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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – Instituto de Economia

Disciplina HO-335 – Desenvolvimento Econômico - 2º semestre – 2012


Professor: Wilson Cano
Aluna: Ana Paula Pegoraro RA:120309

Resenha de: Cano, W., Soberania e Política Econômica na América Latina. Unesp/Unicamp-
Economia, São Paulo/Campinas, 2000.

O objetivo central do capítulo é mostrar como os países latino americanos passaram a ser
altamente subordinados pelos países centrais, principalmente os Estados Unidos, após um longo
período de certa autonomia no direcionamento das políticas de desenvolvimento. Para isso, o autor
divide o capítulo em duas partes, na primeira é discutida as políticas conduzidas em um período
especifico, caracterizadas pelo claro objetivo de desenvolvimento socioeconômico, e na segunda é
evidenciada a forma altamente subordinada e passiva que a política econômica dos países latinos
assumiu após a década de 1980. Cada país latino americano possui diversas especificidades desde
inserção internacional, à formação dos Estados nacionais e estruturas produtivas e culturais, mas é
certo de que marcas de autoritarismo, conservadorismo e violência estão presentes na maioria da
história destes países1.
O autor mostra que, apesar de bastante heterogêneo, o periodo de 1929 a 1979 é excepcional,
por ser uma ruptura ao padrão de acumulação anterior, por ter maiores graus de liberdade em termos
externos, por uma ampliação e intensificação da industria de transformação, pela expansão da
urbanização, pela forte luta (progressista) para a industrialização e por longos periodos de crescimento
e transformação.
Durante o anos 70, crises e inflação marcam o fortalecimento da onda neoliberal nos países
desenvolvidos e sua consequente reestruturação econômica. Este movimento se seguiu como um
ajuste na periferia, altamente endividados em divisas e recursos fiscais. O até então capital ocioso da
década de 1970 que financiara o crescimento econômico nos países centrais passa a ser uma
preocupação na década seguinte, dado o risco de não pagamento dos juros. Mediante a ajustes
macroeconômicos, caracterizado por uma política econômica contracionista e restritiva, o FMI
concede ajudas oficiais aos países latino americanos. Com o objetivo claro de redução da inflação e
saneamento do balanço de pagamentos, estes ajustes buscavam contrair a demanda para a geração de
excedentes exportáveis. As políticas de inflação, além de se reduzirem o debate à juros, conjuntura,
preços e cambio, foram inócuas e, em alguns casos, deixaram chegar à hiperinflação.
Durante a década de 1990, aos países periféricos, ainda altamente endividados, foram
impostas políticas neoliberais como forma de implantar o capital ocioso dos países centrais. Através de
um conjunto de mudanças e reformas institucionais, produtivas e financeiras, representadas pela
diminuição do papel do Estado, privatizações, desregulamentação e abertura comercial, tais políticas
neoliberais prometiam, além de estabilidade monetária, crescimento econômico. De acordo com o
autor, o imperialismo volta a agir de forma mais dura, chamado agora de “modernidade”.
No que tange aos resultados das políticas de estabilização, o autor destaca que o objetivo
principal, conter a inflação, foi alcançado com êxito, porém, isso elas acarretaram também em
aumento da volatilidade e o movimento cíclico nos países desenvolvidos, agravando fortemente o
problema do emprego e a questão social. Além disso, os investimentos do período pouco significaram
em termos de aumento da capacidade produtiva e a abertura externa trouxe alto poder de decisão
para as empresas e cada vez menos soberania ao Estado.
As notas finais do texto sucintamente traçam o panorama da perda de Soberania econômica,
em diversos sentidos, e atestam a insustentabilidade de um modelo no qual os destinos são decididos
cada vez mais pelos “imperialismos” calcado em fluxos de capital estrangeiro, que, por sua vez,
aumentam a dependência externa. Neste sentido, a melhora da posição do Brasil nos últimos 10 anos
é uma mudança no sentido de maior sustentabilidade de independência externa?

1
Neste capítulo, conjunto dos países capitalistas pesquisados é Argentina, Brasil, Chile, Colômbia,
México, Peru e Venezuela.

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