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PRODUÇÃO DE MUDAS E SEMENTES

Aula III – Produção de Sementes

Introdução

Felipe Kuhn Leão de Salles


Eng. Agrônomo/Msc. Fitotecnia (UFRRJ)
Rede de Sementes Agroecológicas do Rio de Janeiro

Juliana Pereira de Freitas


Eng. Agrônoma (UFRRJ)
Mestranda em Ciências Veterinárias com ênfase em plantas
medicinais (UFRRJ)
Conteúdo Programático
Aula Temática Conteúdo

- Introdução - Agroecologia, papel das sementes, agrobiodiversidade e


guardiões de sementes;
- Sementes e Produção de Mudas
I (05/01) - Centros de origem, formação e definição de sementes,
mudas agroecológicas e legislação, modelos de baixo
custo e tipos de recipientes.
- Passo-a-passo mudas e - Substrato para mudas, espécies propagadas por
propágulos sementes e propágulos, escolha de variedades, local de
semeadura e gasto de sementes por área;
II (06/01)
- Recomendações para
algumas espécies - Manejo básico de espécies propagadas por sementes e
propágulos.
- Cenário de sementes no - Dados do mercado, sementes transgênicas, legislação e
Brasil sementes agroecológicas;
III (07/01)
- Produção de sementes - Pré-requisitos e etapas, colheita, secagem e
armazenamento.
- Frutos secos - Alface, brássicas, coentro, feijão, milho e quiabo;
IV (08/01)
- Frutos carnosos -Abóbora, berinjela, pimenta e tomate.
Principais Tópicos

❖ Mercado de sementes no Brasil;

❖ Legislação e credenciamento de produtores;

❖ Produção de sementes agroecológicas;

❖ Estratégias para áreas pequenas e médias;


Tabela 1. Inscrições no Registro Nacional de Cultivares
(RNC) e participação por categoria, até julho de 2019
GRUPOS Número de registros
Ornamentais 14.918
Grandes culturas 9.290
Olerícolas 8.925
Florestais 2.791
Forrageiras 495
Outros 1.268
TOTAL 39.316

Tabela 2. Produção brasileira de sementes em todas as categorias


2018/2018 2018/2019 Total
Área (ha) 693.089,25 2.087.702,95 2.780.792,20
Produção (t) 2.648.898,27 7.117.071,77 9.765.970,04

Fonte: Anuário Brasileiro de Sementes (2019)


Tabela 3. Produção estimada de espécies olerícolas entre as 20
principais culturas de sementes no Brasil, até julho 2019
ESPÉCIES 2018/2019
Área (ha) Toneladas
Feijão (7°) 27.690,89 84.966,97
Feijão-caupi (14°) 4.686,46 8.061,75
Milho-doce (15°) 642,30 2.272,82
Girassol (18°) 225,15 236,04

Tabela 4. Exportação de sementes de diferentes categorias em 2018


PRODUTOS Volume (Kg) Valor (US$)

Sementes de cereais 28.110.741 79.648.063


Demais sementes 9.784.233 53.492.014
Sementes de hortícolas, leguminosas,
170.587 15.921.706
raízes e tubérculos
Fonte: Anuário Brasileiro de Sementes (2019)
Dados relevantes

Registro Nacional de Cultivares (RNC)

❖ 4.663 produtores mudas;

❖ 2.200 produtores de sementes;

❖ 15.457 comerciantes de mudas e sementes.


Evolução do mercado brasileiro de sementes
de hortaliças 2011 – 2015 (ABCSEM, 2016)

• Valores em milhões de R$;

798

654,39 640 32%

528,66 544
31%
33%
9%
33% 6%
35% 8%
8% 8%
8% 6%
9% 8%
8% 7% 8%
7% 8%
8% 7%
7% 7% 12%
7% 7% 11% 11%
11% 11%

26% 27% 25%


24% 25%

2011 2012 2013 2014 2015

Tomate Cebola Melancia Alface Cenoura Outros (folhosas) Outros (geral)


Tabela 5. Principais sementes de hortaliças em faturamento de
vendas em 2016
Valor
ESPÉCIE
(milhões de US$)
Batata 197,20
Alho 76,20
Tomate de mesa 60,51
Cebola 29,10
Alface 17,07
Cenoura 14,96

Atualmente o mercado brasileiro de sementes de hortaliças movimento


algo em torno de R$1 bilhão por ano.
Fonte: Anuário Brasileiro de Sementes (2019)
5 – 10%
SEMENTES ORGÂNICAS Custo de produção por hectare
Indisponibilidade

Híbridos
Santa Cruz (R$70 – 1000 un.)
Tigre (R$2.035 – 500 un.)
Sementes Transgênicas

O que são?

❖ Produzidas em laboratórios por técnicas de transferência de


DNA:
1. Agrobacterium tumafaciens
2. Bombardeamento

❖ Induzir a resistência ao uso de herbicidas, ataque de insetos,


doenças e outras aplicações.
Sementes Transgênicas

O que representam para agricultura?

❖ Redução da biodiversidade através da contaminação de


lavouras convencionais;

❖ Risco a conservação de sementes crioulas;

❖ Contaminação ambiental pelo intenso uso de agrotóxicos;

❖ Outros problemas na saúde humana e animal.


Legislação
2013
2003 2007 Revogação do prazo da obrigatoriedade e
Lei de Sementes e Regulamentação de atividades estabeleceu que CPOrgs deveriam elaborar uma
Mudas, substitui a relacionadas aos sistemas lista com sementes orgânicas de espécies e
antiga de 1977. orgânicos de produção. variedades disponíveis.
Decreto N° Nota Técnica
Lei 10.711 6.323 n°60

Lei 10.831 Inst. Norm. Inst. Norm.


n°64 n°17
2003 2008 2014
Marco Legal da Previa um prazo de 5 anos para Estabelece que a partir de
agricultura orgânica utilização de sementes orgânicas 2016, as CPOrgs deveriam
no Brasil. em sistemas orgânicos de apresentar as respectivas listas
produção. anuais até o dia 31 de
IN 46/2011 dezembro.
Lei de Sementes

Lei 10.711 de 2003

❖ Reconhecimento da existência de sementes crioulas;

❖ Permite que agricultores familiares multipliquem, troquem ou


comercializem sementes ou mudas entre si, sem a necessidade de
registro junto ao Ministério da Agricultura;

❖ Isenta as sementes crioulas de registro junto ao Ministério da


Agricultura;

❖ Proíbe a imposição de restrições às sementes crioulas em


programas de financiamento ou em programas públicos de
distribuição ou troca de sementes.
Quadro 3. Sequência de gerações de sementes multiplicadas

Fonte: Articulação Nacional de Agroecologia (2014)


Principais Tópicos

DECRETO Nº 10.586, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2020 - DECRETO Nº 10.586, DE 18 DE


DEZEMBRO DE 2020 - DOU - Imprensa Nacional (in.gov.br)

REVISÃO DA LEI DE SEMENTES

• Tentativa de inibir as Feiras de Troca de Sementes entre pequenos


agricultores;

• Inibir a multiplicação de sementes para uso próprio;

• Pressão do setor sementeiro (leia-se multinacionais que detêm


patente de registro de cultivares)
Produção de Sementes

❖ Modelo Formal – instituições públicas ou privadas, seguindo


metodologias padronizadas e rígidos controles em todas as
etapas;

❖ Modelo Local – controlados pelos agricultores(as) e baseados


na constante geração de diversidade e adaptação de
sementes às condições ecológicas (LOWAARS, 2007).

DESAFIO CONSISTE NO ESTIMULO A PRODUÇÃO DE SEMENTES


PELOS PRÓPRIOS AGRICULTORES
Produção de Sementes

Pré-requisitos fundamentais para o sucesso do campo de


sementes:

• Escolha do local;

• Seleção de plantas;

• Planejamento e Estabelecimento de mudas;

• Controle de pragas e doenças.


Produção de Sementes

Cuidados e tratos culturais em campo de sementes:

• Isolamento;

• Tutoramento

• Eliminação de plantas atípicas;

• Colheita;

• Limpeza, beneficiamento e secagem;

• Acondicionamento e armazenamento.
Dicas práticas!

Seleção de plantas para sementes e Isolamento:

Vídeos

• Escolher e cultivar as plantas porta-sementes – YouTube

• As técnicas de isolamento na produção de sementes - YouTube


Produção de Sementes

Estratégias para áreas pequenas e médias:

• Implantação de canteiros de diversidade;

• Escolher áreas na propriedade com fertilidade moderada;

• Rotação de cultivos;

• Observação do crescimento e desenvolvimento das plantas;

• Manter um Diário de Campo (datas de plantio, florescimento e


colheita; informações das plantas; rendimento de variedades;
ataque de insetos; surgimento de doenças).
Produção de Sementes

Recomendações para áreas pequenas e médias:

• Começar com número menor de espécies de ciclo curto;

• Área inicial para espécies de sementes pequenas (p.ex. alface,


berinjela, coentro, brássicas e tomate) deve ter 300 m²;

• Espécies de sementes maiores (abóbora, feijão, girassol, milho


e quiabo) necessitam áreas entre 1.000 e 3.000 m²;

• Técnicas de isolamento (quebra-ventos, físico e temporal).


Época de colheita de Espaçamento (entre
Espécie Época de plantio
sementes linhas e plantas)

Alface Abril-maio Outubro-novembro 1,00 x 0,20 m


Abóboras e 3,00 a 4,00 x 3,00 a
Fevereiro-março Julho-agosto
morangas*** 4,00 m
Brócolis* Fevereiro-março Outubro-novembro 0,80 x 0,60 m
Cebola* Março-maio Outubro-novembro 1,20 x 0,20 m
Cenoura** Março-maio Outubro-novembro 1,20 x 0,20 m
Coentro Março-maio Agosto-setembro 0,80 x 0,20 m
Couve-flor* Fevereiro-março Outubro-novembro 0,80 x 0,60 m
Ervilha grão Março-maio Outubro-novembro 0,60 x 0,20 m
Ervilha torta Março-maio Outubro-novembro 1,20 x 0,20 m
Feijão-vagem
Fevereiro-março Julho-agosto 0,60 x 0,20 m
(rasteiro)
Feijão-vagem
Fevereiro-março Julho-agosto 1,20 x 0,20 m
(trepador)
Milho verde*** Março Setembro 1,00 x 0,20 m
Quiabo*** Março Julho-Agosto 1,00 x 0,50 m
Rabanete Julho-agosto Outubro-novembro 0,80 x 0,20 m

Repolho de verão* Março-abril Novembro 1,00 x 0,60 m

Rúcula Junho-Julho Outubro-novembro 0,80 x 0,20 m


Salsa Março-maio Setembro-outubro 1,00 x 0,20 m
Isolamento
População Tipo de Distância de
Espécie no tempo
mínima polinização isolamento (m)
(dias)
Abóbora 10-20 C 800 - 1600 30-50
Alface 10-20 AP 2 – 10 -
Berinjela 80 C 50 - 100 30-50
Brócolis 80 C 800 - 1500 30-50
Cebola 200 C 800 - 1600 30-50
Cenoura 200 C 1600 30-50
Chicória 80 C 800 30-50
Coentro 80 C 800 30-50
Ervilha 10-20 AP 12 -
Fava 40 C 500 30-50
Feijão-vagem 40 AP 50 30-50
Melancia 10-20 C 1000 - 1500 30-50
Melão 10-20 C 500 - 1000 30-50
Milho 200 C 30000 30-50
Pepino 10-20 C 800 - 1500 -
Pimenta 40 C 1300 -
Quiabo 40 AP/C 400 - 600 30-50
Salsa 80 C 500 - 1500 30-50
Tomate 10-20 AP 25 -

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