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UNIVERSIDADE ESTAUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA
SECRETARIA DE EXTENSÃO
ESPECIALIZAÇÃO - GESTÃO E ESTRATÉGIA DE EMPRESAS

AVALIAÇÃO: Economia Brasileira Contemporânea – ECO-101

Prof. Francisco Luiz C. Lopreato.

Nome: Laércio Pereira Cardoso - RA: 2013614071

1. As mudanças das condições do mercado financeiro internacional afetaram o desempenho da


economia brasileira no início dos anos 80. Discuta:
 O efeito sobre o balanço de pagamentos dos choques externos (o choque do petróleo e o
aumento das taxas de juros internacionais).
 A ruptura do crédito internacional e as consequências para o financiamento do balanço de
pagamentos.
 A crise da dívida externa e as politicas de ajustes do balanço de pagamentos: principais
objetivos e politica econômica (articulação das politicas monetária, cambial e fiscal).

A segunda crise do petróleo abalou a economia brasileira, pois as despesas com as importações cresceram
consideravelmente resultando novamente no aumento significativo no déficit da balança comercial brasileira. De
acordo com a tabela 1, o preço da tonelada de petróleo, que era de US$ 91,9 em 78, passou para US$ 126,1 em 79,
e continuou a subir atingindo US$ 215,2 em 1980. As despesas de importação consequentemente aumentaram,
passando de US$ 13.083 milhões em 78, para US$ 18.084 em 79, e aumentando para US$ 22.955 em 80. Por
causa desse extraordinário aumento das importações, a balança comercial apresentou um aumento do déficit, que
era de US$ 1.024 milhões em 78, para US$ 2.839 milhões em 79, e US$ 2.823 milhões em 80.
Tabela 1 - Influência do preço do petróleo nas importações e na Balança comercial 1978-1982

Ano Preço ton. Petróleo US$ (*) Export. US$ milhões Import. US$ milhões Bal. Comercial US$ milhões
1978 91,9 12.058 13.083 -1.024
1979 126,1 15.244 18.084 -2.839
1980 215,2 20.132 22.955 -2.823
1981 252,7 23.293 22.090 1.202
1982 238,5 20.175 19.395 780

O aumento das taxas de juros internacionais se deu basicamente em virtude da política norte-americana posta
em prática pelo governo Reagan que promoveu aumento extraordinário das taxas de juros nos Estados Unidos, os
bancos europeus da Alemanha e Inglaterra também aumentaram as suas taxas de juros para evitar que houvesse
uma corrida de capitais em direção aos Estados Unidos. Essas medidas resultaram em um aumento geral nas taxas
de juros cobrados pelos empréstimos bancários internacionais. A tabela 2 mostra que a prime-rate (EUA) passou
de 11,8% em 78 para 21,5% em 80, e a libor (Inglaterra) passou de 12,3% em 1978 para 17,5% em 1980. Como a
grande maioria dos empréstimos contraídos no exterior foram feitos à taxas de juros flutuantes, o aumento das
taxas de juros internacionais inevitavelmente iria aumentar sensivelmente o custo da dívida externa brasileira.
TABELA 2 - Taxas de juros internacionais 1977-1982 - médias anuais
Ano Prime-rate (%) libor (%)
1977 7,8 7,5
1978 11,8 12,3
1979 15,3 14,4
1980 21,5 17,5
1981 18,7 13,8
1982 14,6 9,2

Devido ao cenário internacional e ainda o México decreta a sua moratória, os investidores passam a não mais
financiar as economias emergentes, os bancos internacionais começaram a reduzir o volume de capital a ser
emprestado para o Brasil, mantendo esse volume de empréstimos apenas o necessário para reciclar a dívida
externa. Isto mostra que houve um crescimento financeiro autônomo da dívida externa brasileira que nada tinha a
ver com a esfera comercial ou produtiva. Esse processo de autonomização da dívida externa revela como a dívida
adquire ritmo próprio, ou seja, o serviço da dívida é financiado por novos empréstimos que dependem da taxa
externa dos juros flutuantes. Os empréstimos que foram contraídos a partir de 1979 não eram suficientes para
financiar a balança de pagamentos. A tabela 3 mostra que esse processo se tornou mais agravado no ano de 1982
quando o Brasil necessitava de US$ 23.262 milhões em divisas para o financiamento de sua balança de
pagamentos, mas conseguiu apenas US$ 12.515 milhões em empréstimos externos de médio e longo prazo, e US$
991 milhões em investimentos externos diretos.

TABELA 3 - Necessidade de financiamento B.P. e a evolução das reservas cambiais (US$ milhões).
Ano Neces. Finan. BP Novos emprst. Invest. diretos Reservas cambiais
1978 12.213 13.810 1.071 11.895
1979 13.375 11.228 1.491 9.689
1980 15.752 10.596 1.121 6.913
1981 17.975 15.553 1.584 7.506
1982 23.262 12.515 991 3.994

Com a alta geral das taxas de juros internacionais observou-se no Brasil um aumento significativo dos custos
de manutenção da dívida externa. A tabela 4 mostra que o juro da dívida aumentou de US$ 2.696 milhões em 78
para US$ 11.353 milhões em 82, e o serviço da dívida que era de US$ 7.919 milhões em 1978 passou para US$
18.305 milhões em 1982. Com relação ao PIB, o serviço da dívida aumentou de 4% para 7% no mesmo período.
Em 1982 o serviço da dívida (juros + amortizações) aumentou de tal maneira que passou a representar 91% das
exportações brasileiras, o que significou uma elevada transferência de recursos para o exterior.
TABELA 4 - Serviço da dívida - 1978-1982 - US$ milhões
Ano Amort. Serv.div. Serv.div./PIB % Serv.div./export.% Juros
1978 5.223 7.919 4 63 2.696
1979 6.385 10.571 5 69 4.186
1980 5.010 11.321 5 56 6.311
1981 6.241 15.402 6 66 9.161
1982 6.952 18.305 7 91 11.353

Nesse período de grandes dificuldades financeiras no Brasil, foi constatado um aumento vigoroso da inflação
juntamente com um constante aumento da dívida externa. Com relação ao aumento da dívida externa a tabela 5
mostra que em 1979 a mesma se encontrava em 49.904 milhões de dólares, passando para 53.848 milhões em
1980, aumentando para 61.411 milhões de dólares em 1981, e em 1982 passando para 70.198 milhões de dólares.
Com relação à inflação é observado que em 79 era de 77,2%, tendo um grande aumento em 80 chegando a
110,2%, em 81 ficou em 95,1% e aumentou ainda para 99,7 em 82.
TABELA 5 - Dívida externa (médio e longo prazo) e taxa de inflação 1979-1982
Ano Dívida externa (US$ milhões) Inflação (IPC) (%)
1979 49.904 77,2
1980 53.848 110,2
1981 61.411 95,1
1982 70.198 99,7

Com isso é fácil perceber como esse processo de aquisição de novos empréstimos para pagar os empréstimos
(e os juros desses empréstimos) que iam vencendo, estava sendo extremamente penoso para a economia brasileira
e principalmente para o montante de reservas cambiais de que o Brasil dispunha. Pois para conseguir saldar os
seus compromissos externos, o Brasil passou a utilizar as suas reservas internacionais, que eram de US$ 9.689
milhões em 79, diminuindo para US$ 6.913 milhões em 80, e caindo mais ainda para US$ 3.994 milhões em 82
(conforme visto na tabela 3). Posteriormente o Brasil foi obrigado a aumentar a sua dívida mobiliária interna,
resultando assim no crescimento do déficit público e no descrédito da política governamental.
Por causa de todos esses acontecimentos, o Brasil foi levado a implementar uma política de endividamento
externo voltada principalmente para suprir as suas obrigações financeiras internacionais. O aumento nas
obrigações financeiras se deu basicamente em função dos juros da dívida que aumentou, de 1979 a 1981, a uma
taxa anual de aproximadamente 50%, enquanto as amortizações permaneceram praticamente em um mesmo
patamar.

2. Analise os impactos da crise da divida externa sobre os desequilíbrios do setor público durante os
anos 80. Discuta, entre outros, os seguintes pontos:
 A ideia de crise fiscal;
 A substituição do financiamento externo por financiamento interno;
 A perda progressiva de capacidade de financiamento do setor público;

A ideia de crise fiscal a partir da segunda metade dos anos 80 se deve aos itens discutidos na questão 1, depois
do 2º choque do petróleo, as economias desenvolvidas começam a apresentar quadros de aceleração inflacionária
e as taxas de juros internacionais aumentam, o que, juntamente com a política de valorização do dólar, provoca
um salto no custo da dívida brasileira. Mesmo neste quadro desfavorável, o governo brasileiro promove uma
mobilização dos instrumentos cambiais, creditícios e monetários para estimular a tomada de empréstimos
estrangeiros. O país entra num regime de financiamento Ponzi, onde novos empréstimos são tomados pela
necessidade de cobrir o apenas o serviço da dívida, demonstrando uma extrema fragilidade das contas públicas. O
então ministro Delfim Neto promove uma desvalorização do cruzeiro de 30% para incentivar as exportações e
compensar o corte dos incentivos de crédito e fiscais aos mesmos e assim reduzir os gastos do governo. Mas
apesar de algumas medidas tomadas, esta desvalorização provocou o aumento da inflação, que chegou a 100% ao
ano. A taxa de juros externa (libor), que fora de 9,4% ao ano na segunda metade dos anos 70, atingiu uma média
de 14,9% nos três primeiros anos da década de 80. A dívida liquida total do Governo Central (interna + externa),
que era de apenas 4% do PIB no começo dos anos 80, cresceu rapidamente, até 20% do PIB, em meados da
década. O gasto corrente do governo-conceito contas nacionais, incluindo estados e municípios- aumentou de uma
média de 10,0% do PIB em 1981-1985 para 1,9% do PIB no quinquênio seguinte.
A substituição do financiamento externo por financiamento interno constituiu-se em etapas, em um primeiro
momento, a dívida externa cresce de forma predominantemente privada para, logo após, ser transformada, em
grande parte, em dívida pública. O setor público chegou a atingir algo próximo a 90% das tomadas diretas
realizadas nos termos da Lei 4131 com uso intensivo dos mecanismos de defesa contra o risco cambial colocados
pelo Banco Central à disposição do setor privado, sob a forma de depósitos registrados em moeda estrangeira
(DRME); e na transformação do Banco Central em tomador de empréstimos junto aos bancos internacionais
(depósitos de projetos). O agravamento do processo de estatização da dívida externa adveio da crise cambial, das
políticas de ajuste e das negociações com o cartel dos bancos e com o FMI. Ao endividamento das empresas
estatais juntou-se a transferência maciça ao Bacen de dívidas ainda a vencer contratadas originalmente pelo setor
privado (DRME). Somando-se a isto, coube ao Banco Central arcar diretamente com o custo do giro de um
estoque crescente de créditos externos.
A perda progressiva de capacidade de financiamento do setor público se agrava e começa um processo de
financiamento interno, através da emissão de títulos públicos “dolarizados”, com taxas de desconto elevadas
(vinculados ao dólar), adquiridos pelo setor privado, que assim recupera seu equilíbrio econômico em detrimento
da deterioração das contas públicas e, por outro lado, desestimula o investimento produtivo, o que agravava a
estagnação. Estas medidas provocaram uma mudança nas expectativas dos empresários que não mais creem na
manutenção do sistema de incentivos aos capitais privados via endividamento público. A incerteza sobre o futuro
da economia brasileira leva a uma mudança na postura dos bancos, que suspendem os empréstimos alegando
desequilíbrio nas contas do governo. Encerra-se desta maneira, um período de quinze anos de endividamento e as
autoridades passam a adotar políticas no sentido de reduzir a necessidade de financiamento externo e de tornar as
atividades exportadoras mais atraentes.

3. Discuta:
 Os componentes do Plano Real enquanto um programa de estabilização dos preços;
 O problema de balanço de pagamentos e as dificuldades de condução do Plano Real com a crise
da Ásia e da Rússia;
 As mudanças no regime de politica macroeconômica (as politicas fiscal, monetária e cambial)
após a desvalorização do real em 1999.

O Plano Real enquanto um programa de estabilização foi a mais ampla medida econômica já realizada no Brasil e
tinha como objetivo principal o controle da hiperinflação que assolava o país. Utilizou-se de diversos instrumentos
econômicos e políticos para a redução da inflação que chegou a 46,58% ao mês em junho de 1994, época do
lançamento da nova moeda. A idealização do projeto, a elaboração das medidas do governo e a execução das reformas
econômica e monetária contaram com a contribuição de vários economistas, reunidos pelo então Ministro da Fazenda
Fernando Henrique Cardoso. Mostrou-se nos meses e anos seguintes o plano de estabilização econômica mais eficaz
da história, reduzindo a inflação (objetivo principal), ampliando o poder de compra da população, e remodelando os
setores econômicos nacionais.
Os principais componentes foram:
Desindexação da economia onde o ajuste e reajuste de preços e valores passaram a ser anualizados e
obedeceriam às planilhas de custo de produção. Era necessário interromper o círculo vicioso de corrigir valores
futuros pela inflação passada, em curtos períodos de tempo. Essa atitude agravava a inflação, tornando-a cada vez
maior. Era comum acontecer remarcação de preços várias vezes num mesmo dia.
Privatizações onde a troca na propriedade de grandes empresas brasileiras eliminou a obrigação pública de
financiar investimentos (que causam inflação se for feito pelo governo através da emissão de moeda sem lastro) e
possibilitou a modernização de tais empresas (sob controle estatal havia barreiras impeditivas para tal progresso, como
burocracia e falta de recursos). A iniciativa privada tem meios próprios de financiar os investimentos das empresas, e
isto não produz inflação, e sim, desenvolvimento, porque não envolve o orçamento do governo. Este deve alocar
recursos para outras áreas importantes. E ainda, na iniciativa privada não há as regras administrativas orçamentárias e
licitatórias, que prejudicam a produção das empresas e a concorrência perante o mercado.
Equilíbrio fiscal com corte de despesas e aumento de cinco pontos percentuais em todos os impostos federais. A
máquina administrativa brasileira era muito grande e consumia muito dinheiro para funcionar. Havia somente no
âmbito federal 100 autarquias, 40 fundações, 20 empresas públicas (sem contar as empresas estatais), além de 2 mil
cargos públicos com denominações imprecisas, atribuições mal definidas e remunerações díspares.10 Como o país não
produzia o suficiente, decidiu-se pelo ajuste fiscal, o que incluiu cortes em investimentos, gastos públicos e demissões.
Durante o governo FHC, aproximadamente 20 mil funcionários foram demitidos do governo federal.
Abertura econômica com redução gradual de tarifas de importação e facilitação da prestação de serviços
internacionais. Havia temor de que o excesso de demanda por produtos e serviços causasse o desabastecimento e a
remarcação de preços, pressionando a inflação (fato ocorrido durante o Plano Cruzado em 1986). Existia também a
necessidade de forçar o aperfeiçoamento da indústria nacional, expondo-a a concorrência, o que permitiria o aumento
da produção no longo prazo, e essa oferta maior de produtos tenderia a acarretar uma baixa nos preços.
Contingenciamento com objetivo de manutenção do câmbio artificialmente valorizado. Com efeito da
valorização do Real, esperava-se um aumento das importações, com aumento da oferta de produtos e aperfeiçoamento
da indústria nacional via concorrência com produtos estrangeiros.
Políticas monetárias restritivas buscando o aumento da taxa básica de juros e da taxa de depósito compulsório
dos bancos. A taxa de juros teve inicialmente dois propósitos: financiar os gastos públicos excedentes até que se
atingisse o equilíbrio fiscal, e reduzir a pressão por financiamentos, considerados agentes inflacionários (esfriamento
da economia). Os financiamentos chegaram ter o prazo de quitação regulado pelo governo. O compulsório dos bancos
teve o propósito de reduzir a quantidade de dinheiro disponível para empréstimos e financiamentos dos bancos, uma
vez que são obrigados a recolher compulsoriamente uma parte dos valores ao Banco Central.
Houve problema de balanço de pagamentos e as dificuldades de condução do Plano Real, a política cambial
passou a ser um dos instrumentos de controle de inflação. O impacto da política cambial sobre a inflação se fazia
sentir de três modos distintos e complementares: o aumento da concorrência com produtos importados; a importação
de máquinas e bens de capital e a redução do preço de matérias-primas importadas. Esse triplo efeito da valorização
do Real frente ao dólar foi um dos motivos do sucesso do Plano de Estabilização. Entretanto essas políticas cambial e
comercial levaram à queda da Balança Comercial em 1994 e a déficits nos 5 anos posteriores. Além do déficit na
Balança Comercial, as altas taxas de juros proporcionaram aumento do déficit na Balança de Serviços, o que trouxe
como consequência uma queda acentuada no Saldo das Transações Correntes. Esses fatores afetaram o balanço de
pagamentos que ainda foram agravados com as crises da Ásia em 1997 e da Rússia em 1998, as reservas brasileiras
caem de 74 para 33 bilhões de dólares em março de 1999, para evitar mais uma suspensão de pagamentos, o Brasil faz
um empréstimo de 41,5 bilhões de dólares junto ao FMI, reverte o sistema de bandas cambiais para um sistema
flutuante, leva a taxa de juros a patamares altíssimos para evitar fuga em massa de capitais, promove uma
desvalorização da moeda, cria o sistema de metas inflacionárias e adota as políticas de ajustes recomendadas pelo
FMI, no sentido de manter o processo de vinculação do sistema produtivo nacional ao internacional.
No regime de politica macroeconômica, surge uma nova forma de captar recursos, o setor bancário e as empresas
privadas contraem empréstimos no exterior e investem em títulos públicos, o governo paga em troca juros mais altos e
ainda oferece proteção contra o câmbio. Este processo reverteu às proporções da dívida, que sempre foi
predominantemente pública e passa a ser privada, sendo que em 1999 foi de 58%. Também, há uma mudança em
relação à postura de entrada na economia de capitais especulativos de curto prazo, não há mais prazo mínimo de
permanência, ou seja, é dada flexibilidade de movimento, além de isenções tributárias, assim, é revertida a posição
que era adotada pelos militares onde a entrada de capital sob a forma de empréstimo era estimulada pois significava
uma ingerência menor na economia interna pelo capital internacional.

4. Discuta a evolução recente (2009-2012) do balanço de pagamentos. Analise as principais contas


(balanço comercial, serviços e renda, transações correntes, capital e financeira). Apresente os
dados na resposta.
Em 2009 o déficit em transações correntes atingiu US$24,3 bilhões, equivalentes a 1,55% do PIB, ante
US$28,2 bilhões, 1,72% do PIB, no ano anterior, melhora determinada pela recuperação do saldo comercial
e, fundamentalmente, pela redução de US$6,9 bilhões assinalada no déficit da conta de rendas. Em sentido
oposto, o déficit na conta de serviços aumentou US$2,6 bilhões e as receitas líquidas relativas a
transferências unilaterais recuaram 22,8%. A balança comercial registrou superávit de US$25,3 bilhões em
2009, nono resultado positivo em sequência. O aumento de 1,6% observado em relação ao ano anterior
traduziu as retrações respectivas de 22,7% e 26,2% assinaladas nas exportações e nas importações, que
totalizaram, na ordem, US$153 bilhões e US$128 bilhões. A corrente de comércio, após registrar seis
aumentos anuais consecutivos, reduziu-se 24,3%. A conta de serviços registrou gastos líquidos de US$19,3
bilhões, ressaltando-se que a elevação anual de 15,4% refletiu, em especial, o desempenho das rubricas
aluguel de equipamentos, serviços financeiros, seguros e viagens internacionais. As transferências
unilaterais líquidas recuaram 22,8% em 2009, totalizando US$3,3 bilhões. As receitas brutas de manutenção
de residentes registraram redução anual de 23,6%, ao somarem US$2,2 bilhões, representando 47,7% dos
ingressos brutos totais. Esses recursos originaram-se, em especial, dos EUA, 40,2%, e do Japão, 19,1% do
total. A conta de rendas registrou déficit de US$33,7 bilhões, resultado 17% inferior ao assinalado no ano
anterior. Segundo o Banco Central, vale mencionar que, pelo quarto ano consecutivo, as remessas líquidas
de lucros e dividendos ultrapassaram as despesas líquidas com juros, evolução consistente com a crescente
participação dos investimentos externos, diretos e em carteira na composição do passivo externo brasileiro. A
conta financeira do balanço de pagamentos, evidenciando o ambiente de liquidez e de reversão progressiva
do sentimento de aversão ao risco registrado nos mercados financeiros internacionais ao longo de 2009 e os
indicativos de retomada consistente da atividade econômica interna, apresentou ingressos líquidos de
US$69,4 bilhões em 2009, ante US$28,3 bilhões no ano anterior.
Em 2010 as transações correntes totalizou recorde de US$47,4 bilhões no ano. Em sentido inverso, a
solidez macroeconômica do país, expressa em expectativas de risco declinante e retornos crescentes para os
investimentos, favoreceram o ingresso líquido de US$99,7 bilhões na conta capital e financeira. O superávit
do balanço de pagamentos totalizou US$49,1 bilhões. A balança comercial registrou superávit de US$20,3
bilhões, décimo resultado positivo em sequência. O recuo de 19,8% em relação ao ano anterior refletiu os
aumentos anuais respectivos de 42,2% e 32% registrados nas importações e nas exportações, que
totalizaram, na ordem, US$181,6 bilhões e US$201,9 bilhões. Segundo o Banco Central vale ressaltar que,
nos últimos meses do ano, ocorreram indícios de alteração dessa dinâmica, com desaceleração no ritmo de
expansão das importações. A corrente de comércio, após registrar retração em 2009, cresceu 36,6% em
2010. A conta de serviços apresentou gastos líquidos de US$30,8 bilhões, aumento anual de 60,1%
explicados, principalmente, pelos déficits das contas viagens internacionais, transportes, aluguel de
equipamentos, computação e informação e royalties e licenças. As transferências unilaterais líquidas
recuaram 16,5% durante 2010. Os ingressos líquidos acumularam US$2,8 bilhões, ante US$3,3 bilhões do
ano anterior, dos quais US$1,2 bilhão para manutenção de residentes. Os principais países de origem dos
ingressos de manutenção de residentes foram EUA, 30,5%, e Japão, 16,5%. Ressalte-se que, no biênio
encerrado em 2007, os dois países foram responsáveis por 71% dos ingressos brutos de manutenção de
residentes. A conta de rendas apresentou déficit de US$39,6 bilhões, resultado 17,5% superior ao registrado
no ano anterior. Conforme registrado nos quatro anos anteriores, as remessas líquidas de lucros e dividendos
ultrapassaram as despesas líquidas com juros, evolução consistente com a crescente participação dos
investimentos externos, diretos e em carteira, na composição do passivo externo brasileiro. Segundo o
Banco Central, o resultado da conta financeira do balanço de pagamentos refletiu o impacto da liquidez
internacional acentuada, em ambiente de recuperação incipiente das economias desenvolvidas, e o estímulo
proporcionado pela consolidação do processo de crescimento da economia brasileira; nesse cenário, a conta
financeira registrou ingressos líquidos de US$98,5 bilhões em 2010, ante US$70,2 bilhões no ano anterior.
Os investimentos diretos e os investimentos em carteira registraram ingressos líquidos respectivos de
US$36,9 bilhões e US$63 bilhões e os outros investimentos, amortizações líquidas de US$1,3 bilhão.
Em 2011 o déficit em transações correntes atingiu US$52,5 bilhões, ante US$47,3 bilhões no ano
anterior. Ocorreram elevações respectivas de US$7,8 bilhões e US$7,1 bilhões nas despesas líquidas com
rendas e na conta de serviços, representando, na ordem, aumentos anuais de 19,8% e 23,1%, cujo impacto
foi neutralizado, em parte, pelo aumento de 47,9% no superávit da balança comercial. O reconhecimento do
Brasil como ambiente seguro para investimentos, expresso em expectativas de risco, favoreceu o ingresso
líquido de US$112,4 bilhões na conta capital e financeira. O superávit do balanço de pagamentos totalizou
US$58,6 bilhões. A balança comercial registrou superávit de US$29,8 bilhões em 2011, décimo primeiro
resultado positivo em sequência. A expansão anual de 47,9% refletiu elevações de 26,8% nas exportações e
de 24,5% nas importações, que somaram, na ordem, US$256 bilhões e US$226,2 bilhões. A corrente de
comércio cresceu 25,7% em 2011, ante aumento de 36,7% em 2010. A conta de serviços apresentou déficit
de US$38 bilhões, ante US$30,8 bilhões em 2010, aumento associado, em especial, ao desempenho das
contas viagens internacionais; aluguel de equipamentos; transportes; computação e informação; e royalties e
licenças. O déficit da conta de rendas atingiu US$47,3 bilhões, resultado 19,8% mais elevado do que o
registrado no ano anterior. As transferências unilaterais correntes mantiveram-se estáveis, registrando
ingressos líquidos de US$3 bilhões. Parcela relevante desse fluxo referiu-se à manutenção de residentes,
cujas receitas líquidas registraram recuo anual de 0,9%, somando US$1,3 bilhão. A receita bruta de
manutenção de residentes representou 44,3% dos ingressos totais de transferências unilaterais correntes, e os
principais países de origem destes ingressos foram os EUA, 28,3% do total, e Japão, 19%. A conta
financeira registrou ingressos líquidos de US$110,8 bilhões em 2011, ante US$98,8 bilhões no ano anterior,
com ênfase nos ingressos líquidos respectivos de US$67,7 bilhões e US$35,3 bilhões relativos a
investimentos diretos e a investimentos em carteira. As condições favoráveis de financiamento das contas
externas também se expressaram na taxa de rolagem, relação entre novos desembolsos e amortizações
ocorridas, que atingiu o recorde de 460% no ano, ante 243% em 2010.
Em 2012 o déficit em transações correntes atingiu US$54,2 bilhões (2,4% do PIB), ante US$52,5
bilhões (2,1% do PIB) no ano anterior. Esse aumento decorreu de reduções no superávit comercial, US$10,4
bilhões, e nas remessas líquidas de rendas, US$11,9 bilhões; elevação de US$3,1 bilhões nas despesas
líquidas de serviços; e estabilidade nos ingressos líquidos de transferências unilaterais. A conta capital e
financeira foi positiva em US$70,2 bilhões, destacando-se o ingresso líquido de US$65,3 bilhões em
investimentos estrangeiros diretos, e o balanço de pagamentos superavitário em US$18,9 bilhões. A balança
comercial registrou superávit de US$19,4 bilhões, ante US$29,8 bilhões em 2011, décimo segundo resultado
positivo em sequência. A retração anual de 34,8% decorreu de recuos de 5,3% nas exportações e de 1,4%
nas importações, que somaram, na ordem, US$242,6 bilhões e US$223,2 bilhões. A corrente de comércio
diminuiu 3,4% no ano, ante acréscimo de 25,7% em 2011. A conta de serviços registrou déficit de US$41
bilhões, ante US$37,9 bilhões em 2011. A elevação das despesas líquidas é explicada, em ordem de
importância, pelo resultado das contas aluguel de equipamentos, viagens internacionais, transportes,
computação e informação, e royalties e licenças. O déficit da conta de rendas totalizou US$35,4 bilhões,
recuando 25,1% no ano. A conta de juros apresentou remessas líquidas de US$11,8 bilhões, reflexo de
reduções respectivas de 30% e 2% nas receitas e nas despesas. Ressalte-se que o recuo nas receitas
evidencia, em especial, a evolução das taxas de juros internacionais. As transferências unilaterais
registraram ingressos líquidos de US$2,8 bilhões, decréscimo anual de 4,6%. Parcela relevante desse fluxo
refere-se à manutenção de residentes, cujas receitas líquidas recuaram 11,2% no ano, somando US$1,2
bilhão. A receita bruta de manutenção de residentes representou 43% dos ingressos totais de transferências
unilaterais correntes. Os principais países de origem dos ingressos de manutenção de residentes foram EUA,
33,7%, e Japão, 17,8%. A conta financeira registrou ingressos líquidos de US$72 bilhões, ante US$110,8
bilhões no ano anterior, com ênfase nos relativos a investimentos diretos, US$68,1 bilhões, e a
investimentos em carteira, US$8,8 bilhões. A taxa de rolagem, relação entre novos desembolsos e
amortizações ocorridas, atingiu 188% no ano, ante o recorde de 460% em 2011.

Balanço de pagamentos (US$ milhões)


Discriminação 2008 2009 2010 2011 2012

TRANSAÇÕES CORRENTES -28.192 -24.302 -47.273 -52.473 -54.230


Balança comercial (FOB) 24.836 25.290 20.147 29.793 19.415
Exportação de bens 197.942 152.995 201.915 256.040 242.580
Importação de bens -173.107 -127.705 -181.768 -226.247 -223.164
Serviços e Rendas -57.252 -52.930 -70.322 -85.251 -76.492
Serviços -16.690 -19.245 -30.835 -37.932 -41.044
Receita 30.451 27.728 31.599 38.209 39.864
Despesa -47.140 -46.974 -62.434 -76.141 -80.908
Rendas -40.562 -33.684 -39.486 -47.319 -35.448
Receita 12.511 8.826 7.405 10.753 10.888
Despesa -53.073 -42.510 -46.892 -58.072 -46.335
Transferências unilaterais correntes 4.224 3.338 2.902 2.984 2.846
Receita 5.317 4.736 4.775 4.915 4.626
Despesa -1.093 -1.398 -1.873 -1.931 -1.780
CONTA CAPITAL E FINANCEIRA 29.352 71.301 99.912 112.381 70.154
Conta Capital 1.055 1.129 1.119 1.573 -1.877
Conta Financeira 28.297 70.172 98.793 110.808 72.030
Investimento Direto 24.601 36.033 36.919 67.689 68.093
Investimento em Carteira 1.133 50.283 63.011 35.311 8.770
Derivativos (líquido) -312 156 -112 3 185
Outros Investimentos 2.875 -16.300 -1.024 7.805 -5.018
ERROS E OMISSÕES 1.809 -347 -3.538 -1.271 2.976
RESULTADO DO BALANÇO 2.969 46.651 49.101 58.637 18.900

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