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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

JOAO VITOR DE MELO COSTA

ANÁLISE DE INGRESSO DE USINAS TERMELÉTRICAS


NO MERCADO ENERGÉTICO BRASILEIRO

SÃO PAULO

2009
II

JOÃO VITOR DE MELO COSTA

ANÁLISE DE INGRESSO DE USINAS TÉRMELÉTRICAS


NO MERCADO ENERGÉTICO BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial para
obtenção do título de Graduação do
Curso de Engenharia de Produção com
ênfase Logística da Universidade
Anhembi Morumbi

Orientador: Professor Msc José Carlos Jacintho

SÃO PAULO

2009
III

JOÃO VITOR DE MELO COSTA

ANÁLISE DE INGRESSO DE USINAS TÉRMELÉTRICAS


NO MERCADO ENERGÉTICO BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial para
obtenção do título de Graduação do
Curso de Engenharia de Produção com
ênfase Logística da Universidade
Anhembi Morumbi

Trabalho_______________________em:___de_________________de 2009

_____________________________________________________________

Nome do Orientador

Nome do professor da banca

Comentários:_____________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
___________________________________________________
IV

Dedico esse trabalho à minha família, que


muito somou em toda minha formação
acadêmica.
V

AGRADECIMENTOS

A Deus pelas condições de enfrentar esse desafio.

Ao professor e orientador José Carlos Jacintho, pela presteza e envolvimento nas horas
dispensadas para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao professor Francisco Carlos Damante, pelas dicas e detalhamentos dos itens que
compõe o trabalho.

Aos meus familiares, pelo suporte e incentivo prestado.

À minha namorada Evellyn, pelo companheirismo e compreensão nos momentos de


dedicação a esta tarefa.

A todos os amigos de trabalho da Gerência de Leilões e Liquidação, pela ajuda na


lapidação de idéias, coleta de dados e formulação de conclusões.

A todos os colegas de classe e professores que de maneira fundamental, agregaram


conhecimento a minha vida.
VI

“Não sabendo que era impossível, ele foi


e o fez”. (Jean Cocteau)
VII

RESUMO

Este trabalho explora os principais desafios quanto às operações de uma usina


termelétrica em meio às exigências, características e transformações do mercado
energético brasileiro, relacionando os entraves de cada período e as necessidades
associadas à demanda de consumo de energia.

Através da utilização de ferramentas analíticas, como árvore de possibilidades e análise


SWOT, aponta-se vantagens e desvantagens nos cenários demonstrados pelo setor,
caracterizando um modelo para simulação e auxílio em tomadas de decisão.

Palavras Chaves: Setor Elétrico, Mercado de Energia, Usinas Termelétricas, Árvore de


Possibilidades, Análise SWOT
VIII

ABSTRACT

This paper explores the main challenges regarding the operations of a thermal power
plant, facing the demand, features and Brazilian energy market transformation, relating the
period’s barrier and the needs associated to energy request.

Through analysis tools management, such as possibility tree and SWOT tool, it is pointed
advantages and disadvantages at the sector’s scenario, becoming a simulator template to
help taking decisions.

Keywords: Electric Sector, Energy Market, Thermal Power Plant, Possibility Tree and
SWOT Analysis.
IX

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Matriz Energética Brasileira .................................................................................. 1


Figura 2: Custos de Produção de energia elétrica no Brasil ................................................ 3
Figura 3: instituições do setor elétrico brasileiro ................................................................ 13
Figura 4: Gráfico do perfil anual da carga energética ........................................................ 20
Figura 5: Gráfico do perfil mensal da carga energética ..................................................... 20
Figura 6: Gráfico do perfil diário da carga energética ........................................................ 21
Figura 7: Central Termelétrica com combustão externa (a vapor) ..................................... 29
Figura 8: Ambientes de Contratação e comercialização de energia .................................. 31
Figura 9: Cronograma de leilões ........................................................................................ 32
Figura 10: Análise por fonte das energias totais contratadas em leilões ........................... 33
Figura 11: Análise por fonte das energias totais contratadas em leilões ........................... 34
Figura 12: Histórico de variação do PLD ........................................................................... 37
Figura 13: Histograma Leilões de Energia Nova ............................................................... 39
Figura 14: Histograma Leilão de Fontes Alternativas ........................................................ 40
Figura 15: Histograma Leilão de Energia de Reserva ....................................................... 41
Figura 16: Árvore de possibilidades ................................................................................... 43
Figura 17: Matiz SWOT – Leilão de Reserva ..................................................................... 46
X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Evolução do consumo energético total por fonte (em Mtep) .............................. 12
Tabela 2: Resultados das usinas termelétricas participantes dos Leilões de Energia Nova
(1º ao 7º Leilão) ................................................................................................................. 24
Tabela 3: Resultados das usinas participantes do leilão de fontes alternativas ................ 25
Tabela 4: Resultado das usinas participantes do leilão de energia de reserva ................. 26
Tabela 5: Histórico de preços médios ................................................................................ 36
Tabela 6: Análise dos dados de receita fixa dos leilões de Energia Nova ......................... 39
Tabela 7: Análise dos dados de receita fixa do Leilão de Energia de Fontes Alternativas 40
Tabela 8: Análise dos dados de receita fixa do Leilão de Energia de Reserva ................. 41
XI

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ACL Ambiente de Contratação Livre

ACR Ambiente de Contratação Regulada

BIG Banco de Informações da Geração

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CGH Centrais Geradoras Hidrelétricas

CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

CNPE Conselho Nacional de Política Energética

EPE Empresa de Pesquisa Energética

ICE Índice de Classificação do Empreendimento

ICB Índice de Custo Benefício

MME Ministério de Minas e Energia

ONS Operador Nacional do Sistema

PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas

PIB Produto Interno Bruto

PLD Preço de Liquidação de Diferenças

PIE Produtor Independente de Energia

SIN Sistema Interligado Nacional

UHE Usina Hidrelétrica


XII

LISTA DE SÍBOLOS

MW MEGAWATT

Mtep Milhões de toneladas equivalentes a petróleo

KV KILOVOLT
XIII

Conteúdo

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1

2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 5

2.1 Objetivo Geral ......................................................................................................... 5

2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 5

3 MÉTODOLOGIA DE TRABALHO ................................................................................. 6

4 JUSTIFICATIVA............................................................................................................ 7

5 HISTÓRICO DA ENERGIA ELÉTRICA DO BRASIL .................................................... 8

5.1 A transição para o novo modelo energético ........................................................... 9

6 IMPORTÂNCIA DAS USINAS TÉRMICAS ................................................................. 10

7 DESAFIOS DO SETOR ENERGÉTICO BRASILEIRO ............................................... 12

7.1 Instituições do setor .............................................................................................. 13

7.2 Conceitos e características do sistema elétrico brasileiro .................................... 16

8 DESEQUILÍBRIO ENTRE OFERTA E DEMANDA DE ENERGIA NO BRASIL .......... 18

9 ESTUDO DE CASO.................................................................................................... 24

9.1 Premissas adotadas ............................................................................................. 24

9.2 Características das usinas termelétricas .............................................................. 29

9.3 Características do mercado alvo .......................................................................... 30

9.3.1 Ambiente de Contratação Regulada.................................................................. 31

9.3.2 Ambiente de Contratação Livre ......................................................................... 34

9.4 Características dos PLD ....................................................................................... 36

9.5 Árvore de possibilidades e eventos ...................................................................... 37

9.5.1 Probabilidades e retornos associados em leilões .............................................. 38

9.5.2 Probabilidades e retornos associados em contratos bilaterais .......................... 42

9.5.3 Diagrama da árvore de decisão ........................................................................ 42


XIV

9.6 Garantias de participação e custos com leilão ..................................................... 44

9.7 Análise SWOT ...................................................................................................... 45

10 Conclusões .............................................................................................................. 48

10.1 Conclusões da análise do mercado, histórico e reforma do setor ..................... 48

10.2 Conclusões do estudo de caso ......................................................................... 49

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 51

ANEXO A ............................................................................................................................. 1

ANEXO B ............................................................................................................................. 2

ANEXO C............................................................................................................................. 6

ANEXO D............................................................................................................................. 7
1

1. INTRODUÇÃO

Segundo o Conselho Mundial de Energia, o consumo de energia em nível mundial deve


dobrar até 2050. O Brasil responde por 2% da produção de energia mundial superando
em 2007 a marca de aproximadamente 100 mil MegaWatts (MW) de potência instalada
segundo a ANEEL.

Conforme o gráfico, 45,4% da Mariz brasileira é composta de energia renovável


(biomassa e hidroeletricidade). Um parque muito equilibrado e bem desenvolvido do ponto
de vista ambiental e sustentável.

Figura 1: Matriz Energética Brasileira

Fonte: Balanço Energético Nacional 2009


2

No entanto esse desempenho nem sempre foi satisfatório assim, ao longo do século XX a
farta oferta de energia era obtida principalmente por combustíveis fósseis que também
fomentaram o crescimento e as transformações da economia mundial.

Hoje a realidade é outra e é explícita a necessidade do desenvolvimento de modelos


sustentáveis.

A hidroeletricidade é um exemplo, e a fonte mais abundante no parque energético


brasileiro. Segundo o Banco de Informações da Geração (BIG) da ANEEL, até novembro
de 2008, existiam em operação 227 CGHs, com potência total de 120 MW; 320 PCHs (2,4
mil MW de potência instalada) e 159 UHE com uma capacidade total instalada de 74,632
mil MW. Em novembro de 2008, as usinas hidrelétricas, independentemente de seu porte,
responderam por 75,68% da potência total do país, esse dado já atingiu a faixa de 90%
no passado.

Observa-se portanto, uma tendência a redução dessa modalidade de produção de


energia, o que não necessariamente se caracteriza como um desempenho negativo,
muito embora ocorrida em função dos seguintes fatores:

“Necessidade de diversificação da matriz elétrica prevista no planejamento


do setor elétrico, de forma a aumentar a segurança no abastecimento.
Dificuldade em ofertar novos empreendimentos hidráulicos pela ausência
de novos estudos e inventários. Aumento de entraves jurídicos que
protelam o licenciamento ambiental de usinas de fonte hídrica, provocando
o aumento constante da contratação por usinas de fonte térmica (a maioria
que queimam derivados de petróleo ou carvão).” (Atlas de energia elétrica
do Brasil - ANEEL, 2008, p. 54)

Apesar da abundância de água no planeta e principalmente em nosso país, a redução da


participação da hidroeletricidade no mercado nacional cabe também ao ponto vista
empreendedor, considerando o indicador custo de produção.

De acordo com o gráfico que segue, é relativamente baixo o custo para produzir energia a
partir de quedas d’água, no entanto, esta não se caracteriza a fonte mais barata:
3

Figura 2: Custos de Produção de energia elétrica no Brasil

Fonte: ANEEL, 2009.

Em função da emissão de poluentes no processo de combustão que rotaciona a turbina,


as usinas térmicas não se destacam no perfil ambiental, com exceção da das usinas de
biomassa que aproveitam resíduos para a produção.

Além de aumentar gradativamente a quantidade em todo o sistema, essas usinas em


conjunto com outras termelétricas assumem papel relevante nas estratégias de
atendimento da demanda. Isto se deve à maneira na qual esse tipo de usina é acionado
quando do crescimento da carga. O Operador Nacional do Sistema (ONS), detalhado
mais a frente, é responsável por assegurar o atendimento da carga de energia em tempo
real operando o SIN1 e aproveitando ao máximo a capacidade das hidrelétricas por motivo
dos custos. A participação das termelétricas é dosada, somente complementando o
volume de geração. Em suma, as usinas térmicas adotam um perfil de disponibilidade, ou
seja, são pagas para estarem dispostas a gerar quando necessário.
1
SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL - Sistema Interligado Nacional (SIN) instalações responsáveis pelo
suprimento de energia elétrica a todas as regiões eletricamente interligadas do país. Apenas cerca de 2%
da capacidade de produção de eletricidade do país encontra-se fora do SIN, em pequenos sistemas
isolados localizados principalmente na região amazônica. (Fonte: www.ons.org.br)
4

Economicamente essas usinas possibilitam redução do custo de produção de toda a


carga, pela mistura das fontes de geração proporciona-se segurança ao suprimento,
evitando risco em situações críticas da hidrologia. Se do contrário, um sistema
completamente hidrelétrico teria certamente um custo de produção de energia que
acompanharia a variabilidade da disposição hídrica (TAVARES; KELMAN, 2007).

Manter a oferta de energia em crescimento e mudar seu perfil quando preciso, é um


desafio permanente de cada nação, principalmente quando tratamos segundo a ANEEL,
de 61 milhões de consumidores espalhados num território de gigantesco como o Brasil.

Desta forma as usinas termelétricas incorporam de maneira tática, uma função de grande
importância no desafio citado, nesse sentido o trabalho demonstra uma contribuição
acadêmica ao exposto.
5

2 OBJETIVOS

Para um melhor balizamento do desenvolvimento do trabalho e resultados visados, os


Objetivos são divididos em Gerais e Específicos e definidos da seguinte forma:

2.1 Objetivo Geral

Analisar o modelo do mercado energético brasileiro e detalhar os mecanismos e


sistemáticas previstos que possibilitam estocar, repassar e comercializar energia de forma
a suprir as demandas energéticas do Brasil.

Apontar os desafios e elaborar propostas para o ingresso de uma usina térmica no


mercado alvo, além de sintetizar cada vez mais essa energia como um insumo estratégico
para modelos de gestão empresarial e operacionalização do sistema.

2.2 Objetivos Específicos

Tendo como referência os itens principais postos no objetivo geral, é mantido como meta
atender as seguintes questões de maneira específica:

Analisar a atuação dos órgãos reguladores governamentais e estrutura do mercado de


acordo com as exigências atuais.

Expor as conseqüências do planejamento do novo modelo energético brasileiro.

Elaborar uma situação estudo de caso, que possibilite a análise e tomada de decisões
frente aos desafios de uma usina termoelétrica2 fictícia, com a pretensão de comercializar
energia.

Utilizar ferramentas que embasem as escolhas e aperfeiçoem o resultado pretendido na


simulação supracitada de acordo com os dados reais praticados no mercado.

2
Instalação na qual a energia calorífica oriunda da queima de combustíveis é transformada em energia
elétrica.
6

3 MÉTODOLOGIA DE TRABALHO

A Metodologia formada quanto aos fins, foi realizada em primeira instância com base em
pesquisas dos tipos descritivas e documental, além da bibliográfica.

“A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos


variáveis sem manipulá-los” (CERVO 2002, p. 66)

O Método de pesquisa documental enquadrou-se conforme (CERVO 2002, p. 67) pela


investigação de documentos a fim de se poder descrever e comparar usos e costumes.
Pois segundo (SANTOS, 2001, p.29), “documentos são as fontes de informação que
ainda não receberam organização, tratamento analítico e publicação”.

O levantamento de base teórica em livros, artigos, leis, decretos, resoluções, páginas na


Internet, entre outros, compôs a pesquisa bibliográfica. E por fim a aplicação de um
estudo de caso com vista a simular resultados.

Coube também ao estudo a exemplificação de situações que caracterizam os


fundamentos descritos teoricamente, aliando os resultados práticos.
7

4 JUSTIFICATIVA

Independente da complexidade dos processos de produção, a energia elétrica sempre foi


um insumo vital tanto para as empresas, quanto para os simples consumidores
residenciais. A responsabilidade de manter o contínuo fornecimento de energia e a
disponibilidade para futuras demandas, que acompanham o crescimento econômico
nacional, envolve estratégias de planejamento, contenção e segurança, em um ambiente
onde a palavra “falta” geralmente está associada a penalidades onerosas e prejuízos
comprometedores (ANEXO A).

Desta forma, os impactos e o encaixe dessas estratégias nas indústrias e principalmente


nas unidades geradoras de energia, estabelecem um campo para apreciação, visto que
ao longo do curso de Engenharia de Produção termos como “previsão” e “segurança”
implicam diretamente na utilização de estoques.

Entretanto, como aplicar este conceito tendo em vista que a energia elétrica é uma
commoditie não passível de armazenamento? Neste sentido, outras questões que nos
desafiam são:

De que maneira um insumo de produção não tangível pode ser poupado e sua utilização
dosada estrategicamente evitando escassez de produção? De que forma o governo
anteviu situações onde a demanda conflitava oferta e qual o planejamento adotado para
evitar os chamados “apagões”?

Qual o papel das usinas térmicas em complemento ao funcionamento de um sistema


elétrico composto basicamente por usinas hidrelétricas?
8

5 HISTÓRICO DA ENERGIA ELÉTRICA DO BRASIL

Até a década de 40 mais de 70% da energia primária utilizada no Brasil advinha da


queima de madeira, porém ao fim da Segunda Guerra Mundial, a industrialização
começou a desenvolver o país, exigindo em devida proporção o aumento de demanda de
energia para atendimento.

A partir da década de 70, com a publicação da Lei nº 5655/71, que estabelecia o regime
tarifário denominado “custo do serviço”, consistente em estipular tarifas de energia elétrica
que custeassem as etapas de geração, transmissão e distribuição, uma remuneração
específica era garantida para as empresas do setor.

Entretanto, brevemente percebeu-se que diferenças entre os custos de geração e


distribuição provocariam balanços deficitários nas empresas do setor, levando o governo
a adotar um sistema que equilibrasse a equação tarifária, isto fora proposto no Decreto-
Lei 1.383/74, que basicamente determinava que as empresas que possuíssem lucros
repassassem para aquelas que se encontravam em prejuízo.

Neste cenário, que perdurou até 1995, predominavam estatais verticalizadas,


responsáveis pelas atividades nos três setores juntamente.

Esta maneira de gestão do sistema e a política assumida pelas empresas não


propulsionavam em nada o desenvolvimento expansivo. Em qualquer construção de
sistema de distribuição, linhas de transmissão ou usinas, os recursos eram obtidos por
meio de financiamentos originários do crédito público.

Figuravam-se portanto, diversos monopólios estagnados nas atividades de energia


elétrica, uma vez que todos consumidores eram cativos3 e não haviam critérios
condizentes na regulamentação e nem nas tarifas. Era expressa a necessidade de
mudanças e medidas que oferecessem aumento da oferta da energia e a reestruturação

3
Consumidor que só pode comprar energia elétrica da concessionária ou permissionária que detém a
concessão do serviço de distribuição de energia elétrica para na região em que se encontra instalado,
ficando submetido à tarifa e condições de fornecimento determinados pela ANEEL.
9

do setor elétrico nacional. Desta maneira o governo federal publicou a Lei nº 8.631/93,
que extinguiu a equalização tarifária vigente e criou os contratos de suprimento entre
geradores e distribuidores, visando estancar as dificuldades financeiras das empresas na
época, sendo essa ação considerada como marco inicial da reforma do Setor Elétrico
Brasileiro. Como segundo passo, a publicação da Lei nº 9.074/95 trouxe estímulo a
participação da iniciativa privada no setor de geração de energia elétrica com a criação da
figura do Produtor Independente de Energia (PIE), sendo estabelecida a possibilidade de
uma empresa privada produzir e comercializar energia, atividade antes vedada às
concessionárias estatais.

Esta lei também estabeleceu os primeiros passos rumo à competição na comercialização


de energia elétrica, com a criação do conceito de Consumidor Livre 4, consumidor que,
atendendo a requisitos estabelecidos na legislação vigente, tem liberdade de escolha de
seu fornecedor de energia elétrica. Dessa forma, o mercado, que era totalmente regulado,
possuindo apenas consumidores cativos, passou a considerar também a possibilidade de
consumidores livres, que passaram a negociar livremente as cláusulas contratuais para o
fornecimento de energia elétrica.

5.1 A transição para o novo modelo energético

De acordo com Leite (2007, p. 297), os primeiros passos para a concepção de um novo
modelo surgiram no governo Fernando Henrique Cardoso, com o lançamento de uma
licitação abrangente de estudo sobre a reforma do setor, elegendo 34 questões chaves
passível de solução na área. Em paralelo era criada uma organização denominada RE –
SEB5, com o objetivo de discutir e alinhar as questões propostas pelo edital, além do
aumento da capacidade e produção da matriz de geração do Brasil.

4
Consumidor de energia que exerce a opção de compra de energia elétrica, conforme definido nos art. 15 e
16 da Lei nº 9.074/95. Fonte: Decreto nº 5.163/04.

5
Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia,
criado com a missão de
10

Os resultados visados eram basicamente a aplicação de três assuntos primordiais a


reestruturação:

1. “Introdução de competição nos segmentos de geração e comercialização de


energia elétrica
2. Criação de mecanismos de defesa da concorrência nos segmentos competitivos
como desverticalização e livre acesso com tarifas não discriminatórias
3. Desenvolvimento de mecanismos de incentivos nos segmentos com mercado
cativo (distribuição e transmissão), que permaneceram como monopólios.”(VIEIRA,
2007, p. 108)

No entanto a grande plataforma para desenvolvimento era transformar um setor elétrico


monopolista em um mercado concorrencial, perdurando através de diversas privatizações
de mercado para até a troca do governo atual, que absorveu este método e se propunha
a melhorar além de divisões primárias da nação, tais como educação, saúde, segurança,
o parque energético e o aprimoramento de um modelo de comercialização para
atendimento do consumo. Neste momento a energia embasava quatro pilares políticos:

1. Estabelecer uma modicidade tarifária: Basicamente competitividade comercial com


foco na redução de preços.
2. Assegurar o suprimento contínuo: Construções de novas usinas, principalmente de
grande porte.
3. Garantir a estabilidade regulatória: criar um molde que proporcione segurança legal
ao investidor, atraindo empreendedores por meio de leis e tributos favoráveis.
4. Inserção social: Atendimento em áreas críticas e isoladas, proliferando cultura e
informação através do acesso a rede elétrica, Programa Luz para Todos6.

6 IMPORTÂNCIA DAS USINAS TÉRMICAS

São consideradas usinas termoelétricas a as que utilizam como combustível para geração
de energia: carvão, óleo, gás, energia nuclear e biomassa. Onde segundo Reis (2003, p.
6
Programa é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, que tem a meta de levar energia elétrica para
mais de 10 milhões de pessoas do meio rural. Fonte: MME, 2008.
11

65), o processo de funcionamento está baseado na transformação de energia térmica em


energia mecânica e desta então em energia elétrica.

Leite (2007, p.295), cita que as usinas nucleares são demasiadamente inflexíveis por
razões técnicas. As usinas a carvão e a óleo, devido à possibilidade de estocagem de
combustível em armazéns ou tanques, podem operar com maior variação estacional. As
usinas a gás, geralmente supridas por contratos de suprimento take-or-pay7 e ship-or-
pay8, onde a parcela de pagamento é obrigatória, tem sua flexibilidade reduzida, devida a
ausência de reservatórios de regularização. A biomassa no entanto, é uma das fontes
com maior potencial de crescimento nos próximos anos, segundo a ANEEL (2008, p.65).
Apesar da boa flexibilidade, ainda é uma opção em maturação com representação pouco
expressiva no matriz nacional.

Inicialmente, a capacidade instalada de usinas térmicas no Brasil não foi bem


desenvolvida, em função da pouca reserva de gás natural e baixa qualidade do carvão.
Essas questões foram destacadas no momento da reforma setorial e a necessidade do
aumento desse índice era primordial do ponto de vista operacional. LEITE (2007, P.296).

No livro de Bermann (2002, p.124), há prospecto da evolução do consumo energético


total por fontes de energia, projetando até o ano de 2020 esta divisão, que é tabelada da
seguinte forma:

7
Arranjo contratual que estabelece que o comprador do gás está obrigado a (1) receber/retirar um
determinado volume mínimo de gás junto ao vendedor, pagando o preço acordado pelo volume mínimo ou
(2) caso não possa retirar o volume mínimo acordado, apenas pagar o preço ajustado. Fonte: Valor
Econômico 2005.

8
Acordo que estabelece cobrança do serviço de transporte em um determinado modal, independente dos
montantes movimentados e consumidos. Fonte: www.petrobras.com.br
12

Tabela 1: Evolução do consumo energético total por fonte (em Mtep)

Fonte: BERMANN 2002

A estimativa é baseada na intensidade de consumo energético nas próximas duas


décadas e variação do PIB.

É notável o crescimento do Bagaço/Álcool e Outras fontes ao longo do tempo, denotando


o papel das agroindústrias e conseqüentemente as usinas correlatas a essas fontes.

7 DESAFIOS DO SETOR ENERGÉTICO BRASILEIRO

Atualmente o setor elétrico brasileiro é estritamente regulamentado pelo Ministério de


Minas e Energia, criado em julho de 1960, herdando a responsabilidade de até então do
Ministério da Agricultura.
13

Tendo como atual representante o Ministro de Estado Edison Lobão, são


responsabilidades do MME os recursos minerais e energéticos do país. Dentre as
autarquias vinculadas ao MME está o respectivo órgão regulamentador dedicado aos
interesses energéticos, a ANEEL. (MME, 2009).

7.1 Instituições do setor

Com a criação do novo modelo, estrategicamente foram criadas outras entidades e


atribuições instituídas no setor energético. Conforme figura e descrições seguintes:

Figura 3: instituições do setor elétrico brasileiro

Fonte: CCEE: 2009

Conforme CCEE (Visões Gerais 2009, p. 11) as instituições possuem os seguintes


papeis:
14

CNPE – Conselho Nacional de Política Energética: O CNPE é um órgão


interministerial de assessoramento à Presidência da República, tendo
como principais atribuições formular políticas e diretrizes de energia,
assegurar o suprimento de insumos energéticos às áreas mais remotas ou
de difícil acesso no país, rever periodicamente as matrizes energéticas
aplicadas às diversas regiões do país, estabelecer diretrizes para
programas específicos, como os de uso do gás natural, do álcool, de
outras biomassas, do carvão e da energia termonuclear, além de
estabelecer diretrizes para a importação e exportação de petróleo e gás
natural.

MME – Ministério de Minas e Energia: MME é o órgão do Governo


Federal responsável pela condução das políticas energéticas do país.
Suas principais obrigações incluem a formulação e implementação de
políticas para o setor energético, de acordo com as diretrizes definidas
pelo CNPE. O MME é responsável por estabelecer o planejamento do
setor energético nacional, monitorar a segurança do suprimento do Setor
Elétrico Brasileiro e definir ações preventivas para restauração da
segurança de suprimento no caso de desequilíbrios conjunturais entre
oferta e demanda de energia.

EPE – Empresa de Pesquisa Energética: Instituída pela Lei nº 10.847/04


e criada pelo Decreto nº 5.184/04, a EPE é uma empresa vinculada ao
MME, cuja finalidade é prestar serviços na área de estudos e pesquisas
destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético.

Suas principais atribuições incluem a realização de estudos e projeções da


matriz energética brasileira, execução de estudos que propiciem o
planejamento integrado de recursos energéticos, desenvolvimento de
estudos que propiciem o planejamento de expansão da geração e da
transmissão da energia elétrica de curto, médio e longo prazo, realização
de análises de viabilidade técnico econômica e sócio-ambiental de usinas,
bem como a obtenção da licença ambiental prévia para aproveitamentos
hidrelétricos e de transmissão de energia elétrica.

CMSE – Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico: O CMSE é um


órgão criado no âmbito do MME, sob sua coordenação direta, com a
função de acompanhar e avaliar a continuidade e a segurança do
suprimento elétrico em todo o território nacional.

Suas principais atribuições incluem: acompanhar o desenvolvimento das


atividades de geração, transmissão, distribuição, comercialização,
importação e exportação de energia elétrica; avaliar as condições de
abastecimento e de atendimento; realizar periodicamente a análise
integrada de segurança de abastecimento e de atendimento; identificar
dificuldades e obstáculos que afetem a regularidade e a segurança de
abastecimento e expansão do setor e elaborar propostas para ajustes e
ações preventivas que possam restaurar a segurança no abastecimento e
no atendimento elétrico.

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica: A ANEEL foi instituída


pela Lei nº 9.247/96 e constituída pelo Decreto nº 2.335/97, com as
15

atribuições de regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e


comercialização de energia elétrica, zelando pela qualidade dos serviços
prestados, pela universalização do atendimento e pelo estabelecimento
das tarifas para os consumidores finais, preservando a viabilidade
econômica e financeira dos e da indústria. As alterações promovidas em
2004 pelo modelo estabeleceram como responsabilidade da ANEEL, direta
ou indiretamente, a promoção de licitações na modalidade de leilão, para a
contratação de energia elétrica pelos Agentes de Distribuição do Sistema
Interligado Nacional

ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico: Possui as


responsabilidades de operar, supervisionar e controlar a geração de
energia elétrica no SIN, e administrar a rede básica de transmissão de
energia elétrica no Brasil, com o objetivo principal de atender os requisitos
de carga, otimizar custos e garantir a confiabilidade do sistema, definindo
ainda, as condições de acesso à malha de transmissão em alta-tensão do
país. As alterações implantadas a partir de 2004 trouxeram maior
independência à governança do ONS, através da garantia de estabilidade
do mandato de sua diretoria.

CCEE - Câmara de Comercialização de Energia Elétrica: A CCEE,


instituída pela Lei nº 10.848/04 e criada pelo Decreto nº 5.177/04,
absorveu as funções e estruturas organizacionais e operacionais principais
obrigações estão: a apuração do Preço de Liquidação de Diferenças
(PLD), utilizado para valorar as transações realizadas no mercado de curto
prazo; a realização da contabilização dos montantes de energia elétrica
comercializados; a liquidação financeira dos valores decorrentes das
operações de compra e venda de energia elétrica realizadas no mercado
de curto prazo e a realização de leilões de compra e venda de energia no
ACR por delegação da ANEEL.

As entidades tornaram-se ao longo da história os protagonistas entre diversos


personagens que compõe a trama da formação do novo setor elétrico brasileiro, que se
inicia em meados da década de 90.

Para somar a discriminação de todo o processo da principal transformação do setor, são


abordados no próximo item, relevantes conceitos para um melhor enquadramento da
situação.
16

7.2 Conceitos e características do sistema elétrico brasileiro

Segundo Leite (2007, p. 293), o sistema elétrico brasileiro possui diversas particularidades
que diferenciam sua operação e o destaca em meio aos outros grandes sistemas
nacionais, como exemplo podem ser citadas:

1. Sistema com 90% de capacidade hidráulica;

2. Muitas das grandes usinas, com os respectivos reservatórios, se localizavam em


sequência no curso de um mesmo rio;

3. O País ainda tenta alcançar (tenha ou não sucesso nessa pretensão) crescimento
econômico em ritmo intenso, equivalente ao que já teve em décadas anteriores, o
que pode requerer fortes taxas de expansão dos serviços de eletricidade;

4. As usinas hidrelétricas demandam muito mais tempo (cinco anos) que as usinas
térmicas (três anos), para sua construção

Outro fator de grande valia para entendimento conceitual é conforme Vieira (2007, p.
112), a questão do mecanismo de comercialização ser paralelo e independente de todo o
mecanismo de operação do sistema elétrico, o ONS, que aciona as usinas de forma que a
operação hidrotérmica interligada seja otimizada.

Basicamente o setor Brasileiro é composto de diversas classes operantes, com


características e atividades distintas. A seguir são relacionados os papeis dos agentes
que compõe o modelo atual, conforme Cartilha: Visões gerais de operações na (CCEE,
2009):

GERAÇÃO:

Os Agentes de geração podem ser classificados em:

Concessionários de Serviço Público de Geração: Agente titular de Serviço Público


Federal delegado pelo Poder Concedente modalidade de concorrência, à pessoa
jurídica ou consórcio de empresas para exploração e prestação de serviços
públicos de energia elétrica, nos termos da Lei nº 8.987/95.
17

Autoprodutores: São agentes com concessão, permissão ou autorização para


produzir energia destinada a seu uso exclusivo, podendo comercializar eventual
excedente de energia, desde que autorizado pela ANEEL.

Produtores Independentes de Energia Elétrica: Agentes individuais ou reunidos em


consórcio que recebem concessão, permissão ou autorização do Poder
Concedente para produzir energia elétrica destinada à comercialização por sua
conta e risco.

A atividade de geração de energia elétrica apresenta um caráter competitivo, os


geradores possuem livre acesso aos sistemas de transmissão e distribuição de energia
elétrica.

TRANSMISSÃO: Tais agentes são responsáveis por gerir as redes de transmissão, as


quais consistem em vias de uso aberto, podendo ser utilizadas por qualquer outro agente,
pagando tarifas pelo uso do sistema de transmissão (TUST)9 ou de distribuição (TUSD)10,
conforme o caso.

A construção/operação de novas linhas de transmissão operação de novas linhas de


transmissão é objeto de leilões, nos linha, cabe ao agente de transmissão mantê-la
disponível para uso, sendo quais os agentes oferecem o lance pelo menor custo para
instalação e manutenção da linha, cooperando para a modicidade tarifária do setor. Após
a construção da ressarcido para isto, independentemente da quantidade de energia
transportada através da linha de transmissão.

9
As Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão – TUST referem-se ao pagamento do serviço de transporte
de grandes quantidades de energia elétrica por longas distâncias que, no caso do Brasil, é feito utilizando-
se de uma rede de linhas de transmissão e subestações em tensão igual ou superior a 230 kV, denominada
Rede Básica. Qualquer agente do setor elétrico, que produza ou consuma energia elétrica tem direito ao
uso da Rede Básica, uma vez atendidas certas exigências técnicas e legais.

10
As Tarifas de Uso do Sistema de Distribuição – TUSD referem-se ao pagamento pelo uso do sistema de
distribuição de energia elétrica de uma agente de distribuição (linhas de transmissão com tensão inferior a
230 kV, estações transformadoras e redes de distribuição)
18

DISTRIBUIÇÃO: Os Agentes de Distribuição realizam atividades orientadas a serviços de


rede e de venda de energia aos consumidores com tarifas e condições de fornecimento
reguladas pela ANEEL (Consumidores Cativos). Com o novo modelo, os distribuidores
têm participação obrigatória no ACR (Ambiente de Comercialização Regulada),
celebrando contratos de energia com preços resultantes de leilões.

COMERCIALIZADORES: Agentes que compram energia através de contratos bilaterais


no ACL (Ambiente de Comercialização Livre), podendo vender energia aos consumidores
livres, no próprio ACL, ou aos distribuidores através de leilões do ACR.

EXPORTADORES/IMPORTADORES DE ENERGIA: São os Agentes do setor que detêm


autorização do Poder Concedente para realizar exportação/importação de energia elétrica
para abastecimento do mercado nacional ou países vizinhos.

8 DESEQUILÍBRIO ENTRE OFERTA E DEMANDA DE ENERGIA NO


BRASIL

Martins e Laugeni (2000, p. 173) afirmam que apesar de as previsões serem importantes
e úteis para o planejamento das atividades, elas apresentam erros em suas estimativas,
devendo-se ser cuidadoso tanto na coleta de dados como na escolha do modelo de
previsão, para que erros sejam diminuídos.

Exemplo de um possível erro, temos o déficit de oferta de energia no ocorrido no Brasil


em 2001, no qual as diversas causas foram citadas por Kelman (2001), da seguinte
forma:

“Houve desequilíbrio, entre a oferta e demanda na partida da implementação do


novo modelo para o setor”

“O aumento do consumo de energia correspondeu aos valores previstos e não


teve qualquer influência na crise de suprimento”

“A hidrologia desfavorável precipitou uma crise que só poderia ocorrer, com a


severidade que ocorreu, devido à interveniência de outros fatores. A hidrologia
adversa, por si só, não teria sido suficiente para causar a crise.”
19

“O fator principal para o insucesso das iniciativas governamentais para amenizar a


crise, em particular o PPT, foi a ineficácia da gestão intragovernamental. Houve
falhas de percepção da real gravidade do problema de coordenação,
comunicação, e controle”

De certa forma a variação da demanda de consumo não excedeu o esperado e o


detrimento da oferta em função da falta de chuvas, não comprometeria totalmente o
sistema, logo, havia condições para análises mais precisas e um trabalho mais preditivo
no tocante a atendimento de demanda.

Para Martins e Laugeni (2000, p. 174), os tipos mais comuns de demanda são:

Média

Tendência linear

Tendência não linear

Sazonal

Em particular a previsão da demanda de energia elétrica não se caracteriza tão simples,


em função de estar relacionada com diversos indicadores econômicos e geográficos.
Entre os tipos de demandas citadas, alguns mais se assemelham ao perfil da carga de
energia ao longo de um determinado período, conforme gráfico fornecido pelo ONS,
historicamente, obtemos um cenário de tendência linear considerando 20 anos:
20

Figura 4: Gráfico do perfil anual da carga energética

Fonte ONS, 2009

Comparando com uma base mensal dos últimos dois anos, o perfil enquadra
características de demanda média:

Figura 5: Gráfico do perfil mensal da carga energética

Fonte: ONS, 2009


21

Já em outro gráfico do ONS que compara a carga de energia nos períodos com e sem
horário de verão, em uma amplitude diária, o perfil da demanda é extremamente sazonal:

Figura 6: Gráfico do perfil diário da carga energética

Fonte: ONS, 2009.

Há portanto, diversos perfis de demanda energética que variam de acordo com a


amplitude de tempo, no entanto os métodos de previsão mais comuns não produzem a
acurácea necessária. Com esta situação, o ONS com o seu objetivo principal de atender a
carga, utiliza como suporte estratégico a flexibilidade das usinas térmicas em suas
constantes ordens de despacho operacional para essas usinas, que atuam de certa forma
como estoques emergenciais.

Segundo Wanke (2003, p.11), é constante o aumento da importância da gestão de


estoques como elemento essencial para o controle dos custos totais e melhoria do nível
de serviço.
22

Essa prática pode ser adotada baseada em dois pilares de gerenciamento, custos do
estoque e objetivo do estoque.

Conforme Ching (1999, p. 29), os custos englobam o pedido e a manutenção do estoque.


Sendo que o pedido envolve todos os processos administrativos de aquisição, e os custos
de manutenção do estoque refletem a necessidade de manter determinada quantidade
por determinado período, entendendo-se por isso, o custo da armazenagem
(disponibilidade), custo de seguros, deterioração, obsolescência e ainda a possibilidade
do emprego do investimento em outra aplicação.

Independente da fonte de energia, os custos de preparação e produção de uma usina não


são baixos, por isso devem ser definidos objetivos concretos que justifiquem, ativar uma
usina sem plena convicção de que ela entrará de fato em funcionamento. Segundo Ching
(1999, p. 30), esses objetivos devem ser da ordem de custo e nível de serviço.

Os objetivos de nível de serviço cabem conceitualmente melhor a situação, pois derivam


da dificuldade em estimar os custos das faltas.

Sabemos que o nível de serviço estipulado no atendimento da carga de energia do Brasil,


deve ser o máximo possível, pois não há prioridades de regiões no cumprimento desta
meta. Ching (1999, p 31), alerta que deve-se ter cautela ao definir o nível de serviço
conforme uma política. Nesse método as operações devem ser executadas sempre em
função do índice, sem considerar que um simples aumento desta porcentagem impactará
drasticamente no investimento de estoques de disponibilidade com a parcela do custo de
falta já embutida.

O nível de serviço portanto, é em grande parte a justificativa para a contratação das


usinas térmicas nas condições citadas.

Em outra vista com uma abordagem mais direta, Ritzman e Krajewski (2004, p. 378),
sugerem que estoques de segurança ou dessa natureza devem ser reduzidos e
finalmente eliminados, quando a causas da incerteza forem diagnosticadas.
23

Mas ao contrário de alguns processos produção mais simples, um eventual déficit de


oferta na produção de energia e atendimento da carga pelo ONS, representariam altos
prejuízos econômicos e impactos por toda a cadeia produtiva nacional (ANEXO B), os
quais certamente excederiam o custo de disposição de estoques. Sucintamente entende-
se que é válido o preço maior pago às usinas térmicas e o aumento de sua contribuição
ao sistema (mesmo com a quase predominância das hidrelétricas), em troca de prontidão,
independência de uma determinada fonte e segurança em relação aos riscos hidrológicos.

Neste contexto que se enquadra o conceito das usinas por disponibilidade, que além da
própria energia, ofertam a disponibilidade para gerarem com um nível de prontidão acima.
Relacionando sua atividade de operação com o volume do combustível utilizado no
processo e não com abundância pluvial.

"A Disponibilidade de Energia Elétrica, trata-se de uma modalidade de


contrato de energia elétrica (MWh) onde os custos decorrentes dos riscos
hidrológicos devem ser assumidos pelos agentes compradores, e
eventuais exposições financeiras no mercado de curto prazo da Câmara
de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), positivas ou negativas,
serão assumidas pelos agentes de distribuição, garantido o repasse ao
consumidor final, conforme estabelecido pela ANEEL através das Regras
de Comercialização. O agente vendedor termelétrico é responsável pela
aquisição do combustível e, quando o Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) emite um comando de despacho para a referida usina, este
custo é pago pelo consumidor através do Custo Variável Unitário (CVU)
declarado pelo agente vendedor para participar do leilão. O valor do CVU é
reajustado conforme metodologia publicada na Portaria MME 42/2007. Em
outras palavras, pode-se dizer que nos contratos de quantidade de energia
os riscos (ônus e bônus) da operação energética integrada são assumidos
totalmente pelos agentes geradores, ao passo que nos contratos de
disponibilidade de energia os riscos decorrentes da variação da produção
em relação à sua Garantia Física são alocados aos agentes distribuidores
e repassados aos consumidores regulados”. (EPE, 2009, p. 04).
24

9 ESTUDO DE CASO

O estudo de caso tem como principal foco os prováveis cenários e possibilidades de uma
usina termelétrica entrante no mercado de energia elétrica, para a venda de energia,
visando a otimização do empreendimento.

A proposta é esquematizar e analisar as escolhas perante o mercado alvo, compondo um


conjunto de tomadas de decisões baseadas na estimativa de valores médios praticados
no mercado e na simulação.

9.1 Premissas adotadas

Neste estudo parte-se do pressuposto que a usina possui maquinário de geração


instalado, não sendo foco da análise preços ou tipos de equipamentos.

Possibilidade de negociação em dois mercados diferentes

Os dados da capacidade de produção, parâmetros físicos e receita da usina modelo são


estipulados a partir da média das seguintes tabelas:

Tabela 2: Resultados das usinas termelétricas participantes dos Leilões de Energia Nova (1º ao 7º
Leilão)

Valores
energia garantia física potência ICB/ICE receita fixa[R$/ano]
contratada da usina [MW instalada na [R$/MWh]
Empresa/Usina no leilão médios] usina [MW]
[MW médios]

ACUCAR RIBEIRO
Colorado 8,00 16,00 34,00 R$ 134,21 R$ 9.502.510,00
ACUCAREIRA QUATA
Quata 10,00 10,50 53,60 R$ 137,00 R$ 12.365.900,00
ACUCAREIRA ZILLO
São Jose 28,00 28,30 50,00 R$ 134,20 R$ 32.993.000,00
CISFRAMA
Cisframa 2,00 2,30 4,00 R$ 133,92 R$ 1.476.000,00
CORONA BIOENERGIA
Usina Bonfim 21,00 23,40 41,00 R$ 137,60 R$ 25.921.215,62
COSAN CENTROESTE
25

Parauna 35,00 44,70 114,00 R$ 145,00 R$ 44.702.280,00


FERRARI AGRO
Ferrari 8,00 8,20 27,00 R$ 138,00 R$ 9.856.900,00
SANTA ISABEL
Santa Isabel 11,00 11,30 40,00 R$ 134,25 R$ 13.216.474,91
SJEABIOGAS
São João Biogás 10,00 19,50 20,00 R$ 132,02 R$ 11.565.000,00
USINA BOA VISTA
Boa Vista 11,00 36,20 80,00 R$ 134,99 R$ 13.400.775,91
USJ - UTE QUIRI
Quirinopolis 11,00 11,20 40,00 R$ 134,12 R$ 13.190.000,00
UTE QUIRINOPÓLIS
Quirinópolis 6,00 11,60 40,00 R$ 104,00 R$ 6.684.757,76
VALE VERDE
Baia Formosa 11,00 11,00 32,00 R$ 137,70 R$ 14.063.154,38
COSAN BIOENERGIA
Costa Pinto 19,00 22,00 65,50 R$ 138,99 R$ 26.929.609,19
Rafard 12,00 14,50 43,00 R$ 137,17 R$ 16.819.200,00
LASA
Lasa 14,00 15,30 22,58 R$ 138,99 R$ 15.086.882,41
PIE-RP TERMELÉTRICA
PIE - RP 9,50 24,80 27,80 R$ 240,12 R$ 8.635.500,00
USINA INTERLAGOS
Interlagos 4,00 20,70 40,00 R$ 219,92 R$ 8.952.000,25
UTE COCAL
COCAL 9,50 19,30 28,20 R$ 245,06 R$ 8.869.500,00
Total geral 11,95 350,80 802,68 R$ 2.857,26 R$ 294.230.660,43
Fonte: adaptado de www.ccee.org.br

Tabela 3: Resultados das usinas participantes do leilão de fontes alternativas

Valores
energia garantia potência ICB/ICE receita
contratada no física da instalada na [R$/MWh] fixa[R$/ano]
Empresa/Usina
leilão [MW usina [MW usina [MW]
médios] médios]
FENIX
R$
25,00 27,10 30,00 R$ 138,50
Xanxere 27.484.500,00
FLORALCO
R$
8,00 21,80 55,00 R$ 139,12
Florida Paulista 10.025.088,67
GDA DEDINI
26

São João da Boa R$


23,00 23,00 70,00 R$ 138,60
Vista 28.440.702,93
LDC BIO R PRATA
Louis Dreyfus Lagoa R$
13,00 22,60 40,00 R$ 139,12
da Prata Fase 1 16.326.160,69
Louis Dreyfus Lagoa
6,00 7,20 20,00 R$ 139,12 R$ 7.554.276,95
da Prata Fase 2
LDC BIOENERGIA S/A
Louis Dreyfus Rio R$
10,00 22,60 40,00 R$ 139,12
Brilhante - Fase 1 12.558.585,15
Louis Dreyfus Rio R$
12,00 26,30 50,00 R$ 139,12
Brilhante - Fase 2 15.059.129,69
PIONEIROS
R$
12,00 16,90 50,00 R$ 139,12
Pioneiros II 14.995.616,47
USC STA CRUZ
Santa Cruz AB Fase 1 6,00 14,00 25,00 R$ 138,75 R$ 7.520.648,22
R$
14,00 14,00 25,00 R$ 138,75
Santa Cruz AB Fase 2 17.548.180,18
USINA ESTER
Ester 7,00 10,20 30,00 R$ 138,90 R$ 8.740.027,84
UTEIAC - IACANGA
Iacanga 4,00 7,80 12,00 R$ 138,94 R$ 4.923.696,00
R$
140,00 213,50 447,00 R$ 1.667,16
Total geral 171.176.612,79
R$
11,67 17,79 37,25 R$ 138,93
Média 14.264.717,73
Fonte: adaptado de www.ccee.org.br

Tabela 4: Resultado das usinas participantes do leilão de energia de reserva

Valores
energia garantia física potência ICB/ICE receita
contratada no da usina [MW instalada na [R$/MWh] fixa[R$/ano]
Empresa/Usina
leilão [MW médios] usina [MW]
médios]
ABENGOA
São Luiz 8,00 24,00 70,00 R$ 180,12 R$ 32.909.992,26
AGUA EMENDADA
Unidade de
Bioenergia Água 27,00 27,00 72,70 R$ 164,19 R$ 64.626.734,76
Emendada
ALDA
CBB - Companhia
6,00 6,00 18,10 R$ 179,43 R$ 16.470.000,00
Bioenergética Brasileira
27

ANGELICA
Angélica 10,00 18,00 32,00 R$ 179,55 R$ 41.299.882,23
BARRA47
Barra Bioenergia 34,00 51,50 136,00 R$ 180,12 R$ 87.586.328,10
BARRA66
Bonfim 10,00 18,80 45,00 R$ 180,12 R$ 35.622.920,39
BEN
BEN Bioenergia 24,00 26,40 30,00 R$ 175,47 R$ 66.405.742,39
BIOPAV
Biopav II 15,00 49,60 140,00 R$ 180,12 R$ 62.060.758,98
BOA VISTA
Boa Vista 11,00 36,20 80,00 R$ 178,50 R$ 45.289.482,00
BRENCO
Unidade de
27,00 27,00 72,70 R$ 158,07 R$ 87.682.313,89
Bioenergia Alto Taquari
Unidade de
27,00 27,00 72,70 R$ 161,22 R$ 77.587.638,63
Bioenergia Costa Rica
Unidade de
Bioenergia Morro 27,00 27,00 72,70 R$ 167,61 R$ 89.520.862,69
Vermelho
CHAPADAO
Chapadão 12,00 39,80 192,00 R$ 180,12 R$ 48.702.012,69
CLEALCO
Clealco Queiroz 7,00 11,30 35,00 R$ 181,47 R$ 21.994.133,03
COCAL
Cocal II 22,00 55,50 160,00 R$ 183,00 R$ 74.527.916,57
CONQUISTA PONTAL
Conquista do Pontal 22,00 26,00 100,00 R$ 180,12 R$ 58.900.698,24
CONSANDRADE
Destilaria Andrade 20,00 20,00 33,00 R$ 179,40 R$ 83.102.616,00
COSAN CO
Jataí 34,00 41,00 105,00 R$ 180,12 R$ 80.486.453,93
DECASA
Decasa 16,00 43,00 70,00 R$ 179,70 R$ 62.551.815,65
FERRARI
Ferrari 6,00 15,00 34,50 R$ 182,28 R$ 19.270.958,00
NOROESTE
Nobre Energia 11,00 16,00 30,00 R$ 180,00 R$ 45.801.000,00
Noroeste Paulista 11,00 20,40 60,00 R$ 179,91 R$ 45.474.000,00
PORTO AGUAS
Porto das Águas 12,00 12,50 70,00 R$ 180,12 R$ 42.036.573,50
RIO CLARO
28

Cacu I 27,00 35,50 130,00 R$ 180,12 R$ 69.858.074,16


SANTA LUZIA
Santa Luzia I 26,00 35,50 130,00 R$ 180,12 R$ 68.488.308,00
SAO FERNANDO
São Fernando Açúcar
5,00 13,70 48,00 R$ 178,02 R$ 20.498.400,00
e Álcool
TROPICAL
Tropical Bioenergia 37,00 40,30 85,00 R$ 180,12 R$ 132.403.696,40
USJ
Cachoeira Dourada 15,00 35,50 80,00 R$ 180,12 R$ 55.828.333,33
VALE PARACATU
Bioenergética Vale
20,00 39,20 80,00 R$ 180,06 R$ 60.010.716,73
do Paracatu - BEVAP
VALE SAO SIMAO
Companhia
Energética Vale do São 12,00 12,60 50,00 R$ 179,37 R$ 38.508.960,00
Simão
VALE TIJUCO
Vale do Tijuco 7,00 7,30 45,00 R$ 178,56 R$ 21.513.142,86
Total geral 548,00 858,60 2379,40 R$ 5.507,25 R$1.757.020.465,41
Média 16,64 24,41 73,45 R$ 179,68 R$ 54.583.745,91
Fonte: adaptado de www.ccee.org.br

As usinas relacionadas acima formam base para simulação no modelo. Sendo:

Potência Instalada: A capacidade total de produção da usina.

Garantia Física: Capacidade máxima de energia, assegurada pelo MME e constante no


contrato de concessão ou ato de autorização da usina que pode ser utilizada para
comprovação de atendimento da carga ou comercialização de contratos. (DECRETO Nº
5.163, DE 30 DE JULHO DE 2004)

Energia Contratada: Energia comprometida à venda nos leilões.

ICB: Índice de custo benefício, índice utilizado para ordenação econômica de


empreendimentos de geração termelétrica determinado pela EPE. Fonte: Índice de Custo
Benefício (ICB) de Empreendimentos de Geração Termelétrica - Metodologia de Cálculo,
EPE.
29

ICE: Índice de classificação do empreendimento, critério para selecionar os


empreendimentos mais competitivos que terão sua energia contratada no leilão. Fonte:
Cartilha Energia de Reserva, CCEE.

Receita Fixa: Montante invariável de pagamento aos vendedores no leilão pela energia
contratada.

9.2 Características das usinas termelétricas

Na grande maioria dos processos de geração de energia provenientes de biomassa de


cana, o insumo provém dos resíduos do processo sucro-alcooleiro. O bagaço da cana, até
certo tempo atrás descartado pela maioria das usinas, incorpora papel fundamental no
processo de coogeração, a figura abaixo ilustra sistematicamente o processo:

Figura 7: Central Termelétrica com combustão externa (a vapor)

CALOR
VAPOR (ALTA PRESSÃO)

CALDEIRA
QUEIMA
DO
COMBUSTÍVEL

GERADOR
LÍQUIDO TURBINA

VAPOR (BAIXA PRESSÃO)

CONDENSADOR
LÍQUIDO
BOMBA
CALOR

Fonte: Reis 2003, p 66.

Primeiramente o bagaço da cana é considerado resíduo sólido proveniente das moagens


e processos das usinas para a extração da sacarose. As indústrias do setor sucro-
alcooleiro tem produção sazonal e alternam entre álcool e açúcar a finalidade da safra.
30

No entanto em qualquer que seja o processo supracitado, há a geração do bagaço. Neste


momento o bagaço deixa o papel de resíduo em um processo e assume a
responsabilidade de insumo em outro. Desta forma e simultaneamente, há espaço para a
geração de eletricidade, podendo além de atender às necessidades da própria usina gerar
excedentes negociáveis dependendo do montante.

Como os resíduos de cana podem ser armazenados por alguns meses, a produção de
eletricidade também pode ser feita com base num período anual. Diante desse quadro, a
geração de energia utilizando resíduos de cana fica claramente associada a projetos de
coogeração, com venda de excedentes para o Setor Elétrico.

9.3 Características do mercado alvo

Para as usinas termelétricas existem duas possibilidades de venda de energia no


mercado, conforme a seguinte base legal:

Art. 1º do DECRETO Nº 5.163, DE 30 DE JULHO DE 2004:

“A comercialização de energia elétrica entre concessionários,


permissionários e autorizados de serviços e instalações de energia
elétrica, bem como destes com seus consumidores no Sistema Interligado
Nacional - SIN, dar-se-á nos Ambientes de Contratação Regulada ou Livre,
nos termos da legislação, deste Decreto e de atos complementares.”
31

Figura 8: Ambientes de Contratação e comercialização de energia

Fonte: CCEE, 2008

9.3.1 Ambiente de Contratação Regulada

A chamada contratação de energia regulada, realizada no ACR, é fundamentada pela


prática de leilões, denominados A-5 e A-3 para energia elétrica proveniente de novo
empreendimento11 de geração, e A-1 para energia elétrica proveniente de
empreendimento de geração já existente. Esses leilões são escalonados da seguinte
forma:

11
Entendem-se como novos empreendimentos de geração aqueles que: a) não sejam detentores de
concessão, permissão ou autorização; b) sejam parte de empreendimento existente que venha a ser objeto
de ampliação, restrito ao acréscimo da sua capacidade instalada. Fonte: DECRETO Nº 5.163, DE 30 DE
JULHO DE 2004.
32

Figura 9: Cronograma de leilões

Fonte: CCEE

O objetivo dessa prática é colocado no Decreto 5163 de 30 de julho de 2004:

“Dentre os processos licitatórios promovidos, encontra-se o leilão de


compra de energia elétrica proveniente de novos empreendimentos de
geração, que possui o objetivo de incentivar a expansão da oferta de
energia através da segmentação de parcela do mercado cativo das
distribuidoras para alocação da chamada energia nova.”

Dividindo por característica da fonte, o montante total negociado ao longo dos leilões
supracitados é possível visualizar a participação de cada tipo de usina nos contratos do
mercado regulado. A figura a seguir ilustra ainda a participação de cada tipo de fonte
térmica nos leilões:
33

Figura 10: Análise por fonte das energias totais contratadas em leilões

Fonte: CCEE, 2008

É importante ressaltar que conforme o período de construção de cada usina já citado


neste trabalho, há uma tendência de participações em leilões de acordo com o tipo de
fonte da usina. Por exemplo, nos leilões A-1, há grande volume de ingresso de usinas
hidroelétricas que já estão construídas e podem operar no ano subseqüente.

Ainda considerando os montantes negociados em leilões, o seguinte gráfico exibe a


evolução do mix das fontes em uma perspectiva de sete anos. Nota-se nas barras
vermelhas, que ilustram a energia térmica, certa expansão inicial e uma futura
estabilização dessas quantidades, novamente se reflete a maduração dessa fatia de
mercado:
34

Figura 11: Análise por fonte das energias totais contratadas em leilões

Fonte: CCEE, 2008.

Segundo a Tendência Consultoria Integrada (2003), O nível ótimo de térmicas seria de


23% da capacidade nacional. No entanto é importante ressaltar a contribuição dos
Leilões de Energia Existente ou A-1, que rebalanceiam rispidamente esse perfil de
distribuição entre fontes com uma participação maior de hidrelétricas.

9.3.2 Ambiente de Contratação Livre

Basicamente é um ambiente formado pela venda de energia em contratos bilaterais12


livremente negociados com Consumidores ou Comercializadores (ACL).

12
Instrumento jurídico que formaliza a compra e venda de energia elétrica entre agentes cadastrados na
CCEE, tendo por objeto estabelecer preços, prazos e montantes de suprimento em intervalos temporais
determinados. Fonte: www.ccee.org.br
35

“No Ambiente de Contratação Livre - ACL - participam Agentes de


geração, comercializadores, importadores e exportadores de energia
elétrica e consumidores livres. Nesse ambiente há liberdade para se
estabelecer volumes de compra e venda de energia e seus respectivos
preços, sendo as transações pactuadas através de contratos bilaterais”.
Fonte: Site: (www.ccee.org.br de 30/10/09).

Como referência para as negociações em prática desses contratos no mercado adota-se


o índice do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que é utilizado para valorar a
compra e a venda de energia no Mercado de Curto Prazo.

A formação do preço da energia comercializada no mercado de curto prazo se faz pela


utilização dos dados considerados pelo ONS para a otimização da operação do SIN,
sendo que estes dados são utilizados nos modelos NEWAVE13 e DECOMP14.

Entre os principais parâmetros utilizados na formação do cálculo desse índice podem ser
citados:

Capacidade de Intercâmbio;

Demanda Por Submercado;

Previsão de Vazões;

Nível de Armazenamento das Usinas;

Manutenção de Turbinas;

Potência das Usinas;

13
Modelo de otimização para o planejamento de médio prazo (até 5 anos), com discretização mensal e
representação a sistemas equivalentes. Seu objetivo é determinar a estratégia de geração hidráulica e
térmica em cada estágio que minimiza o valor esperado do custo de operação para todo o período de
planejamento. Fonte: www.ccee.org.br

14
Seu objetivo é determinar o despacho de geração das usinas hidráulicas e térmicas que minimiza o custo
de operação ao longo do período de planejamento, dado o conjunto de informações disponíveis (carga,
vazões, disponibilidades, limites de transmissão entre subsistemas, função de custo futuro do NEWAVE).
Fonte: www.ccee.org.br
36

Entrada de novas Usinas no futuro;

Custo do Combustível (Térmica)

Através do histórico dos preços determinados ao longo dos últimos anos pela CCEE
pode-se estipular um referencial médio para a contratação do MW/h para uma eventual
opção por venda no Mercado de comercialização livre. Observando-se que na negociação
bilateral de venda de energia, o valor pode variar para mais, tendo em vista que o PLD é o
patamar mínimo.

Tabela 5: Histórico de preços médios

Preço Médio Anual da CCEE (R$/MWh)


Submercado
ano
SE/CO S NE N
2009 46,22 48,09 37,28 27,12
2008 135,29 134,58 136,13 132,60
2007 96,99 90,81 94,40 94,39
2006 67,30 69,30 32,70 57,02
2005 28,88 34,10 18,52 26,32
2004 19,03 19,03 41,55 18,84
2003 17,62 18,48 18,69 17,32
Média Total 58,76 59,20 54,18 53,37

Fonte: Adaptado CCEE, 2009

9.4 Características dos PLD

Há algumas características do da metodologia de cálculo do PLD que são importantes


serem observadas como por exemplo:

O Preço de Liquidação das Diferenças é determinado entre valores mínimo e máximo de


acordo com legislação da Aneel, com validade entre a primeira e a última semana
operativa de preços do ano. Em 2009 a referência é o Despacho Aneel nº 53/2009 e a
Resolução Homologatória Aneel nº 757/2008.

As diferenças observadas entre os submercados na tabela do item 8.5, ocorrem em


função das limitações técnicas entre as características e conexões de cada um deles.
37

O PLD também é considerado muito volátil apresentando variações discrepantes ao longo


do tempo:

Figura 12: Histórico de variação do PLD

Fonte: CCEE, 2008

9.5 Árvore de possibilidades e eventos

A venda de excedentes energéticos pode ser viabilizada em diferentes maneiras


conforme citado, porém cada modelo possui vantagens e exigências em comparação aos
outros. A árvore de possibilidades pode apresentar os retornos estimados em cada
caminho, auxiliando na tomada de decisão sobre eventos onde não há certeza do evento
futuro, baseando-se em levantamentos estatísticos.

“A partir dos possíveis caminhos abertos ao tomador de decisão, essas


arvores podem ser construídas, assumindo-se que os eventos ocorrerão
como resultado da interação entre as escolhas realizadas pelo tomador de
decisão e fenômenos probabilísticos” (CAIXETA-FILHO, 2000, p. 98).

Dada a necessidade do levantamento de fenômenos probabilísticos, retornos e eventos, é


identificada a possibilidade de trabalhar com os dados expostos anteriormente nos itens
38

8.1, onde podemos encontrar uma estável e linear variação das receitas fixas tabeladas,
que apesar da ampla distribuição de dados, segue um padrão, e 8.3, onde são detalhadas
as características dos mercados ACR e ACL.

9.5.1 Probabilidades e retornos associados em leilões

O processo de elaboração de um histograma15 dispõe as informações de maneira que


seja possível a visualização da forma da distribuição de um conjunto de dados.

Em nosso caso esse conjunto são os valores das receitas fixas, que indiretamente
representam os retornos associados às decisões dos nós da árvore. Dessa maneira esse
processo auxiliou na definição dos indicadores de probabilidade e retorno para os dados
considerados na árvore no que se tange ao Ambiente de Contratação Regulada, não
somente com próprio gráfico, mas sim com a metodologia de elaboração citada por
Werkema (1995 p. 116), demonstrada da seguinte forma:

15
Gráfico de barras no qual o eixo horizontal, subdividido em vários pequenos intervalos, apresenta os
valores assumidos por uma variável de interesse. Para cada um destes intervalos é construída uma barra
vertical, cuja área deve ser proporcional ao número de observações na amostra cujos valores pertencem ao
intervalo correspondente. (WERKEMA, 1995, p. 113)
39

Tabela 6: Análise dos dados de receita fixa dos leilões de Energia Nova

Análise dos dados de RF - Leilões de Energia Nova


numero de elementos 20
numero de classes(≈10%) 2
amplitude R$ 44.702.280,00
comprimento de cada intervalo R$ 22.351.140,00
limite inferior 1 R$ 0,00
limite superior 1 R$ 22.351.140,00
evento 1 frequencia 16
frequência relativa 80,00%
ponto médio do intervalo R$ 11.175.570,00
limite inferior 2 R$ 22.351.141,00
limite superior 2 R$ 44.702.280,00
evento 2 frequencia 4
frequência relativa 20,00%
ponto médio do intervalo R$ 33.526.710,50

Figura 13: Histograma Leilões de Energia Nova

Histograma LEN
18 100,00%
16 90,00%
14 80,00%
70,00%
12
Freqüência

60,00%
10
50,00%
8 Freqüência
40,00%
6 % cumulativo
30,00%
4 20,00%
2 10,00%
0 0,00%
R$ 22.351.140,00 R$ 44.702.280,00
Bloco (limites superiores)
40

Tabela 7: Análise dos dados de receita fixa do Leilão de Energia de Fontes Alternativas

Análise dos dados de RF - Leilão de Fontes Alternativas


numero de elementos 13
numero de classes(≈10%) 2
amplitude R$ 28.440.702,93
comprimento de cada intervalo R$ 14.220.351,47
limite inferior 1 R$ 0,00
limite superior 1 R$ 14.220.351,47
evento 1 frequencia 7
frequência relativa 53,85%
ponto médio do intervalo R$ 7.110.175,73
limite inferior 2 R$ 14.220.352,47
limite superior 2 R$ 28.440.702,93
evento 2 frequencia 6
frequência relativa 46,15%
ponto médio do intervalo R$ 21.330.527,70

Figura 14: Histograma Leilão de Fontes Alternativas

Histograma LFA
7,2 100,00%
7 90,00%
6,8 80,00%
70,00%
6,6
Freqüência

60,00%
6,4
50,00%
6,2 Freqüência
40,00%
6
30,00% % cumulativo
5,8 20,00%
5,6 10,00%
5,4 0,00%
R$ 14.220.351,47 R$ 28.440.702,93
Bloco (limites superiores)
41

Tabela 8: Análise dos dados de receita fixa do Leilão de Energia de Reserva

Análise dos dados de RF - Leilão de Energia de Reserva


numero de elementos 32
numero de classes(≈10%) 3
amplitude R$ 132.403.696,40
comprimento de cada intervalo R$ 44.134.565,47
limite inferior 1 R$ 0,00
limite superior 1 R$ 44.134.565,47
evento 1 frequencia 11
frequência relativa 34,38%
ponto médio do intervalo R$ 22.067.282,73
limite inferior 2 R$ 44.134.566,47
limite superior 2 R$ 88.269.130,93
evento 2 frequencia 19
frequência relativa 59,38%
ponto médio do intervalo R$ 66.201.848,70
limite inferior 3 R$ 88.269.131,93
limite superior 3 R$ 132.403.696,40
evento 3 frequencia 2
frequência relativa 6,25%
ponto médio do intervalo R$ 110.336.414,17

Figura 15: Histograma Leilão de Energia de Reserva

Histograma LER
20 100,00%
18 90,00%
16 80,00%
14 70,00%
Freqüência

12 60,00%
10 50,00%
8 40,00% Freqüência
6 30,00% % cumulativo
4 20,00%
2 10,00%
0 0,00%
R$ 88.269.130,93 R$ 44.134.565,47 R$ 132.403.696,40
Bloco (limites superiores)
42

Atualmente foram realizados sete leilões de energia nova, um leilão de Fontes


Alternativas e um leilão de Energia de Reserva, todos configurados como A-5 ou A-3.

9.5.2 Probabilidades e retornos associados em contratos bilaterais

Para a definição de retorno associado na venda de energia no ambiente de


comercialização livre, Adota-se a média da Garantia Física das usinas relacionadas no
item 8.1 e que se pretende negociar todo esse montante.

Desta forma são considerados:

23 MWmédios para negociação

730 horas médias mensais de fornecimento

PLD Médio de 58,76 R$/MWh (Sudeste/Centro-Oeste)

O produto do montante instalado (23 MWmédios) pela quantidade de horas médias dos
messes (730 horas), resulta em 16790 MWh hábeis para venda, que valorados ao preço
de 58,76 R$/MWh resulta o montante de R$ 986.580,40.

9.5.3 Diagrama da árvore de decisão

Conforme Caixeta-Filho (2000, p. 98), esta é uma “técnica de Pesquisa Operacional que
auxilia a análise de decisão por meio de identificação do melhor caminho ou estratégia a
serem seguidos”. Esses caminhos são diagramados de maneira a associar os eventos
aos dados. Desta forma as decisões de entrada no mercado energético por parte de uma
termelétrica podem ser esquematizadas da seguinte forma:
43

Figura 16: Árvore de possibilidades

Usualmente nos diagramas os quadrados representam os momentos onde há


possibilidade de escolha, e os círculos os eventos onde o valor esperado está sujeito a
possibilidade estipulada.

Desta forma são obtidos os seguintes valores esperados (VE):

1. Energia Nova:

2. Fontes Alternativas:

3. Energia de Reserva:

4. Contratos Bilaterais:
44

A partir dos valores esperados já calculados, nota-se que os Leilões de Energia de


Reserva possuem melhor retorno atribuído. Definindo este leilão como o mais vantajoso
para participar, no entanto, somente o resultado da árvore de possibilidades não poderá
determinar um direcionamento concreto para a decisão, tendo em vista os gastos
característicos em cada opção de mercado.

Esses gastos reduzem sensivelmente a possível lucratividade oferecida pelo mercado dos
leilões, e certamente estes custos devem ser considerados nessa modalidade.

9.6 Garantias de participação e custos com leilão

Como exemplo temos a determinação publicada no item 4.2.15.1 do edital do Leilão de


Fontes Alternativas, que rege as seguintes considerações:

As VENDEDORAS que negociarem energia no LEILÃO deverão recolher


Garantia de Fiel Cumprimento na ANEEL, no prazo de 30 (trinta) dias
corridos após a Adjudicação e Homologação do LEILÃO, com vistas a
garantir o cumprimento das obrigações previstas na Outorga decorrente do
LEILÃO, conforme artigo 56 da Lei nº.8.666, de 21 de junho de 1993;

Segundo o item 12.4 do mesmo edital, este aporte de garantias deve corresponder a 10%
do valor do investimento do empreendimento.

E ainda há a necessidade do aporte de um segundo tipo de garantia denominada


Garantia de Proposta:

“As VENDEDORAS deverão aportar Garantia de Proposta no valor de 1% (um por cento)
do valor do investimento, conforme Habilitação Técnica da EPE.”

Essas garantias são exigidas para que não haja desistências infundadas no certame do
leilão por parte das geradoras, futuramente são devolvidas ao empreendedor, mas em
algumas condições podem ser confiscadas. Conforme os respectivos artigos do edital,
geralmente são adotados os seguintes critérios:
45

7.8 As Garantias para participar do LEILÃO somente serão executadas por


determinação expressa da ANEEL nas seguintes hipóteses:

7.8.1 Não apresentação à ANEEL da documentação de


HABILITAÇÃO, nos prazos determinados, e em conformidade com
este Edital;

7.8.2 Não apresentação a ANEEL da documentação cobrada no item


“DA ADJUDICAÇÃO E DAHOMOLOGAÇÃO” deste Edital, nos
prazos determinado pela Agência;

7.8.3 Não apresentação a ANEEL da documentação cobrada no item


“DAS CONDIÇÕES PARA RECEBIMENTO DA OUTORGA” deste
Edital, nos prazos determinado pela Agência;

7.8.4 Não manutenção da Garantia nas condições definidas neste


Edital;

7.8.5 Não apresentação da Garantia de Fiel Cumprimento;

7.8.6 Não prorrogação da Garantia 5 (cinco) dias úteis antes do seu


vencimento, sempre que este marco ocorrer antes da convocação
pela CCEE para assinatura dos CCEAR, ou no caso de
INCONFORMIDADES FORMAIS em CCEAR e/ou anexos, ou
sempre que solicitado pela ANEEL;

7.8.7 Não assinatura dos CCEAR nas condições estabelecidas,


conforme minuta constante do Anexo II, conforme o caso. (ANEEL,
2008).

9.7 Análise SWOT

Os pontos levantados até agora são úteis para distinguir as regras, características e
lucratividade dos leilões, porém para a tomada efetiva de decisão, ferramentas
estratégicas tomam importância.

A Análise SWOT (strengths, weakness, opportunities e threats), possibilita uma macro


avaliação de quarto fatores de grande impacto no comportamento de uma empresa ou
negócio. São eles: forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Nesta análise o principal
indicador a ser mensurado são os impactos aos negócios, elencando os fatores mais
decisivos no ramo, levando em consideração que fatores externos ao ambiente da
empresa, dificilmente pode-se exercer algum tipo de controle.
46

A análise SWOT pode ser conceituada da seguinte forma:

“Em geral, uma unidade de negócios tem que monitorar importantes forças
macro-ambientais (econômico-demográficas, tecnológicas, político-legais e
socioculturais) e significativos agentes microambientais (clientes,
concorrentes, distribuidores, fornecedores) que afetam sua capacidade de
obter lucros. A unidade de negócios deve estabelecer um sistema de
inteligência de marketing para acompanhar tendências e mudanças
importantes. A administração precisa identificar as oportunidades e ameaças
a cada tendência e desenvolvimento.” (KOTLER, 2007)

Como demonstrando anteriormente o Leilão de Energia de Reserva possuiu os maiores


índices de rentabilidade de negociação, portanto seu ambiente servirá como foco desta
análise.

Figura 17: Matiz SWOT – Leilão de Reserva

•Contratos de alta •Contratos de longa


remuneração. extensão
•Remuneração não •Pagamentos de receita
atrelada ao montante fixa
produzido.
•Baixo custo de produção

Forças Fraquezas

Oportunidades Ameaças
•Tendência de aumento de •Legislação regulatória
participação no mercado •Aumento da
•Financiamento do responsabilidade
empreendimento (BNDES) ambiental
•Multas por não
cumprimento do
contratos
47

O confronto dos campos e o cruzamento dos dados possivelmente oferecem um resultado


positivo para esse mercado, as oportunidades demonstradas facilitam o ingresso da usina
através da opção de financiamento e a tendência de aumento de mercado. Outra
combinação de fatores de grande relevância é o relativo baixo custo de produção das
usinas de biomassa (Figura 2), somado a possibilidade de obter receita sem produzir
totalmente o montante contratado. “As oportunidades que podem ser aproveitadas com os
pontos forte relevantes da empresa recebem prioridade elevada”. (ANSOFF;
McDONNELL, 1993).

Apesar da estabilidade provida pelos contratos de longa extensão, o valor da receita


somente é alterado por índices econômicos, expondo sensivelmente a bruscas variações
de mercado e tornando o modelo inflexível.

As ameaças não são tão alarmantes, pois somente surgiriam quando da falta de
regularidade da empresa e não atendimento dos requisitos legais.
48

10 Conclusões

Diante das bases do estudo, conclusões das análises podem ser tecidas em dois
sentidos.

10.1 Conclusões da análise do mercado, histórico e reforma do setor

Principalmente nas últimas duas décadas o planejamento, as estratégias e as obras de


infra-estrutura do governo (ANEXO D) não acompanhavam o ritmo acelerado do
crescimento da economia, o enrijecimento da indústria e o aumento do poder de consumo
residencial. Com antecedência e através de diversos indicadores pode-se notar o possível
colapso que derivaria deste desbalanceamento entre demanda e oferta de consumo de
energia. Ainda sim ocorreram os chamados “apagões”, o primeiro em pleno início do
desenvolvimento da reestruturação do setor, e o segundo recentemente (10/11/2009),
com alguns problemas de transmissão nas linhas da Usina de Itaipu16.

Situações que por um lado instalam certo senso de utilização e economia à população
brasileira, e por outro refletem um nível de displicência, falta de preparo e previsão do
governo quanto as questões energéticas do país (ANEXO C). Em suma, as ações
esboçadas na reforma, foram feitas de maneira tardia, gerando a necessidade de
estratégias que inibam esse risco futuramente e estabeleçam o setor energético como
mais seguro e sólido através de uma nova política.

Essa nova conjuntura, baseada na competição de preços e tarifas, pleiteava basicamente


expansão da capacidade de geração do pais, abrindo portas a integração das fontes
energéticas como arma de combate ao déficit de suprimento.

Neste formato, viu-se então, espaço para expansão do mercado de usinas termelétricas,
com destaque para as de produção por biomassa, que do ponto de vista conceitual e

16
A usina de Itaipu fica localizada no Paraná, A capacidade instalada (potência) da Itaipu é de 14 mil
megawatts (MW). Atualmente responde por cerca de 40% da produção de energia hidrelétrica. Fonte:
http://www.itaipu.gov.br.
49

empresarial, pode ser considerada polivalente, pela possibilidade de permuta entre três
mercados: açúcar, álcool e energia.

O estudo evidenciou que o mercado de energia nessas condições é atrativo, pois deriva
de uma necessidade governamental do estado e com o devido enquadramento das
questões socioambientais, por parte do empreendedor certamente potencializam o
sucesso do negócio. Igualmente devem ser observados alguns riscos pertinentes ao esse
mercado que como todos os outros, não é plenamente estável, entre eles:

 Competição e desenvolvimento de tecnologias agrárias que exigiriam melhorias


nos processos e investimento.
 Alta participação da regulação no mercado controlando e até mesmo com a
possibilidade de podar ações.
 Crescimento da responsabilidade ambiental e legal.
 Negócios de longos prazos e pouco flexíveis, geralmente baseados em contratos.
 Alta incidência de custos, impostos e tarifas de operação.

10.2 Conclusões do estudo de caso

Especificamente nos resultados do estudo de caso, observou-se que a participação em


leilões do mercado regulado é altamente remunerada, e considerando que esta receita
não está diretamente relacionada ao montante produzido, devido ao conceito apresentado
de disponibilidade, a lucratividade com esse tipo de operação pode muito satisfatória,
cobrindo com folga despesas de produção.

Em média, os contratos de venda nesse ambiente possuem duração média de 15 anos,


dependendo dos resultados obtidos no leilão, esse pode ser um dado negativo, pois
compromete a empresa a uma negociação não muito boa por um período extenso, ou
positivo gerando certa estabilidade a administração da usina.

Para uma situação onde o empreendedor prefira explorar e equilibrar melhor a


participação das culturas da cana no plano de negócio, alternado entre os mercados
citados, não é conveniente que se condicione toda a captação de receita da empresa à
50

venda de energia no leilão, pois conforme a própria denominação, a empresa receberá


uma “receita fixa” pela negociação.

A estratégia mais dinâmica nesta situação seria focar a produção do álcool e açúcar nas
possíveis valorizações de mercado desses comódities e atrelar a venda de energia à
sazonalidade das safras desses processos. Em contrapartida, quanto maior for a meta do
empreendedor em obter receita através da geração de energia, maior a necessidade de
que a usina participe de um leilão de ambiente regulado e sedimente seu plano de
negócio com essa outra estratégia.
51

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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um país sustentável. São Paulo: Livraria da Física, 2001.

BRASIL. Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004. Regulamenta a comercialização de


energia elétrica, o processo de outorga de concessões e autorizações de geração de
energia elétrica, e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº 8.631, de 04 de março de 1993. Dispõe sobre a fixação dos níveis das
tarifas para o Serviço Público de Energia Elétrica, extingue o regime de remuneração
garantida e dá outras providências.

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Aplicadas a Sistemas Agroindustriais. São Paulo: Atlas, 2001

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Paulo: Saraiva, 2000

MME – MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Balanço Energético Nacional 2009.

MME – MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Disponível em: www.mme.gov.br. Acesso:


22 ago. 2009.

ONS – OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA. Disponível em:


http://www.ons.org.br/historico/carga_propria_de_energia.aspx. Acesso: 30 out. 2009.

ONS – OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA. Resultado preliminar da implantação


do horário de verão 2008/2009. ONS, 2009.

REIS, Lineu Belico. Geração de Energia Elétrica. São Paulo: Manole, 2003.

RITZMAN, Larry P.; KRAJEWSKI, Lee J. Administração da Produção e Operações.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004.

SANTOS, Antônio Raimundo. Metodologia Científica: A Construção do


Conhecimento. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

SARDENBERG, Carlos Alberto. Jornal do Globo. Rede Globo de Televisão, 2009.


Disponível em: <http://colunas.jg.globo.com/sardenberg/2009/11/12/quanto-custou-o-
apagao-de-terca-feira/>. Acesso em 12 nov. 2009
53

TAVARES, Marco; KELMAN, Rafael 2007). - A flexibilidade operacional das térmicas e


os reservatórios virtuais. PSR – Consultoria. Disponível em: http://www.psr-
inc.com.br/portal/psr_pt_BR/iframe.html?altura=4000&url=/app/publicacoes.aspx. Acesso:
19 out. 2009.

TERRA, 2009. Disponível em:


<http://noticias.terra.com.br/brasil/apagao/noticias/0,,OI4094823-EI14461,00-
Padrinho+de+Lobao+Sarney+diz+que+apagao+mostra+fragilidade.html>. Acesso 11 nov.
2009.

VALOR ECONÔMICO, 2005.

VIEIRA, José Paulo. Antivalor: Um Estudo da Energia Elétrica: Construída Como


Antimercadoria e Reformada Pelo Mercado Nos Anos 1990. São Paulo: Paz e Terra,
2007.

WANKE, Peter. Gestão de estoques na cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2003.

WERKEMA, Maria Cristina Catarino. Ferramentas Estatísticas Básicas Para o


Gerenciamento de Processos. Belo Horizonte: Werkema, 1995.
1

ANEXO A
O Jornal da Globo exibido 12/11/2009, na Rede Globo de Televisão, retratou em grande
parte da programação, os problemas de fornecimento de energia ocorridos em 10/11/09,
por volta das 22:00 horas. Por um período de mais de 4 horas, São Paulo, Rio de Janeiro
e outros 15 estados do Brasil foram afetados pela escuridão, além do país vizinho
Paraguai.

Através de um simples levantamento, o comentarista econômico Carlos Alberto


Sardenberg, estimou os prejuízos da falta de energia no período citado, através do
seguinte raciocínio:

Segundo o planejamento do governo, a perda de 1 MW produzido equivale à R$ 2.900,00


para a economia. No período citado, a usina Itaipu deixou de gerar cerca de 10000 MW
para o sistema, atribuindo essa perda ao Brasil inteiro chega-se a proporção de 28000
MW. Assim:

Portanto aproximadamente 325 milhões de reais ao mínimo tornaram-se prejuízo na


situação.

Fonte: Sardenberg, 2009.


2

ANEXO B
1/11/09 - 07h58 - Atualizado em 11/11/09 - 10h50

Saiba como o apagão atingiu os estados brasileiros

Blecaute ocorreu em pelo menos dez estados brasileiros.


Confira como ficou a situação nas regiões afetadas.
Do G1, com informações do Bom Dia Brasil.

Um blecaute atingiu na noite desta terça-feira (10), a partir das 22h13, pelo menos dez estados brasileiros, além
do Paraguai. A região mais afetada foi a Sudeste. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo
ficaram totalmente sem luz. Em Minas Gerais, houve blecaute nas regiões do Triângulo Mineiro e da Zona da
Mata, mas em partes de Belo Horizonte a luz não caiu durante a noite.

O apagão também afetou o interior do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, o
interior da Bahia e partes de Pernambuco. Do outro lado da fronteira, o Paraguai, que também recebe energia de
Itaipu, ficou às escuras, em conseqüência do que usina chamou de "efeito dominó".

Veja como foi o corte de energia em alguns dos estados afetados:

Espírito Santo
Todo o estado foi atingido pelo apagão. Em Vitória, uma senhora de 87 anos precisou ser atendida em casa após
seu aparelho respiratório ter parado de funcionar. Ambulâncias do Samu prestaram socorro. Os bombeiros
também tiveram muito trabalho ao socorrer as pessoas presas nos elevadores. O trânsito ficou confuso com
semáforos apagados e o governo determinou um reforço na segurança - foram acionados mil policiais para atuar
nas ruas, delegacias e nos presídios do estado. No Espírito Santo, o apagão começou por volta das 22h e só
terminou por volta da meia-noite. Agora de manhã a energia já foi estabelecida.

Rio Grande do Sul


Apenas duas cidades foram afetadas pelo apagão. Cerca de 70 mil moradores de São Leopoldo e Sapucaia do Sul
ficaram cerca de cinco minutos sem energia elétrica na noite passada. A situação foi normalizada sem prejuízo.
Segundo a concessionária que abastece a região, o blecaute pode ter sido causado pelos problemas ocorridos em
Itaipu. Na região de Porto Alegre não houve registro de falta de energia. Segundo a companhia que abastece a
capital gaúcha, os níveis dos reservatórios das usinas estão elevados por causa das chuvas das últimas
semanas, sendo assim, o Rio Grande do Sul conseguiu suprir o abastecimento.
3

Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, durante o blecaute (Foto: AP)

Pernambuco
De acordo com a concessionária de energia elétrica que abastece o estado, o apagão em Pernambuco começou às
21h12 horário local (22h12 no horário de Brasília) e toda a situação durou 35 minutos. Trinta e sete municípios
foram atingidos. No Recife, as áreas mais afetadas incluem três grandes hospitais, que precisaram acionar os
geradores. Até o fim da noite, toda a situação foi normalizada.

Bahia
O apagão atingiu principalmente cidades localizadas no interior do estado, nas regiões norte, extremo sul e
também no sertão. Nestas áreas, o abastecimento foi normalizado por volta das 21h25. Salvador e as regiões
metropolitanas não foram atingidas pelo blecaute.

Mato Grosso do Sul


O sistema de sinalização das ruas ainda está muito instável em Campo Grande. Os semáforos não voltaram a
funcionar em todas as avenidas e ruas da cidade - segundo a prefeitura, o problema deve ser resolvido ainda nesta
manhã. De acordo com a empresa concessionária, a energia foi completamente restabelecida antes da meia-noite.
O trânsito ficou confuso na capital e o comércio improvisou com velas, mas a maioria das lojas acabou
fechando. De 78 municípios do estado, 70 ficaram no escuro.

Minas Gerais
4

Em Belo Horizonte, o apagão ocorreu pouco depois das 22h. Segundo a Companhia Energética de Minas Gerais,
20% das casas ficaram sem luz, o equivalente a 110 mil consumidores da capital e região metropolitana. Os
bombeiros registraram algumas chamadas de pessoas presas em elevadores. O blecaute também atingiu o interior
de Minas Gerais. Na capital, a luz voltou por volta das 23h.

Blecaute escureceu a cidade de São Paulo e a energia voltou em etapas (Foto: Daigo Oliva/G1)

São Paulo
O apagão ainda afeta parte do serviço de transporte coletivo de São Paulo na manhã desta quarta-feira (11). Trens
do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) operam normalmente, mas há problemas
com os ônibus elétricos na manhã desta quarta-feira (11). O Metrô informou que restabeleceu a operação em
todas as suas linhas durante a madrugada desta quarta. O rodízio de veículo foi suspenso nesta manhã.

Rio de Janeiro
A SuperVia, concessionária que administra a linha férrea no Rio, informou que as 89 estações de trens já foram
reabertas e voltaram a operar às 5h50 desta quarta-feira (11). A circulação foi interrompida após o apagão que
afetou vários estados do Brasil. Moradores de Copacabana, na Zona Sul do Rio, deixaram as suas casas na noite
desta terça-feira (10) e lotaram os bares da região. A Polícia Militar recebeu diversos chamados na madrugada
desta quarta-feira (11), durante o apagão, e que, quando verificados, eram alarmes falsos
5

Santa Catarina
Em Florianópolis e em todo litoral catarinense não faltou luz. Houve apenas oscilações de energia em algumas
regiões do estado, especialmente na região oeste, oscilou energia por cerca de 10 minutos. De acordo
com Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), a oscilação foi concentrada na região oeste e ocorreu depois
que o blecaute atingiu os demais estados do país.

Mato Grosso
O estado ficou 40 minutos sem energia. Como as oscilações foram curtas nesse período, nem todo mundo
percebeu o apagão. Só na baixada cuiabana, 20% dos consumidores ficaram sem luz e em todo o estado 240 mil
foram atingidos pelo blecaute. O problema só foi resolvido por volta das 22h.

Fonte: GLOBO.COM, 2009


6

ANEXO C

"Padrinho" de Lobão, Sarney diz que apagão mostra


fragilidade
11 de novembro de 2009 • 11h38 • atualizado às 11h42
MARINA MELLO

Direto de Brasília

O presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) disse nesta quarta-feira que o apagão registrado ontem em alguns
estados do País revela a "fragilidade" do sistema elétrico brasileiro. Sarney é "padrinho" político do ministro de Minas e
Energia Edison Lobão e foi decisivo para sua nomeação ao cargo.

Na visão dele, o ocorrido demonstra que o País precisa repensar sua tecnologia de consumo de energia e seguir
sistemas semelhantes aos de alguns países da Europa.

"Isso mostra uma certa fragilidade do sistema, principalmente se tratando de uma hidrelétrica como Itaipu, que é uma
tecnologia mais avançada", disse.

"Temos que passar para nova etapa de matéria de tecnologia para consumo de energia de todo o sistema elétrico
como um todo, como existe na Europa. O enfoque não é somente na produção de energia é também em relação às
maneiras de consumo mais modernos", afirmou.

O presidente Sarney disse ainda que não dá pra se comparar o episódio de agora com o antigo apagão do governo
Fernando Henrique (PSDB). Isso porque, na visão dele, o que ocorreu ontem foi apenas um acidente, ao contrário do
problema anterior que tinha um contexto mais amplo.

"O que houve naquela época não tem nenhuma signitude com esse agora. Foi apenas um acidente raro. Ultimamente
nós não temos tido fato dessa natureza", disse.

Segundo o diretor de Itaipu, Jorge Samek, por volta das 22h30 de terça-feira, todas as 18 unidades geradoras da usina
da usina começaram a "rodar no vazio", ou seja, não conseguiam passar eletricidade para a rede distribuidora. O
problema atingiu pelo menos 12 Estados: Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Acre e Santa Catarina. Em alguns Estados, a
situação foi normalizada entre a noite de terça-feira e a madrugada e manhã desta quarta-feira.

Segundo o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, três linhas de transmissão com
problemas teriam causado o apagão. De acordo com o secretário, duas das linhas vão do Paraná a Itaberá, no sul de
São Paulo, e outra liga Itaberá a Tijuco Preto, no sul de Minas Gerais. O problema, afirma Zimmermann, foi
possivelmente causado por condições meteorológicas adversas.

Com 20 unidades geradoras e 14 mil megawatts de potência instalada, a usina binacional de Itaipu fornece 19,3% da
energia consumida no Brasil e abastece 87,3% do consumo paraguaio. De acordo com o Operador Nacional do
Sistema (ONS), cerca de 17 mil megawatts de potência - o equivalente a toda a energia necessária para o Estado de
São Paulo - foram perdidos com a pane, o que impossibilitou o fornecimento para as demais regiões.”

Fonte: TERRA, 2009.


7

ANEXO D

Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO, 2009

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