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16/03/2023, 15:32 Ecologia e Sociedade

Ecologia e Sociedade
Profª. Juliana Leal

Descrição

A modificação antropogênica dos ecossistemas naturais e seus reflexos nos fenômenos e no


desenvolvimento de conhecimentos ecológicos.

Propósito

Reconhecer a influência das atividades humanas nos ecossistemas naturais, fator imprescindível ao
profissional da área ambiental, para a reflexão sobre a questão em si e sobre o desenvolvimento de
conhecimento científico a fim de minimizar seus efeitos negativos.

Objetivos

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Módulo 1

Ecologia e agricultura
Relacionar a Ecologia com a agricultura e os sistemas agroflorestais.

Módulo 2

Invasões biológicas
Descrever a introdução de espécies exóticas e invasões biológicas.

Módulo 3

As rodovias e os processos ecológicos


Reconhecer a influência das rodovias sobre os processos ecológicos.

Módulo 4

O uso do solo e as bacias hidrográficas


Relacionar o uso do solo com a dinâmica de bacias hidrográficas.

Introdução
Em suas raízes, a Ecologia é uma ciência observacional nascida do trabalho de campo de
naturalistas que se dedicavam a entender como as diferentes formas de vida funcionavam e se

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relacionavam com seu ambiente. Durante essa trajetória histórica, os naturalistas e, mais
recentemente, os ecólogos desenvolveram a grande maioria de seus estudos em áreas preservadas.

Simultaneamente, à medida que essa ciência se desenvolvia, eram fornecidos indícios de que nós,
humanos, estávamos mudando os ecossistemas da Terra de forma drástica. Atualmente, sabemos
que a ação humana já transformou de 30% a 50% da superfície do planeta e que, em contrapartida, a
preservação dos ecossistemas se encontra cada vez mais ameaçada.

Diante da realidade de nossos ecossistemas, a Ecologia passou a incorporar em nossa sociedade


diversas temáticas que consideravam as múltiplas influências exercidas pela humanidade sobre os
processos ecológicos.

Infelizmente, porém, a visão que aprendemos na escola – o mundo é essencialmente composto por
ecossistemas naturais perturbados em vários graus pelos humanos – está seriamente
desatualizada. O mundo moderno é essencialmente o oposto. Ele é composto por plantações,
assentamentos, cidades e pastagens com remanescentes de ecossistemas naturais incorporados
neles.

Por isso, neste conteúdo, entenderemos como o funcionamento dos ecossistemas foi afetado pelas
atividades humanas. Para isso, reconheceremos áreas do conhecimento ecológico que se destinam
ao estudo de cada temática, como a agroecologia e a ecologia de rodovias.

AVISO: orientações sobre unidades de medida.

Orientações sobre unidades de medida


Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de
tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a
unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o
padrão internacional de separação dos números e das unidades.

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1 - Ecologia e agricultura
Ao final deste módulo, você será capaz de relacionar
a Ecologia com a agricultura e os sistemas
agroflorestais.

Agricultura tradicional e
degradação ambiental
Desde a Revolução Industrial, as técnicas agrícolas têm se aperfeiçoado, aumentando os rendimentos das
colheitas globalmente. O incremento da produtividade agrícola tem sido responsável por manter o
abastecimento da população humana, mesmo quando o espaço para fazê-lo se torna cada vez mais
reduzido. Contudo, é possível que, nos próximos anos, enfrentemos limitações em relação à demanda pela
produtividade agrícola acelerada.

Os grandes ganhos na produtividade agrícola do século passado foram acompanhados pela degradação
dos ecossistemas da Terra. Entre os efeitos negativos da agricultura tradicional sobre os ecossistemas,
podemos destacar:

A perda de biodiversidade.
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O declínio da qualidade da água em todo o mundo.


O agravamento do aquecimento global.
A contribuição com cerca de 30% da emissão global de gases (efeito estufa).

Abaixo, citamos algumas práticas da agricultura tradicional que estão relacionadas a tais efeitos negativos
sobre os ecossistemas.

A modificação do uso do solo associado às terras agriculturáveis.

A utilização de grandes volumes de água para irrigação.

A adição de fertilizantes no solo.

Desse modo, os efeitos deletérios das próprias técnicas utilizadas pelos agricultores, associadas às
mudanças climáticas, são responsáveis por desestabilizar os processos naturais que tornam a agricultura
moderna possível.

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Nesse contexto, destaca-se ainda o contraste social existente entre os países negativamente afetados por
tais práticas agrícolas.

Os países em desenvolvimento, aqueles que apresentam baixo a médio desenvolvimento socioeconômico,


representam 40% dos territórios onde houve degradação do solo devido à agricultura. Soma-se a isso uma
projeção de que esses mesmos territórios devem passar por um aumento de 78% das áreas secas e de 50%
do tamanho populacional até 2100.

Em outras palavras, os países em desenvolvimento, como o Brasil, terão futuramente seus potenciais
agrícolas ainda mais limitados e com uma população em crescimento para alimentar.

E como vamos lidar com esse impasse?

video_library
As consequências ecológicas da
fixação de nitrogênio industrial
Neste vídeo, a especialista fala sobre como a transformação industrial do nitrogênio inerte em moléculas
assimiláveis pelas plantas revolucionou a agricultura, mas trouxe sérios danos ambientais.

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O problema das monoculturas


As monoculturas são caracterizadas pelo cultivo de longo prazo de uma única planta. Em função disso,
pode-se prever que um efeito óbvio das monoculturas é a redução da biodiversidade associada aos campos
de cultivo — é a redução da biodiversidade associada aos campos de cultivo — muitas vezes a um único
organismo geneticamente modificado. No entanto, além disso, há outros problemas gerados.

Limites entre o território indígena do Xingu e uma monocultura de soja na Floresta Amazônica.

Nos cultivos agrícolas, é comum encontrar animais que se alimentam das plantas cultivadas. Dependendo
das proporções de seu consumo, eles podem acarretar prejuízos às lavouras.

Por motivos ecológicos, as monoculturas são mais vulneráveis à ocorrência de pragas. Existe nelas a
extrema abundância de uma única planta. Dessa forma, na presença de um animal que tenha uma grande
preferência alimentar por ela, é possível ocorrer um cenário devastador.

Praga de gafanhotos em uma monocultura.

Com a extrema abundância de recurso alimentar, os animais herbívoros podem alcançar altas taxas
reprodutivas e, como consequência, aumentar sua densidade populacional na plantação. Por outro lado,
quanto maior for a densidade dos herbívoros na plantação, maior será o consumo do cultivar. Na tentativa
de controlar essa maior vulnerabilidade às pragas, os agricultores podem se utilizar de agrotóxicos.

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Além das maiores chances de pragas e da utilização de agrotóxicos, as monoculturas ainda podem causar o
esgotamento do solo, que se caracteriza por uma redução gradual na produtividade agrícola, apesar da
fertilização e de outros esforços de preparação dele.

Dica
Quando há uma variedade de plantas presentes em um cultivo (policultura), as chances de pragas são
reduzidas, porque não se oferece aos herbívoros uma enorme quantidade de alimento — já que umas
plantas podem ser preferidas ao consumo e outras, impalatáveis. Dessa maneira, os herbívoros não
conseguirão obter todos os nutrientes de que precisam para sobreviver e se desenvolver em um mesmo
local.

Impalatáveis
Desagradáveis ao paladar.

Agroecologia e sistemas
agrícolas sustentáveis
A agroecologia combina as perspectivas da Ecologia e da Agronomia para o desenvolvimento de sistemas
agrícolas sustentáveis. Ela também integra as perspectivas das Ciências Sociais e Políticas.

De maneira geral, podemos definir a agroecologia como o estudo integrativo das


interações entre fatores biológicos, ambientais e de manejo em sistemas agrícolas,
combinando o melhor das abordagens tradicionais, convencionais e orgânicas para a
agricultura. Um de seus ideais é a necessidade de mitigar a degradação dos recursos
naturais.

Baseando-se fortemente na ecologia de ecossistemas, a agroecologia surgiu na década de 1980. No


entanto, na ecologia clássica, para a manutenção do funcionamento adequado dos ecossistemas, é
necessário haver uma “mistura” das espécies nativas, da flora e da fauna.

Ecologia de ecossistemas
Enfatiza a existência de relações entre os organismos e o ambiente físico onde habitam, bem como o fluxo de
energia e materiais que se dá principalmente por meio das relações alimentares entre organismos.

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Plantio agroecológico em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Já na agroecologia, essa “mistura de espécies” é frequentemente baseada em espécies exóticas ou não


nativas, tendo em vista que nossa alimentação se baseia em uma gama de itens com diferentes origens.

Os agroecossistemas
Um agroecossistema pode ser definido como uma parcela de solo manejada onde ocorre a interação de
duas ou mais espécies e, através destas interações, pretende-se alcançar determinados objetivos
econômicos, por exemplo, maior produtividade agrícola.

O início de um agroecossistema se dá quando algumas ou todas as espécies produtivas são plantadas pela
primeira vez. Já seu término se dá com a colheita dessas espécies.

Exemplo de um agroecossistema.

As interações ecológicas entre as espécies presentes em um agroecossistema dependem das suas


respectivas identidades. Consequentemente, a escolha de quais espécies e quantos indivíduos estarão
presentes em um agroecossistema é fundamental para o agricultor.

As interações ecológicas são um dos conceitos ecológicos adaptados às realidades de cada local, como o
clima e as espécies presentes em um agroecossistema para:

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Otimização da diversidade de produção.

Eliminação de insumos prejudiciais.

Aproveitamento de relações bióticas benéficas entre as espécies de plantas cultivadas.

As interações entre espécies de um agroecossistema se encontram ao longo de um espectro, podendo


variar entre:

Espécies complementares
São as que se complementam quanto à utilização de um recurso, por exemplo, luz, água ou nutrientes.

Em agroecossistemas, é comum haver o plantio de vegetais com diferentes alturas e formas e em níveis ou
estratos distintos, aumentando a diversidade vertical. Desse modo, diferentes espécies vegetais, que se
complementam quanto à utilização da luz solar, podem estar presentes em um mesmo cultivo.

Espécies vegetais com diferentes alturas cultivadas no mesmo agroecossistema.

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Outro exemplo de espécies complementares é aquele em que as plantas obtêm seus nutrientes de
diferentes origens. Nesse caso, teríamos uma espécie com raízes profundas, que extraem os nutrientes dos
estratos mais profundos do solo, plantada de forma intercalada com outra de raízes rasas, as quais, por sua
vez, extraem os nutrientes da camada mais superficial do solo.

Dica
Através da utilização de espécies complementares, é possível que o agricultor alcance uma maior eficiência
no uso dos recursos naturais.

Espécies competidoras
São aquelas cujos mecanismos ecológicos desencorajam a coexistência, como por exemplo os pinheiros e
os eucaliptos. Os pinheiros alteram o pH dos solos, tornando-os ácidos, o que faz com que outras espécies
que não suportem solos ácidos, sejam excluídas. Enquanto o eucalipto é extremamente competitivo por
água, o que faz com que outras espécies que cresçam em solos encharcados, sejam excluídas.

Com base no exemplo acima, você pode estar pensando que o ideal é não usar as espécies competidoras
nos agroecossistemas. Entretanto, na realidade, não é bem assim que isso funciona.

Abóboras são um exemplo de espécies competidoras, mas que apresentam vantagens em seu cultivo.

A abóbora é um vegetal extremamente competidor por luz: com suas folhas grandes, ela pode inibir o
crescimento de outras plantas a seu redor. No entanto, as abóboras podem ser utilizadas para, além de
produzir os frutos, controlar as ervas daninhas — o que, por sua vez, reduz os custos da manutenção do
cultivo.

Espécies facilitadoras
Devido à maior biodiversidade associada aos agroecossistemas, existe a possibilidade de que uma espécie
vegetal ajude no estabelecimento de outra. As espécies facilitadoras geram mudanças no ambiente abiótico

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ou em algum outro organismo que, por sua vez, facilita o estabelecimento ou crescimento de uma outra
espécie.

Nitrogênio
O nitrogênio é um elemento essencial para a construção de quase todas as estruturas das plantas e um
componente vital da clorofila, das enzimas e das proteínas, sendo reconhecido como o nutriente mais limitante
para a produção agrícola.

Fixadoras de nitrogênio, as leguminosas são espécies facilitadoras muito reconhecidas nos


agroecossistemas. As raízes de muitas espécies de plantas leguminosas (família Fabaceae) têm uma
associação simbiótica com as bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero Rhizobium. Tais bactérias são
capazes de promover a retenção desse elemento no solo.

Plantio intercalado de gengibre (folhas pontiagudas) e de amendoim (folhas ovaladas), uma leguminosa.

Saiba mais
A facilitação entre as espécies pode existir de outras formas, tal como o plantio das mais frondosas que
sombreiem o solo e o impeçam de secar.

Importância da biodiversidade
para além da produtividade
A maior diversidade de cultivares presentes em um cultivo agroecológico se reflete em uma variedade de
alimentos disponíveis ao consumo humano, o que é ainda mais relevante para as famílias que dependem da
agricultura de subsistência. A maior parte dos agricultores agroecológicos, afinal, é formada por pequenos
proprietários e agricultores familiares, muitos dos quais são pobres em recursos e continuam a lutar contra
a insegurança alimentar e a má nutrição.

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O consumo de uma grande variedade de cereais, leguminosas, frutas, vegetais e produtos de origem animal
contribui para uma dieta mais balanceada. Além disso, a diversidade genética de variedades, raças e
espécies de cultivares é importante, por exemplo, na contribuição de macronutrientes e micronutrientes para
a dieta humana.

Além da melhora da qualidade e da diversidade da dieta, especialistas em agroecologia frisam que vários
outros princípios-chaves desse ramo da Ecologia podem contribuir especificamente para a saúde nutricional
do agricultor.

Agricultores preparam o solo para o plantio em uma propriedade agroecológica familiar.

De maneira geral, os plantios agrícolas diversificados são capazes de auxiliar na redução da dependência da
compra de insumos agrícolas, reduzindo gastos e dívidas do agricultor. Além disso, a conectividade
econômica entre os produtores e os consumidores pode ajudar os agricultores a agregar mais valor a seus
produtos e até gerar uma inovação local.

Agroflorestas
Silvicultura
Ciência que se dedica ao estudo do aproveitamento, exploração e manutenção racional das florestas.

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A agrofloresta ou sistema agroflorestal (SAF), é a combinação intencional da agroecologia e da silvicultura


para criar práticas produtivas e sustentáveis de uso da terra. Seu objetivo principal é aproveitar os benefícios
do cultivo de árvores e arbustos junto com as plantações e/ou o gado – seja de forma simultânea ou em
uma sequência temporal.

O SAF se baseia no funcionamento natural dos ecossistemas de floresta, tentando, por conta disso, imitá-
los. Ele tem como base a sucessão ecológica.

Sucessão ecológica
A sucessão ecológica é a mudança que ocorre na estrutura das comunidades ao longo do tempo de forma
direcional e previsível. Essa mudança é extremamente estudada em comunidades vegetais nas quais se
pode observar a substituição das espécies presentes na comunidade, bem como suas respectivas
abundâncias. Embora também ocorra a sucessão ecológica em comunidades de animais, trataremos, neste
módulo, especificamente das comunidades de espécies vegetais.

Sucessão ecológica em uma floresta temperada.

De maneira geral, a sucessão ecológica se inicia em um solo:

Que nunca foi ocupado.

Cuja biota original foi completamente eliminada, tal como um solo onde houve o
derramamento de lava ou em uma rocha recém-exposta à superfície terrestre.

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Que já foi ocupado, como o local onde uma floresta foi derrubada (sucessão ecológica
primária) ou uma plantação, abandonada (sucessão ecológica secundária).

Cecropia sp., conhecida popularmente como embaúba, é uma espécie pioneira da Mata Atlântica.

As primeiras plantas a ocupar os solos são as pioneiras. Elas são capazes de:

Crescer rapidamente.
Estabelecer-se em um solo pobre em nutrientes.
Tolerar uma grande incidência luminosa.

Tais plantas, portanto, toleram condições ambientais difíceis para a maioria das espécies. Conforme elas
cumprem seus ciclos de vida (isto é, morrem), sua matéria orgânica passa a se acumular no solo,
decompondo-se. Com a decomposição desse material, nutrientes são adicionados ao solo, enriquecendo-o.
Ao mesmo tempo, a matéria orgânica morta sobre ele evita a evaporação de água, fazendo com que o solo
retenha maior umidade.

Todo esse processo faz com que as espécies pioneiras preparem o ambiente para que
outras possam se estabelecer, já que as espécies só se estabelecem onde há recursos
e condições adequados.

Uma floresta tropical em estágio sucessional avançado.

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Com o incremento do solo gerado pelas espécies pioneiras e a maior umidade dele, as plantas mais
“exigentes” iniciam seus processos de estabelecimento no local. Durante todo esse processo, as de maior
porte vão se estabelecendo, enquanto a comunidade vegetal se torna mais diversa, um estágio conhecido
como clímax.

Sucessão ecológica e SAF


Os SAF são estruturados para serem semelhantes às florestas nativas. Por isso, seu plantio inicial é feito
com base nas características das plantas. Elas, assim, precisam apresentar características funcionais
equivalentes às observadas nas plantas pioneiras.

Essa escolha é importante, porque são essas plantas pioneiras as responsáveis por promover
principalmente o crescimento das árvores e a produtividade do cultivo.

Características funcionais equivalentes às observadas


nas plantas pioneiras
Crescimento rápido, estabelecimento em solo pobre e tolerância a uma alta incidência solar.

Destaque das espécies vegetais presentes em um SAF.

No conjunto de espécies presentes em um SAF, cada espécie responde a mudanças ambientais na


disponibilidade de recursos e de estresse ao longo do tempo, ao mesmo tempo em que compete com
espécies vizinhas por acesso a recursos limitados, como luz, nutrientes e água. Esse mesmo conjunto de
plantas será responsável por preparar o local do plantio para um grupo subsequente de espécies.

Em contraste com a sucessão ecológica natural, a identidade das espécies presentes


em cada estágio de um SAF é determinada pelo agricultor por meio do plantio de
sementes e/ou mudas.

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Vantagens das árvores em um


cultivo
Para os produtores rurais, a grande vantagem no cultivo simultâneo de árvores e cultivares agrícolas é a
oportunidade de gerar não só alimentos, mas também a matéria-prima para outras atividades econômicas.
É possível que ocorra uma diversificação da economia rural criando-se, com isso, oportunidades
socioeconômicas para as populações rurais.

No entanto, a despeito dessa diversidade, ainda podemos citar as seguintes características ecológicas:

Manutenção da fertilidade e integridade do solo.


Aumento da retenção de água no local.
Diminuição da chance de uso de agrotóxicos.
Manutenção de habitat adequado a diversas espécies.
Prevenção da exploração de madeira em florestas.
Sequestro de carbono.
Remoção de poluentes.

Falta pouco para atingir seus


objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


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Questão 1

Qual é a principal diferença entre um agroecossistema e um ecossistema natural?

A O agroecossistema depende diretamente da ação humana para existir.

B O ecossistema natural tem uma delimitação espacial clara.

C O agroecossistema tem mais espécies que um ecossistema natural.

D O ecossistema natural pode abrigar animais.

E O agroecossistema não tem interações ecológicas.

Parabéns! A alternativa A está correta.


Um agroecossistema é manejado pelo homem e permite a interação entre diferentes espécies com o
objetivo de obter maior produtividade agrícola. O início dele ocorre a partir do plantio das espécies
produtivas e termina com a colheita dessas espécies.

Questão 2

Aponte o(s) objetivo(s) geral(is) da agroecologia.

A Simplificar e homogeneizar a diversidade biológica.

B Promover o controle de pragas por intermédio do uso de pesticidas.

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C Aumentar a diversidade biológica e otimizar as interações ecológicas.

D Preterir o conhecimento agrícola dos povos tradicionais.

E Utilizar uma única espécie nos cultivos agrícolas.

Parabéns! A alternativa C está correta.


A agroecologia tem como objetivo explorar integralmente as interações biológicas, ambientais e de
manejo em sistemas agrícolas. Ela busca combinar o conhecimento tradicional, as abordagens
convencionais e as práticas orgânicas na agricultura. A ideia central da agroecologia é utilizar o solo
para a produção agrícola sem que haja uma degradação dos recursos naturais.

2 - Invasões biológicas
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever a
introdução de espécies exóticas e invasões biológicas

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A biologia da invasão
Como falamos em diferentes momentos, nós, humanos, modificamos e temos modificado com frequência
os ecossistemas naturais e a biodiversidade ao nosso redor. Como resposta a isso, novas disciplinas
científicas surgiram para avaliar os padrões, os processos e as consequências da mudança ambiental global
induzida pelo homem.

A biologia da invasão compreende o estudo interdisciplinar de padrões, processos e


consequências da redistribuição da biodiversidade em todos os ambientes e escalas
espaço-temporais.

A rápida e contínua urbanização e a globalização da tecnologia humana, do transporte e do comércio têm


promovido a redistribuição das espécies ao redor do mundo.

As rotas aéreas demonstram o alto grau de movimentação humana em 2009.

As espécies nativas são aquelas que estão e persistem em uma área como resultado de processos
naturais. Por outro lado, as espécies exóticas (ou não nativas) podem ser transportadas para novos locais
de recebimento intencional ou acidentalmente. Trata-se, portanto, de qualquer espécie que ocorre fora de
sua área de distribuição natural devido às atividades humanas.

Atualmente, muitas dezenas de milhares de espécies exóticas são usadas principalmente como:

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Alimentos.

Produtos comerciais (madeira e produtos farmacêuticos).

Plantas ornamentais.

Animais de estimação.

Devido a esse fluxo de espécies entre as diferentes partes do mundo, a ameaça das invasões biológicas é
premente.

Uma invasão biológica ocorre quando uma espécie exótica passa a constituir uma
ameaça às espécies nativas ou ao ambiente em seu novo local de recebimento.

Quando isso acontece, a espécie passa a se chamar espécie exótica invasora (ou simplesmente invasora),
já que, graças a tal invasão, consegue ultrapassar barreiras naturais e artificiais, reproduzindo-se e
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estabelecendo uma população – e, consequentemente, uma invasão biológica bem-sucedida.

Comentário
Atualmente, as invasões biológicas são consideradas a segunda maior ameaça à biodiversidade!

As espécies invasoras contribuíram para a extinção de mais plantas e animais que qualquer outra alteração
ambiental, exceto a perda de habitat. O sucesso das invasões biológicas gera a perda de biodiversidade
graças à homogeneização das comunidades biológicas.

Entre uma floresta temperada e uma tropical, há uma enorme diferença nas espécies de plantas que as
compõem. Contudo, se realizarmos o transporte contínuo de sementes tropicais para as florestas
temperadas e vice-versa, a composição das espécies dessas florestas tenderá a ser mais similar, pois
haverá mais espécies em comum entre tais ecossistemas — em outras palavras, eles serão mais
homogêneos.

Homogeneização da composição de espécies de uma floresta hipotética devido à introdução de espécies


exóticas.

Taxa
Plural de táxon.

Existem atualmente casos relatados de invasões biológicas das espécies de quase todos os principais taxa.
Felizmente, a maior parte das que são transportadas para novos países ou regiões não consegue se
estabelecer. Além disso, das poucas que passam a se tornar realmente abundantes, um número ainda mais
reduzido pode eventualmente gerar qualquer impacto ambiental ou econômico.

Características das espécies


invasoras
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Idealmente, para determinarmos as características presentes nos invasores bem-sucedidos, deveríamos


compará-los aos malsucedidos, mas infelizmente essa comparação é inviável, uma vez que costumamos
descobrir somente a identidade dos que obtêm êxito. As espécies invasoras malsucedidas, afinal,
simplesmente desaparecem.

Saiba mais
Normalmente, as espécies invasoras bem-sucedidas se tornam comuns o suficiente para serem notadas em
um curto espaço de tempo. Isso demonstra o sucesso do estabelecimento delas no novo local de
recebimento.

O que faz com que uma espécie exótica se torne invasora?

Os caramujos africanos são um exemplo de espécie invasora.

De maneira geral, para que uma espécie se torne invasora, ela deve apresentar algumas características
capazes de lhes conferir uma “vantagem ecológica”. Listaremos algumas delas a seguir:

Crescimento e reprodução rápidos.


Alta capacidade de dispersão.
Capacidade de alterar o fenótipo para se adequar às condições ambientais.
Tolerância a uma ampla gama de condições ambientais.
Amplo espectro alimentar e dietas variáveis (para animais oportunistas e generalistas).
Associação com humanos.
Invasões anteriores bem-sucedidas.

Alterar o fenótipo
Plasticidade fenotípica.

Mas por que essa invasão pode gerar a perda de espécies nativas?

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Para entendermos por que isso ocorre, devemos recorrer a conceitos e fundamentos básicos de Ecologia.
Comecemos pelo nicho. Por definição, o nicho é o papel funcional ou local de uma espécie dentro de um
ecossistema. Incluem-se nesse processo:

As interações com outros organismos.


O seu habitat.
O seu ciclo de vida.
As condições ambientais às quais a espécie está adaptada.

Pandas gigantes em seu habitat.

Dentro de um habitat, existe um número limitado de nichos. Quando todas as possibilidades de nicho são
exploradas, não há espaço para mais espécies nesse habitat.

Quando espécies muito semelhantes ocorrem juntas, com uma sobreposição de seus nichos, é possível que
elas não possam coexistir devido ao princípio da exclusão competitiva. Examinemos a analogia do exemplo
a seguir para entendermos seu conceito:

Exemplo
Uma rua comercial tem um padeiro. Algum tempo depois, um novo padeiro chega à cidade e resolve abrir
uma padaria nessa rua. Até certo ponto, os dois podem contornar a concorrência direta se especializando.
Enquanto um foca a produção de pães salgados, o outro investe nos doces. Dessa forma, ambos dividem os
clientes da região.

Os nichos, neste contexto, podem ser compreendidos como:

Nicho fundamental
Na Ecologia, é o nicho de um organismo em condições ideais, na ausência de quaisquer restrições externas
( o que seria equivalente à profissão dos padeiros).

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Nicho realizado
É a gama mais estreita de condições que o organismo pode explorar, levando em consideração seus
competidores, predadores e outros fatores (o que seria equivalente à especialização dos padeiros em pães
salgados e pães doces).

Agora, imaginemos um cenário no qual os padeiros decidam vender os mesmos produtos. Você acha que
os dois estabelecimentos conseguiriam manter suas atividades? Dificilmente, não é mesmo? Há grandes
chances de que um deles não consiga suportar a concorrência, tendo de fechar sua padaria.

A alta sobreposição de nichos indica uma forte competição, o que pode levar a uma competição exclusiva.

Da mesma forma se dá a exclusão competitiva: quando as espécies exibem um alto grau de sobreposição
de seus nichos realizados, a que for mais eficiente na exploração dos recursos disponíveis excluirá
competitivamente a outra espécie com quem compete.

A exclusão competitiva pode levar à extinção local de uma espécie. Considerando as


características das espécies invasoras já abordadas, as chances de elas serem
competidoras superiores em relação a alguma espécie nativa com a qual seu nicho se
sobrepõe é grande. Caso isso ocorra, a nativa, por ser menos competitiva, se tornará
localmente extinta.

Conforme a distribuição espacial da espécie invasora vai aumentando, de modo que ela vai sendo
introduzida em novos locais, mais casos de extinção local da espécie nativa acontecerão até que ela se
torne completamente extinta.

Saiba mais
A competição exclusiva não é o único meio pelo qual as espécies invasoras podem provocar a perda das
espécies nativas nos seus locais de recebimento, pois isto ainda pode ser feito de forma direta. Porcos
selvagens e vespas gigantes asiáticas são exemplos de invasoras que atacam diretamente as espécies
nativas. Ainda há outros casos em que as espécies invasoras podem transmitir doenças e parasitas que se
espalham para as espécies nativas.

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Vespas gigantes asiáticas


Em 2019, a vespa gigante asiática foi considerada uma espécie invasora na América do Norte.

Vespa gigante asiática.

Como lidamos com as espécies


invasoras?
Infelizmente, nem sempre é possível combater as espécies invasoras, e seus impactos tendem sempre a se
agravar com o tempo. O combate a elas se trata de um processo longo e complexo, muitas vezes não
fornecendo os resultados esperados – especialmente quando ocorre a introdução de uma nova espécie
exótica na tentativa de controlar as populações da invasora, conforme relatamos no caso abaixo.

A praga de sapos na Austrália expand_more

Em 1930, na Austrália, os canaviais do país vinham sofrendo com uma praga de besouros. Em vez de
optar pelo uso de inseticidas, os fazendeiros decidiram aplicar um controle biológico, utilizando o
sapo-cururu (Rhinella marina) para comer os insetos.

Cinco anos depois, 102 sapos foram enviados de Porto Rico para a Austrália a fim de cumprir sua
empreitada. Contudo, em vez de comer os besouros nos canaviais, os sapos se afastaram desses
campos de cultivo. Resultado: após ter se espalhado pelo território australiano, essa espécie possui
agora a incrível marca de 1,5 bilhão de indivíduos.

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Devido às toxinas que o sapo-cururu possui, nenhuma espécie nativa é capaz de servir como
predador dele e, com isso, controlar as suas populações. Por isso, ele consta entre as 100 principais
espécies invasoras do mundo.

Na Austrália, a morte desses sapos é incentivada, ainda que sejam seguidos os princípios de bem-
estar animal. Atualmente, mais de 20 milhões de dólares australianos foram gastos na tentativa de
controlar a propagação do sapo-cururu.

A história contabiliza inúmeras tentativas malsucedidas de se controlar biologicamente as espécies


exóticas em vários países. Até hoje existe um gasto massivo de recursos financeiros para o controle das
espécies invasoras ao redor do mundo – e se espera que tais gastos aumentem ainda mais nas próximas
décadas.

Estudos mostram que, no Reino Unido, há um gasto aproximado de 1,7 bilhão de libras por ano para
controlar as espécies invasoras e seus efeitos negativos sobre os ecossistemas e as espécies nativas.

Atenção
A melhor medida para o controle das invasões biológicas ainda é a prevenção. Quando ela não é mais uma
alternativa, ou seja, quando a invasão já tiver ocorrido, pode-se recorrer à erradicação da espécie invasora.

Na tentativa de minimizar os impactos ecológicos e econômicos gerados pelas invasões biológicas, foram
criados programas e convenções internacionais, nacionais e até mesmo regionais:

Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de
Extinção (CITES).
Recomendações da IUCN para a prevenção da perda de biodiversidade causada por espécies invasoras.
Convenção Internacional sobre a Proteção de Plantas (IPPC).
Capítulo 11 da Agenda 21.

Saiba mais
No Brasil, foi criado, em 2005, o Informe Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras. Seu objetivo é
sistematizar e divulgar as informações geradas sobre o assunto, iniciando o enfrentamento do problema.

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video_library
Aedes aegypti:como ele veio
parar aqui?
Neste vídeo, a especialista comenta sobre como o processo de introdução do Aedes aegypti, vetor de
doenças como a dengue, febre amarela, zika e chikungunya, culminou em um grande problema de saúde
pública.

O papel da biodiversidade contra


as invasões biológicas
Uma hipótese ecológica sugere que, em comunidades mais diversas que preencham grande parte dos
nichos acessíveis, os recursos disponíveis em um ecossistema tendem a ser utilizados de forma mais
eficiente. Nesses casos, a tendência é que tais comunidades sejam mais resistentes a uma invasão (ou
menos “invasíveis”).

Contudo, ainda há muitos estudos a serem feitos. Além disso, alguns cientistas argumentam justamente o
contrário: comunidades mais diversas são menos resistentes a uma invasão. De acordo com eles, um dos
motivos de uma comunidade ser diversa, atualmente, é porque, em alguns momentos do passado, ela foi
“invadida” por novas espécies; assim, para permanecer com tais características, ela precisa continuar sendo
“invasível”.

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Apesar de ainda não haver nenhum consenso sobre esse tópico, é importante que você tenha em mente o
seguinte: a biodiversidade é capaz de tornar as comunidades menos vulneráveis à invasão – e tal
característica pode ser mais um dos vários motivos que justificam nosso dever de preservá-la.

Falta pouco para atingir seus


objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

Uma determinada espécie que ocorre fora de sua área natural por consequência de ações humanas é
uma:

A Espécie nativa.

B Espécie natural.

C Espécie exótica.

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D Espécie invasora.

E Espécie simbiótica.

Parabéns! A alternativa C está correta.


As espécies exóticas são consideradas não nativas, ocorrendo fora de sua área de distribuição natural.
Isso se dá devido às ações humanas, que acabam as transportando para novos locais de forma
intencional ou acidentalmente. Por exemplo, a prática do uso de água de lastro nos navios pode
culminar no transporte de espécies marinhas de um local para o outro, onde estas espécies não
ocorriam naturalmente. Já as nativas são aquelas que ocorrem e persistem em uma área apenas como
o resultado de processos naturais.

Questão 2

Assinale um dos motivos pelos quais as populações de sapo-cururu cresceram tão rapidamente na
Austrália a partir de sua introdução em 1930.

A A espécie de sapo manteve os ecossistemas em equilíbrio.

B A espécie de sapo era presa de muitos animais.

C A espécie de sapo não possuía predadores.

D A espécie de sapo era nativa da área.

Foram construídos caminhos para permitir sua passagem segura de um habitat para
E
outro.

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Parabéns! A alternativa C está correta.


O sapo-cururu (Rhinella marina) foi introduzido na Austrália para controlar a população de besouros nos
canaviais. Contudo, essa ação fugiu ao controle humano. Com isso, os sapos se espalharam pelo
território australiano, chegando à contagem de cerca de 1,5 bilhão de indivíduos. Isso ocorreu pelo fato
de nenhuma espécie nativa ter sido capaz de predá-lo e, assim, realizar o controle das suas populações.

3 - As rodovias e os processos
ecológicos
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer
a influência das rodovias sobre os processos
ecológicos.

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A influência das rodovias na


vida silvestre
As estradas são um elemento crítico do desenvolvimento socioeconômico. A rede rodoviária mundial se
estende por cerca de 32 milhões de quilômetros — e ainda é projetado o aumento de mais 25 milhões de
quilômetros globalmente até 2050. Por conta da extensão das rodovias, sua construção é considerada pelos
cientistas uma das mudanças ambientais que mais causou alterações e impactos expressivos sobre os
ecossistemas naturais.

Distribuição das maiores rodovias ao redor do mundo.

A maioria das estradas foi construída antes mesmo do surgimento e da disseminação da Ecologia enquanto
ciência. Como consequência disso, grande parte delas foi planejada e construída sem que se levasse em
consideração o ambiente natural ao seu redor e a vida silvestre. Sabemos, afinal, que as rodovias causam
efeitos significativos e amplamente difundidos nos sistemas naturais.

Foto aérea de uma rodovia que corta uma floresta temperada.

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A ecologia de estradas
A ecologia de estradas é o ramo da Ecologia que se dedica ao estudo dos efeitos ecológicos, sejam eles
positivos ou negativos, das estradas e do tráfego de veículos sobre os componentes bióticos e abióticos de
um ecossistema. Enquanto ciência, a ecologia de rodovias ainda é muito recente: sua origem remonta ao
ano de 2003, quando foi lançado o primeiro livro sobre o tema.

Em 1970, os biólogos ao redor do mundo começaram a registrar e a divulgar os efeitos negativos das
rodovias sobre a vida animal, revelando principalmente o papel delas como barreiras à sua movimentação. A
partir dessa época, a atenção dos cientistas sobre o assunto foi se tornando crescente.

Comentário
Estudos mostram que as rodovias e o tráfego de veículos têm consequências numerosas e diversas — e
principalmente negativas — para a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas.

Tendo isso em vista, reconheceremos e aprenderemos um pouco mais sobre os principais efeitos das
rodovias e do tráfego de veículos sobre a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas a seguir:

Rodovias como barreira e fonte


de mortalidade
A construção de estradas e rodovias oferece diversas ameças aos ecossistemas em seu entorno.
Enumeraremos como isto ocorre através das principais consequências desta ação.

Fragmentação e degradação do habitat


Ocorrem quando uma parte de um habitat é particionada em porções de habitat menores, ficando isoladas
umas das outras por uma matriz de habitats diferente do original. A fragmentação e a degradação são
causadas principalmente por uma série de atividades humanas – especialmente aquelas relacionadas às
mudanças no uso do solo.

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Exemplo
Construção de estradas e de outras infraestruturas lineares, como ferrovias e dutos.

Essa fragmentação transforma espacialmente a paisagem e afeta as interações entre as espécies. Entre
suas consequências, podemos destacar a redução da biodiversidade e o comprometimento das populações
remanescentes.

Esquema de fragmentação de habitat.

Associada à fragmentação de habitat, a perda da biodiversidade se dá por intermédio de mudanças nas


condições ambientais do fragmento em relação às condições ambientais originais – ou seja, à degradação
do habitat. O conjunto das condições ambientais que ocorre devido à fragmentação de um ecossistema
terrestre é chamado de efeito de borda. Para entender esse efeito, leia o seguinte exemplo:

Um significativo fragmento de floresta passa a ser cortado por uma grande rodovia. A abertura da clareira
para a construção da rodovia faz com que haja uma maior incidência de luz solar no local.

Essa incidência, por sua vez, aumenta a temperatura do solo e reduz a umidade do ar; desse modo, o local
onde existe a clareira passa a ser menos úmido. De maneira simultânea, a vegetação que passa a estar na
borda do fragmento se torna mais exposta ao vento, sofrendo mais riscos de queda.

A queda das árvores em decorrência da ação do vento é extremamente problemática. Afinal, quanto mais
árvores caem, menos o fragmento se recupera, e o efeito de borda se intensifica com as reduções no
tamanho do fragmento.

Exposição das árvores da borda do fragmento sob condições ambientais muito distintas das originais.

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Com as modificações geradas pelo efeito de borda, os animais também são afetados. Devido às mudanças
nas características do habitat original, existe a possibilidade de os fragmentos serem utilizados por
espécies diferentes daquelas originalmente presentes.

Exemplo
Uma espécie característica de uma floresta densa pode não ter no fragmento um habitat adequado. Por
outro lado, uma espécie característica de campos pode passar a utilizar o fragmento.

Uma vez estabelecida a rodovia, sua força como barreira, promovendo o isolamento do fragmento, será
específica do local e da espécie.

Tráfego em uma rodovia

Esta força enquanto barreira certamente é dependente do volume de tráfego: quanto mais intenso ele for,
maior será o desencorajamento das espécies em deixar o fragmento. Consequentemente, seu isolamento
também vai aumentar.

Saiba mais
A fragmentação do habitat não se restringe ao ambiente terrestre, pois a construção de rodovias em
ambientes aquáticos, como os riachos, pode afetar o movimento dos animais, isolando e dividindo
populações da mesma forma.

O isolamento das espécies ainda compromete a viabilidade das populações remanescentes no fragmento.
Em um fragmento cercado por rodovias, por exemplo, podemos considerar que a chance de um indivíduo
deixar esse local é bastante reduzida, não é mesmo?

Por não poderem se deslocar livremente, as espécies de animais têm seu potencial de
dispersão reduzido, ou seja, suas chances de se fixar em um local novo, diferente
daquele onde seus progenitores habitavam, ficam reduzidas.

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Espécie que se desenvolveu próximo a rodovias.

Apesar de ser mais fácil de pensar nos casos com animais, a mesma lógica também é válida para as
plantas. Mas será que as sementes conseguem ser transportadas pelo vento a uma distância suficiente
para cruzar as rodovias, por exemplo?

Como consequência dessa dificuldade, o isolamento de uma subpopulação a determinado local aumenta as
chances de ocorrência de endocruzamento, ou seja, o acasalamento entre indivíduos que são parentes
próximos.

Na ausência do isolamento geográfico em uma grande floresta contínua, por exemplo, os animais e as
plantas possuem estratégias para que não ocorra o acasalamento entre os parentes (ou a autopolinização).
Porém, quando se trata de uma população pequena, isolada do contato com as de outros locais, perde-se o
fluxo genético com outras populações. Resultado: nenhum outro tipo de acasalamento, que não seja entre
parentes próximos, é possível. Nessas circunstâncias, pode haver uma redução na densidade populacional
pela:

Diminuição no número da prole gerada e geração de proles fracas ou estéreis em curto prazo.

Perda da variabilidade genética da população em longo prazo.

A variabilidade genética permite que as populações se adaptem a um ambiente em transformação. Quando


tal variabilidade é reduzida, a habilidade de uma população lidar em longo prazo com as mudanças

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ambientais, como poluição, novas doenças e mudanças climáticas, é comprometida – e isso, em última
instância, pode levar uma espécie à extinção.

Atropelamento de animais silvestres


O atropelamento de animais silvestres ocorre pelo fato de muitas rodovias cortarem o habitat de diversas
espécies, interferindo em seus deslocamentos naturais. Soma-se a isso a disponibilidade de alimento ao
longo da rodovia, que funciona como um atrativo para os animais.

As rodovias estão próximas ao habitat de muitas espécies.

Saiba mais
De acordo com o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), 1,3 milhão de animais
morrem diariamente. A cada ano, até 475 milhões de animais selvagens são atropelados no Brasil.

A maioria dos animais mortos por atropelamento é de pequenos vertebrados, como sapos, pássaros e
cobras. Em seguida, vêm os de médio (por exemplo, lebres, gambás e macacos) e grande porte (pumas,
lobos-guará e onças-pintadas). Os grupos mais atingidos pelos atropelamentos tendem a variar bastante de
acordo com as regiões onde eles ocorrem.

Exemplo
Em Goiás, os mamíferos representam 74,21% da vida selvagem atropelada. Já na Costa Rica, os anfíbios
compõem a grande maioria: cerca de 93,5% dos atropelamentos.

Possivelmente, essa variação nos taxa mais atingidos é um reflexo das próprias diferenças existentes nas
comunidades animais de cada local e do ecossistema em que a rodovia se situa.

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Atropelamento de onça-parda (Puma concolor) na BR-040, em Simão Pereira/MG.

Independentemente do grupo mais atingido, o fato é que colisões com veículos podem ter consequências
negativas na diversidade genética de populações de fauna silvestre, principalmente aquelas ameaçadas de
extinção ou as que habitam áreas de preservação ambiental cortadas por estradas.

Poluição
Os cientistas estimam que cerca de 20% da superfície da Terra sofre com o resultado das diversas formas
de poluição associadas às rodovias.

Essas formas compreendem:

Poluição do ar gerada por veículo em rodovia.

Luz.
Ruído.
Vibração.
Sal de degelo (nos países onde neva).
Metais.
Herbicidas.
Emissões do escapamento dos veículos, como, por exemplo, óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de
carbono (CO) e partículas.

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Muitos desses poluentes são depositados perto das rodovias. Os metais provenientes dos veículos e da
superfície das estradas são encontrados principalmente numa faixa de 15 metros do solo. Já outros são de
maior alcance, estando presentes em altas concentrações no ar, mesmo a centenas de metros de distância
das rodovias.

Devido a essa abrangência espacial, a poluição do ar é considerada uma das principais alterações
ambientais causadas pela implantação de rodovias, causando problemas de saúde pública e a
contaminação dos ecossistemas naturais.

Comentário
Se você já morou ou mora perto de uma rodovia, conhece bem a chamada “poeira de asfalto”, uma poeira
preta gerada pelo tráfego de veículos em rodovias.

video_library
E quando o sal chega ao rio?
Neste vídeo, falamos sobre a utilização do sal no degelo de rodovias nos países onde ocorre neve e como
esta prática pode afetar as características dos ambientes de água doce em suas proximidades.

Introdução de espécies exóticas


O trânsito de humanos e as mudanças no uso do solo para o desenvolvimento de atividades antrópicas
fazem com que as rodovias funcionem como canais facilitadores da introdução e da disseminação de
espécies exóticas. Desse modo, as rodovias são reconhecidamente os principais fatores causais no
sucesso da invasão de floras e faunas exóticas.

As espécies exóticas de plantas e animais que costumam ter seus respectivos estabelecimentos facilitados
pelas rodovias são aquelas generalistas, capazes de tolerar condições ecológicas extremamente variáveis.

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Trata-se justamente do caso das condições encontradas à beira de estradas.

Vegetação estabelecida à beira de uma estrada.

As plantas exóticas podem ser introduzidas à beira das estradas para fins paisagísticos. Os próprios
veículos também podem dispersar sementes e propágulos. Quando alcançam esses locais, as espécies
exóticas encontram luz abundante, pouca competição por água e nutrientes.

Associada aos eficientes mecanismos de dispersão e à alta contiguidade das margens das estradas, as
quais se estendem por centenas de quilômetros ininterruptos, a disponibilidade desses recursos limitantes
torna as margens das estradas espaços altamente invasíveis.

Vejamos agora um exemplo emblemático disso no caso dos animais:

As formigas-de-fogo americanas expand_more

As formigas-de-fogo (Solenopsis invicta) foram acidentalmente introduzidas no Alabama, nos EUA,


na década de 1930. Essa espécie se espalhou rapidamente pelo sudeste do país, ameaçando muitas
espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção.

Apesar de essas formigas serem encontradas em todos os tipos de habitat, os cientistas


perceberam que elas eram mais frequentemente encontradas nas proximidades de estradas. Eles
argumentam que as margens das estradas forneciam não só um habitat para a espécie em questão,

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mas também atuavam como um refúgio e uma fonte de dispersores para os fragmentos florestais
mais próximos.

Estratégias para minimizar os impactos


negativos das rodovias
Na construção de novas rodovias, é necessário que os impactos ambientais do empreendimento sejam
avaliados em todas as fases do projeto, desde o planejamento até a operação. Já as rodovias antigas que
estejam em operação precisam de uma adequação, compensando o impacto ambiental gerado para evitar a
perda de biodiversidade no local e/ou na região.

Para minimizar os efeitos ecológicos negativos das rodovias sobre os ecossistemas, é preciso torná-las
essencialmente permeáveis ao movimento dos animais. Também devem ser utilizadas estratégias para
evitar o atropelamento deles e facilitar sua travessia. Ainda há outros estratagemas mais avançados,
incluindo até reflorestamento e isolamento acústico.

Isolamento acústico usado em rodovias.

A modificação do habitat, incluindo a fragmentação, pode ser mitigada por meio do fornecimento de
conexões diretas entre os habitats isolados com estruturas de travessia de vida selvagem ou passagens de
fauna. Ao mesmo tempo, devem ser adotadas medidas que busquem melhorar a segurança rodoviária e
reduzir a morte de animais por atropelamento.

As estruturas de travessia da vida selvagem reduzem o efeito da rodovia, funcionando como uma barreira à
movimentação dos animais. Elas podem ser de diferentes tipos:

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Estrutura de travessia da vida selvagem em uma rodovia na Suíça.

Estrutura de travessia para anfíbios sob a rodovia.

Para que a estrutura de travessia da vida selvagem seja eficiente, é preciso haver habitats adequados para
as espécies nos dois lados dela. Além disso, deve existir uma cobertura vegetal perto das entradas destas
estruturas para dar segurança aos animais e reduzir os efeitos negativos da iluminação e do barulho dos
carros.

Os organismos aquáticos também podem sofrer com os efeitos da fragmentação do habitat. Por conta
disso, alternativas para mitigá-los devem ser consideradas. Observe abaixo a transformação feita sob uma
estrada construída acima de um riacho para recuperar o fluxo de animais dele:

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Um bueiro sob uma estrada inviabiliza o fluxo de organismos ao longo do riacho.

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Após uma obra, a adequação da passagem possibilita o fluxo do riacho e, consequentemente, de


organismos aquáticos sob a estrada.

Falta pouco para atingir seus


objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

A principal causa da fragmentação de habitat é:

A A inundação de rios.

B O deslizamento de solo.

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C O efeito de borda.

D A atividade humana.

E A poluição.

Parabéns! A alternativa D está correta.


A atividade humana é a principal causa da fragmentação de habitat. Essa fragmentação ocorre quando
o ambiente natural é fragmentado em partes menores e desconectadas entre si, ou seja, partes
isoladas umas das outras. Ela pode ser causada por diversas ações, entre elas a construção de
estradas.

Questão 2

A construção de rodovias pode ter como consequências a fragmentação do habitat natural e o bloqueio
da movimentação de animais. Para mitigar esse problema, são construídas as seguintes passagens de
fauna:

A Estradas madeireiras em habitats selvagens.

B Bordas de habitats com biodiversidade limitada.

C Estradas compartilhadas por humanos e animais.

D Estradas asfaltadas e lineares construídas em habitats selvagens.

E Caminhos construídos para permitir a passagem segura de um habitat para o outro.

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Parabéns! A alternativa E está correta.


Os efeitos ecológicos negativos das rodovias sobre os ecossistemas podem ser minimizados ao torná-
las permeáveis ao movimento dos animais. Tendo isso em vista, são utilizadas estratégias para evitar
atropelamento e facilitar a travessia. A fragmentação do habitat, por exemplo, pode ser mitigada por
meio do fornecimento de conexões diretas entre habitats isolados chamadas de passagens de fauna.

4 - O uso do solo e as bacias


hidrográficas
Ao final deste módulo, você será capaz de relacionar
o uso do solo com a dinâmica de bacias hidrográficas.

Bacia hidrográfica ou de
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drenagem
Por definição, a bacia hidrográfica ou de drenagem é a área onde, devido ao relevo e à geografia, a
precipitação se acumula e escoa para um rio principal e seus afluentes localizados em pontos mais baixos
na paisagem. Sendo assim, uma bacia hidrográfica ou bacia de drenagem compreende uma porção da
paisagem drenada ou percorrida por um rio principal e seus afluentes.

Uma bacia hidrográfica se separa das demais devido à alguma formação do relevo – geralmente, elevações
do terreno. Se pensarmos em uma montanha, por exemplo, essa forma do relevo conduz a água da chuva
que cai sobre ela para lados diferentes, certo?

Esquema de uma bacia hidrográfica ou de drenagem, ressaltando as terminologias utilizadas para seu estudo.

Fatores que influenciam a


entrada e a saída de água de uma
bacia
Em uma bacia hidrográfica, a entrada e a saída de água podem ser quantificadas. A entrada de água vem da
precipitação, isto é, o volume de água que cai sobre a região da bacia na forma de chuva; e a saída, é o
volume de água que flui pelos rios.

A relação entre o volume de água que entra na bacia hidrográfica através da precipitação e aquele perdido
graças ao escoamento fornece uma informação sobre:

O comportamento da bacia.
A saúde de seus ecossistemas.

Para ilustrarmos essa relação, vamos supor que haja uma bacia em uma região onde chove muito, mas o
escoamento de seus rios está muito baixo. Com base nessas informações, podemos conjecturar que algo

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errado está acontecendo:

Existem muitos represamentos dos rios dessa bacia?

Estão sendo feitos desvios nos cursos d’água para suprir a demanda de alguma atividade econômica, tal
como irrigação?

Como já demos uma pista no exemplo anterior, diversos fatores (naturais e antropogênicos) podem
influenciar a entrada e a saída de água das bacias hidrográficas. Em condições naturais, a maior parte da
precipitação que cai sobre a área dessas bacias é retida por meio de três processos:

Interceptação

Consiste na retenção da água da chuva antes mesmo que ela atinja o solo, podendo se dar sob a ação
das folhas das árvores ou pelo armazenamento em depressões impermeáveis, como buracos em
árvores ou rochas.

Infiltração

A penetração da água no solo é um fenômeno fundamental para:

O crescimento da vegetação.
O abastecimento dos aquíferos (formação geológica que armazena água subterrânea).
A manutenção do fluxo de água dos rios.
A redução do escoamento de água sobre o solo, o que reduz as chances de ocorrência de cheia e
erosão.

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Evaporação

Volume de água que evapora do solo e dos ambientes aquáticos, a evaporação pode ser afetada por:

Temperatura e umidade relativa do ar.


Incidência de radiação solar.
Velocidade do vento.

O quanto cada um desses processos influencia a entrada e a saída de água de uma bacia hidrográfica
depende das características do local em que ela se encontra, como a latitude, o clima e o bioma, bem como
dos impactos das atividades antropogênicas aos quais ela está sujeita.

Interceptação da água da chuva pelas folhas da vegetação.

Armazenamento de água em buracos de árvores.

A infiltração da água da chuva no solo é diretamente proporcional à cobertura vegetal


que ele abriga. Quanto mais árvores estão presentes em determinada área de solo,
menor é o escoamento de água sobre ele.

Por isso, as bacias hidrográficas com grandes áreas de mata nativa têm mais capacidade de absorver e
reter água no solo. Por outro lado, as alterações na cobertura vegetal podem afetar esses processos.
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As áreas de cultivo agrícola e pastagem podem ter áreas de solo exposto. Por isso, as bacias hidrográficas
de tais regiões podem registrar um aumento de suas perdas por evaporação direta da água a partir do solo.
Além disso, as áreas de cultivo agrícola e pastagem apresentam cobertura vegetal com densidade de
indivíduos bem inferior à vegetação nativa, fazendo com que a interceptação da água da chuva pelas folhas
da vegetação não seja tão eficiente.

Observe o contraste da área de solo exposto em uma floresta tropical e de um cultivo agrícola tradicional.

Floresta tropical

close

Cultivo agrícola tradicional

Já nas cidades, a impermeabilização do solo constitui o grande problema. Quando realizada em pavimentos,
calçadas e telhados, impede a infiltração da água no solo. Desse modo, sua única alternativa é o
escoamento superficial. A água da chuva, portanto, escorre superficialmente, sendo encaminhada para as
redes de drenagem urbana, as quais, por sua vez, concentram o volume de água nos principais rios da
cidade.

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A impermeabilização de uma rua asfaltada e o escoamento superficial da água da chuva.

Devido a essas e outras alterações, a disponibilidade de água para o consumo humano


tem sido constantemente reduzida em diferentes partes do mundo.

Para lidar com a crescente demanda por água e a redução da disponibilidade desse recurso na forma
potável, pesquisadores, agências governamentais e não governamentais, bem como a sociedade civil, têm
se empenhado em desenvolver e utilizar abordagens para monitorar e regular os impactos das ações
humanas sobre as bacias hidrográficas. Entre elas, destaca-se a utilização do sensoriamento remoto.

Importância do sensoriamento
remoto nos estudos de bacias
hidrográficas

O que é sensoriamento remoto?


Trata-se da aquisição de informações sobre a superfície da Terra, seja ela terrestre ou aquática, com base
na energia eletromagnética refletida ou emitida. Para isso, sensores fixados em uma plataforma detectam e
registram a energia de áreas-alvo no campo de visão do instrumento dos sensores.

O sensoriamento remoto é um dos muitos métodos de aquisição de dados para o sistema de informação
geográfica (SIG).

O SIG é um sistema computadorizado de software, hardware e pessoas que envolve a


aquisição de dados, o armazenamento, a manipulação, a análise, a recuperação e a
apresentação de informações destinadas a resolver um problema de localização
referenciado.
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As áreas de aplicação de sensoriamento remoto incluem:

Agricultura.
Monitoramento e mitigação de desastres.
Levantamento e planejamento urbano.
Gestão de recursos hídricos.

Um dos muitos métodos


Outros métodos incluem os levantamentos terrestres e sociais e as extensas análises de campo e laboratório.

Esquema sobre a aquisição de dados com o sensoriamento remoto.

Sensoriamento remoto em estudos


ecológicos
Antes da era dos satélites, os estudos ecológicos eram feitos basicamente pela observação de
ecossistemas, comunidades, populações e indivíduos.

Antes do sensoriamento, o solo era estudado através de visita ao local de estudo.

Já os estudos sobre o uso do solo de determinado local eram conduzidos essencialmente pela visita a tais
locais. Esse tipo de abordagem inviabilizava o estudo simultâneo de grandes áreas (por exemplo, de
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abrangência regional ou nacional) em um curto intervalo de tempo.

Quando os ecólogos, no entanto, começaram a usar dados de sensoriamento remoto, a derivação dos
parâmetros ambientais para processos ecológicos em grandes áreas geográficas tornou-se possível. Esse
sensoriamento, assim, se tornou uma ferramenta extremamente útil na Ecologia.

Como vimos, os usos do solo, como em cidades, áreas agricultáveis e florestas, podem ter influência direta
sobre a dinâmica de uma bacia de drenagem. Considerando que as áreas das bacias hidrográficas do
mundo variam de 682km² a 7.000.000km², o sensoriamento remoto representa uma ferramenta valiosa para
os estudos nessa área.

Mapa da bacia hidrográfica do Rio Amazonas, a maior bacia hidrográfica do mundo.

Sensoriamento remoto aplicado ao


estudo de bacias hidrográficas
O uso de sensoriamento remoto tem se mostrado eficaz no estudo de bacias hidrográficas para os
seguintes propósitos:

Avaliar as mudanças no uso do solo no passado e no presente e prever as futuras.

Avaliar a magnitude e a taxa em que essas mudanças estão ocorrendo.

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Caracterizar espacialmente os padrões de mudança e apontar os locais por ela ameaçados.

Identificar os fatores biológicos, físicos e socioeconômicos que estão impulsionando essas


mudanças.

Com os resultados gerados para atender a cada um desses propósitos, é possível fornecer informações de
apoio à decisão para a priorização de áreas de conservação em bacias hidrográficas, bem como à gestão
dos recursos naturais. Além das informações relacionadas ao uso do solo, o sensoriamento remoto ainda
pode fornecer informações básicas relacionadas à morfometria de rios e riachos presentes em uma bacia.
Das medidas morfométricas, podemos citar como primeira a ser considerada a ordem do rio. Ela se refere a
um número atribuído a cada um de seus níveis. A ordem 1, por exemplo, é atribuída aos menores riachos
sem tributários a montante.

Morfometria
Medidas relacionadas à forma.

Tributários
Afluentes.

A montante
Desde a nascente.

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Esquema demostrando a ordem dos riachos em uma sub-bacia hidrográfica.

Quando dois riachos de ordem 1 se encontram, forma-se um riacho de ordem 2. Em uma bacia hidrográfica,
há muitos corpos d’água de baixa ordem e poucos de ordem alta.

video_library
O que a ordem de um rio nos diz
sobre seus processos ecológicos?
Neste vídeo, a especialista comenta sobre como a ordem dos rios resume uma série de características e
processos ecológicos que acontecem nos ecossistemas lóticos, recorrendo ao conceito do rio contínuo.

Falta pouco para atingir seus


objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

Uma bacia de drenagem pode ser definida como:

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A O topo de montanhas que circundam os rios.

B A área da paisagem drenada por um rio principal.

C A água que escoa pelo relevo durante o período chuvoso.

D A área da paisagem drenada pela seca dos rios.

E O topo de montanhas que conduzem a água até o rio.

Parabéns! A alternativa B está correta.


A bacia hidrográfica compreende a área onde a precipitação se acumula e drena para um rio principal e
seus afluentes (geralmente localizados nos pontos mais baixos do relevo). Em outras palavras, a bacia
hidrográfica é a porção da paisagem drenada ou percorrida por esse rio e seus afluentes.

Questão 2

O que é o sensoriamento remoto?

Um método de coleta de dados sobre um objeto ou local sem fazer contato físico com
A
ele.

B Um método de coleta de dados sobre um objeto ou local ao fazer contato físico com ele.

Um método de coleta de dados sobre um objeto ou local, enviando a radiação


C
eletromagnética em sua direção.

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D Um método de coleta de dados sobre um objeto ou local por meio das imagens dele.

Um método de coleta de dados sobre um objeto ou local, enviando partículas em sua


E
direção.

Parabéns! A alternativa C está correta.


O sensoriamento remoto é um método de monitoramento da superfície da Terra, seja ela terrestre ou
aquática, baseado em energia eletromagnética refletida ou emitida. Ele funciona graças a sensores que
detectam e registram a energia de áreas-alvo, permitindo a aquisição de imagem e informações
variadas dessas áreas.

Considerações finais
Como vimos, os seres humanos têm mudado o mundo de variadas formas. Desse modo, a Ecologia passou
a incorporar estudos que analisam como nossas atividades vêm afetando os processos ecológicos. Em
contrapartida, conforme pontuamos, a Ecologia passou a oferecer, com base no conhecimento científico,
algumas soluções para que tais potenciais efeitos negativos fossem minimizados, como a agroecologia e a
construção de rodovias amigáveis à vida silvestre.

Também abordamos neste material conteúdos centrados nas consequências de atividades que modificam o
uso do solo, removendo a vegetação nativa. Salientamos ainda que, além dessa modificação, a agricultura
tradicional e o estabelecimento de rodovias e de estradas para o nosso deslocamento podem contribuir para
a introdução de espécies exóticas e a alteração da dinâmica das bacias hidrográficas.

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headset
Podcast
Antes de finalizarmos, ouça este podcast no qual discutimos a utilização da agroecologia como principal
método de produção, além de refletirmos sobre sua capacidade de fornecimento de alimentos à população
mundial.

Referências
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New York: Springer, 2008.

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regeneration of secondary forest stands. Integrating landscapes: agroforestry for biodiversity conservation
and food sovereignty. p. 179-209. 2017.

Explore +
Para conhecer um pouco mais sobre as agroflorestas, através da experiência e o relato pessoal dos
agricultores, assista ao vídeo: No correr das águas agroflorestas - episódio 4. Permacultube.

Assista ao vídeo: A luta da Etiópia para salvar maior lago do país de espécie invasora originária do Brasil.
BBC News Brasil. Publicado em: 19 fev. 2018. Saiba como o Lago Tana, localizado na Etiópia, sofre com a
invasão de uma planta aquática nativa do Brasil e de outros países da América do Sul (que muitos de nós
conhecemos como aguapé).

Se você se interessou pelo estudo das bacias hidrográficas, e quer conhecer um pouco mais sobre os
fundamentos dessa área do conhecimento, leia:

AMÉRICO-PINHEIRO, J. H.; BENINI, S. M. (Org.). Bacias hidrográficas: fundamentos e aplicações. 1. ed. Tupã:
Anap, 2018.

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