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Sociedade e Ambiente – Tema 1 Aulas práticas

Análise Sociológica

Aulas Práticas

Tema 1
As actividades económicas em face das possibilidades
do meio biofísico e do meio social

Trabalho Prático
Factores de localização das produções agrícolas no Alentejo
Sociedade e Ambiente – Tema 1 Aulas práticas

Objectivo do trabalho prático:

Avaliar o contributo relativo do meio biofísico e do meio social para


compreender a localização das produções agrícolas numa dada
região.

 Variável dependente: localização das produções numa dada região;

 Variáveis independentes: meio biofísico e meio social

 Toma-se como exemplo o Alentejo. Nesta região retém-se como


unidade de análise os 27 territórios definidos pelo Gabinete de
Planeamento e Política Agro-Alimentar (2002).
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Variável dependente: localização das produções


(ou padrão de especialização produtiva)

Das unidades de produção – as explorações agrícolas – ao território

 Exploração agrícola

 Orientação técnico-económica (OTE)

 Orientações produtivas intensivas e extensivas

 Indicador do padrão de especialização produtiva de cada território:

Distribuição da margem bruta total do território por OTE’s


(das explorações agrícolas desse território)
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Exploração agrícola
“uma unidade técnico-económica que utiliza mão-de-obra e factores de
produção próprios e que deve satisfazer obrigatoriamente as quatro
condições seguintes:

 Produzir um ou vários produtos agrícolas;


 Atingir ou ultrapassar uma certa dimensão;
 Estar submetida a uma gestão única;
 Estar localizada num local bem determinado e identificável”
(INE; RGA 1999)

Numa exploração agrícola podem existir uma ou várias actividades


agrícolas, pecuárias ou florestais.
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A orientação técnico-económica (OTE) da exploração caracteriza-se pela


contribuição relativa de cada actividade vegetal ou animal para o sua margem
bruta.
Uma exploração especializada é classificada, por exemplo, na OTE Viticultura,
desde que essa actividade contribua em mais de 2/3 para a margem bruta
total.
Margem bruta de uma actividade vegetal ou animal =
= produto bruto – custos específicos da actividade
Produto bruto é o valor dos produtos desta actividade e
os subsídios que lhes estão associados
Custos específicos são os custos associados a essa actividade
São exemplos os adubos consumidos com essa cultura ou as rações
utilizados por essa produção animal, a mão-de-obra empregue nessa
actividade e a desvalorização do material e dos edifícios específicos dessa
actividade.
Margem bruta padrão ou standard (MBS ▼) da actividade
Margem bruta total da exploração
Margem bruta total do território
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Orientações produtivas intensivas e extensivas

Intensidade/extensividade da orientação produtiva =


MB total/ha de superfície agrícola ou cabeça animal

Exemplos:
Orientações produtivas associados à horticultura em estufa e à
produção de granívoros em explorações sem terra estão entre
as mais intensivas, com valores MB/ha ou MB/cabeça animal
que podem ser 30 X superiores aos da produção extensiva de
herbívoros.
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1ª Tarefa – Identificar e caracterizar o padrão de especialização


produtiva dos 27 territórios do Alentejo

A) Com base no Quadro 1, calcular a percentagem da margem


bruta total por grupo de OTE mais ou menos intensivas de
acordo com a grelha abaixo inserida (preencher Quadro 2,
1ª parte):

OTE de baixa-média
OTE mais intensivas OTE extensivas
intensidade

Arroz: OTE 3 Grandes culturas: OTE 1 a 6,


Culturas intensivas: OTE 7 a 12 excepto 3
Culturas permanentes
Pecuária intensiva: OTE 21 a 23 extensivas: OTE 13 a 15 + Pecuária extensiva: OTE 16 a 20 +
+ OTE 24 + OTE 25

B) No Quadro 2 proceder à identificação das OTE preponderantes


em cada território.
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Objectivo do trabalho prático


Avaliar o contributo relativo do meio biofísico e do meio social para
compreender a localização das produções agrícolas numa dada região.

 Variável dependente: localização das produções numa dada região


Indicador do padrão de especialização produtiva de cada território:
 Variáveis independentes: Meio biofísico e meio social
Indicadores do meio biofísico:
Indicadores do meio social:

[recordar]
O meio biofísico e o meio social não são variáveis independentes uma da
outra, existindo uma forte interação entre eles (exemplo do solo).
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Meio biofísico
[recordar]

 O meio biofísico [agronómico e/ou florestal] é caracterizado pelo

conjunto interdependente de componentes relacionadas com as


propriedades intrínsecas do solo, a sua situação topográfica, o
subsolo que condiciona a profundidade das raízes e a circulação
dos fluidos, a meteorologia, o regime das águas, a flora e a fauna
espontâneas.
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Meio social
[recordar]
 O meio social é o conjunto interdependente de sistemas

económico, político e cultural/ideológico que estruturam a


organização e o funcionamento das comunidades/sociedades.

 Referimo-nos às formas como os homens se relacionam entre si, aos


valores sociais que orientam as suas escolhas, aos conhecimentos que
dispõem, aos modos como os agentes económicos se regulam entre si.
Aspetos como a propriedade da terra, a sua distribuição pelas unidades
produtivas, a tecnologia a que os agentes económicos têm acesso, os
mercados e as políticas públicas que regulam a atividade dos agentes são
de maior importância na compreensão daquelas atividades económicas.
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Objectivo do trabalho prático


Avaliar o contributo relativo do meio biofísico e do meio social para
compreender a localização das produções agrícolas numa dada região.

 Variável dependente: localização das produções numa dada região


Indicador do padrão de especialização produtiva de cada território:
Distribuição da margem bruta total do território por OTE’s
(das explorações agrícolas desse território)

 Variáveis independentes: Meio biofísico e meio social


Indicadores do meio biofísico:
 Classe(s) de capacidade de uso do solo predominante(s) na superfície
do território
 Percentagem da superfície irrigável na superfície agrícola utilizada
 Número de dias de geada no ano

Indicadores do meio social:


 Superfície agrícola utilizada (SAU) média por exploração
 Unidade de Trabalho Anual (UTA) / superfície agrícola utilizada (SAU)
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Indicador do meio biofísico:


Classe(s) de capacidade de uso do solo predominante(s) na superfície do
território
A carta de capacidade de uso do solo, do Serviço de Reconhecimento e
Ordenamento Agrário (SROA) faz uma leitura da aptidão do solo.
Nesta carta os solos são agrupados em classes de “acordo com a sua
capacidade de uso para suportarem as culturas usuais ...”.
As classes são agrupamentos de solos que apresentam o mesmo grau de
limitações e/ou riscos de deterioração que afectam o seu uso durante um
período de tempo bastante longo.

São definidas 5 classes de aptidão: A, B, C, D e E.


As três primeiras conferem aptidão agrícola ao solo, sem limitações na classe
A, com limitações moderadas na classe B e com limitações acentuadas na
classe C.
As duas classes restantes conferem aptidão não agrícola, com limitações
severas na classe D e com limitações muito severas na classe E.
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Indicador do meio biofísico:


Classe Características principais Classes de Capacidade
de Uso do Solo
- poucas ou nenhumas limitações
A - sem riscos de erosão ou com riscos ligeiros
- susceptível de utilização agrícola intensiva
- limitações moderadas
B - riscos de erosão no máximo moderados
- susceptível de utilização agrícola moderadamente intensiva Limitações: espessura do solo; declive;
- limitações acentuadas fertilidade do solo; deficiência de água;
C - riscos de erosão no máximo elevados drenagem; elementos grosseiros ou
- susceptível de utilização agrícola pouco intensiva afloramentos rochosos; salinidade ou
- limitações severas alcalinidade.
- riscos de erosão no máximo elevados a muito elevados
- não susceptível de utilização agrícola, salvo casos muito Declives:
D
especiais classe A (moderados: até 8%);
- poucas ou moderadas limitações para pastagens, exploração de
classe B (moderadamente acentuados:
matos e exploração florestal
até 15%);
- limitações muito severas
classe C (acentuados: até 25%).
- riscos de erosão muito elevados
- não susceptível de utilização agrícola
- severas a muito severas limitações para pastagens, matos e
E
exploração florestal
- ou servindo apenas para vegetação natural, floresta de proteção
ou de recuperação
- ou não susceptível de qualquer utilização
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Indicador do meio biofísico:

Superfície irrigável:
Superfície máxima da exploração que no decurso do ano agrícola,
poderia, se necessário, ser irrigada por meio de instalações técnicas
próprias da exploração e por uma quantidade de água normalmente
disponível.
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Indicador do meio social:

 Superfície agrícola utilizada (SAU): Superfície da exploração


que inclui: terras aráveis, horta familiar, culturas permanentes e
pastagens permanentes.

 Unidade de trabalho anual (UTA): A atividade de uma pessoa


ocupada a tempo completo pelos trabalhos agrícolas para a
exploração agrícola. Segundo o INE, é equivalente ao trabalho de
uma pessoa a tempo completo realizado num ano medido em horas
( 1 UTA = 240 dias de trabalho a 8 horas por dia = 1920 h/ano).
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Indicador do meio social:

 A disponibilidade em terra tem um papel fundamental na diferenciação


das orientações produtivas segundo a dimensão física da exploração.

Grande disponibilidade de terra agrícola cultura muito


mecanizada e reduzida utilização de mão-de-obra
(ex. Cereais de sequeiro)
MB/ha menor (cultura extensiva)

Pouca disponibilidade de terra agrícola cultura pouco


mecanizada e elevada utilização de mão-de-obra
(ex. Horticultura em estufa)
MB/ha maior (cultura intensiva)
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2ª Tarefa – Caracterização do meio social nos territórios do Alentejo


C) No Quadro 4, calcular o indicador UTA/100 ha de superfície
agrícola. Ordenar os territórios segundo a dimensão média das
explorações agrícolas e relacionar com o indicador anterior.

3ª Tarefa – Padrão de especialização produtiva, meio biofísico e meio


social
D) Com recurso ao Quadro 3 e ao Quadro 4, classifique os territórios
segundo a classe predominante de uso do solo e a dimensão
média
das explorações agrícolas (< 40 ha; ≥ 40 e < 80 ha, ≥ 80 ha):
preencha o Quadro 5.
E) No Quadro 5, associar a cada território o respectivo padrão de
especialização produtiva (identificado no Quadro 2).
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4ª Tarefa – Análise dos resultados

F) Responda às seguintes questões:

1. Para as categorias de capacidade do uso 2 e 3, identifique as alterações


do padrão de especialização produtiva com o aumento da superfície
agrícola média das explorações.
2. Para a categoria de 40 a 80 hectares de superfície agrícola, identifique as
alterações do padrão de especialização produtiva com o aumento da
capacidade de uso dos solos.
3. Para os 5 territórios com maior percentagem da superfície agrícola
irrigável, identifique a alteração do padrão de especialização produtiva
com o aumento da dimensão média das explorações.
4. Suponha que, no âmbito do seu trabalho profissional, o seu chefe lhe
atribui a tarefa de identificar, com base na carta de capacidade de uso
dos solos, o tipo de actividades agrícolas que o seu serviço deverá
incentivar os agricultores de diferentes territórios a fazer. Aceita sem
mais ou sugere alguma alteração à tarefa? No caso de sugerir alguma
alteração, diga qual?
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A informação utilizada anteriormente relativa ao Padrão de Orientação Produtiva


teve como fonte o Recenseamento Geral Agrícola (RGA) de 1999. De então para
cá, registaram-se alterações na ocupação do espaço agrícola, como o último
Recenseamento Agrícola (2009) revela (ver Quadros do Recenseamento Agrícola
de 2009). Estas alterações são consequência de modificações de factores do
meio social: políticas públicas, mercados e tecnologia.

5ª Tarefa – com base na informação dos Quadros do Recenseamento


Agrícola de 2009, calcule a taxa de variação, entre 1999 e 2009 e
entre 1989 e 2009, para a Região do Alentejo e para as Sub-regiões:
Alentejo Litoral, Alto Alentejo, Alentejo Central e Baixo Alentejo:
- dos efectivos animais
- da superfície das culturas permanentes, e
- da superfície das culturas temporárias

e comente os valores calculados.


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Conclusões: noção de “campo de possíveis”

 As restrições e possibilidades do meio para as diversas produções


aparecem como condicionantes importantes da escolha das actividades
produtivas, isto é, como um "campo de possíveis".
 Então, a partir das características do meio é possível determinar quais as
culturas / produções mais adaptadas?
 Sem dúvida que, em meios sociais semelhantes, há meios biofísicos mais
favoráveis do que outros ao crescimento e frutificação de uma mesma
variedade de planta ou à criação de uma dada raça animal.
 Mas, não é possível encontrar na análise exclusiva do meio um princípio
determinante de escolha das actividades a realizar.
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Conclusões: noção de “campo de possíveis”

 A permanente evolução técnica reduziu consideravelmente as


restrições imposta pelo meio biofísico e alterou a aptidão relativa de
diferentes meios agronómicos para uma dada cultura.

Exemplo
Como a evolução tecnológica e outras mudanças do meio social
alteraram a avaliação da fertilidade de solos do litoral alentejano.

 A evolução técnica, a alteração dos preços relativos dos produtos


e dos factores de produção nos mercados, as políticas públicas são
algumas dimensões do meio social que conduzem à escolha das
actividades dentro do “campo de possíveis” definido pelas restrições e
possibilidades do meio biofísico.

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