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IFC - CAMPUS ARAQUARI DATA DA APRESENTAÇÃO: 31/09/2019

TEMA: CARVÃO MINERAL

ESTUDANTES/SÉRIE: Daiane, Fábio, Gabriela e Kevin 3QUIMI

TRABALHO EM CONJUNTO: ( X ) SIM ( ) NÃO


TURMAS EM CONJUNTO: 3AGRO1,
3INFO3 E 3QUIMI

NECESSIDADE DE COMPLEMENTO: ( ) SIM ( ) NÃO


ENTREGUE EM:

CARVÃO MINERAL

ÍNDICE

1. Formação
1.1. Tipos de carvão
2. Histórico da exploração do carvão
2.1. No mundo
2.2. Em Santa Catarina
2.2.1. Porto de Imbituba e Ferrovia Tereza Cristina
3. Processo de extração/produção
4. Reservas e maiores produtores de carvão
4.1. Âmbito mundial
4.2. Âmbito nacional
5. Maiores consumidores
6. Obtenção de energia
6.1. Processo de obtenção
6.1.1. Torres de resfriamento
6.2. Maiores produtores de energia
6.3. Usina termelétrica Jorge Lacerda
7. Vantagens e desvantagens
7.1. Condições de trabalho
7.2. Impacto ambiental
8. Reportagens atuais
9. Tendências futuras
10. Curiosidades
11. Relações entre as disciplinas
1. FORMAÇÃO

Carvão é o nome dado a diversas rochas sedimentares passíveis de uso como


combustível, constituídas de um material heterogêneo originado de restos vegetais depositados
em águas rasas, protegidos da ação do oxigênio do ar. Com o passar do tempo, esse material
(tecido lenhoso, celulose, esporos, géis, algas etc.) sofre parcial decomposição e ação de
bactérias, seguindo-se a influência da pressão exercida pelo peso do material que vai sendo
depositado e do calor.
Grande parte das atuais jazidas de carvão mineral foram originadas a cerca de 359 a
299 milhões de anos atrás, no período conhecido como “Período Carbonífero”.
Os carvões originados de vegetais superiores de ambiente continental são chamados de
carvões húmicos. Aqueles relacionados a algas marinhas são os carvões sapropélicos. Os
carvões existentes no sul do Brasil, onde estão praticamente todas as nossas reservas, são do
tipo húmico.

1.1. TIPOS DE CARVÃO

Turfa (55% - 60% de carbono):

É o primeiro estágio da formação do carvão, formado num tempo geológico


relativamente curto. É um material composto de camadas com restos de vegetais, como galhos
e raízes bem conservados. Apesar de inflamável, não é usado como combustível nas indústrias,
por conter baixo teor de carbono. É reconhecido o seu poder de absorver e isolar outros
compostos de hidrocarbonetos, desse modo é usado em derramamentos de petróleo.
A extração da turfa é precedida de drenagem da área, para reduzir sua umidade. Feito
isso, ela é extraída e depositada a céu aberto para perder mais umidade ainda. Depois é cortada
em blocos e usada como combustível em fornalhas, termelétricas, obtenção de gás combustível,
alcatrão, ceras, parafina, amônia e outras substâncias. É importante também seu uso na
reconstituição de solos (turfa agrícola).

Linhito (67% - 78% de carbono):

Na etapa seguinte à turfa é formado o linhito. Nesse estágio, a massa vegetal está mais
compacta e com maior teor de carbono, formando uma massa escura. Linhito pode ser triturado
para se tornar pó e se submetido a uma solução fraca de potassa resulta em uma quantidade de
ácido Húmico.
Devido a seu baixo poder calorífico e alta umidade, linhito é ineficiente para transporte
e não é comercializado extensivamente no mercado internacional comparado a outros tipos de
carvão.

Hulha (80% - 90% de carbono):

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A hulha é uma variedade do carvão mineral que apresenta um dos maiores índices de
carbono em sua composição. É um composto muito utilizado pela indústria, porque ao se fazer
a sua destilação seca, ela dá origem a três compostos: Fração Gasosa, Líquida e Sólida.

Antracito (96% de carbono):

O antracito é usado como combustível, com a grande vantagem sobre os demais de


emitir muita pouca fuligem. Queima facilmente, mas devagar e com chama quase invisível.
Por ser um elemento de filtração de origem mineral e com grande capacidade de coletar e
purificar gases, líquidos ou impurezas no interior dos seus poros, apresentando, portanto, um
excelente poder de clarificação e purificação de líquidos ou gases, é usado também para
fabricação de filtros de água.

2. HISTÓRICO DA EXPLORAÇÃO DO CARVÃO

2.1. NO MUNDO

Vestígios históricos relacionados ao uso do carvão mineral são escassos, entretanto,


sabe-se que os chineses comercializavam o minério muito antes que os europeus e, apesar de
não haver certeza, se estima que o carvão extraído da mina de Fushun, no nordeste da China,
foi empregado para derreter cobre antes mesmo de 1000 a.C. Também corroborando com a
tese do pioneirismo chinês, há registros que pedras utilizadas como combustíveis foram
produzidas na China durante a dinastia Han, que governou entre 206 a.C a 220 d.C.
Cinzas de carvão encontradas em ruínas romanas na Inglaterra sugerem que os romanos
conheciam o carvão antes de 200 d.C., porém o primeiro documento que comprova o uso do
carvão mineral na Europa foi escrito por um monge apenas em 1200. Outras referências ao uso
do carvão mineral na Inglaterra, Escócia e no continente europeu como um todo continuaram
a aparecer no século XIII.
Todavia, até o século XVIII, o carvão foi usado em escala limitada até que Abraham
Derby I desenvolveu métodos de utilização de alto forno e fornalha para a produção de coque
(combustível derivado do carvão mineral). Sucessivas descobertas de metalurgia e engenharia,
mais notavelmente o motor a vapor de James Watt, criaram uma demanda quase insaciável de
carvão.
Tais descobertas constituíram passos fundamentais para a Revolução Industrial, onde
teve a ampla utilização do minério. O carvão mineral tornou-se a base principal da
industrialização no planeta. Por volta de 1880, o carvão foi muito utilizado para geração de
energia. Cerca de 97% da energia elétrica consumida era gerada pelo carvão mineral.
Quase 100 anos depois do seu ápice de exploração, esse mineral perdeu espaço e passou
a gerar apenas 12% de tal energia, perdendo espaço para o petróleo. Com o passar dos anos
ocorreu uma grande crise e houve aumento no preço do petróleo, assim o carvão mineral
ganhou espaço.

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Desde 1973, esse mineral voltou a gerar energia em maior escala e até 2004, gerou
cerca de 23% de energia para o mundo. O carvão mineral no Brasil é utilizado desde 1827 e
continua a aquecer a indústria nacional.

2.2. EM SANTA CATARINA

Historicamente, o carvão brasileiro foi descoberto em Santa Catarina, em 1827, na


localidade de Guatá, município de Lauro Müller. Inicialmente o carvão brasileiro foi explorado
por uma empresa inglesa que construiu uma ferrovia ligando Lauro Müller ao porto de Laguna,
este sendo o início do desenvolvimento de toda uma região. Oficialmente, porém, a primeira
jazida de carvão mineral no Brasil foi aberta apenas em 1855, em Arroio dos Ratos, no Rio
Grande do Sul.
Como o carvão catarinense era considerado de baixa qualidade, sua exploração deixou
de despertar interesse para os ingleses, obrigando o Governo Federal a repassar a concessão
para indústrias cariocas.
Com a queda da compra do carvão importado, durante a Primeira Guerra Mundial, o
produto catarinense assistiu seu primeiro surto de exploração, época em que foram ampliados
os ramais ferroviários no Sul do estado e inauguradas novas empresas mineradoras.
O segundo surto veio no Governo Federal Getúlio Vargas, com decreto determinando
o consumo do carvão nacional e com a construção da Companhia Siderúrgica nacional (CSN).
A obrigatoriedade da utilização do carvão nacional foi estabelecida em 10% em 1931,
aumentando esta cota para 20% em 1940. A CSN foi efetivamente construída em 1946.
Nos anos 40 e 50 várias minas operavam na região e pertenciam a pequenos
proprietários locais, grandes empreendedores cariocas e uma estatal, a Companhia Próspera,
subsidiária da CSN. Ao longo dos anos 60 ocorrem profundas mudanças no setor e, no início
dos anos 70, estavam em atividades apenas 11 mineradoras, a maioria pertencente a
empresários locais.
O último boom no setor foi com a crise do petróleo em 1973, com as atenções voltadas
novamente para o uso do carvão nacional. No início da década de 90 o setor é
desregulamentado por decreto do Governo Federal visando a importação de carvão com
alíquota zero de impostos para a metalurgia, mergulhando toda a região sul catarinense em
profunda crise. Houve mais de 10 mil demissões em Santa Catarina.

2.2.1. PORTO DE IMBITUBA E FERROVIA TEREZA CRISTINA

Na década de 1880 foi criado do Porto de Imbituba, que anteriormente correspondia a


um porto natural, utilizado principalmente no auxílio à pesca da baleia. O Porto de Imbituba
foi construído por ingleses para escoar a produção de carvão extraído nas minas da cabeceira
do Rio Tubarão.

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Já em 1884, foi inaugurada a Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina (EFDTC), ligando
a região das minas até o Porto de Imbituba, com um ramal até o Porto de Laguna. Em 1919,
Henrique Lage, proprietário da Lage & Irmãos, obteve a autorização para construção, uso e
gozo do Porto de Imbituba.
Posteriormente, em 1945, o Porto de Imbituba se transformou no único porto carvoeiro
de embarque no país e, nos anos 80, aproximadamente 74% da carga movimentada no Porto
de Imbituba era carvão, principalmente o metalúrgico.
A segunda crise do Petróleo levou ao período áureo da Ferrovia, entre 1983 –1986,
quando o transporte se situou ao nível de sete milhões de toneladas/ano.
Com a superação da crise do petróleo, o fim da obrigação em 1990 das Siderúrgicas
utilizarem o mínimo de 20% do carvão Nacional e com a paralisação da Indústria Carboquímica
Catarinense, em 1992 a demanda de transporte reduziu-se às necessidades de suprimento da
Usina Termelétrica Jorge Lacerda, situada no município de Capivari de Baixo, cuja primeira
unidade iniciou a operação em 1965.
Em 1993, acaba o transporte de carvão através do Porto de Imbituba e, em 2012, o
Governo do Estado de Santa Catarina assume a administração do Porto de Imbituba, por meio
da SCPar Porto de Imbituba.

3. PROCESSO DE EXTRAÇÃO/PRODUÇÃO

A extração (ou mineração) do carvão pode ser subterrânea ou a céu aberto. Se a camada
que recobre o carvão é estreita ou o solo não é apropriado à perfuração de túneis (por exemplo,
areia ou cascalho), a opção é a mineração a céu aberto. Se, pelo contrário, o mineral está em
camadas profundas ou se apresenta como veios de rocha, há a necessidade da construção de
túneis. Neste último caso, a lavra pode ser manual, semi-mecanizada ou mecanizada. A
produtividade das minas a céu aberto é superior à das lavras subterrâneas.
No entanto, de acordo com o Instituto Mundial do Carvão, 60% da oferta mundial de
carvão mineral é extraída por meio da mineração subterrânea. No Brasil, a maior parte é
explorada a céu aberto. É o que ocorre, também, em importantes países exportadores, como
Austrália e Estados Unidos.
Para distâncias muito curtas, o método mais eficiente de transporte é a esteira. Para os
trajetos mais longos, utiliza-se caminhões, trens e barcaças. O carvão também pode ser
misturado à água formando uma lama que é transportada por meio de dutos.
Além disso, geralmente só são transferidos, de um local para outro, os tipos de carvão
com baixo teor de impurezas. Os demais são utilizados nas proximidades do local de mineração
– onde, em geral, também são construídas as termelétricas abastecidas por esse combustível.

4. RESERVAS E MAIORES PRODUTORES DE CARVÃO

4.1. ÂMBITO MUNDIAL

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O carvão é o combustível fóssil com a maior disponibilidade do mundo. As reservas
totalizam 847,5 bilhões de toneladas, e estão bem distribuídas pelos continentes, com ênfase
maior no hemisfério norte. Na verdade, são encontradas em quantidades expressivas em 75
países, sendo que três deles – Estados Unidos (28,6%), Rússia (18,5%) e China (13,5%) –
concentrando mais de 60% do volume total.
O volume extraído e produzido, porém, não é diretamente proporcional à
disponibilidade dos recursos naturais. Relaciona-se, também, a fatores estratégicos, como a
existência de fontes primárias na região e, em conseqüência, à maior ou menor dependência da
importação de combustíveis. Atualmente, o maior produtor e consumidor mundial de carvão é
a China.
No ranking dos maiores produtores de carvão, também figuram os seguintes países:
Estados Unidos (587,2 Mtep), Índia (181,0 Mtep) e Austrália, maior exportador do minério do
mundo, com 215,4 Mtep. A Rússia, o segundo maior em termos de reservas, ocupa apenas o
6° lugar no ranking da produção e do consumo. Este desempenho relaciona-se à utilização
majoritária, neste país, do gás natural.

Obs: “Mtep” significa “tonelada equivalente de petróleo“ e é uma unidade de energia definida como
o calor libertado na combustão de uma tonelada de petróleo cru, sendo aproximadamente 42
gigajoules

4.2. ÂMBITO NACIONAL

As reservas brasileiras são compostas pelo carvão dos tipos linhito e hulha. As maiores
jazidas situam-se nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Do volume de reservas, o Rio Grande do Sul responde por 89,25%; Santa Catarina,
10,41%; Paraná, 0,32% e São Paulo, 0,02%. Somente a Jazida de Candiota (RS) possui 38%
de todo o carvão nacional. As reservas brasileiras ocupam o 10° lugar no ranking mundial, mas
totalizam 7 bilhões de toneladas, correspondendo a menos de 1% das reservas totais.
A Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM) calcula que as reservas
conhecidas poderiam gerar hoje 17 mil megawatts (MW). Como se trata de um carvão de
qualidade inferior, é utilizado apenas na geração de energia termoelétrica e no próprio local da
jazida.
O carvão mineral no Brasil abastece, em especial as usinas termelétricas que consomem
cerca de 85% da produção. Já a indústria de cimento no país é abastecida com
aproximadamente 6% desse carvão. Restando 4% para produção de papel celulose e apenas
5% nas indústrias de alimentos, cerâmicas e grãos.
É uma importante fonte estratégica, que pode ser acionada quando, por exemplo, os
níveis de água das barragens estiverem muito baixos, reduzindo excessivamente a oferta de
energia hidroelétrica. Isso aconteceu em 2013, quando foram reativadas várias usinas
termoelétricas então paralisadas, mantendo assim a oferta necessária, ainda que a um custo
maior.

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5. MAIORES CONSUMIDORES
Os 3 maiores consumidores de carvão mineral no mundo são a China (1311,4 Mtep),
os Estados Unidos (573,7 Mtep) e a Índia (208 Mtep), que juntos somam mais de 60% do
consumo de carvão no mundo. O Brasil é o 21º maior consumidor de carvão mineral no
mundo, consumindo 13,6 Mtep, representando 0,4% do consumo mundial.*

*dados apresentados referentes ao ano de 2008.

6. OBTENÇÃO DE ENERGIA

6.1. PROCESSO DE OBTENÇÃO

A principal aplicação do carvão mineral no mundo é a geração de energia elétrica por


meio de usinas termelétricas. Em segundo lugar vem a aplicação industrial para a geração de
calor (energia térmica) necessário aos processos de produção, tais como secagem de produtos,
cerâmicas e fabricação de vidros. Um desdobramento natural dessa atividade – e que também
tem se expandido – é a co-geração ou utilização do vapor aplicado no processo industrial
também para a produção de energia elétrica.
Considerando-se também a preparação e queima do carvão, este processo se dá, em
resumo, da seguinte maneira: o carvão é extraído do solo, fragmentado e armazenado em silos
para, posteriormente, ser transportado à usina, onde novamente será armazenado. Em seguida,
é transformado em pó, o que permitirá melhor aproveitamento térmico ao ser colocado para
queima nas fornalhas de caldeiras. O calor liberado por esta queima é transformado em vapor
ao ser transferido para a água que circula nos tubos que envolvem a fornalha. A energia térmica
(ou calor) contida no vapor é transformada em energia mecânica (ou cinética), que
movimentará a turbina do gerador de energia elétrica.
Este movimento dá origem à energia elétrica. No caso da co-geração, o processo é
similar, porém o vapor, além de gerar energia elétrica, também é extraído para ser utilizado no
processo industrial.

6.1.1. TORRES DE RESFRIAMENTO

Antigamente poderiam existir usinas termelétricas onde a água logo após sair do
condensador iria para a fonte hídrica da usina, mas devido a poluição térmica dos
ecossistemas aquáticos, as leis ambientais se tornaram mais rígidas e hoje as usinas
termelétricas são obrigadas a utilizar torres de resfriamento úmidas, onde a água após sair
do condensador passa por elas, onde a temperatura da água é reduzida por meio de uma
corrente ascendente de ar, podendo depois até mesmo ser recirculada.

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6.2. MAIORES PRODUTORES DE ENERGIA

O carvão responde pela maior parte da produção da eletricidade em vários países. Por
exemplo, China e Estados Unidos que, segundo a IEA (Instituto de Economia Agrícola),
em 2006 produziram mais da metade dos 7.775 terawatts-hora (TWh: Um terawatt-hora
equivale a um milhão de megawatts-hora) gerados no mundo. Além disso, alguns países
usam o carvão como base da geração de energia elétrica devido à segurança de suprimento
e ao menor custo na comparação com outros combustíveis.
No Brasil, o minério representa, no entanto, pouco mais de 1,5% da matriz da energia
elétrica. Em 2007, ano em que 435,68 TWh foram produzidos no País, o carvão foi responsável
pela geração de 7,9 TWh, a partir da operação de usinas termelétricas que estão localizadas na
região Sul, nas proximidades das áreas de mineração.
Essa aplicação restrita é resultante de fatores como a vocação brasileira para utilização
de fontes hídricas na produção de energia elétrica e a baixa qualidade da maior parte do carvão
nacional, o que impede o seu transporte por grandes distâncias e afeta o grau de rendimento da
usina termelétrica – uma vez que a quantidade de energia produzida é inferior àquela obtida
com carvões de alto poder calorífico.

6.3. USINA TERMELÉTRICA JORGE LACERDA

Localizado no município de Capivari de Baixo (SC), o Complexo Termelétrico Jorge


Lacerda foi concebido pelo Governo Federal na década de 1960, para utilização do carvão
mineral da região sul de Santa Catarina e proporcionar ao sistema elétrico uma reserva
estratégica, principalmente em períodos de escassez de chuvas.

A Jorge Lacerda foi pioneira em Santa Catarina e na região Sul (era a maior
geradora na década de 1960). Nos primórdios, a energia era gerada e distribuída de
forma isolada. Mas a fundação das subsidiárias da Eletrobras, criada em 1962 pelo presidente
João Goulart, permitiu que, ao longo do tempo, essas usinas independentes formassem um
conjunto, chamado de sistema elétrico interligado, o atual SIN (Sistema Interligado
Nacional). Por isso, o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda acabou incorporado à Eletrosul
em 1972, passando ao controle privado – da Tractebel Energia GDF Suez – no final da década
de 1990, de acordo com a política de privatizações do governo de Fernando Henrique Cardoso
(PSDB).
É constituído por sete grupos geradores, agrupados em três usinas: Jorge Lacerda A,
com duas unidades geradoras de 50 MW e duas de 66 MW cada, Jorge Lacerda B, com duas
unidades de 131 MW cada e, Jorge Lacerda C, com uma unidade geradora de 363 MW,
totalizando 857 MW. A garantia física para comercialização da sua energia é de 649,9 MW
médios e sua autorização para funcionamento tem vigência até 2028.

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7. VANTAGENS E DESVANTAGENS

VANTAGENS:
● Entre as fontes não renováveis de energia, o carvão e uma das mais abundantes fontes
de energia;
● É um dos combustíveis fósseis mais baratos, tanto na geração de energia quanto no
processo de extração;
● Pode ser construído no local de consumo;
● Grande estoque de carvão com segurança, sendo possível tomar providências em
situação de risco e de emergência;
● Fácil manipulação para a produção de energia;
● Vantagens ambientais: produz uma série de subprodutos quando entra em combustão,
podendo ser usado para outras atividades e reduz a dependência do petróleo e do gás
natural, duas fontes que estão se esgotando.
DESVANTAGENS:
● Libera óxido de nitrogênio e dióxido de carbono;
● Efeito estufa;
● Libera enxofre, causando chuva ácida;
● Degradação ambiental;
● Poluição sonora;
● Não renovável;
● Atividade insalubre;
● Formação de paisagens lunares.

7.1. CONDIÇÕES DE TRABALHO

As condições nestes ambientes de trabalho são desumanas, existem muitas jazidas


ilegais sem nenhuma fiscalização. Os turnos chegam a ser de 24 horas e é comum que algum
trabalhador, em geral menor de idade, sofra acidentes sérios ou até mesmo fatais. No local,
conforme relatórios de fiscalização trabalhista, garimpeiros realizam escavações manuais
para procurar por jazidas minerais, e utilizam pás, carrinhos de mão e baldes para coletar a
matéria-prima, forma de serviço classificada como “primitiva”.
Poeira e restos do minério em suspensão no ar associados à falta de ventilação podem
desencadear doenças pulmonares e outros problemas de saúde nos trabalhadores como
pneumoconiose que é causada pela inalação de poeira de carvão. A deposição de poeira
acarreta o aparecimento de macrófagos repletos de poeira em torno dos bronquíolos,

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causando, ocasionalmente, enfisema bronquiolar focalsintoma, mas pode evoluir para fibrose
maciça progressiva, com comprometimento da função pulmonar.

7.2. IMPACTOS AMBIENTAIS

Numerosas áreas de mineração antigas no sul do Brasil, trabalhadas em uma época


em que a preocupação com o ambiente natural era muito menor que atualmente, foram muito
degradadas e precisaram ser recuperadas, trabalho que vem sendo feito nas últimas décadas.

Hoje, as medidas de proteção ambiental são muito maiores e a recuperação de uma


área minerada é obrigatória, não mais se admitindo que o fim da extração do carvão resulte
em crateras e montes de rocha abandonados de qualquer maneira.

O carvão, porém, continua sendo uma das formas de produção de energia mais
agressivas ao ambiente, não só na extração como também no uso, já que sua combustão emite
gases como nitrogênio e dióxido de carbono, este o principal agente do efeito estufa.

● Os maiores impactos socioambientais do carvão decorrem de sua mineração,


que afeta principalmente os recursos hídricos, o solo e o relevo das áreas
circunvizinhas. A abertura dos poços de acesso aos trabalhos de lavra, feita no
próprio corpo do minério, e o uso de máquinas e equipamentos manuais, como
retroescavadeiras, escarificadores e rafas, provocam a emissão de óxido de
enxofre, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e outros poluentes da
atmosfera;

● Lixiviação pela água da chuva contendo pirita, siltito e folhelhos; e assim


contaminando os lençóis freáticos;

● Além dos referidos impactos da mineração, a queima de carvão em indústrias


e termelétricas causa graves impactos socioambientais, em face da emissão de
material particulado e de gases poluentes, dentre os quais se destacam o
dióxido de enxofre (SO2) e os óxidos de nitrogênio (NOx). Além de
prejudiciais à saúde humana, esses gases são os principais responsáveis pela
formação da chamada chuva ácida, que provoca a acidificação do solo e da
água e, consequentemente, alterações na biodiversidade, entre outros impactos
negativos, como a corrosão de estruturas metálicas;

● Emissões de dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio;

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● A água aquecida liberada ilegalmente em rios, mares ou lagos pode ocasionar
desequilíbrio nos ecossistemas (água quente têm menos oxigênio, por
exemplo).

8. REPORTAGENS ATUAIS

● “‘A modernização do carvão’ – O futuro de um dos setores mais tradicionais do


estado: Com as energias renováveis ganhando cada vez mais espaço em todo o
mundo, o destino da mineração de carvão se torna mais incerto. ”
Mural Unisul. Reportagem publicada em 19/4/2018.

Disponível em: <https://bit.ly/2xuxm1d>

● “China reduz seu consumo de carvão pelo terceiro ano consecutivo: Transição do
modelo econômico é parte da guinada no padrão energético da potência asiática. ”
El País. Reportagem publicada em 8/3/2017. Disponível em:

<https://bit.ly/2YzK9ew>

● “Região carbonífera de Santa Catarina concentra o maior passivo ambiental do


país: Em 15 anos, apenas 35% da área degradada foi recuperada”
ND+. Reportagem publicada em 15/12/2015. Disponível em:

<https://bit.ly/2wDfCjC>

9. TENDÊNCIAS FUTURAS

As técnicas de aproveitamento mais modernas incluem novos processos de queima


do carvão, como a combustão pulverizada supercrítica, a combustão em leito fluidizado e a
gaseificação integrada a ciclo combinado.
Na combustão pulverizada supercrítica, o carvão é queimado de modo mais eficiente.
Na combustão em leito fluidizado, ocorre uma redução de até 90% na emissão de enxofre e
de 70% a 80% de nitrogênio. A gaseificação integrada a ciclo combinado remove cerca de
95% do enxofre e captura 90% do nitrogênio. Os dois primeiros processos são os que se
mostram mais adequados ao carvão brasileiro.

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As usinas Jacuí e Candiota III, no Rio Grande do Sul, utilizam a combustão
pulverizada. A Usina Sul Catarinense e a de Seival (RS) utilizarão, respectivamente, a
combustão em leito fluidizado circulante e a combustão pulverizada. Em todos esses
processos o carvão poderá ser usado total ou quase totalmente no estado bruto, sem nenhum
beneficiamento.

“Consumo mundial de carvão deve diminuir até 2021: O consumo mundial deve
registrar uma desaceleração até 2021. Infelizmente o combustível ainda será indispensável na
produção de energia elétrica na Ásia. O carvão foi criticado por muitos anos, mas ainda é
muito cedo para dizer que chegou ao fim. O crescimento econômico globalmente frágil tem
influência no consumo de eletricidade.”
Folha de São Paulo. Reportagem publicada em
12/12/2016. Diponível em: <http://folha.com/no1840599>.

10. CURIOSIDADES

● Quando uma mina de carvão pega fogo, ela queima por décadas ou mesmo séculos;
● Londres não é naturalmente nebulosa. A neblina de Londres se deu devido a poluição
por queima de carvão;
● O grande nevoeiro de 1952 em Londres foi causado por queima de carvão, teve como
características a presença de sulfato, partículas de ácido sulfúrico causando tonalidade
no ar, odor e efeitos tóxicos nos humanos.
● O Museu de Mineração de Carvão de Kentucky é alimentado por energia solar;
● O carvão mineral possui uma estrutura química muito parecida com a do diamante;

11. RELAÇÕES ENTRE AS DISCIPLINAS

● Física - devido aos processos de conversão para a obtenção da energia;


● Química - devido a composição do carvão mineral;
● História - devido a utilização do minério durante a primeira revolução industrial;
● Geografia - devido às localizações das jazidas do carvão mineral;
○ Geopolítica - devido ao contexto político em volta do carvão mineral;
● Biologia - devido ao fato do carvão mineral ser um combustível fóssil.

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