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no Brasil
Mello, Mauricio E.
SST Planejamentos no Brasil / Mauricio E. Mello
Ano: 2020
nº de p.: 13
Apresentação
Os anos de 1930 foram fundamentais na mudança de modelo que era vigente
no Brasil. Marcado por uma economia totalmente voltada para a agricultura,
predominantemente o café e o leite, e com o poder político polarizado entre São
Paulo e Minas Gerais, a quebra da bolsa de valores de Nova York e a crise que se
instalou no mundo contribuíram para uma mudança no Brasil.
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O autor destaca que, ainda que o processo do planejamento seja contínuo e
dinâmico e resulte das necessidades citadas anteriormente, existe uma tendência
natural à elaboração de planos, programas e projetos com prazo determinado.
Reflita
Na sua opinião, todo governo planeja e executa suas próprias
políticas públicas?
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
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Congresso Nacional de Brasília
O plano de metas ainda não se constituía em um plano de ação global, mas sim em
uma seleção de projetos prioritários; porém, com uma visão mais audaciosa do que
os planos elaborados até o momento, impulsionando uma cooperação mais estreita
entre os setores público e privado.
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Para Almeida (2006), o plano de metas de JK teve um sucesso visível. Já o Plano
Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, elaborado por Celso Furtado, que
presidiu a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE)) na Gestão
JK, não teve o mesmo desfecho.
O plano trienal fora desenvolvido para subsidiar a ação econômica do governo João
Goulart entre 1963 e 1965 e sofreu com a turbulenta conjuntura que o Brasil viveu
na época, tanto econômica quanto politicamente. No campo econômico, o plano
sofreu com o processo inflacionário, não conseguindo retomar o crescimento do
plano anterior, por volta de 7% ao ano. O plano previa algumas reformas de base
nas áreas administrativa, bancária, fiscal e agrária e um reescalonamento da dívida
externa.
Almeida (2006) destaca que o Plano não teve êxito em eliminar a inflação e
promover o desenvolvimento. Contudo, no plano institucional, foi criada a
Associação Nacional de Programação Econômica e Social (Anpes), que tinha
por finalidade a realização de estudos para a elaboração de planos para novos
governos, abrindo caminho para um desenvolvimento racional das estruturas de
planejamento governamental no Brasil.
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Segundo o autor, o PAEG proporcionou também iniciativas na distribuição de renda,
prevendo investimentos prioritários nas regiões Norte e Nordeste. O investimento
estrangeiro e as exportações também foram alvo de ações específicas no referido
plano.
O IPEA
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Contudo, tal plano não foi executado e outro plano decenal foi encomendado pelo
Ministro Roberto Campos ao IPEA, com duas partes distintas: um documento
de análise global, que consistia em modelo macroeconômico para orientar
o desenvolvimento nacional para os próximos dez anos; e um apanhado de
diagnósticos setoriais, os quais seriam a base para ações do governo nos próximos
cinco anos.
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Ainda assim, em outubro de 1970, o governo divulgou o denominado Programa de
Metas e Bases para Ação do Governo, que compreendia o período de 1970 a 1973.
As declarações do governo eram de que o plano ora divulgado não se tratava de
um plano global, mas sim um apanhado de diretrizes do governo. Tal programa
seria complementado com um novo orçamento plurianual (1971-1973) e um plano
nacional de desenvolvimento, com previsão de execução entre os anos de 1972 e
1974.
O contexto do primeiro PND dava-se em meio de uma crise energética, motivo pelo
qual teve várias ações nesse campo – programa nuclear, pesquisa do petróleo,
programa do álcool – e construção de hidrelétricas – a Itaipu, por exemplo.
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Almeida (2006) destaca que um dos pontos essenciais do primeiro PND foi a
crescente influência do governo na economia através de investimentos e do uso
da regulação, uma prática de economias desenvolvidas. Apesar da descrença
inicial no planejamento, esse período foi tido como ponto alto do planejamento
governamental no país.
Segundo o autor, o segundo PND teve vida mais longa do que o primeiro (1974-
1979) e extrapolava o plano decenal, que tinha previsão para encerrar em 1976.
Tinha uma visão ainda mais audaciosa, projetando o país como uma grande
potência emergente, com renda per capita acima de US$ 1.000,00 em 1979, que era
o dobro da renda média da década anterior. Previa o Brasil como o oitavo mercado
mundial, apenas para citar alguns números.
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Antes que se pudesse sentir os efeitos positivos do segundo PND (principalmente
no setor de bens intermediários), que ocorreram somente a partir de meados da
década de 1980, o plano começou a sofrer dificuldades operacionais. Isso se
somou ao segundo choque do petróleo, em 1979, que corroeu o alto desempenho
econômico conquistado até então, tirando os méritos do planejamento realizado
e levando o país a uma crise, com baixo crescimento e inflação elevada até o
advento do Plano Real, em 1994. Nos anos seguintes, a partir de 1994, os planos de
desenvolvimento nacional de longo prazo deram lugar a ações de curto prazo com
vistas à estabilização econômica.
Fechamento
O modelo “nacional-desenvolvimentista” iniciado nos anos 1930 deu início a uma
série e mudanças no Estado brasileiro que foram sendo desenvolvidas durante 40
anos. Nos anos 1970 o modelo passou a mostrar sinais de desgaste entrando em
crise o modelo de planejamento utilizado. Como visto, vários planos foram tentados
e chegaram a apresentar bons resultados.
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Referências
ALMEIDA, P. R. A Experiência Brasileira em Planejamento Econômico: Uma
Síntese Histórica. In: James Giacomoni; José Luiz Pagnussat (Orgs.).
Planejamento e Orçamento Governamental. Coletânea. Brasília: ENAP, 2006, v.
1, p. 193-228. Disponível em: <http://www.enap.gov.br/index.php?option=com_
docman&task=doc_download&gid=2847>. Acesso em: 31. jan. 2015.
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