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A Economia brasileira nas últimas

décadas: avanços e problemas


Introdução a Economia
Maria Eduarda Tannuri Pianto(UnB)

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1) Visão geral da história Econômica

• Desde meados do século passado, duas


características se mostraram salientes na
Economia Brasileira.
1. Crescimento do PIB relativamente alto no
período pré 1980.
2. Quebra de tendência de crescimento a partir da
década de 1980.

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1) Visão geral da história Econômica
• De 1948 a 2010: Taxas médias de crescimento
do PIB e do PIB per capita de 5,2% e 2,8% ao
ano, respectivamente.
• EUA tiveram crescimento menor (3,2% a.a.).
• Nota-se no entanto, um contraste entre o
período 1948-1980 e 1980-2010.

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1) Visão geral da história Econômica
• Entre 1948 e 1980, o PIB per capita cresceu a
taxa média de 4,6% a.a.
• Entre 1981 e 2010, cresceu a taxa de 0,7% a.a.
• No período de 1968 a 1973 (“Milagre
Econômico”) houve crescimento
excepcionalmente alto do PIB, 11,2% em
média.

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1) Visão geral da história Econômica
• Na década de 70 o crescimento médio foi de
9% a.a.
• De 1980 a 2010 houve alternância de períodos
de crescimento mais e menos expressivos.
• O que causou tais diferenças de crescimento
no período pré e pós- década de 1980?

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2) Antes de 1980: crescimento
liderado pela indústria
• O crescimento anterior a 1980 foi marcado
pelo dinamismo da indústria, em especial, da
indústria de transformação.
• Entre 1947 e 1980 esta cresceu a uma taxa de
8,7% a.a.

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2) Antes de 1980: crescimento
liderado pela indústria
• Entre 1948 e 1980 a indústria também se
diversificou, produzindo bens de consumo
não-duráveis (e.g. alimentos, vestuário),
duráveis (e.g. carros) e bens de capital (e.g.
máquinas voltadas à produção).
• A queda no crescimento após 1980 também
se deveu a indústria, que cresceu a apenas
1,4% a.a. (Teoria da Convergência)

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria - Estímulos Governamentais
• O desenvolvimento da indústria foi favorecido
por estímulos do Governo.
• Barreiras à importação (tarifas alfandegárias).
– Essa era a principal fonte de receita até início do
século XX.
– Depois, passou a ter cada vez mais um caráter
protecionista, inclusive por pressão do setor
industrial.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria - Estímulos Governamentais
• Uma doutrina protecionista (Celso Furtado)
– Pontos Centrais: a especialização em produtos
primários para exportação limitaria o crescimento
no longo prazo.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria - Estímulos Governamentais
– Produtos primários: baixa elasticidade-renda,
pouco sujeitos a melhorias técnicas e sem
aumentos de produtividade.
– Produtos industriais: alta elasticidade-renda e
sujeitos a grandes melhorias tecnológicas e de
produtividade.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria - Estímulos Governamentais
– Países não devem se ater a lógica das Vantagens
Comparativas.
– Devem diversificar suas estruturas produtivas.
– Devem desenvolver a indústria voltada para o
mercado interno, substituindo importações.
– A experiência do Brasil na década de 30
influenciou a disseminação dessa doutrina.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria - Estímulos Governamentais
• Exemplos de planos econômicos formulados
com base nas ideias cepalinas são: Plano de
Metas (1955-60) e II PND (1973-79).
• O estímulo à indústria nesses planos
abrangiam subsídios do Governo na forma de
isenções de impostos, câmbio favorável para
importação de equipamentos, e empréstimos
de longo prazo.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria - Investimento Externo
• Em consequência das restrições à importações
diversas empresas internacionais se
estabeleceram ou ampliaram suas instalações
no Brasil.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria – Taxas de Investimento
• Mercado financeiro internacional favorecia a
tomada de empréstimo até fim da década de
70.
• A taxa de investimento como proporção do
PIB aumentou fortemente na década de 70
(período de maior crescimento do PIB).

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria – Taxas de Investimento
• Nota-se uma forte queda nesse indicador
entre 1970 e 1999 (de 23,1% para 15,1% do
PIB).

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2) Antes de 1980: crescimento liderado pela
indústria – Poupança Pública e Poupança
Externa
• Na década de 70, 1/3 da poupança total
proveio da poupança do governo ou do
exterior.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria – Poupança Pública e
Poupança Externa
• A partir da década de 80, o Governo passa a
contribuir negativamente para a poupança
doméstica.
• Isso pode explicar o baixo crescimento a partir
dessa década.
• O Governo financiava esse déficit emitindo
títulos da dívida, adquiridos com recursos da
poupança privada (que seriam investidos), i.e.
provoca o conhecido efeito crowding-out.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria – Os investimentos do
Governo
• O Governo pode investir
– indiretamente, via capitalização de empresas
como Petrobrás, transferência de recursos para o
Tesouro e bancos de fomento como o BNDES,
– ou diretamente, construindo estradas, portos ou
usinas hidrelétricas, fatores que aumentam a
produtividade.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria – O investimentos do
Governo
• Redução do crescimento a partir da década de
80 tem sido atribuída a queda nos
investimentos públicos.
• Na tabela 4 isso fica claro pela evolução da
taxa de formação Bruta de Capital do Setor
Público.
• Em 1969, esse valor era de 5,37% do PIB.
• Em 2003 chegou 1,51% do PIB.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria – Os investimentos do
Governo
• A elevação de gastos correntes (como folha
salarial, previdência) “engessa” o orçamento.
• Gastos correntes trazem mais benefícios
políticos de curto prazo. E governos têm curta
duração.
• Para atingir algum equilíbrio fiscal, o governo
corta gastos com investimento.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado pela
indústria – aspectos positivos
• O modelo de crescimento anterior a década
de 80 foi bem-sucedido. Permitiu a criação de
um parque industrial dinâmico e diversificado.
• Poucos países verificaram tal ritmo de
crescimento no período.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado pela
indústria – aspectos negativos
• Distribuição de renda piorou no período.
• O crescimento beneficiou poucos.
• No que se refere à indústria, ressalta-se o
baixo nível de competitividade.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria – aspectos negativos
• Visava-se a oferta de produtos para substituir
importações.
• Custo e eficiência eram fatores secundários.
• Para automóveis, por exemplo, as barreiras à
importação eliminavam a competição externa.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria – aspectos negativos
• Competição com produtores nacionais
praticamente não existiu no período.
• Havia sim uma luta pelo apoio governamental
via órgãos de fomento que forneciam crédito
subsidiado.
• Quem não conseguia tal apoio se encontrava
em desvantagem.

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2) Antes de 1980: crescimento liderado
pela indústria – aspectos negativos
• A pouca concorrência desestimulava
investimentos em inovação, que carregam alto
risco, mas podem proporcionar grandes ganhos.
• Um ambiente competitivo estimula a adoção de
inovações de modo a expulsar os inaptos do
mercado.
• O Resultado é um setor industrial despreparado
para competir internacionalmente.

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3) A crise dos anos 80: Antecedentes
• Antecedentes (década de 70)
– O aumento dos preços do petróleo aumentou o
saldo de dólares aplicados no mercado financeiro
pelos países da OPEP (petro-dólares).
– A taxa de juros internacional se reduziu
drasticamente.
– Expansão do endividamento externo pelo
Governo brasileiro para financiamento dos
projetos de desenvolvimento como o II PND.

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3) A crise dos anos 80: Antecedentes
• Aumento da taxa de juros americana elevou o
serviço da dívida externa do Brasil.
• Em 1982, com a moratória do México,
reduziu-se drasticamente a oferta de
empréstimo, reduzindo a oferta de dólares e
aumentando a taxa de juros cobrada.

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3) A crise dos anos 80: Descontrole
Fiscal
• Problemas fiscais foram agravados após o fim
do regime militar.
– As demandas sociais represadas se tornaram
evidentes e incorporadas na Constituição de 1988.
– Os gastos aumentaram muito e houve perda de
receitas com a descentralização.

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3) A crise dos anos 80: Descontrole
Fiscal
• As dificuldades fiscais reduziram a capacidade
do Governo estimular setores produtivos.
• Ganhou força a ideia de privatização.

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3) A crise dos anos 80: Setor externo
• O surgimento de setores de rápido
desenvolvimento tecnológico (como
Tecnologia da Informação) trazia novas
demandas de importação.
• Tornou-se necessário expandir e diversificar as
exportações.
• Restrições a importações desestimulavam a
busca da eficiência e introdução de inovações.

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3) A crise dos anos 80 : Setor externo
• A elevação do serviço da dívida externa
evidenciou a necessidade de elevar o saldo
comercial do Balanço de Pagamentos (BP).
• O modelo anterior de estímulos à exportação
às custas dos demais setores se revelou
insuficiente.
• Se solidificou a idéia de uma maior abertura
comercial, com aumento da competitividade
da indústria.

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3) A crise dos anos 80: Setor externo
• A pressão de um ambiente internacional pela
liberalização da economia se sentiu na
“Rodada Uruguai” a partir de 1986 que
culminou com a criação da “Organização
Mundial do Comércio” em 1995.
• A adesão do Brasil à OMC representou um
compromisso com um padrão de comércio
marcado pela ausência de grandes barreiras
protecionistas.

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3) A crise dos anos 80: Setor externo
• Iniciou-se, então, um processo de redução de
obstáculos à importação no final dos anos 80,
com uma redução gradual das tarifas e
medidas liberalizantes pelo Governo Collor.
• Rompeu-se uma tradição de protecionismo à
indústria nacional e um recuo da participação
do estado na economia.

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4) Inflação e política anti-inflacionária
• Na década de 80 observamos uma grande
aceleração inflacionária.
• De uma média mensal de 2,4% em 1970-79,
aumentou para 16,2% em 1980-89.
• Iniciou-se um debate sobre a origem do
processo inflacionário.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
A inércia inflacionária
• Os preços voltaram a subir no início da década
de 1970.
• O “choque do petróleo”, de 1973, representou
um violento aumento nos preços. Os custos de
produção se elevaram expressivamente e os
preços finais acompanharam esse aumento.
• O segundo choque do petróleo (1979)
contribuiu para novas pressões de aumento
de preços.
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4) Inflação e política anti-inflacionária:
A inércia inflacionária
• Essa inflação tinha uma característica
diferente. As taxas eram maiores (acima de
100% a.a. no início da década de 80 e maior
que 200% a.a. no biênio 1984-85) e ocorriam
junto a uma contração do PIB e do PIB per
capita (caiu mais de 12% entre 1980 e 1983).

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
A inércia inflacionária
• Essa inflação teria um componente inercial, que
fazia com que se repetisse nos períodos
seguintes.
• A correção monetária passara a ser uma prática
generalizada à medida que a inflação aumentava.
• Em 1979 a correção monetária automática dos
salários a cada 6 meses é definida por lei.
• Contratos de Aluguéis, prestações, salários, tudo
passou a ser corrigido formalmente pela inflação.
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4) Inflação e política anti-inflacionária:
A inércia inflacionária
• A inflação passada passou a determinar a
inflação futura.
• Quanto mais generalizada a indexação, maior
a tendência de que a inflação de hoje venha a
se refletir na inflação de amanhã.
• Desenvolveu-se uma “cultura inflacionária”.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
A inércia inflacionária
• A inflação evloui.
• Ao redor de 50% a.a. entre 1975 e 1979.
• Próxima de 100% a.a. entre 1980 e 1982.
• Próxima de 200% a.a. entre 1983 e 1985.
• Um choque (e.g., a desvalorização cambial de
1983) que empurra os preços para cima, faria
com que o nível maior de inflação se
perpetuasse, por causa da inércia.
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4) Inflação e política anti-inflacionária:
O Plano Cruzado
• Plano anti-inflacionário, posto em prática em
fevereiro de 1986.
• Considerava a inércia inflacionária a principal
causa da inflação.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
O Plano Cruzado
• Os ingredientes do Plano eram:
– 1)Fim da indexação formal.
– 2)Nova unidade monetária, o “Cruzado”, que
pretendia acabar com o efeito psicológico da
inflação associada à moeda anterior.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
O Plano Cruzado
– 3)Conversão dos salários em cruzados pela média
real dos últimos 6 meses (para tornar
desnecessária a indexação salarial).
– 4)Congelamento de preços por certo período.

• A inflação mensal manteve-se abaixo de 2%


até outubro de 1986.
• Depois de outubro a inflação retornou.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
O Plano Cruzado
• A razão para a volta da inflação é que o plano
provocou um choque de demanda.
• O salário mínimo foi reajustado em 16%.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
O Plano Cruzado
• A redução súbita da inflação ocasionou uma
redistribuição de renda para os mais pobres.
• Com uma dada oferta, os preços foram
pressionados.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
Outros Planos
• Plano Bresser (1987)
• Plano Verão (1989)
• Plano Collor (1990)
• Plano Collor II (1991)
• Os efeitos desses planos foram cada vez menos
duradouros.
• Esses planos previam ações de contenção de
demanda com desindexação da economia
culminando com o bloqueio de ativos pelo Plano
Collor. 63
4) Inflação e política anti-inflacionária:
Outros Planos
• Entre 1987 e 1994, o IPCA esteve entre 10% e
30% por 59 meses, e acima de 30% em 23
meses.
• Em março de 1990 chegou a 82%.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
Fim da alta inflação – o Plano Real
• Implantado em julho de 1994.
• Buscava atacar os componentes inflacionários
inerciais e de demanda.
• Ao contrário dos anos 80, o Balanço de
Pagamentos apresentava situação confortável.
• A conta financeira viu o saldo crescer de
US$1,8 bilhões em 89/91 para US$9,6 bilhões
em 92/94.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
Fim da alta inflação – o Plano Real
• Tal situação confortável do BP permitia a
implantação da âncora cambial, com uma taxa
de câmbio fixa e valorizada.
• Isso facilitava importações e aumentava a
oferta interna de bens.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
Fim da alta inflação – o Plano Real
• Duas ações importantes foram tomadas antes
da implementação do Plano Real.
– A primeira foi a desvinculação de receitas
governamentais (DRU) para melhorar a situação
fiscal do Governo.
– Logo em 1994, tal medida aumentou a receita, ao
mesmo tempo em que se reduziam os gastos,
reduzindo o déficit orçamentário.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
Fim da alta inflação – o Plano Real
– A segunda ação buscava conquistar a confiança do
público, dando garantia de que desta vez não
haveria surpresas, choques, confiscos ou
intervenções em contratos.
– Essas medidas foram tomadas no âmbito do
Programa de Ação Imediata (PAI).

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
Fim da alta inflação – o Plano Real
• Os principais elementos do Plano Real eram:
1. Eliminação da indexação formal.
2. Criação da URV (unidade real de valor),
equivalente a 1US$, com valor em moeda
nacional (Cruzeiro real) reajustada a cada dia.
Era uma espécie de pré-moeda, transformada
depois em real.
3. Conversão dos salários em URV, pela média dos
4 meses anteriores.
4. Novos contratos estabelecidos em URV até esta
se tornar o real.
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4) Inflação e política anti-inflacionária:
Fim da alta inflação – o Plano Real
• As medidas 2 e 4 equivalem a um
congelamento de preços, para eliminar a
cultura inflacionária.
• A negociação entre empresas e trabalhadores
acerca do salário em URV era um elemento
importante para evitar distorções como no
Plano Cruzado.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
Fim da alta inflação – o Plano Real
• A implantação do plano foi acompanhada de
uma política monetária restritiva
(aumentando a taxa de juros), buscando
conter a esperada expansão de demanda
associada à drástica redução do imposto
inflacionário.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
Fim da alta inflação – o Plano Real
• O Plano Real foi um êxito de política
econômica.
• A média mensal de inflação foi para 0,63%,
com inflação anual de 7,8%.
• A inflação crônica parece efetivamente
debelada.

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
Fim da alta inflação – o Plano Real
• Conseguiu-se eliminar em grande parte a
cultura inflacionária.
• Foram fatores importantes para debelar a
inflação:
– A introdução da URV
– A âncora cambial

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4) Inflação e política anti-inflacionária:
Fim da alta inflação – o Plano Real
• A âncora cambial foi importante em um
primeiro momento, mas não depois, pois após
a flutuação do câmbio em 1999 a inflação não
se acelerou.
• Outro fator que contribuiu para controlar a
inflação foi a capacidade dos consumidores de
não sancionar aumentos de preços, coisa que
não era possível em um cenário de alta
inflação.

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4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim
da alta inflação – Metas de inflação
• A partir de 1999 implantou-se as metas de
inflação.
• O Conselho Monetário Nacional define um
valor (atualmente 4,5%), com uma tolerância
para mais e para menos de 2%, que deve ser
perseguido com os instrumentos de política
monetária, e.g. taxa SELIC definida pelo
COPOM a cada 45 dias.

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5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças
no setor externo
• Nesse período verificam-se importantes
mudanças no saldo de Transações Correntes e
na Conta Financeira do BP.
• Nos anos 80, o saldo da balança de serviços
era muito negativo, por conta da dívida
externa elevada.

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5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças
no setor externo
• Subsidiava-se extensivamente às exportações
para contrabalancear esse resultado negativo.
• Promoveu-se uma maxidesvalorização de 30%
da moeda nacional, aumentando as pressões
inflacionárias.
• Na primeira metade dos anos 90, com o Plano
Brady, houve uma redução parcial dos débitos
e dos juros, e alongamento dos prazos de
pagamento.

77
5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças
no setor externo
• Na década de 90 houve expressivo influxo de
capitais estrangeiros privados para
investimentos em carteira buscando explorar
os juros altos de países emergentes (frente a
uma queda nos juros das economias
desenvolvidas).

78
5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças
no setor externo
• Entre 1990 e 1994 , investimentos em carteira
aumentaram US$ 16 bilhões.
• Isso favoreceu a utilização da âncora cambial.
• Com dólar mais barato, as importações
aumentaram e ajudaram a segurar os preços.

79
5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças
no setor externo
• Até os anos 90, a taxa de câmbio era fixa, com
minidesvalorizações periódicas, devido a
inflação.
• Com o plano Real foi adotado o sistema de
bandas cambiais, i.e., o câmbio flutua dentre
de um pequeno intervalo. Na prática, essa
flutuação é tão pequena que o câmbio pode
ser considerado fixo.

80
5)Taxa de câmbio: Flutuação em 1999
• O câmbio valorizado do Plano Real ajudou a
conter a inflação, mas a balança comercial se
tornou negativa.
• Crises do México (95) e Tigres Asiáticos (97)
provocaram saída de capitais, pressionando o
câmbio.

81
5)Taxa de câmbio: Flutuação em 1999
• O Governo foi forçado a aumentar
drasticamente a taxa de juros para atrair
capitais e equilibrar o BP.
• Esse aumento reduziu os investimentos e a
atividade econômica.

83
5)Taxa de câmbio: Flutuação em 1999
• A situação tornou-se insustentável em janeiro
1999, com o BP com grande saldo negativo e
perda de reservas.
• O Bacen anunciou que a taxa de câmbio seria
determinada pelo mercado (câmbio flexível).
• O câmbio foi desvalorizado em 50%, passando
de R$1,16/US$ para R$1,82 em 1999.

84
5)Taxa de câmbio: Flutuação em 1999
• No período 2000-04 a cotação subiu a
R$2,62/US$ devido a uma alta especulativa ao
redor da eleição de Lula em 2002.
• De 2005 em diante o real tendeu a se
valorizar, aumentando importações.

85
5) Taxa de câmbio: Flutuação em 1999
A conta de transações correntes
• Condições favoráveis no cenário internacional
(demanda da China) permitiram o aumento
das exportações de produtos primários.
• Os valores das exportações aumentaram de
US$12,6 bilhões para US$90 bilhões entre
2000 e 2010.

86
5) Taxa de câmbio: Flutuação em 1999
A conta de transações correntes
• Houve temor de especialização do país em
produtos primários (participação na pauta
subiu de 25% para 45% entre 1990 e 2010).

87
5) Taxa de câmbio: Flutuação em 1999
A conta Financeira
• Entrada de recursos na conta financeira
cresceu fortemente nas últimas duas décadas.
– Resultado do Investimento Direto e em Carteira.
• Investimentos Diretos são mais desejáveis por
serem de longo prazo.
• Investimentos em carteira aumentam e
diminuem de acordo com as conjunturas
interna e externa. São muito voláteis.

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89
6) O Estado na Economia: Mudanças e
problemas
• O papel do Estado na economia tem passado
por modificações relevantes nas últimas três
décadas.
• A crise Fiscal dos anos 80 tornou inviável a
manutenção da mesma participação do
Estado.

90
6) O Estado na Economia: Mudanças e
problemas
• Devido a fixação de preços de empresas
estatais pelo Governo, estas se tornaram
incapazes de se financiarem.
• Ganhou força a ideia de privatização para
eliminar ineficiências e distorções.
– Isso porque setores industriais constantemente
beneficiados por subsídios governamentais não
lograram êxito, ao passo que o agronegócio vinha
prosperando fortemente e sem auxílio público.

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6) O Estado na Economia: Mudanças e
problemas
• O Estado como Regulador
– Normalmente defende-se que o estado aja tão
somente como regulador.
– Assim, evita-se a fixação monopolística dos
preços.
– Pode-se controlar também a qualidade dos
produtos e serviços fornecidos em um ambiente
com pouca competição.
• Mas as agências reguladoras devem ser
independentes.
92
6) Problemas das Finanças Públicas
• Existem ainda problemas sérios a serem
sanados nas Finanças Públicas brasileiras.
• O déficit nominal (diferença entre despesas
totais e receitas totais do setor público).
• O déficit primário (diferença entre despesas
totais excluídas as despesas com serviço da
dívida e as receitas). É a economia do governo
para o pagamento do serviço da dívida.

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