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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

CAMPUS EXPERIMENTAL DE ROSANA


ENGENHARIA DE ENERGIA

VINÍCIUS MENDONÇA OLIVEIRA

Análise da viabilidade de migração dos Campi I,II e III da


UNESP de Ilha Solteira do mercado cativo para o mercado
livre de energia

MONOGRAFIA

Primavera - Rosana
06 de Março de 2021
VINÍCIUS MENDONÇA OLIVEIRA

Análise da viabilidade de migração dos Campi I,II e III da


UNESP de Ilha Solteira do mercado cativo para o mercado
livre de energia

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Engenharia de Energia, como
parte dos requisitos necessários à obtenção
do título de Engenheiro de Energia.

Orientador: Kleber Rocha de Oliveira

Primavera - Rosana
06 de Março de 2021
Dedico este projeto à minha família e amigos que sempre estiveram presentes de
forma direta ou indireta em todos os momentos de minha formação. Dedico também à
República Alcoolteia e todas as pessoas que conviviam comigo, que me trouxeram muito
aprendizado como pessoa e como acadêmico ao longo desses anos. Por fim, mas não
menos importante, dedico ao meu orientador, pela paciência, conselhos e ensinamentos
que foram essênciais para o desenvolvimento do TCC.
Agradecimentos

Em primeiro lugar, a Deus, pela minha vida, e por me permitir ultrapassar todos os
obstáculos encontrados ao longo da realização deste trabalho, não me deixando desanimar
em momento algum.
Agradeço minha família que esteve ao meu lado em todo meu processo acadêmico
me dando todo suporte nas horas difícies e celebrando nas conquistas.
Agradeço todos os professores que fizeram parte e contribuiram com a minha
formação.
Agradeço todos amigos pelo companheirismo, respeito, aprendizado, incentivo.
Agradeço a República Alcoolteia e todas as pessoas que passaram por lá. Por todo
aprendizado como pessoa, pelos vínculos e as histórias criadas.
“Eu não falhei 10 mil vezes. Apenas encontrei
10 mil maneiras que não funcionam” (Thomas
Edison).
Resumo

Desde 1998 foi aberto, no setor de comercialização de energia, a livre comercizali-


zação ou o Mercado Livre de Energia. Assim, permitindo os consumidores a negociarem
contratos ou pacotes de eletricidade com as unidades geradoras do país, por meio de uma
gestora ou comercializadora. Essa mudança trouxe uma competitividade no setor e conse-
quentemente melhores ofertas aos consumidores. Atualmente, o uso racional da energia e a
redução de custos com a mesma é um assunto muito abordado e as unidade de ensino têm
a mesma oportunidade de poder reduzir seus gastos com a energia e aplicar esse capital
em áreas mais interessantes, como o próprio ensino e infraestrutura. O presente trabalho
analisou os dados energéticos da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” -
Unesp Campus de Ilha Solteira apresentou soluções, dentro do Mercado Livre de Energia,
para reduzir os custos com a energia elétrica. Com isso, foi concluído que a migração dos
três campi para o mercado livre de energia pode reduzir o custo com energia elétrica em
mais de R$1,6 milhão nos próximos quatro anos (até 2024). Esse resultado é extremamente
interessante, principalmente na situação atual do país, frente ao COVID-19.
Palavras-chave: Energia. Eletricidade. Comercialização. Mercado Livre de Energia.
Ambiente de Contratação Livre. Ambiente de Contratação Regulada.
Abstract

Since 1998, in the energy trading sector, the free trade or the Free Energy Market
was opened. Thus, allowing consumers to negotiate electricity contracts or packages with
the country’s generating units, through a manager or trader. This change brought competi-
tiveness in the sector and, consequently, better offers to consumers. Currently, the rational
use of energy and the reduction of costs with it is a subject that is very much discussed and
teaching units have the same opportunity to be able to reduce their spending on energy
and invest this capital in more interesting areas, such as teaching and infrastructure. The
present work analyzed the energy data of the São Paulo State University “Júlio de Mesquita
Filho” - Unesp Campus of Ilha Solteira presented solutions, within the Free Energy Market,
to reduce the costs with electric energy. As a result, it was concluded that the migration of
the three campuses to the free energy market can reduce the cost of electricity by more than
$ 1.6 million in the next four years (until 2024). This result is extremely interesting, especially
in the current situation in the country, compared to COVID-19.
Keywords: Energy. Electricity. Commercialization. Free Energy Market. Free Contract-
ing Environment. Regulated Contracting Environment.
Lista de ilustrações

Figura 1 – Atual modelo do setor elétrico brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17


Figura 2 – ACL x ACR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 3 – Negociação no ACL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Figura 4 – Diferença ACR x ACL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 5 – Exemplo de comunhão de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Lista de tabelas

Tabela 1 – Geração Elétrica GWh . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16


Tabela 2 – Reajuste tarifário Elektro 2020/2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Tabela 3 – Preço da Energia Incentivada Prevista até 2024 . . . . . . . . . . . . . 27
Tabela 4 – Consumo MWh do Campus I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Tabela 5 – Demanda kWh do Campus I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Tabela 6 – Consumo MWh do Campus II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Tabela 7 – Demanda kWh Campus II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Tabela 8 – Consumo MWh do Campus III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Tabela 9 – Demanda kWh Campus III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Tabela 10 – Custos previstos no ACL e ACR em 2021 - Campus I . . . . . . . . . . 35
Tabela 11 – Benefício médio mensal do ACL para o ano de 2021 - Campus I . . . . 36
Tabela 12 – Custos previstos no ACL e ACR em 2024 - Campus I . . . . . . . . . . 36
Tabela 13 – Benefício médio mensal do ACL para o ano de 2024 - Campus I . . . . 36
Tabela 14 – Resumo do Resultados do campus I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Tabela 15 – Resumo do Resultados do campus II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Tabela 16 – Resumo do Resultados do campus III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Tabela 17 – Resumo do Resultado Consolidado do Estudo . . . . . . . . . . . . . . 40
Lista de abreviaturas e siglas

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACL Ambiente de Contratação Livre

ACR Ambiente de Contratação Regulada

ANACE Associação Nacional dos Consumidores de Energia

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

BEN Balanço Energético Nacional

CCEE Câmara de Comercialização de Energia

CCER Contrato de Compra de Energia Regulada

CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

CNPJ Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

DO Despesas Operacionais

EPE Empresa de Pesquisa Energéticas

MME Ministério de Minas e Energia

OBS Observação

SEB Setor Elétrico Brasileiro

SIN Sistema Interligado Nacional


Sumário

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

3 Revisão da Literatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.1 Setor Elétrico Brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.2 Instituições e suas Atribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.2.1 Orgãos Representantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.3 O Mercado Cativo de Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.4 Mercado Livre de Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.4.1 Consumidor livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.4.2 Comunhão de cargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.4.3 Modalidade tarifária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

4 Materiais e Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

5 Resultados e Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

6 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
11

1 Introdução

A demanda da eletricidade é um dos principais fatores para analisar o desenvolvi-


mento e a qualidade de vida da população, pois cada vez mais se faz necessária na vida
de cada pessoa. O consumo da energia elétrica vem aumentando com o tempo, assim
como seu preço. Há duas décadas, o governo iniciou uma transformação no Setor Elétrico
Brasileiro (SEB) procurando incentivar a sua competitividade. Nesta transformação, um novo
mercado aparece, mudando sua forma de comercialização, que agora poderia ser realizada
no Ambiente de Contratação Livre (ACL). Este novo modelo é chamado de Mercado Livre
de Energia, do qual deu origem ao consumidor livre que terá papel como a indústria neste
presente trabalho.(SOUZA, 2008)
Cada vez mais, é necessário reduzir custos das atividades das quais atuamos. Setor
industrial, comercial, saneamento e outros já compõem o mercado livre de energia com
esse princípio. Então, é de muito interesse que isso se alastre para outras instituições, como
na Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” , a UNESP.
Dessa forma, pode-se alocar verbas que eram destinadas para esses fins, em
setores de urgência como o próprio ensino.
12

2 Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo a realização da análise do estudo da viabi-


lidade de migração para o mercado livre de energia dos Campi I, II e III da Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNESP de Ilha Solteira - SP.
13

3 Revisão da Literatura

3.1 Setor Elétrico Brasileiro

O setor elétrico brasileiro é segmentado em três partes: geração, transmissão e


distribuição. Esses segmentos trabalham entre si para fornecer energia elétrica para os
consumidores, que são, cativos e livres.
O modelo brasileiro de geração de energia elétrica é predominantemente hidrelétrico.
Grande parte da capacidade de geração nacional é composta por usinas hidrelétricas de
grande e médio porte e pequenas centrais hidrelétricas. A razão dessa predominância se
dá pela existência de grandes rios de planalto e grandes quantidades de chuvas durante o
ano.
Outras fontes de energia também são utilizadas como eólica, biomassa, gás natural,
carvão, óleo combustível e nuclear. A energia gerada a partir de Pequenas Centrais Hidrelé-
tricas (PCHs) e usinas de biomassa, demonstrou nos últimos anos um custo de geração
competitivo, quando comparadas com a energia gerada pelas demais alternativas. A energia
eólica apresenta um significativo potencial para expansão, quando comparada às demais
fontes, devido ao elevado potencial eólico do País; além disto, o custo dos equipamentos de
geração eólica aumentou sua competitividade no Brasil.
O sistema de produção de energia elétrica do Brasil é um sistema hidrotérmico
de grande porte, com forte predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos pro-
prietários, com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito
mundial.(MARQUES, Dezembro de 2006)
As distribuidoras de energia são responsáveis pela conexão e atendimento ao
consumidor, qualquer que seja o seu porte. Após a geração, a energia trafega por linhas
de transmissão em direção às subestações das distribuidoras, de onde a energia, na
maior parte das vezes, já sai com tensão rebaixada, até o consumidor final. Os direitos
e as obrigações das distribuidoras de energia são definidos em contratos de concessão
celebrados com a União e são fortemente regulados e fiscalizados pela Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANEEL). (ANEEL, 2008).
As transmissoras de energia são responsáveis pela implantação e operação das
redes que ligam as fontes de geração aos centros de carga das distribuidoras, realizando o
transporte de grandes cargas de energia elétrica por longas distâncias. Por meio de leilões
públicos realizados pela ANEEL, as empresas transmissoras obtêm concessões válidas
por trinta anos, valendo lembrar que a vencedora é a empresa que ofertar a menor tarifa.
(ANEEL, 2008).
Além disso, existem também as comercializadoras de energia que compram energia
elétrica no mercado livre para revenda a outras comercializadoras ou a consumidores livres,
no âmbito do mercado livre de energia, ou a distribuidoras, no âmbito do mercado regulado
Capítulo 3. Revisão da Literatura 14

de energia (CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA, 2014a).


Até meados do século XX, o desenvolvimento da indústria de energia elétrica brasi-
leira deu-se basicamente através de sistemas isolados, com usinas localizadas próximas as
cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. As interligações começaram a ocorrer na década de
20, visando apenas transferências de energia em épocas de crise. Embora alguns sistemas
fossem interligados, a operação das usinas continuava sendo de forma descentralizada, sem
aproveitar a diversidade hidrológica encontrada nas diferentes regiões do país.(MARQUES,
Dezembro de 2006)
O Sistema Interligado Nacional (SIN) é um composto de usinas geradoras e linhas
de transmissão. As linhas de transmissão integram a maior parte do território brasileiro.
O objetivo desse sistema é conectar as usinas geradoras aos centros de carga das distri-
buidoras de cada região para que assim interligados, possam compartilhar das cargas de
forma que a sobrecarga ou a falta da mesma seja evitada. Assim, balanceando as regiões
geradoras hidrelétricas que dependem dos períodos de chuva para que não afetem de
forma negativa a balanço de energia nacional. A região norte do brasil não está no SIN. A
mesma possui demanda em torno de 2% da demanda elétrica nacional e é abastecida por
sistemas isolados, principalmente por geradores térmicos a óleo diesel e óleo combustível.
Com o constante crescimento do SIN, a tendência é que essa região seja também integrada
gradualmente no sistema.
A matriz elétrica brasileira está cada vez se diversificando mais e o crescimento
de fontes limpas e renováveis está mais notável a cada dia que se passa. No Gráfico
abaixo podemos observar a composição da nossa matriz atualmente (EMPRESA DE PES-
QUISA ENERGÉTICA, 2020).
Capítulo 3. Revisão da Literatura 15

Gráfico 1 – Matriz Elétrica Brasileira

Balanço Energético Nacional 2020

Na tabela a seguir é possível notar como houve a redução em gerações poluentes


e não renováveis como o gás natural, derivados de petróleo e carvão vapor. Com isso
pode-se acentuar que a tendência nos próximos anos é que essa redução aumente ainda
mais devido ao aumento da oferta elétrica de outras fontes incentivadas.
Capítulo 3. Revisão da Literatura 16

Tabela 1 – Geração Elétrica GWh

Próprio Autor

3.2 Instituições e suas Atribuições

De acordo com a CCEE, a atual estrutura organizacional que compõe o Setor


Eletrico Brasileiro (SEB) e seus principais orgãos e como eles estão relacionados pode ser
observado na figura abaixo.
Capítulo 3. Revisão da Literatura 17

Figura 1 – Atual modelo do setor elétrico brasileiro

CCEE

3.2.1 Orgãos Representantes

• CNPE: Órgão de assessoramento do Presidente da República para formulação de


políticas e diretrizes de energia.

• CMSE: Tem a função de acompanhar e avaliar permanentemente a continuidade e


a segurança do suprimento eletro energético em todo o território nacional.

• MME: É a União como Poder Concedente e formulador de políticas públicas, bem


como indutor e supervisor da implementação dessas políticas.

• EPE: Tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas
a subsidiar o planejamento do setor energético.

• ONS: Órgão responsável pela coordenação e controle da operação das instala-


ções de geração e transmissão de energia elétrica no SIN e pelo planejamento da
operação dos sistemas isolados do país.

• ANEEL: Tem a função de regular a geração, transmissão, distribuição e comerci-


alização da energia elétrica. Fiscalizar as concessões, permissões e serviços da
energia elétrica. Além disso, estabelecer taxas e tarifas.

• CCEE: É responsável por viabilizar e gerenciar a comercialização de energia elétrica


no país.
Capítulo 3. Revisão da Literatura 18

3.3 O Mercado Cativo de Energia

O Mercado Cativo é o ambiente de contratação de energia elétrica em que o papel


do consumidor é passivo, pois a energia é fornecida exclusivamente pela distribuidora local,
com a tarifa e as demais condições de fornecimento reguladas pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), onde as principais características do Mercado Cativo são (ENGIE,
2019) :

• A energia é suprida pela distribuidora à qual a unidade consumidora está conectada,


sendo que o valor pago já inclui o custo da energia e do serviço de uso da transmissão
e distribuição;

• Não há preço de energia, mas sim uma tarifa de energia, cujo valor é definido anual-
mente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para cada distribuidora;

• O consumidor não tem liberdade para negociar as condições de contratação e a


flexibilidade de seu suprimento de energia para atendimento das necessidades de
seu negócio;

• O consumidor fica sujeito à imprevisibilidade da variação anual do valor das tarifas


das distribuidoras, o que traz incertezas quanto ao custo de energia para a indústria
e o comércio.

3.4 Mercado Livre de Energia

Criado em 1998, com a reestruturação do setor elétrico, a nova regulamentação


passou a permitir que determinados consumidores contratassem bilateralmente o seu
fornecimento de energia elétrica diretamente com geradores e comercializadores, indepen-
dentemente de sua localização geográfica. Sendo assim, o Mercado Livre de Energia é um
ambiente de negócios onde vendedores e compradores podem negociar energia elétrica
livremente entre si, respeitada a regulamentação do setor.
O mercado livre de energia é onde são celebrados os contratos multilaterais do ACL.
Trata-se de um ambiente competitivo de negociação de energia onde os agentes negociam
livremente todas as condições contratuais, tais como: preço da energia, quantidade contra-
tada, período de suprimento, condições de pagamento, dentre outras condições.(RIZKALLA,
2018)
Capítulo 3. Revisão da Literatura 19

Figura 2 – ACL x ACR

Cartilha Mercado Livre de Energia Elétrica - ABRACEEL

Em 2019, a média mensal de novos consumidores no Ambiente de Contratação Livre


(ACL) foi em torno de 120 unidades ao mês, de acordo com a Câmara de Comercialização
de Energia Elétrica (CCEE). Isso representa um aumento de 76,4% ante os 68 registrados
em 2018. Conforme dados da Associação Brasileira de Comercializadores de Energia
(Abraceel), o Mercado Livre de Energia representa 30% de toda a energia elétrica consumida
no Brasil. Operam cerca de 6.870 consumidores livres, sendo que 1.161 ingressos foram só
em 2019, o que representa um aumento de 20%. (ABRACEEL, 2020)
De acordo com o boletim Abraceel de agosto de 2020, 35% de toda eletricidade
transacionada em território nacional está inserida dentro do mercado livre, representando
uma grande parcela. Além disso, 40% da eletricidade gerada por fontes incentivasdas
no país é destinada à atender as demandas do mercado livre, representando 31% da
eletricidade comercializada no mesmo. Além disso, 86% do setor industrial participa do
ALC. Toda essa busca pela adesão ao mercado livre pode ser explicada basicamente pela
redução de custos com a energia elétrica, que, de acordo com a ABRACEEL, está gerando
uma economia, em média, de 20% quando comparado com o mercado cativo de energia.
(ABRACEEL, 2020)

3.4.1 Consumidor livre

Diferente do mercado cativo, em que o consumidor tem relação exclusiva com a


distribuidora de energia e pouca ou quase nenhuma flexibilidade para negociação de preços,
o mercado livre oferece uma série de oportunidades para que o consumidor determine a
melhor opção de acordo com o preço da energia e o seu perfil.
Capítulo 3. Revisão da Literatura 20

Após a liberação da portaria da MME 514/2018, a demanda mínima para adesão é


reduzida em 500 kW ano após ano até que não seja mais um requisito, com o propósito de
fazer com que qualqer consumidor tenha a oportunidade de ingressar ao ACL. Atualmente,
em 2020, para se tornar um consumidor do Mercado Livre de Energia, é necessário atender
a alguns critérios, que se dizem respeito, principalmente, à demanda de energia e ao nível
de tensão:

• Consumidores Livres: Consumidores atendidos em qualquer tensão e com de-


manda contratada com a distribuidora igual ou superior a 1500 kW (ENGIE, 2019).

• Consumidores Especiais: Consumidores atendidos em média/alta tensão, com


demanda contratada igual ou superior a 500 kW e que contratem seu fornecimento
de energia exclusivamente a partir de fontes incentivadas, como pequenas centrais
hidrelétricas (PCHs), biomassa, eólica ou solar (ENGIE, 2019).

Ao aderir ao mercado livre de energia, o consumidor se sujeita a direitos e obrigações


para a CCEE. Os direitos são:

• Participação e voto nas sessões das Assembleias Gerais da CCEE;

• Acesso aos sistemas de Medição e Contabilização e Liquidação Financeira;


mantidos pela CCEE;

• Recebimento de informações relacionadas às suas operações de comercialização


de energia elétrica e às atividades desenvolvidas pela CCEE;

• Submeter eventuais Conflitos ao Conselho de Administração da CCEE, sem prejuízo


de sua submissão a processo de arbitragem;

• Convocar as Assembleias Gerais da CCEE.

E os deveres são:

• Respeitar e cumprir as disposições da Convenção e das Regras e Procedimentos


de Comercialização;

• Registrar na CCEE os contratos firmados no ACR e no ACL;

• Efetuar o aporte de Garantias Financeiras para a realização de operações de compra


e venda no Mercado de Curto Prazo;

• Suportar as repercussões financeiras decorrentes de eventual inadimplência no


Mercado de Curto Prazo, não coberta pelas Garantias Financeiras aportadas, na
proporção de seus créditos líquidos resultantes da Contabilização, no período consi-
derado;
Capítulo 3. Revisão da Literatura 21

• Efetuar o recolhimento das contribuições relativas ao funcionamento da CCEE;

• Atender às solicitações das auditorias a serem desenvolvidas na CCEE;

• Aderir à Convenção Arbitral;

• Manter seus dados cadastrais e técnicos atualizados na CCEE;

• Manter número determinado de representantes junto à CCEE, para, entre outros;

• Realizar ações necessárias às suas operações, como assinaturas de instrumentos


jurídico;

• Apresentar documentos e demais dados requeridos;

• Adotar as medidas relativas ao processo de Medição, ao processo de Contabilização


e de Liquidação Financeira, aos Leilões e outros;

• Receber os comunicados, avisos, informes, notificações e acessar relatórios e dados;

• Manter todos os ativos, de sua propriedade, vinculados a seu nome e respectivo


cadastro.

Com o cumprimento de todos os deveres, o consumidor está apto para negociar no


ACL, por meio de negociações bilaterais entre outros consumidores, geradores e comercia-
lizadores (CCEE, 2019).

Figura 3 – Negociação no ACL

Cartilha Mercado Livre de Energia Elétrica - ABRACEEL


Capítulo 3. Revisão da Literatura 22

Assim como o agente consumidor tem seus deveres e direitos, os outros agentes
também possuem. O agente gerador pode somente vender eletricidade de acordo com sua
capacidade de geração e o auto produtor, somente o excedente de sua produção. Além
disso, caso o próprio consumidor não fizer uso da totalidade da energia contratada no final
do mês, é possível que se faça a venda desse restante contratual para outros consumidores
ou geradores, por meio de uma comercializadora.
Após o consumidor ter aderido ao MLE, ainda é necessário que uma tarifa de uso do
sistema de transmissão (TUSD) seja cobrada e repassada para a distribuidora de energia.
O uso da rede continua o mesmo, somente o fornecedor de energia é alterado, ou seja,
apesar de comprar energia diretamente de unidade geradora, ainda é necessário utilizar da
rede de distribuição da concessionária local.

Figura 4 – Diferença ACR x ACL

Cartilha Mercado Livre de Energia - ABRACEEL

3.4.2 Comunhão de cargas

Mas, se a unidade consumidora deixar de atender ao requisito mínimo de demanda


contratada, ela não poderá migrar para o Mercado Livre? Nessa situação, o consumidor
poderá usufruir da vantagem da comunhão de cargas.
A comunhão de cargas é uma opção para unidades consumidoras com o mesmo
CNPJ ou localizadas em área contígua (sem separação por vias públicas). Elas podem so-
mar suas cargas para atingir 500 kW, a demanda mínima para se configurar um consumidor
especial (ABRACEEL, 2019).
Capítulo 3. Revisão da Literatura 23

Por exemplo, uma rede de supermercados com cinco lojas (todas com o mesmo
CNPJ), cada uma com 100 kW de demanda contratada. Ela poderá se tornar um único
consumidor especial por comunhão de cargas, já que somadas as demandas atingem o
requisito de 500 kW (ABRACEEL, 2019). Como mostrado na figura abaixo:

Figura 5 – Exemplo de comunhão de carga

Cartilha Mercado Livre de Energia - ABRACEEL

Outro ponto a se ressaltar é a possibilidade de transferência de energia entre


unidades consumidoras de um mesmo contrato. Sendo assim, o consumidor poderá não ter
a necessidade de contratar mais energia para atender a uma unidade que consumiu acima
do que o previsto.
A comunhão de cargas é uma vantagem para empresas industriais, comerciais e
de prestação de serviços de pequeno ou médio porte que desejam migrar para o Mercado
Livre, uma vez que suas unidades consumidoras individualmente não atenderiam ao critério
mínimo de demanda.

3.4.3 Modalidade tarifária

Demanda de potência ativa é obrigatória e continuamente disponibilizada pela


distribuidora no ponto de entrega (localização física de sua empresa), conforme valor e
período de vigência fixados em contrato. A demanda contratada deve ser integralmente
paga, seja ou não utilizada durante o período de faturamento.(MARCHIONNI; BEYER, 2004)
Modalidade tarifária horária verde: aplicada às unidades consumidoras do grupo
A, caracterizada por tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica, de acordo com
Capítulo 3. Revisão da Literatura 24

as horas de utilização do dia, assim como de uma única tarifa de demanda de potência; e
(Incluída pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012). (ANEEL, 2012).
Modalidade tarifária horária azul: aplicada às unidades consumidoras do grupo A,
caracterizada por tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica e de demanda de
potência, de acordo com as horas de utilização do dia; (Incluída pela REN ANEEL nº 479,
de 03.04.2012). (ANEEL, 2012)
De posse da modalidade tarifária aplicável a sua empresa, ficará fácil identificar os
valores de demanda contratada na fatura de energia elétrica com a distribuidora, conforme
abaixo:
Se for tarifa verde, na sua fatura de energia com a distribuidora haverá apenas um
valor de demanda, o qual deverá ser considerado para verificar se sua empresa é elegível
para o Mercado Livre.
Se for tarifa azul, na sua fatura de energia com a distribuidora haverá dois valores de
demanda. Neste caso, sempre considerar a maior demanda para verificar se sua empresa
é elegível ao Mercado Livre. (ANEEL, 2010)
25

4 Materiais e Métodos

Para o presente estudo, foram utilizadas as faturas referentes ao ano de 2019, pois
os campi funcionavam de forma presencial. Essa premissa é utilizada visando a utilização
dos campi com a mesma intensidade para quando as atividades retornarem ao normal pós
pandemia.
No mercado cativo, onde a fatura de energia é paga mês a mês, é necessário
considerar um conjunto de equações para que possa definir o uso do sistema. Essas
equações podem ser expressadas da seguinte forma:

CDP si = Dp ∗ T ar Dp (4.1)

CDF P si = Df p ∗ T ar Df p (4.2)

CusdP si = CONSp ∗ T ar T USDP (4.3)

CusdF P si = CONS ∗ T ar T USDF P (4.4)

CustoT EP si = CONSp ∗ T ar T Ep (4.5)

CustoT EF P si = CONSf p ∗ T ar T Ef p (4.6)

Para realizar o cálculo para o MLE, é utilizado das equações (4.1) até (4.4). Além
dessas é equações, temos que considerar o preço no mercado livre de energia, então
temos:

CustoACL = CONStotal ∗ P RECOacl (4.7)

Então é necessário somar o resultado das equações (4.1), (4.2), (4.3), (4.4) e (4.7).
CDPsi é o custo da demanda ponta sem imposto;
Dp é a demanda ponta registrada;
TarDp é a tarifa da demanda ponta definida pela distribuidora;
CDFPsi é o custo da demanda fora ponta sem impostos;
Dfp é a demanda fora ponta faturada;
TarDfp é a tarifa da demanda fora ponta definida pela distribuidora;
CusdPsi é o custo pelo uso do sistema de distribuição no horário de ponta sem
impostos;
CONSp é o consumo faturado no horário de ponta;
TarTUSDP é a tarifa pelo uso do sistema na ponta definida pela distribuidora;
Capítulo 4. Materiais e Métodos 26

CusdFPfpsi é o custo pelo uso do sistema de distribuição no horário de fora ponta


sem impostos;
CONSfp é o consumo faturado no horário fora de ponta;
TarTUSDfp é a tarifa pelo uso do sistema no horário fora de ponta;
CustoTEpsi é o custo da energia elétrica no horário de ponta sem imposto;
TarTEp é a tarifa de energia elétrica no horário de ponta definida pela distribuidora;
CustoTEfpsi é o custo da energia elétrica no horário de fora ponta sem impostos;
TarTEfp é a tarifa de energia elétrica no horário de fora ponta definida pela distribui-
dora;
CustoACL o custo de energia no ACL;
CONStotal é o consumo total da UNESP no período;
PRECOacl é o preço negociado no mercado livre de energia.
Para aplicação de impostos incluídos devemos usar a seguinte equação:

b
X
V cp = V si=(1 − impostos) (4.8)
a

Onde,
Vcp é o valor com impostos considerado;
Vsi é o valor sem impostos.
Os impostos considerados para a realização do estudo foram:
ICMS = 0%
P IS=P ASESP = 1%
COF INS = 4%
Tais valores foram adequados de acordo com os dados de consumo obtidos dos
campi de Ilha Solteira.
No seguinte estudo, é previsto que haverá uma migração do mercado cativo de
energia para o mercado livre para abril do ano de 2021 e os preços de energia foram obtidos
através da ANACE. O consumo médio das unidades de Ilha Solteira foi calculado por meio
das faturas disponibilizadas de 2019, assim como os dados de demanda.
Para facilitar os cálculos, as tarifas da Elektro consideradas no estudo são fixas,
ou seja, não alteram ao longo do ano. Isso faz com que o cenário simulado seja mais
conservador, uma vez que o reajuste anual pode aumentar ou reduzir a tarifa de acordo
com a nova resolução. Os dados tarifários obtidos são referentes a 2020/2021.
Capítulo 4. Materiais e Métodos 27

Tabela 2 – Reajuste tarifário Elektro 2020/2021

Próprio autor

Os preços da energia foram obtidos dos boletins semanais da ANACE entre os


meses de outubro e novembro de 2020. Para o seguinte estudo, foram utilizados os maiores
preços, assim, simulando o pior cenário previsto para os próximos anos.

Tabela 3 – Preço da Energia Incentivada Prevista até 2024

Próprio autor
Capítulo 4. Materiais e Métodos 28

Gráfico 2 – Preço da Energia Incentivada 50%

Próprio autor
29

5 Resultados e Discussão

Conforme comentado anteriormente, é primeiramente realizado uma análise geral


das faturas de energia. O estudo aborda os três campi da UNESP, dos quais são consumi-
dores da ELEKTRO distribuidora de energia, é responsável pelo fornecimento de energia
elétrica para a universidade de Ilha Solteira na totalidade. Assim, é considerado que cada
unidade da UNESP possua seu consumo próprio registrado e sua demanda contratada de
modo independente.
Os dados das faturas consideradas, para o estudo, foram de janeiro de 2019 à
dezembro de 2019, assim, representando os seguintes dados de consumo para o campus I:
Tabela 4 – Consumo MWh do Campus I

Próprio autor

Gráfico 3 – Consumo MWh do Campus I

Próprio autor
Capítulo 5. Resultados e Discussão 30

Tabela 5 – Demanda kWh do Campus I

Próprio autor

Gráfico 4 – Demanda kWh Campus I

Próprio autor

Os dados obtidos das faturas do campus II podem ser observadas nas tabelas e nos
gráficos abaixo:
Capítulo 5. Resultados e Discussão 31

Tabela 6 – Consumo MWh do Campus II

Próprio autor

Gráfico 5 – Consumo MWh do Campus I

Próprio autor
Capítulo 5. Resultados e Discussão 32

Tabela 7 – Demanda kWh Campus II

Próprio autor

Gráfico 6 – Demanda kWh Campus II

Próprio autor

Os dados obtidos das faturas do campus III podem ser observadas nas tabelas e
nos gráficos abaixo:
Capítulo 5. Resultados e Discussão 33

Tabela 8 – Consumo MWh do Campus III

Próprio autor

Gráfico 7 – Consumo MWh do Campus III

Próprio autor
Capítulo 5. Resultados e Discussão 34

Tabela 9 – Demanda kWh Campus III

Próprio autor

Gráfico 8 – Demanda kWh Campus III

Próprio autor

Analisando os dados dos três campi, é possível observar que o campus I, possui o
maior consumo e demanda contratada entre as unidades. Além disso, o perfil de consumo
das unidades são semelhantes ao decorrer do ano e a queda no consumo em alguns meses
pode ser explicada pelo período de férias, assim como já esperado. Essa diminuição pode
ser observada nos meses de janeiro, julho, julho e agosto.
Olhando para o perfil da demanda, é interessante a análise da demanda contratada
de cada campi e a demanda registrada ao longo do ano. De acordo com o Art. 93 da Resolu-
ção Normativa 414/2010, se a demanda registrada ultrapassar 5% da demanda contratada,
é cobrada uma multa sobre e demanda excedente. Por essa razão, é interessante verificar
se a demanda das unidades estão adequadas aos seus consumos.
Capítulo 5. Resultados e Discussão 35

De acordo com os dados apresentados, é possível notar que as unidade I e II


não estão adequadas a sua característica de demanda. O campus I ultrapassa o limite
regulatório nos meses de março, setembro, outubro e novembro, enquanto o campus
II ultrapassa essa margem na maioria dos meses do ano: fevereiro, março, abril, maio,
setembro, outrubro, novembro e dezembro. Por outro lado, o campus III está adequado
para todos o meses do ano. Uma revisão da demanda contratada para as unidades que
apresentam essa ultrapassagem é válida, para que assim, não haja acréscimos nos custos
de energia por meio de multa.
Como comentado anteriormente, para a realização do estudo, algumas premissas
foram estabelecidas e após a analise do perfil das unidades, é possível as enquadar como
consumidor especial, já que nenhuma unidade possui demanda contratada acima de 1500
kW. A modalidade tarifária permanecerá a mesma, ou seja, verde.
Na ausência do CCER, foi considerada a migração simultãnea de todas as unidades
para o início do mês de abril de 2021. Além disso, apesar dos campi II e III não possuírem
demanda suficiente para a migração de forma individual, será feita a comunhão de cargas,
já que compartilham da mesma raiz de CNPJ. Logo, a CCEE irá considerar a migração
de um único agente consumidor com demanda igual a soma das demandas de todas as
unidades.
Aplicando as equações apresentadas para o ACR e ACL do campus I, temos como
resultado

Tabela 10 – Custos previstos no ACL e ACR em 2021 - Campus I

Próprio autor
Capítulo 5. Resultados e Discussão 36

Tabela 11 – Benefício médio mensal do ACL para o ano de 2021 - Campus I

Próprio Autor

Apesar da economia não ser tão expressiva, é importante lembrar que a projeção foi
realizada com dados do pior cenário previsto. Além disso, a redução de custo é contabilizada
a partir de abril, mês do qual é prevista a migração para o MLE. Mesmo assim, já é possível
visualizar o benefício para o campus I de Ilha Solteira.
Os mesmos cálculos foram aplicados para o restante do período proposto pelo
trabalho, as tabelas a seguir mostram o resultado obtido:

Tabela 12 – Custos previstos no ACL e ACR em 2024 - Campus I

Próprio autor

Tabela 13 – Benefício médio mensal do ACL para o ano de 2024 - Campus I

Próprio Autor
Capítulo 5. Resultados e Discussão 37

Para o ano de 2024, diferente da projeção para 2021, é previsto uma redução de
custo significante, tendo uma média mensal de benefício de 33,58% ou R$23.800,51. O
gráfico abaixo demonstra o resultado e o beneficio para cada ano previsto no MLE do
campus I com os impostos aplicados.

Tabela 14 – Resumo do Resultados do campus I

Próprio Autor

É importante destacar que para o ano de 2021 de todas as projeções dos campi, os
meses contabilizados se iniciam somente em abril, da qual é a data de migração para o ACL
usada no estudo. Para os restantes dos anos, todos os meses do ano são contabilizados.

Gráfico 9 – Resultado do Estudo do Campus I

Próprio Autor

As mesmas equações foram aplicadas para os campi II. A tabela 15 e o gráfico 10


abaixo demonstram os resultados resumidos dessa projeção:
Capítulo 5. Resultados e Discussão 38

Tabela 15 – Resumo do Resultados do campus II

Próprio autor

Gráfico 10 – Resultado do Estudo do Campus II

Próprio autor

Podemos visualizar que o benefício médio para o campus II ao longo do período


proposto é de 25,51% ou R$452.329,68.
E para o campus III o mesmo raciocínio foi seguido. Com isso, foi obtido o resultado
abaixo:
Capítulo 5. Resultados e Discussão 39

Tabela 16 – Resumo do Resultados do campus III

Próprio autor

Gráfico 11 – Resultado do Estudo do Campus III

Próprio autor

Tendo como benefício médio para o campus III ao longo do período proposto de
25,64% ou R$266.300,07.
Com os estudos individuais de cada unidade, é possível que seja montado um
resultado consolidado do estudo como um todo, apresentando o benefício total do estudo.
O resultado pode ser observado abaixo:
Capítulo 5. Resultados e Discussão 40

Tabela 17 – Resumo do Resultado Consolidado do Estudo

Próprio autor

Gráfico 12 – Resultado Consolidado do Estudo

Próprio autor

Logo, é visível que todos os campi analisados têm redução de custo de energia ao
optarem à aderir ao Mercado Livre de Energia. No montante total do estudo consolidado, o
benefício médio em custo com energia é de 27,18% ou R$ 1.610.466,39.
41

6 Conclusão

Ao analisar os resultados obtidos do cenário proposto, é possível concluir que os três


campi da Unesp de Ilha Solteira apresentam viabilidade econômica para a migração para o
mercado livre de energia. Resultando em um benefício médio de 27,18% ou R$1.610.466,39
durante o período analisado. Esse valor é significativo e a redução desse custeio com a
eletricidade pode ser alocada em outro setores da universidade, como o próprio ensino
e infraestrutura. O campus I apresentou o maior benefício financeiro e percentual dentre
as unidades, onde o benefício financeiro é explicado pelo maior valor médio das faturas
analisadas.
É interessante a adequação da demanda contratada dos campi I e II para seus perfis
de consumo, não ultrapassando o limite regulatório de 5% acima da demanda contratada.
Com isso, é possível reduzir ainda mais a fatura de energia, já que não haverá a cobrança
de 100% sobre a tarifa de demanda. Além disso, utilização de contratos contendo cláusulas
de sazonalidade de acordo com o perfil de consumo das unidades também é interessante.
Pois, durante os meses de férias dos alunos da universidade, o consumo das unidade é
reduzido em comparação ao restante do ano.
Então, migrar para o mercado livre de energia pode trazer grandes benefícios à
instituição como um todo, economizando mais de R$1,6 milhão. Ao ver a situação de crise
do país que está sendo afetado pelo COVID-19, é interessante o estudo de qualquer forma
mitigar os danos causados.
42

Referências

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56, 2012. Disponível em: http://www2:aneel:gov:br/cedoc/ren2012479:pdf. Acesso em:
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