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OS INSTRUMENTOS DE AÇÃO DO PAEG

• POLÍTICA FINANCEIRA
– Redução do déficit de caixa governamental e melhoria da
composição da despesa capaz de reduzir a pressão
inflacionária
– Política tributária destinada a fortalecer a arrecadação e
combater a inflação, corrigindo as distorções de incidência,
estimulando a poupança, melhorando a orientação dos
investimentos privados e atenuando as desigualdades regionais
– Política monetária para progressiva estabilização de preços sem
retrair o nível de atividade
– Política bancária destinada a fortalecer o sistema creditício
– Política de investimentos públicos orientada de forma a
fortalecer a infra-estrutura econômica e social do país
Política salarial do PAEG
• Manter a participação dos assalariados no Produto Nacional
• Impedir que os reajustamentos salariais aumentassem a inflação
• Correção das distorções salariais no Serviço Público Federal, Autarquias e Sociedades de
Economia Mista
Histórico das políticas salariais
1931- Criação do Departamento Nacional do Trabalho e regulamentação sindical de
trabalhadores e empregadores
1940 – Instituição do salário mínimo (regulamentado em 1943)
1946-50 – Governo Dutra – o salário mínimo foi congelado e teve uma perda real de 30%
1952-54 – Governo Vargas – reajustado duas vezes e em 1954 representava duas vezes o
salário de 1946 em termos reais
1955-60 – Governo JK – houve um pequeno ganho do salário mínimo
1961-64 – Quadros e Goulart – o salário mínimo real caiu 20% apesar dos reajustes serem
mais freqüentes
1965 – Salário médio real com base na média dos últimos24 meses (usada para o setor
público e dissídio do setor privado) além de incidir a taxa de produtividade e a metade da
inflação programada pelo governo para o ano seguinte e ficou estabelecido o reajuste
anual

Ìndice do Salário Real


1964 –126 ; 1965 – 103; 1966 – 91; 1967 – 83
O salário mínimo real sofreu uma perda real entre 1964 e 1974 de 42%
Entre 1964-66 teve uma perda de 25,2%
Entre 1967-73 uma perda de 15,1%
PAEG - Plano de Ação
Econômica do Governo
objetivos declarados do PAEG
- Acelerar o ritmo de desenvolvimento econômico;
- Conter, progressivamente, o processo inflacionário;
- Realizar as reformas fiscal e financeira
- Atenuar os desníveis econômicos regionais, assim
como as tensões causadas pelos desequilíbrios sociais,
mediante melhoria das condições de vida;
- Assegurar pela política de investimentos, oportunidades
de emprego produtivo à mão de obra [...];
- Corrigir a tendência de déficits descontrolados do
balanço de pagamentos [...] (Governo do Brasil, 1965,
p.5).
PAEG - Plano de Ação Econômica
do Governo
“inflação corretiva e gradualista”
gradualista = metas - problema de desajuste
nos preços relativos de contratos de longo prazo (salários,
tarifas, câmbio) → conflito distributivo
Diagnóstico do PAEG: somente salários não estavam defasados!!
compromisso de salvar o país do caos, corrigir a inflação sem
provocar  acentuada da renda agregada ou “crise de
estabilização” → correção monetária
instrumentos clássicos de controle da inflação:
i) ajuste fiscal:  receita (arrecadação e ajuste tarifários) e  no
gasto público
ii)  gradativa da expansão dos meios de pagamento
iii) controle do crédito ao setor privado e
iv) arrocho salarial (reajuste abaixo da inflação) – criação do
FGTS
PAEG - Plano de Ação Econômica
do Governo
Reforma tributária:
Reforma tributária: ↑ arrecadação e racionalizar o
sistema – ↑ dos indiretos = ISS, ICM, ampliação
da base de arrecadação do IR, criação de
mecanismos de isenção (estimular poupança e
aplicações financeiras) e criação dos fundos de
participação (FPE e FPM)
Reforma regressiva e centralizadora - arrecadação
passou de 16% do PIB (1963) para 21% (1967)
PAEG - Plano de Ação Econômica
do Governo
Reforma financeira: objetivo dotar do SFB de mecanismos de
financiamento não inflacionários, ↑ eficiência e ↑ poupança.
criação do Banco Central e Conselho Monetário Nacional -
executar a política monetária (restringir a expansão dos meios
de pagamento) → proteger os ativos da inflação (modelo
norteamericano)
i) criação de mecanismos de correção monetária a ORTN para
financiamento do déficit público (não inflacionário) e correção
monetária para títulos privados - indexação
ii) ampliação do grau de abertura ao capital externo (IDE):
facilitação da contratação de empréstimos externos pelas
empresas nacionais, bancos (resolução 63 do Bacen) e
facilitação da remessa de lucros
iii) criação do SFH e do BNH
PAEG - Plano de Ação Econômica
do Governo
• Política salarial:
• Criação do FGTS e fim da estabilidade –
poupança forçada
• Fórmula de reajuste: média do aumento do CV
(24 meses) + aumento estimado de
produtividade (ano anterior) + metade da média
inflacionária prevista (ano seguinte)
• Arrocho salarial provocado pela fórmula somou
26,7% (65-67)
• Cenário: AI-5, proibição do direito de greve
PAEG - Plano de Ação Econômica
do Governo
Política Externa
- Aliança para o Progresso: colaboração com os EUA, Banco Mundial e FMI:
 lei 4.390 – atenuava as restrições ao capital estrangeiro;
 política cambial: “enquanto não nos livrarmos da inflação, será
indispensável reajustar periodicamente o preço da moeda estrangeira,
evitando o seu atraso em relação aos preços internos.(...) essa política é a
única capaz de assegurar a estabilidade da renda real dos exportadores.”
(Simonsen, 1970, p. 175)
 Em verdade satisfazia a pressão dos exportadores por lucros elevados
mediante a ineficiência tecnológica das atividades de exportação.
 Refletia a aliança de forças que davam sustentação ao novo governo, em
lugar do “confisco cambial” de outrora
 Diversificar a pauta: minidesvalorizações cambiais,
cambiais revogação de tarifas às
exportações, introdução de subsídios creditícios e incentivos fiscais -
esforço exportador
Milagre
1967 Castello e a dupla Campos-Bulhões são substituídos por
Costa e Silva (1967-69) e posteriormente Médici (1969-74)
Sob a liderança de Delfim Netto um conjunto de medidas em
acordo com a conjuntura de desemprego, capacidade ociosa,
salários baixos, estoques acumulados e crédito barato
(internacional). Desenvolvimento econômico antes da
estabilidade de preços
expectativa desenvolvimentista - 1968 – PED – 4 prioridades:
a) estabilização gradual de preços centrada nos custos e não na
demanda sem fixação de metas;
b) fortalecimento da empresa privada;
c) consolidação da infraestrutura a cargo do governo → apoio
nas estatais (financiada com empréstimos) → concilia
investimentos públicos e redução do déficit primário
d) ampliação do mercado interno → endividamento das famílias
Milagre
• Fontes do crescimento:
• Retomada do investimento público em infraestrutura
• Aumento do investimento das estatais (criação de subsidiárias)
• Setor industrial liderança do setor de bens duráveis: capacidade
ociosa – stop and go (↑ 23,6% no período)
• Construção civil (SFH-BNH)
• Crescimento das exportações (↑ comércio internacional, melhoria
nos termos de troca, subsídios e incentivos e minidesvalorizações
cambiais): manufaturados 10,2% (1968), passam a 23,1% (1973)
além da expansão da especulação com commodities
 Financiamento externo via mercado de eurodólares (resoluções 63
e 64 do Bacen captação de recursos externos pelos bancos
comerciais e BNDE para repasse as empresas locais) dívida
externa passa de US$4,4 bilhões para US$ 14,4 bilhões (1973)
 IDE – vantagens comparativas da taxa de acumulação nos países
periféricos (mão de obra, subsídios, matérias primas) de US$115
milhões (1967) a US$1,2 bilhões (1973)
Milagre
Pode contar com a expansão monetária (14% no Milagre, contra
5%) – crédito ao setor privado
Trade off da Curva de Pillips – fatores de contenção da inflação:
 capacidade ociosa
 Controle sobre preços e juros
 Política salarial
 Politica agrícola
Dilema entre crescimento e equilíbrio externo (Gianbiagi, p. 87)
 Disponibilidade de liquidez internacional + simpatia dos EUA
 Melhora dos termos de troca
 Expansão do comercio mundial
Milagre
• Aprofundamento da estratégia de desenvolvimento associado
e dependente que caracteriza a era Vargas, com a diferença
profunda de que o Milagre reforçou a liderança no setor de
bens de consumo mantendo a dependência tecnológica e
acentuado desequilíbrio setorial:
 Descompasso entre o crescimentos dos diversos setores,
bens de capital a reboque dos demais,
demais bens leves e agricultura
com desempenhos modestos: gargalos na oferta + pressões
inflacionárias
 salário mínimo no período 1964-1967  42%, sendo durante o
PAEG -25,2% e durante o Milagre -15,1%
 1972 - 50% dos assalariados recebiam até 1sm; 22% entre 1 e
2 SMS e 75,3% até 2sms
 salário do pessoal ocupado na produção  10% (1964-74),
enquanto os mais qualificados  6,3% (1964-72).
MILAGRE
Resultados
FBCF – 15% PNB (1967) atinge 22,8% (1973)
Investimentos industriais cresceram em média 20% aa.
(1967-73)
Auge em 1973 – PIB = 14% desaquecimento e crise do
petróleo.
Contradição → defasagem dos ritmos de acumulação
→ novo pacote de investimentos em bens de capital
desafio: criar condições de financiamento
Retomada da inflação: crise do petróleo ou
desequilíbrios setoriais?
Referencias Bibliográficas
• HERMANN, J. Reformas, Endividamento
Externo e o “Milagre” Econômico (1964-
1973). In, GIAMBIAGGI, F. et all.
Economia Brasileira Contemporânea
(1945-2004). Rio de Janeiro – Editora
Campus Elsevier. 2005.
• SOUZA, L. E. S. A ditadura militar e Paeg
(1964-1967). In, PIRES, M.C. Economia
Brasileira: da Colônia ao Governo Lula.
S. Paulo: Saraiva, 2010.
INDICADORES FISCAIS NO BRASIL – 1963-1973
médias por período - % do PIB
DESPESA PRIMÁRIA

GOVERNO FEDERAL1

PERÍODO CONSUM FBCF TOTAL Estados Municípios Total Carga Saldo


O Tributária2 Primário

1963 8,4 3,6 12,0 7,4 1,7 21,1 16,1 -5,0

1964-67 7,9 4,3 12,1 7,8 1,8 21,7 19,4 -2,3

1968-73 9,1 4,3 13,4 7,7 2,6 23,7 25,1 1,4

1- Consumo do Governo inclui subsídios e transferências ao setor privado


2- Refere-se a União, Estados e Municípios

Fonte: IBGE, estatísticas do século XX


SÍNTESE DE INDICADORES
MACROECONÔMICOS – 1964-1973
(médias anuais por período)
INDICADORES MÉDIAS MÉDIAS
1964-67 1968-73
Crescimento do PIB (% a.a.) 4,2 11,1

Inflação (IGP dez/dez, % a.a.) 45,5 19,1

FBCF (%PIB a preços correntes) 15,5 19,5

Tx. de cresc. das exportações de bens (US$ correntes, % a.a.) 4,1 24,6

Tx. de cresc. das importações de bens (US$ correntes, % a.a.) 2,7 27,5

Balança Comercial (US$ milhões) 412 0

Saldo em conta corrente (US$ milhões) 15 -1.198

Dívida Externa Líquida/ Exportações de bens 2,0 1,8


AS FINANÇAS ANTES DE 1980

• A CONTA MOVIMENTO
– Em 29/03/1965 foi aberta a conta movimento do Banco Central com o objetivo de efetuar o simples registro
dos pagamentos e recebimentos realizados pelo BB por conta dos serviços que trocasse com o recém-
criado Bacen. Não havendo nenhuma para regular o seu uso, essa conta transformou-se na fonte de
recursos para suprir a maioria dos empréstimos e financiamentos definidos pelo governo e que estivessem
fora do orçamento tradicional.
• A LEI COMPLEMENTAR No.12
– Retirou do Congresso Nacional o seu poder de legislar em matéria financeira, transferindo tal poder par o
Executivo.
• A MULTIPLICIDADE ORÇAMENTÁRIA
– Orçamento Geral da União (OGU)
– Orçamento das Empresas Estatais
– Orçamento Monetário
– Conta da Dívida
• Ppppp
• Ppp

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