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ISSN 1984-9354

FORNECEDORES E SUA IMPORTÂNCIA NOS DIAS


ATUAIS: AVALIAÇÃO PELA QUALIDADE

Jose Rossi
(LATEC/UFF)
jluizrossi@hotmail.com

Resumo: Devido à grande importância que fornecedores e parceiros representam na execução de um projeto, é
imprescindível buscar o conhecimento e aplicação de metodologias funcionais para implantar e manter um processo de
avaliação de fornecedores eficaz, capaz de minimizar ou eliminar grandes riscos que estão inseridos na cadeia de
suprimentos. Mesmo com tantos avanços tecnológicos e gerenciais, ainda se percebe que o assunto em pauta merece
atenção e estudo, a fim de conseguir que a alta direção da empresa, de uma forma geral, tenha ferramentas,
documentos e alternativas à altura, para que as decisões a serem tomadas sejam acertadas. Além disso, para que
atenda aos requisitos normativos preconizados pelo International Organization for Standardization, mais
especificamente a ISO 9001, voltada para o Sistema de Gestão da Qualidade. O problema a ser abordado nesta
pesquisa está relacionado à dificuldade de implantar e manter um sistema de avaliação de fornecedores, com foco na
qualidade, quando a alta direção da empresa não está comprometida a colaborar no sentido de prover recursos ou
fazer respeitar os resultados das avaliações executadas.

Palavras-chaves: Avaliação de Fornecedores, Projetos, Qualidade.


XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
13 e 14 de agosto de 2015

INTRODUÇÃO
Devido à velocidade das mudanças e às grandes exigências para se tornar competitivo no
mercado atual, faz-se necessário buscar corrigir os erros e aprimorar os processos envolvidos tanto na
confecção de um produto quanto na prestação de serviços. As exigências quanto à necessidade de
demonstração da conformidade com requisitos especificados nas normas técnicas estão cada vez mais
em pauta, seja em negociações nacionais ou internacionais. Compreender quais as exigências
normativas de cada produto ou serviço adquirido certamente será um elemento facilitador na hora de
determinar o processo de avaliação de fornecedores. Qual o padrão de qualidade é o correto? Até que
ponto os desvios apresentados poderão ser tolerados? Como esses desvios afetam o sucesso da
organização e dos projetos a serem executados?
Os primeiros modelos de seleção de fornecedores utilizados consistiam na parceria via contrato
de fornecimento, onde o candidato a fornecedor passava por um longo processo de avaliação, na
tentativa de assegurar a qualidade total. Mesmo com a imposição de responsabilidades e
compromissos, nem sempre eram colhidos os resultados esperados. Os resultados negativos, na
maioria das vezes, eram devido aos procedimentos serem aplicados à toda cadeia de suprimentos sem
levar em conta a identidade de cada fornecedor, tais como a cultura da empresa, capacidade instalada,
complexidade do produto, logística, entre outros.
Pretende-se descrever os conceitos necessários para que se tenha um bom entendimento da
proposta do projeto, proposta esta que busca abordar de forma sucinta o processo de avaliação de
fornecedores do lado do fornecedor e dar maior ênfase ao lado do cliente. Assim, serão descritos os
conceitos sobre as modalidades de projeto e suas aplicações e definições de termos comumente
utilizados nos setores da cadeia de suprimentos e gestão/controle da qualidade.
O embasamento da pesquisa é teórico e possibilitará o entendimento dos conceitos e
metodologias aplicadas ao atendimento dos requisitos da qualidade aplicada na gestão de fornecedores,
como, por exemplo, mostra o esquema abaixo:

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Figura 1: As Nove Áreas do Conhecimento

Este trabalho, portanto, vai abordar a importância de escolher os fornecedores de forma


adequada, os quais serão os contribuintes para o sucesso da execução dos projetos com o mais alto
nível de qualidade, esta que depende do equilíbrio entre fatores como custo, escopo e prazo – quando
estes parâmetros são atingidos com qualidade, o resultado certamente será de êxito no projeto,
refletindo em satisfação do cliente e bons resultados financeiros.

1. Fornecedores: definição e conceitos

A começar este capítulo pela definição do que é um fornecedor, o Código de Defesa do


Consumidor estabelece, no seu art.3°, que:
Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades
de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.

Num primeiro momento, tais fornecedores podem não apresentar significativas diferenças;
porém, existe uma classificação de fornecedor que se aplica de acordo com o grau de dependência

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cliente-fornecedor. De acordo com Dias (1993, p.297), os tipos de fornecedores e suas classificações
conforme sua fonte são, basicamente:
a) Fornecedores Monopolistas: são os fabricantes de produtos exclusivos dentro do
mercado; normalmente, o volume de compra é que determina o grau de atendimento e relacionamento.
b) Fornecedores habituais: são, normalmente, os fornecedores tradicionais que sempre são
consultados numa coleta de preços. Eles possuem uma linha de produto padronizada e bastante
comercial. Geralmente são os que prestam melhor atendimento, pois sabem que existe concorrência e
que seu volume de vendas está ligado à qualidade de seus produtos e ao tratamento dado ao cliente.
c) Fornecedores especiais: são os que ocasionalmente poderão prestar serviços, mão-de-
obra e até mesmo fabricação de produtos, que requerem equipamentos especiais ou processos
específicos e que normalmente não são encontrados nos fornecedores habituais.

Outra forma de classificação, dada por Arnold (1999, p.218), é indicada abaixo:
a) Fonte única: apenas um fornecedor está disponível devido a patentes, especificações
técnicas, matéria-prima, localização, e assim por diante.
b) Fonte múltipla: é a utilização de mais de um fornecedor para um item. As vantagens
potenciais da fonte múltipla são as seguintes: a competição vai gerar preços mais baixos e melhores
serviços e haverá uma continuidade no fornecimento.
c) Fonte simples: é uma decisão planejada pela organização no sentido de selecionar um
fornecedor para um item quando existem várias fontes disponíveis.

Muitas vezes, a classificação de fornecedores é feita de forma intuitiva e tem por objetivo
estabelecer um ranking de fornecedores em relação aos produtos que vendem à empresa. Sendo assim,
o critério preço não é o único importante na determinação dos lotes de compra. Os critérios para o
ranking dos fornecedores podem ser qualidade, pontualidade no fornecimento e parceria, por exemplo.
O critério parceria influencia fortemente as relações de compra com os fornecedores, devendo
então também ser considerado na classificação. Dessa forma, a importância da classificação de
fornecedores está relacionada ao fato de gerar informações para estabelecer ou implementar uma
política de fornecimento, auxiliar na definição de cotas de fornecimento, estabelecer atividades de
recebimento e definir ações para reavaliação de fornecedores. Ou seja: a classificação final dos
fornecedores deve ser feita conforme seu desempenho, devendo-se estabelecer critérios para esta
classificação de acordo com cada empresa/organização.

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2. Processos de avaliação de fornecedores

A avaliação, segundo Juran (1991), é um processo de verificação de determinadas condições de


um fornecedor, referente ao seu sistema da qualidade, ao seu processo produtivo, às suas instalações
e/ou seu produto. Esta verificação deve ser estruturada, ou seja, ter parâmetros claros e objetivos, e
pode ser feita através de visita às instalações do fornecedor ou de pesquisa formal efetuada pela
própria empresa-cliente.
As avaliações usuais são referentes ao Sistema da Qualidade, que se caracteriza pela
verificação do atendimento da empresa aos requisitos organizacionais voltados à garantia da qualidade
do produto fabricado ou comercializado ou ao serviço prestado.
A seleção de fornecedores é um dos passos fundamentais da função de compras e
consequentemente da cadeia de suprimentos. Segundo Arnold (1999, p 218), uma vez tomada a
decisão sobre o que comprar, a segunda decisão mais importante refere-se ao fornecedor certo. Um
bom fornecedor é aquele que tem a tecnologia para fabricar o produto na qualidade exigida, tem a
capacidade de produzir as quantidades necessárias e pode administrar seu negócio com eficiência
suficiente para ter lucros e ainda assim vender um produto a preços competitivos.
Bertaglia (2003, p.86) ressalta que “os critérios de avaliação dos fornecedores devem ser
meticulosamente analisados” e, por isso, o envolvimento da alta administração é imprescindível nesse
processo.
Segundo Baily et al (2000, p.182), os atributos para a avaliação de um bom fornecedor podem
ser observados abaixo:
 Entrega pontualmente.
 Fornece qualidade consistente.
 Oferece bom preço.
 Tem antecedentes estáveis.
 Fornece bom serviço.
 É responsivo às necessidades do cliente.
 Cumpre o prometido.
 Dá apoio técnico.
 Mantém o comprador informado sobre o andamento do pedido.

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Ao se avaliar corretamente um fornecedor, pode-se escolher melhor com quais se relacionar.


Quando escolhidos corretamente, portanto, os benefícios, avanços e ganhos no bom andamento do
projeto são inúmeros, tais como: produtividade e redução de custos, garantia de prazo de fornecimento,
maior confiabilidade entre as partes interessadas, garantia de prazo na execução do projeto,
atendimento aos requisitos de certificação e, por fim, satisfação do cliente.

2.1 A Avaliação de Fornecedores pela Qualidade Total

Com a intenção de enquadrar tal avaliação de fornecedores sob a ótica da qualidade e a busca
constante pelas melhorias contínuas, buscou-se entender como se caracteriza a qualidade total descrita
nos dez itens abaixo:
1. Total Satisfação do Cliente: A empresa precisa prever as necessidades e superar expectativas
do cliente. A gestão pela qualidade assegura a satisfação de todos os que fazem parte dos diversos
processos da empresa: clientes externos e internos, diretos e indiretos, parceiros e empregados.
2. Gerência Participativa: É preciso criar a cultura da participação e passar as informações
necessárias aos empregados. A participação fortalece decisões, mobiliza forças e gera o compromisso
de todos com os resultados, ou seja, todos trabalham com responsabilidade. O principal objetivo é
conseguir o “efeito sinergia”, onde o todo é maior que a soma das partes.
3. Constância de Propósitos: A adoção de novos valores é um processo lento e gradual que
deve levar em conta a cultura existente na organização. Os novos princípios devem ser repetidos e
reforçados, estimulados em sua prática, até que a mudança desejada se torne irreversível. É preciso
persistência e continuidade.
4. Aperfeiçoamento Contínuo: O avanço tecnológico, a renovação dos costumes e do
comportamento leva a mudanças rápidas nas reais necessidades dos clientes. Acompanhar e até mesmo
antecipar as mudanças que ocorrem na sociedade (com o contínuo aperfeiçoamento) é uma forma de
garantir mercado e descobrir novas oportunidades de negócios. Além disso, não se pode ignorar a
crescente organização da sociedade civil, que vem conquistando novas leis e regulamentos para a
garantia dos produtos e serviços.
5. Desenvolvimento de RH: É possível ter o máximo controle sobre os empregados, determinar
normas rígidas, supervisionar, fiscalizar, mas nada será tão eficaz quanto o espírito de colaboração e a
iniciativa daqueles que acreditam no trabalho.

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6. Delegação: O melhor controle é aquele que resulta da responsabilidade atribuída a cada um.
Só com os três atributos divinos – onipresença, onisciência e onipotência seria fácil ao empresário
desempenhar a mais importante missão dentro da organização: relacionar-se diretamente com todos os
clientes, em todas as situações. A saída é delegar competência.
7. Garantia da Qualidade: A base da garantia da qualidade está no planejamento e na
sistematização [formalização] de processos. Esta formalização estrutura-se na documentação escrita,
que deve ser de fácil acesso, permitindo identificar o caminho percorrido.
8. Não Aceitação de Erros: O padrão de desempenho desejável na empresa deve ser o de “Zero
Defeito”. Este princípio deve ser incorporado à maneira de pensar de empregados e dirigentes, na
busca da perfeição em suas atividades.
9. Gerência de Processos: A gerência de processos, aliada ao conceito de cadeia cliente-
fornecedor, faz cair às barreiras entre as áreas da empresa, elimina feudos e promove integração. A
partir do cliente externo, os processos se comunicam: o anterior é o fornecedor, o seguinte é o cliente.
10. Disseminação de Informações: A implantação da Qualidade Total tem como pré-requisito
transparência no fluxo de informações dentro da empresa. Todos devem entender qual é o negócio, a
missão, os grandes propósitos e os planos empresariais.
Assim, é imprescindível que as práticas adotadas no momento da escolha de fornecedores
estejam de acordo com as diretrizes preconizadas pela empresa-cliente no momento de desenvolver um
projeto. A função da qualidade, de acordo com a figura abaixo, surge, portanto, do fato de que a
qualidade de um processo é uma soma dos trabalhos de todos os departamentos ao longo da figura
ilustrativa de uma espiral:

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Figura 2: A Espiral do Progresso

Algumas etapas são básicas e necessárias para que haja a elaboração de um sistema básico de
avaliação de fornecedores que colabore na identificação, seleção e manutenção dos melhores ou dos
mais aptos fornecedores que virão a compor a estratégia de fornecimento para um empreendimento de
grande porte. Dentre elas, estão a elaboração de um documento de padronização da avaliação. Isso
significa que, para desenvolver um bom sistema de avaliação de fornecedores, é essencial que se
elabore um procedimento que detalha, de forma clara e objetiva, os passos a serem seguidos.
Primeiramente esse detalhamento deverá auxiliar, orientar e conduzir os avaliadores e os
envolvidos por parte da empresa compradora. Em etapa seguinte, deve-se esclarecer os tipos de
avaliações a serem feitas, que basicamente se resumem em três:
a) Avaliação inicial: deve ser realizada com muito critério e foco nos detalhes e nas condições
essenciais para um bom fornecimento, pois definirá se a empresa candidata ao fornecimento,
seja para aquisição de serviços ou entrega de produtos, será inserida ou não no banco de dados
da empresa como uma opção para futuros fornecimentos.

b) Avaliação de Manutenção: desenvolve-se com relação à fornecedores que, contando com uma
avaliação inicial, não foram contratados durante os últimos trinta e seis (36) meses
transcorridos entre a data da última avaliação (inicial ou de manutenção) e a data em que

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decide que está em condições de obter adjudicação de uma nova contratação. Caracteriza-se
como uma boa prática realizar uma avaliação de manutenção antes da contratação de um
fornecedor ou subcontratada, sempre que tenha existido alguma mudança significativa na
empresa, considerando que esta modifique as conclusões da última avaliação, ou bem quando o
considerarem adequado pelas características do fornecimento ou serviço a prestar.

c) Avaliação de Desempenho: é o processo pelo qual é avaliado e qualificado o cumprimento do


fornecedor com respeito às condições de compra ou fornecimento de serviço. Esta avaliação
classificará o êxito do fornecimento específico, que será obtido através das notas adquiridas em
sua avaliação, determinando, desta forma, o nível de confiança entre as empresas que ofertam
produtos/ serviços e a contratante.

Para todas as avaliações podem ser adotados os seguintes critérios: os avaliados terão uma nota
individual do avaliador para cada requisito avaliado (caso tenha mais de um avaliador, deverá ser
realizada a média ponderada para adquirir a nota final para cada requisito). Realizado este processo,
deverá ser realizada a média ponderada entre todos os requisitos avaliados obtendo assim a nota final
do avaliado. Para casos excepcionais, o requisito que não atingir a nota mínima preestabelecida deverá
ter tratamento especial para o requisito abaixo da média, caso este venha a ser escolhido para um
eventual fornecimento, por exemplo.
Ressalta-se que este sistema deve oferecer a obtenção de informações rápidas e seguras com
amplo acesso aos envolvidos na hora de tomar decisões com relação à contratação de fornecedores.
Entende-se que o sistema de avaliação deve ser elaborado, mantido e aprimorado constantemente
através das lições aprendidas em cada execução de projeto.

3. Principais Deficiências nos sistemas de Avaliações Convencionais

Sabe-se que todo sistema de avaliação de fornecedores implantado em uma empresa gera uma
demanda enorme de recursos, tais como: arquivos, computadores, capacitação profissional, tempo etc.,
que por sua vez afetarão diretamente os custos operacionais da empresa. Não é difícil encontrar
empresas que pecam pela falta dessa estrutura organizacional, de sistemas que controlam os processos
envolvidos na execução de projetos.

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Se tratando da falta desses sistemas de gestão, fica claro que, com a implantação dos mesmos, o
problema poderia ser resolvido; porém, como pode ser visto na prática, a questão não é tão simples
assim. Portanto será foco neste capítulo relatar as falhas mais comuns detectadas em empresas que
possuem o sistema de avaliação de fornecedores e o mesmo não retorna com os objetivos esperados.
Espera-se que um fornecedor, através de sua conduta, venha agregar valores ao
empreendimento – e não trazer problemas ao contratante. De acordo com Juran (1992), entre as
atividades mais importantes que devem se desenvolver entre cliente e fornecedor estão: planejamento
pré-contrato, avaliação da aptidão do fornecedor, seleção do fornecedor, custo total de uma compra,
planejamento conjunto e cooperação com fornecedor durante a execução de contrato.
Assim, busca-se neste capítulo o entendimento dos numerosos casos em que as empresas
possuem um sistema de avaliação de fornecedores e estes são meros consumidores de recursos, sem
contribuir com o objetivo primordial do setor. Isso vai em encontro ao intuito de criar condições ideais
para uma tomada de decisão acertada na seleção de fornecedores, ou seja, escolher entre tantos
fornecedores aqueles que venham a somar na execução do projeto e não a contratar fornecedores que
serão geradores de problemas, vindo a serem, em muitas ocasiões, os principais responsáveis pelo
insucesso de um empreendimento.
Abaixo serão descritos alguns dos principais erros detectados em seleção de fornecedores1:
 Ter um grande número de fornecedores para a mesma especificação do item. É claro que não se
recomenda ficar nas mãos de apenas um fornecedor; porém, o ideal é ter um número
compatível com a estrutura da empresa, o que facilita muito a gestão de tais fornecedores,
podendo-se realizar, por exemplo, avaliações com menor periodicidade e com maior eficácia,
além da possibilidade de estar mais perto do fornecedor.
 Outro erro comum é o de não contar com um número de profissionais suficientes e preparados
para realizar as avaliações e revalidações dos fornecedores.
 Falta de integração entre os setores da empresa constitui grandes prejuízos na hora de escolher
um fornecedor, pois geralmente as informações necessárias – tais como, resultados de
avaliações e índices de desempenho – não estão disponíveis em todos os setores envolvidos.
 Em projetos realizados pela composição de várias empresas, ao que se dá o nome de consórcio,
em muitas situações há conflitos ainda maior entre os setores, os quais são divididos entre as

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Os pontos listados são uma compilação da extensa leitura feita pelo autor do artigo para construí-lo, em autores tais
como Joseph M. Juran e Philip Kotler, bem como de sua experiência profissional na área.

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empresas participantes. Estas empresas, por terem cultura administrativa diferentes umas das
outras, se mostram com opiniões totalmente antagônicas à qualidade do fornecedor.
 Em casos de grandes negócios, onde são acertados valores na casa dos bilhões, necessita-se
atenção especial na relação dos compradores com os seus fornecedores, vista a necessidade de
controle financeiro eficiente para evitar desvios.
 A aquisição de fornecedores internacionais também merece um tratamento especial com
relação à aprovação para o fornecimento, tendo que levar em conta diversos fatores que possam
vir a comprometer o projeto pelo fato de não se conhecer a cultura do país, pois muitas vezes a
cultura administrativa e profissional do país onde está inserido o fornecedor se revela de forma
negativa ou incompatível aos valores morais, profissionais e éticos cultivados pela empresa
compradora (tais como: regimes de trabalho, respeito às normas de segurança e qualidade,
cumprimento do prazo e também à distância para resolução dos problemas que venham a surgir
durante e após o fornecimento).
 Situação em uma contratação em que falta uma investigação mais apurada. É o fato do
ganhador da concorrência de fornecimento estar com preço muito abaixo de seus concorrentes,
ou seja, esta ocorrência deve ser examinada, pois, muitas vezes, mesmo o fornecedor sendo
merecedor de créditos em suas avaliações, a proposta não foi muito bem compreendida ou
ocorreram erros em sua elaboração. Este fato deve ser analisado junto ao fornecedor com total
transparência, pois o que pode aparentar ser uma vantagem no presente pode se tornar uma
desvantagem no futuro.
 Apontada por este estudo como um fator extremamente negativo na hora da escolha de um
fornecedor é o fato da alta direção da empresa não se mostrar disciplinada a seguir os passos
corretos para a escolha do fornecedor ideal. Geralmente estes profissionais se atentam aos
resultados macros da empresa, não se dispondo a buscar as informações detalhadas para tal
escolha. Como estes cargos são detentores de força de decisão, geralmente acaba aprovando o
fornecedor errado, levando em consideração somente o valor financeiro da proposta, o que
mais tarde se revelará em um custo muito mais alto do que os demais concorrentes do
fornecimento.

Quando uma empresa visa não cometer estes erros, portanto, pode-se dizer que, o conceito de
avaliação de fornecedores torna-se um grande instrumento para o crescimento e desenvolvimento tanto
do cliente como do fornecedor, visto que uma pequena reflexão, buscando avaliar de forma consistente

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e responsável os candidatos a fornecimento, vai promover e estimular todos aqueles que trabalham de
forma correta e, com o decorrer do tempo, eliminar os que não cumprem as legislações ou não se
preocupam com um sistema onde haja o cumprimento do que foi acordado em contrato previamente.

CONCLUSÃO
Pelo estudo apresentado, conclui-se que os problemas decorrentes de fornecimentos podem ser
eliminados ou minimizados quando a seleção dos fornecedores é feita de forma adequada. Para que o
processo exposto tenha vigor dentro da estrutura da empresa, é vital que a alta direção tenha
entendimento e aceitação do processo proposto, pois muitas vezes os valores financeiros podem ser
mais atraentes em curto prazo, mas nunca será verdadeiramente recompensável se deixarmos de tomar
decisões visando curto, médio e longo prazos.
Em resumo, toda empresa que opta por determinados fornecimentos julgando simplesmente o
preço da proposta, terá problemas futuros na execução do seu projeto, principalmente quando se trata
de empreendimentos de grandes valores. Os desafios, portanto, além da elaboração dos documentos e
formulários, se dão na disseminação dos mesmos pelos setores envolvidos no projeto.
Conclui-se, com os estudos desse tema, que para atingir este objetivo se faz necessário a
participação de todas as disciplinas no momento da contratação, ou seja, todos os setores devem estar
atrelados ao setor de suprimentos, prestando orientações e julgando, mediante os recursos
apresentados, se o candidato tem ou não condições de atender na íntegra as condições do
fornecimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARNOLD, J. R. Tony. Administração de Materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas,1999.
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BERTAGLIA, P. R. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. São Paulo: Saraiva,
2003.
DIAS, Marco Aurélio P. Adminstração de Materiais. Uma abordagem logística. 4ª Ed. São Paulo:
Atlas, 1993.
JURAN, J. M. Controle da Qualidade: Conceitos, Políticas e Filosofia da Qualidade. Volume I. 4
ed. São Paulo: Editora Makrom Books & McGraw-Hill, 1991.
____________, Planejando a Qualidade. São Paulo, Pioneira (p. 168-180), 1992.
Site de Apoio:
Código de Defesa do Consumidor: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm.

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