Boletim Informativo

Nº 02 | abril 2022

Sementes crioulas circulando de norte a sul

do Paraná

O Projeto Emergencial de Conservação Dentre as sementes que chegaram para

e Multiplicação da Agrobiodiversidade
(PECMAP), realizado pela ReSA em parceria
com o Ministério Público do Trabalho no
Paraná (MPT/PR), desde agosto de 2020,
está em sua 2.ª edição.
No mapa abaixo é possível acompanhar
os municípios beneficiados com a imensa
diversidade de variedades crioulas de
cereais, distribuídas entre outubro e
dezembro de 2021. A Cooperativa da
Agricultura Familiar de Palmeira (CAFPAL)
funcionou como entreposto das sementes,
que vieram de diversas regiões do Paraná
e, depois de organizadas, seguiram sua rota
até os solos férteis das comunidades.
dezenas de famílias e comunidades da
agricultura familiar, povos tradicionais,
originários e da reforma agrária, estão mais
de 30 mil quilos de milho, feijão e arroz
crioulo. Somente dessas três espécies,
foram cerca de 70 variedades, sendo mais
de 30 de milho, aproximadamente 30 de
feijão e oito de arroz. Além dos cereais,
sementes de hortaliças, plantas alimentícias
não convencionais (PANCs), mudas, ramas
e batatas também circularam nesse período.
Vale ressaltar que esses são dados
preliminares e que a abrangência dos
municípios atendidos pode ser ainda maior.

Juti/ MS

Paranacity Cooperativa da
Londrina Agricultura Familiar
Maringá São Jerônimo da Serra de Palmeira (CAFPAL)
Ortigueira
Imbaú Arapoti
Prudentópolis Dr. Ulisses
Marechal Ponta Grossa
Cândido Rondon Turvo Adrianápolis
Teixeira Soares Castro
Itaperuçu
Guarapuava Irati Rio Branco do Sul
Guamiranga Campo Largo Paranaguá
Quedas Reserva Antonina
do Iguaçu do Iguaçu Imbituva Lapa S. João do Triunfo
Rebouças Morretes
Chopinzinho Rio Azul Mandirituba
Verê Bituruna Paula Freitas Piên Sementes crioulas:
Francisco
Beltrão
São Mateus do Sul conservar, multiplicar, partilhar!

Bela Vista do Toldo/ SC

Florianópolis/ SC
1
 Adubo da independência
Um pouco de história: como foi criado o
adubo da independência.
As famílias agricultoras que faziam parte
do grupo “Alimentos para a Vida”, das
comunidades de Arroio da Cruz e Terra
Vermelha, no município de São Mateus do
Sul, desenvolveram um adubo orgânico
apelidado de adubo da independência, no
início dos anos 2000.
Esse grupo testou a experiência e começou
a divulgar os resultados para outras
comunidades. Durante muito tempo o
adubo foi fabricado em muitas comunidades
da região centro-sul do Paraná. E, em
cada lugar, o pessoal vai dando um nome
diferente, como: adubo dos colonos, adubo
caseiro, super gordo, super adubo orgânico
e adubo da independência. O interessante é
que os agricultores e agricultoras usam os
produtos que existem na propriedade, para
evitar gastos.
2 Trabalhadores Rurais do seu município.
Nova geração - Após 20 anos de
experiências da Família Borges com o adubo
da independência, em Campestre de Vieiras,
Palmeira, se fortalece a prática do adubo
através da nova geração da família, com o
casal de jovens Gislaine e Everton Borges.
Visualizaram, no adubo da independência,
a oportunidade de aproveitar o que tem se
tem na propriedade e baratear os custos
de produção das roças, vendo que o preço
dos insumos químicos tiveram um aumento
expressivo.
Vejam o que as famílias estão usando.
Ingredientes:
-500 kg de terra de barranco (sem gordura);
-3 sacos de cama de aviário peneirada;
-2 sacos de esterco de porco;
-2 sacos de esterco de galinha;
-2 sacos de esterco de gado;
-2 sacos de esterco de ovelha;
-200 kg de bandinha de feijão;
-30 kg de farelo de trigo;
-50 kg de fosfato natural;
-50 kg de farinha de ostra;
-30 kg de calcário;
-20 kg de fubá de milho;
-5 kg de batata doce;
-2 kg de mel ou 3 kg
de melaço de cana ou
-3 kg de açúcar amarelo (açúcar
mascavo)
-2 litros de inoculante natural
* Inoculante natural: pode ser conseguido com os
próprios agricultores. Conversar no Sindicato dos
 Modo de preparo:
Primeiro passo: reunir os ingredientes
necessários no local onde será fabricado, de
preferência longe de casa, devido ao cheiro
forte nos primeiros dias de fermentação.
Recomendamos um lugar coberto, de chão
batido ou piso de cimento;
Segundo passo: colocar a terra virgem
(terra de barranco) no local;
Terceiro passo: cozinhar 3 kg de farinha
de mandioca crua ou 5 kg de batata doce
ralada numa vasilha com 20 litros de água,
até formar um mingau grosso. No caso da
batata doce, esmagar bem para fazer o
mingau. Deixar esfriar;
Quarto passo: esparramar todos os
ingredientes no chão batido, fazendo
camadas finas. Primeiro colocar terra e,
em seguida, despejar por cima os outros
produtos em camadas finas. Depois misture
bem;
Quinto passo: colocar 3 kg de açúcar
mascavo (açúcar amarelo) dentro da vasilha
de mingau, quando o mingau estiver frio.
Mexer bem e colocar os 2 litros de inoculante
natural;
Sexto passo: derramar o mingau sobre os
ingredientes já misturados e molhar com
água pura, mexendo bem para conseguir
uma boa mistura. Essa mistura deve ficar
com cinquenta por cento de umidade;
Sétimo passo: amontoar um pouco, numa
altura que não passe de 50 centímetros;
Oitavo passo: todo dia precisa ser mexido
para não esquentar demais. No verão, o
adubo fica pronto em 7 dias. No inverno, leva
de 10 a 15 dias para ficar pronto. Cuidar para
que o calor não passe dos 60 graus. Se for
preciso esfriar com água na hora de mexer;
Nono passo: após a fermentação, o adubo
da independência pode ser guardado em
sacos ou num monte. Depois de pronto, a
umidade não deve passar de 13 por cento.
Caso esteja úmido, dá pra secar um pouco
na sombra.
3
 Calda sulfocálcica

Além de controlar diversos tipos de insetos Como preparar:

e ter ação repelente, a calda é utilizada
também contra ácaros e fungos, como
controle biológico. Utilize os equipamentos
de proteção individual (EPI).
Destacamos alguns controles promovidos
pela calda sulfocálcica:
-Em frutíferas: ajuda na prevenção e no
controle de varias doenças causadas
por fungos. É eficiente na limpeza dos
galhos e ramos, eliminando os liquens
que formam grossor e barbas nas
árvores frutíferas.
-Na cebola, alho, ervilha e
vagem: controla ferrugem,
oídio, antracnose, ácaros e
tripes.
-No tomate: controla
as ferrugens e os
ácaros;
-No feijão: protege contra
requeima, a ferrugem e os ácaros;
-No soja: combate o oídio;
-Na batatinha: protege contra a podridão
da canela, é um ótimo repelente contra as
vaquinhas quando a batata está nascendo.
-Num galão, coloque 5 litros de água para
ferver;
-No outro galão, coloque 10 litros de água
para ferver;
-Coar o enxofre e o cal na bacia;
-No galão, com 5 litros de água fervente,
despeje aos poucos a cal misturada com
o enxofre e vá mexendo com a pá de
madeira;
-Nesta hora, abaixe um pouco o fogo
porque forma muita espuma;
-Faça o serviço em duas pessoas;
-Uma pessoa vai despejando a cal e o
enxofre e a outra vai mexendo com a pá
de madeira.
-Em seguida, complete com mais 5 litros
de água fervente retirada do outro galão;
-Aumente o fogo novamente e mexa a
calda mais um pouco.
ATENÇÃO : a pá não pode ser de
metal. A calda não pode parar de ferver, por
isso não deixe o fogo enfraquecer. Não pode
colocar água fria.

Aprenda a fazer:
Ingredientes necessários para receita de
10 litros:
-2 kgs de enxofre;
-1 kg de cal virgem;
-10 litros de água;

Materiais:
-2 galões ou latas de 20 litros;
-1 pá de madeira;
-1 peneira fina ou coador de pano;
-Fogão a gás ou a lenha;
-1 bacia de plástico;
-1 caneca de plástico.