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Ano 3, nº 5,
Janeiro/Junho de 2004
ISSN Nº 1677-650 X
Resumo
Abstract
Our goal is to study the past of baixada fluminense. One part of Rio de
Janeiro state wich is growing very fast .
Apresentação
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Para isso, será feita uma abordagem histórica, espacial e econômica da área ao
longo dos séculos XVI, XVII, XVIII, XIX e XX. De um modo geral, predominava na área
de estudo a agricultura como atividade predominante, existindo em menor escala atividades
secundárias como a policultura e estabelecimentos comerciais. Tal padrão espacial mudará
a partir da última metade do século XX.
Daí em diante registra-se a transformação desse espaço de característica rural, para
um padrão urbano e industrial em decorrência do processo da segunda fase da
industrialização brasileira e do Rio de Janeiro o que acarretou impactos sócio-espaciais na
Baixada Fluminense.
Área integrante da Região Metropolitana do Rio de Janeiro teve nos municípios que
compõem a Baixada Fluminense, divisão adotada pela Secretaria de Desenvolvimento da
Baixada Fluminense, grande parte do seu desenvolvimento econômico e social atrelado ao
Rio de Janeiro.
Caracterizada por uma paisagem natural composta por planícies, colinas, morros,
manguezais, serra do Mar ao fundo, matas, rica rede hidrográfica desaguando na Baía de
Guanabara tendo a mesma como porta de entrada, essa era a visão daqueles que se
destinavam a Baixada Fluminense nos primeiros séculos da colonização e ocupação.
Tem-se o registro da concessão das primeiras sesmarias nos anos de: 1558, no rio
Guandu nas terras de Sepetiba; 1565, nos rios Magé, Iguaçu; 1566, rio Magé; 1568, no rio
Inhomirim, e no mesmo ano uma grande sesmaria doada a Brás Cubas que tinha “ 3000
braças de testada pela costa do mar e 9000 fundos pelo rio Meriti, (...) que por não ter tomado posse, em 1577
e em 1602 foi partilhada entre sesmeiros.” (MATOSO apud LAMEGO, 1964, p.195 ) , seguida por outras
concessões que vão ocorrendo ao longo dos anos de mil quinhentos, seiscentos, setecentos
e com isso a presença dos primeiros desbravadores (homem branco) em terras ocupadas por
indígenas.
Das sesmarias foram surgindo fazendas que se dedicavam a atividade econômica
predominante alicerçada no plantio e cultivo da cana-de-açúcar com a presença de
engenhos para o fabrico do açúcar e aguardente, ambos localizados às margens dos rios,
tendo-se o registro de um dos primeiros engenhos às margens do rio Magé no século XVI.
O aparecimento das fazendas foi acompanhado pela presença religiosa
materializada nas construções de capelas. A igreja dividia seu território em jurisdição
religiosa como freguesias, paróquias ou curatos, no caso de freguesias estas possuíam a
igreja matriz que ligada a ela existiam várias capelas erguidas nas fazendas. Essas capelas
serviam como célula inicial de aldeias, freguesias, vila ou cidade. Dentre algumas
freguesias que surgiam podemos citar: Freguesia de Santo Antônio de Jacutinga, Freguesia
de Nossa Senhora da Conceição de Marapicu, Freguesia de Nossa Senhora da Piedade de
Inhomirim, Freguesia de Nossa Senhora do Pilar, Freguesia de São João de Meriti e
Freguesia de Piedade de Iguaçu.
Além da monocultura da cana desenvolvia-se em menores escalas o plantio de
produtos agrícolas como arroz, feijão, milho, mandioca, legumes entre outros e praticava-se
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“(...) de duas maneiras se fazia a circulação: 1) por via fluvial até o limite da
navegabilidade dos baixos cursos e a partir dos portos estabelecidos pelo sopé dos
morros, até à base da serra; por “terra firme”, contornando os trechos mais
freqüentemente alagados e aproveitando, sempre que possível, as zonas de colinas e
morros que circulavam as baixas planícies.” (BERNARDES apud PERES,
2000, p.10)
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Esses caminhos novos ofereceram de imediato a redução dos dias de viagem até o
interior, foi o que ocorreu com o surgimento do Caminho Novo do Pilar que diminuiu a
viagem do Rio a Minas Gerais de 3 meses para pouco mais de 15 dias, tempo gasto por
aqueles que usavam o Caminho dos Guaianás que partia de Parati para alcançar o alto do
Paraíba, através da Serra do Cunha, única via de acesso a região das minas, sendo também
o caminho do Pilar superado pelo Caminho do Inhomirim que reduziu a viagem do Rio de
Janeiro a Minas Gerais para quatro dias.
Desses três caminhos novos dois tinham seus trajetos iniciados em portos, o
Caminho de Garcia Pais e o Caminho do Proença. O Caminho de Garcia Pais iniciava-se
no porto fluvial do Pilar (afluente do rio Iguaçu) feito de norte para sul, ou seja, do interior
para o litoral, PERES apresenta seu percurso:
Com relação ao trajeto à côrte toda a ligação entre Irajá a Pilar era feita através de
caminhos particulares. Já o Caminho do Proença começava no Porto da Estrela à margem
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“As dificuldades dos caminho que castigavam as tropas eram por demais penosas.
Contornar as serras com estreitas passagens onde o precipício espreitava homens e
animais ao sabor de pedras rolantes, e que ao menor descuido iriam fazer companhia
às carcaças que, rodeado de urubus, jaziam no fundo do abismo.” (ibid., 2000,
p.41)
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quanto ao Rio de Janeiro em 1763 foi elevado a sede do vice-reinado, não esquecendo a
importância adquirida pelo seu porto para a exportação do ouro que para lá se destinava e o
deslocamento do eixo econômico do país para o Sul.
Esse período provocou na baixada Fluminense maior fluxo de mercadorias, pessoas,
intensificando-se a relação do interior com o litoral, onde as vias de circulação fluvial e
terrestre tiveram maior destaque que no século anterior, marcado pela monocultura da cana.
Mesmo assim, esses primeiros séculos com a presença da cana, dos engenhos, da
utilização dos rios, da movimentação nos caminhos, que apresentaram grande expressão na
área não repercutiram no crescimento e desenvolvimento da mesma a ponto de atribuir-lhe
funções próprias e até aglomerações, LAMEGO explica a causa:
Em linhas gerais, a Baixada, até então, não havia adquirido em suas terras, funções
de grande relevância que lhe oferecesse algum progresso. Todavia, com a chegada do
século XIX ela vivenciou um período auge de duração curta, que logo depois foi delineado
por profundas transformações, levando-a ao declínio. Quais os fatos irão ocorrer e seus
desmembramento?
Ela ainda nos fala das características dessas “vilas” denominada de “vilas-
entrepostos”, “(...) eram acima de tudo depósitos, onde ficavam as mercadorias com destino ao interior
(fardos da fazenda, sal, etc) ou os produtos que desciam da serra, principalmente o café, aguardando praça nas
embarcações que os levariam até o porto do Rio de Janeiro.” (ibid., p.165)
LAMEGO menciona o caso de Itaguaí que até antes o Ciclo do Café era um imenso
território dominado pelos jesuítas, fundação de colégios e aldeias indígenas, mas com o
advento do café tal situação é modificada, pois o produto agrícola que passava por ali a
caminho do Rio de Janeiro ou parava para o embarque fluvial e marítimo, ocasionou na
construção de casas, vendas, lojas à beira da estrada, assim como, a edificação de um
pelourinho no meio de arbustos que cobria o terreno entre a estrada e a aldeia de Itaguaí.
Mediante ao exposto Itaguaí foi elevada a categoria de vila, fato relacionado a fatores
externos.
O mesmo ocorreu com Iguaçu que foi elevada a vila em 1833, povoado localizado à
margem direita do rio Iguaçu por onde passavam as tropas em direção ao Porto de Pilar,
início do Caminho de Garcia Pais. A vila de Iguaçu adquiriu importância devido seus
portos fluviais fixados no rio de mesmo nome.
Também tem-se a criação da Vila de Estrela, em decorrência do seu porto à margem
do Rio Inhomirim e cuja população ao redor denominava-se Estrela. Além de ponto inicial
do Caminho do Inhomirim que tornou-se o preferido pelos tropeiros por ser menos íngreme
e mais próximo ao vale do Paraíba.
Tanto o porto de Iguaçu quanto o de Estrela embarcavam a produção cafeeira da
serra, porém Iguaçu enfrentava a concorrência do porto de Estrela que realizava a
navegação a vapor, sem contar com a diminuição do seu volume d’água em conseqüência
do desmatamento da serra Tinguá que alimentava suas nascentes.
Se a primeira metade do século XIX representou para a Baixada um momento de
opulência, foi justamente a partir da segunda metade que a mesma entra num período de
decadência e abandono.
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Até esse momento o café foi responsável pela construção de um aparato em função
de si mesmo (trapiches; estabelecimentos comerciais que giravam com vultosos capitais)
que provocou a elevação de localidades a vilas, porém a ferrovia promoveu a decadência
dessas áreas, sofrendo esvaziamento e abandono. O esvaziamento populacional devido a
diminuição do fluxo de pessoas, incluindo negociantes do café estabelecidos no local ou
não, dos tropeiros (chegando ao fim do ciclo do troperismo) e o abandono da área agravado
pela ausência da conservação dos rios, dos lugares propícios ao encharcamento e a invasão
do mato sobre os caminhos e conseqüentemente o aparecimento de doenças devido as
condições insalubres.
Os trilhos localizados nas áreas livres de alagamento mais próximo ao sopé dos
morros atraíram o surgimento de casas ao seu longo e as terras e fazendas foram
valorizadas, além de atrair o deslocamento populacional que antes se dava próximo aos
rios.
Se grande parte da Baixada Fluminense na segunda metade do século XIX foi
assolada por um período de decadência na sua economia que também refletia o descaso das
autoridades em reverter tal quadro, isso, contudo, não significou a ausência de atividade.
Em terras pertencentes a Itaguaí que devido o trânsito do café fora elevada a
categoria de vila, quando tem sua economia atingida pela mudança do meio de transporte
ferroviário adotado pelos cafeicultores, encontra nas planícies o desenvolvimento da
pecuária que chegou a surpreender em rendas.
Outro caso deu-se nas terras de Magé menos afetada pela crise, que, por exemplo,
Iguaçu, de seus portos Mauá e Estrela desembarcavam pequenas embarcações a vapor que
escoavam a produção de café vinda da serra. Entretanto, os dois principais portos na
Baixada eram o próprio Estrela e Iguaçu, sendo aquele mais próximo ao porto do Rio e a
serra. Ainda na primeira metade do século XIX instalou-se em suas terras por iniciativa de
D.Pedro I uma fábrica de pólvora transferida da Lagoa Rodrigo de Freitas e concluída sua
construção em 1831 nas proximidades do porto de Estrela. Para seu funcionamento foram
adquiridas três fazendas a da Cordoaria, da Mandioca e do Velasco porque eram
abundantes em mananciais e matas, atendendo a demanda solicitada pela fábrica que mais
tarde abasteceu o exército imperial e os aliados durante a Guerra do Paraguai.
Já na segunda metade do mesmo século tem-se a implantação da indústria têxtil
com as fábricas Pau Grande, Andorinhas e depois no século seguinte a Fábrica de Tecidos
Esther. No caso da fábrica Pau Grande, ela promoveu a criação de vilas operárias, escolas,
igrejas, armazéns e o desenvolvimento de atividade agrícola.
Em linhas gerais, as últimas décadas do século XIX reservou para a Baixada
Fluminense um período de crise e declínio econômico, mas que teve na última década em
meio a tal fase plantada a semente que ofereceu a área uma nova etapa de desenvolvimento
econômico.
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urbano – conclusão
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propriedades com laranjais, quer ainda, pela instalação em certos pontos da região e,
principalmente, na cidade, de packing-houses – os barracões – para beneficiamento
do produto. Os próprios elementos tradicionais do município, possuidores de grandes
propriedades improdutivas, com o êxito da citricultura e, diante da crescente procura
de terras para o plantio de laranjeira, passaram a subdividi-las arrendá-las e,
finalmente, eles próprios começaram a constituir os seus laranjais. (SOARES,
op.cit., p.205)
“(...) como o comércio do café, no passado, a laranja traria as maiores vantagens para
a própria metrópole, através do movimento de seu porto, do lucro de seus bancos e
da riqueza dos exportadores. Nem mesmo sôbre todo o município de que era a sede,
Nova Iguaçu pode exercer sua influência, pois desde cedo, a metrópole lançara seus
tentáculos sobre as áreas municipais que lhe eram contíguas, as quais passaram a ter
existência quase autônoma, a tal ponto que, com o correr dos anos, se
transformariam em outros tantos municípios (São João de Meriti, Nilópolis e Duque
de Caxias).” (ibid., p.213)
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Além de Nova Iguaçu, São Paulo e Campo Grande eram produtores de laranja. A
produção citricultora realizada em Nova Iguaçu tinha nos mercados consumidores da
Inglaterra, França, Canadá, Argentina, Suécia, Noruega e Finlândia seu destino.
Não obstante este ciclo começou a apresentar os primeiros sintomas de seu declínio,
depois agravado por outros fatos que levaram a decadência do cultivo da laranja, entrando a
Baixada Fluminense numa fase de transição e transformação desse espaço.
SOARES (1964) aponta os vários elementos que acarretaram a crise da citricultura,
entre eles foram: o grande abalo sofrido pelas exportações brasileiras de laranja decorrente
da eclosão da 2ª Guerra Mundial, fazendo com que um do seu principal mercado
consumidor, o europeu, não demandasse mais pelo produto, sobrando apenas a Argentina e
o próprio mercado interno; a inexistência de um grande frigorífico localizado no porto
evitando que os frutos estragassem na espera do transporte e facilitando a exportação,
assim como, possibilitando um maior controle da produção e impedindo que quando
ocorresse uma grande oferta no mercado argentino, não ocasionasse a queda do preço.
Contudo, ficou por conta dos navios frigoríficos de companhias estrangeiras e transporte da
mercadoria perecível.
Havia problemas no transporte das chácaras produtoras aos pontos de embarque
ferroviário, seja por meio dos caminhões afetados pelo racionamento e escassez de
combustível, encontrando-o no mercado negro com custo crescente, além do próprio
transporte ferroviário já se apresentar deficiente, prejudicando uma melhor distribuição do
produto no mercado interno e mesmo a ampliação do mesmo.
A eclosão da 2ª Guerra Mundial envolvendo a Europa no conflito e fatalmente as
exportações brasileiras de laranja, por ela ser um dos principais mercado consumidor
brasileiro, aliado aos problemas relacionados à ausência de investimentos e melhoramento
do transporte e armazenamento do produto, explica, em parte, a crise citricultora
alcançando sua decadência e fim.
Em conseqüência do quadro apresentado, SOARES (1964) menciona que não
tardou para que a crise se agravasse surgindo a praga da mosca do mediterrâneo, decorrente
do apodrecimento das frutas nos pés devido à carência de transporte e compradores e até o
órgão criado carregado de fiscalizar, proteger a citricultura demonstrou-se ineficiente e
desonesto.
Diante de tal conjuntura os citricultores vivenciaram extremas dificuldades
vinculadas a falta de mercado consumidor; transporte ineficiente e de alto custo;
endividamento; estado precário dos pomares e abandono da limpeza e tratamento dos
laranjais associado ao seu baixo rendimento, que com o lucro obtido não cobria as despesas
nem o aumento crescente da mão-de-obra utilizada, que via nas indústrias instaladas no Rio
de Janeiro um grande atrativo; e para encerrar em definitivo o cultivo da laranja, aqueles
citricultores que lutaram e resistiram a crise mantendo seus pomares em boas condições,
foram proibidos de exportar o produto numa atitude do governo de atender ao mercado
interno.
A partir deste momento finaliza-se o ciclo da laranja, iniciando a transição e
transformação do espaço da Baixada Fluminense onde chácaras ou terras destinadas ao
cultivo da citricultura são fracionadas dando lugar a pequenos lotes residenciais para venda
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direta ou para construção, venda ou aluguel de casas, saída adotada por vários citricultores
vendo o fim deste ciclo e estando endividados.
O fim da citricultura repercutiu em definitivo na transformação do espaço rural em
“urbano”, já que o Rio de Janeiro consolida-se mais uma vez na absorção e influência de
sua área contígua.
Essa influência está estritamente relacionada ao processo de industrialização que
atinge o país durante os anos da 2ª Guerra Mundial, orientando-se para a substituição de
importações com a implantação progressiva das indústrias de bens de consumo durável e
bens de capital prosseguindo pelas décadas seguintes, cabendo a Região Sudeste,
principalmente os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, papel concentrador. Esse processo
culminou na mudança da imagem de um país predominantemente agrícola e rural para um
país urbano-industrial, tendo a interferência do Estado como agente estratégico na
economia e em especial em setores de atividades voltadas para a infra-estrutura.
Após o término da 2ª Guerra Mundial intensifica-se a ocupação nas áreas próximas
ao Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense torna-se alvo da proliferação de loteamentos e
especulações de terra, especialmente onde o plantio de laranja fazia-se presente mas já não
fornecia retorno econômico para os agricultores. Além do aumento dos loteamentos que
ocorre, o final da década 40 do século XX representa para Nova Iguaçu a perda de território
dando origem a três novos municípios no Estado: Nilópolis, São João de Meriti e Duque de
Caxias, que já apresentavam a presença de loteamentos de maneira mais acentuada, além
de sofrerem maior influência do Rio de Janeiro.
O grande fluxo de migrantes, principalmente de nordestinos, após a década de 50
século XX em direção ao Rio de Janeiro, na busca de melhores condições de vida e
oportunidade de trabalho promovida pela industrialização, acarretou na ocupação da
periferia, já que o Rio de Janeiro não apresentou capacidade suficiente nem tão pouco
planejamento para absorver esse contingente populacional, associado ao alto custo da
moradia imposto pelo mercado imobiliário excluindo a população de baixa renda, restando
a ela procurar as áreas periféricas localizadas mais próximas ao Rio de Janeiro,
transformando as mesmas em cidades dormitórios.
É nesse cenário que a Baixada Fluminense se inseri como área de expansão do Rio
de Janeiro, apresentando a proliferação de loteamentos com baixo custo da moradia e
carência de infra-estrutura na sua grande maioria. Segundo CARNEIRO (2001), a expansão
da periferia se dava com a valorização dos loteamentos que adquiriam alguma infra-
estrutura obtida por meio da mobilização da população, já que o Estado não demonstrava
interesse em promover a mesma, com isso os outros loteamentos próximos se valorizavam
atraindo população com poder aquisitivo melhor e os proprietários dirigiam-se para áreas
mais distantes reproduzindo o mesmo processo.
A integração da Baixada Fluminense ao Rio de Janeiro teve como espinha dorsal a
linha férrea, ramal Central do Brasil-Japeri, ocorrendo uma ocupação concentrada não se
dando o mesmo na Rodovia Presidente Dutra entregue ao tráfego em 1951. Tal importância
da ferrovia pode ser justificada no valor atribuído aos lotes localizados próximos a ela,
sendo mais valorizados, devido o tráfego de trens destinado ao transporte coletivo, levando
os trabalhadores residentes na área ao Rio de Janeiro, local de trabalho. No caso da
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Rodovia Presidente Dutra, CARNEIRO (2001) argumenta que a política destinada a esta
rodovia era o transporte de cargas aproveitando o Vale do Paraíba e a proximidade com São
Paulo; embora existisse poucos loteamentos já era possível o acesso as terras não atingidas
pela ferrovia.
Assim, o período entre o final da década de 40 até 60 do século XX caracterizou-se
numa expansão urbana acentuada que direcionou-se pelo eixo ferroviário e deu origem a
uma periferia próxima ao núcleo do Rio de Janeiro. Dados do censo demográfico do IBGE
1950 e 1960 registram esse grande acréscimo populacional com decréscimo no de 1970,
onde merecem ser destacados esses números e seus respectivos municípios, conforme
tabela 1.
TABELA 1
População na Baixada Fluminense
Município 1950 1960 1970
Duque de Caxias 92.459 241.026 431.397
Nilópolis 46.406 95.111 128.011
Nova Iguaçu 145.649 356.645 727.140
São João de Meriti 76.462 190.516 302.394
Fonte: IBGE. Censo Demográfico 1950, 1960 e 1970.
recorria em busca de emprego, serviços públicos gratuitos, lazeres insuficientes na sua área
de origem.
Como já mencionado, a segunda fase da industrialização brasileira que se
concentrou na Região Sudeste com peso maior em São Paulo, depois Rio de Janeiro, neste
não se disseminou em todo seu território, culminou com a adoção de uma política de
criação de distritos industriais com o objetivo de descentralizar a atividade industrial
existente, onde diversos estados abraçaram, isso na década de 70 do século XX.
Essa política de caráter nacional foi aderida pelo Estado do Rio de Janeiro e dois
municípios da Baixada foram contemplados, Duque de Caxias e Nova Iguaçu em fins da
década de 70 do século XX. Novo Iguaçu composto pelos setores de material elétrico,
metalúrgico e mecânico e Duque de Caxias os ramos químico, mecânico e metalúrgico,
município este que na década de 50 do século XX recebeu uma refinaria de petróleo
REDUC (Refinaria Duque de Caxias).
Apesar do processo de industrialização, o Estado foi perdendo seu posto de 2ª
economia do país, cujo modelo de desenvolvimento estava calcado no “Estado dependente”
(FIRJAN, 2002) devido a cidade do Rio de Janeiro ter sido a capital do país até 1960 onde
foram instaladas sedes de várias empresas estatais ou órgãos federais, como BNDES,
PETROBRAS, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O fator determinante para perda
desse posto foi a indefinição de um modelo de desenvolvimento para sua economia.
Em linhas gerais, a partir da segunda metade do século XX a Baixada Fluminense
exerce um papel de periferia e área de expansão da cidade do Rio de Janeiro. Ao contrário
do que ocorreu nos séculos anteriores, em que sua vida econômica estava mais direcionada
as atividades que atendiam a demanda externa como o cultivo cana-de-açúcar, mineração
servindo suas terras de caminho as áreas de exploração em Minas Gerais e a citricultura.
Porém, todas essas fases não proporcionaram o desenvolvimento da área e de sua
população, embora sua posição geográfica tenha sempre sido privilegiada, o que retrata a
ausência de uma política de desenvolvimento econômico planejada pelos governos visando
estimular e aproveitar seu potencial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.feth.ggf.br/baixada.htm 16/17
13/02/2019 A formação histórica da baixada fluminense
pelo grande Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Geografia. Ano24, n.2, p.157-241,
abr.-jun.1952.
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