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Belo Horizonte
2021
Luiz Leonardo de Lacerda Saunders
Belo Horizonte
2021
Agradecimentos
Seguindo as análises técnicas, é feita uma avaliação do alinhamento das tecnologias HVDC
às diretrizes de órgãos como o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), MME (Mi-
nistério de Minas e Energia) e a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) para o futuro do
SIN (Sistema Interligado Nacional) e ao conceito de flexibilização de sistemas de energia
juntamente à análise da matriz energética brasileira. Neste contexto, são apresentados
estudos, ilustrações, tabelas e gráficos devidamente interpretados possibilitando uma ve-
rificação dos pontos levantados e análises feitas com os dados fornecidos pelos documentos
referenciados.
Presented here are the topologies and configurations of HVDC systems most commonly
applied to transmission line designs today, followed by a technical analysis of their com-
ponents and considerations about their uses in relation to the competition of CA systems.
The construction aspects of the HVDC lines are also analyzed, identifying their charac-
teristics and considering which ones are most valuable within the context of the Brazilian
electrical system.
Tabela 4.1 – Perdas típicas nas estações conversoras dos terminais HVDC . . . . . . 45
Tabela 5.1 – Performance do sistema HVAC 765kV de Itaipu . . . . . . . . . . . . . 54
Tabela 5.2 – Performance do sistema HVDC ±600kV de Itaipu . . . . . . . . . . . . 55
Lista de abreviaturas e siglas
GD Geração Distribuída
LT Linha de Transmissão
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.1 Considerações Gerais e Importância do Trabalho . . . . . . . . . . . 19
1.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.3 Organização do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2 ASPECTOS GERAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1 O histórico da transmissão de energia elétrica a corrente contínua . 22
2.2 A transferência de potência elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.2.1 O triângulo de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.2.2 A transferência de potência entre fontes ativas . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.3 As tecnologias HVDC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.3.1 Sistemas LCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.3.2 Sistemas VSC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3.3 Sistemas CMM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.4 As topologias de um sistema HVDC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.4.1 Estações HVDC Back-to-Back . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.4.2 Configurações dos elos CC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.4.2.1 Link Monopolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.4.2.2 Link Bipolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.4.2.3 Link Homopolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.5 Vantagens dos sistemas HVDC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.6 As desvantagens dos sistemas HVDC . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5 O HVDC NO BRASIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.1 O desempenho do sistema de Itaipu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5.2 Energias renováveis e o impacto da filosofia de Geração Distribuída 56
5.3 A modelagem do SIN e sua sinergia com as tecnologias HVDC . . . 58
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
6.1 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
6.2 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
19
1 Introdução
2 Aspectos Gerais
Dada a idade da tecnologia HVDC, contamos hoje com uma boa quantidade de es-
tudos direcionados ao tema, nos fornecendo uma rica gama de informações sobre o mesmo
que se encontram em constante atualização frente à utilização dos sistemas de transmis-
são de potência via HVDC que gera demanda pela pesquisa e desenvolvimento do campo.
Apesar dessa base científica gradualmente construída, o autor deste trabalho identificou
uma lacuna na academia no que tange as análises de aplicabilidade da transmissão de
energia em HVDC se levando em consideração o planejamento elétrico no Brasil.
O planejamento da expansão do sistema elétrico é uma etapa essencial para o de-
senvolvimento e operação de um sistema elétrico e, como esperado, este fato segue válido
para o SIN. Por consequência, empresas e órgãos do setor elétrico brasileiro como a EPE,
e o MME investem tempo, esforço e dinheiro em pesquisas e análises que fomentam o
planejamento elétrico. Os resultados destes esforços são registrado em diversos relatórios
que pautam as políticas energéticas nacionais, sendo que muitos destes relatórios são dis-
poníveis ao público, e aqui orientarão algumas análises deste trabalho como por exemplo,
o PDE 2030 (Plano Decenal de Expansão da Energia) e o PNE 2030 (Plano Nacional de
Energia) (EPE; MME, 2021).
A comunicação dos conhecimentos citados com a academia será feita aqui aplicando
as diretrizes do planejamento energético em estudos técnico-econômicos da utilização de
linhas de transmissão em corrente contínua e alta tensão e estudos comparativos entre a
transmissão de potência em corrente contínua e corrente alternada.
Estudos comparativos nos fornecem uma base para compreender as vantagens téc-
nicas dos sistemas de transmissão de potência em HVDC tal qual suas limitações. A
capacidade de transmissão de potência entre dois sistemas AC de frequências diferentes
representa uma vantagem das redes DC tal qual a maior capacidade de realização do con-
trole digital do fluxo de potência. “Através de rápida modulação no processo de conversão,
a transmissão DC pode ser usada para amortecer oscilações da rede AC e então melhorar
a estabilidade do sistema” (Sato (2013)). Também é conhecido que parâmetros capaciti-
vos e indutivos não limitam a capacidade de transporte de energia ou o comprimento de
linhas de transmissão DC, sendo estas mais adequadas para transmissão de energia em
longas distâncias. Aqui já é possível notar a adequação das LT’s HVDC ao SIN dadas
as proporções continentais do Brasil e a necessidade de grandes troncos de transmissão
responsáveis por conectar subsistemas em regiões opostas do país.
Alinhados à comparação das tecnologias HVDC, encontramos também estudos de
caso que trazem para junto dos aspectos técnicos da transmissão de energia CC, estudos
22 Capítulo 2. Aspectos Gerais
financeiros e dos impactos ambientais de linhas de transmissão reais como por exemplo a
“Avaliação da Operação do Sistema HVDC de Interligação do Complexo do Rio Madeira
à Região Sul do Sistema Elétrico Brasileiro” (Oliveira (2015)). Além do caráter mais
prático de tais estudos fornecendo uma base de dados satisfatoriamente confiável para a
realização de projeções, sua síntese também é especialmente importante por trazer à luz
algumas aproximações fidedignas das especificações físicas dos componentes dos sistemas
de transmissão HVDC, algo raro em um meio onde muitas vezes os detalhes construtivos
das LT’s se encontram protegidos por serem propriedade intelectual de empresas do setor
elétrico.
mados IGBTs (Insulated-gate bipolar transistor), GTOs (Gate turn-off thyristor), os con-
versores fonte de tensão (VSC — Voltage Source Converter) têm alcançado altos níveis
de suportabilidade de tensão e corrente e hoje são as tecnologias mais utilizadas.
1 ∫︁ 𝑡+𝑇
)︂
(︂
𝑃 = 𝑝 𝑑𝑡 (2.1)
𝑇 𝑡
𝑃 = 𝑉 𝐼𝑐𝑜𝑠(𝜑) [𝑉 ] (2.2)
Por fim no triângulo das potências temos que a potência ativa (P) é representada
pelo cateto adjacente, a potência reativa (Q) é representada pelo cateto oposto e a potência
aparente (S) é representada pela hipotenusa do triângulo, sendo 𝜑 o ângulo de fase entre
tensão e corrente.
26 Capítulo 2. Aspectos Gerais
Podemos observar na Figura 2.3 um diagrama de uma uma linha puramente in-
dutiva interconectando duas fontes de tensão ideal 𝑉1 e 𝑉2 , que podem ser geradores ou
nós de um sistema síncrono. O diagrama de fasores observado na Figura 2.4 representa a
condição de operação quando a tensão no terminal 1 está adiantada em relação à tensão
no terminal 2 por um ângulo de 𝛿 (dito ângulo de potência), e a corrente no terminal
2 está atrasada em relação à tensão 𝑉2 por um ângulo de 𝜔 (dito ângulo do fator de
potência). Usando a tensão do terminal 2 como referência de fase, as expressões a seguir
derivam do diagrama de fasores da Figura 2.4.
𝐼2 𝑋𝑐𝑜𝑠(𝜔) = 𝑉1 𝑠𝑒𝑛(𝜃)
(2.5)
𝐼2 𝑋𝑠𝑒𝑛(𝜔) = 𝑉1 𝑐𝑜𝑠(𝜃) − 𝑉2
Partindo das equações 2.5 as equações de transferência das potências ativa e reativa
se tornam:
𝑉1 𝑉2 𝑠𝑒𝑛(𝛿)
𝑃 = 𝑉2 𝐼2 𝑐𝑜𝑠(𝜃) = (2.6)
𝑋
𝑉2 (𝑉1 𝑠𝑒𝑛(𝛿) − 𝑉2 )
𝑄 = 𝑉2 𝐼2 𝑠𝑒𝑛(𝜃) = (2.7)
𝑋
2.3. As tecnologias HVDC 27
1. Vantagens:
• esse tipo de conversor pode atuar em redes fracas como de fontes alternativas
de energia ou até mesmo em redes sem fontes;
• o controle do VSC evita que haja sobrecorrentes diante de afundamentos de
tensão provocadas por faltas no sistema CA;
• não há limites mínimos de corrente para que o controle funcione normalmente;
• é possível controlar a potência ativa e reativa na transmissão, de forma inde-
pendente para cada extremidade do sistema, desde que respeitando os limites
do conversor;
• filtros passivos são capazes de controlar os harmônicos do lado CA que são de
ordens maiores;
• o espaço ocupado por estações VSC tende a ser menor do que estações LCC,
uma vez que os filtros para alta frequência são menores;
2. Desvantagens:
Este tipo de conversor tem ganhado espaço nos últimos anos graças ao avanço das
tecnologias de fontes alternativas e a necessidade de conectá-las à rede de energia. Dois
exemplos de sistemas HVDC utilizando tecnologia VSC, apresentada na Figura 2.6 podem
ser encontrados em Konstantinou e Agelidis (2009) que menciona o sistema de Gotland
HVDC Light, na Suécia, em que são transmitidos 50MW por 70km a 80kV em cada polo
para se conectar uma geração eólica offshore por cabos submarinos; e o Caprivi Link, na
Namíbia, onde são transmitidos 300MW por uma linha de 970km a 350kV responsáveis
por conectar duas redes fracas por meio de linhas aéreas.
Assim como nos sistemas LCC, o uso de filtros CA nesta configuração é essencial
para a filtragem de harmônicos. A diferença é que para o sistema VSC, os filtros são para
harmônicos de alta ordem, sendo estes para as frequências de chaveamento, em geral,
30 Capítulo 2. Aspectos Gerais
de 21 vezes a frequência da rede, enquanto os filtros encontrados nos sistemas LCC são
sintonizados para o 11º e 13º harmônicos mais um passa-alta.
A principal desvantagem desta topologia são os custos do conversor com uma maior
quantidade de chaves, que é significativamente maior e contrapõe a economia feita com a
ausência de filtros.
Quando comparado ao LCC, a topologia CMM possui o mesmo conjunto de vanta-
gens que o VSC apresenta em sistemas de transmissão de corrente contínua. Entretanto,
o CMM padece do mesmo problema da incapacidade de bloquear curtos-circuitos no lado
2.4. As topologias de um sistema HVDC 31
tas à corrosão pelo fluxo de corrente CC, reforçando que a transmissão HVDC no sistema
monopolar foi usado apenas para baixa potência e principalmente para transmissão por
cabo e em alguns casos as linhas monopolares instaladas anteriormente são convertidas
em sistemas bipolares, adicionando pólos de subestação e pólos de transmissão adicionais.
Um elo bipolar tem dois condutores, um positivo e o outro negativo. Cada terminal
possui dois conjuntos de conversores de mesma classificação, em série no lado CC. A junção
entre os dois conjuntos de conversores é aterrada em uma ou ambas as extremidades com
o uso de uma linha curta de eletrodo. Já que ambos os pólos operam com correntes
iguais em operação normal, não há corrente fluindo no ramo aterrado sob essas condições
34 Capítulo 2. Aspectos Gerais
(Sood (2006)). Como já mencionado, a operação monopolar também pode ser usada nos
primeiros estágios do desenvolvimento de uma ligação bipolar.
Segundo Kundur (1994), durante uma falha ou problema em uma das linhas, a
outra linha, juntamente com o retorno ao solo, pode fornecer metade da carga nominal,
sendo assim a continuidade do fornecimento é mantida. Depois de tomar as medidas
corretivas, o sistema volta para a operação bipolar normal, mostrando a confiabilidade de
uma linha bipolar igual à de uma linha trifásica de circuito duplo, embora tenha apenas
dois condutores em vez de seis para a linha trifásica.
Este tipo de link possui dois ou mais condutores com a mesma polaridade, ge-
ralmente negativa e estão operando com retorno de terra. Se ocorrer uma falha em um
condutor, o equipamento conversor pode ser conectado a um polo saudável e assim forne-
cer mais de 50% da potência nominal por sobrecarga às custas de aumento da perda de
linha. Também é uma vantagem deste sistema o fato de que há menos perda de corona e
interferência de rádio devido à polaridade negativa nas linhas. No entanto, segundo Sood
(2006) e Eltamaly e Elghaffar (2017), a grande corrente de retorno à terra é a princi-
pal desvantagem desta configuração sobrepondo as vantagens desse sistema de forma a
torná-lo preferido apenas quando as correntes contínuas de terra são inevitáveis.
• Admissão do uso de retorno por terra (indesejável na maior parte das vezes mas
extremamente útil para suavização de faltas e continuidade da transmissão durante
manutenções);
3 Metodologia
• Válvulas Conversoras;
• Transformadores conversores;
• Reator de Alisamento
• Filtros CC
Seguindo estas diretrizes, uma avaliação das perdas típicas nas estações conversoras
pode ser encontrada em Jardini e Nolasco (2008) e nos fornece uma ideia geral das perdas
totais considerando dois terminais de um sistema HVDC conforme visto na Tabela 4.1.
A perda ocorrida nas estações conversoras dos sistemas HVDC superam a dos
sistemas HVAC convencionais devido ao maior número de componentes e maior comple-
xidade dos sistemas terminais. No entanto é importante mencionar que tal diferença não
é tão díspar uma vez que, segundo ABB (2016), as perdas totais em uma estação do
tipo HVDC clássico são atualmente na casa de 0,6% da energia transmitida, enquanto
conforme consta na ONS (2014), a perda admissível para apenas um transformador de
uma subestação HVAC é de 0,3%.
4.2. Desempenho dos sistemas HVDC 45
Tabela 4.1 – Perdas típicas nas estações conversoras dos terminais HVDC
Quando começamos a tratar das perdas das linhas de transmissão, partindo das
discussões iniciadas na seção 4.1.1, Arrillaga, Liu e Watson (2007), Jardini e Nolasco
(2008) e Sood (2006) indicam que a perdas de linhas de corrente contínua são inferiores
às perdas das linhas de corrente alternada graças a, dentre outros fatores, o menor número
de condutores dos sistemas HVDC.
Dada a tamanha complexidade dos cálculos teóricos e o grande número de fatores
que influenciam as perdas devido ao efeito corona em linhas de transmissão HVDC, geral-
mente as estimativas fazem uso de fórmulas empíricas. Para o efeito joule, o FDTE (2012)
apresentam cálculos para as perdas joulicas em linhas HVDC e HVAC, que consistem da
dissipação de calor gerada pela passagem de corrente elétrica pelos condutores. As perdas
por efeito joule para a transmissão em corrente contínua são dadas pelas equação 4.1
enquanto as perdas por efeito joule para a transmissão em corrente alternada são dadas
pela equação 4.1.
)︃2
1
(︃
𝑃
𝐽𝐿𝑐𝑐 =2*𝑟*𝐼 = *𝑟*
2
(4.1)
2 𝑉𝑝𝑡
(︃ )︃2
𝑃
𝐽𝐿𝑐𝑎 =3*𝑟*𝐼 =𝑟* 2
(4.2)
𝑉𝑓 𝑓
Onde:
Conforme podemos observar na Figura 4.4, para menores distâncias as perdas nos
sistemas HVAC e HVDC é muito equiparada, no entanto o cenário muda para maiores
distâncias. A partir dos 1000km de linha já é possível notar uma maior variedade de
desempenhos para a transmissão de energia em HVDC e HVDC de diferentes níveis de
tensão sendo que para o mesmo nível de tensão as transmissão em HVDC supera, em
perdas, a transmissão em HVAC. Naturalmente as perdas para ambas as tecnologias se
tornam menores para maiores níveis de tensão dada a menor corrente necessária para
transmitir uma mesma potência, reduzindo o efeito joule. Uma reta que se destaca aqui é
a que descreve a perda para sistemas CC de 800kV, uma vez que se mostra como sendo a
configuração que melhor mitiga as perdas do sistema chegando a ter uma redução de 2%
nas perdas quando comparadas à transmissão CA e 1000kV para distâncias de 2500km. O
crescimento da mitigação das perdas se deve ao fato de que quanto maior o comprimento
da linha CC, mais a economia nas perdas nas linhas de transmissão sobrepõe a maior perda
nas estações de conversão dos terminais HVDC o que justifica a opção pela transmissão
em corrente contínua para maiores distâncias.
48 Capítulo 4. Estudos e Análises dos Sistemas HVDC
1
O CIGRE é uma comunidade global colaborativa comprometida com o principal programa de desen-
volvimento de conhecimento do mundo para a criação e compartilhamento de conhecimento do sistema
de energia. Essa comunidade única é sustentada por uma rede global de 60 organizações do CIGRE
denominadas Comitês Nacionais, ou CNs. Essas organizações locais têm um conhecimento profundo
das condições locais em mais de 90 países. Os CNs também indicam seus melhores talentos locais para
os mais de 250 grupos de trabalho que participam do programa de conhecimento global do CIGRE.
51
5 O HVDC no Brasil
Fonte: itaipu.gov.br
52 Capítulo 5. O HVDC no Brasil
Fonte: itaipu.gov.br
• média de 0,852 faltas permanentes a cada 100km de linha ao ano, incluindo as faltas
causadas por falhas nas torres (normalmente causadas pela ação dos ventos).
• 0,488 faltas por polo a cada 100km de linha ao ano (com religamento bem sucedido
em plena tensão);
• 0,057 faltas por polo a cada 100km de linha ao ano (religamento bem sucedido em
450kV);
• 0,169 faltas por polo a cada 100km de linha ao ano (religamento mal sucedido,
incluso falhas em torres).
Observando os resultados obtidos por este estudo, notamos que as linhas CA apre-
sentaram uma maior soma de falhas a cada 100km de linha ao ano (1,026 contra 0,714 das
linhas CC). Outro aspecto importante é que das falhas apresentadas, aproximadamente
83% das falhas nas linhas CA configuraram falhas permanentes enquanto para as linhas
CC o valor foi de 23,7%. O que indica uma melhor capacidade das linhas CC de reali-
zar religamentos rápidos, reduzindo o tempo de interrupção do fornecimento de energia.
Números como estes refletem o sucesso da aplicação das tecnologias HVDC ao Sistema
Interligado Nacional, e por Itaipu ter sido o empreendimento pioneiro a por à prova tais
sistemas, tal sucesso foi vital para o incentivo das pesquisas em HVDC no Brasil.
(a) Potencial eólico do Brasil (b) Mapa da Irradiação Solar Direta Normal
Fonte: Feitosa et al. (2003) Fonte: Pereira et al. (2017)
No mapa fornecido na Figura 5.4b encontramos um cenário parecido para a energia solar
onde principalmente o interior da Bahia e o Norte de Minas Gerais apresentam condições
extremamente favoráveis para a exploração do recurso solar para a produção de energia
elétrica.
Além das grandes centrais hidrelétricas existentes nos subsisistemas Norte e Nor-
deste, como já mencionado, a região Nordeste e Norte de Minas Gerais vem experimen-
tando uma concentração de empreendimentos em energia renovável, e a exportação dessa
energia de menor custo para os demais subsistemas é algo já vislumbrado pelos planeja-
dores do SIN. Essa expansão não só aumenta a confiabilidade do atendimento à demanda
do próprio subsistema, tornando pouco provável a ocorrência de ilhamentos, como traz
benefícios sistêmicos para o sistema como um todo o tornando mais robusto e resiliente à
ocorrência de contingências.
Dentre as potenciais soluções para a expansão das interligações, pode-se destacar
o bipolo B demonstrado na Figura 5.2 que, ainda em etapa de planejamento, deve fazer a
ligação da subestação de Governador Graça Aranha (MA) à subestação de Silvânia (GO)
com uma capacidade de 4000MW e tensão de ±800kV CC.
61
6 Considerações Finais
6.1 Conclusão
Referências
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