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Processo de Substituição de

Importações no Brasil: Estado e


Industrialização
Profa. Dra. Eliana Tadeu Terci
Industrialização Restringida
• Até 1950 papel do Estado limitado: i) proteger a
indústria nacional contra as importações concorrentes;
ii) controlar o movimento sindical e iii) realizar
investimentos em infra-estrutura
• Capacidade de arrecadação e tributação frágeis
• Reduzida capacidade para importar
• CSN somente se tronou possível com o apoio dos EUA;
a Petrobrás somente foi possível em 1954 e a indústria
química não chegou a se realizar
• Investimentos em infra-estrutura ficaram a dever
formando pontos de estrangulamento em energia e
transporte
Industrialização pesada
• Plano de Metas (JK) Estado passa a ter papel ativo:
i) articulação das forças (capital internacional,
capital privado e Estado);
ii) proteção ao mercado interno através de tarifa
aduaneira e política cambial
iii) Estado passou a fomentar o desenvolvimento
através do BNDE (1952)
iv) participação do Estado (siderurgia, petroquímica e
mineração) e infraestrutura (energia e
transporte),em parte financiado por política fiscal e
monetária expansionista (financiamento
inflacionário)
Consolidação da estrutura
industrial
• 68-79 – MILAGRE - consolidação: promoção do mercado
interno e exportações:
• Até 70 crescimento com base na capacidade instalada, após
1. retomada dos investimentos com forte apoio estatal:
i) isenções, redução de tarifas aduaneira e impostos (IPI,
ICM) para importação de máquinas e equipamentos para
projetos aprovados pelo (CDI), estendidas posteriormente
para equipamentos nacionais → estimular a industria
nacional de bens de capital;
ii) linha de crédito subsidiado no BNDE (tarifas abaixo da
inflação);
iii) incentivos fiscais para projetos em regiões atrasadas, via
orgãos regionais (SUDENE, SUDAM)
Consolidação da estrutura
industrial
2. Ampliação do mercado interno resulta
• tanto da demanda i) política macro (gasto público com
financiamento externo) expansionista, ii)boom das
construções residenciais (financiamento pelo BNH) e
iii) recuperação dos níveis de consumo (endividamento
das famílias);
• quanto da ampliação das exportações: i)
desvalorização cambial; ii) incentivos e iii) conjuntura
favorável: indústria alcança mercado externo a partir
de sua competitividade extensiva (mo e recursos)
Consolidação da estrutura
industrial
• II PND inaugura nova fase de investimentos públicos e
privados nas indústrias de
i)insumos básicos (siderurgia e metalurgia dos não-
ferrosos, química, petroquímica, fertilizantes e cimento,
papel e celulose) e
ii)bens de capital (material de transporte, maquinas e
equipamentos mecânicos, elétricos e de comunicações )
iii) investimentos públicos em infraestrutura
• II PND representa “um esforço de acumulação de capital e
uma diversificação da estrutura industrial na direção da
indústria pesada, sem precedentes na história da
industrialização brasileira”
brasileira (Tavares e Lessa, 1984, p. 6)
Padrão de Financiamento
• Padrão 70 = incapacidade do setor financeiro
privado financiar empréstimos de longo prazo →
financiamento externo + investimento estatal +
acumulação primitiva:
primitiva
 custo do crédito subsidiado = 3,5% PIB (1980-82),
somando-se subsídios fiscais (tarifas reduzidas) =
7% PIB (acumulação primitiva):
Bresser – 30% ID estatal + 20% (acumulação
primitiva) + financiamento via BNDE (40% FBCF –
crédito subsidiado)
Padrão de Financiamento: falência
1. Condicionantes externos
Padrão: crise 1979 (alta dos juros internacionais) colapsa em 1982
estancamento dos fluxos (moratória mexicana):
 transferência de recursos = 5% PIB (1984-85)
2. Condicionantes internos: deterioração das finanças públicas
Perda de capacidade de poupança compulsória → ↓ taxa de investimento:
 ↓ carga tributária de 15,5% PIB em 1970 → 6,4% em 1984: recessão +
políticas monetárias + inflação → transferências ao setor privado + ↑ tx. de
juros (dívida interna) + perda de receita de impostos (não foi amenizado
pela indexação – desajuste das tarifas públicas)
• consequências
 ↓ subsídios fiscais: de 3,5% (1980) para 1,5% (1984)
• ↓ capacidade de investimento do Estado
• O que explica?
Padrão de Financiamento: falência
• Campanha contra o intervencionismo estatal: fim do Milagre (↓
relativa do excedente); metas do II PND (↑ capacidade de
financiamento das estatais – preços e lucros)
• Com a redemocratização em 1985 e a inflexão da política
econômica voltada aos gastos sociais e ↓ subsídios ao setor
privado
• Utilização da CIP - ↓ lucros na ordem de grandeza das estatais
(causa e consequência) e multinacionais (CIP) e nacionais (CIP e ↓
subsídios).
• ↓ produtividade explicada pelo ↑ composição orgânica do
capital com ↓ lucro no primeiro estágio (setores intensivos em
capital), para recuperar-se quando produzem para exportação
3. Salários e produtividade: inflexão da produtividade
não se deve a ↑ salários:
Ineficiência da indústria
• Política de fomento a industrialização: deficiências e
lacunas que criaram uma mentalidade protecionista,
protecionista
agravou o atraso tecnológico e reduziu a
competitividade.
• Característica: defensivas e exageradamente
protecionistas → política cambial favorecedora de
rentabilidade interna > internacional.
• Problema foi a ausência de investimento em P&D →
protecionismo frívolo → protecionismo como fim
• Exportação de manufaturados cuja competitividade
estava na indústria intensiva em mo e recursos naturais
Ineficiência da indústria
• Período de expansão (68-73/74), como o
crescimento se fazia com endividamento, foi
necessário conter importações e estimular
exportações de manufaturados → esforço
exportados: ampliou-se o arcabouço protecionista
• Problemas: i) ausência de política agrícola de
estímulo a produção de alimentos → inclusão
ii) desarticulação intersetorial;
iii) ausência de sistema financeiro privado e
iv) desarticulação social
Anos 80 – passo para trás
• 1980 Estado assume papel passivo: crise fiscal e da
dívida externa → objetivo cumprir compromissos da
dívida implicou adoção
i) política cambial agressiva → favorecer exportações;
ii) subsídios as exportações de manufaturados;
iii) controle severo das importações;
iv) política de arrocho salarial; além de
v) aperto fiscal, restrição de crédito e elevação de
juros
Anos 80 – passo para trás
• Resultado: recessão produção industrial ↓ 17%;
emprego ↓ 20%, capacidade ociosa = 25% + atraso
tecnológico
• Recuperação de 1984 (exportação de manufaturados)
alcançada mediante competitividade espúria (política
cambial e restrição de demanda + política salarial
regressiva) e não pelo aumento de produtividade o que
requereria medidas de longo prazo.
• A partir de 1987 – políticas de retomada do crescimento
industrial revela a desarticulação do Estado, mercado e
instituições.
Perspectivas
• 1987 formulação de estratégia para 1987-95:
i) industrial targeting sem PI: frágil articulação com o setor privado;
ii) Liberalização sem estratégia de política industrial e tarifária:
tarifária “Nova
Política Industrial” - antipolítica industrial combina desregulação com
liberdade de importação de tecnologia, liberdade ao capital estrangeiro;
iii) Não enfrenta realidade: estrutura industrial integrada, grande mercado
interno e presença marcante no mercado mundial
iv) Não aponta metas para reverter disparidades regionais;
desenvolvimento tecnológico e absorção e qualificação de mão de obra
v) não estabelece metas para a constituição de vantagens comparativas
dinâmicas
vi) a única medida correta foi a reforma da política aduaneira,
posteriormente abandonada pelo próprio governo.
• vii) concepção de política industrial como concessão de incentivos fiscais
Perspectivas
• Consequências: a competitividade brasileira
se baseia em produtos intensivos em recursos
naturais e m.o. barata.
• O avanço somente viria em se retomando o
papel desenvolvimentista do Estado.
Mudança do papel do Estado
• A partir de 1980 o Estado deixa de ser o motor
do desenvolvimento. Para Suzigan, assume
papel passivo, para Bresser, passa mesmo a
ser um obstáculo ao crescimento econômico.
Qual é a razão: ineficiência intrínseca ou crise
fiscal?
• Fiore, Suzigan e Bresser.
Crise do Estado
• Ineficiência intrínseca do Estado ?
• Crise fiscal do Estado→ condicionantes:
• Endividamento + ônus do ajustamento:
i) maxidesvalorizações
ii) elevação dos juros internacionais
iii) manutenção dos subsídios e incentivos ao setor privado
iv) estatização da dívida privada das empresas
conclusão: economia em crise, Estado quebrado e empresas
saudáveis!
• Crise fiscal consequência de sua crise de financiamento
• Questão contradição entre política ambiciosa de investimento e
gasto e necessidade de política contencionista de crédito e
financiamento (Coutinho e Beluzzo)

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