação das peças. O método SMED começou por
evoluir para o método OTED (One Touch Exchange of Die), que consiste em limitar ao máximo
as intervenções humanas nas mudanças de série. Neste momento, já se está a avançar para um
novo método, o NTED (No Touch Exchange of Die), que visa conseguir tempo de mudança
nulos sem intervenção dos operadores.
A Lean Management tenta eliminar as causas dos prejuízos financeiros inúteis. Para isso,
é imperativo utilizar ao máximo as capacidades de todos os equipamentos da empresa que param
com demasiada frequência devido a imprevistos. A TPM é um processo que maximiza a
produtividade dos equipamentos, criando um ambiente no qual os esforços de melhoria da
fiabilidade, de qualidade, de economia de custos e de criatividade são incentivados através da
participação de todo o pessoal.
Como os imprevistos se deve, muitas vezes, às avarias das máquinas e aos problemas de
não qualidade, a sua supressão será da competência principalmente do departamento de
Manutenção e do departamento de Qualidade.
TRS =
TRS = = 0,485
111
Uma TRS de 48,5% é extremamente prejudicial para a competitividade das empresas e
traduz uma grave deficiência de organização. A primeira etapa consiste em determinar as causas
de perda de rendimento, procurando identificar todas as causas de paragem para chegar ao
gráfico da figura 4.8, que permitirá decidir as acções de melhoria mais eficazes.
Mudança de série = 2%
Espera de peças = 4%
Controlo = 6%
Estado de referência Perdas
Abrandamentos = 7%
Funcion. Contínuo
TRS = 49%
4.2.3.2. O problema
Sempre que temos de trabalhar com uma máquina que não é muito fiável, devemos
admitir a possibilidade de ocorrerem avarias. O mais simples será constituir um stock que
permita não parar a produção a jusante em caso de imobilização da máquina.
De igual modo, quando uma dada produção apresenta uma determinada taxa de
rejeitados, as ordens de fabrico têm em conta essa taxa e excedem ligeiramente as necessidades
reais.
As avarias e a não qualidade constituem os chamados imprevistos ou ocorrências
aleatórias. Acabamos de ver que as ocorrências aleatórias de produção geram stocks e, portanto,
prazos excessivos, com sobrecustos de produção.
Por isso, é indispensável atacar as ocorrências aleatórias com vista a aumentar a fluidez
do escoamento dos produtos.
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problema das avarias, mas uma cadeia de montagem de automóveis com muitos sistemas
sofisticados coloca frequentemente grandes problemas de fiabilidade.
De facto, mesmo que a taxa de operacionalidade de cada sistema se aproxime dos 99%,
muitas vezes basta um sistema avariado para bloquear toda a linha de produção, diminuindo
vertiginosamente a taxa de funcionamento. Considerando, por exemplo, 20 sistemas em série, a
taxa de funcionamento será:
Falta de fiabilidade
A falta de fiabilidade deve-se por vezes a uma deficiente concepção das máquinas. Para
evitar este tipo de problemas, convém exigir um certo número de garantias aos fornecedores logo
no momento do investimento inicial. No entanto, uma vez adquiridas as máquinas, é necessário
melhorar os seus pontos fracos e implementar sistemas de afinação e de vigilância.
A falta de fiabilidade também se pode dever à forma como a máquina é utilizada. É
adequada para o fim a que se destina? Está adaptada ao meio onde vai funcionar?
Podemos citar, por exemplo, os problemas de fiabilidade que surgiram aquando da
instalação de computadores nas unidades industriais.
A forma como a manutenção de uma máquina é realizada também pode originar
problemas de fiabilidade. Numa fábrica asseada, as máquinas são limpas, evitando-se assim os
problemas de bloqueio causados pelas limalhas ou a poeira que se acumula numa guia.
Manutibilidade insuficiente
Nos últimos anos, as empresas tomaram consciência do problema da manutenção. Antes,
era normal esperar que uma máquina avariasse para a reparar, o que tinha geralmente como
consequência, na melhor das hipóteses, um tempo de imobilização prolongado e, na pior, uma
nova avaria.
Exemplo de uma nova avaria: não verificação do nível de óleo, provocando a degradação
de um rolamento.
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Existem dois tipos de manutenção: curativa e preventiva.
Manutenção preventiva
Consiste em efectuar intervenções com vista a evitar as avarias. Pode ser realizada de
forma sistemática ou preditiva.
Procedimento
Para melhorar a fiabilidade de uma máquina, primeiro é preciso conhecer bem os
incidentes a que a máquina está sujeita, instituindo um sistema de controlo.
Além disso, uma acção de manutenção não pode ser efectuada sem a intervenção do
operador, que deverá:
114
Assegurar a limpeza da máquina;
Sentir-se “responsável” pelo bom funcionamento da sua máquina.
O aspecto estático engloba o conjunto das regras que permitem formalizar o know-how.
Os principais componentes do aspecto estático serão:
115
Capitalização do know-how
Diante de um posto de trabalho, devemos colocar a seguinte questão: “Quais são os
aspectos importantes deste posto de trabalho que é necessário memorizar para garantir a
qualidade da produção?” Esta capitalização deve abranger a sequência das operações necessárias
e as regras de reacção face aos problemas. Em geral, concretiza-se através de documentos
disponíveis no posto de trabalho. Estes documentos não são exaustivos, visando apenas assegurar
a continuidade do know-how em três situações principais:
Normalização
Tudo o que permite flexibilidade é positivo. Devemos privilegiar a rotação do pessoal em
toda a fábrica. Para tal, é necessário normalizar todos os processos repetitivos. A normalização
deve ser a regra. E todos devem conhece-la. Por exemplo, o tratamento dos produtos não
conformes deve ser idêntico em todos os postos de trabalho; os contentores destinados a receber
produtos não conformes devem ser assinalados com a cor vermelha, etc. A normalização não
impede a melhoria e evita cometer muitos erros. Deve abranger tanto os processos como os
sistemas físicos.
Limitar o domínio dos processos ao aspecto estático seria contrário à regra de melhoria
contínua dos processos. Devemos aplicar uma dinâmica de progresso que permita fazer evoluir o
116
posto de trabalho, os procedimentos de gestão e de controlo e as normas da empresa e enriquecer
a capitalização do conhecimento. Este aspecto dinâmico deve ser organizado segundo os dois
eixos evocados no parágrafo 4.1.2.5, “Gestão da qualidade”, deste capítulo:
Melhoria contínua;
Melhoria por avanço.
4.2.5. Os 5 s
Seiketsu – asseio
Seiri – arrumação
Fazer com que os objectos necessários estejam imediatamente disponíveis no momento certo
Ser capaz de realizar correctamente e em conformidade o que foi decidido e manter constantemente a vontade de
melhoria
117
Os 5 S representam o princípio do just-in-time ou, mais geralmente, da Lean
Management. Os industriais japoneses costumam dizer que qualquer acção de just-in-time deve
começar com pelo menos dois anos de campanha dos 5 S. Os 5 S são as cinco iniciais de
palavras japonesas que têm por objectivo sistematizar as actividades de arrumação, de
organização e limpeza dos locais de trabalho.
Além disso, a abordagem dos 5 S faz tudo para manter e melhorar a situação actual. Estas
palavras, todas iniciadas pela letra S, são:
Seiri – arrumação;
Seiton – pôr em ordem;
Seiso – limpeza;
Seiketsu – asseio;
Shitsuke – formação moral.
A figura 4.9 indica as grandes etapas de uma política dos 5S. Traduz literalmente um
cartaz exposto em várias fábricas japonesas.
Uma campanha 5S articula-se em torno de duas fases:
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Em geral, utiliza-se um sistema de classificação do tipo ABC:
A = uso diário;
B = uso semanal ou mensal;
C = uso muito raro.
Deste modo, podemos determinar o que devemos efectivamente manter no posto de
trabalho, o que podemos guardar e o que devemos deitar fora.
Esta primeira etapa deve ser visível no posto de trabalho.
Muitas vezes, nas primeiras fases de implementação do método, é difícil fazer os
operadores compreenderem a necessidade de se separaram de um certo número de objectos. É
por essa razão que, frequentemente, vemos surgir, nos postos de trabalho piloto do tipo 5S, ZED
(Zonas à Espera de Decisão) que agrupam todos os elementos que ainda não foi decidido
eliminar, mas que já não se encontram no posto e cuja inutilidade se vai tornar rapidamente
evidente, se não formos buscá-los à ZED… Estas ZED têm um efeito psicológico interessante
nos posto de trabalho, quando se pretende não frustrar os operadores nas primeiras fases de
implantação do método, durante as quais ainda não estão totalmente convencidos dos seus
méritos!
119
2. Manutenção
d) SEIKETSU: asseio, manter o posto de trabalho asseado e em ordem.
É fácil aplicar pontualmente os 5S. Fazer disso um hábito é que se torna mais difícil. É
necessário formalizar as regras e definir normas com a colaboração do pessoal. Esta participação
das pessoas facilita a aplicação e cumprimento das regras estabelecidas nas três etapas anteriores.
A etapa Seiketsu deve permitir evitar regressar aos velhos hábitos. Podemos considerar o
exemplo de uma família de cinco pessoas: se cada um arrumar o calçado e o casaco,
aleatoriamente, rapidamente a desordem se instala em casa. As três primeiras regras terão
permitido colocar um armário num local adequado da casa para arrumar facilmente os casacos e
o calçado. Mas o Seiketsu também permite definir as regras de arrumação e fazê-las respeitar.
Implementação dos 5S
A implementação dos 5S deve traduzir-se no envolvimento de todos os membros do
grupo. Por isso, não é possível sem um trabalho de grupo.
Em geral, a sua implementação passa pelo seguinte processo:
1. Motivar os quadros;
2. Dar formação ao pessoal sobre o método;
3. Fazer o ponto da situação das instalações;
4. Definir uma zona piloto;
5. Criar uma comissão de gestão;
6. Formar o grupo de trabalhão piloto;
7. Criar um “painel dos 5 S”;
8. Arrancar com o trabalho de grupo;
9. Implementar as cinco etapas;
10. Generalizar às outras secções.
11.
120
4.2.6. Relacionamento com os fornecedores e os subcontratados
4.2.6.1. Os problemas
Prazos longos
Quando os fornecedores estão localizados longe da empresa, as entregas são
frequentemente espaçadas a fim de minimizar os custos de transporte. Para não entrar em rotura
de stock, a empresa mantém um stock de segurança tanto maior quanto menor for a frequência
das entregas.
Stocks elevados
Os problemas de qualidade, os prazos longos e os stocks elevados geram as disfunções
clássicas da produção. Por isso, é necessário estabelecer um novo tipo de relacionamento com os
fornecedores.
121
fabrico. O fornecedor só estará disposto a pôr em prática estes métodos se tiver a garantia de
receber encomendas durante um período suficientemente longo.
A empresa deverá, portanto, criar relações privilegiadas com certos fornecedores que, em
troca, deverão garantir a qualidade dos produtos fornecidos.
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ou subconjunto. Este sistema pode levar à selecção de fornecedores muitas vezes desconhecidos
da empresa que pretendem propor o melhor “pacote” preço-prazo-desempenho-tecnologia-
qualidade...
É um sistema que dá bons resultados? Nem sempre! Muitas vezes, as empresas ficam
decepcionadas com os resultados!!!
Não há como uma verdadeira parceria com os fornecedores, a longo prazo e alicerçada
em relações sólidas, sobretudo quando se trata de componentes estratégicos.
Hoje em dia, a maioria das empresas tomou verdadeiramente consciência da riqueza que
o capital humano representa. O principal trunfo, o elemento determinante do sucesso, são as
pessoas.
Há alguns anos, preconizavam-se empresas totalmente automatizadas, integradas e
desumanizadas, mas, actualmente, reconhece-se que uma empresa sem o elemento humano não
consegue progredir nem evoluir, já que só o homem é capaz de pôr as coisas em causa e
melhorar.
Além disso, a maioria das ferramentas desenvolvidas no âmbito da Lean Management
requer autonomia, flexibilidade, formação, motivação, polivalência e politecnicidade, mobilidade
e eficácia do grupo de trabalho; tudo, elementos indispensáveis, mas distantes da cultura
tradicional das empresas ocidentais.
Praticar a Lean Management é tornar-se e manter-se desportivo, o que obriga a uma
mudança profunda dos hábitos e das mentalidades. Para se manter em forma, a empresa tem de
se preparar para realizar um treino diário e para se pôr em causa permanentemente como fazem
os grandes campeões. Uma vitória conquista hoje não dá qualquer garantia de uma vitória
amanhã.
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4.3.2.1. A comunicação
4.3.2.2. A formação
4.3.2.3. A motivação
Espírito de equipa
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Para ser reactivo, é necessário criar um verdadeiro “espírito de equipa”. Numa empresa
Lean, cada um tem a sua função, mas as pessoas não estão enclausuradas numa definição de
função demasiado estrita. Devemos criar um espírito de equipa à imagem de uma equipa de
futebol em que os avançados não hesitam em intervir para suprir uma fraqueza passageira das
linhas de retaguarda. Todos sabemos que o resultado da equipa não é a soma dos valores
individuais, mas a soma multiplicada por um coeficiente de unidade de equipa. Este coeficiente
pode ser muito superior a 1 se se conseguir criar uma dinâmica, mas também pode ser muito
inferior a 1.
Este estado de espírito traduz-se igualmente na noção de progressão, que é muitas vezes
entendida, no sentido ocidental, como uma progressão hierárquica. Num grupo Lean, procura-se
responsabilizar a equipa. A progressão entende-se por diferentes evoluções no posto de trabalho:
125
Ter em consideração os elementos económicos para saber até onde se pode e deve
ir nas melhorias.
As acções que acabamos de enunciar dão apenas uma ideia do caminho a seguir.
4.4. Conclusão
Bibliografia
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