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Curso de Especialização em Eficiência e Qualidade de Energia Elétrica

Estudo sobre automação de redes de distribuição de energia elétrica classe


15 kV, visando a qualidade de energia.

Aluno: Laércio Pereira Cardoso

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Nicoletti Franchin

Bauru
2012
LAÉRCIO PEREIRA CARDOSO

Estudo sobre automação de redes de distribuição de energia elétrica classe


15 kV, visando a qualidade de energia.

Monografia apresentada à Faculdade de Engenharia de


Bauru/UNESP para a obtenção do título de Especialista
em Eficiência e Qualidade de Energia Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Nicoletti Franchin

Bauru
2012
Cardoso, Laércio Pereira.
Estudo sobre automação de redes de distribuição de
energia elétrica classe 15 kV, visando a qualidade de
energia / Laércio Pereira Cardoso, 2012
71 f. : il.

Orientador: Marcelo Nicoletti Franchin

Monografia (Especialização)–Universidade Estadual


Paulista. Faculdade de Engenharia, Bauru, 2012

1. 1. Automação de Redes de Distribuição. 2.


Sistema SCADA. 3. Centro de Operação da Distribuição.
I. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de
Engenharia. II. Título.
RESUMO

Atualmente as concessionárias de energia elétrica enfrentam exigências cada vez


maiores dos seus clientes e da agencia reguladora do setor elétrico ANEEL (Agência Nacional
de Energia Elétrica) em relação aos níveis de qualidade, continuidade e confiabilidade no
serviço de fornecimento da energia elétrica. Para alcançar estes objetivos, as empresas têm
investido na automação de suas operações, buscando uma maior flexibilidade operativa com
alternativas para o suprimento das cargas em caso de falta, menores custos de operação e
ganhos com a redução dos tempos de restabelecimento de ocorrências o que impacta
diretamente no pagamento de multas por ultrapassagem de indicadores estabelecidos pela
ANEEL. Neste trabalho são apresentados conceitos sobre a estrutura de distribuição de
energia elétrica no Brasil, qualidade de energia, requisitos e informações sobre configuração,
proteção e automação de Redes de Distribuição de 15 kV. Este trabalho também contempla
um estudo sobre a evolução da automação das redes de distribuição, os sistemas de supervisão
e aquisição de dados utilizados para a operação das redes de distribuição e os protocolos de
comunicação utilizados na automação dos equipamentos das redes de distribuição.

Palavras Chave: Automação de Redes de Distribuição, Sistema SCADA, Centro de


Operação da Distribuição.
ABSTRACT

Nowadays, electrical utilities face higher demands from their customers and from
Brazilian Electricity Regulatory Agency (ANEEL - National Energy Agency) as well,
concerning the energy quality levels, continuity and reliability on electrical services. To reach
those issues, the utilities have been investing in automation of their operations, seeking
greater operational flexibility with alternatives to supply energy in case of failures, lower
operational costs and reducing the restart time of failure occurrences that have a great impact
in fines payment by passing the indicators established by ANEEL. This monograph presents
the concepts about the structure of electric power distribution in Brazil, quality of energy,
requirements and information about configuration, protection and automation of 15 kV
distribution grids. This work also presents an essay about the evolution of automation of
distribution grid, the SCADA systems used for operating the distribution grids and the
communication protocols used inside them.

Keywords: Automation of Nets of Distribution, SCADA System, Center of Operation of the


Distribution.
Lista de Figuras

Figura 1 - Relação entre agentes e consumidores..................................................................... 13


Figura 2 - Evolução dos Indicadores de Qualidade médios no Brasil. ..................................... 23
Figura 3 - Subestação Pederneiras 138 kV (CPFL) .................................................................. 24
Figura 4 - Alimentador 15 kV, com (1) chave religadora, (2) - regulador de tensão ............... 25
Figura 5 - Transformadores 15 kV, trifásico à esquerda e monofásico à direita. ..................... 25
Figura 6 - Transformador com rede de distribuição secundária BT. ........................................ 26
Figura 7 - Diagrama unifilar de um alimentador radial. ........................................................... 27
Figura 8 - Diagrama unifilar de dois alimentadores radiais com recurso. ................................ 28
Figura 9 - Diagrama unifilar de dois alimentadores em anel. .................................................. 29
Figura 10 - Disjuntor de alimentador classe 15 kV. ................................................................. 34
Figura 11 - Diagrama unifilar – Ligação dos TC’s e Relés. ..................................................... 35
Figura 12 - Sequência de atuação do disjuntor. ........................................................................ 36
Figura 13 - Chave Religadora de alimentador classe 15 kV. ................................................... 37
Figura 14 - Ajustes de proteção de uma chave Religadora. ..................................................... 38
Figura 15 - Sequência de operações de um religador . ............................................................. 39
Figura 16 - Zonas de proteção do seccionalizador e do religador. ........................................... 39
Figura 17 - Operação de equipamento de retaguarda e Seccionalizador. ................................. 40
Figura 18 - Chave fusível classe 15 kV. ................................................................................... 41
Figura 19 - Centro de Operação da Distribuição da CPFL em Bauru. ..................................... 43
Figura 20 - Tela do Sistema SCADA SDDT, diagrama de uma subestação. ........................... 45
Figura 21 - Tela do Sistema SCADA SDDT, atuação do operador . ....................................... 46
Figura 22 - Tela do Sistema SCADA SDDT, janela de eventos. ............................................. 47
Figura 23 - Tela do Sistema SCADA SDDT, dados históricos. ............................................... 47
Figura 24 - Tela do Sistema SCADA SDDT, gráfico de demanda. ......................................... 48
Figura 25 - Tela do Sistema SCADA SDDT, equipamento com intertravamento. .................. 49
Figura 26 - Tela do Sistema SCADA SDDT, equipamento com manobras automáticas. ....... 50
Figura 27 - Tela do Sistema SCADA SDDT, manobras coordenadas com a proteção. ........... 51
Figura 28 - Tela do Sistema SCADA SDDT, equipamento com parametrização remota. ...... 51
Figura 29 - Modelo OSI sete camadas ..................................................................................... 52
Figura 30 - DNP3 e modelo OSI .............................................................................................. 53
Figura 31 - Disposição Típica de RTUs e IEDs em Aplicação SCADA. ................................ 54
Figura 32 - Modelo EPA do IEC. ............................................................................................. 55
Figura 33 - Composição do Padrão IEC 61850. ....................................................................... 57
Figura 34 - Modelo de Dados do Padrão IEC 61850. .............................................................. 58
Figura 35 - Pilha de Protocolos do Padrão IEC 61850. ............................................................ 59
Lista de Tabelas

Tabela 1 - Pontos de conexão em Tensão Nominal superior a 1 kV e inferior a 69 kV. ......... 15


Tabela 2 - Valores de referência globais das distorções harmônicas totais.............................. 17
Tabela 3 - Valores de Referência PstD95% e PltS95%............................................................ 19
Tabela 4 - Fatores de Transferência ......................................................................................... 19
Tabela 5 - Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração ...................................... 20
Tabela 6 - Comparação entre os Padrões DNP3 e Modbus ...................................................... 56
Tabela 7 - Tipos de Mensagens do Padrão IEC 61850............................................................. 60
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 10
1.1 MATERIAL E MÉTODO .............................................................................................. 11
2 SERVIÇO DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ............................................. 12
2.1 INFORMAÇÕES BÁSICAS .......................................................................................... 12
2.2 QUALIDADE DA ENERGIA ....................................................................................... 14
2.2.1 Qualidade do Produto .............................................................................................. 14
2.2.2 Qualidade do Serviço............................................................................................... 21
3 SISTEMA ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÃO ...................................................................... 24
3.1 ALIMENTADOR RADIAL ........................................................................................... 27
3.2 ALIMENTADOR RADIAL COM RECURSO ............................................................. 27
3.3 CONFIGURAÇÃO EM ANEL FECHADO .................................................................. 29
4 PROTEÇÃO DOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO ......................................................... 30
4.1 SISTEMA DE PROTEÇÃO........................................................................................... 30
4.1.1 Seletividade ............................................................................................................. 31
4.1.2 Sensibilidade............................................................................................................ 32
4.1.3 Confiabilidade ......................................................................................................... 32
4.1.4 Zonas de Proteção .................................................................................................... 32
4.2 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO ................................................................................. 33
4.2.1 Disjuntor .................................................................................................................. 33
4.2.2 Religadores .............................................................................................................. 36
4.2.3 Seccionalizadores .................................................................................................... 39
4.2.4 Chaves-fusíveis ........................................................................................................ 40
5 AUTOMAÇÃO DOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO .................................................... 42
5.1 AUTOMAÇÃO DOS CENTROS DE OPERAÇÃO ..................................................... 42
5.1.1 Histórico .................................................................................................................. 43
5.1.2 Sistema SCADA ...................................................................................................... 44
5.2 PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO ........................................................................ 52
5.2.1 DNP3 ....................................................................................................................... 53
5.2.2 IEC 60870-5-101/104 .............................................................................................. 54
5.2.3 MODBUS ................................................................................................................ 55
5.2.4 IEC 61850 ................................................................................................................ 56
5.2.5 ICCP ........................................................................................................................ 60
5.2.6 IEC 62351 Parts 1-8 (Padrão de Segurança em Operações de Controle) ................ 62
5.3 CAMINHOS DA AUTOMAÇÃO ................................................................................. 63
5.4 ASPECTO DE MANUTENÇÃO E MONITORAÇÃO DE EQUIPAMENTOS .......... 65
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 66
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 68
10

1 INTRODUÇÃO

Quando se fala em qualidade da energia elétrica, o principal transtorno é sem dúvida a


interrupção do fornecimento, pois qualquer interrupção no fornecimento de energia elétrica
acarreta problemas, tanto para distribuidoras de energia elétrica como para os consumidores
que são afetados. Por um lado, os clientes perdem o acesso a um bem essencial às
necessidades da sociedade contemporânea, sejam eles industriais, comerciais ou o conforto de
uma residência. Por outro lado, as distribuidoras têm um custo operacional para o
restabelecimento e podem ocorrer compensações a esses clientes se a interrupção ultrapassar
valores determinados pelos órgãos reguladores.
As redes de distribuição classe 15 kV, objeto desse estudo, tem por característica
grande extensão e são expostas a inúmeros agentes que podem danificá-las, sendo que a rede
elétrica não deve permanecer ligada na presença de defeitos, estes devem ser isolados do
restante da rede elétrica para que o maior número possível de clientes permaneça com o
serviço. O isolamento do trecho da rede com defeito é um dos primeiros passos do
restabelecimento do serviço. Dependendo da configuração da rede elétrica, como
consequência do isolamento do defeito, os clientes a frente do defeito também serão isolados
e permanecerão sem serviço até que o defeito seja reparado.
Com a evolução da tecnologia dos equipamentos das redes de distribuição, o tempo de
isolamento do defeito com redução do número de clientes afetados e o restabelecimento do
serviço vem sendo reduzido substancialmente. Porém com o modo de vida da sociedade
moderna, dependente cada vez mais da energia elétrica, as evoluções da tecnologia com
equipamentos automatizados, mais eficazes, incorporados às redes de energia elétrica serão a
resposta a este desafio.
Entretanto a automação acarreta desafios técnicos e econômicos, pois para conseguir
uma comunicação bidirecional entre equipamentos e o local onde está concentrada a
inteligência computacional, são necessárias redes de comunicação que atendam aos critérios
de confiabilidade. É indispensável garantir a segurança dos equipamentos instalados e das
pessoas que trabalham diretamente com esses equipamentos. Porém, acima de tudo, é
fundamental avaliar a viabilidade econômica do projeto.
11

1.1 MATERIAL E MÉTODO

O objetivo desta dissertação é apresentar as principais características sobre automação


de sistemas elétricos de distribuição, sendo primeiramente necessário fornecer informações
sobre o serviço de distribuição de energia elétrica e proteção das redes elétricas de
distribuição, para posteriormente apresentar como a automação pode contribuir para as
concessionárias fornecer um serviço cada vez mais confiável, com custo e equipes técnicas
reduzidas que possam atender as exigências e metas dos órgãos que regulamentam o setor.
Para o desenvolvimento da Monografia foram analisadas normas e leis que
regulamentam o serviço de distribuição de energia elétrica, pesquisa bibliográfica sobre,
proteção e automação de redes de distribuição de energia elétrica, levantamentos em campo
para fotografar instalações de distribuição de energia elétrica, tais como subestações, circuitos
alimentadores com seus principais dispositivos e equipamentos.
Para atender à proposta deste trabalho, esta dissertação está dividida em seis capítulos,
incluindo esta introdução. O capítulo 2 apresenta informações importantes para o
entendimento do serviço de distribuição de energia elétrica, regulamentação sobre a qualidade
do produto e qualidade do serviço.
No capítulo 3 são apresentadas as características e as configurações mais utilizadas
para circuitos alimentadores dos sistemas de distribuição de energia elétrica classe 15 kV.
O capítulo 4 apresenta os principais equipamentos e dispositivos de proteção, com suas
principais características e critérios para seleção e aplicação em sistemas de distribuição.
No capítulo 5 são apresentados os conceitos de automação dos sistemas de distribuição
de energia elétrica, a evolução histórica dos Centros de Operação da Distribuição, descrição
de funcionamento de um Sistema SCADA e os protocolos de comunicação utilizados na
automação dos sistemas de distribuição.
No capítulo 6, enfim, são apresentadas as conclusões finais deste trabalho.
12

2 SERVIÇO DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Neste capítulo apresentam-se os conceitos sobre o serviço de distribuição de energia


elétrica e as relações entre as distribuidoras, consumidores e órgãos reguladores, estes
conceitos são importantes para o entendimento deste trabalho.

2.1 INFORMAÇÕES BÁSICAS

As distribuidoras são empresas que funcionam como elo entre o setor de energia
elétrica e a sociedade, visto que suas instalações recebem das companhias de transmissão todo
o suprimento destinado ao abastecimento no país. Nas redes de transmissão, após deixar a
usina, a energia elétrica trafega em tensão que varia de 88 kV a 750 kV, ao chegar às
subestações das distribuidoras, a tensão é abaixada e, por meio de um sistema composto por
fios, postes e transformadores, chega à unidade final em 127 volts ou 220 volts. Exceção a
essa regra são algumas unidades industriais que operam com tensões mais elevadas (de 2,3 kV
a 88 kV) em suas linhas de produção e recebem energia elétrica diretamente da subestação da
distribuidora pela chamada rede de subtransmissão (ANEEL, 2011).
No Brasil, pela Constituição Federal, competem à UNIÃO os serviços e instalações de
energia elétrica. Através de contratos de concessão, a exploração destes serviços é transferida
às concessionárias, e órgãos reguladores fiscalizam e regulam os serviços explorados pelas
concessionárias. A ANEEL é o órgão regulador responsável pela elaboração, aplicação e
atualização dos Procedimentos de Distribuição (PRODIST) que são um conjunto de regras
com vistas a subsidiar os agentes e consumidores do sistema elétrico nacional na identificação
e classificação de suas necessidades para o acesso ao sistema de distribuição, disciplinando
formas, condições, responsabilidades e penalidades relativas à conexão, planejamento da
expansão, operação e medição da energia elétrica, sistematizando a troca de informações entre
as partes, além de estabelecer critérios e indicadores de qualidade (ANEEL, 2011).
Através do cálculo de indicadores de Qualidade do Serviço determinados pelo
PRODIST as concessionárias são obrigadas ao pagamento automático de compensações aos
clientes que sofrem interrupção no fornecimento. Os indicadores de Qualidade do Serviço que
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podem gerar pagamento de compensações das distribuidoras aos consumidores estão descritos
no capítulo 3. Para reduzir os gastos com compensações e manter o funcionamento da rede
elétrica, dentro de um nível satisfatório para os clientes, o restabelecimento do fornecimento
deve ocorrer o mais rápido possível.
Na figura 1 pode ser observada a relação entre os agentes operadores do setor elétrico e
os consumidores, que segundo a ANEEL são classificados em: Consumidor livre é aquele
que tenha exercido a opção de compra de energia elétrica na modalidade de contratação livre,
conforme disposto nos artigos 15 e 16 da Lei no 9.074, de 7 de julho de 1995; Consumidor
cativo é o consumidor ao qual só é permitido comprar energia da distribuidora detentora da
concessão ou permissão na área onde se localizam as instalações do acessante, e, por isso, não
participa do mercado livre e é atendido sob condições reguladas.

Figura 1 - Relação entre agentes e consumidores.


Fonte: ANEEL, 2011.

Entre as variáveis reguladas pela Agência estão as tarifas. O valor final a ser pago pelo
cliente corresponde à soma de três componentes: o resultado da multiplicação do volume
consumido pela tarifa (valor do kWh, expresso em reais); os encargos do setor elétrico e os
tributos determinados por lei. Os encargos do setor elétrico, embutidos na tarifa – e, portanto,
transparentes ao consumidor – têm aplicação específica. Os tributos são destinados ao
governo. Já a parcela que fica com a distribuidora, é utilizada para os investimentos em
expansão e manutenção da rede, remuneração dos acionistas e cobertura de seus custos. Entre
estes últimos está a compra de suprimento. Desta maneira, a tarifa praticada remunera não
apenas as atividades de distribuição, mas também de transmissão e geração de energia elétrica
(ANEEL, 2011).
A tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD) é a tarifa estabelecida pela ANEEL,
destinada ao pagamento pelo uso do sistema de distribuição em determinado ponto de
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conexão ao sistema, formada por componentes específicos, cuja conceituação e respectivos


critérios de reajuste e revisão estão definidos em regulamento especifico da ANEEL A tarifa
de uso do sistema de transmissão (TUST) é a tarifa estabelecida pela ANEEL, na forma
TUSTRB, relativa ao uso de instalações da Rede Básica, e TUST FR, referente ao uso de
instalações de fronteira com a Rede Básica (ANEEL, 2011).

2.2 QUALIDADE DA ENERGIA

O conceito de Qualidade de Energia está relacionado a um conjunto de alterações que


podem ocorrer em várias partes do sistema de energia, seja nas instalações de consumidores
ou no sistema de distribuição da concessionária ou mesmo no Sistema Interligado Nacional
(SIN).
A qualidade da energia elétrica pode ser analisada sob dois focos, como produto e
como serviço. A qualidade da prestação do serviço de distribuição de energia elétrica pode ser
medida através de indicadores de qualidade do atendimento, de qualidade do serviço e de
qualidade do produto. Além destes, outros fatores como segurança, satisfação dos clientes,
impacto ambiental e custos também podem ser incorporados para uma avaliação ampla do que
se considera como qualidade da energia elétrica (POMÍLIO, 2011).
Pode-se definir que um serviço de fornecimento de energia elétrica é de boa qualidade,
quando garante, a custos aceitáveis, o funcionamento seguro e confiável de equipamentos e
processos, sem afetar o meio ambiente e o bem estar das pessoas. (SILVA, 2004).
No Módulo 8 do PRODIST são estabelecidos os procedimentos relativos à qualidade
da energia elétrica (QEE) e para a qualidade do produto (ANEEL, 2012).

2.2.1 Qualidade do Produto

Na seção 8.1-Qualidade do Produto o PRODIST caracteriza os fenômenos de


Qualidade da Energia Elétrica (QEE), estabelece os critérios de amostragem, os valores de
referência e os procedimentos relativos à qualidade do produto (ANEEL, 2012).
15

2.2.1.1 Tensão em Regime Permanente

No PRODIST, são estabelecidos os limites adequados, precários e críticos para os


níveis de tensão em regime permanente, os indicadores individuais e coletivos de
conformidade de tensão elétrica, os critérios de medição e registro, os prazos para
regularização e de compensação ao consumidor, caso as medições de tensão excedam os
limites dos indicadores (ANEEL, 2012).
Na Tabela 1 constam as faixas permissíveis da Tensão de Atendimento (TA) em
relação à Tensão de Referência (TR) para pontos de conexão em Tensão Nominal superior a 1
kV e inferior a 69 kV. A faixa é dada pela relação entre TR e a Tensão de Leitura (TL).

Tabela 1 - Pontos de conexão em Tensão Nominal superior a 1 kV e inferior a 69 kV.

Fonte: ANEEL – PRODIST Módulo 8.

2.2.1.2 Fator de Potência

De acordo com o PRODIST, para tensões inferiores a 230 kV o fator de potência deve
situar-se entre 0,92 e 1 indutivo ou 1 e 0,92 capacitivo. Os registros dos valores reativos
deverão ser feitos por instrumentos de medição adequados, preferencialmente eletrônicos,
empregando o princípio da amostragem digital e aprovados pelo órgão responsável pela
conformidade metrológica (ANEEL, 2012).
O valor do fator de potência deverá ser calculado a partir dos valores registrados das
potências ativa e reativa (P, Q) ou das respectivas energias ativa e reativa (EA, ER),
utilizando-se as fórmulas da equação 1.

(1)
16

2.2.1.3 Harmônicas

As distorções harmônicas são fenômenos associados com deformações nas formas de


onda das tensões e correntes em relação à onda senoidal da frequência fundamental
(PRODIST – Módulo 8). Sua existência no sistema de distribuição está relacionada pela
relação não linear tensão ou corrente característica de determinados componentes da rede,
como por exemplo, transformadores e motores, cujos núcleos ferromagnéticos são sujeitos à
saturação. Outra causa de não linearidades são as descontinuidades devido ao chaveamento
das correntes em conversores eletrônicos, pontes retificadoras e compensadores estáticos.que
estão cada vez mais presentes principalmente ao crescente número de inversores, fontes
chaveadas, variadores de velocidade e outros dispositivos.
Para o cálculo de harmônicos na rede são utilizadas a expressões (2) e (3):

(2)

(3)

Onde:
DITh% = Distorção harmônica individual de tensão de ordem h.
DTT % = Distorção harmônica total de tensão.
Vh = Tensão harmônica de ordem h.
H = Ordem harmônica.
Hmáx = Ordem harmônica máxima.
Hmin = Ordem harmônica mínima.
V1 = Tensão fundamental medida.
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Tabela 2 - Valores de referência globais das distorções harmônicas totais

Fonte: ANEEL – PRODIST Módulo 8.

2.2.1.4 Desequilíbrio de Tensão

O desequilíbrio de tensão é a diferença entre a magnitude das tensões de fase de um


circuito polifásico, associado a alterações dos padrões trifásicos do sistema de distribuição.
Pode ser ocasionado pelo tipo de transformador de distribuição utilizado ou pela natureza da
carga e a forma como esta é ligada as fases e neutro do sistema de distribuição.
O valor de referência nos barramentos do sistema de distribuição, com exceção da BT,
deve ser igual ou inferior a 2%. Esse valor serve para referência do planejamento elétrico em
termos de QEE e que, regulatoriamente, será estabelecido em resolução específica, após
período experimental de coleta de dados (ANEEL – PRODIST Módulo 8).
A expressão para o cálculo do desequilíbrio de tensão é dada pela equação 4 ou pode-
se utilizar a expressão (5), que conduz a resultados em consonância:

(4)

(5)

Onde:
FD = Fator de desequilíbrio
V- = Magnitude da tensão de sequência negativa (RMS)
V+ = Magnitude da tensão de sequência positiva (RMS)
Vab, Vbc e Vca = Magnitudes das tensões trifásicas de linha (RMS)
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2.2.1.5 Flutuação de Tensão (Flicker)

A flutuação de tensão (Flicker) é uma variação aleatória, repetitiva ou esporádica do


valor eficaz da tensão. A determinação da qualidade da tensão de um barramento do sistema
de distribuição quanto à flutuação de tensão tem por objetivo avaliar o incômodo provocado
pelo efeito da cintilação luminosa no consumidor, que tenha em sua unidade consumidora
pontos de iluminação alimentados em baixa tensão (ANEEL – PRODIST Módulo 8).
Para a obtenção dos níveis de severidade de cintilação, associados à flutuação de
tensão, definidos pelos indicadores Pst (Severidade de Curta Duração) e Plt (Severidade de
Longa Duração), utilizam-se os procedimentos estabelecidos nos documentos da IEC. Estes
valores são derivados da medição e processamento das tensões dos barramentos, traduzidas
em níveis de sensação de cintilação luminosa, com posterior classificação em faixas de
probabilidade de ocorrência. As expressões para o cálculo Pst e Plt são apresentadas nas
equações (6) e (7) , o indicador Plt corresponde a um valor representativo de doze amostras
consecutivas de Pst.

(6)

(7)

Onde:
Pi (i = 0,1; 1; 3; 10; 50) corresponde ao nível de sensação de cintilação que foi ultrapassado
durante i % do tempo, obtido a partir da função de distribuição acumulada complementar, de
acordo com o procedimento estabelecido nas Normas IEC (International Electrotechnical
Commission): IEC 61000-4-15. Flickermeter – Functional and Design Specifications, 2003.

Ao longo de 24 horas de medição deve ser obtido um conjunto de valores de Pst que,
devidamente tratado, conduzirá ao PstD95%. Ao final de uma semana de medição considera-
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se como indicador final o maior valor dentre os sete valores encontrados. De modo análogo,
obtém-se ao longo de uma semana de registro um conjunto de valores representativos de Plt, o
qual, tratado estatisticamente, deve ser conduzido ao valor de PltS95%.
A Tabela 3 fornece os valores de referência a serem utilizados para a avaliação do
desempenho do sistema de distribuição quanto às flutuações de tensão. Observa-se a
delimitação de três faixas para classificação dos indicadores estabelecidos: valor adequado,
valor precário e valor crítico. Esses valores servem para referência do planejamento elétrico
em termos de QEE e que, regulatoriamente, serão estabelecidos em resolução específica, após
período experimental de coleta de dados.

Tabela 3 - Valores de Referência PstD95% e PltS95%.

Fonte: ANEEL – PRODIST Módulo 8.

O Fator de Transferência (FT) deve ser calculado pela relação entre o valor do
PltS95% do barramento do sistema de distribuição e o valor do PltS95% do barramento da
tensão secundária de baixa tensão de distribuição eletricamente mais próximo. Para os casos
em que os FT entre os barramentos envolvidos não sejam conhecidos através de medição, a
Tabela 4 fornece valores típicos a serem aplicados para a avaliação da flutuação de tensão nos
barramentos do sistema de distribuição.

Tabela 4 - Fatores de Transferência

Fonte: ANEEL – PRODIST Módulo 8.


20

2.2.1.6 Variação de Tensão de Curta Duração

Variações de tensão de curta duração são desvios significativos no valor eficaz da


tensão em curtos intervalos de tempo, são classificadas de acordo com a tabela 5.
Tabela 5 - Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração

Fonte: ANEEL – PRODIST Módulo 8.

2.2.1.7 Variação de Frequência

Os problemas com Variação de Frequência estão relacionados ao desequilíbrio entre


os sistemas de distribuição e de geração que devem operar durante regime permanente e em
condições normais no intervalo de frequência de 59,9 Hz e 60,1 Hz.
Caso seja necessário o corte de cargas ou geração para manter o equilíbrio do sistema,
a frequência deve: Situar-se entre 66 Hz e 56,5 Hz em condições extremas. Pode permanecer
acima de 62 Hz por no máximo 30 segundos e acima de 63,5 Hz por no máximo 10 segundos.
Pode permanecer abaixo de 58,5 Hz por no máximo 10 segundos e abaixo de 57,5 Hz por no
máximo 5 segundos.
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Nas distribuidoras existe um procedimento denominado Esquema Regional de Alívio


de Carga (ERAC), onde nos equipamentos de proteção são instalados relés de subfrequencia
(função 81) que são parametrizados para o corte de carga por estágios dentre valores
recomendados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

2.2.2 Qualidade do Serviço

Na seção 8.2-Qualidade do Serviço o PRODIST estabelece procedimentos relativos à


qualidade do serviço prestado pelas distribuidoras aos consumidores, define indicadores e
padrões de qualidade de serviço de forma a fornecer mecanismos para acompanhamento e
controle do desempenho das distribuidoras, fornecerem subsídios para os planos de reforma,
melhoramento e expansão da infraestrutura das distribuidoras, oferecerem aos consumidores
parâmetros para avaliação do serviço prestado pela distribuidora.
Os indicadores de frequência e duração de interrupção para um conjunto de unidades
consumidoras devem ser calculados para períodos de observação mensais, trimestrais e
anuais. Os indicadores são o DEC, FEC, DIC, FIC e DMIC, são calculados utilizando
respectivamente as expressões (8), (9), (10), (11) e (12). Em todos os casos são consideradas
apenas interrupções com duração superior a 3 minutos. No caso do DMIC não são
consideradas as interrupções onde os consumidores sejam devidamente avisados e o início e o
fim da interrupção estejam compreendidos no intervalo programado.

(8)

(9)

Onde:
DEC = duração equivalente de interrupção por unidade consumidora, expressa em horas e
centésimos de hora;
FEC = frequência equivalente de interrupção por unidade consumidora, expressa em número
de interrupções e centésimos do número de interrupções;
22

Ca(i) = número de unidades consumidoras, atendidas em BT ou MT, interrompidas em um


evento (i), no período de apuração;
t(i) = duração de cada evento (i), no período de apuração;
i = índice de eventos ocorridos no sistema que provocam interrupções em uma ou mais
unidades consumidoras;
k = número máximo de eventos no período considerado;
Cc = número total de unidades consumidoras faturadas, do conjunto considerado, no período
de apuração, atendidas em BT ou MT.

(10)

(11)

(12)
Onde:
DIC = duração de interrupção individual por unidade consumidora ou por ponto de conexão,
expressa em horas e centésimos de hora;
FIC = frequência de interrupção individual por unidade consumidora ou ponto de conexão,
expressa em número de interrupções;
DMIC = duração máxima de interrupção contínua por unidade consumidora ou por ponto de
conexão, expressa em horas e centésimos de hora;
i = índice de interrupções da unidade consumidora, no período de apuração, variando de 1 a n;
n = número de interrupções da unidade consumidora considerada, no período de apuração;
t(i) = tempo de duração da interrupção (i) da unidade consumidora considerada ou ponto de
conexão, no período de apuração;
t(i) max = valor correspondente ao tempo da máxima duração de interrupção contínua (i), no
período de apuração, verificada na unidade consumidora considerada, expresso em horas e
centésimos de horas.
No caso de violação do limite de continuidade dos indicadores DIC, FIC e DMIC,
estabelecidos pela ANEEL, a concessionária deverá calcular a compensação ao consumidor e
efetuar o crédito do valor diretamente na fatura.
Segundo a ANEEL os consumidores de energia elétrica receberam R$ 360,24 milhões
em compensação por interrupções no fornecimento de energia elétrica em 2010. Foram pagas
23

94,89 milhões de compensações pelo descumprimento dos indicadores individuais de


Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora (DIC), Frequência de
Interrupção Individual por Unidade Consumidora (FIC) e Duração Máxima de Interrupção
Contínua por Unidade Consumidora (DMIC). Os limites individuais de continuidade DIC,
FIC e DMIC se tornaram mais exigentes desde 1º de janeiro de 2010, com a publicação da
Resolução nº. 395/2009, que fez a revisão dos Procedimentos de Distribuição de Energia
Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (ANEEL, 2011).
A figura 2 mostra a evolução dos indicadores DEC e FEC, no Brasil, em 2010, o DEC
foi de 18,40, ou seja, o brasileiro ficou, em média, 18 horas e 24 minutos sem energia. O
número, apesar de menor que o de 2009, que foi de 18,77 ou 18 horas e 46 minutos, é maior
que os observados entre 2000 a 2008. A duração das interrupções de energia está relacionada
às ações de operação e manutenção das distribuidoras. Em relação ao FEC, constata-se a
queda constante, que foi de 11,35, o menor observado desde 1996. Na prática, o índice
significa que o brasileiro ficou, em média, 11,35 vezes sem energia ao longo de 2010.
(ANEEL, 2011).

Figura 2 - Evolução dos Indicadores de Qualidade médios no Brasil.


Fonte: ANEEL 2011.
24

3 SISTEMA ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÃO

Segundo a ANEEL o segmento de distribuição se caracteriza como o segmento do


setor elétrico dedicado à entrega de energia elétrica para um usuário final, assim, o sistema de
distribuição pode ser considerado como o conjunto de instalações e equipamentos elétricos
que operam, geralmente, em tensões inferiores a 230 kV, incluindo os sistemas de baixa
tensão. Entretanto, para efeito do estudo aqui tratado, redes de distribuição classe 15 kV,
considera-se que o ponto inicial do fornecimento de energia é a subestação. Sendo assim um
sistema de distribuição classe 15 kV possui basicamente os seguintes componentes:
• Subestação – Ponto de localização dos principais equipamentos do sistema de
distribuição, como, equipamentos de proteção, compensação e medição. Normalmente
utilizadas para elevar/baixar níveis de tensão, seccionar e interligar linhas de transmissão. A
figura 3 mostra a foto de uma subestação de 138kV – 13,8 kV na cidade de Pederneiras/SP.

Figura 3 - Subestação Pederneiras 138 kV (CPFL)


Fonte: Elaboração própria.

• Alimentadores – Circuitos em Média Tensão (MT) que levam energia das


subestações até os consumidores atendidos em MT e aos transformadores de distribuição. Ao
longo dos alimentadores são utilizados os mais diversos dispositivos de manobra, proteção e
25

regulação. A figura 4 mostra a foto de um circuito de alimentador classe 15 kV, onde existe
uma chave religadora (1) e um banco regulador de tensão (2).

Figura 4 - Alimentador 15 kV, com (1) chave religadora, (2) - regulador de tensão
Fonte: Elaboração própria.

• Transformadores de Distribuição – Dispositivos instalados ao longo dos


alimentadores que abaixa a tensão dos alimentadores de Média Tensão para Baixa Tensão
(BT) que podem ser trifásicos ou monofásicos. A figura 5 mostra a fotos de Transformadores
de Distribuição classe 15kV, trifásico à esquerda e um monofásico à direita.

Figura 5 - Transformadores 15 kV, trifásico à esquerda e monofásico à direita.


Fonte: Elaboração própria.
26

• Rede de distribuição secundária (BT) – Circuitos em baixa tensão que leva energia
dos transformadores até consumidores atendidos em baixa tensão. A figura 5 mostra uma rede
de distribuição secundária típica 220V-127V.

Figura 6 - Transformador com rede de distribuição secundária BT.


Fonte: Elaboração própria

Os alimentadores são os principais circuitos de distribuição de energia para os clientes.


Basicamente, são constituídos por um circuito principal denominado tronco, por ramificações
denominadas ramais e diversos equipamentos ao longo de sua extensão. Dois ou mais
alimentadores podem se encontrar gerando diferentes opções de configuração para o fluxo de
potência. Na sequência são apresentados exemplos de diagramas unifilares com os tipos de
configuração mais utilizados nos alimentadores de média tensão. O diagrama unifilar de um
alimentador constitui-se de um desenho com a rede primária (MT), onde são representados
condutores, equipamentos de manobras, proteção e regulação com os respectivos números de
identificação. Na sequencia são apresentadas as configurações típicas de alimentadores classe
15 kV utilizados pelas distribuidoras brasileiras.
27

3.1 ALIMENTADOR RADIAL

O alimentador radial é caracterizado por um fluxo de corrente em um único sentido, a


alimentação sai da subestação e através do tronco e ramais chega até os consumidores, esse
tipo de alimentador não contempla interligação com outros alimentadores, ou seja, não existe
a possibilidade da carga de um alimentador ser fornecida por outro alimentador em uma
condição de emergência.
Na figura 7 é apresentado o diagrama unifilar simplificado de um alimentador 15 kV
radial, onde o disjuntor 52-01 liga a rede de distribuição ao barramento da subestação; as
chaves 46562, 529729, 46626, 46611 e 46613 são dispositivos de manobra; as chaves 489594
e 46604 são religadoras e a chave 46675 é uma chave fusível. As funcionalidades desses
dispositivos estão descritos no capítulo 4.

Figura 7 - Diagrama unifilar de um alimentador radial.


Fonte: Elaboração própria.

3.2 ALIMENTADOR RADIAL COM RECURSO

O alimentador radial com recurso é caracterizado pela possibilidade de transferência


de carga entre alimentadores. Esta é a configuração típica da maioria dos alimentadores pois
28

aumenta a confiabilidade da rede com várias alternativas de fornecimento para uma mesma
carga, pois possibilita a transferência de carga de um alimentador para outro ou até mesmo de
uma subestação para outra. As quantidades de interligações dependem do nível de
confiabilidade exigido para cada alimentador e dos custos envolvidos para aumentar essa
confiabilidade.
Na figura 8 é apresentado o diagrama unifilar simplificado de dois alimentadores 15
kV radiais com recurso, onde a chave 43362, chave a óleo de operação com carga, permite a
interligação de um alimentador da subestação A, com um alimentador da subestação B. Caso
ocorra algum defeito ou seja necessário isolar algum trecho de um dos alimentadores, a carga
a frente do trecho isolado pode ser transferida para o outro alimentador. Por exemplo um
defeito entre a chave 529729 e a chave 489594, a carga a frente da chave 489594 pode ser
transferida para o alimentador da subestação B com o fechamento da chave 43362, ficando
interrompidos apenas os clientes no trecho entre a chave 529729 e a chave 489594.

Figura 8 - Diagrama unifilar de dois alimentadores radiais com recurso.


Fonte: Elaboração própria.
29

3.3 CONFIGURAÇÃO EM ANEL FECHADO

Esta configuração não é usual em alimentadores, sendo mais utilizada em Linhas de


Transmissão, pois possibilita diminuição de perdas e melhora os níveis de tensão graças à
operação em paralelo. Consiste na operação de dois alimentadores interligados por algum
dispositivo de manobra, normalmente este dispositivo está nas extremidades dos dois
alimentadores. Em redes de distribuição classe 15 kV, esta configuração normalmente é
utilizada quando existe geração em uma das subestações.
Na figura 9 é apresentado o diagrama unifilar simplificado de dois alimentadores 15
kV em anel. A chave 475907, chave a óleo de operação com carga, fica normalmente fechada
e os alimentadores da Subestação A e da Subestação B, que possui uma geração interligada,
operam em paralelo.

Figura 9 - Diagrama unifilar de dois alimentadores em anel.


Fonte: Elaboração própria.
30

4 PROTEÇÃO DOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

Proteção é a ação automática provocada por dispositivos sensíveis a determinadas


condições anormais que ocorrem em um circuito, no sentido de evitar ou limitar danos a um
sistema ou equipamento elétrico (NBR 5459, 1987).
Os sistemas elétricos de distribuição, obedecem padrões técnicos de funcionamento
para garantir um fornecimento de energia elétrica com a qualidade. Entretanto em situações
anormais, fatores internos ou externos podem causar perturbações, defeitos ou falhas diversas.
Desta forma, são necessários mecanismos de proteção que atuem sempre que estas condições
anormais aconteçam visando evitar danos aos componentes que constituem o sistema e
garantir a segurança das pessoas que direta ou indiretamente interajam em instalações
elétricas.

4.1 SISTEMA DE PROTEÇÃO

A função de um sistema de proteção em um sistema elétrico é detectar uma falta e


isolar a área afetada no menor tempo possível, de forma confiável e com mínima interrupção
possível, assegurando a continuidade de fornecimento para o maior trecho possível de rede
onde a característica do circuito permitir (CAMINHA, 2004).
Os principais requisitos de um Sistema de Proteção são: Seletividade; Sensibilidade e
Confiabilidade. Porém antes de detalharmos estes requisitos é necessário detalharmos o
conceito de Interrupções e falhas
Segundo o PRODIST, as interrupções no fornecimento podem ser classificadas como:
Interrupção momentânea de tensão: Toda interrupção do sistema elétrico com
duração menor ou igual a 3 (três) segundos.
Interrupção temporária de tensão: Toda interrupção do sistema elétrico superior a 3
(três) segundos e inferior a 3 (três) minutos.
Interrupção de longa duração: Toda interrupção do sistema elétrico com duração
maior ou igual a 3 (três) minutos
A mesma classificação pode ser utilizada para falhas no sistema de distribuição. Faltas
temporárias são aquelas em que havendo a operação de um equipamento de proteção
31

desaparece a causa do defeito o equipamento restabelece o fornecimento e o circuito funciona


normalmente depois de religado.
Aproximadamente cerca de 80% das faltas que ocorrem nos sistemas de distribuição
são faltas temporárias que tem como causas mais comuns, descargas atmosféricas, contatos
momentâneos entre condutores, abertura de arco elétrico e materiais sem isolação adequada.
(CPFL, 2006).
Uma falta temporária ou momentânea, dependendo do tipo do equipamento de
proteção que seja acionado a partir dela, pode gerar tanto uma interrupção permanente quanto
uma interrupção temporária. As faltas permanentes são aquelas em que é necessária a
intervenção do homem para que se corrija o defeito causador da interrupção antes de se
restabelecer o trecho de rede desligado. Dentre as várias causas de faltas permanentes têm-se
a quebra de um cabo, colisão de um veículo com um poste etc.

4.1.1 Seletividade

Seletividade é a capacidade do equipamento de proteção mais próximo da falta de


antecipar, sempre, a atuação do equipamento de retaguarda, independente da natureza da falta
ser transitória ou permanente. (CPFL, 2006).
A seletividade determina a coordenação da proteção, pois a existência de
equipamentos dotados de religamentos automáticos requer que eles estejam coordenados entre
si e com outros equipamentos de proteção.
O objetivo da coordenação é evitar que faltas transitórias causem a operação de
dispositivos de proteção que não tenham religamentos automáticos e que, no caso de defeitos
permanentes, a menor quantidade possível da rede fique desligada; enquanto o objetivo da
seletividade é fazer com que o equipamento de proteção mais próximo ao defeito opere,
independente da falta ser transitória ou permanente.
32

4.1.2 Sensibilidade

Sensibilidade é a capacidade de um sistema de proteção reconhecer uma condição


anormal de um parâmetro, que excede um valor limite ou de pick-up para a qual inicia atuação
da proteção. A sensibilidade deve ser ajustada ao nível mínimo de operação - corrente, tensão,
potência, etc. - de relés ou de esquemas de proteção e deve fazer o sistema de proteção
perceber um curto-circuito que ocorra na extremidade do circuito mesmo que o defeito seja de
pequena intensidade (SOUZA, 2008).

4.1.3 Confiabilidade

Confiabilidade é a probabilidade que a proteção atuará corretamente quando requerida,


distinguindo entre situações de falta e condições normais de operação. Um dispositivo de
proteção só deve operar na presença de falta que está dentro da zona de proteção estabelecida.
Não pode haver operação indesejada, ou seja, não deve operar desnecessariamente para falta
fora da zona de proteção ou na ausência de falta no sistema (SOUZA, 2008).

4.1.4 Zonas de Proteção

Zona de Proteção é o trecho da rede protegido por um dispositivo de proteção, assim


um alimentador é divido em diversas zonas com o objetivo de diminuir a porção do sistema
desligada em caso da atuação da proteção devido à ocorrência de uma falta. Cada zona possui
seus próprios dispositivos de proteção para que possam ser isoladas do restante do
alimentador sem comprometer o fornecimento de outras zonas (CPFL, 2006).
33

4.2 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

Dispositivo de proteção é um dispositivo que exerce uma ou mais funções de proteção


em um sistema ou equipamento elétrico (NBR 5459, 1987).
Nos sistemas de distribuição, além dos dispositivos de proteção que ficam dentro das
subestações, dispositivos de proteção e seccionamento são instalados ao longo dos
alimentadores com a intenção de evitar que os consumidores fiquem sem fornecimento de
energia elétrica por muito tempo e com muita frequência. Suas posições devem ser
adequadamente escolhidas, de acordo com os seus tipos e as características de cada trecho da
rede. Nas subestações, os principais dispositivos de proteção são os disjuntores, onde estão
interligados a relés, TP’s, e TC’s que executam as lógicas de proteção. Ao longo dos
alimentadores, os principais dispositivos de proteção são as chaves religadoras, chaves
seccionalizadoras e chaves fusíveis.

4.2.1 Disjuntor

Disjuntor é um dispositivo de manobra (mecânico) e de proteção capaz de estabelecer,


conduzir e interromper correntes em condições normais do circuito, assim como estabelecer,
conduzir por tempo especificado e interromper correntes em condições anormais
especificadas do circuito, tais como as de curto-circuito (NBR 5459, 1987).
Nas redes de distribuição, o disjuntor é utilizado nas saídas dos alimentadores, as
proteções são implementadas através de relés que permitem diversas configurações de
proteção. Também são considerados dispositivos de manobra, pois permitem a abertura ou
fechamento de circuitos de potência em quaisquer condições de operação, normal e anormal,
manual ou automática. A figura 10 mostra um disjuntor classe 15 kV de uma subestação da
CPFL.
34

Figura 10 - Disjuntor de alimentador classe 15 kV.


Fonte: Elaboração própria.

As proteções normalmente utilizadas em um disjuntor de alimentador são:


sobrecorrente de fase (50/51) e neutro (50N/51N) com religamento automático feito através
de relé de religamento. As faltas à terra de alta impedância, que não podem ser detectadas
pela função 51N, deverão ser realizadas pela proteção de sobrecorrente de terra sensível
(função 51GS), a ser ajustada com uma corrente de “pick-up” tão baixa quanto possível;
porém, observando-se os desequilíbrios naturais existentes no alimentador. Atualmente com a
utilização de relés digitais, diversas configurações de proteção podem ser implantadas por um
único relé. A figura 11 mostra um diagrama unifilar com o esquema básico de ligação dos
relés de fase, relés de neutro e TC’s.
35

Figura 11 - Diagrama unifilar – Ligação dos TC’s e Relés.


Fonte: CPFL, 2006.

Uma operação por proteção do disjuntor ocorre quando um relé é sensibilizado por
uma corrente de defeito, este relé acionará o disjuntor, após o tempo especificado pela sua
curva característica o disjuntor abrirá o circuito interrompendo a corrente de defeito. Após a
passagem de um período de tempo igual ao primeiro intervalo de religamento, o relé de
religamento fechará o disjuntor. Se a corrente de defeito não mais existir, o disjuntor
permanecerá fechado. Caso a corrente de defeito ainda exista, o relé de sobrecorrente tornará
a acionar a abertura do disjuntor, então, o relé de religamento esperará pelo segundo intervalo
de religamento e fechará novamente o disjuntor. Uma vez mais, se a corrente de defeito
continuar, o relé de sobrecorrente abrirá o disjuntor, entretanto, após esta terceira abertura, o
disjuntor permanecerá aberto até a intervenção de um operador. A figura 12 mostra as
correntes durante um ciclo completo de operações de um disjuntor (CPFL, 2006).
36

Figura 12 - Sequência de atuação do disjuntor.


Fonte: CPFL, 2006.

Esta sequência de desligamentos e religamentos farão com que o sistema continue


ligado após a ocorrência e eliminação de defeitos transitórios, sem que seja necessária a
intervenção de eletricistas e operadores para a sua operação. Normalmente, os intervalos de
religamentos usados pelas concessionárias são de 5s para o primeiro religamento e de 30s a
60s para o segundo religamento (CPFL, 2006).

4.2.2 Religadores

Religador é um dispositivo automático que interrompe e restabelece o fornecimento de


energia de um trecho do alimentador enquanto houver falha, até certa quantidade de
tentativas. Desta forma, ao atingir um religador, uma falha temporária é tratada, causando
somente uma interrupção temporária. Já se a falha é permanente, o religador suspende o
fornecimento após alcançar o seu limite de tentativas de religamento e deve ser reativado
manualmente (ou remotamente caso possua esta funcionalidade), causando uma interrupção
permanente. Este equipamento possui um custo elevado, portanto os pontos para sua alocação
devem ser bem escolhidos (AZEREDO; GARCIA, 2006).
37

São dispositivos utilizados tanto para a proteção da saída de alimentadores, como para
a proteção de linhas ao longo do alimentador. A figura 13 mostra um religador instalado em
um alimentador rural classe 15 kV.

Figura 13 - Chave Religadora de alimentador classe 15 kV.


Fonte: Elaboração própria.

Da mesma forma que os disjuntores, os religadores possuem unidades para proteção


de fase, de terra e religamento implementados por relés digitais que permitem diversas
configurações. Assim é possível configurar a proteção de forma a evitar que faltas de natureza
transitória queimem elos fusíveis, conforme mostrado na figura 14, onde a programação de
curva rápida e temporizada pode cobrir a mesma faixa de corrente.
38

Figura 14 - Ajustes de proteção de uma chave Religadora.


Fonte: CPFL, 2006.

Quando o valor de um ajuste de proteção é sensibilizado por uma falta, depois de


transcorrido o tempo estabelecido, o religador atuará, abrindo o circuito. Depois de
transcorrido o tempo programado para o religamento, o dispositivo tornará a fechar. Se a falta
não estiver mais presente, o religador contará um tempo de rearme e voltará a sua condição
inicial. Caso a falta persista, o religador tornará a operar. Após o religador efetuar o número
de religamentos programados, ele permanecerá aberto, exigindo ação manual ou remota para
a sua operação.
A figura 15 mostra a sequencia de operações de um religador. Esta sequência de
desligamentos e religamentos farão com que o sistema continue ligado após a ocorrência e
eliminação de defeitos transitórios, sem que seja necessária a intervenção de eletricistas e
operadores para a sua operação. Normalmente, os intervalos de religamentos usados pelas
concessionárias são de 5s para o primeiro religamento e de 30s a 60s para o segundo
religamento.
39

Figura 15 - Sequência de operações de um religador .


Fonte: CPFL, 2006.

4.2.3 Seccionalizadores

O seccionalizador, apesar de ser considerado um equipamento de proteção automático,


é sempre é sempre utilizado em conjunto com outro equipamento de proteção automático
(religador ou disjuntor) e dentro da zona de proteção deste último equipamento conforme
mostra a figura 16. O seccionalizador não é capaz de interromper correntes de curto-circuito,
embora possa interromper correntes até a sua capacidade nominal (CPFL, 2006).

Figura 16 - Zonas de proteção do seccionalizador e do religador.


Fonte: CPFL, 2006.
40

O funcionamento do seccionalizador ocorre quando circula pelo seccionalizador uma


corrente de curto-circuito, o seccionalizador é sensibilizado e se prepara para contar. Esta
corrente também sensibilizará o equipamento de retaguarda, que abrirá o circuito. O
seccionalizador notará a abertura do equipamento de retaguarda devido à queda da corrente
para valores abaixo do seu valor de disparo e contará a operação do equipamento. Após o
tempo determinado, o equipamento de retaguarda fechará o circuito. Se o defeito persistir, o
processo se repetirá até que o seccionalizador acumule a quantidade de contagem ajustada.
Então, durante o tempo em que o equipamento de retaguarda estiver aberto, o seccionalizador
abrirá os seus contatos principais. Quando o equipamento de retaguarda religar, o trecho com
defeito estará isolado e o resto da rede funcionará normalmente. A figura 17 mostra as
correntes durante a sequência de operações de um equipamento de proteção de retaguarda e a
abertura de um seccionalizado (CPFL, 2006).

Figura 17 - Operação de equipamento de retaguarda e Seccionalizador.


Fonte: CPFL, 2006.

4.2.4 Chaves-fusíveis

A chave fusível é o dispositivo de manobra e proteção mais utilizado ao longo dos


alimentadores, em saídas de ramais e proteção de transformadores devido ao seu baixo custo.
A função principal dos fusíveis é operar mediante faltas permanentes e isolar (seccionar) a
41

seção faltosa. Os fusíveis são posicionados ao longo do alimentador de modo que a menor
seção seja interrompida na ocorrência de uma falta. A figura 18 mostra uma chave fusível
classe 15 kV.

Figura 18 - Chave fusível classe 15 kV.


Fonte: CPFL, 2006.
42

5 AUTOMAÇÃO DOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

Segundo definição do IEEE ("Institute of Electrical and Electronics Engineers"), um


sistema de automação da distribuição é uma combinação de subsistemas de automação que
habilitam uma empresa concessionária a monitorar, coordenar e operar alguns ou todos os
componentes do sistema elétrico em tempo real (CRISPINO et al, 2000).
Nos Sistemas de Distribuição, a automação está presente de diversas formas:
Automação com ausência de supervisão, tipicamente utilizada pelas distribuidoras,
implementada através da instalação de Religadores e seccionalizadores com foco apenas na
proteção, sem a utilização de funções de supervisão e telecomando.
Automação com supervisão unidirecional, onde existe monitoramento,
possibilitando leitura de dados e estados, porém não permite o telecontrole.
Automação com supervisão bidirecional, onde existe monitoramento, controle e
gerenciamento da rede, incluindo possibilidade de self-healing, controle de qualidade da
energia e otimização de sistemas de proteção .
Nas distribuidoras de energia elétrica, a supervisão e a operação das redes de
distribuição de energia elétrica são conduzidas em instalações denominadas Centro de
Operação da Distribuição (COD), concentrando a operação das subestações de Distribuição e
todos os dispositivos instalados ao longo da rede, incluindo os cabos elétricos de distribuição
de uma região.

5.1 AUTOMAÇÃO DOS CENTROS DE OPERAÇÃO

A operação supervisionada a partir de um centro de operação permite monitorar,


coordenar e operar remotamente e em tempo real subestações e componentes da rede de
distribuição a partir de localidades remotas, permitindo identificar mais precisamente falhas
ou interrupções na rede, restabelecer mais rapidamente o fornecimento de energia elétrica,
melhorar a qualidade da energia entregue ao consumidor e reduzir custos operacionais. Na
figura 19 é mostrada a foto do Centro de Operação da Distribuição da CPFL em Bauru, onde
é realizada a operação das redes de distribuição de 110 municípios da região noroeste do
estado de São Paulo.
43

Figura 19 - Centro de Operação da Distribuição da CPFL em Bauru.


Fonte: CPFL, 2008.

5.1.1 Histórico

No Brasil, na década de 70 algumas concessionárias iniciaram a utilização sistemas de


Supervisão e Controle na operação efetiva de sistemas elétricos. Para isso, utilizaram-se da
tecnologia da época, importando um complexo de equipamentos digitais, unidades terminais
remotas e programas para aquisição de dados SCADA. Com base nesses sistemas importados,
cada concessionária desenvolveu uma tecnologia própria, aprimorando os Programas para
Aquisição de Dados empregados e desenvolvendo tecnologia e equipamentos conforme a
necessidade de cada região (CPFL, 2008).
No final da década de 80, como alternativa nacional para substituir os computadores e
demais equipamentos importados, as concessionárias consolidando algum know-how em
automação, começaram a executar projetos de grande envergadura nessa área. Com a
utilização de microcomputadores e servidores com comunicação de alta velocidade iniciaram
a execução de todas as funções de um sistema de telecontrole. Com o avanço tecnológico,
novas funcionalidades foram surgindo com ganhos significativos ao monitoramento do
44

sistema elétrico, aumentando a sua observabilidade com o efetivo aumento de SEs


monitoradas, além da possibilidade de realização de estudos e simulações utilizando histórico
de dados e eventos armazenados em banco de dados (CPFL, 2008).
No final da década de 90, acompanhando a evolução tecnológica surgiram interfaces
homem-máquina full graphics, protocolos TCP/IP para comunicação em rede e protocolos
padrão de mercado (DNP e IEC870.5) para comunicação com unidades terminais remotas de
subestação (UTR) e de dispositivos ao longo da rede de distribuição (PTR) localizados nos
postes (CPFL, 2008).
A partir do inicio de 2000, iniciou-se a implantação de automação via comunicação IP,
dotando o sistema de mais uma versatilidade em termos de tecnologia em comunicação.
Também iniciou a integração dos sistemas SCADA com o sistema GISD/DMS. Essa
integração, contribuiu para melhorias no ambiente de operação, garantindo agilidade na
tomada de decisão e execução de manobra na operação em função da rápida atualização das
informações no sistema (CPFL, 2008).
Os sistemas atuais permitem execução de manobras condicionadas previamente
elaboradas pela Operação, facilidade de acesso às informações do Sistema Elétrico, tais como
configuração atual do sistema, cadastro, histórico de medições analógicas e eventos,
manutenção, flexibilidade na implementação de alterações e novas funcionalidades e
facilidade de integração com outros sistemas.

5.1.2 Sistema SCADA

Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados ou SCADA (Supervisory Control and


Data Acquisition) são sistemas que permitem supervisionar dispositivos e sistemas de
controle conectados através de drivers específicos. Nos Centros de Operação são utilizados
para monitorar, supervisionar e controlar equipamentos e dispositivos dos sistemas de
distribuição, estabelecendo uma conexão entre as subestações e dispositivos das redes de
distribuição aos Centros de Operações. Para que essa conexão ocorra, são necessários
diversos equipamentos de interface e um meio de comunicação entre eles (ARAÚJO, 2011).
Nos Sistemas de Distribuição, o principal equipamento de interface de um sistema
SCADA tradicional é uma UTR (Unidade Terminal Remota) onde ocorre a comunicação e os
45

equipamentos da subestação e o centro de controle. Em tempo real, as UTRs coletam


informações do sistema elétrico, enviam essas informações para um centro de operações, onde
são apresentadas aos operadores através de uma IHM (Interface Homem-Máquina), além de
armazenar estes dados para eventual consulta. Além das UTR’s, diversos equipamentos
incluem funções relativas à automação de circuitos alimentadores, tais como chaves,
Religadores e bancos de capacitores. Para a coleta e envio das informações aos Centros de
Operações são utilizados dispositivos eletrônicos microprocessados denominados IED’s.
As principais funções implantadas nos sistema SCADA utilizados nos Sistemas de
Distribuição de Energia são:
Supervisão e monitoramento: Apresentar ao operador, em tempo real, os valores das
medições realizadas, (fluxos de potência ativa e reativa, tensões e correntes) além das
indicações de estado dos dispositivos e equipamentos da rede. A figura 20 mostra o diagrama
unifilar de uma subestação 138 kV – 13,8 kV do Sistema SCADA da CPFL. No
transformador de 26,6 MVA podem ser monitorados os valores de temperatura do óleo e do
enrolamento. No disjuntor 03, geral de 13,8 kV, podem ser monitorados os valores do fator de
potência, a corrente, a potência aparente, potência ativa e potência reativa. Nos disjuntores 04,
05, 06 e 07, disjuntores de alimentadores, podem ser monitorados os valores de corrente,
potência ativa, potência reativa e fator de potência.

Figura 20 - Tela do Sistema SCADA SDDT, diagrama de uma subestação.


Fonte: CPFL, 2012.
46

Telecontrole: A partir da sala de comando, através interface gráfica, o operador pode


executar manobras em equipamentos nas subestações ou ao longo dos alimentadores. A figura
21 mostra a tela de atuação em um disjuntor de alimentador no Sistema SCADA da CPFL. O
operador pode executar comando para ligar ou desligar o dispositivo, desativar ou bloquear o
religamento automático, desabilitar o dispositivo ou coloca-lo em manutenção.

Figura 21 - Tela do Sistema SCADA SDDT, atuação do operador .


Fonte: CPFL, 2012.

Eventos e Alarmes: Alerta ao operador a atuação de equipamentos de proteção,


alteração na configuração da rede elétrica, irregularidade de algum dispositivo ou valores de
medição que se aproximam dos limites operativos dos equipamentos. A figura 22 mostra a
janela de eventos do Sistema SCADA da CPFL. A janela Eventos mostra os últimos eventos
do Sistema de acordo com o perfil do usuário e permite pré-seleções à escolha do usuário de
modo a só apresentar os eventos de seu interesse.
47

Figura 22 - Tela do Sistema SCADA SDDT, janela de eventos.


Fonte: CPFL, 2012.

Consulta de dados históricos: Permite consulta a medições, alteração de estado,


eventos e ações do operador. Os dados históricos são extremamente importantes para análise
pós-operativa, planejamento da expansão e planejamento de manobras. A figura 23 mostra a
tela da consulta, do Sistema SCADA da CPFL, da corrente de 2 alimentadores em um período
de 15 dias, escolhidos pelo usuário. Essa consulta é muito importante para o planejamento de
manobras e transferência de cargas entre alimentadores.

Figura 23 - Tela do Sistema SCADA SDDT, dados históricos.


Fonte: CPFL, 2012.
48

Gráfico de tendência: Permite ao operador observar a evolução das grandezas


analógicas ao longo do tempo, o operador pode escolher o período compreendido entre as
ultimas 24 horas. A figura 24 mostra a tela com gráfico de demanda, das ultimas 5 horas, de
um alimentador, onde pode ser selecionada a tendência de alteração de corrente conforme o
operador planeja uma manobra.

Figura 24 - Tela do Sistema SCADA SDDT, gráfico de demanda.


Fonte: CPFL, 2012.

Intertravamento: Executa o bloqueio de ações de comando em equipamentos


dependendo da configuração do sistema. A figura 25 mostra a tela, do Sistema SCADA da
CPFL, de atuação de uma chave Religadora onde existe intertravamento com outra chave
Religadora devido à transferência de carga automática associada. O sistema bloqueia ações de
comando no equipamento quando a transferência de carga estiver habilitada. Para liberar
ações de comando no equipamento o operador deve desabilitar a transferência automática de
carga.
49

Figura 25 - Tela do Sistema SCADA SDDT, equipamento com intertravamento.


Fonte: CPFL, 2012.

Manobras automáticas: é um sistema de manobras em sequência, com possibilidades


de analisar ocorrências entre cada instrução e modificar o encadeamento das ações. A figura
26 mostra o diagrama unifilar, do Sistema SCADA da CPFL, de um alimentador onde existe
transferência automática de carga. Caso ocorra uma falta no trecho entre o disjuntor 52-13 e a
chave Religadora 439556, o sistema executa a abertura da chave 439556 e o fechamento da
chave 308495. Os clientes que estão neste trecho sofrerá apenas uma interrupção
momentânea, onde não são contabilizados os indicadores de qualidade para a distribuidora.
50

Figura 26 - Tela do Sistema SCADA SDDT, equipamento com manobras automáticas.


Fonte: CPFL, 2012.

Proteção inteligente: Permite atuação de equipamentos telecomandados,


estrategicamente alocados em alimentadores de forma coordenada à rotina de religamento
automático, ligando ou desligando de forma a minimizar o trecho interrompido. A figura 27
mostra o diagrama unifilar, do Sistema SCADA da CPFL, de um alimentador com proteção
inteligente. A rotina de religamento automático é alterada para que após desligamentos,
chaves telecomandadas estrategicamente alocadas nos alimentadores são manobradas
automaticamente, de forma coordenada à rotina de religamento automático. O software
analisa os resultados (sucesso ou insucesso) de cada tentativa de religamento e, conforme esse
resultado atua nas chaves telecomandadas, ligando-as ou desligando-as de forma a minimizar
o trecho interrompido.
51

Figura 27 - Tela do Sistema SCADA SDDT, manobras coordenadas com a proteção.


Fonte: CPFL, 2012.

Parametrização remota: Permite a substituição de ajustes e parâmetros funcionais,


através de comando do operador, equipamentos tais como relés digitais de proteção,
medidores, reguladores de tensão e outros equipamentos. A figura 28 mostra a tela de atuação,
do Sistema SCADA da CPFL, de uma chave Religadora. O operador pode substituir o ajuste
de proteção ativo no equipamento, habilitando o AJPRT1 (ajuste de proteção 1), AJPRT2
(ajuste de proteção 2), AJPRT3 (ajuste de proteção 3) ou AJPRTN (ajuste de proteção
normal), que já estão instalados nos equipamentos.

Figura 28 - Tela do Sistema SCADA SDDT, equipamento com parametrização remota.


Fonte: CPFL, 2012.
52

5.2 PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO

A comunicação é um requisito fundamental na automação de um sistema de


distribuição. As concessionárias de energia têm utilizado diferentes meios físicos para
transmitir sinais, tais como, fibra óptica, pares metálicos, telefonia celular, enlace de rádio
frequência e até comunicação via satélite.
O Protocolo de Comunicação é a linguagem usada pelos dispositivos de uma rede de
modo que eles consigam se entender, isto é, trocar dados e informações entre si. Para que
todos os dispositivos de uma rede consigam conversar entre si, todos eles deverão estar
usando uma mesma linguagem, isto é, um mesmo protocolo (TORRES, 2001).
Quando as redes de comunicação surgiram, não existia um padrão, cada fabricante
desenvolvia seu próprio protocolo, assim dispositivos de fabricantes diferentes não se
comunicavam. Com o modelo de referência OSI, desenvolvido pela International Standards
Organization (ISO) houve uma padronização e os fabricantes passaram a criar protocolos a
partir desse modelo. Segundo este modelo, a comunicação de dados pode ser dividida em sete
camadas, que são: camada física, camada de ligação de dados, camada de rede, camada de
transporte, camada de sessão, camada de apresentação e camada de aplicação, conforme
mostra a figura 29.

Figura 29 - Modelo OSI sete camadas


Fonte: TORRES, 2001

A camada física descreve os meios físicos de comunicação utilizados para o transporte


de dados entre os dispositivos da rede, as outras seis camadas se referem a protocolos de
comunicação. Dentre os protocolos utilizados na automação das redes de distribuição, podem
ser citados o DNP3, IEC 60870-5-101/104, MODBUS, IEC 61850, ICCP e IEC 62351
53

5.2.1 DNP3

O Protocolo DNP3 foi desenvolvido pela GE Harris Distribuidora de Produtos de


Automação na década de 1990. Em 1993, a especificação foi liberada para uso público, se
tornando um protocolo aberto. Originalmente projetado para companhias de distribuição
elétrica, o DNP3 também é utilizado hoje em outras aplicações, tais como, companhias de
distribuição e tratamento de águas e esgotos, transporte, indústria petrolífera e companhias de
distribuição de gás (CLARKE, 2004).
O protocolo DNP3 é um protocolo de comunicação multiponto que permite realizar
trocas de informações entre um sistema de controle (supervisório ou RTU) e um ou mais
dispositivos eletrônicos inteligentes (IED, Dispositivo Eletrônico Inteligente), onde a
transmissão de dados é feita por pacotes relativamente pequenos e cada dispositivo é
identificado por um endereço único, de 0 a 65519 .
O DNP3 foi projetado em perfil EPA (Enhanced Performance Architeture) que é uma
variação simplificada do modelo OSI (Open system Interconnection). O EPA possui somente
3 camadas: física, enlace e aplicação. No entanto, para permitir a transmissão de mensagens
grandes (2 kbytes ou mais), funções de segmentação e de remontagem de dados foram
acrescentadas. O conjunto destas funções constitui uma pseudo-camada Transporte, conforme
mostra a figura 30.

Figura 30 - DNP3 e modelo OSI


Fonte: Elaboração própria.

O Protocolo DNP3 foi desenvolvido para aplicações específicas em sistemas SCADA,


onde é necessário aquisição de dados e controle de dispositivos remotamente. Para isso são
utilizados UTRs e IEDs, que são dispositivos eletrônicos microprocessados que controlam
54

equipamentos do Sistema de Distribuição que podem ser chaves automatizadas, chaves


religadoras automatizadas, bancos de capacitores e reguladores de tensão automatizados. A
figura 31 mostra uma disposição típica de UTRs e IEDs em aplicação SCADA

Figura 31 - Disposição Típica de RTUs e IEDs em Aplicação SCADA.


Fonte: ARAÚJO, 2011

O DNP3 é utilizado na automação de dispositivos em subestações ou em circuitos


alimentadores, assim como na comunicação entre Centros de Controle e subestações. É o
protocolo de comunicação mais popular nas distribuidoras dos EUA e da América do Sul

5.2.2 IEC 60870-5-101/104

O IEC 60870-5 é o padrão internacional desenvolvido pelo IEC para telecontrole e


teleproteção, provendo funcionalidades similares ao DNP3, pode ser considerado o DNP3
Europeu. O padrão IEC 60870-5-101 (1995) é um protocolo de três camadas para
comunicação serial, com variadas habilitações, conforme mostra a figura 32 (ARAÚJO,
2011).
55

Figura 32 - Modelo EPA do IEC.


Fonte: ARAÚJO, 2011

Assim como o DNP3, o IEC 60870-5-101 permite sincronização de tempo, definição


de dados com diferentes níveis de prioridades e reportagem espontânea de dados sem
solicitação da estação mestre. No IEC 60870-5-101 esta função é restrita à configuração
ponto-a-ponto, característica essencial em aplicações em Sistemas de Distribuição que ficam
inertes por longos períodos de tempo, mas que devem informar a falha ao Centro de Operação
imediatamente após a sua ocorrência.
O IEC 60870-5-101 é um padrão aberto amplamente utilizado na Europa, sendo
raramente encontrado nas Américas devido à difusão do DNP3 nessas regiões. O padrão IEC
60870-5-104 é uma extensão do IEC 60870-5-101 com extensões para permitir acesso a uma
rede com conexão a LANs e a roteadores, permitindo acesso a WANs. O padrão IEC 60870-
5-103 foi projetado especificamente para comunicação com dispositivos de proteção.

5.2.3 MODBUS

O protocolo Modbus é uma estrutura de comunicação desenvolvida pela Modicon em


1979, com o objetivo de estabelecer uma comunicação master-slave/client-server entre
56

dispositivos inteligentes. Hoje é um padrão de fato, verdadeiramente aberto, um dos


protocolos de rede mais extensamente usados no ambiente industrial. É implementado
literalmente por centenas de fabricantes de equipamentos em diversos dispositivos diferentes
a fim de transferir entradas e saídas analógicas e discretas e registrar dados entre dispositivos
de controle. É realmente um denominador comum entre fabricantes diferentes (GOUVÊA,
2002).
Como fator restritivo, no Sistema Elétrico, o Modbus não dispõe de um método para
representar “time stamps” (etiquetas de tempo) e tão pouco sincronizar tempos em resoluções
de milissegundos, o que dificulta a construção de registros com sequências de eventos
(históricos) que poderiam ser utilizados para seguir falhas e proceder a restauração da rede.
No entanto, pode ser utilizado em algumas aplicações nos Sistemas de Distribuição, como por
exemplo. o controle de bancos de capacitores. O Modbus continua a ser utilizado tanto em
subestações quanto na rede de distribuição, nos circuitos alimentadores, em várias regiões do
mundo, principalmente em casos onde as demandas por taxas de transmissão sejam baixas.
A tabela 6 apresenta uma comparação entre atributos do DNP3 e do Modbus onde
notam-se grandes vantagens do DNP3

Tabela 6 - Comparação entre os Padrões DNP3 e Modbus

Fonte: TRIANGLE MICRO WORKS

5.2.4 IEC 61850

O IEC 61850 é um padrão internacional desenvolvido pelo IEC TC 57, propondo uma
solução unificada para automação tanto em subestações quanto a interoperabilidade com
57

IEDs. O IEC 61850 pavimenta o caminho para integrar sistemas como controle, medição,
monitoramento e proteção dividem-se em partes, sendo o IEC 61850-5 (Communication
Requirements for Functions and Device Models) o padrão que estabelece requisitos de
comunicação. A figura 33 mostra as partes componentes do IEC 61850 (ARAÚJO, 2011).

Figura 33 - Composição do Padrão IEC 61850.


Fonte: ZHANG, J., GUNTER, C

O IEC 61850 foi criado a partir da Utility Communications Architecture version 2.0
(UCA 2.0), defendendo o conceito de automação a partir de um conjunto de funções
distribuídas, em alternativa aos sistemas SCADA centralizados, apresenta as seguintes
características:
Capacidade de representação de dados orientada a objeto;
Possibilita facilitar a aplicações de terceiros o acesso a informações de IEDS de
múltiplos fornecedores, garantindo a interoperabilidade entre dispositivos de diferentes
fabricantes;
Minimiza o esforço do desenvolvedor de aplicação, que não terá mais que se
preocupar com representações individuais de fabricantes;
Permite a auto-reconfiguração de partes de interfaces e aplicações.
No modelo de dados definido pelo padrão IEC 61850 o Server é o componente mais
alto da hierarquia, agindo como ponto de ligação com dispositivos físicos conforme figura 34.
Teoricamente, um IED pode abrigar uma ou mais instâncias do Server, embora na prática
apenas uma instância execute no IED, que pode conter um ou mais pontos de acesso. Cada
Server hospeda um ou mais arquivos ou Logical Devices (que é a correspondência lógica de
58

um dispositivo físico), cada qual constituído de um grupo de Logical Nodes (LNs). Cada LN
contém um ou mais Data Objects, compostos por atributos (Data Attributes). Múltiplas
instâncias de diferentes LNs tornam-se componentes de diferentes funções da subestação,
como p. ex. proteção, controle e monitoramento. O IEC 61850 define classes padronizadas de
LNs para a maioria dos dispositivos básicos encontrados em sistemas de automação de
subestações (ARAÚJO, 2011).

Figura 34 - Modelo de Dados do Padrão IEC 61850.


Fonte: ARAÚJO, 2011

Os modelos de dados definidos pelo IEC 61850 podem ser mapeados em diversos
perfis de comunicação visando a troca de dados entre dispositivos (IEDs) e aplicações. Em
especial, são mapeados no Generic Object Oriented Substation Events (GOOSE), com
comunicação horizontal, e no Manufacturing Message Specification (MMS: ISO/IEC 9506-1:
Service Specification; ISO/IEC 9506-2: Protocol Specification), com comunicação vertical,
Conforme apresentado na figura35 (ARAÚJO, 2011).
59

Figura 35 - Pilha de Protocolos do Padrão IEC 61850.


Fonte: ZHANG, J., GUNTER, C

Diferentemente de mensagens MMS, que utilizam camadas intermediárias


adicionando retardo à comunicação, as mensagens GOOSE podem ser inseridas diretamente
em pacotes ethernet e transmitidas no bus da subestação, criando um mecanismo nos quais
dados de dispositivos/sistemas são agrupados e transmitidos rapidamente (dentro de 4 ms). O
GOOSE se baseia no mecanismo de comunicação conhecido por “publisher-subscriber”, onde
o nó emissor (editor) insere (publica) mensagens na rede (em “multicast”) e os nós receptores
(assinantes ou subscritores) extraem apenas aquelas de seus interesses, em um esquema de
interação que elimina o tráfego de informação de “setup” ou negociação, acelerando o
processo de comunicação. O desacoplamento entre editores e assinantes proporciona um
sistema mais expansível, assim como maior dinamicidade de topologia de rede
O GOOSE faz parte do Generic Substation Events (GSE), que define transferências de
dados de eventos de forma rápida e confiável em modo “peer-to-peer”. Além do GOOSE, o
GSE também define os mecanismos Sampled Values (SV) (IEC 61850-9), quando valores de
grandezas elétricas (dados de medição) são amostrados e transmitidos na rede, e Generic
Substation State Events (GSSE), uma extensão do mecanismo de transferência do UCA 2.0
onde, em contraponto ao GOOSE, somente dados de “status” podem ser trocados. O GSSE é
transmitido sobre o ISO/IEC 8802-2 LLC (camada de enlace) e o ISO/IEC 8802-3. A tabela 7
descreve os “tipos” de mensagens que podem ser trocadas, suportadas pelo Padrão IEC
61850.
60

Tabela 7 - Tipos de Mensagens do Padrão IEC 61850.

Fonte: ARAÚJO, 2011

O IEC 61850 estabelece um padrão aberto, permitindo salvaguardar investimentos


relacionados aos fornecedores, absorvendo novas funções. Dentre as principais vantagens
obtidas com a implantação do IEC 61850 em subestações, podem ser destacadas: modelo de
objetos padronizado, linguagem de configuração padronizada, dispositivos auto-descritivos,
maior interoperabilidade, menores custos de instalação, tempo de “setup” reduzido, esforço
manual e erros reduzidos e tecnologia de rede de comunicação moderna.
O IEC 61850 é um padrão que está em contínuo desenvolvimento. Em sua primeira
edição, publicada no início dos anos 2000 e que contou com mais de 1000 páginas, ele foi
definido exclusivamente para a automação de subestações , incluindo aplicações de proteção.
Sua segunda edição está incluindo, desde 2010-2011, novas capacitações, como mecanismos
de redundância na comunicação com IEDs e o suporte a sistemas “fora” de subestações, tais
como a automação de “wind farms”, hidroelétricas e recursos de energia distribuídos.

5.2.5 ICCP

Segundo IEC (International Electrotechnical Commission) o protocolo ICCP é


utilizado para comunicação de dados entre centros de controle. Em termos de arquitetura de
redes, situa-se acima do protocolo MMS – Manufacturing Message Specification – através de
um mapeamento de serviços entre ICCP e o protocolo MMS. No modelo OSI – Open Systems
61

Interconnection –, o MMS é caracterizado como um protocolo de aplicação, acima das


camadas de Apresentação e Sessão.
Dentre os variados serviços definidos na especificação do protocolo ICCP, ao ser
estabelecida uma associação entre dois centros de controle, os serviços mais comumente
utilizados que causam tráfego na comunicação de dados são os serviços Identify e Information
Report. As mensagens referentes ao serviço Identify são enviadas periodicamente para
verificação do canal de comunicação e, apesar de serem periódicas, em termos de tamanho
são pequenas. Information Reports são gerados na medida em que há variações de dados a
serem distribuídos entre os centros de controle. Esse tipo de mensagem é normalmente maior
devido à taxa de variação de dados. Portanto, normalmente Information Reports compõem a
principal parcela da taxa de transmissão de dados quando a taxa de variação de pontos na base
de dados é alta.
A norma. IEC/TR 60870-6-505, 2002 define blocos de conformidade, que são níveis
de recursos que um determinado sistema ICCP pode suportar. Existe o nível básico,
denominado bloco 1, que define recursos para aquisição de dados (integridade). Há também
outros recursos como reporte por exceção, que é definido para bloco 2 de conformidade. Para
a comunicação entre centros de controle é necessária, como parte da negociação em protocolo
ICCP, a divulgação dos blocos de conformidade que são atendidos pelos sistemas em questão.
O bloco 3 de conformidade, em particular, permite uma demanda por banda de
transmissão menor, pois, ao utilizar seus recursos, um sistema transmite uma sequência de
pontos contendo um identificador numérico do ponto em vez de transmitir o identificador
alfanumérico, além de simplificar o formato de dados pois deixa de utilizar codificação
completa em ASN.1 – Abstract Syntax Notation One. Isso reduz a quantidade de informação
a ser transmitida e normalmente permite redução significativa da demanda em banda de
transmissão.
Nas instalações de centros de controle, o protocolo ICCP já se encontra bastante
disseminado. Há companhias como Eletrosul e CHESF que o utilizam mesmo para receber
dados de concentradores localizados em nível inferior ao seu nível de centro de controle. Nos
centros do ONS, o protocolo também é utilizado de forma crescente. Com o projeto do ONS
de modernizar seus centros a um nível único no mundo, já que é um dos maiores operadores
de sistema em termos de carga e responsável por área geográfica de proporções continentais,
o protocolo ICCP ganha posição destacada. Uma das grandes vantagens da modernização dos
centros de controle é a sua capacidade de ter redundâncias de forma a garantir a operação do
sistema com alta disponibilidade. Um exemplo seria o centro de controle SE assumir o centro
62

de controle S em esquema de contingência. O protocolo ICCP permite a distribuição de dados


de forma que todos os centros responsáveis por contingência mantenham os dados em tempo-
real não só sob sua supervisão, mas também os dados sobre os quais será responsável em
eventualidade por contingência. (ANEEL, 2011).

5.2.6 IEC 62351 Parts 1-8 (Padrão de Segurança em Operações de Controle)

Para automatizar o Sistema de Distribuição, a distribuidora deve empregar um grande


número de dispositivos geograficamente dispersos interligados por uma grande variedade de
tecnologias de comunicação. Então, os requisitos de segurança na Automação da Distribuição
serão bem diferentes daqueles adotados em Sistemas de Transmissão e Geração.
A segurança da troca de dados entre sistemas SCADA na rede de distribuição é
especificada através da família de padrões IEC 62351, requisitos de segurança para troca de
informações de controle em suporte a protocolos da série IEC TC 57, incluindo o IEC 60870-
5 series (ex.: IEC 62351-5), IEC 60870-6 series e IEC 61850 series (ex.: IEC 62351-6:
segurança dentro de subestações), assim como o MMS (IEC 62351-4) e protocolos baseados
no TCP/IP (IEC 62351-3), este último adotando o padrão de criptografia Transport Layer
Security (TLS).
Um dos principais objetivos do IEC 62531 é a autenticação da transferência de dados
através de Assinatura Digital, permitindo a Certificação Digital das transações,
implementando mecanismos de segurança capazes de garantir a autenticidade,
confidencialidade e integridade das informações transferidas de um ponto a outro da rede.
Neste contexto, destaca-se o IEC 62351-5 que define como adicionar autenticação do
usuário e do dispositivo em transações de telecontrole, assim como meios para manter a
integridade de dados em protocolos derivados de IEC 60870-5, tal como o DNP3.
O DNP3 utiliza, portanto, o IEC 62351-5, permitindo ao receptor de mensagens DNP3
verificar se a mesma procedeu de usuários autorizados e não foi alterada durante o envio. O
padrão IEC 62351-5 é um bom exemplo de solução “lightweight” que está entrando
atualmente em uso, elevando significativamente a segurança operacional de aplicações de
Automação da distribuição.
63

5.3 CAMINHOS DA AUTOMAÇÃO

As próprias transformações do setor elétrico, evolução do setor da informática, redes


de telecomunicações mais seguras, processamento distribuído mais evoluído causaram
impacto significativo na forma de Operação da distribuição de energia elétrica.
A forma e a intensidade com que a automação vem ocorrendo, variam, porém, o
objetivo comum é a busca pela eficiência e qualidade no serviço de distribuição de energia
elétrica. Os projetos de modernização, com ampliação da automação nas redes de distribuição
são necessários, devem satisfazer requisitos de uma rede dotada de infraestrutura de
comunicação, processamento, teleinformática e outros. Por isso, o custo de implantação da
automação não se resume a despesa de instalação de equipamentos convencionais,
envolvendo uma ação ainda mais abrangente onde devem ser previstos equipamentos com um
sistema dotado de “inteligência” para garantir que os objetivos da automação sejam
alcançados.
Inicialmente, o sistema dotado de inteligência deve ser capaz de coletar dados;
identificar e extrair as informações mais importantes; prover os usuários e operadores dessas
informações; processar informações e atuar, de forma automática ou sob comando específico.
A coleta de dados pode ser feita por medidores “inteligentes” nas unidades
consumidoras, dotados de comunicação, sensores espalhados na rede e pelos equipamentos
automatizados (IED’s). Entretanto a maioria das Distribuidoras no Brasil não possui
infraestrutura de comunicação suficientemente difundida e preparada para a realidade das
redes inteligentes. Nesse contexto, faz-se necessária a expansão da infraestrutura de
telecomunicação do país, seja de sistemas de propriedade da distribuidora, seja daqueles
utilizados para o público em geral. Logo, as redes inteligentes provocarão investimentos em
telecomunicações (ANEEL, 2011).
A identificação, extração e processamento de informações, podem ser realizados nos
Centros de Operação onde possibilitam ao operador da rede diversos benefícios atribuíveis às
redes inteligentes, tais como a leitura, corte e religação remotos, identificação e resolução de
contingências de forma mais ágil, rapidez e efetividade na busca por desvios indevidos de
energia, dentre outros. Para isso, além da instalação de equipamentos (hardware), é preciso
investir também na convergência dos sistemas de informática, ou seja, faz-se necessário uma
adaptação dos softwares atualmente utilizados.
64

Quando da implantação de redes inteligentes, as distribuidoras poderão utilizar a


infraestrutura dos Centros de Operação já existentes. No entanto, será preciso modernizá-los e
prepará-los para receber uma maior quantidade de informações para a operação na rede, de
forma automática e até mesmo autônoma.
A CEMIG pretende implantar na cidade de Sete Lagoas, em Minas Gerais, o Projeto
Cidade do Futuro. A iniciativa consiste em implantar uma rede inteligente em todo o
município, que passaria a servir de campo de teste de novas tecnologias e centro de
treinamento especializado da distribuidora. A implantação envolve a instalação de 95.000
medidores inteligentes (em todos os consumidores da cidade), adequação de 3 subestações,
instalação e substituição de equipamentos de medição nos 24 alimentadores que compõem a
rede de média tensão da cidade, ampliação e adequação de telecomunicações operacionais e
sistemas computacionais, além da implantação de soluções que permitem o monitoramento da
geração distribuída. Em fevereiro de 2010, a empresa fez a previsão de que os sistemas de
medição custariam R$ 69,8 milhões, enquanto que a parte de “Automação de Subestações e
Redes” equivaleria a R$ 34,3 milhões. Assim, segundo essas estimativas, a parte de
implantação e adequação da automação representaria 49,2% do valor a ser gasto com
instalação de medição. Tendo em vista que a infraestrutura dos países que já fizeram esta
estimativa é mais robusta do que a brasileira e, considerando o valor previsto pela Cemig,
considerar-se-á, para efeitos deste trabalho, que os custos com a inteligência da rede
representam 50% do custo dos medidores, ou seja, R$ 6,25 bilhões. (ANEEL, 2011).
A CPFL prevê investir cerca de R$ 4,5 bilhões até 2013, em suas distribuidoras no Rio
Grande do Sul e em São Paulo, com o objetivo de tornar sua malha de distribuição mais
robusta e automatizada. A característica da malha de distribuição da CPFL, hoje, é de rede
aérea nua, e essa malha vem sendo gradativamente substituída pelas redes multiplexadas e
redes compactas (spacer cable), menos expostas a interferências externas. O projeto de
automação, em andamento, já instalou 2.414 chaves telecomandadas em sua rede; e até 2013,
terá instalado cinco mil. Com essa medida, a empresa espera reduzir o tempo de atendimento
das ocorrências e identificar de forma mais rápida os problemas da rede, podendo solucionar
boa parte deles sem necessidade de deslocamento de equipes de campo (ANEEL, 2011).
65

5.4 ASPECTO DE MANUTENÇÃO E MONITORAÇÃO DE EQUIPAMENTOS

Sob o aspecto da manutenção ou, de forma mais abrangente, da gestão dos ativos das
concessionárias de distribuição, a automação pode assumir um papel fundamental e cada vez
mais determinante da confiabilidade e segurança dos sistemas de distribuição.
A realidade dos gestores das distribuidoras é diferente da realidade vivida pelos
gestores de ativos da rede básica, a adoção de sistemas de monitoramento com vistas à
manutenção em sistemas de distribuição ainda encontra grande resistência pelo fato de, em
geral, seu custo ser proporcionalmente mais alto em relação ao dos equipamentos a serem
monitorados e a quantidade destes ser bem maior que a encontrada na rede básica. A
justificativa para sua adoção, entretanto, não pode ser pautada apenas pela necessidade de se
evitar o risco intrínseco de perda do equipamento eventualmente monitorado, mas também, e
principalmente, por riscos extrínsecos representados pela perda de receita com energia não
suprida, multas aplicadas pelo órgão regulador e danos à imagem da empresa (ANEEL,
2011).
Além disso, a própria dinâmica de atuação das equipes de manutenção das redes
aéreas e subterrâneas seria positivamente impactada, na medida em que fosse possível, por
meio de técnicas preditivas suportadas por uma infraestrutura automatizada, identificar
aqueles equipamentos ou trechos da rede sob maior risco de falha ou já com falhas
incipientes, o que permitiria melhor dimensionar e localizar tais equipes dentro da área
geográfica sob sua responsabilidade.
66

6 CONCLUSÃO

O Capítulo 1 apenas mostrou uma visão dos assuntos relativos aos capítulos
subsequentes, onde surgiram as ideias, conceitos e formulações que motivaram este trabalho.
O Capítulo 2 abordou os conceitos básicos sobre distribuição de energia elétrica, regulação e
relação entre agentes e consumidores; apresentou o conceito de qualidade de energia elétrica e
procedimentos estabelecidos pela ANEEL, no PRODIST Módulo 8, relativos à qualidade da
energia elétrica (QEE) e qualidade do produto. O Capítulo 3, contemplou a descrição dos
sistemas de distribuição, apresentou as configurações típicas de alimentadores de redes de
distribuição classe 15 kV. O Capítulo 4, contemplou os requisitos de funcionamento de
proteção dos sistemas de distribuição para garantir um fornecimento de energia elétrica com a
qualidade, visando evitar danos aos componentes que constituem o sistema e garantir a
segurança das pessoas que direta ou indiretamente interajam em instalações elétricas. O
Capítulo 5, contemplou as diversas formas que a automação está presente nos Sistemas de
Distribuição, como iniciou a automação dos Centros de Operação, as funcionalidades do
Sistema SCADA, os protocolos de comunicação utilizados na automação das redes de
distribuição e como a automação influencia na manutenção dos equipamentos.
Para as distribuidoras, o principal objetivo da Automação da Distribuição é melhorar a
eficiência operacional, com maior confiabilidade do serviço e melhor qualidade da energia
entregue aos seus clientes. Embora estes objetivos não sejam novos, os investimentos em
automação dos circuitos alimentadores, cujos problemas afetam grande número de clientes,
são consideradas economicamente viáveis devido ao valor dos equipamentos monitorados,
redução dos tempos de manobra e consequentemente do tempo de reparo.
Aliada à eficiência operacional, outras funções podem ser implementadas de acordo
com as necessidades das distribuidoras, seus benefícios não podem ser avaliados
isoladamente, sendo necessário um conjunto maior de aplicações para ser justificada
financeiramente. Entretanto, podem ser destacados alguns benefícios decorrentes da
Automação da Distribuição:
Confiabilidade e Qualidade de Energia: diminuição do tempo e frequência das
interrupções do fornecimento de energia, com melhoria dos indicadores DEC, FEC, DIC, FIC
e DMIC.
67

Segurança e Proteção: maior segurança na operação, redução significativa de falhas


de equipamentos de proteção.
Eficiência Energética: redução das perdas na Distribuição, redução do consumo e
demanda durante períodos de pico com a facilidade do gerenciamento de carga.
Controle da Rede: controle e supervisão dos equipamentos e ativos da rede em
ambiente automatizado e configurável conforme a necessidade do momento.
Benefícios Financeiros Diretos: maior controle sobre os custos, possibilitando
segmentação e oferta de novas opções de tarifas aos consumidores.
Estes benefícios favorecem tanto as distribuidoras quanto aos clientes.
Finalizando, vale dizer que a realização deste trabalho contribuiu muito para o
entendimento de muitos aspectos de qualidade e eficiência da energia elétrica que foram
apresentados durante o curso, espera-se que este trabalho possa contribuir para o
entendimento de outras pessoas, ou mesmo possa servir de incentivo para outros estudos.
68

REFERÊNCIAS

ACKERMAN, W. J. Fundamentals of automation systems & current trends in substation


automation. IEEE Seção Sul Brasil – Capítulo de Potência de São Paulo. Volume I.
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