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Estratégias de Planejamento e
Monitoramento das Operações
1ª edição
ISBN: 978-65-00-90013-2
DOI: 10.29327/5339042
Pompéia, SP
Edição dos Autores
2024
Renovação de Cana-de-Açúcar com o Cultivo de Amendoim
Estratégias de Planejamento e Monitoramento das Operações
1
RENOVAÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR COM O
CULTIVO DE AMENDOIM
1ª Edição
Janeiro de 2024
Autores:
(1)
Engenheiro Agrônomo pela ESALQ-USP | MBA em Gestão Empresarial pela FGV | MBA em Gestão
Estratégica de Negócios pela ESALQ-USP | Especialização em Produção de Cana-de-Açúcar pelo IAC |
Aperfeiçoamento em Planejamento e Otimização da Logística da Cana-de-Açúcar pela ESALQ LOG |
MTA em Gestão Industrial Sucroenergética pela UFSCar | Produtor Rural | Sócio da ESA Agritech
(2)
Engenheiro Agrônomo pela ESALQ-USP | Mestre em Mecanização Agrícola pela ESALQ-USP |
Especialização em Investimento e Gestão do Setor Sucroalcooleiro pela ESALQ-USP | Docente do Curso
de Mecanização em Agricultura de Precisão da FATEC Shunji Nishimura (Pompéia-SP) | Produtor Rural
| Sócio da ESA Agritech
Autores:
Luís Ricardo Bérgamo
Engenheiro Agrônomo
bergamo@esaagritech.com
linkedin.com/in/luísricardobérgamo
@luisricardobergamo
1. Introdução.................................................................................................................................................................5
2. Definição da Melhor Época de Plantio de Cana-de-Açúcar .......................................................................................7
2.1. Tipo de Solo da Região do Estudo de Caso ........................................................................................................7
2.2. Período Ideal para o Plantio da Cana-de-Açúcar no Oeste do Estado de São Paulo – Região da Alta Paulista 11
2.3. Ganhos de Produtividade com o Plantio na Época Ideal da Região do Estudo de Caso ..................................17
2.4. Práticas Agronômicas Utilizadas no Plantio de Cana-de-Açúcar Durante o Mês de Março.............................19
2.5. Quais os Riscos de Realizar o Plantio de Cana-de-Açúcar Fora da Época Recomendada para a Região da Alta
Paulista? .................................................................................................................................................................21
2.6. Cronograma das operações para realizar o plantio na época recomendada ..................................................25
3. Preparo de Solo para o Plantio de Cana-de-Açúcar Utilizando Canterizador ..........................................................26
4. Planejamento das Operações de Cana-de-Açúcar para a Criação de uma Janela para a Rotação de Culturas .......32
5. Renovação do Canavial com Rotação de Culturas ..................................................................................................37
5.1. A Utilização de Plantas de Cobertura e Amendoim para a Renovação do Canavial ........................................37
5.2. Arrendamento (repasse) das Áreas de Reforma de Cana-de-Açúcar aos Produtores de Amendoim..............40
5.2.1. Histórico dos Herbicidas Utilizados na Cana-de-Açúcar ...........................................................................41
5.3. Estratégia de rotação de culturas e Planejamento das Operações Mecanizadas ............................................43
5.3.1. Cultivo Mínimo na Cultura do Amendoim ................................................................................................44
5.3.2. Preparo de Solo Para o Plantio de Cana-de-Açúcar Após a Colheita do Amendoim ................................51
5.4. Receita Obtida com o Arrendamento das Áreas de Reforma Para o Plantio de Amendoim ...........................56
6. O papel do Centro de Operações Agrícolas (COA) no Monitoramento das Operações de Preparo de Solo Para o
Plantio da Cana-de-Açúcar ..........................................................................................................................................59
6.1. Objetivos do Centro de Operações Agrícolas (COA) ........................................................................................59
6.2. Monitoramento das Operações .......................................................................................................................61
6.2.1. Monitoramento Integrado da Velocidade, Rotação do Motor (RPM) e Consumo de Combustível .........62
6.2.2. Monitoramento do Tempo Efetivo...........................................................................................................72
6.2.3. Planejado versus Realizado.......................................................................................................................74
6.2.4. Monitoramentos das Máquinas Utilizadas na Sistematização (Linha Amarela) .......................................77
7. Gestão de Pessoas, Processos e Tecnologias ..........................................................................................................80
8. Referências Bibliográficas .......................................................................................................................................86
O repasse dessas áreas aos produtores de amendoim no período de reforma (setembro do ano 1
até março do ano 2) é uma opção interessante que contribui significativamente na redução de custos de
arrendamentos e nas operações de preparo, além na melhoria química, física e biológica do solo.
Após a colheita do amendoim, o foco está em realizar o plantio da cana-de-açúcar dentro da
melhor janela recomendada, visando a formação de um canavial produtivo e longevo. Para que isso seja
“A tecnologia vai reinventar o negócio, mas as relações humanas continuarão a ser a chave para o
sucesso.”
Stephen Covey
A época de plantio constitui-se em uma decisão de manejo de alto impacto sobre a produtividade
agrícola das culturas. Isto porque, a escolha da época de plantio visa propiciar a “desejada” coincidência
entre a ocorrência de condições climáticas favoráveis no ambiente de produção e os estádios de
desenvolvimento da cultura, em que tais condições sejam requeridas.
Os argissolos são solos minerais com nítida diferenciação entre as camadas ou horizontes,
reconhecida em campo especialmente pelo aumento, por vezes abrupto, nos teores de argila em
profundidade. Podem ser arenosos, de textura média ou argilosos no horizonte mais superficial. Os
Argissolos Vermelhos e Vermelho-Amarelos de textura arenosa/média são encontrados em todo o Oeste
do Estado de São Paulo (figuras 2.1. e 2.2), sendo os Argissolos Vermelho-Amarelos de textura arenosa os
predominantes nas áreas onde foram realizados este estudo (figura 2.2).
Figura 2.4. Relação textural entre horizontes superficial e subsuperficial dos solos do Estado de
São Paulo.
Fonte: Rossi (2017)
O relevo da região onde a usina está localizada é classificado como suave ondulado (figura 2.6),
permitindo a mecanização do plantio e colheita em 100% das áreas.
Um ponto de atenção no manejo dos argissolos de textura arenosa no horizonte A e média no
horizonte Bt está na infiltração da água no solo. A diferença textural dificulta a infiltração de água e torna
este solo suscetível à erosão, conforme ilustra a figura 2.7
No horizonte superficial (A) a infiltração da água ocorre de forma rápida em função dos
macroporos do solo arenoso. Já no horizonte subsuperficial (Bt) a infiltração da água é lenta. Quando
ocorre chuvas intensas, a infiltração de água no horizonte A é rápida, mas quando atinge o horizonte Bt a
B
velocidade de infiltração diminui, saturando rapidamente o horizonte A, ficando este solo extremamente
textural
susceptível à erosão.
No período de maior intensidade pluviométrica, os solos arenosos ou arenosos com gradiente
textural devem ser mantidos sob vegetação (plantas de cobertura ou culturas anuais, como soja ou
amendoim), reiniciando o preparo convencional, quando necessário, com a diminuição das chuvas, a
partir de março e abril.
Por outro lado, os Argissolos apresentam maior disponibilidade de água do que os Latossolos
devido à sua grande diferença textural, que é responsável pela quebra de capilaridade entre os horizontes
A com mais baixo porcentagem de argila (ou de microporos) e o horizonte B textural com bem mais
elevada porcentagem de argila (ou de microporos), o que aumenta muito o tempo de permanência da
água no perfil, favorecendo o plantio nos meses de maio e junho.
2.2. Período Ideal para o Plantio da Cana-de-Açúcar no Oeste do Estado de São Paulo – Região da
Alta Paulista
A estratégia para a definição deste período foi embasada no conceito de pontualidade das
operações agrícolas, que é definido como a capacidade de efetuar as operações na época em que a
qualidade e/ou quantidade de um produto são otimizadas.
110 104
98
100 94
89 89
90
81
80
68
70
60 56
50
40
Figura 2.8. Produtividade do canavial no primeiro corte em função da época de plantio para a
região Oeste de São Paulo, em solos argissolos. Valores referentes ao plantio
realizado entre dezembro de 2001 e novembro de 2002.
Fonte: Adaptado de Demattê; Demattê (2008)
A realização do plantio da cana-de-açúcar foi definida entre os meses de março a junho, período
em que ocorre as maiores produtividades para a região, conforme pode ser observada na figura 2.8. A
média de produtividade no primeiro corte neste período é de 116,75 t/ha.
Na figura 2.9 é possível observar que a cana plantada em janeiro apresenta maior número de
perfilhos por metro até o mês de maio, quando comparada àquela plantada em março. A partir deste
período o plantio tardio (de março em diante) tende a apresentar maior número de perfilhos e maior
produção de massa verde por hectare.
10 9
7,8 8
5 4,2
2,9
0
0
Janeiro Março Maio Julho Setembro Novembro Janeiro
Janeiro Março
Figura 2.9. Número de perfilhos por metro no primeiro corte em função da época de plantio para a
região Oeste de São Paulo, em solos argissolos. Valores referentes ao plantio realizado
em janeiro e março de 2002.
Fonte: Adaptado de Demattê; Demattê (2008)
Figura 2.10. Canavial plantado no final de fevereiro de 2020 em Campo Florido/MG, com
formação excessiva de palha causada pela produção de colmos.
Fonte: Daine Frangiosi
Neste projeto, o plantio iniciou-se em março, evitando-se o período de chuvas intensas (janeiro e
fevereiro) para evitar erosões e possíveis perdas de plantio e foi finalizado na metade de junho, evitando
riscos de falta de umidade no solo a partir desse período, conforme a recomendação do Instituto
Agronômico de Campinas (IAC), ilustrada na figura 2.12.
O plantio do mês de março foi realizado nas áreas com topografia plana e que estavam protegidas
com plantas de cobertura (Crotalaria juncea), com poucos riscos de erosão (figura 2.17).
Figura 2.13. Épocas de plantio da cana-de-açúcar em função dos ambientes de produção, tipos
de solos, drenagem, textura e relevo.
Fonte: Boletim Técnico, 216, IAC, 2016.
Tabela 2.1. Área Plantada, Produtividade e Produção de Cana-de-Açúcar no Período Ideal de Plantio (com
monitoramento online das operações de preparo e plantio).
Mês de Plantio Área Plantada (ha) Produtividade (t/ha) Produção de Cana (t)
Março 1.933 115 222.349
Abril 2.486 121 300.806
Maio 2.286 116 265.176
Junho 1.296 115 149.040
TOTAL 8.001 117,15 937.371
Fonte: autores
Mês de Plantio Área Plantada (ha) Produtividade (t/ha) Produção de Cana (t)
Janeiro 762 94 71.628
Fevereiro 1.217 98 119.266
Março 1.410 115 162.150
Abril 1.348 121 163.108
Maio 1.573 116 182.468
Junho 1.128 115 129.720
Julho 563 104 58.552
TOTAL 8.001 110,85 886.892
Fonte: autores
50.479 6,30
Fonte: autores
Tabela 2.4. Redução de Custos em Função da Menor Necessidade de Compra de Cana Spot.
Negociação de Compra Preço do ATR Preço da Necessidade de Valor Total da
de Cana Spot (R$/kg) Cana (R$/t) Compra de Cana (t) Compra de Cana
115 kg de ATR/t R$ 1,2257* R$ 140,96 50.479 R$ 7.115.292
*Preço do ATR referente ao mês de novembro de 2023.
Fonte: CONSECANA-SP
A maior parte da região Oeste do Estado de São Paulo, onde ocorreram as recentes expansões da
canavicultura, é ocupada pela província geomorfológica Planalto Ocidental, caracterizada por formas de
relevo mais suavizadas (<15 cm/m), e o material de origem predominante é o arenito, evidenciando os
Argissolos Vermelho-Amarelos ou Vermelho, de textura arenosa/média, que são de alta susceptibilidade
à erosão (BOLONHEZI et. al, 2018).
No mês de março ainda ocorrem chuvas de grande intensidade, o que contribui para um aumento
no risco de assoreamento de sulcos e ocorrências de erosões em áreas de plantio de cana-de-açúcar,
principalmente em solos bem-preparados e desprovidos de cobertura vegetal.
Alguns manejos com relação às áreas plantadas em março merecem destaques como o plantio em
áreas com a topografia plana e o plantio direto sobre coberturas vegetais, com destaque às leguminosas
(Figuras 2.14 a 2.15) como as espécies do gênero Crotalaria spp. O preparo de solo localizado, como por
exemplo, a canterização, pode ser realizada diretamente sobre as plantas de cobertura, conforme ilustra
a figura 2.16, onde o canterizador incorporou a Crotalaria juncea antes da operação de sulcação para o
plantio da cana-de-açúcar.
As chuvas no Estado de São Paulo são concentradas no período de verão. O período das águas vai
de outubro a março e o período da seca, de abril a setembro. A ocorrência de chuvas pesadas em curto
espaço de tempo ou a má distribuição das precipitações, na maior parte do Estado, constitui fator de risco
elevado de erosão. O conhecimento da distribuição das chuvas ao longo do ano e dos valores extremos
de quantidade e intensidade de chuvas é especialmente importante para a conservação dos solos (DE
MARIA, et. al, 2016).
Tanto o plantio de cana-de-ano (setembro a novembro) como o de dois verões (dezembro do ano
1 e janeiro do ano 2) não são recomendados para solos com impedimentos e, ou, com baixa infiltração,
como os Neossolos Litólicos e Argissolos, bem como solos pouco estruturados como os Latossolos de
textura mais arenosa e Neossolos Quartzarênicos, pois são facilmente erodidos. Também devem-se evitar
ainda áreas declivosas, principalmente no período das águas estando esses solos descobertos
(BOLONHEZI et. al, 2018).
Para a região Oeste, o plantio é recomendado entre os meses de março a junho. O plantio de junho
deve ser realizado em áreas que possibilitem a utilização de irrigação, seja com água ou vinhaça, evitando
riscos de ocorrência de falhas em função da falta de umidade no solo. Outra prática interessante para o
plantio nos meses de maio e junho é a utilização da torta de filtro no sulco de plantio (quando possível).
Sua umidade, cerca de 70%, garante uma melhor brotação. Também sua decomposição gera calor que
pode auxiliar a brotação das gemas no período de inverno.
O plantio em março deve ser preferencialmente feito em áreas de relevo plano e se possível, com
a presença de plantas de cobertura na rotação de culturas, evitando que o solo fique totalmente exposto
após o plantio da cana-de-açúcar.
A falta de planejamento agronômico e operacional pode causar problemas sérios com relação ao
plantio de cana-de-açúcar, como por exemplo, a figura 2.17, mostrando o estrago causado por chuvas
intensas no mês de fevereiro. É possível observar as falhas na brotação da cana-de-açúcar, necessitando
de um novo plantio na mesma área, o que aumentaria significativamente os custos de formação de
lavoura. Na mesma linha de raciocínio, tem-se a figura 2.18, onde o preparo de solo e o plantio foram
realizados no mês de janeiro, recebendo uma quantidade de chuvas de mais de 300 milímetros em apenas
uma semana, causando estrias e erosões em diversos pontos da área. Semelhante ao que ocorreu na área
plantada em fevereiro, nesta área também foi realizado um novo plantio, impactando novamente no
aumento de custos.
Plantios realizados em no mês de julho também podem enfrentar problemas de déficit hídrico, já
que é um dos meses mais secos do ano na região do Oeste Paulista. A combinação de falta de chuvas e
solos com o horizonte A mais arenosos podem resultar no exemplo da figura 2.19. Neste caso, houve
Quando o plantio é realizado dentro do período recomendado, o resultado são lavouras livre de
falhas e com alto vigor vegetativo, garantindo altas produtividades, como o exemplo da figura 2.20.
A figura 2.21 mostra o cronograma das operações para o cenário convencional, com uma janela
de plantio de cana-de-açúcar de 6 meses (janeiro a julho), item “a”, e para o cenário proposto, com a
janela de plantio ajustada para a melhor época para se obter a maior produtividade, item “b”.
A redução da janela de plantio de 6 para 4 meses irá demandar uma gestão eficiente da capacidade
de trabalho diária (ha/dia) para que estas operações consigam realizar suas atividades dentro do prazo
estipulado pelo cronograma, tanto da operação de plantio quanto para o preparo do solo, etapa anterior,
que reduziu de 6 para 5 meses. O capítulo 6 irá mostrar estratégias para esta gestão, com o
monitoramento das operações.
Para o preparo do solo, além do monitoramento, tem-se a opção da seleção de quais operações
serão realizadas neste processo, como será visto no capítulo 3.
Entre a colheita das áreas de reforma e o preparo do solo, a área fica em pousio, ou seja, sem
atividade agrícola por um período que pode variar de 2 a 6 meses, em média. Um ponto de atenção nas
áreas de reforma é que se deve evitar deixá-las em pousio, pois isso pode favorecer o aumento de
infestação por plantas daninhas, principalmente o aumento do banco de sementes no solo, além de
aumentar os custos do preparo de solo, conforme ilustram as figuras 4.1 a 4.7.
Figura 4.1. Área de reforma de cana-de-açúcar em pousio com alta infestação de plantas daninhas.
Fonte: Luís Ricardo Bérgamo
Figura 4.2. Área de reforma de cana-de-açúcar em pousio com alta infestação de plantas daninhas.
Fonte: Luís Ricardo Bérgamo
Figura 4.3. Área de reforma de cana-de-açúcar em pousio com alta infestação de plantas daninhas.
Fonte: Luís Ricardo Bérgamo
Figura 4.5. Área de reforma de cana-de-açúcar em pousio com alta infestação de plantas daninhas.
Fonte: Luís Ricardo Bérgamo
Nas figuras 4.6 e 4.7 é possível observar o quão trabalhoso é o preparo de solo nas áreas que foram
deixadas em pousio, aumentando os custos em função do maior número de operações a serem realizadas
nessas áreas.
Figura 4.7. Área de reforma de cana-de-açúcar em pousio com alta infestação de plantas daninhas,
aumentando os custos operacionais do preparo de solo.
Fonte: Luís Ricardo Bérgamo
Para a criação de uma janela para rotação de culturas antes do plantio de cana-de-açúcar, será
necessário reorganizar as operações de colheita, sistematização e aplicação de corretivos, conforme
demostrado na figura 4.8.
Observa-se na figura 4.8. que a colheita das áreas destinadas para reforma do canavial ocorre
entre setembro e novembro. Porém, para a criação da janela para a rotação de culturas, será necessário
planejar a colheita destas áreas entre maio e setembro, excluindo assim os meses de outubro e novembro
do cronograma de colheita.
Com isso, as operações de sistematização (construção de terraços, carreadores e consertos de
erosões) e de aplicação de corretivos também serão remanejados para o mesmo período de colheita das
áreas de reforma (maio a setembro). Este remanejamento reduzirá a janela de sistematização de 8 para
5 meses e de aplicação de corretivos de 7 para 5 meses.
A redução da época de realização destas operações irá demandar uma gestão eficiente da
capacidade de trabalho diária (ha/dia) para que estas operações consigam realizar suas atividades dentro
do prazo estipulado pelo cronograma. O capítulo 6 irá mostrar estratégias para esta gestão, com o
monitoramento das operações.
Durante a renovação do canavial, é comum o uso de espécies de plantas conhecidas como adubos
verdes, cujo objetivo é obter uma cobertura superficial para manter ou melhorar as propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo. O cultivo de espécies de ciclo curto em áreas de renovação de cana-de-
açúcar proporciona uma série de vantagens agronômicas e financeiras, como economia na reforma do
canavial, conservação do solo, devido à manutenção de cobertura vegetal em uma época de alta
concentração de chuvas, controle de plantas daninhas, combate indireto às pragas e potencial aumento
da produtividade da cana-de-açúcar.
Para a reforma do canavial pode-se optar, dentre as leguminosas, pelo plantio das espécies de
crotalárias, soja ou amendoim, sendo que a escolha deve ser feita em função do local a ser utilizado, da
declividade da área, da predisposição a pragas de solo e da disponibilidade de máquinas e implementos
para as operações de cada cultura.
Uma das culturas mais interessantes para esse processo é a do amendoim, por possuir um sistema
radicular bem desenvolvido e boa adaptação a vários tipos de solo e, ainda, contribuir para o aumento da
produtividade dos canaviais durante os intervalos de reforma. Além disso, o plantio do grão tem
proporcionado ganhos econômicos importantes aos produtores.
O amendoim apresenta alta capacidade de fixação biológica de nitrogênio devido ao processo
simbiótico, envolvendo bactérias diazotróficas do gênero Bradyrhizobium sp., tornando-se uma excelente
opção de cultivo em sistemas de sucessão/rotação de culturas (SILVA et al., 2019).
A cultura do amendoim é considerada relativamente tolerante à seca, devido ao seu sistema
radicular profundo que permite explorar volume de solo das camadas mais profundas as quais possuem
maior disponibilidade de água. As necessidades hídricas variam de 450 a 700 mm durante o ciclo. A
máxima exigência hídrica ocorre durante o florescimento e frutificação. A falta de água no início do
desenvolvimento faz com que ocorram problemas como atraso e irregularidades na germinação (CATO et
al., 2008).
A cultura desenvolve-se bem em solos de textura arenosa, geralmente, estes solos possuem boa
drenagem e aeração, favorecendo o desenvolvimento das raízes e frutos, como também o suprimento de
nitrogênio para a fixação simbiótica, por outro lado, a baixa aeração favorece o desenvolvimento de
organismos patogênicos. Como desvantagem, os solos arenosos apresentam baixa capacidade de reter
água podendo ocorrer reduções de produtividade em função de veranicos, menor fertilidade, devido à
Os custos de arrendamentos na região Oeste de São Paulo (Alta Paulista, a qual engloba os
municípios de Garça até Panorama, ilustrados na figura 5.1) quase triplicaram nos últimos 4 anos (saindo
de uma média de R$ 830/ha em 2019 para R$ 2.300/ha em 2023), acentuando a concorrência por áreas
para plantio de amendoim, mandioca e cana-de-açúcar.
Neste cenário, os produtores de amendoim da região buscam firmar parcerias com as usinas, as
quais subarrendam por um período (setembro a março) as áreas de reforma de cana-de-açúcar para estes
produtores. Com isso, há uma menor disputa por áreas e, consequentemente, menor inflacionamento de
preços de arrendamentos na região.
Figura 5.3. Cronograma com a sequência das operações agrícolas nas áreas de reforma de cana-de-açúcar.
Fonte: autores
Para que essa parceria seja viável econômica e agronomicamente, faz-se necessário a colheita da
cana e a liberação das áreas de reforma aos produtores de amendoim até o mês de agosto, quando se
inicia o preparo de solo para a semeadura da leguminosa, conforme o cronograma da figura 5.3.
O ciclo da cultura do amendoim varia de 115 a 140 dias, sendo liberada para o plantio da cana-de-
açúcar a partir de 15 de março, quando é iniciada a operação de canterização (preparo do solo). No
entanto, como o preparo de solo deve ser iniciado antes do início da operação de plantio, é necessário
que a usina destine uma parte das áreas de reforma para o plantio de adubos verdes ou plantas de
cobertura, especialmente as do gênero Crotalaria spp.
Neste estudo de caso, foram destinados à semeadura de amendoim 75% das áreas de reforma,
enquanto os outros 25% foram destinados às plantas de cobertura. Estas foram semeadas na primeira
quinzena de outubro, sendo incorporadas na operação de canterização no início de fevereiro, sendo
liberadas para o plantio de cana-de-açúcar no mês de março, tabela 5.1.
A necessidade de liberação de áreas para a canterização no início de fevereiro foi o fator decisivo
para o plantio de 2.000 ha de plantas de cobertura, já que as áreas cultivadas com amendoim só estariam
disponíveis a partir de 15/03. Na tabela 6.1. está especificada a área a ser canterizada em cada mês, sendo
1.091 ha em fevereiro e 879 ha até 15/03, culminando em 1.970 ha, valor este muito próximo aos 2.000
ha planejados.
Tabela 5.1. Definição das áreas que serão destinadas ao plantio de crotalária e amendoim em função da
necessidade do preparo de solo (canterização).
Tabela 5.2. Custos do preparo de solo e da semeadura das plantas de cobertura (Crotalaria juncea).
Área de Plantas de Cobertura (ha) Custo Unitário (R$/ha) Custo Total (R$)
2.000 R$ 1.954 R$ 3.908.000
Fonte: autores
Embora o cultivo de amendoim ainda seja feito com o preparo de solo convencional (grade e arado
de aiveca) no início da estação chuvosa (a partir das primeiras chuvas de setembro), há produtores
buscando melhorar a sustentabilidade da cultura no que diz respeito à conservação de solo, adotando
práticas como a utilização de um implemento denominado Rip Strip (figura 5.4), o qual realiza em uma
única passada o corte dos restos culturais, o preparo da fileira de semeadura e a escarificação do solo,
Figura 5.4. Implemento Rip Strip acoplado com a semeadora de amendoim (cultivo mínimo).
Fonte: Revista Cultivar (2016)
2) Discos Dentados
3) Haste/Ponteira
4) Discos Corrugados
5) Discos Ondulados
6) Rolo Destorroador/Nivelador
Na figura 5.6 é possível observar o preparo localizado na fileira de semeadura do amendoim, com
pouca mobilização de solo, favorecendo a redução de riscos de erosão, além da presença de uma camada
de palha na entrelinha, contribuindo para a manutenção da umidade no solo por um período maior,
quando comparado ao preparo convencional.
Um ponto de atenção com relação à utilização do Rip Strip é que por ser um implemento que
realiza o preparo localizado na fileira de semeadura, há a necessidade de um estudo prévio das condições
físicas do solo para avaliar se este apresenta alguma limitação, principalmente a presença de camada
compactada, exemplificada pela figura 5.7. Neste caso, é necessário a realização de um preparo em
profundidade, com o objetivo de romper a camada compactada, favorecendo o desenvolvimento
radicular do amendoim.
Para que seja possível o plantio do amendoim adotando práticas como o cultivo mínimo faz-se
necessário um cuidado maior das operações durante o ciclo da cana-de-açúcar, principalmente com
relação à colheita, evitando assim a entrada das máquinas em solos com umidade elevada, focando nas
retomadas das operações após as chuvas (retomada da colheita após chuvas acima de 30 mm),
exemplificado pela figura 5.7. Em solos argilosos, este problema de compactação é intensificado,
causando maiores custos no preparo de solo.
Alguns produtores estão realizando o plantio direto do amendoim na palhada, conforme ilustram
as figuras 5.8 e 5.9. Evidentemente que a adoção de tal prática demanda um planejamento detalhado e
integrado entre as usinas e os produtores da oleaginosa, já que o perfil do solo não deverá apresentar
nenhuma camada compactada, além de estar quimicamente corrigido nos primeiros 0,40 m de
profundidade, favorecendo o desenvolvimento do sistema radicular do amendoim.
As aplicações de calcário e gesso nos últimos estágios do canavial favorecem a correção química
do perfil do solo em profundidade, voltando-se a atenção novamente quanto ao tráfego de colhedoras e
transbordos com o solo úmido, principalmente nas retomadas de colheita após as chuvas.
Embora o sistema de plantio direto e/ou cultivo mínimo seja o ideal do ponto de vista de
conservação do solo e sustentabilidade da cultura, é possível realizar o preparo convencional em áreas
com impedimentos químicos e físicos de forma a favorecer o rápido fechamento da cultura do amendoim,
ilustrado na figura 5.10.
A utilização de sementes de qualidade (certificadas e com alta germinação), semeadura na
profundidade correta, aliadas a um bom manejo nutricional e fitossanitário contribuem
significativamente para a rápida cobertura do solo pela planta, reduzindo os riscos de erosão. A maioria
das cultivares atuais apresentam hábito de crescimento indeterminado e plantas com alto vigor
vegetativo, o que também contribui para um rápido fechamento da entrelinha.
Figura 5.10. Cultura do amendoim em pleno desenvolvimento, apresentando boa cobertura de solo.
Fonte: Luís Ricardo Bérgamo e Socicana.
Nas figuras 5.14 e 5.15 é possível observar a qualidade da operação de canterização após a colheita
do amendoim. Observe a ausência de plantas daninhas nas áreas, as quais foram manejadas durante o
ciclo da cultura da oleaginosa. Outro ponto importante diz respeito à redução do consumo de combustível
na operação de canterização de uma área em pousio e de uma área em que foi realizado o cultivo do
amendoim. Na área deixada em pousio há uma grande quantidade de massa vegetal (palha, plantas
daninhas) que necessita ser incorporada pela enxada rotativa do canterizador, o que demanda maior
potência do trator e, consequentemente, maior consumo de combustível. Já na área que foi cultivada
com o amendoim, o consumo de combustível reduziu 15%, visto que a operação de canterização foi
facilitada pelas operações de arranquio e colheita da oleaginosa, as quais promove uma escarificação e
uma distribuição homogênea dos restos culturais na área, respectivamente, conforme ilustra a figura
5.14.
Na figura 5.16 é possível verificar a diferença no consumo de combustível em área de pousio e em
área com o cultivo do amendoim, o que contribuiu ainda mais para a redução de custos no preparo de
solo, conforme demonstrado na tabela 5.3. Nota-se uma redução de R$ 107.894 só no consumo de
combustível em função da área em que foi cultivado o amendoim estar livre de massa vegetal, não
demandando maior potência do trator para a operação de canterização.
40 36,21
35 - 15% 30,78
30
25
20
15
10
5,43
5
0
Consumo (L/h) Consumo (L/h) Diferença (L/h)
Área em Pousio Área com Amendoim Redução (L/h)
Figura 5.16. Diferença de consumo de combustível na operação de canterização em área que
estava em pousio e em área que foi cultivada o amendoim.
Fonte: Luís Ricardo Bérgamo e José Vitor Salvi
Com uma velocidade de trabalho de 6,0 km/h e a largura efetiva de trabalho do canterizador de 3
metros (2 linhas de 1,50 m por passada), 1 ha de área canterizada demanda 0,56 horas efetivas. Como
foram canterizados 6.001 há, foram necessárias 3.333,89 horas efetivas de canterização. Em cada hora
houve uma economia de 5,43 litros de combustível, representando um total de 18.103 litros. Com um
preço médio de R$ 5,96, o total economizado foi de R$ 107.894 (tabela 5.3).
Nas duas áreas foram utilizados os mesmos tratores, os quais são da marca John Deere e o modelo
7230J, todos com o mesmo ano de fabricação (2021), conforme a figura 5.17. Todas essas máquinas
possuem piloto automático de fábrica, com a utilização de sinal RTK durante a operação de canterização.
Figura 5.18. Sulcação realizada no mês de fevereiro com excesso de umidade no solo causando a
compactação lateral do sulco de plantio (“espelhamento”).
Fonte: Luís Ricardo Bérgamo
Figura 5.19. Sulcação realizada no mês de abril com umidade ideal no solo.
Fonte: Luís Ricardo Bérgamo
O repasse de áreas de reforma para o plantio de amendoim é uma relação de ganha-ganha, tanto
para as usinas quanto para os produtores da oleaginosa. As usinas reduzem custos com preparo de solo,
mantém as áreas livres de plantas daninhas e ainda se beneficiam dos corretivos e fertilizantes deixados
pelo amendoim. Os produtores não precisam arrendar áreas distantes e negociam um valor de
arrendamento factível com a região de atuação, diminuindo as disputas por áreas para o plantio da
leguminosa, além de não inflacionar os valores de arrendamentos.
A negociação de valores de arrendamento, os insumos e doses a serem utilizados devem ser
discutidos tecnicamente, com cada um fazendo a sua parte dentro dos prazos estipulados, sempre com
planejamento antecipado, resultando em uma relação justa e transparente, além da formalização
contratual para garantir os direitos e deveres de cada uma das partes.
A seguir temos as principais tratativas feitas neste estudo de caso entre a usina e os produtores
de amendoim:
Liberação das áreas pela usina para o preparo de solo: Agosto e Setembro;
Responsabilidade da Sistematização (construção de terraços e carreadores): Usina
entregou as áreas sistematizadas nos meses de Agosto e Setembro;
Insumos: Calcário e Gesso são de responsabilidade da usina. A aplicação desses produtos
foi de responsabilidade dos produtores (doses recomendadas em conjunto com os times
técnicos da usina e produtor);
Operações de preparo de solo (gradagem, aração, subsolagem), plantio e tratos culturais
do amendoim são de responsabilidade dos produtores;
Pagamento dos Valores de Arrendamento pelos Produtores: 30 dias após a colheita do
amendoim (depósito bancário na conta da usina).
Com base no que foi discutido nas tratativas entre a usina e os produtores, na tabela 5.5 tem-se
os valores deste estudo de caso com relação à redução de custos de preparo de solo por parte da usina,
caso estas áreas ficassem em pousio. Nesta situação, estas áreas necessitariam de uma dessecação com
glifosato e herbicidas pré-emergentes com residual para controlar por um período maior as plantas
daninhas, uma gradagem pesada, uma gradagem intermediária, além de uma aplicação de calcário e uma
aplicação de gesso para o plantio da cana-de-açúcar. Com o repasse dessas áreas aos produtores de
amendoim, esse custo de R$ 1.149/ha seria economizado pela usina, conforme demonstrado na tabela
5.4.
Tabela 5.5. Redução de Custos Operacionais no Preparo de Solo das Áreas de Pousio.
Redução de Custos no Preparo de Solo das Áreas em Pousio
Redução de Custos Operacionais (R$/ha) R$ 1.149
Área Destinada ao Plantio de Amendoim (ha) 6.001
Redução de Custo Total R$ 6.895.149
Fonte: autores
Além de reduzir os custos no preparo de solo, conforme demonstrado nas tabelas 5.4 e 5.5, outro
ponto que viabiliza o repasse de áreas aos produtores de amendoim é o custo de arrendamento das áreas.
Dependendo da região, há situações em que os valores de arrendamentos para amendoim ultrapassam
os R$ 2.680/ha, aumentando significativamente os custos de produção da oleaginosa. Uma parceria entre
as usinas e os produtores de amendoim de cada região é muito bem-vinda para garantir áreas de
produção na entressafra e reduzir os custos de preparo de solo para o próximo plantio de cana-de-açúcar,
assim como os custos com arrendamentos nos meses em que as áreas de reforma estão sendo cultivadas
com a cultura do amendoim, como demonstrado na tabela 5.6.
Tabela 5.6. Receita obtida em função do arrendamento das áreas de reforma (75% do total) para o plantio
de amendoim.
Área Arrendada para o Plantio de Amendoim (ha) - 75% da área de reforma 6.001
Preço do Arrendamento (R$/ha) R$ 2.300
Receita Obtida das Áreas Repassadas R$ 13.802.300
Fonte: autores
Tabela 5.7. Redução de Custos Operacionais e Receita Obtida com o Repasse das Áreas de Reforma para
o Plantio de Amendoim.
Para o cálculo da redução de custos por área (ha), utiliza-se o valor de R$ 23.904.741, dividindo-o
pela área total de reforma (8.001 ha). Esse valor representa R$ 2.988/ha.
Considerando o custo de plantio de R$ 13.200/ha, essa economia de R$ 23.904.741 equivale ao
plantio de 1.811 ha de cana-de-açúcar, o que representa 22,63% da área de reforma da usina.
O COA é o local onde as rotinas das operações de campo são monitoradas, independentemente
da cultura (cana-de-açúcar, soja, milho, algodão, café, citros) ou atividade agrícola, conforme ilustra a
figura 6.1. Os profissionais do COA acompanham, tratam e analisam os dados para convertê-los em
indicadores e ações, oferecendo agilidade na transmissão de informações e maior assertividade na
tomada de decisões, sendo um apoio fundamental aos gestores da operação.
O principal objetivo do COA é garantir a maximização da eficiência dos ativos agrícolas, buscando
aumento de produtividade das máquinas e, consequentemente, redução de custos, além de minimizar a
interferência humana nos processos, garantindo confiabilidade das informações. Em outras palavras,
atuar em tempo real na captura dos ganhos sobre as correções das divergências das atividades de campo.
Figura 6.1. Monitoramento das operações agrícolas em tempo real pelas mesas do COA de uma usina
sucroenergética, acompanhando os indicadores de cada atividade em dashboards nas TV’s.
Fonte: Luís Ricardo Bérgamo
Outro ponto de atenção no monitoramento das operações de preparo de solo é a rotação máxima
do motor (RPM), a qual deve ser padronizada em função da potência do trator utilizado na operação,
profundidade do preparo e incorporação de restos de culturas (palhada), principalmente se o preparo for
realizado em áreas de pousio, as quais apresentam maior massa vegetal em superfície, diferentemente
das áreas cultivadas com amendoim, que ficam totalmente livre de plantas daninhas e de restos vegetais.
Na figura 6.5 é possível observar que 34,21% da área foi preparada com o RPM acima de 1.950,
quando o recomendado para esta condição específica está situado na faixa de 1.800 a 1.950 rpm. Nesta
Figura 6.5. Mapa de RPM da operação de canterização antes da padronização e utilização do Field
Cruiser.
Fonte: SGPA Solinftec
Figura 6.7. Comparativo de RPM antes da padronização (a) e após a padronização (b).
Fonte: SGPA Solinftec
Nas figuras 6.9 e 6.10 observa-se que 85,47% da área foi canterizada dentro da faixa ideal de RPM
do motor devido à utilização do FieldCruise™ e do monitoramento em tempo real do COA na operação
de canterização.
Figura 6.10. Comparativo de RPM antes da padronização (a) e após a padronização (b).
Fonte: SGPA Solinftec
Figura 6.11. Percentual da velocidade de canterização na faixa ideal de trabalho sem e com o
monitoramento online.
Fonte: autores
A figura 6.12 apresenta o resumo dos indicadores operacionais em forma de BI, evidenciando o
consumo de combustível da operação de canterização, assim como as faixas de velocidade de trabalho e
RPM do motor.
45,0
Consumo de Combustível (trabalhando) (L/h)
40,0
35,78 L/h
35,0 32,99 L/h
25,0
20,0
15,0
10,0
y = 0,0279x - 22,81
5,0 R² = 0,6519
1800 RPM 2100 RPM
0,0
0,0 500,0 1.000,0 1.500,0 2.000,0 2.500,0
RPM Motor (trabalhando)
Figura 6.14. Relação entre RPM do motor de um trator de 220 cv com o consumo de combustível (L/h)
no estado operacional de trabalho.
Fonte: autores
Para o projeto do estudo de caso deste livro, a canterização foi realizada entre fevereiro e março
nas áreas com plantas de cobertura e entre março a junho nas áreas que estavam com amendoim, figura
6.15, totalizando 8.043 hectares em 133 dias. Para tal, são destinados 6 conjuntos trator e canterizador e
um tempo efetivo de 7,5 horas por dia. O monitoramento online do tempo efetivo é crucial para cumprir
estes objetivos e não atrasar a operação subsequente, que é o plantio da cana-de-açúcar.
Por meio de uma simulação, observa-se na Figura 6.16a que é possível realizar a canterização em
sua totalidade com o número de máquinas existentes e o tempo efetivo planejado. Porém, caso o tempo
efetivo seja reduzido para 6,0 horas (20% a menos que o planejado), a área total realizada no período é
reduzida para 6.435 ha, faltando 1.608 ha para a canterização (25% a menos do total planejado). Nestas
condições, para cumprir a totalidade da área do projeto, serão necessários 24,8 dias a mais para realizar
a operação, atrasando o plantio.
(a) Impacto no número de máquinas (unidades) (b) Impacto no custo operacional (R$/ha)
Figura 6.17. Impacto no número de máquinas com a variação do tempo efetivo (a) e impacto do custo
operacional com a variação do tempo efetivo (b)
Fonte: autores
Como observado no item anterior, é de suma importância monitorar em tempo real as operações
para atingir os objetivos do planejamento. Para tal, é possível contruir telas com os indicadores para o
acompanhamento diário do desempenho da operação, conforme ilustrado na figura 6.18
Por meio dos dados do monitoramento, foram elaborados as Tabelas 6.1. e 6.2. que mostram o
planejado e o realizado da operação.
Neste projeto, o acompanhamento diário da área a ser canterizada foi realizado pela “curva S” da
operação, a qual mostra o resultado acumulado do início ao fim das atividades de um projeto. É utilizada
para avaliar se as atividades estão indo conforme o planejamento, mostrando de forma visual se a curva
da situação real está acima, abaixo ou sobreposta a situação planejada, conforme ilustra o gráfico da
figura 6.19.
2.400
7.500
8.001
2.300 2.260
7.058 7.000
2.200
2.000 1.967
1.944 6.000
1.900
5.500
1.800 1.758
5.000
1.700
1.623
4.540 4.500
1.600
4.793
1.500 4.000
1.400
3.500
1.300
3.000
1.200
1.091 2.573
2.500
1.100
2.849
1.000 950 2.000
948 943
900
1.500
800
950 1.000
700
1.091
500
600
500 0
Fevereiro Março Abril Maio Junho
Área Planejada (ha) Área Realizada (ha) Área Acumulada Planejada (ha) Área Acumulada Realizada (ha)
Figura 6.19. Gráfico de comparativo da área planejada com a área realizada acompanhado da
“curva S”
Fonte: autores
Figura 6.20 Máquinas trabalhando na sistematização das áreas para o plantio de amendoim.
Fonte: Luís Ricardo Bérgamo e PerFor Máquinas.
Figura 6.21. Monitoramento online dos equipamentos de linha amarela (motoniveladora, pá-
carregadora, retroescavadora).
Fonte: SGPA Solinftec
Na figura 7.2 é possível perceber que um aspecto não consegue ser útil sem o outro, e por isso, as
empresas devem continuamente trabalhar para manter esses pilares em harmonia. Pode-se ter o
processo mais bem desenhado e o apoio da melhor tecnologia, porém, sem as pessoas certas teremos
uma alienação do sistema, acarretando subutilização e consequentemente, a rotatividade de mão-de-
obra. Quando há pessoas certas e tecnologia, mas não tem o processo bem definido, cria-se o caos
automatizado, acarretando baixa qualidade das atividades. Por último, pode-se ter pessoas certas e
processos bem definidos, mas se não há tecnologia, pode-se gerar um sentimento de ineficiência, gerando
desmotivação nas pessoas e, consequentemente, aumentando o custo operacional. Uma tecnologia é tão
boa quanto os processos que orientam a sua utilização. Sem um processo definido, a melhor tecnologia
disponível terá seu potencial reduzido, o que pode implicar em custos desnecessários à empresa.
Um ponto importante é deixar claro às pessoas como as ferramentas e as tecnologias que estão
utilizando podem afetar seu trabalho. A tendência é que a tecnologia torne as coisas mais fáceis e rápidas,
mas para que isso aconteça é indispensável que o conhecimento em cada tecnologia utilizada, assim como
o que cada uma delas pode entregar em cada parte do processo em questão. Não adianta só olhar para a
tecnologia sem olhar para as pessoas. A transformação tecnológica não vai acontecer sem a participação
das pessoas.
O foco de qualquer empresa é buscar o ponto ótimo, onde há um equilíbrio entre pessoas,
processos e tecnologias, criando um ambiente de favorável e com foco em resultados consistentes e
Como discutido ao longo deste capítulo, as pessoas sempre serão o ponto central de uma empresa.
Processos e tecnologias não substituirão as relações humanas, as quais devem ser o ponto de atenção de
todo líder. Uma boa equipe é o resultado de uma boa liderança. O dever do líder é supervisionar,
subsidiar, apoiar, empoderar e incentivar a sua equipe, além de ser o responsável por formar seu sucessor.
Para a realidade do COA, algumas considerações são muito importantes quanto à missão do líder
nessa área tão estratégica para as organizações: planejar, treinar, controlar, atuar e resultados esperados:
1) PLANEJAR:
O líder deve estar alinhado com seus superiores sobre quais são as metas definidas para o dia,
semana, mês e safra de cada processo e operação agrícola. Todas essas informações devem ser
compartilhadas com o time do COA.
2) TREINAR:
Treinar o time sobre as normas e procedimentos da empresa;
Orientar o time sobre a melhor forma de realizar as atividades, ouvindo ativamente a
sugestão de seus liderados, construindo uma rotina com a participação e envolvimento de
todos;
Manter a disciplina e o respeito no ambiente de trabalho;
Zelar pela segurança de todos, através de DDS e da conscientização dos riscos e perigos de
cada atividade e como preveni-los de maneira a evitar qualquer tipo de acidente na
empresa.
3) CONTROLAR:
Verificar se as metas planejadas estão sendo atingidas e atuar nos desvios (caso esses
estejam acontecendo);
Verificar se os procedimentos técnicos e de segurança estão sendo cumpridos pelas
equipes;
Verificar se os custos do setor (salários, materiais de consumo, horas extras) estão
ocorrendo dentro do planejado.
5) RESULTADOS ESPERADOS:
Metas atingidas de forma consistente e sustentável;
Time sempre atualizado e motivado;
Custos realizados iguais ou menores que o planejado (orçamento);
Ambiente de trabalho limpo, organizado e com um clima saudável.
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