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TEMA 4

ANTES - Meados do séc. XX


 A agricultura (atividade dominante na
sociedade rural) e a sociedade rural
alcançavam a sua maior expressão/
pressão demográfica
 A vida das aldeias e lugares assentava
na população agrícola
 A agricultura apropriou-se de todo o
espaço disponível (inexistência de
incultos)
 A agricultura, a sociedade e o espaço rural trilhavam destinos coincidentes

Incultos – Produtivos (alguma potencialidade para produzir alguma coisa)


– Não produtivos/ improdutivos

DEPOIS - Passado meio século


Houve uma transformação tecnológica (Modelo Químico-Mecânico)
 A agricultura já não unifica a sociedade rural com todo o território não urbano
 Emerge uma questão do espaço autonomizado da agricultura
 Não existe vitalidade da população rural
 A agricultura, a sociedade rural e o espaço têm caminhos dissociados

As elites das sociedades rurais – os que tinham + poder:


- Patrão agrícola da propriedade  Proprietário fundiário
- Médicos; padres; professores (pq taxa de analfabetismo elevada)

Qd agricultura deixou de ter peso, caiu o poder económico e político do proprietário fundiário

Agricultura, Floresta, Rural e Espaço


1. Profunda transformação tecnológica
 Êxodo agrícola e rural (desde 1960)
 Aumento dos consumos intermédios (p.e fatores de produção: mão de obra, sementes,
adubos, pesticidas…) na produção final da agricultura  Mostra que as explorações
agrícolas produzem as próprias sementes, não há pesticidas… (Autonomia das
explorações)

(Após transformação tecnológica – Modelo Quim/Mec):


Caminhos tomados pelos agricultores:
A. Adoção do modelo Quim/Mec
B. Não adoção
a) Abandono da agricultura
b) Reforço da articulação das unidades agrícolas com o trabalho e os rendimentos
exteriores à exploração (emerge a agricultura a tempo parcial = plurirrendimento)
c) Extensificação da produção (poupa mão de obra; grandes extensões de 1 atividade)
2. Elevada diminuição da população activa agrícola
 Aumento da feminização
 Acentuação do envelhecimento
 Maior parte da população é trabalhadora familiar

3. Declínio da importância da agricultura e floresta na economia e na sociedade


De 1950 para 1990:
 População ativa agrícola (PAA/PA) total passou de 48% para 10%  pois como agricultura
mais “desenvolvida”  + mecanização  - mão de obra
 Valor Acrescentado Bruto (VAB) agro-silvícola/ produto interno bruto a preços correntes
baixou de 28% para 5% (supremacia do VAB serviços e VAB industria pois abandono da
agricultura  diminuição da contribuição do VAB agrícola)
 População ligada a explorações agrícolas no total da população residente diminui de 55%
para 20%.
Em 2001:
 A PAA na PA total é inferior a 5%

Agricultura Familiar  salvaguarda da crise pois a) Não pagava renda (habitações próprias) e
b) tinham o próprio alimento  conseguiam autossuficiência

Da sociedade rural à população rural


1. Alterações dos quadros de vida
 Adensamento da rede de transportes e maior densidade de telefones e televisão
 Expansão da água canalizada, saneamento básico e electrificação
 Alteração dos hábitos de vestuário e alimentação
 Expansão das redes camarárias de recolha de lixo (evidenciando a crescente ruptura da
agricultura e dos modos de vida com a natureza)
 Criação de escolas, outros serviços (saúde, bombeiros, etc.) e equipamentos (centro de
apoio a idosos, polidesportivos, etc.) em vilas e pequenas cidades

2. Novas sociabilidades e comportamentos


 Passou-se de uma sociedade rural governada pelos senhores dos maiores patrimónios para
uma ordem em que estes mantêm muita da sua influência, mas com a emergência de
elementos ligados à vida administrativa e económica das vilas e pequenas cidades.

Evolução da ocupação rural


1. Fim dos incultos / Os primeiros a emigrar foram os assalariados rurais (+ pobres)
 Declínio da área inculta
 Avanço do cultivo agrícola (maior expansão a sul do Tejo)
 Avanço da floresta (maior expansão no Norte do país)
 Não há incultos  Pressão demográfica  + Condições Agrícolas (emigração dec.60)

2. Menos espaço agrícola, mais espaço florestal (desde 1960) Abandono agrícola
 Crescimento da floresta, sendo esta cada vez menos percorrida e mais separada da
sociedade rural (sendo os incêndios o principal responsável)
- Limpeza da floresta;
- Antes  feita pelo gado e pelos produtores/ Agora  não é feita
 Ilhas de agricultura intensiva mar de áreas florestadas, abandonadas ou aproveitadas de
modo extensivo  no Litoral Norte ( Bovinos de Leite) e no Ribatejo ( Milho e Hortícolas)
3. O espaço que sobra da agricultura e floresta
 Na perspectiva da sociedade a questão não é a produção agrícola ou florestal, mas a
conservação da natureza, ordenamento e gestão do território e os modos como podem ser
utilizadas para outras actividades que criem emprego e riqueza.
 A actividade agrícola e a floresta têm uma expressão dominante:
-- No conjunto das atividades territoriais (população activa, VAB e origem dos rendimentos)
-- Na conservação da natureza (conservação de valores naturais e SAU)

Atividades territoriais  são características/dependem do território em que se inserem (p.e


agricultura tb é uma atividade territorial)

Novas questões, actividades e dinâmicas


 O espaço rural encontra-se agora repartido entre:
 Produção agrícola
 Produção florestal
 Ambiente e conservação da natureza
 Atividades territoriais como lazer, caça, contacto com a natureza, desporto
 Atividades associadas à herança rural
 E segmentado entre os interesses, sectoriais e residenciais, que nele coexistem

A questão ambiental
1. Fase da conservação da natureza
 Iniciada em 1970 com o Parque Nacional da Peneda-Gerês
 Em 1975, criação da Reserva Agrícola Nacional (RAN) (projete os solos de melhor
qualidade) com o objetivo de assegurar a reserva para a agricultura dos solos considerados
mais aptos para esta actividade
 Em 1976, delimitação da Reserva Ecológica Nacional (REN) (proteção dos ecossistemas)
que visava a proteção de ecossistemas e de processos biológicos
 Regulação ambiental que tem o Estado a nível central como sujeito da sua aplicação e o
exercício do poder do Estado como meio da sua concretização

Comparativamente a Países Nórdicos, Portugal tem mais área nacional a ser protegida e
conservada (+ “Natura 2000”) porque como nos países nórdicos o modelo quim/mec foi
implantado mais cedo (agricultura mais intensiva) este já danificou muito mais área agrícola,
logo já não muito a ser “preservado”) (já está destruído)

2. Fase da defesa de “um ambiente humano e ecologicamente equilibrado”


 Promulgação da Lei de Bases do Ambiente (1987)
 Política agro-ambiental, por iniciativa de Bruxelas (1992)
 Visando favorecer o aparecimento de uma agricultura respeitadora do ambiente
 Utilização de meios financeiros destinados a compensar os agricultores pelo custo
das boas práticas ambientais
 Instrumentos de política voluntários (não é obrigatório acatar e cumprir e os meios
da sua aplicação são financeiros e não jurídicos)
Subsídios na PAC (Política Agrícola Comum da UE)  compensa os que produziam com poucos
nitratos e etc (Incentivos a políticas agroambientais)
 Intervenção do Estado (regulamentos quanto ao modo como pode ser utilizado o
território), devido a crescente preocupação com a conservação da Natureza.
 Subdivisão dos direitos de propriedade (alguns direitos são retirados da
propriedade individual e apropriados socialmente)
 Condiciona os resultados da atividade económica (p.e proibição de construir em
área incluída na RAN)

Novas atividades e dinâmicas territoriais


1. Atividades territoriais
 Desenvolvimento de um mercado de actividades como a caça, o turismo, o desporto e as
actividades de lazer
 São atividades territorializadas e a constituição social do seu mercado exige que os
consumidores possam percorrer o espaço rural (produtos territorializados – p.e azeite,
queijo, pão, alheira de Mirandela …)
 Os consumidores destas actividades são em geral urbanos, com níveis de rendimento e de
formação académica elevados.
 Realizada maioritariamente por consumidores urbanos ou externos do que por habitantes
do mundo rural.

 Exemplo do TER (Turismo em Espaço Rural)


- O TER tem vindo sistematicamente a crescer, especialmente na região Norte, é procurado
principalmente por estrangeiros e cidadãos com maior rendimento (e por associação maior
estatuto social).
- O investimento no TER leva ao investimento tb na zona rural local, logo é importante investir
no turismo rural pois é capaz de criar mais postos de trabalho (economia local) e preservar o
património familiar em muitas zonas rurais (património)

2. Atividades ligadas à herança rural


 A mercantilização de festas populares em aldeias de Trás-os-Montes
 Criação, pela Comunidade Europeia, de sistemas de valorização e protecção de
denominações de origem (DOC e DOP), indicações geográficas e especialidades
tradicionais

3. Novas dinâmicas
 Residências secundárias e alojamentos familiares de uso secundário ou sazonal
 Pode provocar importantes alterações demográficas, como o aumento do número
de população presente em época de férias e/ou fins de semana.
 Aumentam a economia rural
TEMA 5

Objetivos e lógicas de gestão das práticas económicas e sua relação com o contexto social
 O meio biofísico, o meio social e a interacção entre os dois constituem dimensões
importantes para compreender a ocorrência e as formas assumidas pelas actividades
económicas num dado território e num dado tempo.
 As actividades são conduzidas por agentes económicos dotados de consciência e de
vontade e que visam objectivos específicos próprios.
 Para entender o comportamento e o conjunto das decisões dos agentes económicos é
importante identificar esses objectivos. São eles que nos permitem evidenciar a lógica das
práticas económicas dos agentes.
 A sociedade, os grupos sociais onde os agentes foram socializados ou se integram moldam
a sua consciência, vontade e objectivos próprios.
 Para se apreender os objectivos e a lógica das práticas económicas dos agentes (ou a
racionalidade do funcionamento económico das suas actividades) temos que os analisar
integrados nos seus contextos sociais, com os seus valores, estruturas e restrições.
 Procura-se explicar os comportamentos dos agentes e não um julgamento.

Noção de economia real e de racionalidade económica (o económico imerso no social)


 Económico real – toma-se como ponto de partida uma dada racionalidade ou padrão de
comportamento (quem se de acordo com o padrão é racional, quem se comporta
diferentemente é irracional)
 Racionalidade económica – consiste em fazer da racionalidade o ponto de chegada.

Posicionamento face à racionalidade Significado de Económico Significado de Racional


Toma como ponto de partida uma Económico em sentido Formal Acção Racional
dada racionalidade “normas que regem a escolha entre os Escolha de meios com vista à
usos alternativos dos meios escassos” obtenção de determinados fins
Escassez Racional é um adjectivo que não se
aplica nem aos fins nem aos meios,
mas à relação entre fins e meios
Procura apreender as racionalidades Económico em sentido Real Racionalidade económica
económicas dos agentes Reporta-se à relação do homem com a Conjunto de explicações avançadas
natureza com vista à obtenção de pela teoria económica para explicar
produtos para a satisfação das suas o comportamento económico dos
necessidades de reprodução e agentes e dos sistemas
subsistência Explicitar os fins e os meios
Subsistência

Significado real de económico


 Relação do homem com a Natureza com vista à obtenção de produtos para a satisfação
das suas necessidades de subsistência e reprodução.
 O económico é um campo particular de actividades voltada para a produção, a repartição e
o consumo de objectos materiais e é, ao mesmo tempo, pelos mecanismos desta
repartição e deste consumo, um aspecto particular de todas as actividades não
económicas.
 O económico está imerso no social
 O económico, político e cultural estão interligados
Análise dos contextos sociais e do funcionamento económico da agricultura
camponesa e da agricultura familiar
 A agricultura familiar e a agricultura camponesa têm em comum o facto de a maior parte
do trabalho despendido na exploração ser executado por membros do agregado
doméstico que lhe está associado (este atributo distingue-as da agricultura capitalista);
 No entanto, os seus contextos sociais são distintos e as lógicas de funcionamento
económico também são diferenciadas.
 O objetivo principal da agricultura camponesa é frequentemente identificado com a
satisfação das necessidades de consumo da família.

Dimensões e variáveis Agricultura camponesa Agricultura Familiar


Autonomia da colectividade local Relativa Inexistente
face à sociedade englobante A sociedade envolvente domina- As colectividades locais não têm mais
as mas tolera as suas autonomia que outros grupos ou
originalidades organizações
Importância estrutural do grupo Elevada Reduzida
doméstico na organização da vida Não há separação entre tarefas Há separação crescente entre doméstico e
económica e social domésticas e agrícolas agrícola

Separação entre produção e Nem sempre é pertinente É pertinente


consumo O principal destino da produção O nível de integração no mercado dos
pode ser o autoconsumo e a produtos é elevado tendo desaparecido o
autoutilização autoconsumo, o consumo familiar não tem
relação com a produção, que é
inteiramente comercializada
Interconhecimento interno e Forte Débil
relações com as colectividades Interconhecimento interno e Interconhecimento interno
vizinhas relações débeis com as
comunidades vizinhas
Relação da comunidade com o Mediação por intermédio Não há mediação
exterior dos notáveis locais
Relação com o mercado Pouco mercantilizada, Muito mais mercantilizada,
relativamente aos meios de Deixando os camponeses muito Acesso mais amplo a tecnologias que
produção adquiridos fora da mais dependentes dos conferem à agricultura familiar uma maior
exploração (e não relativamente condicionalismos da natureza liberdade na sua relação com o meio
aos bens produzidos) ambiente.

Relação com a Natureza Mágica Não mágica


A modernização económica e tecnológica é
incompatível com essa relação mágica

Destinos dos camponeses


 Países desenvolvidos - êxodo agrícola e rural e ou transformação em agricultores
familiares
 Regiões mais desfavorecidas - camponeses (passaram da pobreza à miséria)
 Na metade sul do mundo - maciça presença dos camponeses (em muitas grandes regiões
constituem a esmagadora maioria da população agrícola e rural)
Critérios de funcionamento económico das agriculturas familiares
 As unidades de produção assentes no trabalho familiar podem manter-se em actividade.
 Sem obterem uma remuneração para o trabalho familiar equivalente à que se pratica
no mercado de trabalho
 Sem atingirem as remunerações médias correntes no mercado para a terra e os
capitais próprios
 Ao mesmo tempo, não se exclui “a possibilidade de as unidades agrícolas familiares
conseguirem níveis de rendimento equivalentes aos das explorações capitalistas.

Diferenciação da agricultura familiar


 Na agricultura familiar podem distinguir-se 2 sectores:
1. Empresarial - resultados de funcionamento similares aos das explorações capitalistas
(são viáveis ou competitivas)
2. Tradicional - o trabalho familiar, a terra e os capitais próprios ainda são remunerados
abaixo dos preços médios de mercado
 Para a compreensão do funcionamento económico da agricultura familiar são importantes
dois níveis de apreciação:
 As unidades situam-se no sector empresarial ou tradicional
 Maior ou menor importância do rendimento obtido na exploração na economia do
agregado doméstico e a origem dos rendimentos exteriores (trabalho / segurança
social / fluxos financeiros como remessas de emigrantes)

O turismo em espaço rural (TER)


 Conjunto de actividades e serviços realizados e prestados mediante remuneração, em
zonas rurais, segundo diversas modalidades de hospedagem, de actividades e serviços
complementares de animação e diversão turística, tendo em vista a oferta de um produto
turístico completo e diversificado em espaço rural.

 Orientação dada ao TER:


 Patrimonial - protecção e valorização do património cultural, sendo a arquitectura
regional um grande interesse turístico (proteger e valorizar)
 Desenvolvimento Local - aumento do rendimento das populações locais criando
condições para o crescimento da oferta de emprego e fixação das ditas populações
(fomentar o desenvolvimento local para animar as economias locais e rurais)

 Modalidades de hospedagem:
a) Turismo de habitação (TH) - Casas de Campo
b) Turismo Rural (TR) – Hotéis rurais
c) Agro- turismo (AT) - Parques de Campismo

 Apresenta actividades e serviços complementares de animação e diversão turística que se


destinam a prolongarem a permanência dos turistas (mais de 2 ou 3 dias)
 Apresenta um crescimento regular em todo o país (principalmente no Norte)
 Financiamento pelos fundos estruturais da EU (financiamento dos titulares das casas)
 Em contrapartida, estes têm de manter a casa para acolhimento de turistas por um
período mínimo de 10 anos.
 A recuperação e conservação do património pessoal e familiar representa a motivação
claramente dominante no envolvimento com o TER
Modelos de Gestão/ Estratégias/ Racionalidade Económicas diferentes:
Estratégia Patrimonial
 - Dispõem de várias fontes e montantes de rendimentos suficientemente elevados (não
dependem ou necessitam das receitas das actividades turísticas)
 O TER é um de acesso a apoios financeiros para restauração das casas
 Invocam os elevados custos financeiros de manutenção e funcionamento destas casas

Estratégia Empresarial
 Indivíduos mais jovens
 TER é o meio para rentabilizar os seus patrimónios construir oportunidades ocupacionais e
profissionais
 Fazem por ter hóspedes (redes de promoção do turismo)
 Avaliam positivamente os resultados económicos

Uns e outros
 Pertencem a estratos sociais elevados (formação académica e qualificação profissional)
 Significativa presença de mulheres como titulares e divisão do trabalho por géneros
 “Reformados enxutos” (idade média 55 anos), sendo isto outra fonte de rendimento
 Reduzida escala dos empreendimentos e débil integração e organização da oferta.

A Legislação nunca é completamente neutra  [nem politicamente, economicamente ou


socialmente neutras] , ou beneficia mais a parte social (cultural, parte patrimonial) ou
beneficia mais o rendimento (lucro, parte empresarial)

Proprietários florestais privados


 Em Portugal, os proprietários da floresta privada e não detida pelas empresas industriais
do sector (proprietários florestais privados) eram os detentores de 73% da área florestal
total, em 1995.

 O restante 27% dividia-se pela propriedade comunitária, grandes empresas industriais e


exportadoras, Estado e Autarquias / Igrejas.
No entanto nas últimas décadas surge uma maior preocupação em cuidar da floresta que
existe e assim modificar as práticas de gestão visando os objetivos, de modo a aplicá-las à
realidade da melhor forma

Identificação de 5 tipos de proprietários privados atendendo (variáveis):


 Às suas motivações
 Às práticas de gestão
 À importância dos proventos da floresta no rendimento familiar
 Ao trabalho e investimento
 À titularidade de exploração agrícola
Tipos de proprietários florestais privados:
 Investimento-Reserva (IR) - Proprietários que realizam, na sua maioria, a produção de
cortiça e de madeira com acerto técnico-rentabilista. Realizam investimentos e depois
colhem nas reservas em que aplicaram capital, mas que depois não cuidaram. Lógica
económica de média dimensão e eucalipto.

 Propriedade-Reserva (PR) - Propriedades onde não se trabalha nem investe, mas que
constituem reservas de onde, se extraem produtos da floresta, embora sem qualquer
acerto rentabilista. Lógica económica associada à pequena dimensão e ao pinheiro bravo

 Trabalho-Reserva (TR) - Reservas em que se executam intervenções produtivas (se


trabalha). Modelo de gestão (produção, acerto rentabilista, trabalho, mas não capital
investido) racionalidade económica mais associado à pequena dimensão bem como ao
pinheiro bravo e ao castanheiro.

 Exploração-Reserva (ER) - Aparecem, por um lado como explorações florestais em que se


trabalha e investe, de um modo geral com pouco peso no rendimento dos seus
proprietários, que de qualquer modo as acompanham de perto. Por outro lado, tendem a
ser reservas de onde se retira produto sem qualquer acerto rentabilista; Pequena a média
dimensão e uma proporção significativamente elevada tem no eucalipto a espécie
dominante.

 Empresa-Forestal (EF) - Propriedades de grande dimensão, de que uma parte significativa


é acompanhada por registo contabilístico, com peso no rendimento dos respectivos
proprietários e associadas sobretudo ao sobreiro e à azinheira. Produzem segundo
adequados critérios técnico-rentabilista, investem e executam intervenções produtivas.
Apresentam características que permitem designá-las como empresas florestais.

 Relação entre as lógicas económicas dos proprietários com a produção, dimensão da


propriedade, espécie dominante nesta, peso e periocidade do rendimento, etc.

 Empresa Florestal – a gestão da floresta é guiada por critérios técnico-rentabilista (a


realização da produção enquadra-se num programa ou planeamento prévio)
 Nos outros 4 tipos os proprietários encaram as suas propriedades florestais como um
património e uma reserva de onde podem retirar a qualquer momento dinheiro ou
produto para responder às necessidades monetárias ou materiais, ou a uma oportunidade
oferecida no mercado, sacrificando aquele critério.

Conclusão: apreender as racionalidades económicas dos agentes


 O modo como os homens se relacionam com a natureza com vista a satisfazer as suas
necessidades de subsistência e reprodução obedece a lógicas específicas (racionalidades
económicas).
 Racionalidade económica - conjunto de explicações avançadas pela teoria económica para
explicar o comportamento económico dos agentes e dos sistemas.
 O papel da teoria não é avaliar o comportamento dos agentes (em termos de ser bom ou
mau) mas sim, explicá-los.
 Não existe uma racionalidade económica, mas várias racionalidades económicas. Cada
uma delas está articulada com um quadro específico de relações sociais.
 Não existe, portanto, um critério universal capaz de explicar todo o tipo de
comportamentos económicos.
TEMA 6

Perceções sociais
 Teorema de Thomas
 São avaliações subjectivas de uma dada situação pelos agentes que as realizam,
independentemente dessas interpretações serem objectivas, ou estarem correctas
 Orientam/condicionam a decisão e a ação/comportamento individual e coletivo
 Formam-se na relação entre o indivíduo e os outros
 Definição de uma situação é uma concordância colectiva sobre as características de um
dado contexto e sobre o modo como essas várias pessoas devem agir

Atitudes
 São processos de consciência individual que condicionam uma acção/comportamento, real
ou possível, do indivíduo no mundo social
 Traduzem-se na preferência dos indivíduos relativamente a uma pessoa, objecto, lugar
 Os indivíduos podem ser ambivalentes (possuem uma atitude positiva e negativa)
 O conhecimento das atitudes ajuda-nos a saber os tipos de comportamentos expectáveis

Cultura
 Sistema relativamente integrado de ideias, valores, atitudes, princípios éticos e modos de
vida, dispostos em esquemas ou padrões que possuem uma certa estabilidade numa dada
sociedade, de modo que influenciam o seu comportamento e estrutura”
 É constituída por elementos cognitivos (sem os quais nenhuma sociedade sobreviveria) e
os valores com que nos relacionamos com a realidade
 Os valores são juízos de aceitação ou de recusa que atribuímos a todas as classes de
objectos e factos

Ambiente
 Resultado das interacções entre o Homem e a Natureza
 Tudo o que funciona exterior ao Homem e à sua intervenção

Tipos de factores que intervêm no moldar das atitudes ambientais


(variáveis que influenciam):
Atitudes
 Género
 Idade
 Conhecimentos
 Habilitações escolares
 Ocupação
 Classe Social
 Valores básicos

Comportamento
 Ação Individual
 Ação coletiva
Ambiente, cidadania e sociedade portuguesa (algumas características)
 Informa-nos sobre a existência (ou não) de processos de mudança social, a consequente
reconfiguração das relações entre sociedade e ambiente e se esta reconfiguração caminha
para o abandono progressivo da tradicional, consumista e utilitarista visão da natureza e
dos recursos naturais que ignora as decorrentes implicações (negativas) ambientais
 Com a entrada na CEE (Comunidade Económica Europeia), Portugal passou a ser obrigado
a aplicar Directivas e normas ambientais definidas pela Comissão Europeia

1. O fraco desenvolvimento industrial e económico do país não conduziu a pressões


ambientais perniciosas, e consequentes rupturas ambientais, como ocorreu noutras
sociedades ocidentais, nomeadamente nas do norte e centro da EU

2. O distanciamento da população portuguesa para com os problemas globais que


dizem respeito a todos, como é o caso da degradação dos recursos naturais, e da
questão ambiental em geral.
 Pouca capacidade reivindicativa da sociedade civil portuguesa que é pouco
interventiva, comparativamente a sociedades do norte e centro da UE.
 O movimento ambientalista português também tende a ter pouca expressão quer
em termos de indivíduos que consegue mobilizar, quer em termos da sua
capacidade de exercer lobbying político

 Reduzida conformidade entre os conhecimentos e os valores ambientais dos portugueses


e a importância do “desafio” ambiental à escala global e
 Isto é, os portugueses evidenciam um reduzido grau de empatia (atitudes) pela “causa”
ambiental

2 tipos de leis:
a) Regulamentos: princípios aprovados pela comissão, são logo aplicados (p.e PAC)
b) Diretivas: aproximadamente 5 anos para serem aplicar o que seja melhor para o
contexto da altura (- exigente; + fluido)

Cidadania política
 Capacidade dos cidadãos de um país exercerem os seus direitos.
 Há uma relação entre a intervenção/participação política dos indivíduos e o seu interesse
para com os problemas globais que dizem respeito a todos (ex: ambiente)
 Existe uma prioridade atribuída ao “bem-estar” individual quer relativamente à “causa”
ambiental quer ao “bem-estar” colectivo (global)

Comportamentos/práticas ambientais dos Portugueses


 Sociedade portuguesa pouco interventiva
 Comprova os pontos anteriormente referidos
 Os indivíduos jovens mostram-se mais disponíveis e activos comparativamente aos mais
velhos
 Varia em relação a 4 factores (Crítica, Disponibilidade, Confiança e Activismo)

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