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CALENDÁRIO LETIVO: 1ª Etapa DATA: ___/___/2020

TIPO DE MATERIAL: Orientação de estudo Ordem mundial MÓDULO: II


DISCIPLINA: Geografia ANO/SÉRIE: Oitavo
PROFESSOR: Marcelo. Camargo
N⁰.: TURMA:
ALUNO(A):
______________________________________________________ _______ __________

PODER EM DISPUTA

A expressão ordem mundial se refere ao equilíbrio de poder entre os diferentes países do globo. Cada país
apresenta características próprias que estão diretamente relacionadas à capacidade de desempenhar maior
ou menor poder em negociações políticas, econômicas e questões militares.
Uma grande população, um extenso território, a posse de tecnologias e recursos financeiros são alguns
fatores que podem aumentar o poder de um país no contexto internacional.
Esse jogo de poder tornou-se mais complexo a partir dos séculos XIX e XX, quando a industrialização e o
aumento das trocas comerciais acirraram as disputas entre os Estados. Simultaneamente, o
desenvolvimento tecnológico nos transportes e nas comunicações tornaram as relações internacionais mais
intensas.

O MUNDO BIPOLAR

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o mundo ficou marcado pela disputa ideológica entre
duas superpotências: os Estados Unidos, liderando os países capitalistas, e a União Soviética, à frente dos
países socialistas.
Essa divisão do mundo entre duas potências antagônicas caracterizou o chamado mundo bipolar. Vários
conflitos armados ocorreram com o apoio das duas potências, como a Guerra da Coreia (1950-1953) e a
Guerra do Vietnã (1954-1975).
Estados Unidos e União Soviética não se enfrentaram diretamente, embora tenham influenciado os
conflitos e se envolvido neles. Assim, esse período de confronto indireto entre as duas grandes potências,
que se estendeu de 1945 a 1991, ficou conhecido como Guerra Fria. Observe no mapa a seguir como as
forças das superpotências se organizaram na Europa.
A maior parte dos países latino-americanos, inclusive o Brasil, se alinhou ao bloco capitalista. Contudo,
alguns países, como Cuba, se alinharam à URSS.
Em 1989, a URSS iniciou um processo de reestruturação política e econômica, após sucessivas crises ao
longo da década de 1980. Esse processo favoreceu a mobilização popular pela independência em diversos
países socialistas, culminando na queda do regime político nesses países. Em 1991, a URSS deixou de
existir, e 11 dos 15 paísesque a compunham fundaram a Comunidade dos EstadosIndependentes (CEI), sob
a liderança da Rússia. O novo bloco se formou em meio a uma grande instabilidade política e uma grave
crise econômica que atingia esses países.
Diversos conflitos surgiram, em especial no Leste Europeu. O mais grave deles foi a Guerra da Bósnia (1992-
1995), que ocorreu na antiga Iugoslávia e envolveu sérvios e croatas. As guerras  prolongaram-se na Bósnia
no decorrer dos anos 1990, fazendo milhares de vítimas. Os confrontos resultaram na fragmentação da
Iugoslávia e na formação de vários Estados: Sérvia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Eslovênia e
Montenegro.

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Fonte de pesquisa: Philippe Rekacewicz. L’Otan à la conquête de l’Est. Le Monde Diplomatique, jul. 1997. Disponível em:
<http://www.monde-diplomatique.fr/cartes/otanrussie>. Acesso em: 23 jul. 2018.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) foi criada em 1949 com o intuito de organizar
militarmente a defesa dos países ocidentais contra um possível avanço da URSS. Em resposta, a URSS e seus
aliados fundaram, em 1955, uma organização semelhante à Otan, chamada Pacto de Varsóvia, que se
encerrou em 1991 com o fim da URSS.

A NOVA ORDEM MUNDIAL

Com a desagregação da União Soviética, chegou ao fim o mundo bipolar. A organização que se seguiu,
chamada de Nova Ordem Mundial, no entanto, é alvo de debates. Ao mesmo tempo que há uma evidente
hegemonia dos Estados Unidos, outros países influenciam significativamente a geopolítica mundial. Assim,
sobre a Nova Ordem Mundial, os estudiosos se dividem sobre a existência de um mundo unipolar e de um
mundo multipolar.
O MUNDO UNIPOLAR

Com a desagregação da URSS, a influência política, econômica, militar e cultural dos Estados Unidos cresceu
em todo o mundo. A década de 1990 foi um período de crescimento e de prosperidade para os Estados
Unidos e outros países desenvolvidos. Esse período se caracterizou pela supremacia estadunidense e pelo
avanço do capitalismo em escala global. Para muitos países em desenvolvimento da América Latina, da Ásia
e da África, no entanto, esse foi um período de crise política e de retrocesso da economia.

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O grande poderio bélico, econômico e cultural dos Estados Unidos possibilitou ao país orientar a política e a
economia mundiais, influenciando a decisão de órgãos internacionais, como o Banco Mundial, o Fundo
Monetário Internacional (FMI) e a própria ONU. O fim do bloco socialista e a supremacia econômica
estadunidense favoreceram não só a expansão do capitalismo como também a propagação dos padrões de
consumo estadunidenses, impulsionando o setor industrial, a atuação de empresas multinacionais
estadunidenses e a economia desse país.
Nos anos 1990 e 2000, os Estados Unidos adotaram uma política externa de intervenções militares em
vários países, ampliando sua influência política e consolidando-se como potência hegemônica mundial. Essa
postura do governo estadunidense foi interpretada como unilateral, pois era motivada somente por seus
interesses, desconsiderando o posicionamento de outros países e a tomada de decisões em fóruns e
organismos internacionais, como a ONU.
Exemplos dessa política externa foram as invasões no Iraque, em 1991 e em 2003, e as diversas
intervenções no Oriente Médio, região que desperta o interesse estadunidense devido às grandes reservas
de petróleo existentes na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes, no Kuwait, no Irã e no Iraque.
Ameaças à supremacia estadunidense

Nos anos 2000, muitos fatores contribuíram para alterar a posição dos Estados Unidos como potência
hegemônica mundial. Entre eles, está o surgimento da China como potência industrial e militar.
O crescimento econômico chinês reduziu parcialmente a influência econômica dos Estados Unidos no
mundo. A ampliação das exportações para diversas regiões do globo possibilitou que a China disputasse
mercados historicamente vinculados à economia dos Estados Unidos. A América Latina foi uma das regiões
onde os produtos chineses passaram a ter grande aceitação e circulação.
O dinamismo econômico chinês também favoreceu o desenvolvimento de potências regionais, como o
Brasil, a Índia e a Turquia, cujas relações entre si se multiplicaram, disputando espaço com os países
desenvolvidos em decisões político-econômicas mundiais. Observe no mapa abaixo que muitos dos
principais portos do mundo se localizam na China.
Mundo: Principais portos (2015)

Fonte de pesquisa: American Association of Port Authorities (Apaa). World port rankings 2015. Disponível em: <http://www.aapa-
ports.org/unifying/content.aspx?ItemNumber=21048>. Acesso em: 23 jul. 2018.

Assim, nos anos 2000, alguns problemas econômicos agravaram-se nos Estados Unidos, e o país passou a
ser afetado pelo aumento da dívida externa, por déficits comerciais, por problemas no mercado financeiro,
pelo fechamento de indústrias, em consequência da concorrência externa, e pelo aumento do desemprego.

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Esses problemas, entre outros, contribuíram para que os Estados Unidos e o mundo enfrentassem uma
grave crise financeira em 2008, que ocasionou uma relativa redução da influência econômica e política
estadunidense no mundo.

A DINÂMICA DA GEOPOLÍTICA MUNDIAL

A situação política mundial e as potências que nela desempenham papel dominante estão sujeitas a
mudanças que refletem as transformações econômicas. Ao longo da história, vários Estados que
impuseram sua hegemonia sobre outros passaram por crises e foram superados por outras potências. Da
mesma forma, países antes pouco desenvolvidos se tornaram potências regionais.

Crise política

Os Estados Unidos e seus aliados realizaram diversas intervenções militares nas décadas de 1980 e 1990.
Entre os alvos principais dessas ações estavam o Iraque, o Líbano e o Irã. No entanto, o poderio militar
estadunidense passou a ser contestado pela emergência de grupos armados nesses países.
Inspirados por ideologias diversas – em geral, de caráter religioso –, esses grupos atuam clandestinamente
e costumam realizar atentados de forma inesperada, com bombas e ataques suicidas, a instalações civis,
embaixadas, bases e comboios militares. Por criarem a sensação de terror, são classificados como
terroristas.

Ações terroristas

Nos anos 2000, aumentaram em diversas partes do mundo os problemas relacionados ao terrorismo.
Depois do atentado contra as torres gêmeas do World Trade Center, ocorrido em 11 de setembro de 2001
em Nova York, os Estados Unidos adotaram uma política externa baseada no combate ao terrorismo e em
guerras preventivas, promovendo intervenções militares em países suspeitos de abrigar terroristas.
Essa política foi posta em prática com a invasão do Afeganistão em 2001. Em 2003, sob a alegação não
comprovada de que o Iraque dispunha de armas de destruição em massa, os Estados Unidos e aliados
invadiram o país e depuseram o líder político Saddam Hussein.
A intervenção unilateral no Iraque, desaprovada pela ONU, gerou protestos em todo o mundo. Analistas
internacionais avaliam que as intervenções dos Estados Unidos no Oriente Médio possam ter motivado
diversos movimentos nacionalistas, na região e no mundo, que se contrapunham ao poder hegemônico
desse país. O principal exemplo é o surgimento, em 2013, do grupo extremista autointitulado Estado
Islâmico, em áreas do Iraque e da Síria, onde o grupo perseguiu minorias étnicas e dominou populações de
maneira violenta. A organização desestabilizou a segurança pública europeia ao assumir a autoria de
atentados terroristas na França, no Reino Unido e na Alemanha.
O unilateralismo dos Estados Unidos favoreceu a associação entre vários países que buscam aumentar sua
participação internacional. China e Brasil, por exemplo, ampliaram suas redes de relações, sem vínculo com
os Estados Unidos, tanto em termos políticos quanto econômicos.

O MUNDO MULTIPOLAR

A ascensão de alguns países no quadro geopolítico internacional, seja em escala regional, seja em escala
global, em meio à supremacia dos Estados Unidos fez muitos pesquisadores reconhecerem a existência de
uma ordem mundial multipolar.
Nas duas últimas décadas, muitos países implementaram acordos comerciais, financeiros e militares
excluindo os Estados Unidos. A exemplo do fortalecimento da União Europeia: a partir da década de 1990,
no âmbito internacional, Alemanha e França despontaram como lideranças no bloco, participando mais
ativamente de decisões da ONU e de conflitos armados.

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Além disso, China e Rússia ampliaram sua influência no cenário político internacional, provocando
mudanças nas relações políticas e econômicas. Os dois países têm assento permanente no Conselho de
Segurança da ONU, o que lhes dá direito de aprovar ou de vetar as resoluções desse órgão em que
se decide a segurança internacional. Desde o início dos anos 2000, ambos têm demonstrado alinhamento
nas discussões do Conselho.

A ascensão da China

Desde o fim da década de 1970, a China vem se modernizando tecnologicamente, ampliando suas relações
comerciais e reorganizando suas Forças Armadas, tornando-se, assim, uma potência emergente. Também
buscou ampliar sua participação internacional firmando acordos com diversos países. Começou a
estabelecer acordos comerciais com os demais países emergentes e com outros de menor projeção no
quadro internacional, como Guiné Bissau e Cabo Verde. As trocas comerciais entre Brasil e China se
intensificaram nos últimos anos, e atualmente o país asiático é o maior parceiro comercial brasileiro. A
China também mantém investimentos em países submetidos a sanções dos Estados Unidos, como Irã e
Venezuela, e tem interesses e relações políticas e econômicas na Ásia Central – região produtora de
petróleo e gás natural com tradicional influência estadunidense e russa.

A volta da Rússia à geopolítica internacional

Após a fragmentação do bloco soviético, a Rússia só retomou o crescimento econômico a partir do final dos
anos 1990, reforçando sua posição como potência regional. Atualmente, Rússia e União Europeia disputam
influência sobre o Leste Europeu, região formada por países que faziam parte do bloco soviético ou de sua
área de influência. Além disso, a Rússia busca garantir sua influência sobre áreas próximas, como a Ásia
Central, e ampliá-la para países de outras regiões, como o Oriente Médio. A Rússia exerce sua influência
por meio do comércio internacional, principalmente com o fornecimento de combustíveis fósseis.

MOVIMENTOS NACIONALISTAS

A geopolítica internacional se torna cada vez mais complexa sob o contexto da globalização, pois as
relações econômicas, sociais e políticas dos países se tornaram mais interligadas e interdependentes. Ao
mesmo tempo que o mundo se encontra mais integrado, há a ascensão de novas tendências políticas
nacionalistas que reagem contra essa tendência global.
Nesse contexto, destaca-se o Brexit, votação popular feita no Reino Unido que decidiu pela retirada do país
da União Europeia, indicando que o Reino Unido busca maior autonomia em relação aos outros países
europeus.

A partir da introdução e das orientações sobre o tema Geopolítica, faça o que se pede:

 Atividade 31/03/2020
1. FAÇA a leitura do texto e DESTAQUE as ideias principais.
2. ELABORE, no caderno, um esquema contendo as ideias e conceitos principais sobre o tema.
Observação: esquema  título, subtítulo e ideias principais de cada tema em tópicos.

 Atividade 02/04/2020
3. ASSISTA aos vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=_UQ7Eera_8E
https://www.youtube.com/watch?v=Fnv1Bo8Ozp0
https://www.youtube.com/watch?v=1-1z2vT-_HU e aprofunde no tema.

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4. DIFERENCIE a Velha ordem mundial da Nova ordem mundial.
5. EXPLIQUE o que foi a Guerra Fria.

 Atividade 04/04/2020
6. RESPONDA, no caderno, as atividades a seguir.
7. ELABORE, no caderno, uma charge que represente a nova e a velha ordem mundial

ATIVIDADES
RETOMAR E COMPREENDER
1) O que caracterizou a política externa dos Estados Unidos nos anos 1990 e 2000?
2) Quais foram os acontecimentos que determinaram o fim do mundo bipolar? Explique como
ocorreu essa mudança no cenário mundial.
3) Que fatores levaram os Estados Unidos a se tornar a principal potência mundial a partir da  década
de 1990?
4) Quais foram as principais crises que afetaram a supremacia dos Estados Unidos?
5) Por que o crescimento econômico chinês ao longo dos anos 2000 foi um dos fatores que contribuiu
para alterar a posição dos Estados Unidos como potência hegemônica mundial?

APLICAR
6) Ao longo dos anos 1990, os Estados Unidos, como potência hegemônica, puderam ampliar sua
influência pelo mundo, inclusive propagando seus padrões de consumo. Em sua opinião,
atualmente é possível perceber influências culturais estadunidenses no cotidiano? Quais são elas?
7) Observe a charge e descreva-a em um breve texto relacionando-a com o termo mundo bipolar.

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O gráfico a seguir mostra a evolução das exportações de armas da União Soviética e da Rússia entre 1950 e
2012. Analise-o para responder às questões.

União Soviética e Rússia: Exportação de armas (1950-2012)

A) Em que período as exportações de armas da URSS atingiram os maiores valores?


B) O que significou o fim da URSS para a indústria bélica do bloco?
C) Por que, após 1991, o gráfico apresenta informações relativas às exportações russas? Qual era a
importância do país no bloco soviético?

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