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FACULDADE DE ENGENHARIA
ENERGIAS RENOVÁVEIS
Docente
Eng.º Ossifo Abdul Razak Mahomed
FACULDADE DE ENGENHARIA
ENERGIAS RENOVÁVEIS
Elementos do grupo:
Trabalho de carácter avaliativo da
➢ César Valdim Magenge
cadeira de Energias Renováveis,
➢ Evaldino Fatil
leccionada pelo docente Eng.º
➢ João José Baptista
Ossifo Abdul Razak Mahomed
➢ José Agostinho
➢ Maria Janet Malique
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Lista de figuras
Figura 10: Diagrama T-s para o ciclo em estudo plotado no programa EES (Dgedge, 2017)
........................................................................................................................................ 28
ii
Índice
Lista de Tabelas ............................................................................................................. i
1. Introdução .............................................................................................................. 1
2. Objectivos .............................................................................................................. 2
4.2.2. Pirólise.......................................................................................................... 12
6. Conclusão ............................................................................................................ 31
Outro grande problema das cidades é a enorme pressão do sistema eléctrico dada
insuficiência de potência para acomodar a crescente demanda, em parte causada pelo
acelerado crescimento populacional. Por outro lado, a procura por fontes alternativas de
produção de energia eléctrica continua a crescer dada a necessidade de preservação do
meio ambiente
1
2. Objectivos
2.1.Objectivo Geral
2.2.Objectivos Especificos
2
3. Resíduos sólidos urbanos (RSU)
Os resíduos sólidos são definidos pela NBR 10004 – Norma Brasileira de Resíduos
Sólidos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como “resíduos nos
estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Contudo, muitos destes materiais podem ser reutilizados e/ou reciclados, e os mesmos
podem se tornar matéria-prima para processos industriais bem como para a produção de
energia eléctrica.
De acordo com Soares (2011), as características dos resíduos sólidos urbanos variam de
município para município em função de diversos fatores, como o porte do município, as
atividades empregatícias, os hábitos da população, o clima e o nível educacional, além de
se modificarem no decorrer dos anos.
Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio os resíduos sólidos podem ser
distinguidos em três classes: classe I ou perigosos, classe II ou não-inertes e classe III ou
inertes.
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a) Classe I ou perigosos
b) Classe II ou não-inertes
São aqueles que não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo (sua
degradação é muito lenta), sendo muitos destes produtos recicláveis. São exemplos de
resíduos sólidos de classe III: tijolo, plástico, borracha, entulhos de obras ou de
demolição, pedras e areias retiradas de escavações.
As características dos resíduos sólidos estão directamente ligadas à sua origem. A partir
da origem é possível avaliar o risco de contaminação do meio ambiente que o referido
resíduo sólido apresenta. Quanto à natureza ou origem, os resíduos sólidos podem ser
distinguidos em cinco classes, a saber: resíduo doméstico ou residencial, resíduo
comercial, resíduo público, resíduo domiciliar especial e resíduo de fontes especiais.
a) Resíduo doméstico
Incorpora os resíduos sólidos produzidos nas diversas actividades diárias nas residências,
apartamentos, condomínios e demais edificações residenciais.
b) Resíduo comercial
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Incorpora resíduos sólidos produzidos em estabelecimentos comerciais, cujas
características dependem da actividade desenvolvida. O resíduo comercial abrange dois
grupos de geradores: o pequeno gerador de resíduos comerciais (geração de um máximo
de 120 dm3 de resíduos) e o grande gerador de resíduos comerciais (geração acima de 120
dm3 de resíduos). A identificação do grande gerador de resíduos comerciais é de extrema
importância uma vez que os resíduos por este produzidos, por terem elevado volume,
podem ser recolhidos por uma empresa privada possibilitando assim a redução de
encargos por parte do Conselho Municipal.
c) Resíduo público
Incorpora resíduos resultantes da natureza como folhas, poeira bem como aquele que em
Moçambique denomina-se “lixo verde” ou “lixo de poda”
Nas actividades domiciliares pode também ser produzido resíduo que acarreta riscos ao
meio ambiente. E estes enquadram-se na classificação de resíduo domiciliar especial.
Este incorpora entulhos de obras, pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e pneus.
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3.2.1. Características físicas
O peso específico aparente estabelece uma relação entre o peso de uma amostra de
resíduos sólidos e o volume ocupado pelo mesmo. Em média os resíduos sólidos
domiciliares apresentam um peso específico aparente de 280 kg/m3.
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determinadas pela população microbiana assim como agentes patogênicos presentes nos
resíduos sólidos.
3.3.1. Acondicionamento
• Evitar acidentes;
• Evitar a proliferação de resíduos ao longo da via pública;
• Minimizar o impacto visual e olfactivo;
• Facilitar a colecta dos resíduos sólidos;
• Facilitar a separação para reciclagem (no caso de colecta selectiva o devido
acondicionamento).
3.3.2. Reciclagem
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reintrodução de produtos descartados na indústria. Entre as principais vantagens do
processo de reciclagem encontram-se:
4. Tecnologias WTE
A ideia de recuperar a energia dos resíduos não é algo novo, mas só recentemente os
setores de resíduos e da produção de energia se interessaram pela recuperação energética
de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Tecnologias como incineração, gaseificação,
pirólise e digestão anaeróbia oferecem alternativas à disposição em aterros sanitários,
estruturas que, a cada dia, enfrentam mais restrições. A seguir são apresentadas breves
descrições sobre cada tipo de tecnologia desenvolvida atualmente.
4.1.Incineração
As plantas de incineração são conhecidas como plantas WtE. Elas possuem uma caldeira
que captura e converte o calor gerado em eletricidade e vapor; também possuem um
sistema robusto de controle da poluição do ar e que limpa os gases de combustão antes
de liberá-los para a atmosfera através de uma chaminé, buscando a conformidade com as
regulamentações ambientais. Uma planta processa entre 50.000 e 300.000 toneladas de
materiais combustíveis por ano.
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Figura 1: Planta-padrão de incineração de RSU (Dgedge, 2017)
• Grelhas móveis
O incinerador convencional possui em uma grelha móvel situada na parte inferior e que
consiste em uma zona de queima que transporta o material através do forno. Na grelha,
os resíduos são desidratados e depois queimados a altas temperaturas com o auxílio de
injeção de ar. As cinzas de fundo deixam a grelha através de uma calha; a escória é
resfriada em banho-maria e descarregada por um exaustor hidráulico, um dispositivo
projetado especificamente para esse fim. A água do banho de resfriamento também
fornece um gás vedante para o forno e impede a entrada de ar e saída de poeira e fumos.
• Forno rotativo
O forno rotativo também pode ser usado em combinação com uma grelha móvel, onde
esta atua como a peça de ignição e o forno rotativo é a seção de queima. Isso resulta em
níveis muito baixos de material não queimado em meio à escória, que é expurgada do
forno através de uma calha. Em fornos rotativos, podem ser tratados resíduos sólidos,
líquidos e gasosos, bem como lodos de esgotos. A queima adicional com resíduos líquidos
ou combustível adicional pode ser realizada para manter as temperaturas necessárias para
assegurar a destruição dos resíduos a incinerar.
• Leito fluidizado
Essa tecnologia é baseada no princípio de que as partículas sólidas são misturadas com o
combustível e fluidizadas pelo ar. O reator (depurador) consiste de um recipiente vertical
de aço com revestimento refratário, contendo um leito de material granular, como areia
de sílica, calcário ou um tipo de material cerâmico. A tecnologia de leito fluidizado possui
uma série de características atraentes em relação à incineração: redução de substâncias
perigosas no reator de leito fluidizado, alta eficiência térmica, flexibilidade em relação à
entrada de múltiplos combustíveis e custo. A principal desvantagem para o tratamento de
resíduos é a necessidade do processo de pré-tratamento dos materiais para atender aos
requisitos bastante rigorosos de tamanho, valor calorífico, teor de cinzas, e assim por
diante. Devido ao conteúdo heterogêneo dos RSU, pode ser difícil produzir um
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combustível que atenda aos requisitos mínimos em qualquer ponto. Assim, o leito
fluidizado é amplamente aplicado à incineração de resíduos classificados como CDR e
lodos de esgoto. A energia gerada pela incineração deixa o forno como gás de combustão
a uma temperatura de aproximadamente 1.000-1.200 oC, que então é resfriado por uma
caldeira onde a energia liberada da incineração é inicialmente recuperada como água
quente ou vapor. Incineradores podem gerar entre 475 kWh e 800 kWh de energia
excedente por tonelada de RSU (CONSONNI, 2005; KLEIN, 2002).
4.2.Gaseificação e Pirólise
4.2.1. Gaseificação
Na gaseificação por plasma é utilizada uma tocha de plasma alimentada por um arco
elétrico para a gaseificação dos resíduos. O plasma térmico é uma mistura de íons,
elétrons e partículas neutras, e é capaz de destruir qualquer ligação química. Sua criação
ocorre pela ionização de um gás devido à criação de um arco elétrico sustentável entre o
cátodo e o ânodo de uma tocha de plasma. As moléculas gasosas forçadas a colidir com
elétrons carregados resultaram na criação de partículas carregadas que conduzem a
eletricidade. O plasma está próximo do equilíbrio local devido à alta mobilidade dos
elétrons, que mantêm as partículas pesadas (íons, átomos e moléculas) à mesma
temperatura, enquanto dada energia elétrica é captada pelos elétrons e transferida para as
partículas pesadas por colisão elástica.
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O plasma pode ser gerado por corrente contínua, descarga elétrica, radiofrequência e
descargas de micro-ondas. Para o tratamento de resíduos, o plasma é gerado
preferencialmente por descarga elétrica de corrente contínua, utilizando dois tipos de
dispositivos: arco transferido e não transferido, sendo este último utilizado com maior
frequência, uma vez que permite a boa mistura do plasma e dos resíduos, e não requer os
fluxos elevados de calor para o tratamento de resíduos. As principais vantagens da
gaseificação por plasma são:
a) As altas densidades; e;
Além disso, o uso de eletricidade como entrada desassocia a geração de calor do potencial
de oxigênio, permitindo, assim, melhor controle da unidade de processamento. O
principal inconveniente desta tecnologia é o uso de eletricidade, pois é uma forma muito
cara de energia. Além disso, há uma falta de dados sobre a confiabilidade do tratamento
com plasma que poderia impedir seu desenvolvimento em grandes escalas
(DUCHARME, 2010). A gasificação por plasma tem sido estudada há muito tempo por
cientistas e engenheiros para a sua utilização no tratamento de resíduos, devido à
sua capacidade única de vaporizar e destruir qualquer ligação química, mas atualmente a
única instalação comercial por arco de plasma que trata RSU é no Japão, em Utashinai,
operado por Hitachi metals e Alter NRG.
4.2.2. Pirólise
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O gás também pode ser usado em motores de combustão para operar o gerador; se o
syngas for purificado, ele pode ser usado em uma turbina de gás de ciclo
combinado com potencial para maior eficiência (BELGIORNO, 2003). 33
O processo de gaseificação possui potencial para produzir entre 600 kWh e 1.000 kWh
de eletricidade excedente por tonelada de RSU.
4.3.Digestão anaeróbia
4.4.Insumos
• Resíduos de alimentos.
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• Alguns tipos de resíduos industriais e de comércio, como os de abatedouros.
• Resíduos agrícolas e lodo de esgotos.
A composição química dos resíduos desempenha papel importante, pois seu conteúdo é
liberado na câmara de combustão e transferido para o gás de combustão, as cinzas de
fundo e as cinzas volantes, o que demandará tecnologias avançadas adequadas de
prevenção à poluição (limpeza dos gases, etc.) dentro dos parâmetros ambientais.
A composição física dos resíduos, juntamente com as características térmicas,
desempenha papel fundamental na operação adequada de uma planta WtE, uma vez que
são os dois fatores que sustentam um processo de combustão sem combustível
suplementar. Quanto menor o tamanho de partícula, maior o valor calorífico inferior e
mais fácil é queimá-la completamente. De acordo com os padrões do Banco Mundial, o
valor calorífico médio dos resíduos deve ser de pelo menos 6 MJ/kg em todas as estações,
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enquanto o valor calorífico médio inferior não deve ficar abaixo de 7 MJ/kg/ano.
Os dois parâmetros que causam o menor poder calorífico dos insumos são:
• Humidade.
• Os materiais não combustíveis na mistura dos RSU.
Em muitos países em desenvolvimento, os RSU têm alto teor de umidade e/ou materiais
não combustíveis; dessa forma, deve-se realizar um estudo exaustivo para determinar se
é viável incinerar durante todo o ano, uma vez que as variações sazonais podem afetar
significativamente a combustibilidade dos resíduos. Resíduos das indústrias e dos
comércios (excePto feiras) geralmente possuem valor calorífico mais elevado do que o
dos resíduos domiciliares. Resíduos da construção e demolição que possuam certos
componentes perigosos ou inflamáveis não são adequados para incineração.
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ser utilizado em instalações de recuperação energética dedicadas à "monocombustão",
como plantas de gaseificação ou de pirólise.
Ainda é usual o tratamento tradicional para coleta e disposição final do RSU, gerando
problemas de higiene, poluição das águas subterrâneas pela lixiviação, contaminação pelo
resíduo biológico, entre outros. Examinando de uma forma integrada, a queima
controlada dos RSU quando realizada em instalações com dispositivos adequados de
controle da poluição do ar, é um dos componentes da Gestão Integrada de Resíduos,
permitindo uma solução adequada ao problema, com baixo impacto ambiental.
Nestas centrais, ocorre queima indiscriminada dos resíduos sólidos municipais. Portanto,
antes da incineração, os mesmos são misturados num depósito de resíduos existente na
central, a fim de garantir uma “qualidade uniforme” dos resíduos depositados. Tal mistura
visa optimizar o processo de incineração. Há ainda que salientar que este tipo de central
recebe apenas resíduos municipais (domiciliares e públicos) e industriais não perigosos.
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A semelhança dos outros tipos de centrais termoeléctricas, as centrais termoeléctricas de
incineração de resíduos sólidos têm o seu funcionamento baseado em princípios
termodinâmicos. Estes princípios possibilitam descrever o processo de conversão de
energia das diversas fontes existentes na natureza em energia eléctrica.
Apesar do princípio de funcionamento ser similar ao das centrais térmicas que se baseiam
na queima de outros tipos de combustíveis (carvão mineral, biomassa, etc.), as centrais
waste-toenergy possibilitam obter inúmeros benefícios económicos, ambientais e sociais.
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• Uso de um recurso renovável;
• Quando bem explorada apenas 1 % da matéria prima é desperdiçada;
• Uso de um ciclo fechado possibilita economia de água;
• Reaproveitamento de materiais não-combustíveis como matéria prima para
materiais de construção civil, materiais de cobertura de asfalto, sal industrial, entre
outros;
• Alta viabilidade económica.
Como foi dito anteriormente, as centrais térmicas têm como fluido de trabalho o vapor de
água e o ciclo do mesmo é comum independentemente do combustível em utilização.
Assim sendo, existem inúmeros pontos comuns entre as centrais no que toca a sua
classificação, configuração, assim como na análise de diversas variáveis aquando do
planeamento das centrais eléctricas.
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de vapor. Tal possibilita o desenvolvimento de maiores potências nas turbinas
uma vez que o vapor liquefeito é ré-circulado pelo uso de bombas de circulação.
A configuração básica de uma central térmica está ilustrada na figura 8. São na figura
destacados os elementos principais, ou seja, elementos directamente envolvidos no
processo de transformação da energia química contida nos resíduos sólidos em energia
eléctrica.
A caldeira é o elemento responsável pela produção de vapor. A mesma pode ser dividida
em três estágios a saber: economizador (pré-aquecedor), aquecedor e super aquecedor. À
saída da caldeira, a água de alimentação encontra-se completamente transformada em
vapor superaquecido (ponto 3), assim sendo, o vapor de água tem neste ponto temperatura
e pressão adequadas para a expansão na turbina a vapor.
Contudo, em alguns países onde a escassez de água faz-se sentir, é utilizada a tecnologia
“dry cooling” que significa arrefecimento a seco. Desta forma, nestas centrais o fluido de
arrefecimento é o ar.
• Selecção do local;
• Estimativa da capacidade da central;
• Selecção das turbinas e respectivos dispositivos auxiliares;
• Selecção de caldeiras e dispositivos auxiliares
• Projecto do sistema de manipulação de matéria prima;
• Selecção do condensador
• Projecto do sistema de arrefecimento;
• Projecto do sistema de tubulação para vapor e água;
• Selecção do gerador eléctrico;
• Projecto do sistema de controlo;
• Projecto do layout da central.
Como ilustrado na figura 9, feita a mistura dos resíduos sólidos no waste bunker (depósito
de resíduos), os mesmos são continuamente transportados para o incinerador onde ocorre
a queima. Pelo incinerador passam tubos de água através dos quais é feita a transferência
de calor para o fluido de trabalho, transformando o mesmo em vapor. Tal vapor é
submetido a expansão nas turbinas que accionam geradores eléctricos responsáveis pala
transformação de energia mecânica em eléctrica.
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À saída do incinerador, os gases resultantes da combustão passam por um processo de
purificação. Assim sendo, é utilizado um precipitador electrostático para remoção de
cinzas. De seguida, partículas mais finas são removidas pelo filtro de tecido. Por fim, os
gases são submetidos a um processo de purificação final. Como se pode notar, pela torre
de saída de gases são apenas expelidos gases purificados e vapor de água, o que torna os
impactos ambientais menos severos.
Nas centrais térmicas não apenas é registado fluxo do fluido de trabalho. Como já
referenciado anteriormente as centrais térmicas necessitam de água de arrefecimento, ar
para combustão, combustível (resíduos sólidos neste caso), gás para ignição. Estas
centrais, devido a queima de grandes quantidades de combustível geram também
consideráveis quantidades de cinzas.
• Incinerador;
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• Turbina a vapor;
• Condensador;
• Bombas de circulação;
• Gerador eléctrico.
∑𝑄 ≈ ∑𝑊
Onde:
Q - Calor fornecido ao sistema;
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Desta lei surge outra propriedade de extrema importância chamada energia interna e
denotada por U. Qualquer alteração no seu valor representa a diferença entre o calor
fornecido ao sistema e o trabalho realizado pelo mesmo.
De uma forma geral a segunda lei da termodinâmica estabelece que num processo cíclico
alguma parte do calor é sempre rejeitado. O enunciado de Clausius estabelece que “o
calor não pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de temperatura menor para outro
de temperatura mais alta”.
O exemplo de dimensionamento apresentado neste ponto foi um caso de estudo feito pelo
autor Eucides Ezequiel Dgedge em Maputo.
O poder calorífico de alguns dos resíduos sólidos podem ser consultados na tabela 1. Na
tabela, os resíduos considerados incombustíveis (vidro e metal) não são colocados.
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Tabela 1: Poder calorifico dos resíduos sólidos
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Figura 4: Variação entre quantidade de resíduos inserida, potência térmica de entrada e poder calorífico
(Dgedge, 2017)
O gráfico da figura 7, fornecido pela empresa holandesa Afval possibilita estimar o calor
fornecido pelos resíduos para cada linha de combustão (considerando duas linhas). No
ponto “A” considera-se (para 10 MJ/kg) uma introdução de 102 toneladas por hora,
representando uma relação linear.
Assim sendo, para duas linhas de incineração a capacidade térmica geral da central será
o dobro do valor encontrado, ou seja, 160,9 MW.
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• O calor é fornecido a pressões de 13000 e 1400 kPa pela caldeira e pelo
reaquecedor respectivamente;
• Temperatura de sobreaquecimento nos dois estágios igual a 480º;
• Eficiência isentrópica da bomba e da turbina são, respectivamente, 0,95 e 0,85.
Figura 5: Definição de variáveis e dos seus valores na tabela de equações do EES (Dgedge, 2017)
Figura 6: Inserção das equações da bomba e da turbina de alta pressão na tabela de equações do EES
(Dgedge, 2017)
Figura 7: Inserção das equações da turbina de baixa pressão, caldeira, condensador e eficiência na tabela
de equações do EES (Dgedge, 2017)
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5.3.5. Resultados da simulação em EES
Escrito o programa em EES, o mesmo foi executado e suas soluções foram exibidas na
janela de soluções apresentada na figura 8. Esta janela de soluções exibe a eficiência
térmica do ciclo (Eff), o calor fornecido na caldeira (Qin), o calor rejeitado no condensador
(Qout), o trabalho realizado pela bomba (Wp,s), o trabalho realizado pelas turbinas de alta
e baixa pressão (Wt,hp e Wt,lp) o trabalho útil do ciclo (Wnet). As entalpias e entropias de
cada ponto não são apresentadas na janela de soluções visto que para o problema em
estudo importa apenas conhecer o trabalho realizado por cada elemento com vista a
avaliar a potência da central eléctrica.
O programa EES permite também fazer a análise de ciclos de potência na forma gráfica.
Isto é, o programa permite desenvolver e editar modelos de centrais de forma gráfica. Tal
pode ser constatado na figura 9. Os caracteres de cor azul representam os dados de entrada
ao passo que os de cor vermelha representam os resultados. A grande vantagem da janela
de diagrama (Diagram Window) é o facto de os dados poderem ser alterados com
facilidade assim como o facto de os resultados poderem ser apresentados de imediato.
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Figura 9: Janela de resultados no EES (Dgedge, 2017)
O diagrama T-s para o ciclo em estudo pode ser visto na figura 10. O mesmo foi plotado
no programa EES e nele estão representados todos os pontos do ciclo.
Figura 10: Diagrama T-s para o ciclo em estudo plotado no programa EES (Dgedge, 2017)
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a) Cálculo do fluxo do fluido de trabalho
O fluxo do fluido de trabalho (𝑚̇) pode ser definido pela razão entre a potência da caldeira
e o calor inserido (Qin). A potência por linha de incineração foi calculada no ponto acima
e tem o valor 80,45 MW. Contudo, procura-se a massa total do fluido por isso considera-
se o valor de 160,9 MW.
𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙,𝑐𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎
𝑚̇ =
𝑄𝑖𝑛
160,9 × 103 𝑘𝑊
𝑚̇ = = 42,633 𝑘𝑔/𝑠
3774 𝑘𝐽/𝑘𝑔
O que significa que o fluxo total de água de alimentação é de 42,63 kg/s. Desta forma,
considerando-se duas linhas de incineração o fluxo por linha de incineração será reduzido
a metade, portanto 21,32 kg/s.
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Turbinas: Para o presente projecto são propostas duas turbinas (e mais uma de reserva)
similares a “Siemens SST-700, Reheat” com uma potência mecânica de saída 31 MW,
tendo parâmetros de pressão e temperatura correspondentes aos dados apresentados na
figura 9.
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6. Conclusão
Após as sucessivas pesquisas concernentes ao tema dado conclui-se que a produção (e/ou
tipo) de resíduos sólidos está directamente associada ao número de habitantes, assim
como com o nível de urbanização, o qual, depende muitas vezes do tipo de economia.
Neste contexto, Moçambique, enquadrando-se nos países de economia emergente, o
poder calorífico dos resíduos sólidos colectados não é muito alto, rondando os 10 MJ/kg.
Os processos tecnológicos de centrais waste-to-energy são similares aos dos outros tipos
de central térmica, sendo que a grande diferença reside no incinerador e no sistema de
tratamento de gases. Devido ao baixo poder calorífico dos resíduos sólidos municipais,
os incineradores são geralmente projectados para operar a pressões e temperaturas
relactivamente baixas, como forma também de reduzir os custos dos equipamentos e
evitar perdas por dissipação de calor ao longo dos tubos.
Os custos de capital de centrais waste-to-energy são altos, contudo suas receitas são
também altas, o que permite rápida recuperação do investimento. A questão do alto capital
inicial é também compensada pela melhoria do ambiente nos municípios.
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7. Referências Bibliográficas
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