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Fazendo bokashi com as gurias da

Guarda do Embaú

10 mulheres, 4 crianças, 3 gatos.


Receita para uma tarde (uma vida?) de realização,
conexão e contentamento!

O Círculo Feminino de Permacultura da Guarda do Embaú (mais alguns dos seus


filhos humanos e felinos) se reuniu para fazer bokashi – uma palavra que em
japonês quer dizer “matéria orgânica fermentada”. Eu tive a sorte de estar lá e
aprendi, me encantei, fiz fotos lindas (obrigada, gurias!).

O bokashi (de acordo com a apostila do programa Rio Rural, que pode ser
baixada aqui e é uma ótima fonte para quem quer se aprofundar), é “uma
mistura balanceada de matérias orgânicas de origem vegetal e animal,
submetidas a um processo de fermentação controlada”. É fonte de nutrientes
para plantas, revitaliza o solo e estimula o crescimento e diversidade de micro
organismos benéficos na terra. Sua utilização aumenta a fertilidade do solo e
ajuda no controle de pragas e doenças.

Existem misturas de bokashi que se compram prontas – industrializadas ou


caseiras. Em São Paulo tem na banca de uma senhora que vende plantas na
entrada do Parque da Água Branca aos sábados (dia da feira orgânica). Mas,
assim como um bolo feito em casa tem mais amor, creio que o bokashi
misturado com as próprias mãos tem mais poder

A receita do bokashi feito pelas gurias é da agrônoma Dalva Sofia Schuch, que a
Giuliana (minha amiga e vizinha na Casa da Guarda) aprendeu em uma oficina de
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Jardins Comestíveis da qual participou. A receita pode variar, já que uma das
recomendações é que se utilize matérias primas locais – a terra da região e
ingredientes que sejam produzidos na área. Por exemplo, o farelo, ingrediente
cuja função é alimentar a fermentação. As gurias do Círculo usaram o farelo de
arroz – grão plantado no sul de Santa Catarina. Dependendo do local talvez faça
mais sentido usar o de milho.

5 sacos de esterco (cavalo e/ou galinha)

5 sacos de terra da região

5 sacos de palha e/ou serragem

1 saco de carvão triturado

5 kg de farelo de arroz

5 kg de cinzas

5 kg de serrapilheira (matéria orgânica em decomposição, que forma o solo dos


bosques, matos, florestas)

5 kg de pó de rocha (pode ser conseguido em pedreiras e lojas de material de


construção que vendem brita)

1 litro de caldo de cana

100g fermento biológico

água para dar a liga

Primeiro misturam-se os ingredientes secos. Quando estiver bem misturado,


:
junta-se o fermento com o caldo de cana (ou melaço e água), e joga-se essa
mistura na pilha dos secos. Depois, acrescenta-se água até que dê a liga. A
mistura deve ficar coberta e ser revirada diariamente até o bokashi ficar pronto,
o que acontece após a fermentação ser completada – cerca de 15 dias.

O bokashi pode ser jogado no solo, misturado à terra em que se vai plantar
mudas (no lugar do húmus), ou como adubação de cobertura.

Bokashi é comidinha para o solo. Que é como nosso corpo: tem vitalidade
quando alimentado de ingredientes nutritivos, orgânicos, simples e locais.

Saímos para recolher terra e serrapilheira na trilha entre Pinheira e Guarda, e a


mistura do bokashi aconteceu na casa da Giuliana, um lugar cheio de plantas e
de sol. Veja as fotos – e leia sobre o Círculo logo abaixo.
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O Círculo Feminino de Permacultura da Guarda do Embaú foi formado por


amigas que são moradoras da Guarda e da Pinheira (pequenas vilas do
município de Palhoça, a cerca de 50 km de Florianópolis, em Santa Catarina –
com praias lindíssimas e natureza abundante). O Círculo promove ações na
comunidade, como o Dia Mundial da Limpeza de Rios e Praias. Estudam
atualmente projetos de restauração da flora nativa, restauração e readequação
de espaços públicos de convivência comunitária, e realizam todo sábado, das
8:30 às 13h, na praia da Pinheira, a Feirinha Circular, um espaço de economia
solidária e consumo consciente. (Aproveitando: a Giuliana / Shakti Alimentação
Consciente está promovendo a vivência “Do Mato ao Prato – Cozinhando com
Plantas Alimentícias Não Convencionais”. Vai ter saída de campo
para identificação de PANCs na baixada do Maciambú (SC) e uma super refeição
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preparada com os achados. Vai lá!)

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