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AGROINDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA

CUSTOS DE PRODUÇÃO
AGRÍCOLA E INDUSTRIAL

PESQUISA BENCHMARKING
SAFRA 2013/14

Agosto/2014
Ribeirão Preto, SP
Importante: este relatório é destinado exclusivamente às empresas participantes da pesquisa, sendo
proibida a reprodução total ou parcial das informações contidas no mesmo sem a expressa
autorização da Chaves Planejamento e Consultoria S/S Ltda..
ÍNDICE

CAPÍTULO PÁG.

Apresentação 3

Empresas Participantes 4

Profissionais Participantes 6

Sumário Executivo 9

Procedimentos Metodológicos 17

Perfil das Usinas Amostradas 21

Resultados Obtidos 25

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APRESENTAÇÃO

Esta pesquisa, em relato, representa um fato especial: entra no 20º. ano-safra


estudado pela Chaves Planejamento e Consultoria, com a parceria agora alcançando
praticamente quatro dezenas de usinas, que esmagaram mais de 100 milhões de
toneladas de cana na safra 2014.
Assim, o presente relatório, além de demonstrar os indicadores usualmente
levantados e analisados por esta Empresa de Consultoria, acrescenta ainda mais dois itens
enriquecendo o seu conteúdo: mensura a visão das usinas participantes quanto às
expectativas de safra (produção e maturação) e de mercado, comparando os resultados
obtidos pela pesquisa realizada em março/2014 e os apurados via o atual estudo.
O outro item certamente será julgado mais importante, pois pela primeira vez a
pesquisa Benchmarking Custos e Outros Indicadores apresenta de forma discriminada
em seus principais itens os custos de produção de cana própria, expressos em R$ por
tonelada de cana e em R$ por Kg de ATR.
Concluía-se e afirmava-se no relatório de março/2014 que a principal preocupação
do segmento deveria estar voltada à matéria-prima. E os números conseguidos pelo
presente estudo ratificam esta declaração porquanto, se de um lado constata-se que os
custos de industrialização e de administração agroindustrial demonstram uma tendência a
ser comportar adequadamente, no caso da produção de cana há dificuldades com os
custos de algumas etapas operacionais, fato agravado ainda pela apresentação de índices
de produtividade e teor de maturação aquém dos desejáveis.
São, claro, resultados médios. Em realidade, cada agroindústria se depara com a
sua realidade. Logo, cabe a cada usina uma análise detida de suas características,
buscando neutralizar seus pontos fracos em busca do fortalecimento contínuo da empresa.

IVAN CHAVES DE SOUSA

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EMPRESAS PARTICIPANTES

COORDENAÇÃO: CHAVES PLANEJAMENTO E CONSULTORIA S/S LTDA.

AÇÚCAR GUARANI – UNIDADE SEVERÍNIA

ADECO – ANGELICA AGROENERGIA

ADECO – IVINHEMA

ADECO - USINA MONTE ALEGRE

ALTO ALEGRE – UNIDADE FLORESTA

ALTO ALEGRE – UNIDADE FLORESTÓPOLIS

ALTO ALEGRE – UNIDADE JUNQUEIRA

ALTO ALEGRE – UNIDADE SANTO INÁCIO

BATATAIS – UNIDADE BATATAIS

BATATAIS – UNIDADE LINS

BUNGE - UNIDADE OUROESTE

CIA. AGRÍCOLA NOVA AMÉRICA

DELTA SUCROENERGIA – UNIDADE VOLTA GRANDE

DELTA SUCROENERGIA – UNIDADE CONQUISTA MG

DELTA SUCROENERGIA – UNIDADE DELTA

FERRARI AGROINDÚSTRIA S/A

GLENCANE BIOENERGIA

JALLES MACHADO – UNIDADE JALLES MACHADO

JALLES MACHADO – UNIDADE OTÁVIO LAGES

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EMPRESAS PARTICIPANTES (continuação)

NOBEL BRASIL – CATANDUVA

NOBEL BRASIL – POTIRENDABA

NOBLE BRASIL – MERIDIANO

NOBLE BRASIL – SEBASTIANÓPOLIS

ODEBRECHT - RIO CLARO AGROINDUSTRIAL

ODEBRECHT - USINA ELDORADO

RENUKA DO BRASIL – UNIDADE MADHU

RENUKA DO BRASIL – UNIDADE REVATI

RENUKA DO VALE DO IVAÍ - UNIDADE SÃO MIGUEL DO CAMBUÍ

RENUKA DO VALE DO IVAÍ - UNIDADE SÃO PEDRO DO IVAÍ

SANTA ISABEL - UNIDADE MENDONÇA

SANTA ISABEL - UNIDADE NOVO HORIZONTE

TONON BIOENERGIA - UNIDADE PARAÍSO

TONON BIOENERGIA - UNIDADE SANTA CÂNDIDA

TONON BIOENERGIA - UNIDADE VISTA ALEGRE

USINA AÇUCAREIRA ESTER

USINA ALTA MOGIANA AÇÚCAR E ÁLCOOL

USINA IBÉRIA

USINA SÃO JOSÉ DA ESTIVA

USINA SONORA ESTÂNCIA (RIO CORRENTE AGRÍCOLA)

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PROFISSIONAIS PARTICIPANTES

COORDENAÇÃO: IVAN CHAVES DE SOUSA

ADILSON ALVES DA GAMA GRUPO JALLES MACHADO


ADMILSON BORGES GONÇALVES GRUPO JALLES MACHADO
ADRIANO BRISOLARI GRUPO TONON BIOENERGIA
ADRIANO GARCIA CÉLICO GRUPO DELTA SUCROENERGIA
ADRIANO JOSE CALSONI CAMARGO GRUPO ODEBRECHT
AIRTON MOREIRA GRUPO DELTA SUCROENERGIA
ALCEU LUIZ GONÇALVES JR. USINA ALTA MOGIANA
ALESSANDRO LOPES OLIVEIRA GRUPO GUARANI / TEREOS
ALEX DARLAN DA SILVA GRUPO RENUKA
ALOISIO GONÇALVES GRUPO ODEBRECHT
ANA CAMILA PESSATTE GRUPO ODEBRECHT
ANDERSON AKIHITO MAEKAWA GRUPO NOBLE BRASIL
ANDRE DE OLIVEIRA MARTINS GRUPO ODEBRECHT
ANDRÉ LUÍS ESTÁBILE GRUPO TONON BIOENERGIA
ANDRÉ LUIZ DA SILVA GRUPO RENUKA DO BRASIL
ANDRÉ LUIS ALVES MESQUITA USINA ALTA MOGIANA
ANDRÉ LUIS TEODORO DA SILVA GRUPO BATATAIS
ANDRESA BARBOSA USINA AÇUCAREIRA ESTER S/A
ANGELA CRISTINA S. FREITAS RIO CORRENTE / USINA SONORA
ANTÔNIO CARLOS PREVITE FERRARI AGRINDÚSTRIA S/A
ANTÔNIO MARCOS DOS SANTOS ADECO M ALEGRE
APARECIDO CLARETE CÁCERES DIAS GRUPO ALTO ALEGRE
BRUNO SANCHES FOGAÇA GRUPO RENUKA DO BRASIL
CARLOS ALBERTO MOREIRA DA SILVA GRUPO NOBLE DO BRASIL
CARLOS EDUARDO ARAUJO DE TOLEDO GRUPO BATATAIS - USINA LINS
CAROLINA MACHADO MELO GRUPO ODEBRECHT
CÉSAR AUGUSTO T. L. SGARBI GRUPO GUARANI / TEREOS
CLAUDEMI LONGATO GRUPO ODEBRECHT
CLAUDIA REZEK RODRIGUES GRUPO JALLES MACHADO
CLAUDINEI CESAR JUSTINO GLENCANE BIOENERGIA
DAIANE CRISTINA PEREIRA GRUPO NOBLE DO BRASIL
DANIEL CESAR DE OLIVEIRA GRUPO RENUKA PARANÁ
DANIELA DA SILVA ROSA GRUPO ODEBRECHT
DANIELA MONTANARI GRUPO NOBLE DO BRASIL
DANILO DA SILVA ANDRADE BATATAIS - UNIDADE BATATAIS
DARIANA MARA ZAGO GRUPO DELTA SUCROENERGIA
DENIS EDUARDO CALEGARO BATATAIS – UNIDADE LINS
DIEGO VIANA DE PAULA GRUPO DELTA SUCROENERGIA
DINILSON VIEIRA LINS GLENCANE BIOENERGIA
DIOGO ANGHINONI TUTIDA GRUPO GUARANI / TEREOS

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PROFISSIONAIS PARTICIPANTES (CONTINUAÇÃO)

EDILSON APARECIDO PINTO FERRARI AGROINDÚSTRIA S/A


EDSON BARBOSA ADRIANO GLENCANE BIOENERGIA
EDSON JOSE DA SILVA ADECO IVINHEMA
EDSON MELO DE OLIVEIRA USINA SONORA / RIO CORRENTE AGRÍC.
ELIZABETH DE SOUZA FERRARI AGROINDÚSTRIA
ERIC SEBUSIANI DUARTE GRUPO DELTA SUCROENERGIA
ESTEBAN DI DOMENICA ADECOAGRO MONTE ALEGRE
EVERTON JUNIO DELTURQUI USINA IBÉRIA
FABIO APARECIDO DE FREITAS RENUKA PARANÁ
FÁBIO GILIO GIUSTI GRUPO SANTA ISABEL
FÁBIO PINHEIRO PIMENTA NEVES GRUPO GUARANI / TEREOS
FERNANDA AMARAL DELLA ROSA RENUKA PARANÁ
FERNANDO TREVIZANI GRUPO BUNGE – UNIDADE OUROESTE
FLAVIO BERNI GRUPO GUARANI / TEREOS
FLÁVIO H. COVAS DE OLIVEIRA USINA ALTA MOGIANA
FLAVIO ROBERTO FARDIN GRUPO RENUKA DO BRASIL
GEOVANI DOS SANTOS NESPOLO RENUKA PARANÁ
HAMILTON DE ÂNGELO ANTÔNIO GLENCANE BIOENERGIA
HUMAICÁ FERNANDES GRUPO BUNGE – UNIDADE OUROESTE
JANY FLAVIA DA SILVA USINA IBÉRIA
JOÃO BATISTA DA SILVA GRUPO JALLES MACHADO
JOÃO HUEDER DA SILVA FERRARI AGROINDÚSTRIA S/A
JOEL JOSÉ DE JESUS GRUPO JALLES MACHADO
JOICE HELENA FESLIBINO GRUPO DELTA SUCROENERGIA
JONNYR GONÇALVES MOREIRA GLENCANE BIOENERGIA
JOSÉ ALTINO DONIZETI MARQUES USINA ALTA MOGIANA
JOSÉ FERNANDO BOLDRIN BATATAIS - UNIDADE LINS
JOSÉ HOLANDA NETO GRUPO DELTA SUCROENERGIA
JOSÉ JUNIO MARQUES ANDRADE USINA AÇUCAREIRA ESTER
JOSÉ WILLAMS DA SILVA LUZ GRUPO DELTA SUCROENERGIA
JULIANO DE FREITAS RIQUIEL USINA ALTA MOGIANA
JULIANO MARCIO JANONI GRUPO BATATAIS
LAILA FANE FERREIRA SILVA GRUPO JALLES MACHADO
LEANDRO LOPES DE OLIVEIRA GRUPO NOBLE DO BRASIL
LEANDRO VENTURA DA SILVA GLENCANE BIOENERGIA
LEO SANTANA DUTRA ADECO IVINHEMA
LUIS ALBERTO ESPOSTO USINA ALTA MOGIANA
LUIZ FERNANDO FORESTI GLENCANE BIOENERGIA
MARCEL PRATES MUNDIM GRUPO DELTA SUCROENERGIA
MARCEL THOMÉ GARCIA USINA IBÉRIA
MARCELO ALMEIDA DA SILVA USINA ALTA MOGIANA
MARCELO JOSÉ PEGORIN GRUPO BATATAIS
MARCELO LUIS DE SOUZA GRUPO BATATAIS
MARCELO SOSSAI VIDOLIN FERRARI AGROINDÚSTRIA
MÁRCIO CLARO SUTTI USINA SÃO JOSÉ DA ESTIVA

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PROFISSIONAIS PARTICIPANTES (CONTINUAÇÃO)

MARIE JOSEPH JEAN GERARD LESUR GLENCANE BIOENERGIA


MÁRIO CHIARINELLI CIA. AGRÍCOLA NOVA AMÉRICA
MENERO DENARDI FERRARI AGROINDÚSTRIA
MILTON ALEXANDRE JÚNIOR GRUPO DELTA SUCROENERGIA
MILTON SÉRGIO ZAGO USINA SÃO JOSÉ DA ESTIVA
NILTON CESAR MOREIRA ADECO IVINHEMA
PABLO WILLIAN RABELO DE MELO GRUPO ADECOAGRO
PAULO SÉRGIO RODRIGUES GLENCANE BIOENERGIA
PRISCILA MANIERO GRUPO BATATAIS
RAFAELA ALEXANDRE DA SILVA USINA BATATAIS - LINS
RAMALHO APARECIDO COELHO CIA. AGRÍCOLA NOVA AMÉRICA
RENATO NOGUEIRA GRUPO ADECOAGRO
RICARDO P. DELAVALLE POGETTI GRUPO ALTO ALEGRE
RICARDO STECKELBERG GRUPO JALLES MACHADO
RODIER RODRIGUES DE JESUS USINA IBÉRIA
RODOLFO ROCCO GRUPO TONON BIOENERGIA
RODRIGO BIANCHINI GRUPO DELTA SUCROENERGIA
SAMANTHA GIL DE SOUZA CAMPOS USINA AÇUCAREIRA ESTER
SANDRO AUGUSTO GOES GRUPO GUARANI / TEREOS
SILVIA APARECIDA COSTA RICARDO USINA IBÉRIA
TAÍSI FERNANDA ALVES GRUPO NOBLE DO BRASIL
TARQUINIO JOSE DE MIRANDA NETO GRUPO ODEBRECHT
THIAGO PEREIRA GIACOMO GRUPO DELTA SUCROENERGIA
TIAGO H. MAZZOCO DOS SANTOS GRUPO RENUKA DO BRASIL
VALÉRIA ANTUNES C. COLAVITE USINA IBÉRIA
VANDEIR APARECIDO DOS SANTOS USINA IBÉRIA
VICTOR ANTONIO DE LIMA GRUPO RENUKA DO BRASIL
VINÍCIUS MARCOS SILVA GRUPO ADECOAGRO
VIVIANA WESSLER PARAÍSO BIONERGIA S/A
VIVIANE DO CARMO C. N. BANHARELI USINA ALTA MOGIANA
WANNESSA DIVINA DUTRA DA SILVA GRUPO JALLES MACHADO
WELDER WILSON BASILIERI USINA ALTA MOGIANA
WELLINGTON RIBEIRO GRUPO SANTA ISABEL

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SUMÁRIO EXECUTIVO

Os indicadores levantados e analisados com o apoio de 39 usinas, que esmagaram na


safra 2013/14 mais de cem milhões de toneladas de cana, permitem destacar os seguintes
aspectos julgados mais relevantes:

 Comparativamente ao ocorrido em igual período de 2013, o regime pluviométrico


nestes primeiros cinco meses de 2014 foi mais pobre, em termos médios, com totais
respectivamente iguais a 885 e 660 milímetros (janeiro a maio).
 Nesta fase inicial da safra 2014, como tendência média, observou-se uma curva de
maturação ligeiramente abaixo da correspondente da safra 2013 (informações
disponíveis até segunda quinzena de maio, quando do levantamento de dados).
 Os custos de Preparo de Solo prosseguem elevados. Apurados de forma estratificada,
verificou-se um menor distanciamento do PS Renovação (custo resultou em R$ 1.927
por hectare) e PS Expansão (com custo médio igual a R$ 2.177 por hectare). O fato é
que houve uma sensível redução nesta segunda modalidade, cujo custo dependerá
muito da vegetação presente nas áreas que receberão os canaviais. Não há
informações disponíveis a respeito, mas pode-se presumir que a maioria das
expansões tenha ocorrido em terras menos difíceis de trabalhar, o que explicaria esta
diminuição de custo.
 Mas frise-se, à medida que a colheita passou a ser efetuada com máquinas, houve uma
natural exigência de preparo de solo mais “especializado”, donde numa ou noutra
situação (seja renovação ou expansão) esta primeira etapa do processo produtivo vem
apresentando custos elevados quando comparados com valores praticados em
períodos quando a colheita predominante era a convencional.
 E prossegue também a tendência de realização do Plantio através do sistema
Mecanizado. Nestas últimas três pesquisas foi observado um incremento constante da
parcela plantada mecanicamente em detrimento do plantio realizado
convencionalmente. Esta modalidade privilegiando o uso de máquinas está cada vez

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mais presente a cada ano que passa, conforme as pesquisas realizadas pela Chaves
Planejamento e Consultoria tem evidenciado: 22% da área total plantada em 2010/11;
51% em 2011/12; 61% da área total plantada em 2012/13. E segundo o presente estudo
evidenciou a participação relativa igual a 73% da área total plantada em 2013/14.
 Outro fato interessante a destacar é que a diferença de custos entre os dois sistemas
de Plantio começa a se acentuar. Sem computar o custo do insumo Muda, o Plantio
Mecanizado apresentou um custo médio igual a R$ 3.412/ha segundo a presente
pesquisa, lembrando que fora igual a R$ 3.333/ha no estudo do ano-safra anterior. Uma
elevação muito pequena, possivelmente demonstrando que, aos poucos, vão-se
definindo os melhores procedimentos para a realização das operações com as
máquinas. O do tipo Convencional demonstrou segundo este estudo um custo médio
da ordem de R$ 3.943/ha, portanto com um acréscimo mais elástico quando comparado
com o custo obtido pela pesquisa anterior (R$ 3.590/hectare).
 Quanto à dosagem de muda (toneladas por hectare), foi constatada uma redução no
distanciamento entre os indicadores das duas alternativas de Plantio. Embora o sistema
mecanizado ainda demande uma dosagem relativamente alta (17,8 t/ha plantado), o
fato é que esta pesquisa demonstrou que no sistema convencional a dose média
utilizada apresentou-se com um incremento significativo: 13,4 t/ha plantado. Fato que
esta pesquisa não capta, há que se reconhecer: é possível que no sistema dito
“convencional”, haja em verdade alguma alocação de máquinas, inclusive de
colhedoras para o corte das mudas, uma espécie de sistema intermediário ou misto
entre as duas alternativas, o que explicaria esta maior dosagem comparativamente aos
estudos anteriores.
 Os Tratos Culturais de Cana Planta, que complementam a fase de Formação do
Canavial, apresentaram custos que podem ser vistos sob duas óticas. Uma visão
positiva é que o seu valor por hectare (R$ 916/ha) demonstrou um crescimento bem
contido em relação ao praticado no último ano-safra, algo como apenas 3% a mais.
Mas, sob outra visão, não se pode desconsiderar que houve um crescimento acentuado
naquele ano-safra 2013/14, donde este patamar atual (R$ 916/ha) pode e deve ser

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considerado elevado, merecendo a atenção para aqueles que pretendem produzir cana
a custos competitivos.
 Para efeito comparativo, assumiu-se o custo da Formação do Canavial mediante duas
alternativas: uma primeira como resultante do somatório dos custos de Preparo de Solo
(Renovação) + Plantio Convencional + Tratos Culturais de Cana Planta; e numa
segunda opção considerando-se a seguinte combinação: Preparo de Solo (Renovação)
+ Plantio Mecanizado + Tratos Culturais de Cana Planta. Mais objetivamente, na
primeira visão está presente o Plantio Convencional, ao passo que na segunda
introduz-se o Plantio Mecanizado. Os valores levantados pelo presente estudo
permitiram constatar que, ainda sem considerar o insumo Muda, a Formação com o
Plantio Mecanizado resultaria menos oneroso: R$ 6.255/ha contra R$ 6.785/ha obtidos
quando está presente o Plantio Convencional. E a vantagem ainda prossegue para a
Formação “Mecanizada”, embora bem menos expressivo, ao se computar o custo do
insumo Muda. Neste cenário foram obtidos valores de Formação do Canavial
equivalentes a R$ 7.483/ha adotando-se o Plantio Mecanizado e R$ 7.705/ha para a
situação na qual o Plantio Convencional é utilizado. Em tempo: considerou-se como
custo da tonelada de muda o valor médio encontrado por esta pesquisa (algo como R$
69 por tonelada).
 A expectativa é da adoção plena pela maioria das usinas do Plantio Mecanizado ao
longo dos próximos períodos, até porque deverá ocorer uma natural evolução desta
tecnologia, com ganhos de eficiência operacional e redução de custos.
 Quanto aos Tratos Culturais de Soqueiras fica, de certa forma, válido o comentário
efetuado com relação aos Tratos Culturais de Cana Planta. Ou seja, embora o aumento
relativo detectado por este estudo não seja impactante (8%, porque foram encontrados
custos equivalentes a R$ 1.505/ha em 2013/14 e iguais a R4 1.393/ha na pesquisa
anterior), o fato é que este custo médio mostra-se elevado, principalmente à luz da
situação de mercado, arredio nos últimos anos. Em ambos os casos é de se deduzir
que o sistema de colheita mecanizada acaba por impor práticas adicionais, inclusive

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pelo surgimento de novas pragas (principalmente no caso das soqueiras) dada a
alteração do microclima, acarretando a inevitável elevação dos custos por hectare.
 Ressalte-se que a prática da Irrigação/Fertirrigação já tem seus custos incorporados
nos respectivos Tratos Culturais. E mais uma vez beneficiou preferencialmente as
áreas de soqueiras: 39% da sua área total foram fertirrigados e/ou irrigados, enquanto
que no caso dos Tratos Culturais de Cana Planta apenas 16% de suas áreas receberam
este benefício. Para cada hectare irrigado/fertirrigado foi encontrado por esta pesquisa
um custo equivalente a R$ 666, sinalizando por um incremento equivalente a 15% em
relação ao verificado na pesquisa realizada no ano-safra anterior. Embora a dosagem
tenha sido algo menor: 246 metros cúbicos por hectare em 2013/14, ao passo que no
ano-safra 2012/13 cada hectare recebeu, em média, 257 metros cúbicos.
 Exclusivamente com base nas informações declaradas pelas usinas pesquisadas,
concluiu-se que a cana adquirida de terceiros (fornecedores), em relação ao observado
no ano-safra anterior, na contramão da inflação, sofreu pequena queda, tanto no teor
de ATR (revelou-se igual a 136,17 Kg/t cana, ou seja, 1,6% inferior ao teor apurado no
período anterior) quanto no preço do Kg de ATR (R$ 0,4542/Kg, cerca de 4% menor
que o apurado na pesquisa de 2013/14. E ressalte-se novamente que os números
citados derivam de informações citadas pelas unidades pesquisadas, donde
necessariamente não coincidem com os preços oficiais Consecana. Da combinação
destes dois indicadores, concluiu-se por uma queda no preço da tonelada de cana
entregue pelos produtores equivalente a 5,4%: o preço nesta safra pesquisada
correspondeu a R$ 60,86/t ao passo que no ano-safra anterior este valor unitário fora
igual a R$ 64,35/t. Se for lembrado que no ano-safra 2012/13 tal preço alcançara R$
68,08/t, pode-se constatar quão difíceis terão sido para a agricultura canavieira os anos-
safras 2012/13 e, principalmente, 2013/14.
 Mas cabe lembrar que esta pesquisa não entra no mérito de concessão por parte das
usinas de valores “extra-Consecana” pagos a estes terceiros, seja na forma de
prestação de serviços não cobrados ou cobrados parcialmente, seja na forma de
cessão de resíduos agroindustriais e/ou insumos agroquímicos propriamente ditos.

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 A exemplo da entressafra anterior (ou seja, a que antecedeu a moagem da safra 2013),
com duração curta, de apenas 111 dias corridos, esta última, antecedendo a safra 2014
em andamento também repetiu esta característica, com uma duração de somente 110
dias corridos. Logo, bem diferentemente da entressafra 2011/12, que se estendeu por
longos 159 dias.
 Esta curta duração deve ter influenciado no custo apurado para a Entressafra Industrial,
limitando-se a R$ 6,68/TCM (TCM = tonelada de cana moída). Assim, apesar da
inflação do período, mostrou-se menor que o valor correspondente da entressafra
anterior (R$ 6,84/TCM), que por sua vez já mostrara uma redução em relação ao
praticado na entressafra 2011/12 (R$ 8,31/TCM), lembrando que foi esta última a que
demonstrou uma longa duração: 159 dias corridos. Em tempo: para fins desta pesquisa,
confronta-se a despesa total incorrida com a Entressafra Industrial com o contingente
de cana moída na safra imediatamente anterior. Mas, a Chaves Planejamento e
Consultoria recomenda que para a apuração do custo industrial (e por consequência
dos custos de produção de açúcar e etanol) seja considerado que a entressafra
antecede a safra.
 Também na Área da Administração Agroindustrial vem-se observando uma frente de
trabalho objetivando a redução dos custos agroindustriais. Basta observar os números
obtidos pelas pesquisas recentes conduzidas pela Chaves Planejamento e
Consultoria: seu valor unitário correspondera a R$ 7,09/TCM no ano-safra 2011/12,
que decresceu para R$ 6,77/TCM segundo a pesquisa de 2012/13 e agora posicionou-
se como igual a R$ 6,82/TCM. São valores animadores, considerando a incidência da
inflação no período.
 Com o objetivo de enriquecer o conteúdo desta série de relatórios das Pesquisas
Benchmarking Custos e Outros Indicadores, que há duas décadas vem sendo
realizadas pela Chaves Planejamento e Consultoria, no presente estudo são
apresentados os custos de produção da cana própria. Para tal optou-se por buscar a
realidade predominante no campo, donde tanto o Plantio quanto a Colheita/Transporte
são tomados sob a condição de sistemas mecanizados. Outro ponto a destacar refere-

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se ao fato de que os custos levam em consideração a realidade de campo no que diz
respeito a canaviais não estabilizados (ou seja, foram computados os valores
considerando a distribuição das áreas segundo cada categoria de corte apurada pela
pesquisa de fevereiro/março de 2014. Para o cálculo da exaustão (decorrente do
investimento representando pela Formação do Canavial), considerou-se uma vida útil
do canavial equivalente a cinco cortes, além do que tal investimento foi tomado com
base nos valores atuais, obtidos pelos estudos do ano-safra 2013/14.
 Feitos estes esclarecimentos, embora observe-se todo uma gama de esforços na busca
de redução dos custos de produção da matéria-prima (própria), concluiu-se por
resultados considerados elevados. Tal custo unitário, expresso em R$ por tonelada de
cana, mostrou-se igual a R$ 75,50/tonelada, reconhecidamente acima do tolerado
tendo em vista os valores praticados no mercado. Este quadro mostra-se ainda mais
sombrio se tal custo unitário for demonstrado em R$ por Kg de ATR, eis que sob este
enfoque o valor encontrado equivaleu a R$ 0,5737/Kg. Para se ter uma ideia do quão
oneroso estaria este indicador de custo, basta lembrar que o valor de fechamento do
Kg de ATR pela Consecana-SP correspondeu a apenas R$ 0,4752/Kg (vide Circular
no. 1813, de 31/03/2014, Consecana-SP). Mas, há que considerar que aos poucos o
setor vai se ajustando: paulatinamente vai contendo os custos das várias fases do
processo produtivo, enquanto permanece o desafio de ganhos de riqueza de açúcar
contidos na cana produzida.
 São definidos como Custos Agroindustriais por esta pesquisa aqueles resultantes do
somatório dos custos relativos à matéria-prima + industrialização + administração
agroindustrial. Importante: o valor unitário da matéria-prima (cana) corresponderá a
uma média ponderada considerando o preço da tonelada de cana de terceiros (sem
computar “subsídios) e o custo de produção de cana própria, ponderação com base
nas quantidades esmagadas de cada categoria. Tais Custos Agroindustriais são
demonstrados fazendo-se uso de três unidades de medida: em R$ por TCM (tonelada
de cana moída), em R$ por saco de açúcar 50 Kg e em R$ por m 3 etanol grau absoluto
(100%). Posto isto, considerando aquela primeira unidade de medida, o custo

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agroindustrial deste ano-safra 2013/14 resultou em R$ 97,43/TCM, sinalizando uma
redução em relação ao apurado no ano-safra anterior, este igual a R$ 102,20/TCM.
Esta variação relativa para menos, embora não muito relevante, ganha de importância
considerando a inflação incidente no período. E destaque-se a redução do componente
matéria-prima: apresentara um custo igual a R$ 75,35/TCM no ano-safra anterior e
agora mostrou um valor equivalente a R$ 69,92/TCM (conte-se aí com uma parcela de
contribuição do preço unitário da tonelada de cana de terceiros, em fase de
decréscimo).
 O custo de produção do etanol (expresso em R$ por metro cúbico grau absoluto), por
sua vez, se posicionou como igual a R$ 1.255/m3, concluindo-se portanto por uma
oscilação mínima, eis que na pesquisa anterior alcançou o valor de R$ 1.248/m3. Por
outro lado, o custo do açúcar nesta safra 2013/14 resultou em 42,75/saco 50 Kg, que
comparado com o custo correspondente ao período anterior (R$ 40,20/saco 50 Kg)
sinaliza um incremento da ordem de 6%.
 Uma visão mais detida quanto a estes três indicadores, numa primeira impressão pode
causar estranheza, eis que tais Custos Agroindustriais, quando expressos em R$ por
TCM demonstrou uma redução (5% a menos), ao passo que ambos produtos finais
(etanol com uma variação de custos positiva, embora insignificante, e o açúcar
demonstrando aumento de custos, conforme os 6% citados anteriormente). Ocorre que
a pesquisa conduzida em fevereiro/2014 (e divulgada em março/2014) já demonstrara
que os rendimentos industriais desta safra 2014 não foram bons, por decorrência, entre
outros fatores, do teor de açúcares na cana moída.
 Portanto, o desafio que se coloca à frente para estas unidades agroindustriais é, ao
mesmo tempo, prosseguir na busca da redução dos custos unitários dos seus grandes
segmentos – Agrícola, Indústria e Administração – e retornar aos bons patamares que
se praticavam em termos de qualidade matéria-prima industrializada como melhor
eficiência no processo de fabricação, focado na redução de perdas e melhoria do nível
de aproveitamento de tempo de moagem.

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 Encerrando este capítulo, interessante verificar as expectativas das empresas
pesquisadas quanto a três importantes variáveis relacionadas ao ano-safra 2014/15,
em andamento. Aliás, são três perguntas básicas que foram realizadas no estudo
similar conduzido em fevereiro (e divulgado em março/2014), que agora foram repetidas
nesta pesquisa de julho/agosto de 2014). Vamos aos resultados:
 A primeira pergunta referia-se se o contingente de cana a ser produzido neste ano-safra
em curso será maior ou menor que aquele obtido na safra anterior. Predominou a
opinião “será maior”, aliás com o mesmo índice de frequência de respostas em ambas
as pesquisas (a de fevereiro/2014 e a desta em relato): 51% do total.
 Apesar do que se verificou nesta pesquisa – curva de maturação nas primeiras
quinzenas (até 2ª. quinzena de maio, inclusive) se posicionando abaixo da curva
correspondente da safra passada, predominou entre as empresas pesquisadas a
opinião de que o teor de açúcares na cana produzida em 2014 será melhor do que
aquele registrado na safra 2013. Na primeira pesquisa 62% dos entrevistados
pensavam desta forma e nesta ora relatada tal índice decresceu para 54% do total.
 Quanto aos preços a serem praticados para o setor – que prosseguem num patamar
desconfortável, principalmente no referente à linha açúcar – também registraram-se em
ambas pesquisas opiniões otimistas: 51% achavam que seriam “mais remuneradores”
que aqueles registrados no ano-safra anterior, índice este obtido na pesquisa primeira.
Nesta segunda pesquisa predominou esta opinião, embora com menor grau de
otimismo: 46%% achavam que seriam “mais remuneradores”. Mas é interessante
destacar que a soma dos que preferiram não responder esta pergunta mais os que
declararam ter dúvidas (ou não ter opinião formada sobre o assunto) subiu de 36%
assinalados na primeira pesquisa (fev/març) para 49% nesta pesquisa ora em relato.
Ou seja, praticamente um empate técnico entre os “em dúvida” e os “otimistas”.
 Enfim, são estatísticas derivadas das opiniões de que vivencia e conhece detidamente
os humores do setor agroindustrial sucroenergético. A conferir quando do encerramento
do ano-safra.

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo deriva de uma parceria estabelecida há duas décadas entre a


Chaves Planejamento e Consultoria S/S Ltda. e um grupo de quatro dezenas de usinas
de açúcar e etanol, localizadas na região Centro-Sul do país, e tem como objetivo o
levantamento de alguns indicadores de desempenho agroindustrial, principalmente
relacionados a custos. São realizadas duas pesquisas anuais e destacam-se, a seguir, os
procedimentos para a consecução do estudo realizada na segunda pesquisa (esta
efetuada em julho e divulgada em agosto):
Amostragem - não aleatória, eis que definida em função do interesse das usinas
em participarem deste programa. Assim, não constitui amostra determinada sob o rigor
estatístico, não pretendendo este estudo, portanto, representar cientificamente a média da
realidade da região Centro-Sul, embora mais de 100 milhões de t cana estejam
representadas nesta amostra.
Custos de Preparo de Solo – custos apurados em duas situações: Preparo de Solo
Renovação (reforma do canavial para estabelecimento de novo ciclo de produção) e
Preparo de Solo Expansão (ocupação de outras áreas para instalação da cultura
canavieira). O Preparo de Solo compreende a sequência de atividades agrícolas, indo da
destruição da vegetação anterior até o solo estar pronto para ser sulcado, quando então
se inicia a fase seguinte, o Plantio.
Custos de Plantio de Cana – incorridos pela realização das operações desde a
sulcação e considerados concluídos com a cobertura do sulco, incluindo os custos
relacionados à muda (olhadura), inclusive os decorrentes da logística com tal insumo
(corte, carregamento, transporte e distribuição no sulco). O custo, considerando
especificamente o insumo Muda, reflete o valor médio obtido pela pesquisa (em
R$/tonelada), aplicando-se este valor médio à dose utilizada por cada empresa. As duas
modalidades foram pesquisadas: Plantio Convencional e Plantio Mecanizado, lembrando
que cada sistema exige doses diferentes deste insumo.

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Custos de Tratos Culturais de Cana Planta – custos das operações que ocorrem
após a cobertura do sulco (final do plantio) e se seguem até a última operação que
antecede a colheita do 1º. corte.
Custos de Tratos Culturais de Soqueiras – custos das operações que ocorrem
após a colheita e retirada da cana produzida, atividades estas que têm como objetivo
manter bem nutridas as socas e livres da competição de ervas daninhas, contemplando
também o controle de pragas, fertirrigação, entre outras práticas culturais visando boa
produtividade de cada corte subsequente. E se seguem até a última operação que
antecede a colheita do corte seguinte, e que abrangem todas as áreas colhidas (todos os
cortes, exceto o primeiro porque este recebeu os Tratos Culturais de Cana Planta).
Custos de Irrigação / Fertirrigação – embora pesquisados e apresentados
destacadamente, os seus valores já estão incorporados nos custos dos tratos culturais
(cana planta e socas) demonstrados por esta pesquisa. Quando informado pela usina
pesquisada que não foi incorporado nos tratos culturais, esta providência é tomada pela
coordenação da pesquisa durante a fase de processamento dos dados levantados.
Cana de Terceiros – o valor médio da tonelada desta categoria de cana é calculado
a partir das informações disponibilizadas pelas usinas pesquisadas, tanto as referentes ao
teor de ATR contido nesta matéria-prima como as relativas ao valor do Kg de ATR. Não
estão computados pagamentos “extra-Consecana” (incentivos concedidos), donde é
importante ressaltar que na prática este valor unitário desta categoria de matéria-prima
possa ser algo mais elevado que o obtido por esta pesquisa.
Custos Industriais do Período de Entressafra – são aqueles contabilizados no
período da entressafra, incluindo gastos com reparações e conservação da indústria
(materiais e serviços de terceiros), folha de pagamento de pessoal, depreciações e outros
gastos incorridos enquanto a usina está parada. São levantados por esta pesquisa os
custos totais apurados no período de entressafra e posteriormente são calculados os
valores unitários através da divisão destes montantes pela quantidade de cana moída na
safra imediatamente anterior. Observação importante (1): para efeito de apuração dos
custos a recomendação da Chaves Planejamento e Consultoria aos seus clientes

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consiste em considerar a Entressafra antecedendo a Safra, donde as despesas incorridas
naquele período serão amortizados na safra subsequente; nesta pesquisa, apenas com o
objetivo de obter valores unitários que possam servir de indicadores referenciais aos
participantes, excepcionalmente os custos da entressafra estão calculados na forma
unitária (R$ por TCM) considerando a moagem da safra anterior. Observação (2): os
investimentos efetuados nesta fase não são obviamente contabilizados como custos;
incorporarão o ativo imobilizado, donde serão derivadas as depreciações aplicadas ao
longo da vida útil de cada ativo. Observação (3): dentro de mesma formatação (mesmos
itens de custos), quando das pesquisas realizadas em janeiro/fevereiro anualmente, são
levantados os custos incorridos exclusivamente no período de safra. Desta forma, as
usinas participantes destas pesquisas têm a possibilidade de avaliar os seus valores
unitários considerando os dois períodos separadamente: entressafra e safra.
Custos Agroindustriais – são definidos por este estudo como aqueles compostos
pela matéria-prima (mix de cana própria e de terceiros), industrialização (entressafra +
safra) e administração agroindustrial. Opta-se por demonstrar estes resultados na forma
unitária expressos em R$ por tonelada de cana moída. Observação: valores relativos ao
gerenciamento agrícola e ao gerenciamento industrial são computados como custos de
produção (de cana e de açúcar/etanol, respectivamente).
Custos de Produção de Açúcar e Etanol – são levantados junto às usinas
participantes os componentes de custos propriamente ditos: matéria-prima e
industrialização. Posteriormente, com base nas proporções de matéria-prima rateadas
entre etanol e açúcar informadas pelas usinas participantes, os mesmos índices são
utilizados para ratear as despesas de administração (Administração Indireta), informadas
à parte neste levantamento. Os custos unitários relativos à produção de açúcar estão
expressos em R$ por saco de 50 Kg ao passo que os relativos à produção de etanol estão
expressos em R$ por metro cúbico com sua graduação considerada a 100%.
Apresentação das estatísticas obtidas – os resultados, em sua maioria, são
apresentados destacando-se os valores médios e os primeiros e terceiros quartis. O

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conceito de quartil tem como principal mérito fornecer uma visão mais apropriada sobre a
distribuição dos resultados obtidos, conforme discriminado a seguir:
 O primeiro quartil é o valor cuja posição relativa indica que 25% dos valores da
amostra analisada se posicionam abaixo do mesmo e os restantes 75% acima;
 O terceiro quartil é o valor cuja posição relativa indica que 75% dos valores da
amostra analisada se posicionam abaixo do mesmo e os restantes 25% acima.
Cronograma operacional – são realizadas duas pesquisas anualmente, ou seja,
além desta (julho/agosto) há a efetivação de outra conduzida em janeiro/fevereiro, quando
os indicadores de performance e de custos de safra (agrícolas e industriais) são levantados
e analisados (entre outros, custos de colheita e transporte de cana na Área Agrícola, e
custos de operacionalização da Indústria no período de safra).

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PERFIL DAS USINAS PESQUISADAS

Em relação à pesquisa de fev-março/2014, uma pequena alteração na composição


da amostra. Continuam predominando as usinas localizadas no Estado de São Paulo: 56%
do seu total.
A seguir, em segundo lugar, os estados mais representados foram Paraná e Mato
Grosso do Sul, ambos com 13% do total de usinas estudadas. E em terceiro vem o estado
do Minas Gerais, representado por 10% do total da amostra. Finalmente, complementam
a amostra três usinas localizadas nos estados de Goiás, com participação relativa
equivalente a 8% do total das empresas analisadas.
Já comentado no início deste capítulo, destaque-se que a amostra trabalhada não
se reveste de caráter aleatório, não tendo este estudo objetivos ou fins científicos. A grande
maioria das usinas que participam destas pesquisas são aquelas que demandaram algum
tipo de serviço da CHAVES PLANEJAMENTO E CONSULTORIA ao longo destas últimas
duas décadas, desde a realização dos cursos da série CEDEPLAN idealizados e
executados por esta empresa de consultoria em meados dos anos noventa. Em que pesem
estas restrições destacadas, frise-se a importância desta parceria entre praticamente
quatro dezenas de usinas localizadas na região Centro-Sul e a CHAVES
PLANEJAMENTO E CONSULTORIA, possibilitando a geração de indicadores de custos
e outros de ordem operacional de vital importância para o processo de planejamento e
avaliação das agroindústrias sucroenergéticas.
A realização destes estudos, conduzidos sistematicamente há 20 anos
consecutivos, ratifica a flagrante importância desta série de pesquisas, bem como ressalta
a confiança depositada por este grupo de usinas em trabalho caracterizado, antes de tudo,
por criterioso compromisso de confidencialidade por parte da CHAVES PLANEJAMENTO
E CONSULTORIA com relação às informações individuais de cada empresa participante.

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As considerações seguintes são transcritas do relatório divulgado em março/2014
(pesquisa efetuada em jan/março de 2014), cabendo destacar que entre esta e aquela
pesquisa, embora o número de usinas amostradas fosse o mesmo – 39 unidades – houve
a não participação de duas (em fase de mudança de sistema de informações) e a inclusão
de duas novas usinas. Feito este reparo, lembra-se que as informações a seguir citadas
foram obtidas em janeiro/fevereiro:
Considerando as produções desta amostra, a safra 2013 foi mais voltada ao etanol,
que respondeu por 55% do total produzido, cabendo aos açúcares os 45% restantes.
Focalizando a linha açúcar, a preferência destas quase quatro dezenas de
agroindústrias recaiu sobre o Açúcar VHP, que representou mais da metade da produção
total de açúcar (60% do total, para ser mais exato), vindo a seguir o Açúcar Cristal Branco,
com uma participação relativa igual a 30%, constatando-se 10% de participação de outros
tipos de açúcares na produção total.

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Pelo lado dos etanóis, a produção de Hidratado prossegue decrescendo a cada ano
em termos relativos, mas ainda continuou predominando: nesta safra 2013 respondeu por
53,4% do total desta linha de fabricação. O Anidro, contrariamente, mais uma vez
aumentou sua participação relativa: na safra anterior respondera por 39% do total e nesta
em análise sua produção correspondeu a 44,3% do total dos etanóis. Outros tipos de etanol
representaram apenas 2,4% deste total.

Na média geral, estas 39 usinas nesta safra 2013 processaram 2,75 MTC (milhões
de toneladas de cana) por unidade. As mais presentes foram as médias (de 2,01 a 4,00
MTC), cerca de 62% do total das indústrias analisadas. A seguir, as de menor porte
(moagem até 2,00 MTC), correspondendo a 26% dentre as usinas participantes. As de
grande porte (moagem acima de 4,00 MTC) representaram 12% das agroindústrias
pesquisadas.

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RESULTADOS OBTIDOS
Pesquisa Julho/2014

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