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Os movimentos das políticas monetária e cambial dos EUA durante o final dos anos
1970 e durante os anos 1980, somados aos esforços de aumento de competitividade
empreendidos pelas grandes empresas multinacionais japonesas e alemãs desde meados
dos anos 1960 resultaram em um processo de acirramento da competição em nível
global. Em síntese, após o movimento original de expansão das grandes multinacionais
norte-americanas no pós-guerra, observou-se um processo de internacionalização de
grandes empresas de outros países, particularmente de origem japonesa e alemã. O
resultado do processo foi o que Coutinho (1992), entre outros, denominou de
“acirramento da competitividade internacional”.
Gráfico
Um aspecto que merece uma análise detalhada diz respeito à evolução da taxa de
investimento, medida como proporção do PIB. Fica patente a existência de divergências
entre a taxa de investimento medida a preços correntes e a medida a preços constantes.
Nos anos 80, a taxa a preços constantes não só é inferior à taxa a preços correntes, como
essa diferença tende a acentuar-se. A inversão na magnitude relativa das taxas tem um
significado peculiar: o encarecimento do investimento na década de 80. O
encarecimento do investimento tem implicações diversas sobre o desempenho da
economia brasileira. As informações existentes indicam que a mudança de preços
relativos dos bens de capital não traduz modificações significativas no padrão
tecnológico, mas deve-se sobretudo às medidas de política econômica associadas ao
ajustamento da economia à transferência de recursos reais para o exterior. A taxa de
juros e os ciclos recessivos também exercem influência importante. Embora a correta
apreensão de cada um desses fatores só possa ser feita ao longo dos ciclos durante a
década, cabe explicitar como contribuem para a mudança dos preços relativos dos bens
de capital. As desvalorizações reais do câmbio encarecem o componente importado do
investimento, além de criar uma proteção adicional aos produtores domésticos. A
elevação das taxas de juros impacta o setor de forma importante, na medida em que este
se caracteriza por um ciclo de produção longo. Por sua vez, os períodos recessivos e de
estagnação aumentam o grau de ociosidade, ampliando os custos unitários fixos.
Embora os anos 80 se caracterizem por um crescimento dos preços dos bens de capital
sistematicamente superiores aos demais preços da economia, cabe assinalar a distinção
entre três momentos. Entre 1981 e 1983, há um rápido aumento dos preços relativos dos
bens de capital, resultante do ajustamento externo, que, além das desvalorizações reais
do câmbio, caracterizou-se pela elevação da taxa de juros, implicando uma recessão de
grande magnitude. Este movimento é atenuado no período seguinte, entre 1984 e 1986,
pela recuperação do crescimento, apreciação cambial e redução das taxas de juro. O
brusco desaquecimento observado a partir de 1987 pode ser explicado pelo retorno da
política restritiva e da estagnação. Contudo, sua magnitude leva a pensar que o fracasso
das políticas heterodoxas de congelamento de preços tenham induzido a uma política de
fixação de margens de lucro extremamente agressiva por parte dos produtores.
Investimento em 1980
Estrutura produtiva
Por outro lado, a indústria teve um crescimento modesto, exceto pelos setores extrativos
minerais e serviços industriais públicos. Na indústria de transformação, a demanda
doméstica não foi substituída por um dinamismo nas exportações, enquanto a
construção civil enfrentou problemas devido à redução dos investimentos do governo e
à crise no Sistema Financeiro da Habitação.