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CHOQUE ORTODOXO

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 Cenário externo:

Crise financeira internacional Duplicação dos preços do


petróleo
2° Choque petróleo Elevação das taxas de juros
internacionais
CHOQUE ORTODOXO
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 Cenário expõe a vulnerabilidade da economia


brasileira aos condicionantes externos

Juros da dívida externa – 28% do valor das exportações


Déficit em transações correntes – US$ 10,8 bi (1979)

Processo de ajuste através da oferta doméstica – torna-
se mais „penoso‟ no início da década (crise externa +
acúmulo de desequilíbrios macroeconômicos)

 Inflação – pressionada pelo desequilíbrio externo,


choques de oferta (petróleo e comportamento
insatisfatório da agricultura) e pelos déficits públicos.
CHOQUE ORTODOXO
 Primeiro momento – Delfim Neto - discurso desenvolvimentista e de
combate à inflação com crescimento

 Prioridades do III PND:


Exploração de petróleo
Energia
Substituição de importação de insumos básicos
Atividades de exportação

 Outras medidas:
Expansão do crédito para a agricultura
Aceleração do reajuste das tarifas públicas (inflação
corretiva)
Estímulo à captação externa
Maxidesvaloriação do cruzeiro – dez/79
CHOQUE ORTODOXO

 Início de 1980: sinais imediatos de escassez de financiamentos


externos (reversão nas condições de financiamento internacional)

 dificuldade de obtenção de recursos para cobrir desequilíbrio do


BP + perda de confiança da comunidade financeira internacional

 Final de 1980:

Déficit em conta corrente: US$ 12,8 bilhões

Escassez de financiamento externo  Queda nas


reservas de US$ 3 bilhões

Aceleração inflacionária
CHOQUE ORTODOXO
Obs.: A política ordodoxa passa a ser a marca da política econômica
dos anos seguintes (determinada principalmente pela piora nas
condições cambiais)
:
Controle da Demanda  Lidar com a inflação (diagnóstico
tradicional de excesso de demanda)

I) RECESSÃO SEM FUNDO (AJUSTAMENTO VOLUNTÁRIO)

 Política macroeconômica em 1981 e 1982:

Reduzir a absorção interna  diminuir a necessidade de divisas


estrangeiras (reduzir o hiato de recursos) (necessidade de
transferência de recursos do exterior)
Obj.: Queda na demanda interna  Tornar as atividades de
exportação mais atraentes + Reduzir as importações
CHOQUE ORTODOXO

Obs.:
1) Redução das M‟s: estimulada pelo aumento preço
dos produtos derivados do petróleo

2) Não se deveria contar com as desvalorizações para


estimular as exportações – crença de que as
exportações estavam limitadas pela recessão
mundial
CHOQUE ORTODOXO
 Mecanismos de política macroeconômica

i) Governo adota política de contenção salarial 


(subindexação salarial) queda do salário real

ii) Controle das despesas públicas (Dez/80):

 Redução de gastos
 Limite ao crescimento dos investimentos estatais
(60%)
 Receita orçamentária dos órgãos da administração
direta – centralizada pelo Tesouro
 Controle semanal das contas dos órgãos
governamentais (feita por órgão especial)
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iii) Aumento da arrecadação

Aumento do IR (55%)
Aumento do IOF (de 15% para 25%)
Reestabelece o incentivo fiscal para as exportações de
manufaturados

iv) Liberação da taxa de juros – iniciada em nov/80 e completada em


jan/81

v) Contração da liquidez real

fixação de um teto de 50% empréstimos ao setor privado/


crescimento da BM (controle do crédito)
CHOQUE ORTODOXO
 Efeitos da política restritiva: são praticamente nulos em
termos de inflação


Rigidez da Inflação  reforçando a tese de Inflação inercial
Obs.: Até meados de 1981, a inflação atinge o pico de 120%, caindo
para 100% no final do ano (queda relativa do preço dos produtos
agrícolas).
•Reversão do saldo de BC – 1981:
Recuperação das X’s + diminuição das M’s
(1980: Déficit de US$ 2,8 bi  1981: Superávit de US$ 1,2 bi)
•Economia brasileira entra em profunda recessão:
Queda no PIB – 10% (bens de consumo duráveis e de capital)
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Obs.: Elevação da taxa de juros internacional (4% em 1981) 


aumento pagamento dos juros da dívida externa (40% da receita de
exportação)

Obs.: Questiona-se porque o Brasil não recorreu ao FMI, buscando


apoio para as políticas de estabilização implementadas a partir de
1980 (out).  Temor de que fosse perdida a liberdade de política
econômica + FMI modificasse radicalmente a estratégia de
ajustamento estrutural de longo prazo.
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II) DA RECESSÃO AO FUNDO: 1982

 Caem os gastos com as M‟s


Comportamento das exportações já não é tão satisfatório
(recessão mundial)

BS – déficit aumenta de US$ 2,2 bi (pagamento de juros)

 Déficit em Transações correntes (US$ 16,3 bi)


(independente da absorção interna)
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 Política norte-americana, Crise da dívida externa

- 1979 – FED adota uma política monetária restritiva, como


tentativa de conter a desvalorização que o dólar vinha apresentado
desde 1973 (adoção do câmbio flutuante) – restrição do crédito.

- Início anos 80 – Governo Reagan:


Problema dos EUA – excesso de intervenção do Estado na
economia
Altas taxas de impostos  aumentavam os custos dos produtores
 desestimula a produção  diminui a base tributável  efeito
negativo sobre a arrecadação de impostos  deterioração das
contas públicas (Curva de Lafer)

Necessidade de diminuir peso dos impostos sobre as empresas
(redução dos custos)  de forma a promover ganhos de
competitividade
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- Resultado: deterioração da situação fiscal dos EUA


- Elevação brutal das taxas de juros – EUA – absorvedor da liquidez
mundial.

Nesse contexto de elevação das taxas de juros internacionais +
dificuldade de obtenção de recursos  PEDs  Crise da dívida
externa (insolvência da Polônia e Argentina/ Moratória mexicana)

Moratória mexicana – 1982 – dificuldades de refinanciamento das
operações bancárias nacionais (rompimento do fluxo de recursos
voluntários)  “perda de reservas”.

Necessidade de política de geração de superávits
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 Agosto de 82 – iniciam-se as conversações da equipe
econômica brasileira com o FMI e os bancos privados
(substituição dos financiamentos multilaterais por
financiamentos privados)
2ª metade de 82 – estabelece-se um novo esquema de
financiamento externo que seria a base para um posterior
acordo com o FMI.
•“Fundos de emergência” – evitar a suspensão de pagamentos
por carência de divisas.
•Compromisso formal de austeridade com relação ao setor
externo: “Programa para setor externo em 1983” –
estabelece metas pra M’s e X’s  superávit comercial de US$ 6
bi.
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Obs.: O pedido formal de auxílio ao FMI não ocorre devido à


proximidade das eleições gerais (Nov/82) – mesmo assim, o
programa está sob supervisão do FMI.

- Final de 1982 – 1ª ida oficial ao FMI


 Não basta a austeridade do ajuste, é necessária a submisso das
políticas macroeconômicas e comercial ao “crivo” do FMI.

- Conjuntura em 1982:
Economia praticamente estagnada – crescimento real do PIB: 1,1%
Taxa de inflação sem alteração em relação a 1981 – 100% (final
de 82).
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III) O FUNDO DA RECESSÃO: 1983

 O que é necessário:
Renegociar dívida externa/ conseguir fundos não
voluntários e de CP
(JAN/1983: 1ª carta de intenções ao FMI (sete cartas nos
últimos 24m)

 Dificuldade de adptar o receituário do FMI a uma


economia altamente indexada como a economia
brasileira e com peso tão significativo do Estado.

 Modificações no “Programa para o setor externo em


1983” – Estabelece novos critérios de desempenho da
economia brasileira:
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i) Estabelece-se um teto para o déficit em conta corrente:
US$ 6,9 bi
Superávit comercial: US$ 6 bi

Mecanismo utilizado: desvalorizações mensais do cruzeiro


(1% superior à taxa de inflação)
Obs.: Reduções drásticas nos gastos das estatais 
redução da importações

“GRADUALISMO DA POLÍTICA CAMBIAL”

ii) Inflação: meta de 78%

Mecanismo utilizado: Contração dos gastos do Governo


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Obs.: Resultados relativamente insignificantes na Balança
Comercial: dificuldade de operacionalizar as
desvalorizações mensais

 Abandono do gradualismo da política cambial


 MAXIDESVALORIZAÇÃO DO CRUZEIRO (30%)

Obs.: Uma correção de preços e salários poderia neutralizar


a maxidesvalorização - Para impedir a neutralização da
maxidesvalorização, através da indexação salarial: Governo
reduz os percentuais de correção automática dos salários
(“desindexação salarial”)

Desindexação + Aceleração inflacionária  Queda no


poder de compra dos salários
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 QUADRO MACROECONÔMICO

Recessão interna Queda do preço internacional do


petróleo
Queda salário real Queda das taxas de juros
internacionais
Desvalorização cambial Recuperação da economia
americana

(interno) (externo)

Cumprimento das metas externas (mais pela contração das
importações do que pelo aumento das exportações)
SUP. COMERCIAL: US$ 6,5 bi
DÉF. EM C/C: US$ 6,2 bi
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 Cenário interno: dificuldade no controle da inflação

Maxidesvalorização + elevação nos preços agrícolas

Obs.: O Governo ao longo de 1983 submete várias cartas


de intenção ao FMI, devido à dificuldade de reduzir as
necessidades de financiamento do setor público (NFSP)
(dificuldade de cumprir as metas fiscais)
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Obs.: Dificuldade de adaptar o conceito de NFSP: FMI x
Governo brasileiro

NFSP (nominal): inclui todo tipo de gastos do gov. –


consumo/investimento/rolagem da dívida (pgto da dívida)

NFSP (operacional): deduz as correções monetária e


cambial pagas sobre a dívida.

NFSP – Correção Monetária do estoque da dívida (parte


indexada)  Red. do Déf. Públ.

Obs.: Destaca-se ainda o corte significativo das despesas


das estatais  Ajuste da finanças e Queda na taxa de
investimento da economia
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 Conjuntura:

 Queda do produto industrial (maior recessão do setor


industrial, liderada pela retraçaõ dos bens de capital)
 Quedas nas taxas de investimento
 Queda na demanda de BCND (queda salarial)
 Queda do PIB
 Queda na renda per capta
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IV) COM O FUNDO SEM RECESSÃO: 1984

1) Relaxamento das restrições externas:

Recuperação da economia mundial e dos EUA


Reaquecimento do comércio mundial

Aumento na demanda externa (aumento nas exportações


de aço/produtos agrícolas/ namufaturados)
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IV) COM O FUNDO SEM RECESSÃO: 1984

1) Relaxamento das restrições externas:

Recuperação da economia mundial e dos EUA


Reaquecimento do comércio mundial

Aumento na demanda externa (aumento nas exportações


de aço/produtos agrícolas/ namufaturados)
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2) Recuperação do produto industrial:

i) Recuperação do setor externo  Aum. a demanda por


manufaturados (BCD/BK)

ii) Performance do setor agrícola:


- Aumento dos preços agrícolas  aum. a renda do setor 
aum. a demanda por prod. Industriais
- Expansão da agricultura

iii) Recuperação do consumo:


- Recuperação dos níveis salariais  Aum. a demanda de
BCND
- Expectativa de inflação
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Obs.: Expectativa de inflação: recomposição de perdas
salariais/ política monetária frouxa/ “boom” do mercado
financeiro/ reajuste de tarifas públicas

 Conjuntura:
 PIB: cresce 5,7%
 Recuperação da oferta agrícola
 Taxas de inflação: IGP-DI: 223% (84)/ 211% (83)

 Razoável estabilidade/ relativa invariância ao nível de


atividade
 Reforça o caráter inercial da inflação brasileira 
surgimento de propostas visando reduzir o nível de
indexação da economia brasileira
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 Metas externas:
- Sup. Comercial: US$ 13,1 bi
- Saldo em c/c: relativo equilíbrio (em declínio desde 1982)
- Queda na conta líquida de juros  incremento no nível de
reservas
- Crescimento da dívida externa a taxas mais moderadas

 Reversão das expectativas com relação às restrições


externas

BRASIL: recuperaria a trajetória de crescimento, estando


apto a pagar os juros externos e equilibrar sua c/c
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 Deterioração do setor público:

 A recessão dimunia a base tributável;


 A transferência de recursos para atividades de
exportação significava renúncia fiscal;
 As altas taxas internas de juros encareciam a rolagem
da dívida interna;
 A aceleração inflacionária diminuía a arrecadação
(Efeito Oliveira-Tanzi)
 Estado perde a capacidade de promoção do
desenvolvimento.

CRISE FISCAL
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